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Instituto Superior de Psicologia Aplicada
Depressão e contacto com a Natureza
Seminário de Psicologia da Saúde
Orientado por:
Drª Ana Rosa Tapadinhas
Discente:
José Barbosa de Castro, nº 10307
2008
Dedico este trabalho à minha família que cresce verdejante como uma nogueira.
2
Agradecimentos
Não posso agradecer o suficiente à professora Ana Rosa, por ter aceite este
projecto.
A todas as pessoas que colaboraram nesta investigação, e cujo nome não consta
na capa. Por ordem alfabética os professores e professoras António Gonzalez,
Eunice Fontão, Fernanda Bahia, Paulo Santos, Teresa Calvão e Tiago Domingos.
Agradecimento especial também ao PJP e à Cátia Rosas pelo seu empenho
activo.
A tod@s @s amig@s e colegas que quiseram ouvir, e uma grande apreciação
devo àqueles que se dispuseram a discutir.
Agradeço ainda aos numerosos estudantes que acederam a responder ao
questionário.
Não teria chegado a escrever estas linhas sem o incondicional apoio da minha
família que amo muito.
3
Resumo
O objectivo desta investigação foi estudar a relação entre a Depressão e o contacto
com a Natureza em estudantes do 1º ano de universidades em Lisboa e no Porto.
Os participantes foram N=396, com idades entre os 18-54, M=22,41, em que
65,2% eram mulheres. Os instrumentos foram um questionário para os dados
sócio-demográficos e o contacto com a Natureza, o Beck Depression Inventory – II
(BDI-II) e uma Escala de Ligação Emocional à Natureza (ELEN). Os questionários
foram aplicados pelos professores aos seus alunos. Os resultados indicaram
correlações entre a Depressão e as actividades ao ar livre (r=-0,17; p=0,001),
especialmente nos homens (t=-0,51; p=0,001), e o estado de conservação da
Natureza (r=-0,10; p=0,045). As mulheres estavam em média mais deprimidas
(t=2,5; p=0,01). Apenas um item da ELEN se correlacionou com o BDI-II (r=-0,11;
p=0,04). Não foram encontradas outras correlações significativas com a
Depressão. São discutidas as conclusões, limitações e consequências para
pesquisas futuras.
4
Abstract
The objective of this research was to study the relation between Depression and
contact with Nature in first year college students from universities from Lisboa
and Porto. Participants were N=396, ages ranging between 18-54, M=22,41, of
wich 65,2% were female. Instruments were a questionnaire for socio-demographic
and contact with Nature, the Beck Depression Inventory – II (BDI-II) and the
Connectedness to Nature Scale (CNS). Questionnaires were applied by the
teachers to their students. Results indicate correlations between Depression and
outdoors activities (r=-0,17; p=0,001), particularly for men (t=-0,51; p=0,001) and
Nature conservation status (r=-0,10; p=0,045). Women were in average more
depressed (t=2,5; p=0,01). Only one CNS item showed significant correlation with
Depression (r=-0,11; p=0,04). We found no further significant correlates for
Depression. Conclusions, limitations and consequences for further research are
discussed.
5
Índice Remissivo
A Depressão e o Contacto com a Natureza............................................................................................7Introdução.........................................................................................................................................7A Depressão - sentimento, sintoma e perturbação mental..............................................................9
Epidemiologia............................................................................................................................10Bioneurologia da Depressão......................................................................................................13
Eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal.................................................................................13Eixo tiroidal...........................................................................................................................14Monoaminas e outros neurotransmissores..........................................................................14
Modelo cognitivo da Depressão.................................................................................................15O Homem e a Natureza...................................................................................................................18
Biofilia........................................................................................................................................18Ecopsicologia..............................................................................................................................19Psicologia Ambiental.................................................................................................................20
Teoria da restauração da atenção.........................................................................................21Ligação Emocional à Natureza (LEN)..................................................................................22
O contacto com a Natureza contra a Depressão?...........................................................................24Terapias pela Natureza..............................................................................................................25Contacto com plantas e animais................................................................................................27
Plantas..................................................................................................................................27Animais.................................................................................................................................28
Exercício verde...........................................................................................................................31Férias..........................................................................................................................................32Ambientes restauradores...........................................................................................................33Ligação Emocional à Natureza..................................................................................................35Problema....................................................................................................................................37Questões de investigação...........................................................................................................37Importância do estudo..............................................................................................................38
II - Método ...........................................................................................................................................391. Participantes................................................................................................................................392. Material.......................................................................................................................................50
2.1. Questionário de caracterização sócio-demográfica............................................................502.2 Inventário de Depressão de Beck – II.................................................................................542.3 Escala de Ligação Emocional à Natureza (ELEN)..............................................................55
3. Tipo de Estudo............................................................................................................................573.1 Definição das Variáveis........................................................................................................57
3.1.1 Variáveis principais......................................................................................................573.1.2 Variáveis secundárias...................................................................................................61
4. Procedimentos............................................................................................................................63III – Resultados....................................................................................................................................65IV – Discussão......................................................................................................................................69V – Conclusão.......................................................................................................................................73Referências Bibliográficas....................................................................................................................76
6
Lista de Quadros e Gráficos
Quadro 1 - Frequências absolutas e relativas para faculdade e cidade por sexo................................39Quadro 2 - Frequências absolutas e relativas para a idade por sexo...................................................41Quadro 3 - Frequências absolutas e relativas para a coabitação por sexo..........................................41Quadro 4 - Frequências absolutas e relativas para o estatuto laboral por sexo.................................42Quadro 5 - Frequências absolutas e relativas para a religião por sexo...............................................42Quadro 6 - Frequências absolutas e relativas para o estado civil por sexo.........................................43Quadro 7 - Frequências absolutas e relativas para filhos por sexo.....................................................43Quadro 8 - Frequências absolutas e relativas para ONGA por sexo...................................................43Quadro 9 - Frequências absolutas e relativas para mudança de casa por sexo..................................44Quadro 10 - Frequências absolutas e relativas para perda de contacto com a Natureza por sexo.....44Quadro 11 - Estatísticas descritivas para a variável ar livre de acordo com o sexo e resultado do teste t.............................................................................................................................................................47Quadro 12 - Frequências absolutas e relativas para a distância às últimas férias por sexo...............47Quadro 13 - Frequências absolutas e relativas do local das últimas férias.........................................48Quadro 14 - Frequências absolutas e relativas para ter plantas por sexo ..........................................48Quadro 15 - Frequências absolutas e relativas para cuidar de plantas por sexo................................48Quadro 16 - Frequências absolutas e relativas para ter animais por sexo..........................................49Quadro 17 - Frequências absolutas e relativas para cuidar de animais por sexo...............................49Quadro 18 - Frequências absolutas e relativas para a Depressão.......................................................65Quadro 19 - Coeficientes de correlação entre a Depressão e o contacto passado, contacto actual, actividade ao ar livre, estado de conservação e férias.........................................................................67Quadro 20 - Estatísticas descritivas para a Depressão de acordo com o sexo e resultado do teste t.68
7
A Depressão e o Contacto com a Natureza
Introdução
As perturbações do humor unipolares têm um grande impacto na vida das
pessoas e na sociedade em geral, estimando-se que afectem cerca de 11% da
população (World Health Organization [WHO], 2001). Apesar de haver critérios
bem estabelecidos para diagnosticar os vários subtipos de Depressão, constata-
se que ao nível da população a depressividade representa-se como um contínuo,
havendo inevitavelmente sobreposições entre os vários diagnósticos, dos mais
graves aos mais ligeiros. A depressividade é além do mais transversal a outras
perturbações mentais (Beck, Steer & Brown, 1996).
Para responder às necessidades de uma grande parte da população que
apresenta níveis ligeiros ou subclínicos de Depressão, ou ainda para ajudar a
mitigar as Depressões mais graves, alguns autores sugerem que se promovam
certas formas de coping activo que parecem ser eficazes como forma de auto-
ajuda. Os métodos que têm mais evidências em seu favor incluem o uso de
extractos herbais, a prática de exercício físico, o relaxamento e a exposição à luz
para depressividade sazonal (Jorm & Griffiths, 2005; Southwick, Vythilingam &
Charney, 2005). A existência de espaços verdes parece incentivar à prática de
exercício físico, além de ter outros benefícios na saúde (de Vries, 2006; Pikora,
Giles-Corti, Bull, Jamrozik & Donovan, 2003)
8
O contacto com a Natureza é importante para o bem estar. Além de nos
fornecer matéria-prima para um sem-número de comodidades, é fonte de
inspiração artística e espiritual (Millenium Ecosystem Assessment [MA], 2005).
Alguns autores especulam mesmo que a separação da Natureza está na origem
de um mal-estar que prevalece de forma crescente por todo o mundo,
aparentemente com a expansão das cidades. A relação da urbanicidade com a
Depressão tem vinda a ser estudada e há apenas diferenças ligeiras entre as
zonas urbanas e rurais, que não se sabe deverem-se ou não ao contacto com a
Natureza (Gullone, 2000; Kovess-Masféty et al., 2006). Há por outro lado, um
vasto leque de estudos sobre os benefícios da Natureza na saúde em geral e na
saúde mental em particular, ideia que já era registada desde há séculos
(Frumkin, 2001; Kevan, 1993). Os seus benefícios parecem estender-se ao stress
(ex. Wells & Evans, 2003), humor depressivo (ex. Korpela, 2003), fadiga (ex.
Hartig & Staats, 2006), à reabilitação e recuperação de doenças e intervenções
médicas (ver revisão por Frumkin, 2001), a adolescentes perturbados (Clark,
Marmol, Cooley & Gathercoal, 2004), entre outros. Restam no entanto dúvidas
acerca da relação da contacto com a Natureza com a Depressão, apesar da
pesquisa já realizada (Korpela, 2003; Pretty, Peacock, Sellens & Griffin, 2005;
Peacock, Hine & Pretty, 2007).
Vamos primeiramente debruçar-nos sobre a Depressão e sobre os aspectos
teóricos da Depressão mais relevantes na investigação sobre os benefícios do
contacto com a Natureza. No segundo capítulo falaremos sobre o estudo da
ligação Homem-Natureza e das principais correntes teóricas que influenciaram
9
a psicologia nesse sentido. No terceiro capítulo desta introdução revemos a
principal teoria e investigação sobre os benefícios da Natureza no bem-estar e
na saúde mental, com foco na Depressão e no humor depressivo.
A Depressão - sentimento, sintoma e perturbação mental
Tristeza é um sentimento que todos vivenciamos, em algum momento das
nossas vidas. Até certo ponto, é uma reação natural a acontecimentos que nos
afectam negativamente. Tal como outras emoções, ajuda a orientar-mo-nos
relacionalmente e reagirmos adequadamente ao nosso meio, às suas ameaças e
oportunidades. Pode no entanto ser difícil traçar um limite entre o que é um
sentimento normal e o que é uma perturbação do humor, mesmo para quem
convive diariamente com estas pessoas (Jamison, 2004; Stefanis & Stefanis,
2002).
Este estado de humor passa a ser patológico se o indivíduo está mais triste do
que é comum, se há falta de energia, se já não há prazer nas actividades
normalmente prazeirosas e se a isto se junta um número mínimo de sintomas
associados como a baixa auto-estima, a dificuldade em concentrar-se, perda de
peso, sono perturbado ou ideação suicida. Concorrem muitas vezes sintomas
afectivos com sintomas cognitivos e vegetativos. O limite de tempo a partir do qual
a continuação destes sintomas se passa a considerar, seguindo os critérios da
American Psychological Association (2002), um episódio depressivo major é de
10
duas semanas. Estes critérios, apesar de discutíveis, reúnem grande consenso e são
basicamente semelhantes aos estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde na
CID-10 (OMS, 1998), tal como as restantes perturbações depressivas classificadas
pelas duas instituições. Apesar de haver ainda um debate sobre o assunto, e do uso
alargado destes critérios, parece não ser possível demarcar um limite a partir do
qual a depressividade se torna uma doença. A Depressão parece exprimir-se mais
num contínuo do que numa categoria com características próprias (Bebbington,
2004; Rapaport et al., 2002; Stefanis & Stefanis, 2002).
Dentro das perturbações depressivas, há vários subtipos dependendo da
duração e gravidade dos sintomas, e ainda da concomitância com sintomas
maníacos (como na perturbação bipolar e na Depressão psicótica) ou somáticos
(na melancolia e na Depressão atípica). Há formas depressivas que sendo menos
graves, continuam no entanto a ter um impacto significativo na vida do sujeito e na
sociedade. É o caso da Depressão minor, caracterizada por uma menor gravidade
dos sintomas, e em particular menos sintomas neurovegetativos (Rapaport et al.,
2002). Também na distimia há uma menor gravidade dos sintomas, mas que se
prolonga no tempo, tornando-se numa perturbação da personalidade. A depressão
é ainda concomitante a um grande espectro de perturbações psicológicas
(Bebbington, 2004; Beck et al., 1996).
Epidemiologia
A OMS estima que 10,5% do total dos anos de vida com saúde perdidos (DALY)
são devidos a perturbações mentais e neurológicas, sendo que a Depressão
unipolar é responsável por 4,4% em todo o mundo. Se nos focarmos apenas na
11
Europa, verificamos que 20% dos DALY são devidos a este tipo de perturbações,
com consequências económicas e psicossociais tremendas. A Depressão unipolar é
além do mais a principal causa de incapacidade em todo o mundo, em termos de
anos vividos com incapacidade (YLD) (WHO, 2001).
Segundo Bebbington (2004), é consistentemente encontrado que as mulheres
são as mais afectadas, havendo uma relação de 1,5 a 3,0 vezes a prevalência nos
homens. Em alguns estudos, mas não todos (por ex. Angst et al. 2002), esta
diferença é maior na idade reprodutiva das mulheres, sendo quase ausente antes
da adolescência e declinando novamente em grupos mais velhos. Não é ainda claro
se esta tendência é devida a factores hormonais ou às pressões sociais que são
dirigidas às mulheres. Por exemplo, as mulheres casadas tendem a ser um grupo
de risco, mas este risco é menor nos países mediterrâneos e noutras populações em
que o papel de dona de casa é valorizado. Há ainda evidências (Hunt, Auriemma &
Cashaw, 2003) de que esta diferença pode ser devida aos homens camuflarem a
sua Depressão, por esta ser socialmente indesejável. Estas diferenças extendem-se
ainda ao modo como os homens e as mulheres lidam com a sua Depressão.
Enquanto os homens recorrem mais ao desporto e ao alcoól, as mulheres
procuram libertar-se das emoções (rindo ou chorando) ou buscam conforto na
religião (Angst et al., 2002). Em relação à idade, é também claro que a Depressão é
rara antes da adolescência e que depois da meia-idade diminui a sua prevalência
(Bebbington, 2004).
Na Europa, as estimativas realizadas no Outcome of Depression International
Study apontam para uma prevalência de 8,54% no total da população, com
12
importantes diferenças regionais. A incidência em Liverpool (Inglaterra), por
exemplo, foi seis vezes superior a uma amostra em Santander (Espanha). Houve,
ainda no mesmo estudo, grande discrepância entre os resultados de amostras
urbanas e rurais em diversos países (Ayuso-Mateos et al., 2001).
Em Portugal, conforme concluem Gusmão, Xavier, Heitor, Bento e Almeida em
2005, parece não haver dados publicados com base populacional. Houve no
entanto dois estudos publicados nos anos 80 para a zona Centro que resultaram
em 16,9 a 18,4% da amostra com sintomas depressivos significativos, conforme
avaliado pelo Beck Depression Inventory, números que pecarão por excesso, dado
serem baseados apenas numa escala de auto-preenchimento. Muito recentemente,
foram publicados resultados de um inquérito com representatividade nacional que
apontam para uma prevalência de 8,3%, baseados na auto-avaliação (Instituto
Nacional de Saúde/Instituto Nacional de Estatística, 2007).
Em estudantes universitários, a Depressão é ainda mais frequente atingindo até
22% da população. Nos E.U.A., dos estudantes com sintomas depressivos que
procuram ajuda, 45% acabam por ser diagnosticados com Depressão (Geisner,
Neighbour & Larimer, 2006). Pelo menos um estudo longitudinal demonstra que a
entrada na universidade aumenta os níveis de Depressão, provavelmente devido ao
stress inerente às actividades académicas. Está bem estabelecido, no que se refere
aos E.U.A., que há um número cada vez maior de estudantes universitários com
perturbações psicológicas graves (Kitzrow, 2003). A Depressão é muito comum
nos estudantes que recorrem a apoio psicológico. Por exemplo, numa amostra
portuguesa de 1290 estudantes atendidos pelos Serviços Médico-Universitários e
13
pelos Serviços de Ação Social da Universidade de Coimbra, perto de 200 foram
diagnosticados com Depressão (Dias, 2006; Pereira et al., 2006).
Bioneurologia da Depressão
Eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal
Há uma forte relação entre o stress, a Depressão e o eixo hipotálmico-
pituitário-suprarrenal, especialmente nos síndromes depressivos com
características melancólicas ou com elementos somáticos. O excesso de
produção de cortisol (muitas vezes chamada a hormona do stress), consequente
da sua excessiva activação, está associado a 50% dos casos de Depressão em
inúmeros estudos (Cleare, 2004; Gillespie & Nemeroff, 2005). Quando o nível
de cortisol é artificialmente diminuído, e ainda em doenças (como a de Cushing)
em que há hipercortisolemia, confirma-se a relação desta hormona com a
Depressão (diminuída no primeiro caso e aumentada no segundo). Esta
hormona está ainda relacionada com a degeneração do hipocampo e com a
desregulação da produção de serotonina, o que traz adicional apoio ao seu papel
no mecanismo biológico da Depressão. Há ainda estudos que relacionam uma
desregulação do eixo hipotálmico-pituitário-suprarrenal com maus tratos
infantis, o que é uma possível explicação biológica para a predisposição à
Depressão de que sofrem muitas destas crianças (Cleare, 2004). Se por um lado
a relação entre a hipercortisolemia e a Depressão é não-específica (é comum a
outras patologias) e não-universal (não está presente em todos os casos),
recentemente foi demonstrada uma relação causal entre o stress e Depressão
14
(Van Praag, 2004; Wong & Licínio, 2001).
Eixo tiroidal
Perturbações da tiróide estão há muito tempo associadas a perturbações do
humor (Wong & Licínio, 2001). Pacientes com hipotiroidismo e por vezes
também aqueles com hipertiroidismo revelam sintomas depressivos.
Semelhantemente, também os pacientes depressivos sofrem de anormalidades
no funcionamento da tiróide, o que faz com que seja aceite e eficaz o uso de
hormona da tiróide nas depressões mais resistentes (Cleare, 2004). Apesar de
na maioria dos casos estas irregularidades serem ligeiras, um estudo recente
encontrou evidências de um processo auto-imune que afecta a tiróide nos
doentes depressivos (Fountoulakis, Iacovides, Grammaticos, Kaprinis & Bech,
2004).
Monoaminas e outros neurotransmissores
Os neurobiólogos têm-se debruçado sobre as alterações no metabolismo
cerebral que parecem estar presentes em pacientes depressivos. Há evidências
de que neurotransmissores como a serotonina (5-HT), a noradrenalina e
dopamina (monoaminas) têm o seu ciclo perturbado em doentes deprimidos. O
triptofano, um amino-ácido precursor deste grupo de neurotransmissores,
parece ser mais facilmente esgotado em alguns pacientes deprimidos, e quando
este esgotamento é induzido em pessoas saudáveis, causa sintomas depressivos.
A integridade do sistema neurotransmissor da serotonina parece estar
perturbada nos pacientes deprimidos, mas não há consenso quanto ao seu papel
nesta patologia (Cleare, 2004; Lacasse & Leo, 2005). Outros
15
neurotransmissores aparentam estar implicados na Depressão. Uma regulação
para cima da colina, por exemplo parece ter um efeito depressivo (Manji,
Trevets & Charney, 2001).
Modelo cognitivo da Depressão
O modelo criado por Aaron Beck em 1967 foi beber às teorias
comportamentalistas e da aprendizagem, assim como do cognitivismo, nos E.U.A.
as correntes da psicologia dominantes. No essencial, esta teoria defende que o
processamento de informação é feito através de estruturas cognitivas que, na
Depressão, lhe dão um tom negativo, influenciado as emoções e o comportamento
(Bieling & Segal, 2004).O autor refere três conceitos principais para explicar a
Depressão e as suas raízes psicológicas. Referimo-nos (1) à tríade cognitiva, que
consiste em três padrões cognitivos negativistas: em relação a si próprio, em
relação às suas experiências correntes e às expectativas para o futuro. Esta tríade
teria como consequência todos os restantes sintomas depressivos. "Por exemplo, se
o paciente erroneamente pensa que está sendo rejeitado, reagirá com o mesmo
efeito negativo (por exemplo, tristeza, raiva) que ocorre diante da rejeição real."
(Beck, Rush, Shaw & Emery, 1982; p. 25).
Outro elemento fundamental para compreender a visão cognitivista da
Depressão é (2) a noção de esquema cognitivo. A ideia surge da observação de que,
perante situações semelhantes, pessoas diferentes reagem disparmente. Cada
indivíduo selecciona, da míriade informativa ambiental, estímulos limitados. Para
situações semelhantes, o mesmo esquema cognitivo é activado, o que faz com que
o mesmo indivíduo mantenha uma coerência comportamental dentro dessa classe
16
de eventos. Para estados psicopatológicos como a Depressão, são activados
esquemas distorcidos que levam a uma apreciação negativa da situação, mesmo
quando não é o caso (Beck et al., 1982).
Em terceiro lugar, referimo-nos (3) ao erro cognitivo. Tratam-se de erros
sistemáticos, ou enviesamentos no processamento da informação que levam, no
caso da Depressão à preservação das crenças negativas, em preterimento da
realidade. Beck e seus colegas (1982) nomeiam um conjunto de enviesamentos que
levam à desordem do pensamento. São estas a inferência arbitrária (chegar a uma
conclusão - negativa - contrariamente ou na ausência de evidências nesse sentido);
a abstração selectiva de estímulos negativos (ignorando os positivos); a
hipergeneralização (de incidentes negativos); distorções pelo exagero de aspectos
negativos e minimização dos positivos; a tendência a relacionar ocorrências
externas a si mesmo, personalizando-as; por fim o pensamento dicotómico (tudo
ou nada; maravilhoso ou horroroso) tendendo o depressivo a achar-se no extremo
negativo.
Este modelo avança com uma hipótese explicativa, embora ainda pouco
fundamentada (Bieling & Segal, 2004), para a predisposição à Depressão.
Experiências precoces levariam a auto-conceitos negativos que, formando
esquemas, seriam activados perante situações semelhantes às que formaram esses
esquemas. Segundo este modelo, no entanto, não existe uma primazia dos factores
cognitivos (sobre os afectivos por exemplo) como causa da Depressão. A teoria
cognitiva da Depressão de Beck defende que o processamento de informação é
afectado na Depressão, gerando cognições negativas da realidade. Este modelo não
17
propõe no entanto uma relação causal exclusiva entre as cognições negativas e a
Depressão, limitando-se a defender o processamento cognitivo como um factor
primário nesta perturbação do humor (Beck et al, 1982; Bieling & Segal, 2004).
18
O Homem e a Natureza
A Natureza, no seu sentido mais amplo, continua hoje em dia a sustentar-nos e
fornecer-nos um sem número de serviços, e é o meio onde toda a actividade
humana se desenrola. Os ecossistemas naturais oferecem-nos água, comida,
madeira, fibras e combustível; produtos biológicos que são ainda procurados
para o tratamento de doenças - mesmo os medicamentos sintéticos são muitos
vezes extraídos de substâncias naturais; ecossistemas equilibrados que contêm a
disseminação de doenças contagiosas, assim como as condições climatéricas.
Mas a humanidade retira ainda benefícios não-materiais da Natureza, que é
fonte inspiração e de cultura, lugar de refúgio e de divertimento. É também
objecto de culto e celebração em quase todo o mundo. O valor deste último tipo
de serviços para a saúde é, como é claro, bem mais difícil de medir (MA, 2005).
Pretty e seus colegas (2005) distinguem três níveis de contacto com a natureza.
O primeiro é ver natureza (através de uma janela ou de uma representação
como uma pintura, vídeo, etc.). O segundo nível é a proximidade casual com a
natureza (no caminho para o trabalho, convivendo num jardim, etc.). O terceiro
nível é o envolvimento directo e activo com a natureza (jardinagem,
montanhismo, etc.). Mas também, como veremos mais adiante, ter contacto
com a Natureza leva a criar com ela uma ligação emocional (Mayer & Frantz,
2004; Kals, Schumacher & Montada, 1999). As diferentes abordagens à relação
Homem-Natureza focam-se em diferentes níveis desta relação.
Biofilia
A biofilia é um conceito cunhado em 1984 por Edward Wilson para se referir à
19
hipótese de que os seres humanos teriam inatamente uma ligação emocional aos
outros seres vivos. Esta noção está inevitavelmente ligada a uma outra, a biofobia,
a aversão a certas espécies. Este vínculo manifestar-se-ia provavelmente pela
facilidade ou resistência em aprender certos comportamentos com importância
para a sobrevivência. O medo de cobras é um exemplo de um comportamento que,
por ter tido uma grande importância ao longo do percurso evolutivo da nossa
espécie, é actualmente aprendido com um mínimo reforço negativo. Pelo
contrário, outros estímulos bem mais perigosos para o Homem moderno como o
automóvel ou a bomba atómica não suscitam reações fóbicas com a mesma
facilidade (Wilson, 1993). A biofilia teria ainda como corolário crenças religiosas,
manifestações culturais (Lawrence, 1993; Nelson 1993) e fenómenos psicológicos
(ex. Ulrich, 1993) presentes em abundância em todos os povos terrestres, mesmo
os mais urbanizados (Kellert & Wilson, 1993). Segundo Penn (2003) esta teoria
levou os psicólogos ambientais a considerar o que seriam as raízes evolutivas das
preferências ambientais, e foi uma boa hipótese de trabalho para estudar a relação
do Homem com o seu ambiente natural.
Ecopsicologia
A ecopsicologia é um campo teórico, experimental e prático que se debruça
sobre a relação do Homem com a Natureza. A humanidade atravessa, para a
ecopsicologia, uma crise espiritual resultante da separação crescente da
Natureza. A maioria dos ecopsicólogos dedicam-se a “curar” a relação da pessoa,
individualmente ou em grupo, com a Natureza. Esta abordagem tem um duplo
fim: curar a pessoa e aumentar a sua consciência dos problemas ambientais e
20
consequente capacidade de ação. Para muitos ecopsicólogos, muito do
sofrimento humano advém do modo irresponsável como tratamos a Natureza.
Este olhar sobre o nosso vínculo com a Natureza "mais que humana" toma,
como seria de esperar numa perspectiva ecológica, um carácter social e cultural,
além de psicológico. A ecopsicologia toma por isso contornos morais e politico-
ideológicos (Hillman, 1995; Scull, 1999). É também assumida por alguns
autores (Macy, 1995; Marimon, 2004), a influência do ensinamento de diversos
sistemas de crenças religiosas como o budismo tibetano, o hinduísmo e o
xamanismo. Apesar da grande variedade de abordagens e diferenças entre os
vários autores desta área, há alguns pontos que Scull (1999) aponta como mais
ou menos consensuais. Uma das principais preocupações é a de ajudar as
pessoas a ligarem-se emocionalmente e espiritualmente ao seu ecossistema,
através de experiências directas com a Natureza, ou ainda de exercícios ou
workshops práticos e outras abordagens terapêuticas (ex.: Macy, 1995; Russel
2001). Tipicamente, a ecopsicologia procura intervir em pequenos grupos ou
comunidades, pois é quase consensual que as intervenções dos ecopsicólogos no
sentido de "curar a relação com o planeta" não se devem focar apenas no self
mas em todos os níveis em que este se enquadra, incluindo o familiar,
comunitário, económico, político e cultural (Scull, 1999).
Psicologia Ambiental
A psicologia ambiental é o estudo da relação do contexto ambiental do Homem
com o seu comportamento e bem-estar. Este ambiente pode se referir ao meio
social, cultural ou físico, incluindo as estruturas construídas. O interesse nesta
área floresceu nos anos 70 e 80, com o aparecimento de preocupações com
21
problemas comunitários e ecológicos que se agudizaram desde então (Stokols &
Altman, 1987; Wapner & Demick, 2002). As suas áreas de intervenção
abrangem actualmente o estudo das percepções e cognições do ambiente, dos
factores ambientais que influenciam o comportamento e bem-estar, e da sua
aplicação ao design de espaços públicos e privados. Ainda um importante
campo de pesquisa é a mudança de comportamentos e cognições ambientais, no
sentido da conservação do ambiente (Bell, Fisher, Baum & Greene, 1984).
Até recentemente, pouca foi a pesquisa sobre ambientes físicos em psicologia
clínica, facto que é ilustrado pelo papel secundário que assumem no DSM-IV.
No entanto, dificilmente poderá ser ignorada a sua importância, que se revela
em certas patologias (como a claustrofobia ou a agorafobia), e na atenção dada
ao setting terapêutico na maioria das abordagens psicoterapêuticas. Apesar
disto, quando entrevistados, muitos terapeutas desconheciam o contexto físico
dos seus clientes, mesmo reconhecendo a sua importância. Já foi observado, por
exemplo, que mudar de casa despoleta sentimentos de perda, que são
reactivados quando se visita a antiga casa. Também já foram identificadas áreas
específicas da casa (quarto, cozinha, etc.) e objectos (como a televisão ou
aparelhagem) que despoletam mais conflitos territoriais (Anthony & Watkins,
2002).
Teoria da restauração da atenção
Os efeitos do ambiente na recuperação física e mental têm também vindo a ser
crescentemente estudados. Em termos gerais, chama-se "restauração" ao
22
processo de voltar a um estado adaptativo depois de sofrer um desgaste da
atenção, um stress ou um obscurecimento do humor (Hartig, 2003; Kaplan &
Kaplan, 1989). Este efeito restaurador está muito bem documentado e
manifesta-se na melhoria do estado de humor, na atenção dirigida e em
medidas fisiológicas como o batimento cardíaco e a amplitude das ondas
cerebrais. Os ambientes que mais propiciam este processo são normalmente os
ambientes naturais (Staats, Kieviet & Hartig, 2003; Ulrich, 1993). Isto foi
experimentalmente demonstrado em diversas experiências, que abrangeram
desde a simples vista duma janela (Kaplan, 2001) até à prática de exercício
físico em espaços verdes (Pretty et al., 2005). Esta é plausivelmente uma
explicação para a preferência quase universal pelos ambientes naturais ou rurais
em detrimento dos ambientes urbanos (Van der Berg, Koole & Wulp, 2003).
Ligação Emocional à Natureza (LEN)
Como já vimos, os ecopsicólogos defendem que a Ligação Emocional à
Natureza (LEN) é importante não só para a conservação da mesma mas
também, para a sanidade mental dos seres humanos (Scull, 1999). Os psicólogos
ambientais têm constatado igualmente que não basta um interesse intelectual
ou identificação com valores pró-ambientais para assumir comportamentos
ecológicos. Com o fim de testar a sua hipótese, vários autores criaram escalas
para medir a força da ligação à Natureza em termos afectivos. Kals et al. (1999)
criaram a Escala de Afinidade Emocional à Natureza, que se correlaciona
fortemente com experiências na Natureza, actualmente e no passado, e que
prediz a disposição para agir em defesa do ambiente. O mesmo se verifica com a
Connectedness to Nature Scale (CNS) (Mayer & Frantz, 2004). Esta segunda
23
escala está ainda correlacionada com um conjunto de valores e comportamentos
pró-ambientais, com mais força do que a escala NEP (New Environmental
Paradigm), uma escala usada com muita frequência para medir crenças pró-
ambientais. A CNS está ainda correlacionada com uma maior satisfação com a
vida.
24
O contacto com a Natureza contra a Depressão?
Desde a antiguidade que há registo de intuições e evidências anedóticas de que
o contacto com a Natureza melhora o estado de saúde e do espírito. Os médicos
da Grécia Antiga prescreviam viagens a sítios com "melhores ares" para o alívio
de problemas mentais e já no século XVIII o Padre Placidus à Spescha defendia
que o exercício e o ar limpo dos Alpes era benéfico para, entre outros males, a
Depressão. A prescrição do ar de montanha ou do mar era especialmente
destinada aos habitantes ricos das grandes cidades, que tinham possibilidade de
se mudar para ambientes menos fétidos (Kevan, 1993).
É normalmente aceite que a nossa espécie, Homo sapiens, manteve um estilo
de vida de caçador-recolector em quase toda a sua evolução de dois milhões de
anos. Apenas há 10 000 a 15 000 anos a humanidade começou a organizar-se
em aldeias e ajuntamentos. Até aí toda a vivência humana foi passada em
ambientes naturais e foram estas as condições que condicionaram a evolução do
Homem (Frumkin, 2001). Por outro lado, nos últimos séculos parece ter surgido
a ilusão de que podemos viver separados da Natureza (Wilson, 2002) e certos
autores associam este enfraquecimento da ligação com a Natureza,
característica da nossa sociedade, com o aumento de perturbações mentais
(Gullone, 2000).
Em 2008, pela primeira vez na história, mais de metade da população mundial
25
habitará cidades. O contributo dos espaços verdes para o bem-estar físico e
psicológico dessas populações, assim como para a redução da poluição não deve
ser subestimado no planeamento urbano (Galea & Vlahov, 2005; United
Nations Population Fund, 2007). Foi demonstrado por diversos autores que
estar em contacto com a natureza é um factor contributivo para a satisfação com
a vida, com uma importância comparável à do casamento, educação ou
rendimentos (Mayer & Frantz, 2004; Pretty et al., 2005), e que por outro lado
estar insatisfeito com os espaços verdes disponíveis num contexto urbano era
um correlato significativo de uma pior saúde mental (Guite, Clark & Akrill,
2006).
Há por outro lado evidências de que o contacto com a Natureza nas suas
diversas formas (ver de Vries, 2006) tem um impacto positivo na saúde e bem-
estar, inclusive psicológico. Para mais, há um bom corpo de investigação sobre
os seus efeitos no humor e no funcionamento cognitivo (ver, por exemplo, a
revisão feita por Frumkin em 2001). Há portanto indícios de que o mesmo se
aplicará à Depressão, no entanto vários autores indicam a necessidade de uma
maior base empírica que confirme esta ligação (Maller, Townsend, Pryor, Brown
& St Leger, 2005; MA, 2005).
Terapias pela Natureza
Wilderness, que poderemos traduzir por natureza selvagem, é um local onde a
ação do Homem não limita as forças da natureza. Os humanos sempre
procuraram experienciar estes meios em busca de melhor saúde física e
26
espiritual, e a partir da década de 1960 esse interesse recrudesceu, emergindo
diversas terapias humanistas e existenciais que tomam proveito do efeito
restaurador que a natureza selvagem tem em nós (Todesca, 2003).
Um razoável número de investigações foram dedicadas a registar duma forma
mais mensurável os benefícios do contacto com a Natureza na sua forma mais
selvagem. Estas foram dirigidas a participantes em programas de wilderness, ao
longo dos quais eram convidados a registar num diário os seus pensamentos e
preencher alguns questionários. Kaplan & Kaplan (1989), com base nos dados
dos dois anos anteriores a um destes programas (Outdoor Challenge Program)
conclui que há uma melhoria significativa nos sentimentos e humor dos
participantes, que tende a manter-se no seguimento. Estes resultados,
repetidamente confirmados noutros estudos (ver Russel, 2001), vieram dar um
sustento mais seguro a uma diversidade de intervenções terapêuticas dirigidas a
vários grupos, desde doentes psiquiátricos a pessoas com cancro (Frumkin,
2001). Apesar dos mais de 500 programas terapêuticos deste género existentes
nos Estados Unidos da América terem grandes variações no método, parecem
ter em comum alguns resultados. A maioria dos participantes relata um
sentimento de auto-realização e uma melhor auto-estima que levam a uma
maior confiança na sua capacidade de serem bem-sucedidos noutras áreas das
suas vidas (Russel, 2001). Frumkin (2001), aponta no entanto limitações
metodológicas nos estudos sobre wilderness, que tornam difícil a distinção
entre o efeito da natureza e os benefícios psicológicos de atingir objectivos, da
vivência em grupo ou ainda de estar de férias. Alguns autores (por ex. Burns,
27
1998) defendem, com base na sua experiência clínica, um efeito da wilderness
therapy na Depressão. Não existe porém, ao que sabemos, nenhum estudo
sístemático sobre tal relação.
Contacto com plantas e animais
Plantas
A presença de plantas está associada a uma maior satisfação com o bairro, mais
do que qualquer outro factor da paisagem (Kaplan, 2001). Num inquérito
(revisto por Frumkin, 2001), realizado nos E.U.A. e envolvendo mais de 2000
pessoas, 40% que concordam que estar perto de plantas as faz sentir mais
relaxadas e calmas. O cultivo de plantas, ou mesmo a sua simples presença,
pode melhorar o funcionamento cognitivo e emocional, reduzir o stress,
estimular o contacto social, entre outros benefícios (Frumkin, 2001; Söderback,
Söderström & Schälander, 2004).
Shibata & Suzuki (2004) observaram que as mulheres obtinham melhores
resultados numa tarefa que requeria atenção quando estava presente uma
planta na sala do que quando não havia nada ou quando havia uma prateleira de
revistas. Também houve uma significativa melhoria do humor nos homens
quando a planta estava presente.
Muitos hospitais têm jardins, o que parece ter um efeito benéfico no processo
28
de cura e na ansiedade dos pacientes (Frumkin, 2001). Algumas instituições
clínicas dão especial atenção ao design do seus jardins, de modo a criar “jardins
curativos”, locais propícios à recuperação física e psicológica dos pacientes
(Söderback et al., 2004).
A horticultura é usada ainda como terapêutica, principalmente em hospitais e
centros de reabilitação, pela panóplia de estímulos que proporcionam e pelo
ambiente relaxante e reflexivo que criam (Marcus, 2005). A prática de
horticultura por parte de pacientes é por vezes incorporada no plano de
recuperação, e parece influenciar positivamente o humor, reduzindo a
ansiedade, promovendo o relaxamento e a socialização. No entanto, a sua
eficácia não foi ainda verificada experimentalmente (Relf, 2005; Söderback et
al., 2004).
Animais
Na Europa, pelo menos 52% dos lares têm animais de estimação. Este
fenómeno não é novo e muito menos único da nossa sociedade: em todas as
culturas existe o hábito de domesticar animais. Muitas vezes tratados como um
membro da família, cerca de metade dos adultos e 70% dos adolescentes vêm o
seu um animal de estimação como um confidente (Beck & Meyers, 1996).
Especialmente as pessoas idosas têm nos animais uma maneira de "estarem
sozinhos sem se sentirem sozinhos" (p.247). O contacto com os animais pode
prevenir os efeitos negativos da solidão nos humanos, e facilita o suporte social,
aumentando a percepção de saúde (McNicholas et al., 2005). Os animais de
29
estimação têm um importante papel no desenvolvimento de competências
sociais nas crianças. São mediadoras da socialização e estimulam os
comportamentos de cuidado (nurturing) e sentido de responsabilidade por
outros e diminuem comportamentos agressivos (Beck & Meyers, 1996).
Ter animais de estimação foi já associado a vários benefícios para a saúde.
Parece diminuir o risco de ter pequenos problemas de saúde e as recidivas de
problemas cardiovasculares. Foi várias vezes associado a uma redução do stress,
da tensão arterial e do colesterol. No entanto estes resultados nem sempre
foram replicados (Beck & Meyers, 1996; Frumkin, 2001; McNicholas et al.,
2005).
Siegel (1990), por exemplo seguiu o comportamento de contacto com os
médicos de 938 idosos inscritos no plano de saúde durante um ano para
concluir que aqueles com animais de estimação contactavam menos o médico,
além de sofrerem menor stress face a acontecimentos de vida.
Allen, Blascovich & Mendes (2002) examinaram os efeitos da presença de
animais de estimação no stress (comparando com amigos ou cônjuges) em 240
casais. Os donos de animais tinham uma batida cardíaca mais lenta e a tensão
arterial mais baixa, assim como um reação cardiovascular mais moderada ao
stress induzido (aritmética mental e pressão fria). A reactividade mais lenta e
recuperação mais rápida foi observada no grupo que estava acompanhado do
30
seu animal de estimação, o que levou os autores a concluir sobre os seus efeitos
benéficos no stress.
Terapia Assistida por Animais
Não existe ainda uma definição consensual do que é a terapia assistida por
animais, apesar de ser já bastante usada em contexto de saúde mental, em
vários países (Kruger, Trachtenberg & Serpell, 2004; Relf, 2006).
Frumkin (2001) revê uma série de estudos que se debruçaram sobre os efeitos
terapêuticos dos animas e conclui que existem benefícios em usar animais para
fins psiquiátricos. Por exemplo Barker & Dawson (1998) realizaram um estudo
sobre a redução da ansiedade através de terapia assistida por animais em
pacientes psiquiátricos. Apesar de ambos os grupos terem uma redução da
ansiedade, sem que houvesse diferenças significativas entre o grupo que teve
terapia com animais e o grupo que teve uma actividade recreativa no geral, foi
encontrado que a terapia com animais fez efeito numa maior variedade de
perturbações. Antonioli & Reveley publicaram em 2005 um estudo
experimental do efeito da terapia com golfinhos na Depressão. Foi demonstrado
que a interação com golfinhos no seu meio natural aliviou os sintomas
depressivos, mais ainda do que no grupo de controle que participou em
actividades aquáticas semelhantes, sem golfinhos.
31
Exercício verde
O exercício físico regular tem sido usado como tratamento adjunto eficaz em
melhorar o estado físico e mental de pacientes psiquiátricos (Daley, 2002). Há
indícios de que quando o exercício é realizado em contacto com a natureza
(“exercício verde”) tem um maior efeito positivo. Foi recentemente realizado um
experimento em que se compararam os resultados num questionário de estados
de humor e auto-estima de cinco grupos (N=100). Os quatro grupos
experimentais foram expostos a diferentes conjuntos de fotografias que se
enquadravam em diferentes categorias: rural agradável, urbana agradável, rural
desagradável e urbana desagradável. O grupo de controlo fez exercício frente a
uma tela branca. Verificou-se que os efeitos do exercício físico no humor e auto-
estima eram aumentados face às cenas agradáveis (que se caracterizavam por
ser cenas urbanas ou rurais com espaços verdes bem tratados, ou com água
reflectindo o céu), especialmente às cenas rurais agradáveis. As cenas
desagradáveis não tiveram o mesmo efeito, e pelo contrário diminuíram a auto-
estima. Isto confirma outros estudos revistos pelo autores, que constataram
esta mesma relação (Pretty, et al., 2005). Os autores constataram não haver um
efeito significativo do "exercício verde" no humor depressivo. Mais
recentemente porém (Peacock et al., 2007) foi realizada uma experiência
comparando os efeitos de uma caminhada ao ar livre e dentro de um centro
comercial. A caminhada ao ar livre teve um efeito positivo na auto-estima e na
Depressão, entre outras dimensões do humor, que não foi encontrado na
segunda situação. Este estudo pretende demonstrar que o exercício verde tem
um efeito significativo no humor, apesar das limitações metodológicas deste
32
estudo, e da reduzida amostra (N=20).
Férias
Ter ido de férias está associado a um maior bem-estar, menor burnout (Etzion,
2003); menor Depressão (Tarumi e Hagihara, 1999); maior satisfação com a
vida e menor stress laboral (Strauss-Blasche, Ekmekcioglu & Marktl, 2002);
mais recuperação (humor positivo) e menor exaustão (humor depressivo)
(Strauss-Blasche, et al., 2005); e ainda a um melhor coping com o stress e com
acontecimentos de vida negativos (Kleiber, Hutchinson & Williams, 2002).
Numa análise de 357 empregados de escritório, Tarumi e Hagihara (1999)
observaram que férias de lazer estão negativamente associadas com a
Depressão. Foi ainda constatada um relação negativa entre as férias e o número
de dias de trabalho perdidos por fadiga.
Uma amostra de 53 trabalhadores braçais e de escritório foi questionada sobre
satisfação com a vida, qualidade de vida, queixas físicas e recuperação e stress.
As férias aliviaram o stress laboral, melhoraram a satisfação com a vida e
diminuíram as queixas físicas, mas os seus efeitos no humor não foram
confirmados (Strauss-Blasche, Ekmekcioglu & Marktl, 2002).
Etzion (2003) usou uma amostra emparelhada de 102 sujeitos comparando
medidas de stress e burnout imediatamente antes de ir de férias, imediatamente
depois e 3 semanas passadas, com um amostra de controlo. Tanto o stress como
33
o burnout diminuíram, mas apenas o burnout se manteve baixo 3 semanas
depois. Resultados na mesma direção já tinham sido obtidos num estudo em
moldes semelhantes realizado em 1998 por Etzion, Eden & Lapidot.
Num estudo com 191 trabalhadores, foi aplicada uma escala de bem-estar da
qual foram derivadas duas dimensões: a recuperação e a exaustão. A
recuperação incluía itens como "sinto-me melhor mentalmente", "sinto-me mais
equilibrado e relaxado", "concentro-me melhor no trabalho", "estou mais bem-
humorado", etc.. A exaustão incluía itens relacionados com a indiferença e
apatia, a depressividade e exaustão. Foram identificados os factores que mais
contribuíram para um melhor bem-estar. De entre eles, a temperatura média do
local de férias, assim como o sol contribuíram para a recuperação do trabalho
(Strauss-Blasche et al., 2005).
Segundo a Direção-Geral do Turismo [DGT] (2006), são na Natureza os
ambientes de férias preferidos dos portugueses, entre os quais se destacam a
praia (66,5%) e em segundo lugar o campo (13,6%). O Sol e o Mar são mesmo as
principais motivações para ir de férias seguidos à distância pelos
"amigos/familiares" e "paisagens/natureza".
Ambientes restauradores
A Natureza é associada à ideia de relaxamento, e isso verifica-se com medidas
fisiológicas como a tensão arterial e o ritmo cardíaco (Hartig, Evans, Jamner,
Davis & Gärling, 2003; Regan & Horn, 2005). Um grande número de estudos
34
debruça-se sobre a capacidade de reparação da faculdade de atenção dirigida
(também chamada concentração) em diversos ambientes, em geral urbanos vs.
rurais. Os rurais são normalmente considerados os mais agradáveis e isso foi
relacionado com a sua eficácia na restauração da atenção. Nesta linha de
estudos também se estabeleceu que as cenas/imagens de Natureza têm uma
maior potencialidade restauradora afectiva (Hartig, 2003; Staats, Kieviet &
Hartig, 2003).
Estudantes universitários, ansiosos na época de exames, foram objecto de um
estudo sobre a restauração proporcionada por cenas urbanas e naturais, em
formato de slide. Foi demonstrado que aqueles expostos a ambientes naturais
tiveram uma redução significativa da ansiedade, ao contrário do grupo exposto
a estímulos urbanos desprovidos de elementos naturais, onde se notou mesmo
algum prejuízo emocional, em algumas medidas (Ulrich, 1979 cit. por Ulrich,
1983).
Kaplan em 2001 analisou o efeito da vista de casa pela janela no bem-estar e
satisfação, resultando que os elementos cénicos mais marcantes foram as
árvores e as paisagens ou lugares ajardinados.
Van der Berg et al., (2003) testaram experimentalmente a relação entre
preferência estética e efeito restaurador, usando imagens vídeo. Os resultados
mostraram que os participantes preferiram às cenas urbanas as cenas rurais,
35
como esperado. Estas últimas tiveram um efeito restaurador a nível afectivo e
cognitivo (marginalmente), incluindo na dimensão Depressão.
Ligação Emocional à Natureza
Segundo Olds et al. (1998), o contacto com a Natureza facilita a interiorização
de imagens curativas de feridas emocionais, sendo por isso importante uma
relação com a Natureza desde uma idade precoce. Como argumentam Mayer &
Frantz (2004), se de facto o contacto com a Natureza traz um maior bem-estar,
as pessoas mais ligadas à Natureza devem ter uma maior satisfação com a vida
(r=0,20, p<0,01), o que já foi testado e confirmado por estes autores num
estudo por questionário (N=135).
A LEN está correlacionada negativamente com alguns traços de personalidade
narcísicos (exploitativeness/entitlement), com ter-se a si próprio como centro
das suas atenções (Objective Self-Awareness, OSA), e com valores egoístas
(Frantz & Mayer, 2005; Mayer & Frantz, 2004). Enquanto a OSA é uma
característica associada à Depressão (Beck et al., 1982), as pessoas narcísicas
avaliam-se normalmente como muito pouco ou nada deprimidas (Tennen, Hall
& Affleck, 1995).
Apesar de haver inúmeros estudos e evidências clínicas e anedóticas que
associam o contacto com a Natureza nas suas múltiplas formas com o humor
(inclusive depressivo), o funcionamento cognitivo, o stress, a ansiedade, o bem-
estar e a satisfação com a vida, – variáveis fortemente relacionadas com a
36
Depressão – poucos estudos chegaram ao nosso conhecimento que se tivessem
debruçado sobre a Depressão em específico. Mesmo aqueles que se debruçaram
sobre o humor depressivo chegaram por vezes a resultados contraditórios.
37
Problema
Tendo como ponto de partida a bem-aceite importância do contacto com a
Natureza para o Bem-Estar e Saúde, incluindo a Saúde Mental (Frumkin, 2001;
MA, 2005).
Relembrando a crescente prevalência da Depressão na nossa sociedade, e a
importância de encontrar intervenções terapêuticas de auto-ajuda acessíveis a
todos (Jorm & Griffiths, 2005; WHO, 2001).
Sabendo que já foram estabelecidas relações entre numerosas variáveis
relacionadas com a Depressão (satisfação com a vida, stress, ansiedade, humor
depressivo, etc.) e o contacto com a Natureza nas suas diversas formas
(Frumkin, 2001; Maller et al., 2005).
Sendo a Natureza mediadora de terapias que parecem melhorar a auto-estima,
o humor e outras variáveis relacionadas com a Depressão (Burns, 1998; Relf,
2005; Roszak et al., 1995; Söderback et al., 2004).
Havendo no entanto dados contraditórios da relação da Natureza com o humor
(Pretty et al., 2005), e não tendo sido encontrados estudos sobre a relação desta
com a Depressão especificamente.
Será que o contacto com a Natureza está relacionado com a Depressão?
Questões de investigação
1 Existirá alguma relação entre a Depressão e a Ligação Emocional à Natureza em
estudantes universitários?
2 Haverá relação entre a Depressão e as variáveis de caracterização do contacto
38
com a Natureza?
3 Haverá relação entre a Depressão e as variáveis sócio-demográficas?
Importância do estudo
Pretendemos com este estudo explorar a relação da Depressão com o contacto
com a Natureza. Esperamos conseguir discriminar o tipo de contacto com a
Natureza que potencialmente trará maiores benefícios para as pessoas
deprimidas. A maioria das experiências referidas tiram o sujeito do seu
quotidiano para o estudar num setting diferente do habitual. Como resultado,
pouco se sabe sobre a relação do contacto que as pessoas têm normalmente com
a Natureza e a Depressão. Consideramos por isso pertinente conhecer melhor os
comportamentos de contacto com a Natureza dos estudantes universitários e a
sua relação com a Depressão.
39
II - Método
1. Participantes
O estudo foi dirigido a estudantes do 1º ano de licenciaturas nas áreas da
Grande Lisboa e Porto. A amostra do Porto (n=250) incluiu alunos de
faculdades da farmácia, engenharia e ciências, enquanto a de Lisboa (n=146)
incluiu alunos de faculdades de psicologia e de engenharia e engenharia
ambiental, cuja distribuição está descrita no Quadro 1, num total de 397
questionários devolvidos. Um questionário foi excluído por não ter completado
o questionário sócio-demográfico. Sempre que as omissões não interferiam com
o tratamento estatístico, foram usados os dados dos restantes participantes.
Nesta amostra (N=396), 65,2% eram mulheres e 34,8% homens.
Quadro 1 - Frequências absolutas e relativas para faculdade e cidade por sexo.
Sexo
feminino masculino TotalPorto Farmácia n 103 33 136 % por fac 75,7% 24,3% 34,3% Ciências n 31 9 40 % por fac 77,5% 22,5% 10,1% Engenharia 1 n 17 57 74 % por fac 23,0% 77,0% 18,7% Total Porto n 151 99 250 % por local 60,4% 39,6% 63,1%Lisboa Eng Ambiental n 46 27 73 % por fac 63,0% 37,0% 18,4% Psicologia n 55 6 61 % por fac 90,2% 9,8% 15,4% Engenharia 2 n 6 6 12 % por fac 50,0% 50,0% 3,0%
Total Lisboa n 107 39 146 % por local 73,3% 26,7% 36,9%Total n 258 138 396 % Total 65,2% 34,8% 100,0%
40
A 23 de Abril de 2007 iniciou-se o processo de amostragem, acidental e
intencional, logo sem se conhecer a sua representatividade (Ribeiro, 2007).
Apesar da amostra ser de conveniência, tentou-se compensar o grande peso das
amostras do Porto com amostras adicionais lisboetas, adicionando variedade.
Todos os questionários foram recolhidos nas últimas semanas de aulas do ano
lectivo de 2006/07, sendo que os últimos questionários estavam prontos em 19
de Junho de 2007.
1.1 Caracterização da Amostra
Dos 396 participantes desta amostra, 258 eram mulheres e 138 homens, cujas
idades variaram entre os 18 e os 54 anos, com média de 22,41, acima da média
do relatório Eurostudent (Hochschul-Informations-System [HIS], 2005) que foi
20,3 para estudantes do primeiro ano em Portugal. A proporção de género foi de
34,8% de homens contra 65,2% de mulheres, bastante próxima dos dados do
Eurostudent para a população universitária portuguesa (39,4% e 60,6%
respectivamente no Eurostudent). Os dados obtidos seguem no Quadro 2.
41
Quadro 2 - Frequências absolutas e relativas para a idade por sexo.
Sexo
feminino masculino TotalFaixa <=18 n 24 2 26etária % por sexo 9,3% 1,5% 6,6% 19-22 n 175 65 240 % por sexo 67,8% 47,4% 60,8% 23-26 n 48 42 90 % por sexo 18,6% 30,7% 22,8% 27+ n 11 28 39 % por sexo 4,3% 20,4% 9,9%Total n 258 137 395 % Total 65,3% 34,7% 100,0%
A grande fatia de 74,5% vivia com os seus pais e os outros ora em casal (5,3%),
ora sozinhos (8,8%), com colegas (6,5%) ou outros (4,8%), como podemos ver
em mais detalhe no Quadro 3.
Quadro 3 - Frequências absolutas e relativas para a coabitação por sexo.
Sexo
feminino masculino Totalcoabitação sozinho n 18 17 35 % por sexo 7,0% 12,3% 8,8% casal n 9 12 21 % por sexo 3,5% 8,7% 5,3% pais n 199 96 295 % por sexo 77,1% 69,6% 74,5% colegas n 19 7 26 % por sexo 7,4% 5,1% 6,6% outros n 13 6 19 % por sexo 5,0% 4,3% 4,8%Total n 258 138 396 % Total 65,2% 34,8% 100,0%
De toda a amostra, 22% eram trabalhadores estudantes, contra os 78% que não
tinham emprego. Os homens tendiam mais a ser trabalhadores-estudantes (ver
42
Quadro abaixo).
Quadro 4 - Frequências absolutas e relativas para o estatuto laboral por sexo.
Sexo
feminino masculino Totaltrabalho não n 222 86 308 % por sexo 86,4% 62,3% 78,0% sim n 35 52 87 % por sexo 13,6% 37,7% 22,0%Total n 257 138 395 % Total 65,1% 34,9% 100,0%
Quanto à religião, 49,6% afirmavam-se de fé judaico-cristã, 4,6% aderiam a
outras crenças religiosas e os restantes 45,8% não assumiam nenhuma crença,
como vemos na Quadro 5.
Quadro 5 - Frequências absolutas e relativas para a religião por sexo.
Sexo
feminino masculino Totalreligião nenhuma n 111 69 180 % por sexo 43,4% 50,4% 45,8% judaico-cristã n 132 63 195 % por sexo 51,6% 46,0% 49,6% outra n 13 5 18 % por sexo 5,1% 3,6% 4,6%Total n 256 137 393 % Total 65,1% 34,9% 100,0%
Dado que a quase totalidade dos estudantes eram solteiros (96%) e não têm
filhos (97,5%), as variáveis “estado civil” e “filhos” foram excluídas da análise
estatística. Os Quadros 6 e 7 descrevem os resultados.
43
Quadro 6 - Frequências absolutas e relativas para o estado civil por sexo.
Sexo Total
feminino masculinoestado solteiro n 250 130 380 civil % por sexo 96,9% 94,2% 96,0% casado n 4 7 11 % por sexo 1,6% 5,1% 2,8% divorciado n 4 1 5 % por sexo 1,6% ,7% 1,3%Total n 258 138 396 % Total 65,2% 34,8% 100,0%
Quadro 7 - Frequências absolutas e relativas para filhos por sexo.
Sexo
feminino masculino Totalfilhos não n 254 132 386 % por sexo 98,8% 95,7% 97,7% sim n 3 6 9 % por sexo 1,2% 4,3% 2,3%Total n 257 138 395 % Total 65,1% 34,9% 100,0%
Dos participantes, 10,1% estavam ou estiveram envolvidos numa ONGA. Há
uma maior percentagem de mulheres activistas do que de homens, como consta
no Quadro 8.
Quadro 8 - Frequências absolutas e relativas para ONGA por sexo.
Sexo
feminino masculino TotalONGA não n 227 129 356 % por sexo 88,0% 93,5% 89,9% sim n 31 9 40 % por sexo 12,0% 6,5% 10,1%Total n 258 138 396 % Total 65,2% 34,8% 100,0%
44
Para a entrada na universidade, 35,7% da amostra respondeu que tinha
mudado de casa. Em consequência desta mudança, 24,1% passaram a ter menos
contacto com a Natureza. Podemos encontrar mais detalhes nos Quadros 9 e 10.
Quadro 9 - Frequências absolutas e relativas para mudança de casa por sexo.
Sexo
feminino masculino TotalMudou não n 161 93 254 % por sexo 62,4% 67,9% 64,3% sim n 97 44 141 % por sexo 37,6% 32,1% 35,7%Total n 258 137 395 % Total 65,1% 34,9% 100,0%
Quadro 10 - Frequências absolutas e relativas para perda de contacto com a Natureza por sexo.
Sexo
feminino masculino TotalMenos Natureza não n 186 104 290 % por sexo 72,1% 75,9% 73,4% sim n 72 33 105 % por sexo 27,9% 24,1% 26,6%Total n 258 137 395 % Total 65,1% 34,9% 100,0%
Durante a sua infância, a maioria dos participantes de ambos os sexos tinham
contacto diário ou semanal com a Natureza. No Gráfico 1 podemos verificar que
apenas uma pequena percentagem afirma ter tido esses encontros com menos
frequência.
45
Gráfico 1 - Frequências absolutas e relativas para a variável passado por sexo.
Quase NuncaFérias
MensalmenteSemanalmente
Diariamente
passado
0%
20%
40%
60%
Percent
n=1 n=17 n=12 n=83 n=145
feminino masculino
Quase NuncaFérias
MensalmenteSemanalmente
Diariamente
passado
n=4 n=7 n=4 n=29 n=92
Presentemente, a maioria dos estudantes desta amostra têm contacto com a
Natureza numa base semanal. Maior percentagem de homens do que de
mulheres afirmaram ter contacto com a Natureza diariamente. As restantes
respostas foram escolhidas por um menor número de participantes, como
consta no Gráfico 2.
Gráfico 2 - Frequências absolutas e relativas para a variável presente por sexo.
46
Quase NuncaFérias
MensalmenteSemanalmente
Diariamente
presente
10%
20%
30%
40%
50%
Percent
n=6 n=32 n=38 n=126 n=56
feminino masculino
Quase NuncaFérias
MensalmenteSemanalmente
Diariamente
presente
n=7 n=14 n=22 n=53 n=41
A grande maioria das mulheres faz actividades ao ar livre quase nunca ou
apenas nas férias. Já os homens afirmam em maior percentagem realizá-las
semanalmente. No gráfico de barras seguinte podemos encontrar as frequências
absolutas e relativas por sexo para todas as respostas. Foram encontradas
diferenças significativas entre os homens e as mulheres (t=-5,1; p=0,001), que
estão expressas nos Gráfico 3 e no Quadro 11. Estas diferenças são consistentes
com os resultados de outros estudos (por ex. Hall, Kuga & Jones, 2002)
Gráfico 3 - Frequências absolutas e relativas por sexo para a variável ar livre.
Quase NuncaFérias
MensalmenteSemanalmente
Diariamente
arlivre
0%
10%
20%
30%
Percent
n=99 n=97 n=26 n=27 n=9
feminino masculino
Quase NuncaFérias
MensalmenteSemanalmente
Diariamente
arlivre
n=36 n=29 n=21 n=44 n=7
47
Quadro 11 - Estatísticas descritivas para a variável ar livre de acordo com o sexo e resultado do
teste t
Sexo N Média D. padrão t p
Ar Livre feminino 258 2,03 1,10
masculino 137 2,69 1,30-5,1 0,001
A maioria dos estudantes tiveram as suas últimas férias há entre 6 meses e um
ano, o que corresponde aproximadamente às férias de Verão. Seguidamente, as
respostas mais frequentes por ordem decrescente foram entre 1 semana e 1 mês
(corresponde às férias da Páscoa), entre 1 mês e 3 meses (férias de Carnaval) e
entre 3 a 6 meses (férias de Natal ou do 1º semestre), há mais de um ano, e há
uma semana ou menos, como podemos verificar no Quadro 12.
Quadro 12 - Frequências absolutas e relativas para a distância às últimas férias por sexo.
Sexo
feminino masculino TotalFérias 1 semana n 12 12 24 % por sexo 4,9% 9,2% 6,4% 1 semana até 1 mês n 68 32 100 % por sexo 27,5% 24,6% 26,5% 1 mês até 3 meses n 46 16 62 % por sexo 18,6% 12,3% 16,4% 3 meses até 6 meses n 17 15 32 % por sexo 6,9% 11,5% 8,5% 6 meses até 1 ano n 90 42 132 % por sexo 36,4% 32,3% 35,0% mais de 1 ano n 14 13 27 % por sexo 5,7% 10,0% 7,2%Total n 247 130 377 % Total 65,5% 34,5% 100,0%
Em relação ao local de férias, as distribuições foram como se descreve no
Quadro 13. O principal destino de férias são as praias, seguido do campo e
48
cidades. Os valores entre parentesis referem-se às percentagens para a
população portuguesa em 2005, segundo a DGT (2006).
Quadro 13 - Frequências absolutas e relativas do local das últimas férias.
Frequência Percentagem (DGT)Praia 183 46,3% (66,5)Campo 114 38,9% (13,6)Cidades 111 28,1% (9,2)Montanha 36 9,1% (4,5)Termas 2 0,5% (2,7)Barragens 13 3,3% (0,2)Total 395 100%
Em ambos os sexos, a percentagem de estudantes que tem plantas é igual:
89,1%. No entanto as percentagens de homens e mulheres que tomam conta
delas diferem: 26% para as mulheres e 19% nos homens (ver Quadros 14 e 15).
Quadro 14 - Frequências absolutas e relativas para ter plantas por sexo .
Sexo
feminino masculino TotalPlanta Não n 28 15 43 % por sexo 10,9% 10,9% 10,9% Sim n 230 122 352 % por sexo 89,1% 89,1% 89,1%Total n 258 137 395 % Total 65,1% 34,9% 100,0%
Quadro 15 - Frequências absolutas e relativas para cuidar de plantas por sexo.
Sexo
feminino masculino TotalCuida planta Não n 191 111 302 % por sexo 74,0% 81,0% 76,5% Sim n 67 26 93 % por sexo 26,0% 19,0% 23,5%Total n 258 137 395
49
% Total 65,1% 34,9% 100,0%
Na nossa amostra, 61% dos participantes tinham animais de estimação. A
percentagem da amostra que toma conta de animais é 36,7%. Notam-se
diferenças entre os sexos nestas variáveis, como podemos observar nos Quadros
16 e 17.
Quadro 16 - Frequências absolutas e relativas para ter animais por sexo.
Sexo
feminino masculino TotalAnimal Não n 96 58 154 % por sexo 37,2% 42,3% 39,0% Sim n 162 79 241 % por sexo 62,8% 57,7% 61,0%Total n 258 137 395 % Total 65,1% 34,9% 100,0%
Quadro 17 - Frequências absolutas e relativas para cuidar de animais por sexo.
Sexo
feminino masculino TotalCuida animal Não n 155 95 250 % por sexo 60,1% 69,3% 63,3% Sim n 103 42 145 % por sexo 39,9% 30,7% 36,7%Total n 258 137 395 % Total 65,1% 34,9% 100,0%
A maior percentagem de participantes consideraram o estado do ambiente com
que têm contacto “Mais ou menos”. A segunda resposta mais frequente foi
“Bom” e a terceira “Muito Bom”. Apenas 19 participantes emitiram um juízo
negativo sobre o estado de conservação da Natureza, como consta no Gráfico 4.
Gráfico 4 - Frequências absolutas e relativas para o estado de conservação por sexo.
50
1 2 3 4 5
estado
10%
20%
30%
40%
Percent
n=2 n=10 n=115 n=95 n=34
feminino masculino
1 2 3 4 5
estado
n=7 n=60 n=54 n=13
2. Material
Os instrumentos escolhidos destinam-se a avaliar a Depressão, a LEN e um
conjunto de aspectos do contacto com a Natureza que apareceram na literatura
como relevantes para a saúde mental e para a Depressão e de que segue
descrição (questionário no Anexo I).
1. Questionário de caracterização sócio-demográfica. Este inclui as medidas
clássicas (idade, sexo, estado civil, etc.) e ainda questões sobre o contacto
com a Natureza.
2. Escala de Ligação Emocional à Natureza (ELEN).
3. Inventário de Depressão de Beck – II.
2.1. Questionário de caracterização sócio-demográfica
Num contexto de um estudo quantitativo, o questionário é um método de obter
51
informações de uma forma relativamente precisa e facilmente quantificável de
grandes amostras com um baixo custo em termos de tempo e recursos
materiais. Este método é particularmente adequado para obter informações
factuais sobre os participantes. Para este fim é constituído por perguntas de
resposta fechada: tipo “alfaiate” (pré-formatadas) para as medidas nominais e
de escolha múltipla (tipo Likert) para as variáveis ordinais. De modo a reduzir o
tamanho do questionário e assim o número de respostas em branco, algumas
questões foram aglomeradas. Assim, mudança de casa foi aglomerada com a
perda de contacto com a Natureza, o ter e cuidar de animais e também o ter e
cuidar de plantas (como se pode ver no questionário em Anexo I). (Hill & Hill,
2000; McColl et al., 2001).
Desenvolvemos deste modo um questionário com o objectivo de aceder à
estrutura sócio-demográfica da amostra, ao mesmo tempo que se caracterizava
o contacto com a Natureza, quantificando os elementos considerados relevantes
na literatura. Inquirimos consequentemente os participantes de modo a
caracterizá-los quanto ao sexo, idade, estado civil, filhos, com quem coabitam,
situação laboral e religião. Para melhor aceder aos seus hábitos de contacto com
a Natureza, inquirimos ainda:
Se está envolvido em alguma organização não governamental ambiental
(ONGA).
Se mudou de casa ao entrar para a faculdade, e se perdeu contacto com a
Natureza em consequência.
52
Com que frequência teve contacto com a Natureza na sua infância e
actualmente
Com que frequência pratica actividades ao ar livre.
Quando foram as últimas férias, e onde.
Se tem plantas ou animais domésticos e se cuida deles.
Como percepciona o estado de conservação da Natureza com que tem
contacto.
A variável idade foi controlada com uma pergunta de resposta fechada, e depois
categorizada em níveis etários de 4 anos, com base na sua distribuição amostral.
Algumas perguntas foram feitas de forma dicotómica, como foi o caso do sexo,
filhos, trabalho e ONGA. A religião também foi aferida deste modo, mas com um
pedido para especificar. As questões sobre o estado civil e a coabitação foram
colocadas com respostas pré-formatadas, com uma opção “outros”.
Mudança de Casa. As questões relativas à mudança de casa e consequente
perda de contacto com a Natureza foram aglomeradas numa pergunta com três
itens de resposta: “Sim”, “Sim e onde morava tinha mais contacto com a
natureza” e “Não”.
Contacto com a Natureza na Infância e no presente. Utilizando uma escala com
53
várias opções escalonadas (“Diariamente”, “Semanalmente”, “Mensalmente”,
“Nas Férias” ou “Quase Nunca”), pedimos que respondessem se tinham tido
contacto com a Natureza na infância e actualmente, definindo Natureza como
“jardins, parques naturais, praias ou outros locais”.
Prática de actividades ao ar livre. A prática de actividades ao ar livre foi
medida usando a mesmo escala. Os exemplos que demos de actividades ao ar
livre foram: “montanhismo, surf, vela, hipismo, etc”.
Últimas férias. Perguntámos há quanto tempo tinham sido as últimas férias. As
respostas variaram de 1 dia a vários anos e foram posteriormente categorizadas.
Local de Férias. Com base em dados da DGT (2006) criámos categorias-tipo de
locais de férias entre os quais os estudantes podiam escolher mais do que um:
praia, campo, cidade, montanha, termas, barragens/lagos e outros (especificar).
Estes dois últimos valores foram considerados não expressivos e por isso
descartados da análise estatística.
Plantas e animais de estimação. Perguntámos ainda se os estudantes tinham
animais ou plantas e se costumavam cuidar deles. Tanto para as plantas como
para os animais, estas duas perguntas foram conglomeradas numa só pergunta
com três itens: “Sim”, “Sim, e costumo cuidar delas” e “Não”.
54
Estado de conservação da Natureza. A percepção do estado de conservação da
Natureza foi medido usando uma escala tipo Likert de 5 pontos em que 1
correspondia a “Muito Mau” e 5 a “Muito Bom”.
2.2 Inventário de Depressão de Beck – II
A Depressão é a perturbação psiquiátrica com maior prevalência, e os sintomas
depressivos são transversais a uma grande parte de outros disturbios mentais. O
BDI-II é um instrumento muito popular para avaliar a Depressão, sendo
difundido internacionalmente. É um instrumento de aplicação simples e de fácil
resposta, que é sensível a estados de humor negativos. Esta escala foi escolhida
pelo facto de ser sensível a níveis subclínicos de Depressão, e de já ter sido
usada noutros estudos para esse fim (Lambert & Stephenson, 2000; Mehl,
2006; WHO, 2001).
A versão original, o Beck Depression Inventory - Second Edition (BDI-II) é
constituída por 21 perguntas de resposta múltipla com 4 itens, à excepção de
duas questões em que há 7 itens. Cada item mede um dos sintomas da
Depressão e é cotado de 0 (nula gravidade) a 3 (sintoma acentuado). O reultado
total é obtido somando todas as questões. Resultados de 0 a 13 são considerados
mínimos, de 14 a 19 ligeiros, de 20 a 28 moderados e de 29 a 63 graves. Esta é
uma adaptação da primeira versão revista (BDI-IA), criada em 1979, tendo em
conta os critérios para o diagnóstico da Depressão expressos no DSM-IV. O
instrumento original foi criado em 1961 e dava pelo nome de BDI (Beck, et al.,
1996).
55
A versão portuguesa desta escala foi elaborada para adolescentes por Martins e
seus colegas (2000). Os resultados preliminares de um estudo com adolescentes
(N=775) com uma média de idades de 16,9 anos (DP=1,25) demonstram uma
boa fidelidade ( =0,89). A média de pontuações para este amostra foi de 10,31α
(DP=8,43).
No entanto, durante o pré-teste várias pessoas expressaram críticas que
estavam ligadas ao facto de o BDI-II não prever a hipótese de melhoria dos
sintomas (por ex. Sinto-me menos triste do que antes).
2.3 Escala de Ligação Emocional à Natureza (ELEN)
A LEN, além de ser um indicador do contacto com a Natureza, está fortemente
associada à satisfação com a vida e ao bem-estar subjectivo (Kals et al., 1999;
Mayer & Frantz, 2004).
A versão original desta escala, a Connectedness to Nature Scale (CNS) foi
desenvolvida no sentido de compreender melhor a relação dos seres humanos
com a Natureza e exactamente com perspectivas de ser útil a quem quisesse
aprofundar o estudo da relação da Natureza com o bem-estar. No seu estudo de
validação (Mayer & Frantz, 2004) obteve uma boa fidelidade ( =0,84α ), uma boa
consistência de teste-reteste e correlacionou-se significativamente com medidas
semelhantes, um indicador da validade de construto.
56
A versão portuguesa foi traduzida por uma tradutora profissional, e depois
revista por uma segunda tradutora, experiente na tradução de questionários do
Inglês para o Português. As discrepâncias que encontrou foram mínimas, sendo
encontrada uma gralha e sugerida a mudança de pessoa verbal no cabeçalho (de
“tu” para “você”). A escala foi depois testada num grupo de 12 estudantes
universitários. Durante o pré-teste, um participante comentou que algumas
perguntas eram "demasiado abstractas", referindo-se como exemplo ao item 11
("Tal como uma árvore pode fazer parte de uma floresta, sinto-me pertença de
um mundo natural mais abrangente"). Mantivemo-nos no entanto fieis à versão
original, por ter sido a única opinião nesse sentido. Uma desvantagem deste
método é não haver garantia de equivalência semântica e cultural na população-
alvo. No entanto é um processo mais célere que o de back-translating
(Maneesriwongul & Dixon, 2004). Apesar de o item 12 não estar correlacionado
com os restantes (ver Anexo II), a escala obteve uma fidelidade boa ( =0,80α ) e
correlacionou-se positivamente com medidas de contacto com a Natureza
(ONGA, passado, presente, ar livre, ter animais, cuidar de animais e cuidar de
plantas, ver Anexo III), o que tal como na versão original ajuda à validade do
construto (Ribeiro, 2007).
O questionário completo foi sujeito a um teste prévio com 12 estudantes
universitários, que foram convidados a expressar qualquer dúvida ou questão
relacionada com o questionário. Na sequência do feedback que obtivemos,
fizemos pequenas alterações na página da frente e no questionário de
57
caracterização da relação com a Natureza, de modo a tornar as perguntas mais
claras.
Na capa do questionário, era pedida a colaboração dos estudantes para um
estudo cuja natureza se descrevia sucintamente. Foi garantido o anonimato e a
confidencialidade. Era ainda esclarecido que caso não quisessem responder,
podiam deixar o questionário em branco. Esta foi a maneira que encontrámos
de ultrapassar a dificuldade logística de pedir o consentimento informado a
todos os alunos individualmente.
3. Tipo de Estudo
A nossa investigação é um estudo observacional de carácter analítico,
constando apenas de uma avaliação, e uma amostra, sendo portanto transversal.
Por ser observacional limitamo-nos a recolher os dados da amostra sem efectuar
manipulações experimentais. Trata-se de um estudo por questionário baseado
em estatística correlacional (Ribeiro, 2007).
3.1 Definição das Variáveis
3.1.1 Variáveis principais
As variáveis principais deste estudo são a Depressão e o Contacto com a
Natureza.
A Depressão é uma perturbação do humor que afecta um grande parte da
58
população mundial, atravessando fronteiras e classes sociais. Como sintoma, a
depressividade está ainda presente numa grande parte das outras perturbações
psíquicas. Mesmo formas menos graves de depressão têm um peso considerável
no bem-estar das populações e nas economias (Beck et al., 1996; Rapaport et al.,
2002; WHO, 2001).
A Depressão é definida neste estudo num contínuo de depressividade que vai
desde a tristeza normal à Depressão grave. Considerámos o BDI-II a medida
mais apropriada para operacionalizar a Depressão, dada a facilidade de uso e
cotação, ao facto de ter boas qualidade métricas na mensuração da gravidade da
Depressão e ao facto de medir níveis sub-clínicos de depressão (Lambert &
Stephenson, 2004; Mehl, 2006).
O contacto com a Natureza constituiu a principal força evolutiva na nossa,
como de todas as outras espécies. É recente à escala evolutiva a alienação da
Natureza e especula-se sobre as suas consequências na saúde mental (Gullone,
2000; Wilson, 1993). Por outro lado, abunda a literatura sobre os benefícios da
Natureza na saúde, nomeadamente mental e para o bem-estar (ver revisões de
Frumkin, 2001; Maller et al., 2005).
O Contacto com a Natureza é definido neste estudo de uma forma plural, já que
são vários os elementos naturais a que estamos expostos diariamente e nem
todos com o mesmo potencial terapêutico, a fiar-nos na pesquisa disponível (de
59
Vries, 2006). Falamos portanto do contacto com jardins, parques naturais,
praias, plantas e animais domésticos. Distinguimos ainda um uso passivo da
Natureza de um uso activo que se manifesta em actividades ao ar livre e em
cuidar de seres vivos não-humanos (Pretty et al., 2005). Aferimos ainda a LEN,
que está associada a alguns traços de personalidade e crenças pró-ambientais,
sendo também um indicador do contacto com a Natureza (Kals et al., 1999;
Mayer & Frantz, 2004).
Esta variável é operacionalizada então através de um conjunto de perguntas
incluídas no questionário sócio-demográfico, e ainda da ELEN. O questionário
sócio-demográfico, foi criado por nós e é um instrumento adequado para obter
informação factual (Hill & Hill, 2000). A ELEN é uma escala com boas
qualidades métricas na sua versão original, e que decidimos adaptar para a
Língua Portuguesa pela sua relação com a satisfação com a vida, ausente ou
desconhecida noutras escalas semelhantes (Kals et al., 1999; Mayer & Frantz,
2004).
A mudança de casa e a entrada na universidade é uma fonte de stress agudo. A
mudança de ambiente físico seja ela mudança de casa ou desligamento de um
espaço verde implica uma adaptação emocional, pois o ambiente físico está
intimamente entrelaçado com o social (Iwasaki & Schneider, 2003; Pretty,
Griffin, Sellens & Pretty, 2003). Mais especificamente, a urbanização e a
separação da Natureza ao nível societal têm sido associadas por alguns autores
ao aumento da prevalência da depressão (Morris, 2003)
60
Há já alguma evidência de que o contacto precoce com a Natureza fomenta uma
maior LEN na idade adulta (Kals et al. 1999). Um alto nível de Natureza
próximo de casa parece também atenuar os efeitos do stress de vida em
adolescentes (Evans, 2000; Wells & Evans, 2003).
Contacto com a Natureza foi já relacionado com um multiplicidade de variáveis
relacionadas com a Depressão e com a Depressão em si (ver revisões por
Frumkin, 2001 e Maller et al., 2005).
O exercício físico é uma forma de coping que já deu provas de eficácia contra a
Depressão (Southwick et al, 2005). Pretty et al. (2005) defendem que o
exercício físico ao ar livre tem um efeito sinergético positivo no humor.
Ir de férias tem efeitos positivos duradouros no humor e na Depressão. A
recuperação depende do local, sendo mais acentuada quando as férias são em
lugares com sol e calor (Tarumi & Hagihara, 1999; Strauss-Blasche et al., 2005).
Animais e plantas domésticas parecem diminuir a ansiedade e ter um efeito
moderador no stress, inclusive em pessoas com depressão, sendo
frequentemente utilizadas para fins terapêuticos (Frumkin, 2001; Relf, 2005).
61
Estado de conservação da Natureza. Enquanto o contacto com Natureza bem
cuidada tem um efeito positivo no humor e auto-estima, já ver paisagens
degradadas parece ter um impacto negativo (Pretty et al., 2005).
3.1.2 Variáveis secundárias
As variáveis controladas foram medidas através do questionário sócio-
demográfico elaborado para o efeito, referido acima. Foi aferido o sexo, a idade,
o estado civil, a parentalidade, a coabitação, o estatuto laboral, a participação
em ONGAs e a afiliação religiosa de que seguidamente explicamos a
importância.
As diferenças entre o sexo masculino e feminino marcam a demografia da
depressão, pelo facto de ser 1,5 a 3 vezes mais frequente nas mulheres
(Bebbington, 2004), sendo definitivamente um factor a controlar. Há também a
notar que existem diferenças comportamentais nos mais diversos níveis entre
homens e mulheres, nomeadamente nas formas de coping (Southwick et al.,
2005).
A entrada para a universidade é para o jovem adulto um desafio, na idade em
que se define a identidade e se desenvolve a autonomia. Portanto é nesta altura
que se organiza o modo de se relacionar com o mundo (Diniz, 2005). Os
estudantes universitários têm uma média de 20,3 anos de idade na entrada para
a faculdade, mas há no entanto estudantes mais velhos, pelo que se torna
62
importante controlar esta variável (Eurostudent, 2005).
O estado civil, juntamente com as pessoas com quem se habita, são factores
importantes para o suporte social (Fuhrer, Stansfeld, Chemali & Shipley, 1999),
e este está relacionado com a saúde física e mental, incluindo a Depressão
(Paykel, 1994; Wilkinson & Marmot, 2003).
Os aspectos laborais estão relacionados com o stress e a saúde mental
(Wilkinson & Marmot, 2003). Maior carga de trabalho está associada a maior
stress e burnout em estudantes universitários (Kitzrow, 2003; Niebling &
Heckert, 1999).
A crença religiosa está relacionada com a depressão, na medida em que o apego
à religião que é um meio de coping usando frequentemente pelas mulheres
(Angst et al., 2002). A aderência a crenças judaico-cristãs foi por vezes
negativamente correlacionada com a aderência ao Novo Paradigma Ambiental
(uma medida de crenças pró-ambientais). No entanto esta correlação parece
dever-se à natureza intrinsecamente religiosa de um dos itens (Nooney,
Woodrum, Hoban & Clifford, 2003).
O trabalho de conservação da Natureza pode levar a um maior bem-estar
psicológico (Burls & Caan, 2005; Miles, Sullivan & Kuo, 1998), embora por
outro lado os activistas pareçam tender para altos níveis de burnout (Rush,
63
1997; Shaw, 2005). Considerámos também importante controlar esta variável
para identificar possíveis falsificações no sentido de realçar a importância da
Natureza.
4. Procedimentos
O questionário foi aplicado num único momento avaliativo. A amostra foi
recolhida em turmas do 1º ano de várias licenciaturas, através do contacto com
os professores. As amostras de psicologia e de engenharia do ambiente foram
obtidas contactando pessoalmente com os professores. Para as restantes
amostras, foi enviado um e-mail para várias listas de correspondência públicas
relacionadas com o ambiente (GAIA-geral e AMBIO), explicando sucintamente
o tema do estudo e pedindo a colaboração de professores universitários (ver
Anexo I).
O instrumentos que escolhemos foram reunidos num questionário para
aplicação em grupo o que segundo Oppenheim (1981), além de ser um método
conveniente diminui o risco de haver enviesamento por influência do
entrevistador, ao mesmo tempo que há algum controlo sobre possíveis enganos
e mal-entendidos, comuns nos questionários por correio ou e-mail. Por outro
lado apresenta um considerável risco de falsificações maliciosas ou respostas
“ao calhas”
64
Das respostas recebidas foram seleccionadas as provenientes da área da
Grande Lisboa e do Porto. Para os respondentes do Porto foi enviado por
correio um pacote que incluía instruções, um conjunto de questionários, e
envelopes auto-endereçados para a devolução dos questionários preenchidos. As
instruções dadas a todos os professores eram de que deveriam aplicar os
questionários no fim da aula e que deveriam ler em voz alta para a turma as
instruções da página inicial. No caso da faculdade de psicologia foi o próprio
investigador a fazê-lo, na presença do professor.
A amostra foi recolhida num intervalo temporal o mais reduzido possível para
evitar possíveis alterações do resultados devidas a uma maior distância das
férias ou época de exames.
65
III – Resultados
Os dados obtidos, depois de cotados foram analizados usando o SPSS 15.0 for
Windows. Para comparação entre grupos, dada a dimensão da amostra,
puderam ser usados testes paramétricos. Foi usado o teste t para diferenças
entre dois grupos e a ANOVA para mais de dois grupos. Para a relação entre
variáveis contínuas, foram calculadas as correlações.
Depressão
Seguindo a classificação proposta por Beck e colegas (1996), a grande maioria
da amostra (81,3%) tinha níveis de Depressão mínimos. Havia uma
percentagem de 10,6% com Depressão ligeira, 6,6% tinha níveis moderados e
1,5% obteve uma pontuação no BDI-II que remete para uma depressão grave. Os
resultados seguem detalhados no Quadro 18.
Quadro 18 - Frequências absolutas e relativas para a Depressão
Homens Mulheres Total (%)
Mínima 122 200 322 (81,3)
Ligeira 7 35 42 (10,6)
Moderada 8 18 26 (6,6)
Grave 1 5 6 (1,5)
Total 138 258 396 (100)
Depressão e LEN
Para responder se haveria relação entre a Depressão e a LEN, foi efectuado um
66
teste correlação de Pearson, não sendo encontrada uma correlação
estatisticamente significativa com entre o BDI-II e a ELEN (r=0,001). Apenas
foi encontrada uma correlação fraca mas significativa entre o item 4 da ELEN
(“Sinto-me muitas vezes desligado da Natureza.”) e o BDI-II (r=-0,11; p=0,04;
ver Anexo II). Sendo o item 4 invertido, a interpretação é directa apesar da
correlação ter sinal negativo. Quanto maior a cotação deste item, maior tende a
ser a depressão.
Depressão e contacto com a Natureza
Após a realização de testes t e de correlação entre a Depressão e as variáveis de
contacto com a Natureza, foi encontrada uma correlação estatisticamente
significativa entre a Depressão e a participação em actividades ao ar livre
(Quadro 19). A correlação é negativa, ou seja, quanto mais elevados os valores
da Depressão mais tendiam a ser baixos os valores de participação em
actividades ao ar livre (r=-0,17; p=0,001). Por verificarmos que os homens são
mais praticantes de actividades ao ar livre do que as mulheres (ver Quadro 11),
calculámos o coeficiente de correlação separado por sexo verificando-se que no
sexo feminino não existe uma correlação significativa entre as duas variáveis, ao
contrário do que se verificou para o sexo masculino (r=-0,26; p=0,01; ver
Quadro 19).
67
Quadro 19 - Coeficientes de correlação entre a Depressão e o contacto passado, contacto actual,
actividade ao ar livre, estado de conservação e férias.
Depressão e contacto com a Natureza
rho p
passado 0,01 ns
presente -0,06 ns
ar livre -0,17 0,001
- homens -0,26 0,01
- mulheres -0,06 ns
estado -0,10 0,045
ns – correlação não significativa
Foi ainda encontrada uma correlação entre a Depressão e a percepção do
estado do ambiente. Quanto mais deprimidas estão as pessoas desta amostra,
pior é a percepção que têm do estado do ambiente (r=-0,10; p=0,045; ver
Quadro 19).
Os resultados dos restantes testes estatísticos para a Depressão e as variáveis
de caracterização do contacto com a Natureza não foram estatisticamente
significativos.
Depressão e variáveis sócio-demográficas
Foram realizados testes t e ANOVA, conforme apropriado, para a Depressão e
as variáveis sócio-demográficas. De acordo com os resultados do teste t (Quadro
68
20), as mulheres encontravam-se em média mais deprimidas do que os homens
(t=2,5; p=0,01). Não foram encontradas outras relações estatisticamente
significativas para as restantes variáveis de caracterização sócio-demográfica.
Quadro 20 - Estatísticas descritivas para a Depressão de acordo com o sexo e resultado do teste t.
Sexo N Média D. padrão t p
Depressão feminino 252 8,9 7,1
masculino 133 7,0 6,92,5 0,01
69
IV – Discussão
A Natureza parece estar relacionada com o bem-estar psicológico e saúde
mental de diversas maneiras (Frumkin, 2001). Vários estudos indicam que pode
melhorar o humor depressivo e aliviar o stress (por ex. Van der Berg et al.,
2003), melhorar a satisfação com a vida (Mayer & Frantz, 2004), entre outras
variáveis relacionadas com a Depressão. Procurámos com este estudo expandir
a pesquisa dos benefícios da Natureza na Depressão. Discutiremos agora os
resultados signicativos encontrados e como respondem às questões de
investigação proposta: a Depressão e a LEN, o contacto com a Natureza e as
variáveis sócio-demográficas.
Depressão
Baseado nos resultados do BDI-II, há nesta amostra um total de 18,9% de
participantes com níveis pelo menos ligeiros de Depressão. Estes resultados
estão perto dos encontrados noutros estudos com amostras universitárias
(15,5%) (Pereira et al., 2006).
Depressão e a LEN
Apenas encontrámos correlação com a Depressão num item da ELEN, “Sinto-
me desligado da Natureza”. Nos restantes itens e na escala como um todo, não
parece haver relação entre a LEN e a Depressão. Encontramos para estes dados
várias explicações possíveis. Em primeiro lugar pode ser que as pessoas não se
desliguem da Natureza por estarem deprimidas. Pelo contrário, há investigação
70
que indica uma maior preferência por ambientes naturais em pessoas com o
humor deprimido, ou com fadiga provocada (Hartig & Staats, 2006; Korpela,
2003). O mesmo poderá acontecer com a Depressão, o que explicaria esta
inesperada ausência de correlação.
Há ainda a considerar que a grande maioria das pessoas apresentava resultados
no BDI-II a um nível mínimo. Pode ser que, visto não se tratar duma população
clínica, as diferenças terem sido pouco salientes.
Outros autores (Mayer & Frantz, 2004) encontraram que a LEN é um factor
muito relevante para a satisfação com a vida. Apesar desta estar fortemente
correlacionada com a Depressão (Koivumaa-Honkanen et al., 2001), as duas
variáveis não são equivalentes. Uma diferença que nos parece saliente é que a
satisfação com a vida é uma medida de saúde positiva. A LEN poderá estar mais
relacionada com esse campo do que com o da psicopatologia.
Actividades ao ar livre
A participação em actividades ao livre está significativamente correlacionada
com níveis mais baixos de Depressão nos homens. O facto de haver uma relação
entre estas variáveis não implica uma causalidade, e muito menos uma direção
causal. No entanto, duas interpretações distintas destes dados podem ser tentadas.
Por um lado vão ao encontro das conclusões de um estudo recente em que o
exercício verde efectuou melhorias do humor depressivo (Peacock et al., 2007). O
efeito positivo do exercício físico na depressão foi também já solidamente
demonstrado (ver revisão realizada por Southwick, et al., 2005). Não temos
71
contudo dados suficiente para decidir se neste caso a relação entre as actividades
ao ar livre e a Depressão se deve aos elementos naturais presentes na paisagem, ao
exercício físico, ou ainda a uma sinergia entre os dois.
Noutra direção teria a ver com uma fraca auto-imagem e auto-confiança nas
pessoas deprimidas, que parece diminuir a probabilidade de virem a participar em
tais actividades (Ogden, 2000/2004; Sallis et al., 1989). Com base nos nossos
números, apenas podemos reproduzir a dúvida de outros autores num estudo
sobre o exercício físico (Kritz-Silverstein, Barret-Connor & Corbeau, 2001): será
que as pessoas deprimidas praticam menos actividades ao ar livre ou que as
actividades ao ar livre diminuem a Depressão ?
As diferenças de género encontradas nesta variável podem dever-se à baixa
percentagem de mulheres que praticam actividades ao ar livre regularmente. Pode
ainda dever-se a diferenças no tipo de actividades ao ar livre que praticam as
mulheres, factor que desconhecemos.
Estado de conservação da Natureza
Foi também encontrada uma correlação entre a Depressão e o estado de
conservação da Natureza com que as pessoas têm normalmente contacto. De novo,
pelo menos duas interpretações são possíveis. Primeiro, poderão estar em ação os
esquemas cognitivos negativistas característicos das pessoas deprimidas, que
tenderiam a percepcionar a Natureza pior conservada do que de facto ela está. Esta
hipótese é apoiada pelo facto desta avaliação ser altamente subjectiva e logo mais
propensa a estes enviesamentos cognitivos (Beck et al., 1982). Por outra, está
72
documentado um efeito depressivo no humor e auto-estima do visionamento de
imagens de natureza degradada (Pretty et al., 2005). Poderíamos assim especular
que a qualidade e não a frequência do contacto com a Natureza é importante na
relação com a Depressão.
Depressão e variáveis sócio-demográficas
O teste t realizado em relação à variável sexo (t=2,5; p=0,01) indica que as
mulheres estão em média mais deprimidas do que os homens. Esta relação não
é surpreendente e está bem documentada. As explicações para esta discrepância
podem ser encontradas, como já referimos, em causas hormonais, na pressão
social sobre as mulheres em idade reprodutiva e ao desiquilíbrio de poder entre
géneros, ou segundo ainda outros autores, na tendência masculina a ver alguns
sintomas de depressão como indesejáveis sinais de fraqueza que preferem não
assumir (Bebbington, 2004; Hunt et al., 2003).
73
V – Conclusão
Neste estudo não se encontrou uma relação significativa entre as variáveis
principais, à excepção de um item da ELEN, que se correlaciona inversamente
com a Depressão. Já o contacto com a Natureza, na forma de actividades ao ar
livre, está relacionado com níveis mais baixos de Depressão nos homens. A
avaliação do estado de conservação da Natureza que rodeia os sujeitos está
igualmente relacionada com a Depressão, também no sentido inverso: quanto
melhor a apreciação do estado de conservação da Natureza, menor tende a ser a
Depressão. As restantes variáveis de contacto com a Natureza que controlámos
não se correlacionaram com a Depressão. Foram ainda encontradas diferenças
entre géneros na Depressão, que pesa em média mais sobre as mulheres.
A LEN estará provavelmente mais associada a medidas de bem-estar e saúde
positiva enquanto que com patologias específicas terá uma relação mais
distante. A pesquisa futura deverá esclarecer as duas possibilidades: Ligação à
Natureza como fonte de bem-estar e desligamento como fonte de mal-estar.
O instrumento para medir a LEN pode ainda não ter sido bem adaptado à
cultura portuguesa. Foi registado durante o pré-teste a opinião de um estudante
de que alguns itens seriam demasiado vagos, e ainda o facto do item 12
(“Quando penso no meu lugar na Terra, considero-me como membro
privilegiado da hierarquia que existe na Natureza.”) não se correlacionar com o
resto da escala. Apesar destas limitações há que contrapôr que tem qualidades
74
métricas prometedoras e uma boa relação com variáveis teoricamente
associadas. Para pesquisas futuras será aconselhável utilizar um método de
tradução que garanta a equivalência cultural, ou criar um novo instrumento de
raíz.
Na nossa amostra ficou claro que a frequência do contacto com a Natureza por
si não está relacionada com sintomas depressivos. No entanto o caso é diferente
quando falamos de actividades ao ar livre, especialmente no sexo masculino.
Próximos passos de pesquisa deverão esclarecer em que tipo de actividades esta
relação é mais forte e qual o papel do contacto com a Natureza.
Devido à grande amplitude de respostas, que vão desde 1 dia a vários anos,
somos levados a pensar que os participantes tinham grandes diferenças em
relação ao que consideram férias. Férias de lazer, pausa académica, férias de
Verão, saída do local habitual ou do país? A falta de problematização deste
conceito foi uma limitação deste estudo que nos impede de ser conclusivos em
relação aos resultados desta variável.
O estado de conservação da Natureza influência a depressividade, as pessoas
mais deprimidas tendem a “pintá-la de cinzento” ou ambos? Só com futuros
estudos se poderá esclarecer esta questão.
Parece-nos portanto legítimo concluir que a relação da Natureza com a
75
Depressão é mais facilmente encontrada no tipo e na qualidade do contacto que
se estabelece do que na frequência dessa contacto.
Se queremos ser conclusivos quanto à importância do contacto com a Natureza
na Depressão será necessário estudar populações clínicas ou pelo menos com
maior depressividade. A escolha de um população não-clínica pode ter limitado
os resultados ou mesmo camuflados possíveis diferenças. Além do mais, o
desconhecimento da representatividade da amostra impossibilita a
generalização dos resultados e das conclusões.
76
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ANEXO I - Instrumentos
Este questionário é anónimo e confidencial,
e os dados recolhidos serão usados para fins estatísticos.
Estamos a estudar a relação entre o contacto com a natureza e o humor.
Se não desejar participar, por favor deixe o questionário em branco.
Caso contrário, responda com a maior consciência e sinceridade possível.
Muito obrigado pela participação.
1. Sexo:
Masculino↺ Feminino↺
2. Idade:_____
3. Estado civil:
↺ Solteiro ↺ Casado ↺ Divorciado ↺ Outro. Qual?________________________
4. Tem filhos?
Sim↺ Não↺
5. Com quem vive?
↺ Marido/Mulher, Companheiro/a ↺ Filhos ↺ Pais ↺ Sozinho/a ↺ Outros Quais?_____________________
6. É trabalhador estudante?
Sim↺ Não↺
7. Está ou esteve envolvido em alguma organização de defesa do ambiente?
Sim↺ Não↺
8. Tem alguma crença religiosa?
Sim↺ Não↺
Se sim, qual?___________________
As seguintes questões destinam-se a descrever o melhor possível o seu contacto com a natureza.Por favor marque com um “X” a resposta mais correta e complete a informação quando apropriado.
1. Mudei de casa quando vim para a universidade?
Sim↺ Sim, e onde morava antes tinha mais contacto com a natureza↺ Não↺
2. Na minha infância tive contacto com a natureza (em jardins, parques naturais, praias ou outros locais)Todos os dias Semanalmente Mensalmente Nas férias Quase nunca
↺ ↺ ↺ ↺ ↺
3. Actualmente tenho contacto com a natureza (em jardins, parques naturais, praias ou outros locais)Todos os dias Semanalmente Mensalmente Nas férias Quase nunca
↺ ↺ ↺ ↺ ↺
4. Participo em actividades ao ar livre (por ex. montanhismo, surf, vela, hipismo etc.)?Todos os dias Semanalmente Mensalmente Nas férias Quase nunca
↺ ↺ ↺ ↺ ↺
5. Há quanto tempo foram as minhas últimas férias? _____________________________________
6. A última vez que fui de férias estive
↺ Na Praia ↺ No Campo ↺ Na Cidade ↺ Na Montanha
↺ Em Termas ↺ Em Barragens ou Lagos ↺ Outro local_______________________________
7. Tenho animais de estimação?
Sim↺ Sim, e costumo cuidar deles↺ Não↺
8. Tenho plantas em casa ou num quintal?
Sim↺ Sim, e costumo cuidar delas↺ Não↺
9. A Natureza com que tenho tido contacto directo está em geral num estado de conservaçãoMuito mau Mais ou menos Muito bom
1 2 3 4 5
Responda a cada uma destas questões de acordo com o que sente geralmente. Não existem respostas certas ou erradas.
No espaço apropriado e, utilizando a seguinte escala, descreva, de forma tão sincera e cândida quanto puder, o que está a vivenciar presentemente.
1 2 3 4 5
Discordo profundamente Neutro Concordo profundamente
1. Sinto muitas vezes uma sensação de comunhão com o mundo natural à minha volta. 1 2 3 4 5
2. Penso no mundo natural como uma comunidade à qual pertenço. 1 2 3 4 5
3. Reconheço e aprecio a inteligência de outros organismos vivos. 1 2 3 4 5
4. Sinto-me muitas vezes desligado da natureza. 1 2 3 4 5
5. Quando penso na minha vida, imagino-me como parte de um processo maior do ciclo
da vida. 1 2 3 4 5
6. Sinto muitas vezes uma forte empatia com animais e plantas. 1 2 3 4 5
7. Sinto que pertenço à Terra na mesma medida em que ela me pertence. 1 2 3 4 5
8. Tenho uma compreensão profunda de como as minhas acções afectam o mundo
natural. 1 2 3 4 5
9. Sinto-me muitas vezes como parte da teia da vida. 1 2 3 4 5
10. Sinto que todos os habitantes da Terra, humanos e não humanos, partilham uma
“força da vida” comum. 1 2 3 4 5
11. Tal como uma árvore pode fazer parte de uma floresta, sinto-me pertença de um
mundo natural mais abrangente. 1 2 3 4 5
12. Quando penso no meu lugar na Terra, considero-me como membro privilegiado da
hierarquia que existe na natureza. 1 2 3 4 5
13. Sinto muitas vezes que sou apenas uma parte ínfima do mundo natural que me
envolve e que não sou mais importante do que a relva no solo ou que os pássaros nas
árvores. 1 2 3 4 5
14. O meu bem-estar pessoal é independente do bem-estar do mundo natural. 1 2 3 4 5
O questionário seguinte consiste em 21 grupos de afirmações. Por favor leia cada grupo cuidadosamente, e escolha em cada um a afirmação que melhor descreve o
modo como se tem sentido durante as passadas duas semanas, incluindo o dia de hoje.Assinale com um X o quadrado que antecede a afirmação que escolheu. Poderão haver várias
afirmações num mesmo grupo que lhe pareçam adequadas, no entanto, só deve escolher a mais adequada, assegure-se de não ter escolhido mais do que uma afirmação por grupo.
1. Tristeza a. Não me sinto triste ↺b. Sinto-me triste muitas vezes ↺c. Sinto-me sempre triste ↺d. Sinto-me tão triste ou infeliz que já não o suporto↺
2. Pessimismo a. Não me sinto desencorajado em relação ao futuro ↺b. Sinto-me mais desencorajado em relação ao futuro do que costumava ↺c. Já não espero que os meus problemas se resolvam ↺d. Não tenho qualquer esperança no futuro e acho que tudo só pode piorar↺
3. Fracassos Passados a. Não me considero um falhado ↺b. Fracassei mais vezes do que deveria ↺c. Quando considero o meu passado, o que noto é uma quantidade de fracassos ↺d. Sinto-me completamente falhado como pessoa↺
4. Perda de Prazer a. Tenho tanto prazer como costumava ter com as coisas que eu gosto ↺b. Eu não gosto tanto das coisas como costumava ↺c. Tenho pouco prazer com as coisas que eu costumava gostar ↺d. Não obtenho qualquer prazer das coisas que eu costumava gostar↺
5. Sentimentos de Culpa a. Não me sinto particularmente culpado ↺b. Sinto-me culpado por muitas coisas que fiz ou deveria ter feito ↺c. Sinto-me bastante culpado a maioria das vezes ↺d. Sinto-me culpado durante o tempo todo↺
6. Sentimentos de Punição a. Não sinto que estou a ser castigado ↺b. Sinto que posso ser castigado ↺c. Espero vir a ser castigado ↺d. Sinto que estou a ser castigado↺
7. Auto-Depreciação a. Aquilo que acho de mim é o que sempre achei ↺b. Perdi confiança em mim próprio ↺c. Estou desapontado comigo mesmo ↺d. Eu não gosto de mim↺
8. Auto-Criticismo a. Não me culpo ou critico mais do que o habitual ↺b. Critico-me mais do que o que costumava ↺c. Critico-me por todas as minhas falhas ↺d. Culpo-me por tudo o que de mal me acontece↺
9. Pensamentos ou Desejos Suicidas a. Não tenho qualquer ideia de me matar ↺b. Tenho ideias de me matar mas não as levaria a cabo ↺c. Gostaria de me matar ↺d. Matar-me-ia se tivesse oportunidade↺
10. Choro a. Não choro mais do que costumava ↺b. Choro mais do que costumava ↺c. Choro por tudo e por nada ↺d. Apetece-me chorar, mas já não consigo↺
11. Agitação a. Não me sinto mais inquieto que o normal ↺b. Sinto-me mais inquieto que o habitual ↺c. Estou tão inquieto ou agitado que é difícil parar quieto ↺d. Estou tão inquieto ou agitado que tenho que me manter em movimento ou fazer alguma coisa↺
12. Perda de Interesse a. Não perdi o interesse nas outras pessoas ou nas minhas actividades ↺b. Estou menos interessado pelas coisas e pelas outras pessoas do que antes ↺c. Perdi a maioria do meu interesse nas coisas e nas outras pessoas ↺d. É difícil interessar-me por qualquer coisa que seja↺
13. Indecisão a. Tomo decisões como sempre o fiz ↺b. Acho mais difícil tomar decisões que o habitual ↺c. Tenho muito mais dificuldade em tomar decisões do que antigamente ↺d. Sinto-me incapaz de tomar qualquer decisão↺
14. Sentimentos de Inutilidade a. Não me considero um incapaz/inútil ↺b. Não me considero tão válido e útil como costumava ↺c. Sinto-me mais inútil, em relação às outras pessoas ↺d. Sinto-me completamente inútil↺
15. Perda de Energia a. Tenho a mesma energia de sempre ↺b. Sinto-me com menos energia do que o habitual ↺c. Não me sinto com energia para muitas coisas ↺d. Não me sinto com energia para nada↺
16. Alterações do Padrão de Sono a. Não notei qualquer mudança no meu sono ↺b. Durmo um pouco mais do que o habitual ↺c. Durmo um pouco menos do que o habitual ↺d. Durmo muito mais que o habitual ↺e. Durmo muito menos que o habitual ↺f. Durmo a maioria do tempo durante o dia ↺g. Acordo cerca de 1 a 2 horas mais cedo que o costume e não consigo voltar a dormir↺
17. Irritabilidade a. Não estou mais irritável que o normal ↺b. Estou mais irritável que o habitual ↺c. Estou muito mais irritável que o normal ↺d. Estou irritável o tempo todo↺
18. Alterações do Apetite a. Não notei qualquer alteração do apetite ↺b. Tenho um pouco menos apetite que o habitual ↺c. Tenho um pouco mais de apetite que o habitual ↺d. O meu apetite é muito menor que o habitual ↺e. O meu apetite é muito maior que o habitual ↺f. Perdi por completo o apetite ↺g. Anseio por comida o tempo todo↺
19. Dificuldades de Concentração a. Concentro-me tão bem como antes ↺b. Não me consigo concentrar tão bem como antes ↺c. É difícil manter as minhas ideias em qualquer coisa por muito tempo ↺d. Acho que não me consigo concentrar em nada↺
20. Cansaço ou Fadiga a. Não estou mais cansado/fatigado que o habitual ↺b. Canso-me mais facilmente que o costume ↺c. Estou demasiado cansado/fatigado para fazer uma série de coisas que costumava fazers ↺d. Estou demasiado cansado ou fatigado para fazer a maioria das coisas que costumava fazer↺
21. Perda de Interesse Sexuala. Não notei qualquer alteração recente no meu interesse sexual↺b. Sinto-me menos interessado sexualmente do que o habitual ↺c. Actualmente sinto-me muito menos interessado pela vida sexual ↺d. Perdi completamente o interesse que tinha pela vida sexual↺
Agradecemos a participaçãoPor favor verifique se respondeu a todas as questões
ANEXO II – Correlações ELEN - BDI-II
Correlations
CNS1 CNS2 CNS3 iCNS4 CNS5 CNS6 CNS7 CNS8 CNS9 CNS10 CNS11 iCNS12 CNS13 iCNS14 CNSTOT BDIToTCNS1 Pearson Correlation 1 ,569(**) ,314(**) ,329(**) ,255(**) ,333(**) ,363(**) ,180(**) ,354(**) ,320(**) ,427(**) -,179(**) ,198(**) ,130(*) ,550(**) -,051 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,010 ,000 ,315 N 393 393 390 382 391 389 382 391 383 390 387 388 389 391 393 393CNS2 Pearson Correlation ,569(**) 1 ,417(**) ,333(**) ,349(**) ,371(**) ,430(**) ,317(**) ,468(**) ,420(**) ,487(**) -,158(**) ,212(**) ,186(**) ,636(**) -,090 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,002 ,000 ,000 ,000 ,075 N 393 394 391 383 391 390 383 392 384 391 388 389 390 392 394 394CNS3 Pearson Correlation ,314(**) ,417(**) 1 ,217(**) ,256(**) ,412(**) ,335(**) ,239(**) ,337(**) ,328(**) ,345(**) -,060 ,237(**) ,246(**) ,580(**) ,094 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,241 ,000 ,000 ,000 ,064 N 390 391 391 381 388 387 381 389 382 389 386 387 388 389 391 391iCNS4 Pearson Correlation ,329(**) ,333(**) ,217(**) 1 ,113(*) ,255(**) ,247(**) ,162(**) ,159(**) ,189(**) ,216(**) -,057 ,033 ,255(**) ,438(**) -,105(*) Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,027 ,000 ,000 ,002 ,002 ,000 ,000 ,272 ,522 ,000 ,000 ,040 N 382 383 381 383 380 379 374 381 374 381 378 379 380 381 383 383CNS5 Pearson Correlation ,255(**) ,349(**) ,256(**) ,113(*) 1 ,344(**) ,418(**) ,239(**) ,491(**) ,398(**) ,394(**) -,112(*) ,219(**) ,174(**) ,572(**) ,050 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,027 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,028 ,000 ,001 ,000 ,327 N 391 391 388 380 391 387 380 389 381 388 385 386 387 389 391 391CNS6 Pearson Correlation ,333(**) ,371(**) ,412(**) ,255(**) ,344(**) 1 ,395(**) ,251(**) ,354(**) ,363(**) ,416(**) -,143(**) ,246(**) ,174(**) ,604(**) -,049 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,005 ,000 ,001 ,000 ,333 N 389 390 387 379 387 390 379 388 380 387 384 385 386 388 390 390CNS7 Pearson Correlation ,363(**) ,430(**) ,335(**) ,247(**) ,418(**) ,395(**) 1 ,366(**) ,473(**) ,438(**) ,482(**) -,173(**) ,241(**) ,217(**) ,672(**) -,059 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,000 ,000 ,250 N 382 383 381 374 380 379 383 382 376 382 379 380 381 382 383 383CNS8 Pearson Correlation ,180(**) ,317(**) ,239(**) ,162(**) ,239(**) ,251(**) ,366(**) 1 ,472(**) ,225(**) ,330(**) -,159(**) ,284(**) ,162(**) ,508(**) ,013 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,002 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,002 ,000 ,001 ,000 ,800 N 391 392 389 381 389 388 382 392 384 390 387 389 389 391 392 392CNS9 Pearson Correlation ,354(**) ,468(**) ,337(**) ,159(**) ,491(**) ,354(**) ,473(**) ,472(**) 1 ,533(**) ,602(**) -,143(**) ,267(**) ,168(**) ,710(**) ,060 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,002 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,005 ,000 ,001 ,000 ,243 N 383 384 382 374 381 380 376 384 384 383 380 382 382 383 384 384CNS10 Pearson Correlation ,320(**) ,420(**) ,328(**) ,189(**) ,398(**) ,363(**) ,438(**) ,225(**) ,533(**) 1 ,608(**) -,220(**) ,264(**) ,130(*) ,634(**) -,007 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,010 ,000 ,895 N 390 391 389 381 388 387 382 390 383 391 388 389 390 390 391 391CNS11 Pearson Correlation ,427(**) ,487(**) ,345(**) ,216(**) ,394(**) ,416(**) ,482(**) ,330(**) ,602(**) ,608(**) 1 -,279(**) ,289(**) ,173(**) ,696(**) -,073 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,001 ,000 ,150 N 387 388 386 378 385 384 379 387 380 388 388 386 387 387 388 388iCNS12 Pearson Correlation -,179(**) -,158(**) -,060 -,057 -,112(*) -,143(**) -,173(**) -,159(**) -,143(**) -,220(**) -,279(**) 1 ,019 -,039 -,066 ,050 Sig. (2-tailed) ,000 ,002 ,241 ,272 ,028 ,005 ,001 ,002 ,005 ,000 ,000 ,707 ,446 ,191 ,326 N 388 389 387 379 386 385 380 389 382 389 386 389 388 388 389 389CNS13 Pearson Correlation ,198(**) ,212(**) ,237(**) ,033 ,219(**) ,246(**) ,241(**) ,284(**) ,267(**) ,264(**) ,289(**) ,019 1 ,048 ,491(**) -,022 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,522 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,707 ,346 ,000 ,661 N 389 390 388 380 387 386 381 389 382 390 387 388 390 389 390 390iCNS14 Pearson Correlation ,130(*) ,186(**) ,246(**) ,255(**) ,174(**) ,174(**) ,217(**) ,162(**) ,168(**) ,130(*) ,173(**) -,039 ,048 1 ,378(**) ,095 Sig. (2-tailed) ,010 ,000 ,000 ,000 ,001 ,001 ,000 ,001 ,001 ,010 ,001 ,446 ,346 ,000 ,059 N 391 392 389 381 389 388 382 391 383 390 387 388 389 392 392 392CNSTOT Pearson Correlation ,550(**) ,636(**) ,580(**) ,438(**) ,572(**) ,604(**) ,672(**) ,508(**) ,710(**) ,634(**) ,696(**) -,066 ,491(**) ,378(**) 1 -,006 Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,191 ,000 ,000 ,910 N 393 394 391 383 391 390 383 392 384 391 388 389 390 392 394 394BDIToT Pearson Correlation -,051 -,090 ,094 -,105(*) ,050 -,049 -,059 ,013 ,060 -,007 -,073 ,050 -,022 ,095 -,006 1 Sig. (2-tailed) ,315 ,075 ,064 ,040 ,327 ,333 ,250 ,800 ,243 ,895 ,150 ,326 ,661 ,059 ,910
N 393 394 391 383 391 390 383 392 384 391 388 389 390 392 394 397
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).* Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
ANEXO III – Quadros adicionais
Teste T por cidade
Group Statistics
cidade N Mean Std. Deviation Std. Error MeanLigação natureza Lisboa 126 33,8413 8,22524 ,73276 Porto 225 31,5556 7,17932 ,47862
Independent Samples Test
Levene's Test for Equality of Variances t-test for Equality of Means
F Sig. t df Sig. (2-tailed) Mean Difference Std. Error Difference 95% Confidence Interval of the Difference
Upper LowerLigação natureza Equal variances assumed
1,596 ,207 2,713 349 ,007 2,28571 ,84237 ,62895 3,94248
Equal variances not assumed 2,612 230,953 ,010 2,28571 ,87523 ,56127 4,01016
ANOVA Oneway por faculdades
Descriptives
N Mean Std. Deviation Std. Error 95% Confidence Interval for Mean Minimum Maximum
Lower Bound Upper BoundLigação natureza Farm 120 30,6083 7,28334 ,66487 29,2918 31,9249 11,00 48,00 Eng Amb 60 35,1333 8,08528 1,04381 33,0447 37,2220 15,00 52,00 Cienc 37 33,8378 7,44802 1,22445 31,3545 36,3211 21,00 52,00 Eng 1 68 31,9853 6,60505 ,80098 30,3865 33,5841 17,00 47,00 Psi 55 32,8364 8,60182 1,15987 30,5110 35,1618 10,00 47,00 Eng 2 11 31,8182 6,35324 1,91557 27,5500 36,0863 16,00 38,00 Total 351 32,3761 7,63906 ,40774 31,5741 33,1780 10,00 52,00
ANOVA
Sum of Squares df Mean Square F Sig.Ligação natureza Between Groups 935,658 5 187,132 3,313 ,006 Within Groups 19488,701 345 56,489 Total 20424,359 350
ANOVA Oneway por idades
Descriptives
N Mean Std. Deviation Std. Error 95% Confidence Interval for Mean Minimum Maximum
Lower Bound Upper BoundLigação natureza <= 18 21 34,0952 7,21737 1,57496 30,8099 37,3805 18,00 49,00 19 - 22 215 31,5953 7,86801 ,53659 30,5377 32,6530 10,00 52,00 23 - 26 79 32,6329 6,91186 ,77764 31,0847 34,1811 17,00 48,00 27+ 34 35,4412 7,51238 1,28836 32,8200 38,0624 19,00 52,00 Total 349 32,3553 7,65565 ,40980 31,5493 33,1613 10,00 52,00
ANOVA
Sum of Squares df Mean Square F Sig.Ligação natureza Between Groups 517,601 3 172,534 2,994 ,031 Within Groups 19878,342 345 57,618 Total 20395,943 348
Teste t por ONGA
Group Statistics
Onga N Mean Std. Deviation Std. Error MeanLigação natureza não 316 32,0538 7,47314 ,42040 sim 34 35,2941 8,70921 1,49362
Independent Samples Test
Levene's Test for Equality of Variances t-test for Equality of Means
F Sig. t df Sig. (2-tailed) Mean Difference Std. Error Difference 95% Confidence Interval of the Difference
Upper LowerLigação natureza Equal variances assumed
2,150 ,143 -2,363 348 ,019 -3,24032 1,37154 -5,93786 -,54278
Equal variances not assumed -2,088 38,410 ,043 -3,24032 1,55165 -6,38037 -,10027
Teste t por ter animais
Group Statistics
animais1 N Mean Std. Deviation Std. Error MeanLigação natureza Sim 212 33,3632 7,60551 ,52235 Não 139 30,8705 7,46862 ,63348
Independent Samples Test
Levene's Test for Equality of Variances t-test for Equality of Means
F Sig. t df Sig. (2-tailed) Mean Difference Std. Error Difference 95% Confidence Interval of the Difference
Upper LowerLigação natureza Equal variances assumed
,002 ,962 3,024 349 ,003 2,49270 ,82418 ,87172 4,11369
Equal variances not assumed 3,036 299,039 ,003 2,49270 ,82106 ,87691 4,10850
Teste t por cuidar animais
Group Statistics
animais2 N Mean Std. Deviation Std. Error MeanLigação natureza Nao 219 30,7945 7,25731 ,49040 Sim 132 35,0000 7,55943 ,65796
Independent Samples Test
Levene's Test for Equality of Variances t-test for Equality of Means
F Sig. t df Sig. (2-tailed) Mean Difference Std. Error Difference 95% Confidence Interval of the Difference
Upper LowerLigação natureza Equal variances assumed
,029 ,864 -5,177 349 ,000 -4,20548 ,81234 -5,80318 -2,60777
Equal variances not assumed -5,125 267,388 ,000 -4,20548 ,82062 -5,82117 -2,58979
Teste t por cuidar plantas
Group Statistics
plantas2 N Mean Std. Deviation Std. Error MeanLigação natureza Nao 264 31,4508 7,43626 ,45767 Sim 87 35,1839 7,60130 ,81494
Independent Samples Test
Levene's Test for Equality of Variances t-test for Equality of Means
F Sig. t df Sig. (2-tailed) Mean Difference Std. Error Difference 95% Confidence Interval of the Difference
Upper LowerLigação natureza Equal variances assumed
,005 ,941 -4,039 349 ,000 -3,73315 ,92435 -5,55114 -1,91516
Equal variances not assumed -3,994 144,114 ,000 -3,73315 ,93466 -5,58057 -1,88573
CorrelaçõesCorrelations
Ligação natureza passado presente arlivre estado feriasLigação natureza Pearson Correlation 1 ,137(*) ,157(**) ,167(**) ,069 -,118(*) Sig. (2-tailed) ,010 ,003 ,002 ,199 ,031 N 351 350 351 351 346 335passado Pearson Correlation ,137(*) 1 ,454(**) ,098 ,163(**) -,157(**) Sig. (2-tailed) ,010 ,000 ,051 ,001 ,002 N 350 395 395 395 390 377presente Pearson Correlation ,157(**) ,454(**) 1 ,317(**) ,069 -,146(**) Sig. (2-tailed) ,003 ,000 ,000 ,174 ,005 N 351 395 396 396 391 378arlivre Pearson Correlation ,167(**) ,098 ,317(**) 1 -,049 ,004 Sig. (2-tailed) ,002 ,051 ,000 ,335 ,939 N 351 395 396 396 391 378estado Pearson Correlation ,069 ,163(**) ,069 -,049 1 -,052 Sig. (2-tailed) ,199 ,001 ,174 ,335 ,319 N 346 390 391 391 391 373ferias Pearson Correlation -,118(*) -,157(**) -,146(**) ,004 -,052 1 Sig. (2-tailed) ,031 ,002 ,005 ,939 ,319
N 335 377 378 378 373 378
** Correlation is significant at the 0.01 level (2-tailed).• Correlation is significant at the 0.05 level (2-tailed).
Teste t por local de férias: Cidade
Group Statistics
Cidade N Mean Std. Deviation Std. Error MeanLigação natureza não 256 32,8555 7,54429 ,47152 sim 94 30,9894 7,76883 ,80129
Independent Samples Test
Levene's Test for Equality of Variances t-test for Equality of Means
F Sig. t df Sig. (2-tailed) Mean Difference Std. Error Difference 95% Confidence Interval of the Difference
Upper LowerLigação natureza Equal variances assumed
,187 ,665 2,035 348 ,043 1,86611 ,91716 ,06223 3,66999
Equal variances not assumed 2,007 161,495 ,046 1,86611 ,92973 ,03011 3,70211
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