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GUIA PRÁTICO PARA PROFESSORES

Depressãoinfanto-juvenil

Sugestões práticas da:

Até há alguns anos atrás crianças e depressão eram dois termos que pareciam não se poderrelacionar. Hoje em dia sabemos que isto não é verdade e que a depressão pode existir em todas asfaixas etárias.

Todas as crianças se sentem tristes de vez em quando e algumas passam por períodos de certadepressão. É necessário contextualizá-las e perceber se se devem a desilusões normais einevitáveis da infância, ou se fazem parte de situações de vida mais complexas.

Então, como saber se há motivos para alarme quando determinada criança tem alterações dehumor e de comportamento?

Sabia que a depressão pode assumir características mais específicas de acordo com a etapa dedesenvolvimento (infância, adolescência ou vida adulta) ?

A Oficina de Psicologia dá-lhe aqui a informação necessária para que, com maior facilidade erapidez, consiga identificar os sinais de alerta e contextualizar os sintomas manifestados pelacriança, bem como um conjunto de estratégias que poderá colocar em prática.

Todos ficarão mais felizes!

Nota introdutória

Tristeza vs Depressão

Estar triste não é estar deprimido! Perante determinados acontecimentos de vida éexpectável que a criança fique triste e que chore.

O choro é uma resposta ativa e saudável à necessidade do luto de algo (ente querido, animal,afastamento de alguém) que ela perdeu e é importante que o faça quando está triste.

Tristeza adaptativa

• É uma emoção;• É momentânea; • Tem função protetora;• Permite chorar e obter alívio, descanso e

recuperar energias; • Não impede que se vivam outras emoções;• Luto como resposta natural.

Tristeza não adaptativa

• É uma perturbação;• É uma alteração de humor persistente;• Estão presentes vários sintomas durante

mais de 2 semanas, a maior parte do dia e quase todos os dias;

• Interfere negativamente nos vários contextos de vida;

• Requer ajuda profissional.

Sintomas da depressão• Sentir-se um falhado e auto-criticar-sefrequentemente• Pessimismo em relação ao futuro• Pensamentos enviesados acerca de si, dos outros e do mundo• Tristeza (exibe um olhar triste e cabisbaixo, com expressão fácil reduzida)• Irritabilidade ou raiva• Maior sensibilidade à rejeição• Desespero, desvalorização e culpa expressando-se verbalmente por “ninguém gosta de mim”, “para que é que eu vim a este mundo”, etc.• Sentir-se só• Insatisfação com a vida

• Crises de choro• Isolamento (a criança não se sente disponível para estar com os outros sejam eles os amigos, pais, irmãos, colegas, etc.).• Perda de interesse pelas atividades habituais (ex: uma criança que gostava de futebol encontra desculpas para não praticá-lo).• Alterações de apetite e padrão de sono• Fadiga ou perda de energia: a criança sente-se cansada e não lhe apetece fazer nada havendo uma certa apatia pelo que a rodeia.• Náuseas, alterações gastrointestinais, exacerbando-se antes de qualquer acontecimento novo.

• É possível que haja uma redução da concentração, de memória, de capacidades em tarefas deraciocínio complexo e nas tarefas de resolução de problemas em crianças deprimidas.Consequentemente, compreende-se que os problemas escolares poderão ser causados pelo seuquadro clínico na sequência da redução das suas capacidades cognitivas, ainda que o inverso sejaigualmente possível de suceder.

• Em crianças e adolescentes, pode desenvolver-se um humor irritável ou rabugento, em vez deum humor triste ou abatido mais característico da idade adulta. Muitas vezes, o quadro clínico podeassumir características de uma perturbação do comportamento – incapacidade para lidar com afrustração, agressividade, impulsividade.

Sintomas da depressão

• Na adolescência a avaliação do risco de suicídio torna-se absolutamente premente,pois as tentativas de suicídio, neste grupo etário, podem assumir contornos de grandegravidade.

Se estes sintomas se manifestarem após um acontecimento triste davida da criança (situações de perda, divórcio dos pais, morte de entes-queridosou animais, consequência de nascimento de um irmão, perda de um amigo,etc.), poderão ser considerados adaptativos.

Quando estes sintomas perduram no tempo e se tornam persistentes,muito fortes e limitam o funcionamento da criança de forma significativa,podemos estar perante uma situação de depressão, que carece de ajudaprofissional.

Sintomas da depressão

Estratégias práticas para a sala de aula

Seja compreensivo Levar os sentimentos da criança a sério, não os desvalorizando é o primeiro passo para

ajudar a criança . Evite comentários como “ “Vá, isso passa!”; “Pára de chorar!”.

Dê atenção e mostre-se disponívelNormalmente a tristeza e a depressão, que poderá até estar mascarada por sentimentos

de zanga e raiva, são um pedido de ajuda e atenção.

Promova o diálogo e proximidadeConverse (em privado) com a criança, pergunte-lhe o que a preocupa, o que está a sentir, se

precisa de ajuda … Assim está a demonstrar-lhe que se preocupa com ela e isso ajudá-la-á asentir-se apoiada.

Estratégias práticas

Fique atento e sinalizeFique atento à intensidade e duração dos sintomas e tente contextualizar a alteração

de humor e/ou comportamento da criança,. A articulação constante com os pais éessencial para uma intervenção precoce.

Incentive a criança a fazer as atividades que gosta e a socializarAssim, a tendência para a criança perder o interesse e desistir das atividades prazerosas

será menor, bem como a propensão para o isolamento.

Elogie a criança e as suas capacidadesRelativize a diminuição de rendimento escolar da criança e valorize o esforço e não apenas os

resultados,. Lembre-a do que já conseguiu alcançar anteriormente.

Sensibilize os colegasReforce positivamente os colegas que demonstrem compreensão, apoio e companhia à

criança. Não aprove situações nas quais os colegas a gozem ou rejeitem.

Estratégias práticas

Trabalhar as situações nas aulasSe houver oportunidade, use como temática de trabalho e discussão na aula alguma

situação específica que esteja a afetar a criança (p. ex.: divórcio dos pais, morte deanimal de estimação, etc.). Ela perceberá que alguns colegas também já passaram pelomesmo e ultrapassaram as dificuldades.. isso poderá ser reconfortante!

Foque no positivoUma criança com depressão tem pensamentos distorcidos da realidade (“Não sou capaz”, “

Não faço nada que preste”, “Ninguém gosta de mim”). Ajude-a a identificar estes pensamentosnegativos e a debatê-los, substituindo-os por outros mais realistas e positivos.

Estratégia do STOPDiga-lhe: “Quando reparares que estás com pensamentos negativos, como “Vou falhar”, diz

“STOP!” imagina um sinal de STOP na tua cabeça ou imagina-te a dizer bem alto STOP. De imediatosubstitui o pensamento negativo por um mais positivo ou agradável, por exemplo, “Vouesforçar-me”, “Vou ser capaz”.

Estratégias práticas

Incentive “viagens em pensamento” até locais, reais ou imaginários, calmos etranquilizantes, que a criança possa imaginar durante alguns minutos. Isso permitiráque se sinta melhor!

www.oficinadepsicologia.comcontacto@oficinadepsicologia.com210 999 870

A depressão é uma perturbação de internalização, sendo por isso mais difícil de seridentificada pelos pais e professores e também pelas próprias crianças, que muitas vezesnão encontram facilmente a descrição para o que sentem e confundem emoções(como a raiva e a tristeza).

Para além disso, a sintomatologia poderá apresentar diferentes formas.Neste sentido, é importante prestar atenção a alterações de humor e

comportamentais na criança e sinalizar o caso.

Há também que lembrar que fatores como a gravidade da sintomatologia e apresença de comorbilidades influenciam negativamente o prognóstico, podendo aperturbação arrastar-se ou provocar consequências para a adolescência e vida adulta.

Nota final

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