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Implantação de um viveiro-escola para a produção de mudas de espécies florestais nativas
para a restauração de Reservas Ecológicas da USP do campus “Luiz de Queiroz” e
Estações Experimentais de Ciências Florestais
Piracicaba
Maio de 2013
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA “LUIZ DE QUEIROZ”
Departamento de Ciências Florestais
2
Título do projeto: Implantação de um viveiro-escola para a produção de mudas de espécies
florestais nativas para a restauração de Reservas Ecológicas da USP do campus “Luiz de
Queiroz” e Estações Experimentais de Ciências Florestais
Pesquisador responsável: Prof. Dr. Pedro H. S. Brancalion – Departamento de Ciências
Florestais (ESALQ/USP)
Equipe executora: A equipe executora conta com 8 professores, 2 engenheiros, 2 técnicos de
nível superior, 2 funcionários, 2 alunos de pós-graduação e 18 alunos de graduação. Serão
envolvidos 3 departamentos e 7 laboratórios, todos da ESALQ/USP, e 2 grupos de estágio da
graduação, com alunos dos cursos de Engenharia Agronômica, Engenharia Florestal, Biologia e
Gestão Ambiental, conforme relação abaixo:
Nome Vinculação Função no projeto
Docentes
Pedro H. S. Brancalion Professor Doutor do LCF/ESALQ/USP Pesquisador responsável
Coordenador do GT de Uso do Solo na ESALQ/USP
Coordenador do Laboratório de Silvicultura Tropical do
LCF/ESALQ/USP
Coordenador do Grupo de Adequação Ambiental
(GADE) da ESALQ/USP
Edson Vidal Professor Doutor do LCF/ESALQ/USP
coordenação do trabalho dos alunos do
GEPEM no viveiro
Coordenador do Laboratório de Silvicultura Tropical do
LCF/ESALQ/USP
Coordenador do GEPEM (Grupo de Estudos e
Pesquisas em Manejo de Florestas Tropicais) da
ESALQ/USP
coordenação do trabalho dos alunos do
GEPEM no viveiro
José Leonardo Gonçalves Professor Titular do LCF/ESALQ/USP coordenação do trabalho dos funcionários
do viveiro florestal do LCF
Coordenador do Laboratório de Ecologia Aplicada
Coordenador do viveiro de espécies exóticas do
LCF/ESALQ/USP
Ricardo Ribeiro Rodrigues Professor Titular do LCB/ESALQ/USP Auxílio na escolha das espécies a serem
produzidas
Coordenador do Laboratório de Ecologia e Restauração
Florestal
Vinícius Castro Souza Professor Associado do LCB/ESALQ/USP Auxílio na identificação das espécies a
serem produzidas
Coordenador do Laboratório de Sistemática
Ana D. L. Coelho Novembre
Professora Associada do LPV/ESALQ/USP
Auxílio na tecnologia de sementes de
espécies nativas
Apoio técnico
José Amarildo da Fonseca
Responsável técnico do viveiro de espécies exóticas do
LCF/ESALQ/USP coordenação das atividades do viveiro
Biól. Elza Martins Ferraz Coordenadora técnica do Laboratório de Biologia
Reprodutiva e Genética de Espécies Arbóreas do
LCF/ESALQ/USP
coordenação da análise de sementes
Eng. Ftal. João Carlos Teixeira
Mendes Engenheiro responsável pela EECF de Anhembi
responsável pelo uso das mudas na EECF
de Anhembi
3
Eng. Ftal. Rildo Moreira e
Moreira Engenheiro responsável pela EECF de Itatinga
responsável pelo uso das mudas na EECF
de Itatinga
Funcionários
Donizete Aparecido Sabino Funcionário do viveiro do LCF/ESALQ/USP Produção de mudas de espécies nativas
Natanael da Silva Duarte Funcionário do viveiro do LCF/ESALQ/USP Produção de mudas de espécies nativas
Alunos de pós-graduação
Ricardo Gomes César
Vanessa Jó Girão
Mariana Bettinardi
Alunos de mestrado do PPG em Recursos Florestais Responsáveis pelo uso de mudas em
plantios de enriquecimento na Mata da
Pedreira e matas-de-brejo
Grupos de estágio de
graduação
Grupo de Adequação Ambiental
(GADE)
17 Alunos de graduação em Engenharia Florestal,
Engenharia Agronômica, Biologia e Gestão Ambiental Produção de mudas de espécies nativas
Grupo de Estudos e Pesquisas
em Manejo de Florestas
Tropicais (GEPEM)
7 Alunos de graduação em Engenharia Florestal,
Engenharia Agronômica, Biologia e Gestão Ambiental Produção de mudas de espécies nativas
Unidade USP: Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”
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Resumo: Os programas de adequação ambiental do campus “Luiz de Queiroz” e das Estações
Experimentais de Ciências Florestais, que abrigam mais da metade da área de Reservas
Ecológicas da USP, têm demandando um grande número de mudas de espécies florestais nativas,
as quais têm sido adquiridas em viveiros comerciais. No entanto, é possível produzir essas
mudas na própria Universidade, por meio da implantação de um viveiro-escola, o qual
possibilitaria obter mudas na quantidade, diversidade e qualidade demandada por ações de
restauração florestal, para fins paisagísticos e de arborização, e para atividades de pesquisa,
reduzindo custos e criando um ambiente didático para a realização de aulas práticas, cursos de
capacitação e atividades de educação ambiental. Diante do exposto, esse projeto objetiva a
implantação de um viveiro-escola para a produção de mudas de espécies florestais nativas para a
restauração de Reservas Ecológicas do campus “Luiz de Queiroz” e Estações Experimentais de
Ciências Florestais de Anhembi e Itatinga. Esse viveiro seria instalado no Departamento de
Ciências Florestais da ESALQ/USP, que já conta com área apropriada para esse fim, e seria
gerido em conjunto por docentes, alunos de graduação e pós-graduação, engenheiros e
funcionários da Universidade. Com um orçamento de R$ 49.485,00, a implantação de um
viveiro-escola trará como potenciais resultados o fornecimento de mudas para as atividades de
restauração florestal, a capacitação de alunos da ESALQ e de funcionários e gestores de todos os
campi da USP para a produção de mudas de espécies florestais nativas e a instalação de uma
unidade piloto para o planejamento do suprimento de mudas para a restauração de todas as
Reservas Ecológicas da USP.
1. Introdução
O processo histórico de conversão de ecossistemas nativos para uso agropecuário resultou
na degradação de áreas ambientalmente frágeis das propriedades rurais, como margens de cursos
d’água, nascentes e áreas declivosas, bem como na ocupação indevida de áreas com baixa
aptidão agrícola, tal como com solo pedregoso, encharcado ou em relevo acidentado (Dean
1996). Como a maior parte dos campi e estações experimentais da Universidade de São Paulo
foram estabelecidos em antigas propriedades rurais, essa realidade de uso não planejado do solo
e degradação dos recursos naturais é infelizmente uma realidade também dentro das áreas da
universidade.
Nos últimos anos, a pressão cada vez maior da sociedade para uma melhor gestão do uso
do solo, principalmente no que se refere à conservação e recuperação de matas ciliares
(Rodrigues & Leitão-Filho 2004), bem como a atuação mais efetiva do Ministério Público e dos
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órgãos ambientais, resultaram em Termos de Ajustamento de Conduta firmados com a USP.
Além dos compromissos legais, a USP tem um compromisso ético com a melhor gestão do uso
do solo em seus campi, pois a formação plena de profissionais capacitados para enfrentar os
desafios da sustentabilidade no mundo moderno deve passar não apenas pela formação
acadêmica, mas por exemplos concretos de ações voltadas para a sustentabilidade dentro da
universidade.
Nesse contexto, insere-se o Programa de Adequação Ambiental do campus “Luiz de
Queiroz” (ESALQ) e das Estações Experimentais de Ciências Florestais (EECF) da USP.
Instalado em 1901 em uma antiga propriedade rural, o campus da ESALQ refletia uma ocupação
do solo igual ou até pior planejada do que a da maior parte das propriedades rurais da região:
áreas de experimentação que se estendiam até as margens dos cursos d’água e entorno de
nascentes, degradação dos remanescentes florestais nativos por incêndios, deriva de herbicida e
invasão por gado, e ocupação não planejada de áreas com baixa aptidão agrícola, que deveriam
ser foco de ações de conservação e recuperação ambiental. O mesmo se repetia nas EECF de
Anhembi e Itatinga, que foram implantadas em áreas anteriormente ocupadas por plantações de
eucalipto e pastagens. Como a ESALQ e suas áreas experimentais associadas formam
principalmente profissionais voltados para a agropecuária, estava evidente que a universidade
deveria dar o exemplo na gestão do seu território.
Assim, a partir do Plano Diretor Socioambiental da ESALQ, foi estabelecida uma linha
de ação para reorganizar o uso do solo no campus e recuperar Áreas de Preservação Permanente
e de Reserva Legal, a fim de atender a um TAC instaurado em 2003 pelo Ministério Público
estadual, bem como para reverter parte do processo histórico de degradação a que essas áreas
foram submetidas. Em cerca de seis anos, esse plano resultou num aumento de 51% na cobertura
florestal da ESALQ (Figura 1). Nas EECF, esse trabalho já foi iniciado, mas encontra-se ainda
em fase inicial para que se possa fazer uma primeira avaliação.
Como a maior parte das áreas degradadas da ESALQ e EECF possui baixa resiliência em
função do uso agropecuário anterior, são necessários plantios mistos de espécies arbóreas nativas
para a restauração florestal dessas áreas. Adicionalmente, a baixa cobertura florestal da paisagem
regional limita a chegada de sementes de espécies nativas mais finais da sucessão ecológicas às
áreas em recuperação, sendo necessário o uso de plantios de enriquecimento em áreas onde a
regeneração natural está sendo conduzida e fragmentos florestais degradados estão sendo
manejados como estratégia de restauração ecológica. Em decorrência dessas ações, tem havido
uma grande demanda por mudas de espécies florestais nativas por parte da Universidade.
6
Figura 1: Variação da cobertura
florestal resultantes de ações de
restauração ecológica em diferentes
zonas do campus “Luiz de Queiroz” da
Universidade de São Paulo, em
Piracicaba-SP.
Diante do exposto, esse projeto objetiva a implantação de um viveiro-escola para a
produção de mudas de espécies florestais nativas para a restauração de Reservas Ecológicas da
USP do campus “Luiz de Queiroz” e Estações Experimentais de Ciências Florestais.
2. Justificativa
2.1.Geral
Conforme exposto no item anterior, hoje há uma grande demanda por mudas de espécies
florestais nativas nos programas de adequação ambiental da ESALQ e das EECF. Somadas, as
áreas do campus da ESALQ (914,15 ha), da EECF de Anhembi (663,49 ha) e de Itatinga (2.224
ha) ocupam cerca de metade do território da USP. Juntas, os remanescentes de vegetação nativa
e em processo de restauração dessas três áreas (1.001 ha) respondem a mais da metade da área
das recém-estabelecidas Reservas Ecológicas da USP (1.945,3 ha). Atualmente, essa demanda
tem sido suprida pela compra de mudas de viveiros florestais comerciais da região, a qual tem
trazido os seguintes problemas: 1) a morosidade para a compra das mudas por parte da
Universidade tem atrasado os plantios e dificultado que as ações de restauração ocorram no
período chuvoso, mais favorável ao estabelecimento das mudas; 2) são comuns os casos em que
são adquiridas mudas de espécies exóticas, muitas delas invasoras, não regionais e de qualidade
insatisfatória para a restauração; 3) dificuldade de aquisição de espécies menos comuns nos
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viveiros, demandadas por projetos de pesquisa e ações direcionadas de conservação, tal como a
reintrodução de espécies ameaçadas de extinção; 4) um grande volume de recursos tem sido
destinado à compra de mudas, podendo-se economizar recursos públicos com a produção dessas
mudas na Universidade. Por exemplo, a restauração de 65 ha na ESALQ, conforme apresentado
na tabela 1, trouxe um custo aproximado de R$108.290,00 em mudas, considerando o plantio de
1.666 mudas por ha e o custo médio de R$1,00 por muda; 5) embora os alunos estejam muito
envolvidos no planejamento, implantação e condução de ações de restauração florestal, eles não
estão se envolvendo com a produção de mudas, dada a falta de infraestrutura adequada para essa
atividade na ESALQ; e 6) a falta de um viveiro florestal especializado na produção de mudas de
espécies nativas impede a realização de aulas práticas, cursos de extensão e atividades de
educação ambiental sobre essa temática. Dito isso, acredita-se que a implantação de um viveiro-
escola melhore a qualidade das ações de restauração florestal e promova ações de ensino,
pesquisa e extensão na USP.
2.2. Atendimento ao objetivo geral do Edital
Acreditamos que o presente projeto atenda de forma plena o objetivo geral do Edital 2013
da Superintendência de Gestão Ambiental da USP - “apoiar financeiramente projetos de ensino,
pesquisa, extensão e gestão acadêmica que promovam a sustentabilidade socioambiental nos
campi da USP” -, conforme detalhado abaixo:
Ensino: A produção de mudas de espécies florestais nativas é uma atividade relativamente nova,
tendo apresentado grande crescimento nos últimos anos. No Estado de São Paulo, a produção
passou de 11 milhões de mudas/ano em 2003 para 33 milhões de mudas/ano em 2008 (114
viveiros) e 42 milhões de mudas/ano em 2010 (211 viveiros) (Brancalion et al. 2012). Esse
crescimento tem certamente aumentado a demanda por profissionais qualificados para a
produção de mudas de espécies florestais nativas, atividade que difere em muito da produção de
mudas de espécies exóticas. Embora as disciplinas de graduação (LCF 0493 - Silvicultura de
Espécies Nativas, LCF 0720 - Viveiro Florestal, LCF 0637 - Manejo de Florestas Tropicais, LCF
LCF0681 – Biologia e Produção de Sementes Florestais, e LCF 0621 - Implantação e
Regeneração de Plantações Florestais) e pós-graduação (LCF 5880 – Restauração Ecológica, e
LCF 5862 - Adequação Ambiental de Unidades de Produção, com Ênfase para a Restauração de
Áreas Degradadas) da ESALQ associadas ao tema tenham se valido de visitas a viveiros
comerciais para aulas de campo, a falta de um viveiro florestal para espécies nativas dentro da
8
ESALQ dificulta a realização de estágios, de trabalhos práticos ao longo das disciplinas e de
cursos sobre o tema.
Pesquisa: Conforme discutido no item anterior, tem havido um grande crescimento da produção
de mudas de espécies nativas no estado de São Paulo, que por sua vez tem evidenciado a
carência de conhecimento sobre essa atividade. Dada a complexidade inerente à coleta,
beneficiamento, armazenamento, quebra de dormência e germinação de sementes de centenas
espécies nativas, bem às técnicas de produção de mudas de um número tão grande de espécies,
muitas espécies deixam de ser produzidas nos viveiros ou são geradas mudas de qualidade muito
inferior às demandadas pela restauração florestal. Por exemplo, praticamente não se produzem
mudas de espécies de Cerrado nos viveiros comerciais em função da falta de conhecimentos
sobre o manejo das espécies desse bioma. Assim, há grande demanda por pesquisas na produção
de mudas de espécies nativas. Nesse contexto, a falta de um viveiro florestal especializado na
produção de espécies nativas dificulta a realização de pesquisas, tanto de graduação como de
pós-graduação, relacionadas a essa temática. Adicionalmente, o viveiro florestal constitui a fonte
de material biológico para os mais diversos tipos de pesquisas em que são demandadas mudas de
espécies nativas, e certamente pode contribuir para o desenvolvimento de vários projetos de
pesquisa na Universidade associados à ecologia, conservação e restauração de florestas.
Extensão: Com base nos mesmos argumentos apresentados nos itens anteriores, a demanda atual
por mudas de espécies nativas tem aumentado a necessidade de atividades de extensão sobre o
tema. Há muitas pessoas interessadas em montar viveiros de mudas nativas, desde empresários a
produtores rurais, ou mesmo em se capacitar para trabalhar em viveiros já existentes. A
existência de um viveiro-escola na ESALQ possibilitaria a realização de atividades de extensão
universitária, capacitando pessoas externas à universidade interessadas nessa atividade.
Adicionalmente, essas atividades de capacitação podem se estender a gestores e profissionais de
outros campi da USP envolvidos na implantação de ações de restauração florestal em resposta às
demandas da Universidade, principalmente no que se refere à recuperação de suas Reservas
Ecológicas.
2.3. Atendimento às linhas norteadoras do Edital
Acreditamos que o presente projeto atenda de forma plena todas as 6 linhas norteadoras
apresentadas no Edital, conforme justificado na sequência:
9
- Linha 1. promover ações de conservação dos recursos naturais da Universidade: A produção
de mudas de espécies nativas é etapa essencial dos programas de recuperação dos fragmentos
florestais inseridos no território da Universidade e de conservação de sua biodiversidade, pois
possibilita o estabelecimento de corredores ecológicos, a reintrodução de espécies vegetais
ameaçadas e atrativas da fauna, a proteção do solo e dos recursos hídricos e a recriação/melhoria
de habitat para a fauna nativa.
- Linha 2. promover um ambiente saudável e a segurança ambiental dentro dos campi: As Áreas
de Preservação Permanente são reconhecidas não só pela importância ambiental, mas também
pela vulnerabilidade a distúrbios naturais, com enchentes, no caso de margens de cursos d’água,
e escorregamentos de terra, no caso de encostas e topos de morro. Dessa forma, a remoção de
atividades humanas desses locais e a reocupação do espaço com vegetação nativa, com as mudas
produzidas no viveiro-escola, reduzirá os riscos decorrentes desses distúrbios, bem como
melhoraria a qualidade ambiental do campus, purificando o ar, atenuando a temperatura,
aumentando a beleza cênica, protegendo os cursos d’água e minimizando problemas decorrentes
de enchentes.
- Linha 3. promover o uso racional de recursos: Sendo a ESALQ e suas estações experimentais
associadas centros de referência em agropecuária com influencia direta nas práticas dos
agricultores, que são gestores de recursos naturais por excelência, a produção de mudas de
espécies nativas e seu consequente uso nas ações de restauração florestal faz parte de um
conjunto de ações voltadas para a sustentabilidade da produção agropecuária, com reflexos
diretos no uso racional de recursos como o solo, a água e a biodiversidade, tanto dentro da
Universidade como nas áreas externas.
- Linha 4. educar visando à sustentabilidade: Conforme já discutido em itens anteriores, o
viveiro-escola proposto nesse projeto pode servir como uma sala de aula a céu aberto para
diversas práticas educacionais, desde ações de educação ambiental para crianças até disciplinas
de pós-graduação. A produção de mudas de espécies nativas, incluindo aquelas ameaçadas de
extinção, faz parte de um conjunto de iniciativas voltadas para a sustentabilidade no meio rural e
urbano, e por isso deve ser reforçada dentro da Universidade.
- Linha 5. construir, de forma participativa, a Universidade sustentável: A construção de uma
Universidade sustentável começa pela gestão racional de seu território. No caso particular da
USP, a maior parte de seu território constitui-se de áreas agrícolas, haja vista a influência
territorial do campus da ESALQ e estações experimentais associadas e do campus de
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Pirassununga, ambos ligados às Ciências Agrárias. Dessa forma, a restauração florestal de áreas
ambientalmente sensíveis e importantes para a biodiversidade, bem como aquelas com baixo
potencial produtivo, constitui-se numa das principais estratégias para tornar a USP mais
sustentável, pressuposto este reforçado pela criação recente das Reservas Ecológicas da USP.
Para que essa construção seja participativa, é preciso que toda a comunidade participe, ou pelo
menos conheça, cada etapa associada a esse processo de recuperação de áreas degradadas na
Universidade, sendo a produção de mudas de espécies nativas uma dessas etapas.
- Linha 6. conduzir a Universidade para torna-se um modelo de sustentabilidade para a
sociedade: Dentro do que foi apresentado nos itens anteriores, a maior parte do território da USP
não apresenta um uso do solo minimamente compatível com as recomendações técnicas para a
sustentabilidade ambiental, nem mesmo com os mínimos requisitos legais estabelecidos pela
legislação ambiental brasileira. Nesse contexto, a punição da Universidade por crimes
ambientais, como já ocorreu no passado, certamente limita a pretensão em ser um modelo de
sustentabilidade para a sociedade. Da mesma forma, o uso inadequado do solo por alunos,
técnicos e professores, por exemplo, ao implantar experimentos em Áreas de Preservação
Permanente, bem como a impressão geral da comunidade da USP de que nem mesmo a
Universidade cumpre a legislação ambiental, são sérios problemas a serem enfrentados para que
a USP se torne um modelo de sustentabilidade. A produção de mudas de espécies nativas, como
parte das estratégias de restauração ecológica, certamente pode contribuir nesse sentido.
2.4. Diretrizes atendidas
Das 20 diretrizes apresentadas no Edital, acreditamos atender total ou parcialmente pelo
menos 8 delas:
- Diretriz I. divulgar amplamente e promover o aperfeiçoamento e a aplicação da legislação
ambiental à qual os campi estão sujeitos: Destaca-se no conjunto de instrumentos legais aos
quais os campi da USP estão submetidos a nova Lei Florestal, que substituiu a partir de 2012 o
Código Florestal de 1965. Por meio dessa lei, áreas definidas como de Preservação Permanente,
bem como de Reserva Legal, devem ser conservadas e recuperadas. O cumprimento integral
dessa legislação pelo campus da ESALQ e estações experimentais associadas certamente
contribuirá com a divulgação dessa lei na sociedade e, principalmente, entre os demais campi da
USP. Adicionalmente, existem perspectivas de que os trabalhos de restauração florestal
desenvolvidos na ESALQ contribuam com o aperfeiçoamento da legislação vigente. A ESALQ
11
teve um papel decisivo nas discussões acerca da elaboração da nova lei florestal, com a atuação
destacada de diversos professores nos debates públicos sobre as propostas de mudanças da lei e
como membros do grupo de trabalho sobre o tema da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciência, que teve destacada importância na melhoria do projeto de lei. Como símbolo dessa
participação efetiva da instituição, foi realizada na ESALQ uma reunião de trabalho de alguns
docentes com quatro senadores da República – Sen. Aloysio Nunes, Sen. Blairo Maggi, Sen.
Rodrigo Rollemberg e Sen. Tião Viana –, voltada para a discussão técnica de alguns pontos
polêmicos propostos pelo projeto de lei. Sendo assim, acreditamos que a instalação de um
viveiro-escola na ESALQ contribua para a geração de conhecimento para a sustentação de novos
instrumentos legais voltados para o uso sustentável dos recursos florestais.
- Diretriz II. implementar mecanismos de inclusão do tema “sustentabilidade ambiental” em
toda a Universidade: O reforço dos programas de adequação ambiental proporcionado pelo
estabelecimento de um viveiro florestal contribuirá certamente para a inclusão desse tema na
Universidade. No caso da ESALQ, em particular, o cumprimento da legislação ambiental e a
consequente recuperação de áreas degradadas é ainda um tema controverso, pois em muitos
casos resulta na perda de áreas experimentais dos departamentos. Assim, a discussão resultante
das negociações com os departamentos, mostrando todo o processo de restauração, da produção
da muda ao plantio, pode contribuir nesse sentido.
- Diretriz IV. conscientizar o público interno sobre a importância e as alternativas para a
conservação dos recursos naturais na Universidade, tais como: a vegetação e a fauna
remanescentes, os corpos d’água, o solo e o subsolo: É evidente o atendimento dessa diretriz
pela presente proposta, pois o suporte às ações de restauração florestal proporcionado pela
disponibilidade de mudas com a diversidade e qualidade necessárias certamente contribuirá para
readequar o uso do solo, reduzindo os impactos ambientais das atividades de pesquisa nos
recursos naturais, protegerá o solo e os corpos d’água e auxiliará na conservação da flora e da
fauna.
- Diretriz VI. recuperar áreas degradadas, promovendo: a descontaminação do solo, a
despoluição das águas e a restauração dos ecossistemas naturais dos campiI: Novamente, trata-
se de uma diretriz com relação direta com a presente proposta. Conforme já comentado, a
degradação histórica das áreas a serem recuperadas no território da USP comprometeram o
aproveitamento do potencial de auto-recuperação da vegetação, sendo hoje demandado um
grande número de mudas para a restauração dos ecossistemas naturais dos campi.
12
- Diretriz XI. estabelecer mecanismos de controle de populações de espécies invasoras dentro
dos campi: Uma das principais formas de introdução de espécies vegetais exóticas em
ecossistemas naturais tem sido, infelizmente, a restauração ecológica (Bessão 2012). Em função
de falhas na identificação botânica, descuido ou mesmo falta de conhecimento técnico, muitas
espécies exóticas são produzidas nos viveiros florestais e comercializadas para uso em ações de
restauração florestal. A implantação de um viveiro florestal no campus da ESALQ permitirá um
maior controle sobre as espécies que serão produzidas e utilizadas nas ações de restauração
florestal, reforçando assim os mecanismos de prevenção de introduções de espécies invasoras.
- Diretriz XVI. implementar projetos paisagísticos que readequem a arborização e enriqueçam a
diversidade biológica nos campi, com espécies nativas regionais: É sabido que projetos
paisagísticos e de arborização se valem, principalmente, de espécies exóticas. Parte desse
problema é resultante da baixa disponibilidade de mudas de espécies nativas adequadas a esses
projetos. Assim, com a implantação de um viveiro-escola de espécies nativas, será possível
planejar, junto aos gestores das áreas verdes, a produção de espécies nativas regionais para uso
em projetos paisagísticos e de arborização.
- Diretriz XVII. implementar programas de educação ambiental em todos os campi da
Universidade: Os viveiros de espécies nativas são também excelentes locais para a realização de
atividades de educação ambiental, principalmente de crianças e jovens, pois nesse ambiente é
possível vivenciar toda a fase inicial do ciclo de vida de uma planta, mostrando as estratégias
adaptativas relacionadas à dispersão de sementes e germinação, e às curiosidades botânicas das
espécies, como cheiros, espinhos, exsudações, interações com animais, etc.
- Diretriz XX. divulgar amplamente as iniciativas adotadas para promover a sustentabilidade
ambiental nos campi da USP: Por fim, com o atendimento da legislação ambiental e extensa
recuperação de áreas degradadas no campus da ESALQ e estações experimentais associadas,
será possível ter resultados que mereçam ser divulgados. O aumento da cobertura florestal do
campus da ESALQ em 51% nos últimos 5 anos já é um fator relevante para a divulgação, mas
acreditamos que o estabelecimento desse viveiro possa reforçar ainda mais esses números e,
consequentemente, ampliar o papel dos campi da USP como exemplos de sustentabilidade
ambiental. Para que se amplie a divulgação de iniciativas de sustentabilidade ambiental nos
campi da USP, é preciso primeiramente reforçar essas iniciativas.
13
2.5. Contrapartidas
Serão apresentadas nesse item algumas contrapartidas para o desenvolvimento da
presente proposta de projeto, visando reforçar o potencial de integração desse projeto a outras
iniciativas em andamento na Universidade.
2.5.1. Apoio de projeto de pesquisa
A presente proposta receberá o apoio financeiro do projeto “Restauração da Mata da
Pedreira: Desenvolvimento de métodos de manejo e criação de uma unidade demonstrativa e de
pesquisa permanente para a ampliação da conservação da biodiversidade e da geração de
serviços ambientais em fragmentos florestais degradados”, o qual foi aprovado na chamada 1 -
Propostas Individuais, do Edital MCT/CNPq/CT-Agronegócio Nº 26/2010 Reflorestamento em
áreas degradadas visando restauração ambiental, serviços ecológicos e outros usos, no valor de
R$ 99.860,60. Esse projeto conta hoje com a colaboração de 9 professores da ESALQ, 4 alunos
de mestrado e dois de iniciação científica. Como esse projeto demandará mudas para plantios de
enriquecimento na Mata da Pedreira, o maior remanescente florestal da ESALQ, os insumos para
a produção de mudas poderão ser adquiridos com recursos desse projeto.
2.5.2. Envolvimento do Grupo de Adequação Ambiental (GADE) e do Grupo de Estudos e
Pesquisas em Manejo de Florestas Tropicais (GEPEM)
O GADE conta com 13 alunos, sendo 8 deles bolsistas da Prefeitura do campus “Luiz de
Queiroz”. Trata-se de um grupo de estágios criado para auxiliar no processo de adequação
ambiental do campus da ESALQ, aproveitando-se dessa demanda para capacitar futuros
profissionais para a área de restauração florestal. Outro grupo de estágios que participará do
projeto é o GEPEM, com 5 alunos, criado para dar suporte às ações de manejo de florestas no
campus. Os alunos desses dois grupos serão os responsáveis pela produção das mudas, como
parte das atividades de estágio, juntamente com funcionários do viveiro florestal de espécies
exóticas, não sendo necessária a alocação de recursos para o pagamento de bolsas.
2.5.3. Apoio dos funcionários do viveiro florestal de espécies exóticas do LCF/ESALQ/USP
O Departamento de Ciências Florestais (LCF) da ESALQ/USP conta hoje com 3
funcionários dedicados à produção de mudas de espécies florestais exóticas, principalmente
eucalipto, os quais tem grande experiência na produção de mudas florestais. A chefia do LCF, os
coordenadores do viveiro e os próprios funcionários se dispuseram a auxiliar na produção de
14
mudas de espécies nativas para atender às demandas dos programas de adequação ambiental da
ESALQ e das estações experimentais. Esses funcionários orientação o trabalho dos alunos no
viveiro, dando suporte à tomada de decisão no dia a dia da produção de mudas.
3. Material e métodos
3.1. Áreas que receberão as mudas produzidas no viveiro-escola
3.1.1. Campus “Luiz de Queiroz”
Em meados de 2003, foi instaurado pelo Ministério Público um Termo de Ajustamento
de Conduta (protocolo número 120/2002) com a ESALQ, com objetivo de restaurar áreas de
Reserva Legal e de Preservação Permanente degradadas dentro do perímetro do campus,
promovendo sua adequação ao Código Florestal vigente à época. Neste mesmo ano, foi criado o
Grupo de Adequação Ambiental (GADE), um grupo de extensão universitária vinculado à
Prefeitura do campus da ESALQ com responsabilidade de promover adequação do Campus
junto às obrigações do TAC. Assim, ESALQ realiza desde 2003 ações de restauração florestal
em seu campus. Apesar dos avanços já obtidos, ainda há muito a ser feito. Há APPs cujas faixas
de recuperação precisam ser ampliadas, áreas de baixa aptidão agrícola que precisam ser
recuperadas, corredores ecológicos que precisam ser implantados, áreas já em processo de
restauração que precisam de ações corretivas com o plantio de novas espécies e remanescentes
de florestas que demandam plantios de enriquecimento, sendo todas essas atividades grandes
demandadoras de mudas de espécies nativas, principalmente de espécies encontradas com menor
frequência em viveiros comerciais. Diante do exposto, a implantação de um viveiro de produção
de mudas de espécies florestais nativas no campus da ESALQ em muito contribuirá para o
desenvolvimento de seu programa de adequação ambiental.
3.1.2. Estação Experimental de Ciências Florestais de Anhembi e de Itatinga
A EECF de Anhembi localiza-se 90 km do Campus da ESALQ em Piracicaba. A sua área
total é de 663,49 ha, constituída por 2 glebas que foram doadas à USP pelas Centrais Elétricas do
Estado de São Paulo (CESP), resultado de desapropriações de terras que ocorreram nas margens
do rio Tietê na década de 1960 para a formação da represa de Barra Bonita/SP. A EECFA foi
fundada em 1974, portanto há 38 anos, tendo como razão principal a necessidade da ampliação
de áreas experimentais para o curso de engenharia florestal que estava iniciando naquela época
na ESALQ/USP. Na EECF de Anhembi existem 263,5 ha de áreas protegidas,
predominantemente de Floresta Estacional Semidecidual, bioma Mata Atlântica, sendo 130,6 ha
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de APP e 132,9 ha de RL, já averbados em cartório (Figura 2A). Já a EECF de Itatinga localiza-
se 170 km do Campus da ESALQ em Piracicaba e a sua área total é de 2.224 ha. Trata-se de um
horto florestal remanescente da extinta Ferrovia Paulista S.A. (FEPASA) e que foi incorporada à
USP em 1988. Na EECF de Itatinga existem 565,8 ha de áreas protegidas, predominantemente
do bioma Cerrado, sendo 141,9 ha de APP e 423,9 ha de RL (Figura 2B).
Figura 2: Imagem aérea identificando os diferentes usos do solo na Estação Experimental de Ciências Florestais de
Anhembi (A) e de Itatinga (B), onde nota-se a locação das áreas de preservação permanente e de reserva legal, que
são áreas de Reserva Ecológica da USP.
Apesar de grande parte das áreas destinadas às Reservas Ecológicas na EECF de
Anhembi, aproximadamente dois terços, constituir um mosaico de vegetação que varia de
estágio inicial a avançado de desenvolvimento, em geral, a vegetação apresenta-se com baixa
diversidade florística. Esse fato se deve à baixíssima cobertura florestal remanescente na região
da Estação Experimental há 38 anos, quando se iniciaram os plantios de restauração (Figura 3).
Na EECF de Itatinga há uma área destinada à restauração da vegetação de cerrado, que se
encontra atualmente com baixa densidade e diversidade de indivíduos lenhosos nativos e
predomínio de gramíneas invasoras. Para resgatar a diversidade do cerrado original da região, é
fundamental que se promovam plantios de enriquecimento e de adensamento usando espécies
arbóreas e arbustivas típicas de cerrado, principalmente das espécies ameaçadas de extinção e
mais sensíveis à degradação. Apesar do aumento significativo da vegetação ao longo dos anos, a
reduzida cobertura florestal nativa da paisagem acarretou em poucas fontes de sementes e,
consequentemente, promoveu o estabelecimento de reduzida diversidade de espécies nativas na
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área, principalmente no que se refere a espécies mais sensíveis à degradação. Para resgatar e
elevar o índice da diversidade florística e funcional das áreas, resgatando parte da biota regional
e auxiliando a dinâmica florestal, é fundamental o enriquecimento das Reservas Ecológicas com
o plantio de espécies mais finais da sucessão, principalmente dos grupos funcionais mais
afetados pela degradação. Outra ação recomendada para a restauração da vegetação nativa é o
adensamento das áreas que se encontram no estágio inicial de sucessão, visando suprir áreas não
cobertas pela regeneração natural.
Figura 3: Imagem aérea da Estação Experimental de Anhembi-LCF/ESALQ mostrando a evolução da sua cobertura
vegetal ao longo dos 38 anos de existência: A) Em 1972 predominava-se a ocorrência de capoeiras e pastos sujos; e
B) Nota-se que em 2006 a situação já era bastante diferente, com predomínio de cobertura florestal e vegetação
secundária em regeneração.
3.2. Área de instalação do viveiro-escola
A área a ser utilizada para a implantação do viveiro possui cerca de 400 m² e faz parte
do viveiro florestal do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ/USP. Esse setor do
viveiro era dedicado no passado à produção de mudas de espécies florestais nativas, mas devido
à falta de um professor dedicado ao tema, esse setor do viveiro foi sendo gradativamente
abandonado, não tendo sido incluído em uma reforma recente realizada no setor de espécies
exóticas. Em virtude de problemas na drenagem, irrigação e sustentação dos tubetes, esse setor
encontra-se praticamente abandonado (Figura 4). Com a contratação em fevereiro de 2011 do
Prof. Pedro H. S. Brancalion, proponente desse projeto, coordenador do GADE e do GT Uso do
Solo da ESALQ, houve a retomada de tentativas de se produzir mudas de espécies nativas no
local para suprir os programas de adequação ambiental da instituição, mas as limitações de
infraestrutura impediram a produção regular de mudas. Há que se considerar que serão
aproveitadas as bombas e tubulação do sistema de irrigação do viveiro de exóticas e os suportes
17
de bancadas já existentes no viveiro, economizando recursos para a implantação do viveiro.
Dessa forma, dispõe-se hoje de uma área adequada e já disponível para a instalação do viveiro,
sendo necessário apenas os recursos financeiros para reformar e ampliar a infraestrutura
existente para possibilitar a produção de mudas de espécies florestais nativas.
Figura 4: Infraestrutura atual do
viveiro de produção de mudas
florestais nativas, na qual as
bancadas de suporte de mudas
encontram-se deterioradas. O
desenvolvimento de plantas
aquáticas no terreno evidencia
problemas de drenagem.
3.3. Infraestrutura proposta para o viveiro-escola
Conforme detalhado no orçamento, propõe-se para a instalação do viveiro-escola: 1)
instalação de um sistema de drenagem e de irrigação; 2) reforma das bancadas de sustentação
dos tubetes; 3) instalação de uma casa de sombra, coberta com sombrite, para a transferência das
plântulas recém transferidas para os tubetes; e 4) instalação de uma estufa, coberta com plástico,
para a germinação das sementes (Figura 5).
Figura 5: Layout do
viveiro proposto para
a produção de mudas
florestais nativas para
atender às demandas
de restauração
florestal.
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Cabe ressaltar que o viveiro será planejado para produzir mudas em tubetes, de diferentes
tamanhos (56, 150 e 250 cm³), e sacos plásticos, buscando representar a diversidade de sistemas
de produção de mudas de espécies nativas e, assim, criar um ambiente didático para o ensino e
cursos de capacitação.
3.4.Cursos de capacitação em produção de mudas florestais nativas
Após a implantação do viveiro, será iniciado um curso de capacitação em produção de
mudas de espécies florestais nativas, ministrado pelo prof. Pedro H.S. Brancalion, para os
estagiários do GADE e GEPEM. Esse curso consistirá de aulas teóricas e práticas, com trabalhos
referentes às diversas etapas da produção de mudas, a serem acompanhadas pelos alunos. Esse
curso de capacitação será iniciado no viveiro florestal BioFlora, localizado em Piracicaba-SP,
que produz cerca de 4 milhões de mudas de espécies nativas por ano, para que os alunos estejam
preparados para iniciar a produção de mudas assim que o viveiro estiver pronto.
Ao final do projeto, será oferecido um curso de capacitação em produção de mudas de
espécies florestais nativas para funcionários e gestores de todos os campi da USP envolvidos
com a gestão de áreas verdes. Esse curso será realizado no viveiro escola e terá duração de dois
dias, sendo ministrado pelo prof. Pedro H.S. Brancalion com a monitoria dos alunos dos grupos
de estágio GADE e GEPEM. Serão oferecidas 20 vagas.
3.5.Gestão do viveiro
Uma vez capacitados, esses alunos estabelecerão uma rotina de trabalho no viveiro para a
produção de mudas, utilizando parte do tempo dedicado ao estágio para essa atividade. O
trabalho será tutorado pelos funcionários do viveiro florestal de espécies exóticas do
LCF/ESALQ/USP e coordenado pelo prof. Pedro H.S. Brancalion, contando com a contribuição
dos profs. Edson Vidal, José Leonardo Gonçalves, Luciana Duque Silva, Ricardo Ribeiro
Rodrigues, Vinícius Castro Souza e Ana Novembre.
3.6. Uso das mudas
As mudas produzidas durante os 12 meses de vivência do projeto serão usadas em ações
de restauração florestal no campus da ESALQ e nas EECF de Anhembi e Itatinga. O
planejamento da implantação das mudas nas áreas de restauração contará com o auxílio do Eng.
João Carlos Teixeira Mendes e Eng. Rildo Moreira e Moreira, responsáveis pela gestão das
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EECF de Anhembi e Itatinga, respectivamente, e do mestrando Ricardo Gomes César,
responsável pelo enriquecimento da Mata da Pedreira, principal fragmento florestal da ESALQ.
4. Resultados esperados
Espera-se que a realização da presente proposta resulte nos seguintes resultados: 1)
produção de mudas de espécies nativas em quantidade, diversidade e qualidade demandada por
ações de restauração florestal, para fins paisagísticos e de arborização e para atividades de
pesquisa no campus da ESALQ e nas EECF de Anhembi e Itatinga; 2) redução dos problemas de
invasão biológica resultantes do uso inadequado de espécies exóticas em plantios de restauração;
3) fortalecimento do papel de conservação da biodiversidade dos projetos de restauração florestal
conduzidos pela Universidade, resultado da produção e uso orientado de espécies ameaçadas de
extinção; 4) criação de um ambiente didático para a realização de aulas práticas, cursos de
capacitação e atividades de educação ambiental; 5) capacitação de alunos de graduação da
ESALQ e de funcionários de todos os campi da USP para a produção de mudas de espécies
florestais nativas; 6) reforçar as ações de planejamento do uso do solo e recuperação de áreas
degradadas já iniciadas nas unidades acima mencionadas, promover a sustentabilidade ambiental
nos campi da USP; e 7) a instalação de uma unidade piloto para o planejamento do suprimento
de mudas para a restauração de todas as Reservas Ecológicas da USP.
5. Cronograma de execução
Atividades Bimestres
1 2 3 4 5 6
implantação do viveiro-escola X X
curso de capacitação para os estagiários do GADE e GEPEM X X X
uso do viveiro-escola para realização de aulas práticas de
disciplinas de graduação e pós-graduação X X X X
produção de mudas de espécies florestais nativas X X X X X
relatório parcial X
expedição de mudas para uso nas ações de restauração
florestal na ESALQ e EECF de Anhembi e Itatinga X X
curso de capacitação para os funcionários de outros campi da USP X
relatório final X
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6. Orçamento
Obtivemos um orçamento para a execução dos serviços necessários para a realização da
reforma do viveiro, incluindo o material e todas as demais despesas, junto à empresa
especializada Reobra Ltda (CNPJ 17.116.563/0001-42). Esse orçamento será utilizado como
base para a contratação posterior do serviço, caso o presente projeto seja aprovado.
7. Referências bibliográficas
Dean, W. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo:
Companhia das Letras. 1996.
Brancalion, P.H.S.; Viani, R.A.G.; Aronson, J.; Rodrigues, R.R.; Nave, A.G. Improving planting
stocks for the Brazilian Atlantic forest restoration through community-based seed harvesting
strategies. Restoration Ecology, v.20, p.704-711, 2012. 484p.
Rodrigues, R. R. ; Leitão Filho, H. F. Matas Ciliares: Conservação e Recuperação. 3ed. São
Paulo: EDUSP/FAPESP, 2004. 320p.
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