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Embrapa Informação TecnológicaBrasília, DF

2002

Levon YeganiantzManoel Moacir Costa Macêdo

Avaliação de Impacto Socialde Pesquisa Agropecuária

A Busca de uma Metodologia Baseada em Indicadores

ISSN 1677-5473

Texto para Discussão 13

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EmbrapaSecretaria de Administração EstratégicaEdifício-Sede da EmbrapaParque Estação Biológica – PqEB – Av. W3 Norte (final)CEP 70770-901 Brasília, DFFone: (61) 448-4452Fax (61) 448-4319

Editor da sérieIvan Sergio Freire de Sousa

Coordenador editorialVicente G. F. Guedes

Corpo editorialAntonio Flávio Dias AvilaAntonio Raphael Teixeira FilhoIvan Sergio Freire de Sousa – PresidenteLevon Yeganiantz

Produção editorial e gráficaEmbrapa Informação Tecnológica

Revisão de textoRaquel Siqueira de Lemos

Normalização bibliográficaRosa Maria e Barros

Editoração eletrônicaJosé Batista Dantas

Projeto gráficoTênisson Waldow de Souza

Tiragem: 500 exemplares

Yeganiantz, Levon.Avaliação de impacto social de pesquisa agropecuária. A busca

de uma metodologia baseada em indicadores / LevonYeganiantz e Manoel Moacir Costa Macêdo. — Brasília :Embrapa Informação Tecnológica, 2002.59 p. ; (Texto para Discussão ; 13).

1. Pesquisa agropecuária – Impacto social – Avaliação. I.Macêdo, Manoel Moacir Costa. II. Título. III. Série.

CDD 630.72 (21ª ed.)

© Embrapa 2002

CIP-Brasil.Catalogação-na-publicação.Embrapa Informação Tecnológica.

Todos os direitos reservados.A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,

constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

Apresentação

Texto para Discussão é um veículo utilizado pelaSecretaria de Administração Estratégica – SEA –, da Em-presa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa –,para dinamizar a circulação de idéias novas e a práticade reflexão e de debate sobre aspectos relacionados à ciên-cia, à tecnologia, ao desenvolvimento agrícola e aoagronegócio.

O objetivo da série é fazer com que uma comunida-de mais ampla, composta de profissionais das diferentesáreas científicas, debata os textos apresentados, contri-buindo para o seu aperfeiçoamento.

Os trabalhos trazidos a esta série poderão, emseguida, ser submetidos a publicação em qualquer livro ouperiódico. Não se reserva aqui o direito de exclusividadede artigo ou monografia posta em discussão.

O leitor poderá apresentar comentários e sugestões,assim como debater diretamente com os autores, em semi-nários especialmente programados, ou utilizando qualquerum dos endereços fornecidos: eletrônico, fax ou postal.

Os trabalhos para esta coleção devem ser enviadosà Embrapa, Secretaria de Administração Estratégica,Edifício-Sede, Parque Estação Biológica – PqEB –, Av. W3Norte (final), CEP 70770-901, Brasília, DF. Contatos coma Editoria devem ser feitos pelo fone (61) 448-4452 oupelo fax (61) 448-4319.

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Avaliação de Impacto Socialde Pesquisa Agropecuária

A Busca de uma Metodologia Baseada em Indicadores

1 Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –Embrapa. Parque Estação Biológica – PqEB –, Av. W3 Norte(final), CEP 70770-901, Brasília, DF, Brasil. E-mail:Levon.Yeganiantz@embrapa.br.

2 Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –Embrapa. Parque Estação Biológica – PqEB –, Av. W3 Norte(final), CEP 70770-901, Brasília, DF, Brasil. E-mail:Manoel.Macedo@embrapa.br.

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Levon YeganiantzManoel Moacir Costa Macêdo

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.DIntrodução

esde os primórdios da civilização, há cerca de 5 mi-lhões de anos, esforços são desenvolvidos para domi-nar a natureza, buscando melhorar as condições de con-forto e qualidade de vida da humanidade.

O desenvolvimento econômico e social vem sen-do, ao longo dos tempos, embasado na ciência e natecnologia. Nesse contexto, os processos de produçãode bens e serviços se tornam mais densos e mais ade-quados às atividades produtivas, objetivando a efi-ciência e a redução dos impactos ambientais negativose o incremento do impacto social positivo. Num mun-do com economias globalizadas, o setor agropecuáriorepresenta uma estratégia de crescimento baseado nodesenvolvimento sustentável.

A tecnologia agropecuária pode ser entendidacomo uma relação social de produção que se relacio-na com um grande acervo de conhecimentos técnico-científicos, intensamente utilizada em escala planetá-ria, na melhoria da qualidade de vida das nações.O importante neste trabalho é responder a seguintequestão: qual a metodologia apropriada para mensuraros impactos sociais da pesquisa agropecuária?

Este trabalho está baseado no enfoque sistemáti-co e no pluralismo metodológico e temático. É um es-tudo exploratório na busca de metodologias que visamidentificar sinergias entre o enfoque qualitativo e quan-titativo na avaliação de impactos da pesquisa agrope-cuária. O objetivo é desenvolver instrumentos socio-

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técnicos em um contexto gerencial e de metodologiacientífica para avaliar tanto ex ante como ex post asimplicações sociais, econômicas e ambientais das no-vas tecnologias que não cabem dentro da análisesocioeconômica convencional que exclui as externali-dades tanto positivas quanto negativas.

m determinadas circunstâncias, os planejadores etomadores de decisões relacionados com os investi-mentos em ciência e tecnologia falham no provimentode planos adequados e decisões de médio e longo pra-zos que visam atender às necessidades sociais (aquiincluídas as de proteção ao meio ambiente). A justifi-cativa dos equívocos recai sobre a carência e indispo-nibilidade de informações confiáveis, das quais de-pendem os seus desempenhos relacionados com amelhoria de vida e bem-estar da sociedade.

A estimativa e a utilização dos indicadores deciência e tecnologia com potencial de utilização nocontexto socioeconômico constituem o principaldesafio da pesquisa e sua difusão potencial relaciona-da com o processo de pesquisa e desenvolvimento(P&D).

No caso dos países em desenvolvimento, o focoprincipal do estudo de impactos refere-se às aplica-ções que envolvem retornos de caráter prático, sejameles econômicos ou aqueles que atingem a sociedade

.EJustificativa

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e, até mesmo o Planeta, os quais não são contabilizadas.A população desses países ainda sofre de concentra-ção de renda, desemprego, fome e subnutrição, inexis-tência de infra-estrutura básica relacionada à educa-ção, saúde e doenças causadas pelas deficiênciassanitárias, escassez ou suprimento não confiável deágua potável, infra-estrutura de transporte, armazena-gem de energia elétrica e falta de acesso às comunica-ções e informações de maneira geral. Ademais, pre-dominam nesses países corrupção, insegurança e fra-queza das instituições democráticas que lidam com obem comum.

No ensaio intitulado Por um Outro Desenvol-vimento, Cardoso afirma que:

(...) evidentemente, numa revisão crítica dos va-lores herdados pelas sociedades contemporâneas, aidéia do progresso técnico e da racionalidade não édescartada, mas redefinida. O objetivo agora é ocálculo social dos custos e benefícios e não a pseudo-racionalidade do mercado (...) O alvo é a expansão dobem-estar coletivo, não um aumento de produção(Cardoso, 1980, p. 118, citado por Sliwiany, 1997,p. 12).

Mais adiante, o mesmo autor, na tentativa de re-lacionar o crescimento econômico com o crescimentosocial, salienta que em relação aos países do TerceiroMundo

(...) ainda que diferentes os caminhos, asmetas básicas são as mesmas. Carece, isto sim, arqui-tetar alguns indicadores para poder medir seu de-sempenho, aplicá-los e estudá-los pelo menos como mesmo entusiasmo na medição do crescimentoeconômico (Cardoso, 1980, p. 125, citado por Sliwiany,1997, p. 17).

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.AProcedimentos

área mais complexa e também mais completa para finsde avaliação dos impactos da pesquisa é, sem dúvida,a social. Na verdade, no mundo real, os impactos acon-tecem de forma agregada e não individualizados. Nocaso deste trabalho, os impactos são identificados comosocioeconômico-ambientais, o que significa identifi-cá-los de maneira holística, ou seja, a avaliação en-volve a qualidade de vida das pessoas, dos grupossociais e mesmo do Planeta.

Pesquisa, ciência e tecnologia são relações so-ciais de produção complexas e não simplesmente im-pactos fragmentados no ceteris paribus econômico.Lida-se com pessoas, com suas vidas, suas atividadeseconômicas e suas preferências pessoais. É a avalia-ção que tem sido sustentada pela sensibilidade dospesquisadores e administradores de pesquisa. Intui-ção e sensibilidade são necessárias para o entendimen-to dos problemas sociais e para a tomada de decisõespelos gestores da ciência e tecnologia no contexto dasatividades relacionadas com as cadeias agroindustriais.

O domínio do impacto da pesquisa agropecuáriaexpande-se muito além da própria agricultura e podeaproximar-se dos aspectos da renda nacional e doProduto Interno Produto – PIB (Tabor, 1998, p. 19).Nessa perspectiva, deve-se considerar que o finan-ciamento das atividades de geração de tecnologiaagropecuária nos países em desenvolvimento é pre-dominantemente oriundo de fontes governamentais e,

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desse modo, torna-se relevante compreender os seusimpactos sociais. Os pesquisadores, enquanto gera-dores de tecnologia e desprovidos de qualquer meiode produção, desenvolvem a sua prática científica den-tro de organizações de ciência e tecnologia, que sãoproprietárias dos instrumentos de trabalho, e, portan-to, não são entidades neutras. Ao contrário, as organi-zações de pesquisa operam em um ambiente social,onde existem contradições e interesses de grupos eco-nômicos, com implicações políticas.

O principal instrumento de análise a ser usadoneste estudo será o benchmarking, processo em queuma organização compara o seu desempenho funcio-nal e transfuncional utilizando os mesmos parâmetros,com outras organizações comparáveis, preferencial-mente com organizações de níveis superiores de de-sempenho (Wright et ali., 2000, p. 252, 263 e 349).O importante é enfatizar aqueles parâmetros mais de-sejáveis em termos de missão, visão e objetivos daorganização. Nesse caso, serão identificados os parâ-metros de caráter social, econômico e ambiental,objetivando identificar e analisar as organizações depesquisa agropecuária que desempenham as funçõessinérgicas na geração de tecnologia de forma eficienteem termos comparativos.

Segundo Vázquez (1986, p. 1135), “social”, noseu sentido mais amplo, refere-se ao comportamentoorientado, consciente ou inconsciente, para outras pes-soas. Assim, o impacto social, econômico e ambientalda pesquisa agropecuária envolve não só os que ado-tam a tecnologia, mas também todas as instituições eambientes onde os resultados da pesquisa estão pre-

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sentes. Outrossim, os resultados dos impactos da pes-quisa oferecem condicionantes e estímulos para ali-mentar continuamente o processo de geração detecnologia nas organizações de pesquisa, a difusão e asua possível adoção pelos sistemas produtivos.

A reciprocidade entre o pesquisador enquantosujeito do processo da pesquisa, os resultados do seutrabalho e as suas atitudes na prática da investigaçãocientífica constitui-se no fundamento do processo dageração de tecnologia. Um indicador disso são as co-autorias de trabalhos científicos, parcerias entre orga-nizações de pesquisa pública e privada com os Minis-térios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, doMeio Ambiente, da Saúde e do Desenvolvimento Agrá-rio, em que todos buscam, de forma dinâmica, asinterações entre sujeito e objeto e a desejada mudançasocial.

Nesse contexto, o chamado “social” adquire umaconotação moral, implicando uma ação dirigida emalgum sentido para o bem-estar dos outros – geral-mente para o bem-estar da sociedade ou de seus mem-bros menos privilegiados no significado da Teoria deJustiça, de John Rawls (Rawls, 1971).

A identificação de metodologias de impacto so-cial constitui-se na prioridade deste estudo. Espera-se, nesse sentido, desenvolver os instrumentos neces-sários para identificar e quantificar tanto o problemaquanto a solução (parcial ou integral) e decidir quaisos caminhos para melhorar a vida da maioria dapopulação tanto da área rural quanto da área urbana.Assim como avaliar os impactos da tecnologia quevisa ao aumento da renda dos agricultores, à redução

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do preço dos alimentos e à melhoria da qualidade am-biental e da saúde dos consumidores.

A partir de uma amostra indicativa e representa-tiva, propõe-se identificar os possíveis indicadoresdos impactos sociais da tecnologia e avaliar, em ter-mos sociais (não-monetários), esses impactos em ní-vel agregado. Nos impactos sociais relacionados aoecossistema, inclui-se a Amazônia, o Cerrado, o Semi-Árido, o Pantanal, as Terras Baixas, entre outros.Em relação à saúde, tem-se o caso da biotecnologia,do controle biológico, da agroindústria e da saúdeanimal.

Os diversos centros de pesquisa podem ser ava-liados também em termos de atividades de educação etreinamento, no que se refere à formação profissional(externa e interna) e aos impactos da tecnologia nosassentamentos de reforma agrária, nas comunidadesindígenas e nas cooperativas agropecuárias de peque-nos agricultores. As tecnologias com impactos signifi-cativos e promotoras de parcerias entre pequenos egrandes produtores, a exemplo da integração na áreada avicultura e fumicultura, também merecem atençãoespecial.

A avaliação social da pesquisa implica direta-mente a necessidade de impulsionar a aplicação dasociometria ou estatística social conjuntamente comseu aparato metodológico e técnico (Sliwiany, 1997,p. 17).

A sociometria ou estatística social é uma disci-plina que aplica os métodos quantitativos para expli-car os fenômenos que ocorrem dentro de processossociais específicos (Sliwiany, 1997, p. 11).

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Para isso, é urgente a elaboração de uma pro-posta de um sistema de informação de medição do ní-vel de satisfação das necessidades materiais e cultu-rais da população aplicada à realidade brasileira, queserá, pelo menos de forma preliminar, desenvolvidaneste trabalho. Um modelo de questionário para finsde coleta de dados é apresentado no Anexo.

Em termos de parâmetros a ser considerados(e alguns deles quantificados) e relacionados com osimpactos da pesquisa, no âmbito social, merecem des-taque os seguintes constructos:

O impacto de novas tecnologias na criação, au-mento, diminuição e eliminação de empregos tanto emtempo parcial e integral quanto na sua sazonalidadedeve ser considerado. Isso inclui emprego de meno-res, idosos e mulheres por categorias de preparo etreinamento técnico. Ademais, será considerada acomplementaridade entre o emprego agrícola e não-agrícola no meio rural e urbano, incluindo o caso do

Segundo Cardoso (1994, p. 1), “cabe ao setoragrícola um papel duplamente estratégico: é neste se-tor que se inicia a principal cadeia de produção debens de consumo de massa – alimentos e fibras vege-tais – e é também neste setor que se pode criar empre-go rapidamente e com o menor custo de investimentopara cada novo posto de trabalho gerado ... a priori-dade agora, além do aumento da produção, é gerar omáximo possível de empregos dentro de um sistemaprodutivo competitivo e sustentável”.

Emprego

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emprego de tempo parcial, e os efeitos da sazonalidadedo emprego agrícola e as oportunidades de empregonão-agrícola, típicas dos períodos de atividades agrí-colas intensivas e absorverdoras de mão-de-obra tem-porária.

Segundo informações apresentadas pelo repre-sentante da Coligação das Entidades de Produtores deAçúcar e Álcool – Cepaal –, Paulo Zenatti, na últimaReunião Nacional do Centro Nacional de Referênciaem Biomassa, um carro a álcool gera emprego para 27pessoas, enquanto um carro movido a gasolina geraemprego somente para 7 pessoas. Isso implica afirmarque a tecnologia oriunda de fontes alternativas de ener-gia substitutiva de fontes energéticas tradicionais (pe-tróleo) tem maior capacidade de criar empregos, con-tribuir para o balanço de pagamentos e reduzir avulnerabilidade do País às variações dos preços dopetróleo, que aumentaram de US$ 5,5 bilhões, em1999, para US$ 9,0 bilhões, em 2000.

O Brasil tem no contexto mundial o menor custode produção de combustíveis renováveis. Assim, atecnologia gerada com esse objetivo pode contribuirpara o aumento do emprego tanto na agricultura quan-to em outros setores da economia. Uma das atividadesque podem incrementar o número de empregos é a fru-ticultura. Ela permite a reversão do êxodo rural e, em-pregando diretamente cinco milhões de pessoas porano e gerando outros milhares de postos de trabalhoindiretamente, é uma das principais responsáveis pelafixação do homem ao campo.

A alta nos níveis de consumo interno e os recor-des crescentes na exportação mostraram, nos últimosanos, a importância do setor frutícola para o mercado

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agrícola brasileiro e geraram interesse por tecnologiasque respondam às suas necessidades. Além da fruti-cultura, as hortaliças também constituem uma ativida-de intensiva na utilização de mão-de-obra. A introdu-ção de novas tecnologias na produção de hortaliçasexpandiu a área cultivada de 10.000, em 1977, para15.500 hectares, em 1996. As cultivares Brasília eKuronan ocupam 76% dessas áreas. Houve aumentode até 340% na renda líquida gerada pela atividade, aqual é predominantemente exercida por agricultoresfamiliares. Outra importante contribuição foi a expan-são de 13% na oferta de emprego no campo.

As novas tecnologias devem ser avaliadas emtermos dos impactos na saúde, com relação aos pro-dutores, consumidores e outros participantes da ca-deia alimentar. Esses impactos devem considerar asegurança alimentar, a biossegurança, o melhoramen-to da dieta, o cultivo de hortas domésticas, o uso deplantas medicinais, os corretivos, defensivos e outrosfatores relacionados com o bem-estar, inclusive o im-pacto sobre o meio ambiente e as implicações na saú-de a longo prazo. O impacto em relação à saúde éverificado no processo de produção agropecuária atra-vés da utilização de agrotóxicos nos sistemas de pro-dução. O que se observa nesse contexto são trabalha-dores com baixo nível de escolaridade e outros gru-pos vulneráveis, como mão-de-obra infantil, mulheresgrávidas e idosos, manusearem perigosamente produ-tos tóxicos. Efeitos residuais no solo e na água tam-bém devem ser considerados.

Saúde e nutrição

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A desnutrição humana é um dos mais sérios pro-blemas do Brasil e de outros países em desenvolvi-mento. Uma das contribuições que a pesquisa agro-pecuária tem oferecido é o desenvolvimento e transfe-rência de tecnologias para a produção de alimentosbaratos, mais nutritivos e de fácil aceitação para oconsumo.

Na área de produção de proteína animal, a pro-dução de frangos é destaque nacional e resultou noconsumo médio de carne de frango no Brasil ser equi-valente ao consumo de países desenvolvidos. O con-sumo de carne de frango aumentou de 2,5 kg/per capita/ano, no início dos anos 70, para 35 kg/per capita/ano,em 2000. No que se refere à proteína vegetal, a pes-quisa vem desenvolvendo, desde 1995, o programaSoja na Mesa, adotado e lançado em todo o País.

Outra tecnologia foi a do leite de soja em pó,com características sensoriais, nutricionais e funcio-nais melhoradas. O objetivo é demonstrar que a soja éum alimento nutritivo, saboroso e saudável, capaz demelhorar a dieta humana. Na complementação de vita-minas, a pesquisa realizou um diagnóstico da produ-ção de polpa congelada de frutas tropicais, com novospadrões de higiene, identidade e qualidade para o pro-duto. Em parceria com prefeituras municipais, a pes-quisa produziu sementes de milho de alto valorprotéico, para assentamentos rurais e regiões atingi-das por barragens hidrelétricas.

Analisar as desigualdades regionais no desen-volvimento científico-tecnológico e o impacto de no-

Desequilíbrios (desigualdades) regionais

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vas tecnologias no âmbito regional não deve recairem raciocínio simplista. O importante é analisar o im-pacto diferenciado das novas tecnologias para identi-ficar vantagens comparativas, não só nacionais, mastambém regionais, e orientar a alocação de recursospara a pesquisa, com o objetivo de combater essasdesigualdades.

Se a ciência e a tecnologia podem e devem serentendidas como um instrumento fundamental no âm-bito das políticas públicas que poderão ajudar a dimi-nuir as diferenças regionais, a pesquisa só terá eficá-cia se tiver uma relação horizontal e uma interlocuçãoforte com o conjunto das políticas públicas nacionaise regionais. Tem-se realizado encontros regionais bus-cando construir instrumentos para responder as ques-tões das diferenças regionais, considerando suas par-ticularidades e vocações.

A pesquisa buscou uma forma de conviver coma seca e direcionou o trabalho para encontrar solu-ções permanentes. Estudou a região. Ficou então claraa diversidade: foram identificados 172 tipos diferen-tes de ambiente, 110 apenas na Caatinga. Neles, umaenorme variedade de recursos naturais, vegetais,hídricos e de infra-estrutura. A estratégia para o Semi-Árido passou a ser a geração de tecnologias alternati-vas adaptadas às condições de clima e solo, a priori-dade para os produtos de maior importância econômi-ca e social e a busca de soluções técnicas a partir daspeculiaridades da região. Atualmente, o Semi-Áridopossui vantagens sobre outras regiões na produção ani-mal e em hortifrutigranjeiros irrigados. Exporta frutase abastece o mercado interno. Ficou mais fácil mantero homem em sua terra. Único no País e diferente de

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outros semi-áridos do mundo, foi necessária muita ino-vação tecnológica para o atendimento às suas necessi-dades. Os resultados mostram que o Semi-Árido com-pensa o investimento (Embrapa, 2000).

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O setor informal caracteriza-se como um setornão reconhecido e não oficial. Ele aparece junto como desenvolvimento das leis de cunho social e com aimplantação de um imposto para as sociedades, comoum meio de contornar essa legislação. Na medida emque o fato de contornar a lei torna-se algo corriqueiroe que aquilo que é ilegal passa a ser tolerado, deve-seperguntar os motivos dos Estados para editar leis quan-do os próprios governos sabem que existe a possibili-dade concreta de estas não serem respeitadas (Salama& Vallier, 1997, p. 63).

A pesquisa de novas tecnologias pode contri-buir para a formalização (economia formal) como paraa informalização (economia informal, mercado para-lelo e mercado negro, entre outros) da atividade eco-nômica. Isso envolve emprego formal e informal, nasatividades do meio rural. As novas tecnologias podemcontribuir, também, de forma diferenciada para o cres-cimento desses setores, às vezes privilegiando o setorformal e às vezes incentivando a informalização dasatividades produtivas.

O crescimento das atividades informais, paraonde se dirigem por exemplo as mulheres que não en-contram ocupação no setor organizado da economia, éuma das conseqüências das mudanças nas economias

Informalidade (economias populares)

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menos desenvolvidas, de forma agravada, tanto pelaglobalização quanto pela reestruturação produtiva. Éimportante estimar e manter atualizada a relação entreo emprego formal e o informal na agricultura e identi-ficar tecnologias que tenham capacidade de contribuiraos dois modos de ocupação da mão-de-obra. Nessecontexto, sabe-se que determinadas tecnologias, comoagricultura de precisão, contribuirão para a formali-zação do negócio agrícola. De modo contrário, as ati-vidades de pecuária de pequeno porte são mais apro-priadas à lógica do setor informal.

Existe uma tendência a reconhecer ao supostodinamismo do setor informal e “à necessidade de ajus-tar o setor formal ao setor informal, dotando-o doscódigos “não escritos” e institucionalizando-os, sim-plificando, deste modo, os pesados procedimentosadministrativos, característicos do setor formal”(Salama & Vallier, 1997, p. 64). Trata-se de uma for-malização do informal a partir de seus códigos “nãoescritos”, de um lado, e, de outro, de uma simplifica-ção da legislação do setor formal inspirando-se nes-ses mesmos códigos “não-escritos”.

Problemática de gênero

As novas tecnologias podem afetar a femini-lização da pobreza, principalmente o crescimento dosserviços como o agroturismo, artesanato, produçãocaseira de alimentos, tanto em forma natural como pro-cessada, a criação de pequenos animais, como frangocaipira, que favorecem a geração de empregos paramulheres tanto na produção como na comercializaçãodos seus produtos e subprodutos.

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Educação e treinamento

A Embrapa desenvolveu ações de valorizaçãodo artesanato produzido no Estado do Rio Grande doSul, a partir do aproveitamento da lã ovina, em especialda raça Crioula Lanada. A indústria têxtil tem sidoresgatada e beneficia 640 famílias de agricultoresfamiliares, principalmente o trabalho artesanal dasmulheres. Com isso, está sendo possível resgatar acultura popular, melhorar a qualidade do artesanatoem lã crua e proporcionar fonte alternativa de rendaàs comunidades rurais. O Projeto Pró-Ave Caipiraintroduziu, em mais de seis mil quintais, aves de posturae corte. A parceria da Emparn, Embrapa, Emater-RN,do Sebrae, do Pronaf, das prefeituras e associaçõescomunitárias, além da renda complementar, gerou cercade 500 empregos diretos (Embrapa, 2000).

Algumas tecnologias criam oportunidades paratreinar a população rural e prepará-la para empregosnão-agrícolas, como, por exemplo, a mecanizaçãorural, que proporciona aos agricultores, ainda najuventude, ensinamentos necessários para que possamcuidar e manter o maquinário em perfeito estado, e,assim, adquir uma nova profissão (mecânicos) e que,mais tarde, pode ser transformada em emprego no setoragrícola. Além disso, os agricultores podem criarempregos em tempo parcial através da terceirizaçãode serviços como a colheita mecânica e o preparo dosolo. Isso também se aplica às atividades da construçãocivil (pedreiros e serventes), tanto no setor agrícolacomo no não-agrícola. O avanço da informática(telemática) aplicada à agricultura cria habilidades

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Empatia com a problemática social

laborais como a oferta de serviços (contabilidade eserviços bancários e declaração de imposto de rendae outros impostos), nos países desenvolvidos, e ativi-dades mais avançadas da agropecuária, nos países emdesenvolvimento.

A pesquisa desenvolve programa de treinamen-to e capacitação de mão-de-obra em áreas de assenta-mento, incentivando o uso de novas tecnologias de ca-jueiro-anão precoce. Mudas de elevado potencial pro-dutivo e livre de vírus, de cajueiro-anão precoce, man-ga, ata, graviola, sapoti, umbu, pitanga e goiaba, têmsido distribuídas. Curso sobre conservação e benefi-ciamento de pescado têm agregado valor e renda aospescadores artesanais. A Embrapa promove eventospara que todos tenham oportunidade de acompanhar eavaliar as inovações, de expor e discutir dificuldadesde produção. A cada ano são cerca de 500 dias decampo, 3 mil palestras técnicas e 550 cursos. Tambémsão treinadas 32 mil pessoas e respondidas 46 mil con-sultas técnicas. Além disso, a cada ano são atendidos45 mil visitantes em seus centros de pesquisa, e parti-cipa em mais de 300 exposições e feiras. São coloca-dos à disposição dos seus clientes e usuários cerca de1.000 títulos, entre manuais, boletins, livros, comuni-cados, folhetos e outros impressos (Embrapa, 2000).

A avaliação do impacto social da pesquisa criauma maior sensibilidade e responsabilidade por partedos pesquisadores, dos próprios produtores, dostomadores de decisão relacionados com a política

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Diminuição das desigualdades

agrícola e de outros atores envolvidos com a agriculturana sociedade. Assim, os impactos positivos e negativosda tecnologia ficam destacados juntamente com osaspectos tecnológicos e econômicos e demonstram,dessa forma, o conflito entre os imperativos técnicose econômicos da competitividade e da eficiência emrelação aos imperativos éticos da eqüidade e justiçaeconômica.

A Embrapa estará presente onde houver agricul-tores e agricultura no Brasil. Tecnologias transferidasaos agricultores de Itiúba, BA evidenciam o papeltransformador que elas tiveram nas suas vidas e nasdos seus familiares. Isso demonstra que, quando oconhecimento chega ao produtor, a mudança é rápidae profunda. O revigoramento econômico das famíliasacarreta cidadania, bem-estar social e cultural para aprópria comunidade, levando à integração entre osimperativos técnicos, éticos e sociais.

Algumas tecnologias têm capacidade de concen-trar e excluir algumas camadas da população daatividade produtiva. Outras, pelo contrário, podemresultar na inclusão e diminuição das desigualdades efomentar melhorias na distribuição de renda, substi-tuindo a exploração pela parceria com benefíciosmútuos entre grupos mais abastados e os menosfavorecidos.

A produção de biomassa, além de aumentar onúmero de emprego, também tem capacidade de

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diminuir a concentração de renda, inclusive no âmbitomundial. Atualmente, a alta dependência aos produtorese exportadores de petróleo, seja pelos países desenvol-vidos ou pelo grande número de países em desenvolvi-mento que não possuem jazidas de petróleo pode serreduzida pelo uso de tecnologias processadoras debiomassa. Nesse contexto, o desenvolvimento de fontesalternativas de energia gera emprego e renda e diminuia vulnerabilidade dos países importadores de petróleoem relação ao aumento do preço do mesmo.

No que se refere ao Brasil, diversas unidadesde pesquisa estão desenvolvendo parcerias com oIncra, o Movimento dos Trabalhadores Rurais SemTerra – MST –, cooperativas e organizações não-governamentais para fins de transferência de tecno-logia. No Estado do Ceará, 153 famílias assentadaspela reforma agrária receberam mudas de cajueiro-anão precoce, mangueira, goiabeira, gravioleira esapotizeiro. A pesquisa desenvolveu equipamentos debaixo custo para secagem de frutas e pescado, dimen-sionados para a pequena produção. Dessa forma, ummercado que anteriormente só era acessível à produçãoem grande escala e de elevados investimentos passoua ser ocupado também por pequenas indústrias.O equipamento de secagem de pescado produz até 320quilos por mês de filé de peixe seco e salgado, tipobacalhau, gerando uma receita estimada em torno deUS$ 1 mil. Por sua vez, o secador de frutas possibilitaa produção, em pequena escala, de banana, caju,abacaxi e maçã.

Desenvolveu-se um equipamento para desinfe-tar, com uso da energia solar, misturas de solo em vi-veiros de plantas. Com isso, é possível produzir mu-

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das saudáveis e livres de microorganismos preju-diciais. O equipamento tem o mesmo custo da aplica-ção do brometo de metila, utilizado hoje para esterili-zar o solo, com a vantagem de não causar riscos aousuário e ainda preservar a qualidade ambiental. Aprodução de plantas medicinais e seu uso no tratamen-to de doenças na agricultura familiar pode ajudar nadistribuição da renda, uma vez que os medicamentosconvencionais têm um maior crescimento dos preçosquando comparado com outros bens de grande neces-sidade. Tem sido desenvolvido um projeto paraimplementar, de forma participativa com a comunida-de, técnicas de manejo sustentável de sistemasagroflorestais para produção de plantas medicinaisnativas, tradicionalmente usadas pela população, e queapresentam potencial para comercialização (Embrapa,2000).

Incentivos à cooperação, à integração e à solidariedade

Algumas tecnologias têm capacidade de formarambientes adequados para a organização de coopera-tivas, parcerias, adoção nos assentamentos de refor-ma agrária, a exemplo das tecnologias de armazena-gem, hortas comunitárias e comercialização, dentreoutras. Na ciência e tecnologia, o princípio da inte-gração entre países por meio de cooperação técnica éimperativo sob pena de as nações não poderem ven-cer os desafios que têm a enfrentar.

A responsabilidade social tem dentre as suas fon-tes de expressão o apoio dado à comunidade na qualela está inserida. Uma parceria iniciada em 1993 com

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a Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio, em Sobral,CE, criou o Projeto Cabra Nossa de Cada Dia, quevisa a complementar a alimentação das crianças comidade até a cinco anos, das comunidades rurais. Em1997, 15 comunidades rurais e 3 bairros pobres daperiferia dispunham de 1 ou 2 “doutores das cabras”,alguém capacitado pela Embrapa para prestar atendi-mento preventivo e curativo aos caprinos, em suaslocalidades. Cada família com 1 ou 2 filhos recebe1 cabra. Cada família com 3 ou 4 filhos recebe 2 ca-bras, e famílias com mais de 5 filhos recebem3 cabras. As cabras do Projeto Cabra Nossa de CadaDia produzem, em média, um litro de leite por dia,suficiente para complementar a alimentação de umacriança. Com isso, as 250 famílias e 450 crianças aten-didas tiveram redução da mortalidade infantil e dimi-nuição de doenças comuns à idade (gripes, verminosese desnutrição, entre outras).

Uma horta comunitária nos bairros de MorroVermelho e Interlagos, em Sete Lagoas, MG, gera ren-da para 220 famílias. Por meio de convênios com di-versas prefeituras do Estado de Minas Gerais, a Em-presa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais –Epamig – viabilizou a orientação técnica e a distribui-ção de sementes básicas de feijão, arroz e algodão,direcionadas à formação de campos comunitários desementes em 40 municípios mineiros, beneficiandoquatro mil pequenos produtores. No plano internacio-nal, a cooperação ocorre por meio da ida dos pesqui-sadores da Embrapa aos países africanos de línguaportuguesa com o objetivo de prestar consultoria emdiferentes áreas abrangendo distintas culturas. Isso pro-vocou aumento de demanda pela cooperação brasilei-

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Implicações relacionadas com a segurança

ra no setor agrícola por parte da África. A Embrapatem acordos com Angola, Moçambique, Cabo Verde,Guiné-Bissau e Namíbia para transferência de tecnolo-gias em produtos como mandioca, arroz e caju, quesão de maior importância para a melhoria da agricul-tura familiar de baixa renda do continente africano,resultando na melhoria de condições de vida das po-pulações daquele continente.

Algumas tecnologias podem interferir na proble-mática dos furtos e roubos no meio rural, a exemplodas cercas com materiais especiais, sistema de comu-nicação (rádios e telefones), e outras ainda podem cau-sar perigos de raios e descargas elétricas, queimadas,enchentes e segurança dos transportes, dentre outros.Ao mesmo tempo, as questões relacionadas ao plantioe tráfico de plantas entorpecentes e à necessidade dese oferecer alternativas de sobrevivência aos produ-tores também constituem um grande desafio das orga-nizações de pesquisa agropecuária para ofereceropções tecnológicas objetivando a problemática da se-gurança pública.

O Projeto de Capacitação Técnico-Educacionalde Adolescentes beneficiou 52 famílias de meninos derua em Natal, RN, por meio de um projeto articulado edesenvolvido pela Empresa de Pesquisa Agropecuáriado Rio Grande do Norte – Emparn –, Setas, Fundac eEmater-RN. O curso capacitou os meninos de rua emhorticultura familiar e técnicas de enxertia, permitin-do que, ao término do treinamento, eles pudessem ter

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uma atividade produtiva, auto-sustentação financeirae redução do desemprego e da violência urbana.

Pluralismo tecnológico

Para Sachs (1986), o pluralismo tecnológico é aestratégia mais convincente, envolvendo tanto a tradi-cional tecnologia de mão-de-obra intensiva como a decapital intensivo. Em outras palavras, a necessidadede alocação de expressivos investimentos em funçãode novas tecnologias pode prejudicar, em nome da efi-ciência, o emprego e a renda dos agricultores familia-res e favorecer o abastecimento de alimentos baratospara os consumidores. Assim, a negação da uniformi-zação tecnológica respeitando a diversidade culturale regional dos diferentes padrões de consumo apre-senta-se como um parâmetro social a ser investigadoe, se possível, mensurado, para fins de avaliação doimpacto social da pesquisa agropecuária. Como exem-plo, um parâmetro a ser investigado é a relação entreo custo fixo e o custo variável para o caso de novastecnologias.

Os 500 anos de desenvolvimento da agriculturabrasileira, celebrados com publicações históricas, ex-posições e conferências, demonstraram que todos ossistemas de produção desenvolvidos durante esse pe-ríodo ainda são utilizados por determinados segmen-tos sociais do País. Isso mostra uma grande diversida-de tecnológica em curso, justificando o envolvimentocom metodologias mais avançados, a exemplo de en-genharia genética e agricultura de precisão, sem des-cartar os conhecimentos tradicionais e históricos dosindígenas, a exemplo das plantas medicinais.

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Otimismo tecnológico

Este constitui-se em um constructo de difícilmensuração, inclusive pelo emprego da sociometria.Ele presume o otimismo tecnológico irrestrito, segun-do o qual a sociedade encontra sempre uma soluçãotécnica para os problemas sociais e ecológicos pormais difíceis que possam parecer (Layrargues, 1997,p. 8). Como ilustração, tem-se a metodologia daprospecção científica (science forsight), que identifi-ca o provável período de disponibilidades de novasdescobertas que podem ter impacto nas tecnologias aser geradas e a sua dinâmica de pesquisa e desenvol-vimento no futuro.

O otimismo tecnológico na verdade é mais umproblema dos pesquisadores de cada ramo do conhe-cimento do que das pessoas a serem afetadas pelasnovas descobertas da ciência. Muitas vezes, os cien-tistas presumem que os impactos negativos das suasinvestigações serão solucionados por outros cientis-tas da área social, política e administrativa.

As novas fronteiras do conhecimento, como aagricultura de precisão e a engenharia genética (trans-gênico e clonagem), estão sendo investigadas para finsde biossegurança, tentando, com isso, acompanhar acomunidade científica internacional em termos de no-vos conhecimentos científicos para relacionar comoutros indicadores de impacto social aqui discutidos,a exemplo de saúde, ética, emprego, dependênciatecnológica, entre outros, no contexto da agropecuáriabrasileira.

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Encorajar por meio das relações simbióticas ecomplementares de novas tecnologias, da colabora-ção de classes sociais e evitar a ruptura social entrepequenos e grandes agricultores e do capital e do traba-lho em geral é um dos desafios da pesquisa. A avalia-ção socioeconômica dos impactos da pesquisa tradi-cionalmente limitou-se aos aumentos lineares da produ-tividade e da maximização dos lucros. De outro modo,a avaliação social dos mesmos impactos não está de-senhada para ser utilizada nesse sentido restritivo.

A utilização do zoneamento agroecológico auxi-lia na titulação de terras e com isso reduz a violênciano campo. Com base nas informações de levantamen-to dos recursos naturais, essa tecnologia tem benefi-ciado três mil famílias de áreas remanescentes dequilom-bos, na região do Rio Trombetas, por elas ha-bitadas há mais de um século. O objetivo é introduziruma agricultura sustentável, com tecnologias adequa-das e otimização dos sistemas agroflorestais, elimi-nando os conflitos regionais.

A pesquisa tem gerado tecnologias de manejo,transporte, armazenamento e embalagem que permi-tem o completo aproveitamento da produção. É inadmis-sível e eticamente inaceitável que um país consoli-de práticas que levem ao desperdício mais de 30%da produção agrícola, enquanto milhões de pessoasvivem em condições indignas de sobrevivência. Por-

Combate aos desperdícios

Resolução de conflitos

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tanto, é indispensável o uso de tecnologias de produ-ção associado a novas práticas de manejo, transportee armazenamento, como forma de combate aos des-perdícios.

A Embrapa lançou uma nova embalagem paracomercialização de tomate e pimentão no varejo a partirda constatação de que a utilização de caixa “K” con-tribui para o elevado porcentual de perdas pós-co-lheita que atinge a comercialização desses produtos.Os pesquisadores desenvolveram um modelo de caixaplástica que facilita o transporte e a exposição dosfrutos nos supermercados, além de protegê-los contraa ocorrência de machucados, amassamentos e sobre-cargas de peso.

Independência tecnológica

Segundo algumas autoridades em ciência e tec-nologia, ao setor produtivo parece ser mais fácil e maisbarato buscar tecnologia no exterior para aumentar aqualidade de seus produtos e serviços e, portanto, au-mentar a produtividade e os lucros, em detrimento deum investimento consistente em pesquisa nacional.Assim, existe um desafio relacionado à independên-cia tecnológica referente à parceria entre os interes-ses da iniciativa privada e da pesquisa pública. Nessaperspectiva, faz-se necessário um desenvolvimentotecnológico endógeno que estruture os setores produ-tivos locais, os setores estratégicos e demandantes deconhecimento e inteligência, buscando a geração deempregos, renda e melhoria da qualidade de vida nasociedade.

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É evidente que existe a necessidade de se fazerum grande esforço para se aproximar os setores da in-teligência competitiva com o produtivo. E mais do queisso: é cada vez mais imprescindível que o setor pri-vado invista em pesquisa e desenvolvimento. Comoresultado, do ponto de vista social, as tecnologias po-dem ser avaliadas em relação ao seu impacto em rela-ção à dependência e independência tecnológica. Mui-tas vezes isso será analisado no contexto de parceriasentre pesquisa pública e demanda do setor privado.

A pesquisa agropecuária brasileira busca con-tribuir para resolver os problemas sociais, como afome, subnutrição, desigualdade e danos ambientais.Assim como promover um salto qualitativo na produ-ção de conhecimentos, incorporando os avanços exis-tentes no mundo de acordo com os interesses nacio-nais, fortalecendo dessa forma a independência tecno-lógica do País. Além disso, visa promover e agilizar atransferência das informações, diminuindo o tempoentre a geração e a adoção de tecnologia.

A avaliação social é também articulada por umdiscurso ético que analisa o processo produtivo dian-te dos valores construídos do bem e do mau. Acselrad(1997, p. 14) destaca as intenções das ações que têmpor objeto uma base material biofisicamente comuminterligando espaços, homens e tempos. Reconhece-se, igualmente, que tais ações e os juízos que sobreelas se aplicam dão-se em condições de acentuada de-sigualdade jurídica, econômica e política de acessoao espaço ambiental pelos distintos agentes sociais.

Considerações éticas

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Abandonadas as preocupações econômicas com osmeios, colocam-se então questões aos fins socialmen-te desejáveis. E a possibilidade de fins lucrativos ques-tiona a desejabilidade da produção material crescentecomo fim último.

O grande desafio do século não está nas gran-des conquistas tecnológicas mas em como vencer aevidên-cia do egoísmo [...] O altruísmo criador é o me-lhor antídoto contra o destruidor egoísmo (Martins,2000, p. 212).

De acordo com a ética profissional, há um cons-tante compromisso com a verdade e com a intercom-preensão dos atores que se relacionam na situaçãoinvestigada. Para Thiollent (1997, p. 19), os resulta-dos de pesquisa não devem ser utilizados para finsparticulares, e os relacionamentos requerem um espa-ço de discussão democrática.

A Tabela 1 apresenta alguns dilemas éticos quepossuem impactos sociais e, em alguns casos, estãorelacionados às novas tecnologias geradas, às quaispodem contribuir para a reconciliação desses dilemase também servir de indicadores para a identificaçãodos perfis sociais dessas mesmas tecnologias. Essesdilemas podem se tornar indicadores de política agrí-cola, e limites éticos, que servem de referência ao con-trole das soluções de mercado e maximização doslucros no contexto da desejada mudança social e daproteção do meio ambiente.

Outros exemplos de dilemas ou problemaséticos que formam os desafios da ética agrícola sãoidentificados como segue: os preços agrícolas (justosem relação ao produtor), o abastecimento (segurançaalimentar e defesa do consumidor), a qualidade do

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Tabela 1. Exemplos de dilemas éticos na agricultura.

Fonte: Informações sintéticas baseadas em levantamento bibliográfico que incluem osautores Anderson (1990), Piderit (1993), Boulding (1982), McPherson (1982), Ladd (1983),MacNeill et ali. (1992) e Donziger & Haveman (1978) dentre outros.

Desejos(Individuais)Lógica econômica(Racionalidade economia)Direitos individuais(Responsabilidade individual)Esforço e iniciativa individualInteresse dos produtores(Preços recebidos e pagos)Infra-estrutura econômica(Estradas, armazéns, outros)Otimização de bens privadosSeparação forçada entre econo-mia e éticaÊxito técnico acima da ética(Produtividade)Processo epistemológico -positivista do conhecimentoÉtica empresarial(Agronegócio e alta produtivi-dade)Subordinação a indústria eserviços(Dentro da cadeia agroindus-trial)Imperativo da maximizaçãode lucros no curto prazoRação animal(Grãos como fonte protéica)Erradicação da fome e da miséria(Sem considerar o custoambiental)

Êxodo rural e formação defavelas urbanasIgualitarismo de altruísmo(Preferência pelos que sofrem,os pequenos produtores, os desubsistência, os produtores dealimentos básicos com deman-da inelástica e prioridade parareforma agrária

Necessidades(Individuais e coletivas)Valores éticos(Imperativos éticos)Direitos coletivos(Responsabilidade coletiva)Ação e conduta coletivaBem-estar dos consumidores(Qualidade e preços pagos)Infra-estrutura social(Educação, saúde, pesquisa, outros)Otimização de bens públicosComplementação e sinergia entreeconomia e éticaÊxito ético acima da técnica(Externalidades)Processo moral do usoético deste conhecimentoÉtica ambiental e bioética(Desenvolvimento e agricultura sus-tentável)Autonomia camponesa(Atividades complementares: artesa-nato, serviços e distribuição direta aoconsumidor)Capacidade para conservar oambiente e renda sustentávelAlimentação humana(Grãos como fonte calórica)Preservação do meio ambiente(Considerando os custos ambientaisnos projetos de desenvolvimentosocial)Invasão de terras pelo movimento dostrabalhadores sem-terraIgualitarismo de inveja(Oposição às grandes propriedades,inclusive as produtivas e eficientes,utilizadoras de tecnologias poupado-ras de mão-de-obra e concentradorasde conhecimentos, de terra, capital,produção e riqueza em geral

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alimento (implicações na saúde e na nutrição), aalimentação humana (grãos como fonte calórica), a ali-mentação animal (grãos como suplemento protéico), asinergia entre produtos e resíduos (co-evolução datecnologia relacionada com o uso de produtos e resí-duos), a relação entre desperdícios e fraudes (merca-do paralelo e cálculo das externalidades), a qualidadede insumos e produtos (veracidade dos rótulos e in-formações assimétricas), os termos de trocas (eqüida-de no câmbio), o crédito agrícola (eqüidade e taxasde juros), a reforma agrária (a terra como um bem so-cial ou fonte de especulação e reserva de valor)

Destacam-se, ainda, o desenvolvimento tecnoló-gico (aumento da produtividade versus desemprego),a propriedade intelectual (privatização do conhecimen-to), a irrigação (distribuição, desperdício e poluiçãoda água), a conservação do solo (erosão e sustentabi-lidade), a preservação da biodiversidade (erosão ge-nética), o controle de pragas e doenças (otimizaçãodo controle integral e biológico visando ao interesseindividual e coletivo), a problemática da mulher (igual-dade entre gêneros) e a representação desproporcio-nal de alguns interesses (grupos de pressão).

Finalmente, é necessário identificar o resultadoeconômico da pesquisa em termos de impactos sobrea produção, produtividade, renda, custos fixos e vari-áveis e os impactos no longo, médio e curto prazos.Em muitos casos, o principal impacto da tecnologiaestá limitado a esses fatores e, nesse sentido, torna-seo objetivo da pesquisa, visto ser mais simples a

Impacto econômico

36

quantificação desses impactos, em virtude das tradi-ções e das facilidades de mensurações dos impactoseconômicos. Dentro desses impactos, o superávit doprodutor e do consumidor tem um maior número deestudos publicados. Os impactos de outros participan-tes da cadeia produtiva, como o agroprocessamento, otransporte, a armazenagem e a comercialização, entreoutros, às vezes aparecem nas análises econômicas depesquisas.

spera-se, com os resultados deste trabalho, elaboraruma check list, ou seja, um inventário dos impactossociais oriundos dos resultados da pesquisa agrope-cuária gerada pela Embrapa e por outras organizaçõesde pesquisa. Essas tecnologias são transferidas aosprodutores rurais ou aos chamados stock holders, osquais enfrentam nos seus sistemas de produção asexternalidades dos referidos impactos.

O importante é elaborar uma agenda social paraorientar a pesquisa agropecuária que objetiva com-preender o sentido qualitativo e metodológico dos im-pactos sociais dos resultados da pesquisa, em que assuas externalidades não são facilmente quantificáveismonetariamente.

Nesse sentido, este estudo tem um caráter es-sencialmente exploratório e orientado para a proble-mática da questão social no contexto da geração da

.EConsiderações finais

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tecnologia agropecuária, no que se refere à criação demecanismos direcionados aos serviços sociais e àssoluções da problemática social na agropecuária.

Assim, importantes impactos sociais dos resul-tados da pesquisa são aqui entendidos como emprego,saúde e nutrição, problemas relativos a gênero, de-pendência tecnológica, desperdícios, imperativos éti-cos da tecnologia, impactos essencialmente econômi-cos, otimismo tecnológico, educação e treinamento,distribuição de renda, solução de conflitos, entre ou-tros. O importante é identificar, a partir desses cons-tructos, a natureza desses impactos oriundos do co-nhecimento gerado pelas organizações de pesquisaagropecuária.

Esforços serão desenvolvidos para quantificartanto quanto possível os impactos estudados. Os im-pactos que podem ser expressos em termos monetári-os serão integrados aos conhecidos impactos econô-micos, no contexto das tradicionais avaliaçõessocioeconômicas. Ao mesmo tempo serão destacados(possivelmente em caráter inovador) os indicadoresnão-monetários, tanto os quantitativos como os quali-tativos, objetivando complementar a avaliação mone-tária a qual muitas vezes não identifica as diferençasdos impactos oriundos dos retornos da tecnologia ado-tada entre as áreas e os grupos sociais abastados eaqueles identificados como carentes e descapitali-zados, seja no plano dos produtores ou dos consumi-dores.

Nessa perspectiva, este trabalho não se limita arever as atuais abordagens relacionadas com a identi-ficação dos tradicionais impactos dos resultados da

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pesquisa agropecuária. O fundamental é a construçãode uma linguagem “própria e apropriada” para inter-pretar a complexa realidade social em que está inseridaa pesquisa agropecuária, além da revisão das atuaisabordagens, métodos e instrumentos utilizados no en-tendimento dos problemas sociais da agropecuária. Issoexigirá dos pesquisadores uma percepção abrangentede como se processam as relações do “novo rural” edas “novas questões sociais”.

Finalmente, a ciência agropecuária deve tornaro cidadão e sua família mais felizes, pois, ao contrá-rio, ela não trará uma contribuição válida para odesenvolvimento social. Para tanto, a geração detecnologia irá demandar a inclusão dos conteúdosvoltados para a qualidade de vida, e não simplesmen-te para os aspectos econômicos e técnico-produti-vistas.

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WRIGHT, P.; KROLL, M. J.; PARNELL, J.Administração estratégica: conceitos. São Paulo:Átila, 2000. 433 p.

43

Identificação e mensuração do perfilsocial da tecnologia

Nome e e-mail dos pesquisadores envolvidos na geração datecnologia:

1.2.3.4. Outros

Nome da tecnologia:

Descrição sumária da tecnologia:

Palavras-chave relacionadas com o impacto social da tecnologia.Preferencialmente usar os conceitos apresentados no perfil so-cial da tecnologia listados a seguir:

Anexo

Questionáro

44

Perfil social da tecnologia

1 Emprego

Tempo integral: aumento diminui não afeta

Tempo parcial: aumenta diminui não afeta

Emprego sazonal: aumenta diminui não afeta

Emprego x gênero

Homens: aumenta diminui não afeta

Mulheres: aumenta diminui não afeta

Crianças: aumenta diminui não afeta

Idosos: aumenta diminui não afeta

Emprego não-agrícola:

aumenta diminui não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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2 Saúde

Impacto direto

População urbana: melhora piora não afetaPopulação rural: melhora piora não afetaPopulação em geral:

melhora piora não afetaPopulação de alta renda:

melhora piora não afetaPopulação de baixa renda:

melhora piora não afeta

Impacto indireto

AlimentaçãoBalanço calórico: melhora piora não afetaQualidade de proteínas:

melhora piora não afetaVitaminas e minerais:

melhora piora não afeta

Meio ambiente

Solo: melhora piora não afetaAr: melhora piora não afetaÁgua: melhora piora não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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3 Desequilíbrios regionais

Impacto localizado

Norte e Nordeste

Geral: melhora piora não afeta

Regiões áridas: melhora piora não afeta

Regiões úmidas: melhora piora não afeta

Regiões de transição: melhora piora não afeta

Centro-Oeste, Sudeste e Sul

Geral: melhora piora não afeta

Pantanal: melhora piora não afeta

Costeiras: melhora piora não afeta

Cerrados: melhora piora não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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4 Informalidade

Produção

Setor formal: fortalece enfraquece não afetaSetor informal: fortalece enfraquece não afeta

Comercialização

Setor formal: fortalece enfraquece não afetaSetor informal: fortalece enfraquece não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

5 Problemática de gênero

Homens: favorece desfavorece não afetaMulheres: favorece desfavorece não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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6 Educação e treinamento

Atividades agrícolas

Mão-de-obra relativamente qualificada:

aumenta a qualificação não se conhece não afeta

Mão-de-obra não-qualificada:

aumenta a qualificação não se conhece não afeta

Atividades não-agrícolas

Mão-de-obra relativamente qualificada:

aumenta a qualificação não se conhece não afeta

Mão-de-obra não-qualificada:

aumenta a qualificação não se conhece não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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7 Empatia com a problemática social

Pesquisadores:

aumenta a reduz a

consciência social consciência social não afeta

Empresários rurais:

aumenta a reduz a

consciência social consciência social não afeta

Políticos e outros tomadores de decisão:

aumenta a reduz a

consciência social consciência social não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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50

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8 Diminuição das desigualdades

Produção comercializada:

reduz as aumenta as

desigualdades desigualdades não afeta

Consumo doméstico:

aumenta a reduz a

consciência social consciência social não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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9 Incentivos à cooperação, à integração

e à solidariedade

Cooperativas agrícolas:

favorece desfavorece não afeta

Assentamentos:

favorece desfavorece não afeta

Parcerias:

favorece desfavorece não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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10 Implicações relacionadas com

a segurança

Segurança no emprego no longo prazo:

fortalece enfraquece não afeta

Segurança no trabalho:

fortalece enfraquece não afeta

Segurança em relação a roubos e furtos:

fortalece enfraquece não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

53

11 Pluralismo tecnológico

Intensividade em capital:

alta média baixa ou sem efeito

Intensividade em mão-de-obra:

alta média baixa ou sem efeito

Intensividade em conhecimento:

alta média baixa ou sem efeito

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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12 Otimismo tecnológico

O impacto social desta tecnologia depende da geração de novosconhecimentos e descobertas:

Nas ciências agrárias:

depende não depende não se aplica

Nas demais ciências naturais:

depende não depende não se aplica

Nas ciências sociais:

depende não depende não se aplica

Na infra-estrutura avançada:

depende não depende não se aplica

Nas novas políticas agrícolas:

depende não depende não se aplica

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

55

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13 Resolução de conflitos

Esta tecnologia favorece os grandes produtores:

favorece desfavorece não afeta

Esta tecnologia favorece os pequenos produtores:

favorece desfavorece não afeta

Esta tecnologia favorece todos os produtores:

favorece desfavorece não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

56

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14 Considerações éticas

Quanto à solidariedade (reciprocidade):

favorece desfavorece não afeta

Quanto ao egoísmo:

favorece desfavorece não afeta

Quanto ao altruísmo:

favorece desfavorece não afeta

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

57

15 Impacto econômico

A tecnologia somente causa impacto econômico:

sim não não sabe

Aumenta:

produção produtividade renda

Diminui:

custo total custo fixo custo variável

Esses impactos são:

em curto prazo em médio prazo em longo prazo

Os principais impactos econômicos atingem:

produtor consumidor final

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outros participantes

da cadeia:produtiva

58

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16 Desperdícios

A tecnologia diminui os desperdícios:

sim não não sabe

Principais impactos atingem:

produtor intermediário

consumidor distribuidor comerciante

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

59

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17 Dependência tecnológica

A tecnologia causa dependência:

sim não não sabe

Geração da tecnologia desenvolvida no:

setor público setor privado parcerias

A comercialização da tecnologia é de domínio:

público privado

Principais impactos atingem:

produtor consumidor

distribuidor comerciante

Impactos sociais

Resultados que podem ser dimensionados:

Resultados qualitativos:

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Títulos lançados:

No 1 – A pesquisa e o problema de pesquisa: quem os determina?Ivan Sergio Freire de Sousa

No 2 – Projeção da demanda regional de grãos no Brasil: 1996 a 2005Yoshihiko Sugai, Antonio Raphael Teixeira Filho, Rita de CássiaMilagres Teixeira Vieira e Antonio Jorge de Oliveira

No 3 – Impacto das cultivares de soja da Embrapa e rentabilidade dosinvestimentos em melhoramentoFábio Afonso de Almeida, Clóvis Terra Wetzel e Antonio FlávioDias Ávila

No 4 – Análise e gestão de sistemas de inovação em organizaçõespúblicas de P&D no agronegócioMaria Lúcia D’Apice Paez

No 5 – Política nacional de C&T e o programa de biotecnologia doMCTRonaldo Mota Sardenberg

No 6 – Populações indígenas e resgate de tradições agrícolasJosé Pereira da Silva

No 7 – Seleção de áreas adaptativas ao desenvolvimento agrícola,usando-se algoritmos genéticosJaime Hidehiko Tsuruta, Takashi Hoshi e Yoshihiko Sugai

No 8 – O papel da soja com referência à oferta de alimento e demandaglobalHideki Ozeki, Yoshihiko Sugai e Antonio Raphael Teixeira Filho

No 9 – Agricultura familiar: prioridade da EmbrapaEliseu Alves

No 10 – Classificação e padronização de produtos, com ênfase naagropecuária: uma análise histórico-conceitualIvan Sergio Freire de Sousa

No 11 – A Embrapa e a aqüicultura: demandas e prioridades depesquisaJúlio Ferraz de Queiroz, José Nestor de Paula Lourençoe Paulo Choji Kitamura (eds.)

No 12 – Adição de derivados da mandioca à farinha de trigo: algumasreflexõesCarlos Estevão Leite Cardoso e Augusto Hauber Gameiro

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Produção editorial, impressão e acabamentoEmbrapa Informação Tecnológica

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