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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJA UNIVALI VICE-REITORIA DE PESQUISA, PS-GRADUAO, EXTENSO E CULTURA PROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSU EM CINCIA JURDICA PPCJ CURSO DE DOUTORADO EM CINCIA JURDICA CDCJ REA DE CONCENTRAO: CONSTITUCIONALIDADE, TRANSNACIONALIDADE E PRODUO DO DIREITO
DESENVOLVIMENTO E DESGOVERNANA AMBIENTAL
GLOBAL: PARADOXOS DA REGULAO JURDICA DA
TRADE PRODUO-CONSUMO-RESDUOS
GUILHERME NAZARENO FLORES
Itaja-SC, Junho de 2016
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJA UNIVALI VICE-REITORIA DE PESQUISA, PS-GRADUAO, EXTENSO E CULTURA PROGRAMA DE PS-GRADUAO STRICTO SENSU EM CINCIA JURDICA PPCJ CURSO DE DOUTORADO EM CINCIA JURDICA CDCJ REA DE CONCENTRAO: CONSTITUCIONALIDADE, TRANSNACIONALIDADE E PRODUO DO DIREITO
DESENVOLVIMENTO E DESGOVERNANA AMBIENTAL
GLOBAL: PARADOXOS DA REGULAO JURDICA DA
TRADE PRODUO-CONSUMO-RESDUOS
GUILHERME NAZARENO FLORES
Tese submetida ao Curso de Doutorado em Cincia
Jurdica da Universidade do Vale do Itaja
UNIVALI, como requisito parcial obteno do ttulo
de Doutor em Cincia Jurdica.
Orientador: Professor Doutor Ricardo Stanziola Vieira
Co-orientador: Professor Doutor Gabriel Real Ferrer
Itaja-SC, junho de 2016
AGRADECIMENTOS
Num dia destes, recente, Natlia, minha filha de quatro anos abriu a porta
de meu escritrio e ficou me olhando fixamente sem nada dizer. Perguntei-lhe: - O
que foi meu amor? E ela me respondeu perguntando: Papai, quando voc vai
terminar isto que voc est fazendo? (esta Tese). O papai j est terminando meu
amor. S mais uns dias e... E sem me deixar terminar, ela se encheu de alegria e
vivacidade peculiar de sua idade e, vibrando disse: E ento voc vai poder brincar
comigo? Meu corao se partiu. Emocionado, larguei tudo e fui brincar!
Os acontecimentos em minha vida ao longo dos ltimos anos me deram a
plena convico de que nada nas nossas vidas ocorre por acaso. Poderia passar
horas falando das tecituras da vida para que eu chegasse at aqui, as coisas
inexplicveis que aconteceram, os caminhos tomados, as decises foradas por
uma encruzilhada imposta pelo destino, as frustraes por algo que no ocorreu
num primeiro momento, mas que se confirmou mais frente numa situao mais
confortvel. Poderia dissertar sobre as pessoas que entraram e que passaram pela
minha vida, mesmo que muito rapidamente, e as contribuies, que deixaram
atravs de gestos, carinho, palavras, demonstraes de amizade, ou ainda sobre os
fatos inexplicveis, incrveis coincidncias, as amizades que fiz, as pessoas que
conheci, as experincias extraordinrias que vivi.
Ao olhar para os ltimos 8 anos de minha vida, considerando a lapidao
e o amadurecimento fsico, intelectual e emocional que me ocorreu, somados a um
olhar totalmente laico, passo a repensar a categoria acaso e que s agora me dou
conta de que toda a sucesso de fatos que se sucederam em minha vida e que me
trouxeram a este momento, revela-me existir um algo maior que rege o todo.
Sim, porque desde 2009, poca em que desejei profundamente mudar de
vida, seguir esse rumo, as coisas tm se encaixado to perfeita e inexplicavelmente
que a mera razo humana parece no explicar e preciso sensibilidade para dar-se
conta disso. Claro que tudo o que colho hoje fruto do meu esforo e apoio de
algumas pessoas, mas estou convicto de que Algum me permitiu e projetou esse
caminho, organizando tudo e colocando pessoas chaves, especiais na pintura dessa
tela, especialmente porque em 2009, isto me parecia completamente impossvel.
E assim, de forma muito convicta e efusiva destaco que este principal
agradecimento a ser feito deve ser dirigido Deus. Este, atendendo ou no aos
meus anseios por mudanas, guiou-me, trazendo-me at aqui e, no exato momento
em que me sinto extremamente triunfante, realizado e agradecido, concluo este
trabalho acadmico numa fase maravilhosa da minha vida e que marca o incio de
uma trajetria de doao docncia do ensino superior.
Lembro-me, nessa jornada, do sentimento que tinha em relao minha
antiga condio pessoal e a vontade que nutria de me desenvolver, de estudar, de
conhecer o mundo, o Velho Mundo das aulas de histria do ensino mdio com os
queridos professores Mrcio e Dcio. Entrar para a academia Stricto Sensu, no sei
por quei, parecia, para mim, algo inatingvel, mas que a logrei. Uma conquista que
do meio onde vim militar algo nada usual.
Por isso guardo em minha mente e em meu corao um lugar especial,
um relicrio onde esto as pessoas importantes da minha vida, aquelas a quem
atribuo profundo carinho, amizade, gratido, respeito, admirao... So as minhas
relquias. Devo, portanto, render meus profundos agradecimentos s pessoas chave
que direta ou indiretamente, umas mais e outras menos, contriburam com seus
tijolos na construo das colunas desse ser imperfeito que sou.
E assim, lembro-me como se fosse nesta manh a conversa que tive com
o Dr. Paulo Cruz, numa tarde de fevereiro de 2009 sobre cursar mestrado e os
posteriores incentivos que me deu e como meus desejos de estudar e de viajar no
s mantinham ntima relao entre si, mas se completavam. Iniciou-se uma saga
trilhada para um dia, quem sabe, chegar a cursar um eventual e longnquo
doutorado, buscando-o, no mais como um sonho, mas j como algo j
determinado, algo prximo, certo, que j batia minha porta.
Durante o mestrado estive vinculado ao Programa de Ps-Graduao em
Cincia Jurdica da UNIVALI atravs de bolsa de estudos e, capitaneado pelo Dr
Paulo Cruz buscamos o desenvolvimento de seu Programa de Internacionalizao,
hoje, talvez um dos mais movimentados e de importante referncia no pas1.
Nesse perodo aprendi muito mais coisas da vida do que as teorias
acadmicas e filosficas. Meus horizontes se expandiram, conheci pessoas, aprendi
com elas, viajei, cresci me desenvolvi muito como indivduo, como homem, cidado,
como marido e especialmente como pai. A partir de ento eu desejei com todas as
minhas foras um mundo melhor para ela - e faz-la um ser humano melhor para o
mundo e esta minha pesquisa futura teria ntima relao com esse desejo.
Sim, enquanto a vida me permitia cursar mestrado num dos centros mais
renomados do Brasil, ela tambm me presenteou com o nascimento de minha filha
Natlia em 2010. Incumbiu-me o Criador a honrosa, extraordinria, inefvel misso
de ser pai, de responsabilizar-me pela criao de uma criaturinha to doce e amvel,
to frgil, indefesa, mas to esperta e cativante. Ser seu pai, prestar a ela carinho,
amor, ateno, cuidado, juntamente do meu amor, Lidiane foi algo que desejei desde
sempre. E tudo a partir da tudo o que fizemos foi por ela e para ela, que tem nos
acompanhado em toda essa nossa jornada.
Essas tm sido experincias transformadoras, mas me sinto uma eterna
pedra bruta, embora tambm me perceba em constante lapidao, com sede de
pesquisa e de conhecimento, uma vontade imensa de aprender e compartilhar. Sou
hoje diferente de ontem. Consciente da minha insignificncia e importncia
enquanto indivduo - ante o Todo e s pequenas grandes distncias do planeta, ao
sistema, ciente de que nada mais importante que o respeito, retido, tica, amor
ao prximo para uma vida s e pacfica.
E por isso tudo, devo agradecer profunda e efusivamente minha esposa
e minha filha: Estudar mestrado e doutorado foi a realizao de um sonho muito
antes construdo e jogado aos ventos para que o Universo o absolvesse. Essa
experincia cientfica representou para mim a emancipao intelectual, o romper a
barreira das fronteiras do mundo e v-lo como o quintal de minha casa, tornar-me
um cidado do mundo (a world citizen). Foi fazer amigos incrveis e inesquecveis,
1 Vide CRUZ, Paulo Mrcio, FLORES, Guilherme Nazareno. BONISSONI, Natamy Luana A. Internacionalizao de programa de ps-graduao Stricto sensu: conceitos, definies e estratgias. Revista Novos Estudos Jurdicos - Eletrnica, Vol. 22 - n. 1 - jan-abr 2017. https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/10651/5989.
https://siaiap32.univali.br/seer/index.php/nej/article/view/10651/5989
viver histrias extraordinrias, conhecer culturas, teorias e, o mais importante de
tudo, continuar sendo o mesmo Eu de sempre, o Gui da Lidi, filho do Lalau e da
Lurdinha, pai da Natlia.
Incontestavelmente, o de onde vim para o onde estou foi uma evoluo
e uma revoluo pessoal incrvel. E fazer um Doutorado, ser pai, trabalhar,
assistir aulas, lecionar, produzir seminrios, experimentar leituras densas, participar
de congressos e neles apresentar, viajar, pesquisar, escrever e publicar artigos e
livros, produzir uma tese foi uma experincia intensa e por muitas vezes tive de me
abster da companhia da minha esposa e filha.
Foi sofrido para elas, mas inegavelmente foi muito difcil para mim. Foram
incontveis horas de estudos e trabalho dirios, trancado em meu escritrio (sala da
minha casa usada como tal). E quando no estava nele, digitando e olhando para a
tela de computador, estava eu em algum lugar, fazendo qualquer outra coisa em
razo da tese ou pensando na nela, nas novas teorias, na leitura que acabara de
fazer e como encaix-la nos captulos. Onde quer que fosse, me acompanharam os
livros, o inseparvel caderno de anotaes para no perder de qualquer nova ideia
que viesse sorrateiramente, num lampejo e, s vezes, o notebook.
Nessa poca eu vivia a tese, comia, dormia e sonhava com ela e costumo
dizer que nos ltimos meses a dedicao fora tamanha que eu via o sol pela janela.
Era difcil desligar-me ante a responsabilidade imensa de fazer procuzir esse
trabalho e corresponder aos meus amores o incentivo que me fora dado durante o
tempo que abdicaram da minha companhia nos ltimos anos entre a dissertao e a
tese. E agora tenho a misso de compensar essa ausncia de meses e meses.
Assim, esse doutorado um ttulo que pertence mais s mulheres da
minha vida, esposa e filha, do que a mim, pois foram elas, com inesgotvel pacincia
e generosidade, quem me permitiram dedicar-me a este trabalho tendo em
retribuio a minha ausncia, s vezes fsica, nunca emocional, ao terem aceitado
dividir-me com mais um trabalho acadmico Lidiane j o fez quatro vezes desde a
graduao. Um preo muito alto.
Para mim tambm no foi fcil, pois alm de trabalhar e de escrever a
tese, abster-me da convivncia delas estando fisicamente presente foi uma
experincia marcante, especialmente para a pequena, pois me via ao seu alcance e
disputava a minha ateno. So condies que a vida nos impe e que nos fazem
dar valor conquista e somente por esse fator j possvel supor ou dimensionar o
quanto este diploma representa em nossas vidas. Lidiane e Natlia, portanto,
pessoas mais importantes da minha vida, pacientes e compreensivas, as minhas
sinceras homenagens, eterna gratido, admirao, carinho respeito, o amor e
ternura em plenitude que jorra do meu peito. Esse doutorado uma vitria nossa.
Ainda falando de famlia, preciso falar de meus pais. Jamais teria
chegado aqui sem seus incondicionais apoios. Os exemplos que deram, os esforos
e abdicaes que fizeram para a nossa criao e formao na busca por nosso
conforto e integridade. Eles, juntamente de minha esposa, filha e meus irmos,
Andr e Helena, so as pessoas mais importantes de minha vida, a base emocional
slida como diamante, resistente como o junco, que enverga e no cede. Famlia,
obrigado pelo apoio, suporte, parceria.
minha me, especialmente, esse ttulo serve para dizer a ela que tanto
esforo valeu pena. S isso o suficiente para que ela entenda o que digo.
Obrigado me.
Um agradecimento mais que especial ao Doutor Paulo Mrcio Cruz,
Coordenador do Programa de Ps-Graduao em Cincia Jurdica da UNIVALI, uma
pessoa maravilhosa a quem tenho a honra de chamar de amigo, um grande e muito
querido amigo. Doutor Paulo uma pessoa dotada de uma genialidade inenarrvel.
Exmio e destacado pesquisador, inovador, inspirador, atento e atencioso. Um
mestre estimado e generoso a quem tenho por espelho. Seu apoio foi fundamental,
assim como o da UNIVALI.
E este mesmo agradecimento e reconhecimento mais que devido em
toda a sua magnitude ao Doutor Mrio Cesar dos Santos por participarem to ativa e
decisivamente mente desse processo, tornando-o possvel. E, em seus nomes,
agradeo a todos os demais amigos e colaboradores que participaram direta ou
indiretamente dessa jornada (Xande, Jaque, Leia, Gi, Charles, Natammy, Mrcio
Staffen...), assim como meu profundo agradecimento eivado de muito carinho
UNIVALI, instituio com a qual tenho uma histria iniciada em junho de 2000, na
graduao em Direito. Obrigado por tornarem possvel esse sonho, extraordinria
viagem e indescritvel experincia, essa mudana brusca de rumo de vida.
Mas a perfeio da natureza algo que no se pode dizer por palavras. E
na tecitura da minha histria, o Universo se encarregou de me cercar de pessoas
boas. Zelindro, Antnio Cunha, Ricardo Stanziola, Gabriel Real, Amadeu, Tio Di, Tia
Dete, Aquiles, Jonathan, Teotnio, Marafioti, Cegatta... grandes e queridos amigos
que me ajudaram cada qual em um momento crucial, tornando esse sonho possvel.
Ricardo, Gabriel, pelos mestres que so. Pela amizade e respeito, pela
grandeza de esprito que representam. Por tudo o que me proporcionaram...
Antnio Cunha, pela valorosa amizade, respeito, carinho, exemplo, apoio,
um mestre a quem atribuo uma amizade muito valiosa...
Zelindro, meu querido, nobre e leal amigo, incentivador desde o incio...
Tio Di e Tia Dete, por terem acreditado l no comeo que seria possvel e
me apoiado no momento de grande fragilidade...
Marafioti, Jonathan, Teotnio... Pela amizade e pela engenharia para que
eu pudesse viver uma das maiores experincias da minha vida e a realizao de um
sonho... Sem a viagem o sonho teria sido incompleto.
Ricardo, um orientador que virou amigo, uma pessoa que admiro e
respeito muito por sua doura, mas sobretudo por sua brilhante e genial e muitas
vezes incompreendida capacidade intelectual. Obrigado pela amizade, pelas
conversas inspiradoras e instigantes que me fizeram repensar a forma como via a
sociedade e sua relao com o Direito e comigo mesmo. Obrigado.
Queridos, os nomes de todos vocs esto guardados em um lugar
especial em meu corao. A todos vocs e s inmeras pessoas que no pude
incluir nestas linhas, meu profundo agradecimento.
Por fim, um especial agradecimento ao programa UNIEDU/FUMDES2 do
Estado de Santa Catarina, cujo patrocnio financeiro atravs de bolsa de estudo
obtida em chamada pblica foi fundamental nesse processo.
2 Fundo de Apoio Manuteno e ao Desenvolvimento da Educao Superior executado pela Secretaria da Educao do Estado de Santa Catarina, disponvel em http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/.
http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/
DEDICATRIA
Naty e Lidi, os grandes amores da minha vida...
TERMO DE ISENO DE RESPONSABILIDADE
Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo aporte
ideolgico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale do
Itaja, a Coordenao do Curso de Doutorado em Cincia Jurdica, a Banca
Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca do mesmo.
Itaja-SC, 30, de julho de 2016.
Guilherme Nazareno Flores
Doutorando
PGINA DE APROVAO
ROL DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEMA Associao Brasileira de Entidades Estaduais do Meio Ambiente
ABILUMI Associao Brasileira de Importadores de Produtos de Iluminao
ABRAFATI Associao Brasileira de Fabricantes de Tintas
ABRASCO Associao Brasileira de Sade Coletiva
ABRELPE Associao Brasileira de Empresas de Limpeza Pblica e Resduos Especiais
ACNUR Alto Comissariado das Naes Unidas para os Refugiados
AIA Avaliao de Impacto Ambiental
AIDS Acquired Immunodeficiency Syndrome
AMFRI Associao dos Municpios da Foz do Rio Itaja
ANAMMA Associao Nacional de rgos Municipais de Meio Ambiente
ANVISA Agncia Nacional da Vigilncia Sanitria
APROMAC Associao de Proteo ao Meio Ambiente de Cianorte PR
A4SD Action for Sustainable Development
CANT Citizens Against Nuclear Trash
CAPES Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior
CCC Common Comunity Care
CCE Conveno da Comisso Econmica das Naes Unidas para a Europa
CCHW Clearinghouse for Hazardous Waste Incorporation
CDCJ Curso de Doutorado em Cincia Jurdica
CDS Conselho de Desenvolvimento Sustentvel
CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentvel
CERS Centre for Economics and Social Rights
CETESB Cia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de So Paulo
CGG Comisso de Governana Global
CHEJ Center for Health, Environment and Justice
CIDA Canadian International Development Agency
CMMAD Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CNC Confederao Nacional do Comrcio
CNEN Comisso Nacional de Energia Nuclear
CNI Confederao Nacional da Indstria
CO2 Dixido de Carbono ou Gs Carbnico
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COP Confererence of the Parts
CPI Comisso Parlamentar de Inqurito
CPS Programa de Consumo e Produo Sustentveis
CQNUMC Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima
CRFB Constituio da Repblica Federativa do Brasil de 1988 e emendas constitucionais posteriores
CSA Comit de Segurana Alimentar Mundial
DOU Dirio Oficial da Unio do Brasil
EBC Empresa Brasil de Comunicaes
ECO 92 Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992
EMG Environment Management Group
EPA Environmental Protection Agency
EUA Estados Unidos da Amrica
FAO Food and Agriculture Organization
FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador
FBOMS Frum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais parra o Meio Ambiente e Desenvolvimento
FNDCIA Frum Nacional de Combate aos Impactos dos Agrotxicos
FIDA Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrcola
FMI Fundo Monetrio Internacional
FUMDES Fundo de Apoio Manuteno e ao Desenvolvimento da Educao Superior de Santa Catarina
FUNASA Fundao Nacional de Sade
FUNPAPI Fundao de Proteo ao Meio Ambiente e Ecoturismo do Piau
GAG Governana Ambiental Global
GE General Eletrics
GEE Gases de Efeito Estufa
GEF Global Environmental Found (Fundo Global do Meio Ambiente)
GTRes Grupo de Trabalho de Resduos Slidos
G-7 Grupo dos Sete pases mais industrializados (Frana, Gr-Bretanha, Estados Unidos da Amrica, Alemanha, Japo, Itlia e Canad).
G-20 Grupo dos ministros da economia e presidentes de bancos centrais das 19 economias mais desenvolvidas do mundo e Unio Europeia.
HANPP Human Appropriation of Net Primary Productivity
HIV Human Immunodeficiency Virus
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
ICCM International Conference on Composite Materials
IDH ndice de Desenvolvimento Humano
INB Indstrias Nucleares Brasileiras
IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change
IRPTC Internacional Register of Potencially Toxic Chemicals
IUCN International Union for de Conservation of the Nature
LDCs Less Developed Countries
MCG Modelos de Clima Global
MIT Massachusetts Institute of Technology
MMA Ministrio do Meio Ambiente
MPT Ministrio Pblico do Trabalho
NAO North Atlantic Oscillation
NEPA National Environmental Policy Act
NIMBY Not in my Backyard
OCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico
OEA Organizao dos Estados Americanos
ODM Objetivos do Desenvolvimento do Milnio
ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentvel
OGM Organismos Geneticamente Modificados
OIG Organizao Intergovernamental
OIT Organizao Internacional do Trabalho
OMC Organizao Mundial do Comrcio
OMI Organizao Martima Internacional
ONGs Organizaes No Governamentais
ONU Organizao das Naes Unidas
PAM Plano Alimentar Mundial
PARLAAMFRI Parlamento da Macrorregio da Foz do Rio Itaja
PCS Pacto Global para a Produo e Consumo Sustentveis
PEAD Programa de Ajuda Alimentar da ONU
PIB Produto Interno Bruto
PIC Prior Informed Consent Procedure
PIJ Plano de Implementao de Johanesburgo
PMA Programa Mundial de Alimentos
PMIRGS Planos Municipais de Gesto Integrada de Resduos Slidos
PNLA Portal Nacional de Licenciamento Ambiental
PIB Produto Interno Bruto
PIJ Plano de Implementao de Johanesburgo
PIK Postdam Institut for Climate Impact Research
PMSI Programa Mineiro de Simbiose Industrial
PNRS Poltica Nacional de Resduos Slidos
PNUD Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento
PNUMA Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente
POPs Poluentes Orgnicos Persistentes
PPCJ Programa de Ps-graduao Stricto Sensu em Cincia Jurdica
RCRA Resource Conservation and Recovery Act
RECHTD Revista de Estudos Constitucionais, Hermenutica e Teoria do Direito
Rio+10 Conferncia Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentvel, tambm conhecida por Conferncia de Johanesburgo, Cpula da Terra
Rio+20 Conferncia das Naes Unidas sobre Desenvolvimento Sustentvel
RSU Resduos Slidos Urbanos
SAICM Strategic Approach to International Chemicals Management
SERAC Social and Economic Rights Action Center
SINDAG Sindicato Nacional das Empresas de Aviao Agrcola
SINIMA Sistema Nacional de Informaes Ambientais
SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente
UE Unio Europeia
UNCHE United Nations Conference on the Human Environment
UNDESA United Nations Department of Economic and Social Affairs
UNDP United Nations Development Programme
UNEP United Nations Environmental Programme
UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
UNFCCC Conveno-Quadro sobre Mudana do Clima
UNIVALI Universidade do Vale do Itaja
UNRIC United Nations Regional Information Centre
USA United States of America
USD United States Dollars.
WCED World Commission on Environment and Development
WRAP UK Waste & Resouces Action Programme
WWF World Wildlife Fund for Nature
10 YFP 10-Year Framework of Programmes on Sustainable Consumption and Production Patterns
ROL DE CATEGORIAS
Com a inteno de facilitar a anlise do presente trabalho acadmico foi
concebido um rol de categorias3 estratgicas e seus respectivos conceitos
operacionais, abaixo elencados, com os quais o Autor pretende operar para
desenvolver a presente pesquisa:
Governana: Termo bastante genrico e se divide em diversas acepes
geralmente focadas na ideia de poder, gesto, controle pblico, privado, empresarial,
corporativo. Seu significado est associado ideia de governo, instituies,
governana privada e governana pblica. Trata-se, pois, de um conceito mais
abrangente, que vai alm da perspectiva de governo e governar, de ideia poltica,
para envolver e incorporar atores no estatais e seguimentos sociais no processo de
formulao, implementao de polticas pblicas4. Na sua acepo pblica,
portanto, o termo consiste na distribuio de poder entre instituies de governo e
sua a legitimidade e autoridade, as regras e normas que determinam quem detm
poder e como as decises sobre do exerccio da autoridade so tomadas; relaes
de responsabilizao entre representantes e agncias do Estado, e entre esses
representantes e agncias e os cidados; a habilidade do governo em fazer
polticas, gerir os assuntos administrativos e fiscais do Estado, e prover bens e
servios e o impacto das instituies e polticas sobre o bem-estar pblico5.
Governana Ambiental: O conceito aqui adotado o de Pedro Roberto Jacobi e
Paulo Antnio de Almeida Sinisgalli6, para quem Governana Ambiental se refere ao
envolvimento de todos e cada um nas decises sobre o meio ambiente, por meio
3 Categoria a palavra ou expresso estratgica elaborao e/ou expresso de uma ideia. PASOLD. Cesar Luiz. Metodologia da Pesquisa Jurdica: Teoria e prtica. 11 Ed. Florianpolis. Millennium Editora, 2008. Pg. 34. 4 Rhodes R. Understanding Governance: Policy Networks, Governance, Reflexivity and Accountability. Buckingham: Open University Press; 1997. 5 Grindle, M. Good enough governance: poverty reduction and reform in developing countries. Governance: An International Journal of Policy, Administration, and Institutions, 2004, 17(4), Pgs. 525-548. 6 JACOBI, Pedro Roberto; SINISGALLI, Paulo Antnio de Almeida. Governana ambiental e economia verde. Cinc. sade coletiva [online]. 2012, vol.17, n.6, Pgs. 1469-1478. ISSN 1413-8123. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000600011.
das organizaes civis e governamentais, numa ideia de complementaridade da
relao sociedade e pode repartindo responsabilidades para um ambiente saudvel.
Trata-se de um processo que decorre da articulao entre formas clssicas de
autoridade existentes no Estado (organizao hierrquica) com aquelas
caractersticas do setor privado (direcionado pela competio do mercado) e o setor
voluntrio ou sociedade civil (caracterizado pela ao voluntria, recproca e
solidria dos cidados)7. O conceito leva em conta um processo participativo e
inclusivo que reproduza a viso da sociedade em matria ambiental e que envolva
Sociedade, Estado, mercados, Direito, instituies, polticas e aes
governamentais, articulados atravs de parcerias, coalizes, alianas entre
diferentes atores em iniciativas coletivas; promovendo interaes entre si e que
estejam associadas qualidade de vida bem-estar, notadamente os aspectos
relacionados com a sade ambiental8. Na mesma viso, a Governana Ambiental
pode ser ainda entendida como o conjunto de acordos, normativas, prticas
envolvendo instituies e interfaces de atores e interesses, voltados conservao
da qualidade do ambiente natural e construdo, em sintonia com os princpios da
sustentabilidade. Envolve regras estabelecidas (escritas ou no) e esferas polticas
mais amplas do que as estruturas de governo. Em sociedades complexas,
governana envolve, geralmente, um complexo jogo de presses e representaes,
onde os governos so (ou devem ser) parte ativa, mas outras foras se expressam,
como os movimentos sociais, lobbies organizados, setores econmicos, opinio
pblica etc9. Tendo-se por base a natureza indivisvel do meio ambiente e suas
ligaes inextricveis com as dimenses econmica e social do desenvolvimento
sustentvel, os processos de tomada de deciso e os trabalhos das instituies
devem ser bem informados, coerentes, no fragmentados, globais e integrados.
Nessa acepo, o Programa das Naes Unidas para o meio Ambiente destaca que
a ideia de Governana Ambiental nos diversos nveis federativos fundamental para
7 Richard S, Rieu T. Une approche historique de la gouvernance pour clairer la gestion concerte de l'eau en France. Montpellier: AgroParis Tech;2008. In JACOBI, Pedro Roberto; SINISGALLI, Paulo Antonio de Almeida. Governana ambiental e economia verde. Cinc. sade coletiva [online]. 2012, vol.17, n.6, Pgs. 1469-1478. ISSN 1413-8123. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000600011. 8 JACOBI, Pedro Roberto; SINISGALLI, Paulo Antonio de Almeida. Governana ambiental e economia verde. Cinc. sade coletiva [online]. 2012, vol.17, n.6, Pgs. 1469-1478. ISSN 1413-8123. http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000600011. 9 BURSZTYN, Maria Augusta. BURSZTYN, Marcel. Fundamentos de poltica e gesto ambiental. Caminhos para a Sustentabilidade. Rio de Janeiro. Garamond. Pg. 166.
http://dx.doi.org/10.1590/S1413-81232012000600011
o alcance da sustentabilidade ambiental e do desenvolvimento sustentvel10.
Sustentabilidade: Etimologicamente, o termo Sustentabilidade faz meno a um
processo que perdure e se sustente no tempo. Trata-se de um termo
multidimensional e sistmico, com abrangncia nas reas ambiental, social,
econmica, cultural da sociedade. Dados os emergenciais efeitos da ao
antropognica ao meio ambiente decorrentes, dentre outros, do processo
reprodutivo na acepo malthusiana, somado ao de industrializao e da crise do
atual modelo econmico capitalista havido nos ltimos dois sculos, mas
especialmente nos ltimos 80 anos, o termo passou a ser empregado em sua
variao ambiental, que significa fazer com que a raa humana permanea sobre a
face da Terra. Para tanto, o conceito sugere que o homem preserve os bens
ambientais disponveis, fazendo com que cada gerao usufrua deles de forma
parcimoniosa - sem esgotar o planeta - para que as geraes vindouras possam
dispor dos mesmos bens ambientais existentes hoje, garantindo-lhes o mesmo nvel
de bem-estar e qualidade que temos atualmente, numa ideia de solidariedade ou
responsabilidade intergeracional, conforme citam Ferrer, Glasenapp e Cruz, em seu
Sustentabilidade, um novo paradigma para o Direito11. A categoria Sustentabilidade
decorre do termo Desenvolvimento Sustentvel, de Gro Harlen Brundtland, na
perspectiva de entrelaamento de desenvolvimento econmico sustentvel, de
forma que as naes pudessem se desenvolver economicamente sendo sustentvel,
numa proposta aparentemente paradoxal e criticada por alguns autores. Ferrer e
Cruz definem a Sustentabilidade como um processo mediante o qual se tenta
construir uma sociedade global capaz de se perpetuar indefinidamente no tempo em
condies que garantam a dignidade humana. Atingido o objetivo de construir essa
nova sociedade, ser sustentvel tudo aquilo que contribua com esse processo e
insustentvel ser aquilo que se afaste dele12. Sustentabilidade ambiental, portanto,
virou princpio ambiental e jurdico defendido pela maioria das Constituies
ocidentais e Juarez Freitas a define como o Princpio Constitucional que determina
com eficcia direta e imediata a responsabilidade do Estado e da Sociedade pela
10 Programa das Naes Unidas para o Meio Ambiente. Governana Ambiental. Disponvel em http://web.unep.org/regions/brazil/other/governan%C3%A7a-ambiental. Acesso em 15.02.2016. 11 FERRER, Gabriel Real, GLASENAPP, Maikon Cristiano, CRUZ, Paulo Mrcio. Sustentabilidade: um Novo Paradigma para o Direito. Revista Novos Estudos Jurdicos - Eletrnica, Vol. 19 - n. 4 - Edio Especial 2014. Doi: 10.14210/nej.v19n4.p 1433-1464. 12 FERRER, Gabriel Real, CRUZ, Paulo Mrcio. Direito, Sustentabilidade e a Premissa Tecnolgica como Ampliao de seus Fundamentos. Sequncia (Florianpolis), n. 71, p. 239-278, dez. 2015.
http://web.unep.org/regions/brazil/other/governan%C3%A7a-ambiental
concretizao solidria, com empatia do desenvolvimento material e imaterial
socialmente inclusivo, durvel e equnime, ambientalmente limpo e inovador, tico e
eficiente, no intuito de assegurar preferencialmente de modo preventivo e precavido,
no presente e no futuro, o direito ao bem-estar13-14.
Desenvolvimento Sustentvel: Define-se por Desenvolvimento Sustentvel um
modelo econmico, poltico, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaa as
necessidades das geraes atuais, sem comprometer a capacidade das geraes
futuras de satisfazer suas prprias necessidades. Essa concepo comea a se
formar e difundir junto com o questionamento do estilo de desenvolvimento adotado,
quando se constata que este ecologicamente predatrio na utilizao dos
recursos naturais, socialmente perverso com gerao de pobreza e extrema
desigualdade social, politicamente injusto com concentrao e abuso de poder,
culturalmente alienado em relao aos seus prprios valores e eticamente
censurvel no respeito aos direitos humanos e aos das demais espcies15.
Crescimento Econmico Processo no qual se verifica apenas o avano
quantitativo da produo, sem alteraes significativas na estrutura da economia
nem na qualidade de vida da populao como um todo. Compreende um perodo de
tempo de durao mdia e definido como aumento persistente da produo
(Produto Interno Bruto PIB) e da produtividade ou da renda per capta
(PIB/Habitante) em mdio perodo de tempo, no acompanhando de alterao
significativa das condies sociais. Portanto, o crescimento econmico caracteriza-
se pelo seu aspecto meramente quantitativo16.
Desenvolvimento Econmico Compreende o aumento significativo e persistente
13 FREITAS, Juarez. Sustentabilidade: direito ao futuro. 2. ed. Belo Horizonte: Frum, 2012. Pg. 41. 14 O termo Desenvolvimento Sustentvel busca "o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as geraes futuras atenderem as suas prprias necessidades", sugerindo uma nova relao homem x crescimento econmico x meio ambiente. O conceito foi produzido pela Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento presidida pela premier norueguesa Gro Harlem Brundtland a pedido da ONU atravs do relatrio Nosso Futuro Comum (Our Common Future), tambm conhecido por Relatrio Brundtland. O documento foi publicado em 1987 e ganhou consenso e divulgao a partir da Conferncia das Naes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento" CNUMAD, ocorrida no Rio de Janeiro no ano de 1992, tambm conhecida por "Rio-92" ou "Eco-92. In: FLORES, Guilherme Nazareno. Governana Socioambiental como instrumento para a implantao de uma Gesto Integrada e Sustentvel de Resduos Slidos Urbanos na Regio da Foz do Rio Itaja. Dissertao. Universidade do Vale do Itaja/UNIVALI. 2012. Pg. 25. 15 Sachs, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentvel. Rio de Janeiro: Garamond, 2000. 16 MONTIBELLER, Gilberto. Empresas, desenvolvimento e Ambiente. Diagnstico e diretrizes de sustentabilidade. Barueri, SP. Manoele, 2007. Pg. 2.
do PIB e da renda per capta, decorrentes de alteraes expressivas na estrutura
produtiva, por meio de avanos tecnolgicos relevantes, requerendo, portanto, prazo
maior para sua configurao, ou o mdio-longo prazo. Do pondo de vista social, o
desenvolvimento econmico implica alterao na estrutura de rendas, com a
diminuio da desigualdade social. O conjunto de alteraes estruturais que
acompanha o processo conforma o carter qualitativo e no apenas quantitativo do
desenvolvimento. Quando se verifica o aprofundamento do alcance social mais geral
como consequncia e tambm da atuao das polticas sociais, chega-se ao
conceito de desenvolvimento socioeconmico17.
Crise ambiental um fenmeno vivido pela humanidade produzido pela
existncia de diversos fatores que incorrem em problemas ambientais e a
sucesso deles causam ao esgotamento da Terra, levando ao limite sua capacidade
de regenerao, o que pe em risco o meio ambiente e a vida. A crise ambiental, em
maior parte desconsiderados os problemas oriundos de causas naturais
decorrente do modelo capitalista de desenvolvimento que, envolta pela globalizao,
induz a atividade humana na lgica da trade produtivismo, consumismo e gesto de
resduos.
Consumo Considera-se consumo a ao humana de adquirir um produto ou
servio para um fim que sirva e traga algum benefcio ao homem. Noutra
perspectiva, o consumo um fenmeno eminentemente social, acionado a partir de
necessidades que so geradas e satisfeitas num contexto de interdependncias
entre vrios agentes integrados ou diferenciados segundo diversos fatores (como
famlia, amigos, grupos de referncia, estrato social, sistema educativo, ocupao) e,
como tal, enquadrando-se em expectativas e interpretaes sociais que fazem
extravasar o consumo de mera funo utilitria. (...) A terceira perspectiva, o ps-
modernismo, (...) trata o consumo como um instrumento de afirmao individual,
reabilitando o direito escolha individual como o fizeram os racionalistas, mas sob
uma ptica relativista e no puramente utilitria. (...) Se at os anos 80 os estudos
sobre o consumo se preocuparam em explic-lo luz das foras sociais que o
condicionavam (com grande destaque para as classes sociais) enfatizando o seu
efeito nefasto sobre o ser humano por ser alegadamente alienador e massificante, a
17 MONTIBELLER, Gilberto. Empresas, desenvolvimento e Ambiente. Diagnstico e diretrizes de sustentabilidade. Barueri, SP. Manoele, 2007. Pg. 2.
abordagem ps-modernista que a partir de ento se desenvolveu, quis antes realar
o poder criativo e libertador que o consumo pode representar para o indivduo face
ao espartilho da sociedade. Comentando o limite a que teria sido levada a
abordagem ps-modernista do consumo, Campbell entendia que os socilogos
teriam sido persuadidos de que os indivduos estariam a ser presenteados com a
possibilidade de escolher a sua identidade, pela variao dos seus padres de
consumo18.
Consumismo O termo Consumismo ou consumerismo se materializa num
comportamento de compulso aquisio de bens e servios. Para caracterizar o
presente conceito operacional, necessrio vislumbrar-se na relao de consumo
mais que uma necessidade, mas uma aquisio desmotivada, ou cujos motivos
justificantes, so motivados por fatores que vo alm da conscincia e da razo. Na
relao produtor/vendedor versus consumidor, este induzido, atrado compra
atravs de estratgias de marketing minuciosamente feitas para atacar suas
fraquezas e fragilidades emocionais. Outros fatores esto inseridos neste contexto:
Numa sociedade consumista, o consumidor permanentemente atrado para a
renovao e para novos produtos, os fabricantes adotam estratgias de
obsolescncia programada, existe uma condescendncia generalizadamente aceita
para o desperdcio e, acima de tudo, no existem preocupaes com as
consequncias do consumo ao nvel social, econmico, cultural ou ambiental19".
Obsolescncia planejada/programada: Obsolescncia significa o processo ou o
estado daquilo que se torna obsoleto, ultrapassado ou que perde a utilidade.
Obsoleto significa tudo aquilo que est ultrapassado, fora de uso, antiquado20.
Obsoleto usado na referncia a coisas que com o passar do tempo vo sendo
substitudas, e isto ocorre com uma frequncia muito grande em funo da
tecnologia que est cada vez mais avanada21. Para Bermejo, tecnolgica, se
entiende el diseo de los productos para que tengan cada vez una vida ms corta.
Otro elemento colateral que tiene la misma consecuencia es la decisin empresarial
18 RIBEIRO, Raquel. O consumo: uma perspectiva sociolgica. VI Congresso Portugus de Sociologia. Mundos Sociais: Saberes e Prticas. Universidade de Lisboa. 2008. 19 Disponvel em http://prezi.com/_xifof9bj6gh/conceitos-de-consumo-consumismo-obsoleto-obsolecencia/ . Acesso em 10.12.2012. 20 Disponvel em http://prezi.com/_xifof9bj6gh/conceitos-de-consumo-consumismo-obsoleto-obsolecencia/ . Acesso em 10.12.2012. 21 Disponvel em http://prezi.com/_xifof9bj6gh/conceitos-de-consumo-consumismo-obsoleto-obsolecencia/ . Acesso em 10.12.2012.
http://prezi.com/_xifof9bj6gh/conceitos-de-consumo-consumismo-obsoleto-obsolecencia/http://prezi.com/_xifof9bj6gh/conceitos-de-consumo-consumismo-obsoleto-obsolecencia/http://prezi.com/_xifof9bj6gh/conceitos-de-consumo-consumismo-obsoleto-obsolecencia/
de dejar de producir componentes, haciendo as imposible la reparacin. J no
conceito de obsolescncia perceptiva - psicolgica, na conceituao de Bermejo -,
se produce cuando cambia la moda. En este caso, se vuelven irrelevantes la
funcionalidad y la duracin. Esta es la causa principal de obsolescencia en el mundo
desarrollado porque, adems del vestido, la moda acta en los automviles, la
ubicacin de la vivienda, los restaurantes, etc. Bermejo ainda conceitua aquilo que
chama de obsolescncia funcional, que faz referncia aparicin en el mercado de
un producto nuevo que realiza la tarea mejor que el antiguo. Sin embargo, no parece
fcil desentraar cuando se ofrece un producto funcionalmente mejor que el antiguo.
Frecuentemente, las mejoras funcionales son muy escasas o poco relevantes,
aunque se prestan como si lo fueran. () Sin embargo, el cambio de tecnologas
base produce una rpida obsolescencia de todas las tecnologas de cada trayectoria
tecnolgica22.
Consumo Sustentvel - Em 1995, durante a Oslo Ministerial Roundtable
Conference on Sustainable Production and Consumption, organizada pela Comisso
de Desenvolvimento Sustentvel da ONU, consumo sustentvel foi definido como o
uso de bens e servios que atendem s necessidades bsicas e trazem uma melhor
qualidade de vida, enquanto minimizam o uso de recursos naturais, materiais txicos
e emisses de poluentes atravs do ciclo de vida, de forma a no pr em perigo as
necessidades das futuras geraes23.
Produtivismo a doutrina social que considera o desenvolvimento da produo
como alvo da evoluo social24. Na "orientao produtivista para o mundo" de
Antony Giddens, os mecanismos de desenvolvimento econmico substituem o
crescimento individual e uma vida em harmonia entre as pessoas. A lgica do
produtivismo orienta a vida entre grupos distintos: os "consumidores adequados" e
os "consumidores falhos". Este ltimo fica deriva econmica, poltica, social e
psicolgica, lutando pela sobrevivncia. Para responder s necessidades de
consumo, o sistema produtivista no se importa com o meio-ambiente, causando a
decadncia ecolgica para atender ao crescimento cada vez maior do consumo de
22 BERMEJO, Roberto. La gran transicin hacia la sostenibilidad. Princpios y estrategias de economa sostenible. Editora Catarata. Madri, 2005. Pgs. 120-121. 23 Ftima Ferreira; PORTILHO, Ftima. Processo de Marrakech O Consumo Sustentvel visto pelos Organismos Internacionais. IV Encontro Nacional da ANPPAS - 2008. Braslia. Pg. 5. 24 Produtivismo in Dicionrio da Lngua Portuguesa com Acordo Ortogrfico [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2015.
bens e servios, o que na verdade, retrata uma postura compulsiva do homem ps-
moderno. Relacionando com a problemtica ambiental, a ideologia do produtivismo
associada ao individualismo e insatisfao constante, bem como negao dos
princpios de igualdade, de solidariedade, de liberdade e de cidadania ativa, o que
s faz reproduzir e reforar as negatividades do capitalismo tardio. Faz parte do
processo capitalista, constantemente procurar por novos mtodos para aumento do
produtivismo. Na fase atual foi marcante a defesa da qualidade total, do uso das
novas tecnologias e da alocao do conhecimento na produo. No produtivismo o
que domina a mercantilizao do mundo/da vida (ou seja, tudo reduzido s leis
do mercado), desprezando-se todo e qualquer outro valor que no esteja associado
ao lucro. Sob essa tica, a educao tem como objetivo, apenas, a melhora da
performance no mercado de trabalho25.
Resduos Slidos Conforme se extrai do inciso XVI do Art. 3 da Poltica Nacional
de Resduos Slidos, instituda no Brasil atravs da Lei 12.305/2010, Resduos
Slidos se constituem no material, substncia, objeto ou bem descartado resultante
de atividades humanas em sociedade, a cuja destinao final se procede, se prope
proceder ou se est obrigado a proceder, nos Estados slido ou semisslido, bem
como gases contidos em recipientes e lquidos cujas particularidades tornem invivel
o seu lanamento na rede pblica de esgotos ou em corpos dgua, ou exijam para
isso solues tcnica ou economicamente inviveis em face da melhor tecnologia
disponvel26.
Resduos Perigosos A Poltica Nacional de Resduos Slidos conceitua por
perigosos aqueles resduos que, em razo de suas caractersticas de
inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade,
carcinogenicidade, teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo
risco sade pblica ou qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou
norma tcnica (Art. 13, II, a), sendo proibida sua importao ao Brasil (Art. 49). Os
mais comuns vistos no dia a dia so as embalagens de agrotxicos, pilhas, baterias,
resduos hospitalares, lmpadas fluorescentes, eletrnicos, leos lubrificantes,
pneus, contudo, tambm so aquelas substncias slidas, lquidas ou gasosas,
25 SIQUEIRA, Holgonsi Soares Gonalves. A Ideologia do Produtivismo. Jornal "A Razo", Santa Maria RS, 16 dez. 2004 26 BRASIL. Lei n 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Poltica Nacional de Resduos Slidos; altera a Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e d outras providncias.
normalmente provenientes do descarte pelo setor produtivo ou por vazamento ou
disposio inadequada de indstrias que os produzem e os comercializam. Sofrem
reaes qumicas e por sua natureza nociva, quando descartados ou transmitidos
por terra, gua ou ar, tem o poder de intoxicar pessoas, animais e o meio, trazendo
consequncias como desenvolvimento de patologias graves e morte, no podendo
ser associados ao resduo convencional domstico.
Justia ambiental: A Justia Ambiental, para o Movimento de Justia Ambiental dos
Estados Unidos, a condio de existncia social configurada atravs do tratamento
justo e do envolvimento significativo de todas as pessoas, independentemente de
sua raa, cor ou renda no que diz respeito elaborao, desenvolvimento,
implementao e aplicao de polticas, leis e regulaes ambientais. Por
tratamento justo, entenda-se que nenhum grupo de pessoas, incluindo-se a grupos
tnicos, raciais ou de classe, deva suportar uma parcela desproporcional das
consequncias ambientais negativas resultantes da operao de empreendimentos
industriais, comerciais e municipais, da execuo de polticas e programas federais,
estaduais ou municipais, bem como das consequncias resultantes da ausncia de
omisso dessas polticas27. Acselrad acrescenta que a noo de justia ambiental
implica, pois, o direito a um meio ambiente seguro, sadio e produtivo para todos,
onde o meio ambiente considerado em sua totalidade, incluindo suas dimenses
ecolgicas, fsicas, construdas, sociais, polticas, estticas e econmicas. Refere-
se, assim, s condies em que tal direito pode ser livremente exercido, preservado,
respeitado e realizando plenamente as identidades individuais e de grupo, a
dignidade e a autonomia das comunidades e, por outro lado, o direito de todo
trabalhador a um meio ambiente de trabalho sadio e seguro, sem que ele seja
forado a escolher entre uma vida sob risco e o desemprego. Afirma tambm, o
direito dos moradores de estarem livres, em suas casas, dos perigos ambientais
provenientes das aes fsico-qumicas das atividades produtivas28.
27 BULLARD, R. D. Duping in Dixie: Race, Class and Environmental Quality. San Francixco/Oxford: Westview Press, 1994. In ACSELRAD, Henri. AMARAL, Ceclia Campello do Amaral. BEZERRA. Gustavo das Neves. O que justica ambiental? Rio de Janeiro. Garamond. 2009. Pg. 16. 28 ACSELRAD, Henri. AMARAL, Ceclia Campello do Amaral. BEZERRA. Gustavo das Neves. O que justica ambiental? Rio de Janeiro. Garamond. 2009. Pgs. 16-17.
Modernidade: A proposta trata da Teoria da Modernidade como parte integrante da
Teoria da Ao Comunicativa" de Habermas29. Ao lado de um conceito de
sociedade que associa a perspectiva subjetiva (interna "do mundo vivido")
perspectiva objetiva (externa, ou sistmica) e ao resgate de um conceito de
racionalidade dialgica. A teoria da modernidade habermasiana procura explicar a
gnese da moderna sociedade ocidental, diagnosticar as suas patologias e buscar
solues para a sua supresso. Nesse sentido, a teoria da modernidade
habermasiana faz parte de uma teoria evolutiva mais ampla, preocupada em
reconstruir os processos de formao, os princpios de organizao e as crises pelas
quais passam as formaes societrias no decorrer do tempo30. A modernidade,
assim, refere-se s formaes da sociedade do "nosso tempo", dos "tempos
modernos". O incio da "modernidade" est marcado por trs eventos histricos
ocorridos na Europa e cujos efeitos se propagaram pelo mundo: a Reforma
Protestante, o Iluminismo ("die Aufkrung) e a Revoluo Francesa. Em outras
palavras, a "modernidade" se situa no tempo. Ela abrange, historicamente, as
transformaes da sociedade ocorridas nos sculos 18, 19 e 20, no "Ocidente".
Dessa forma, ela tambm se situa no espao: seu bero indubitavelmente a
Europa. Seus efeitos propagam-se posteriormente pelo hemisfrio norte,
especialmente pelos pases do Atlntico Norte e, depois, por boa parte do planeta31.
Ps-modernidade: o resultado do conjunto de vrias crises em vrios aspectos
das sociedades contemporneas e que acabou por tornar obsoleto o arsenal terico
moderno, principalmente a partir da derrocada do mundo socialista do leste europeu
nas ltimas dcadas do Sculo XX. , portanto, resultado de um momento de crise
de transcendncia, pois assim como no surgimento do Estado Constitucional
Moderno, as mudanas, em todos os sentidos, so to rpidas e avassaladoras que
as sociedades contemporneas acabam por perder suas matrizes tericas. Est-se
vivendo o fim de uma era de racionalidade, na qual o mais importante a tcnica e o
seu tecnicismo, e o que importa a competio entre os homens. A ps-
modernidade seria, portanto, uma grande crise final ideolgica, poltica e moral,
29 HABERMAS, Jrgen. Teoria da Ao Comunicativa. Traduo de Mrcio Seligmann-Silva. So Paulo: Littera Mundi, 2007. Pg. 31. 30 HABERMAS, Jrgen. Teoria da Ao Comunicativa. Traduo de Mrcio Seligmann-Silva. So Paulo: Littera Mundi, 2007. Pg. 31. 31 FREITAG, Brbara. Habermas e a Teoria da Modernidade. Cad. CRH., Salvador, n.22. p.138-163, jan/jun. 1995. Disponel em https://portalseer.ufba.br/index.php/crh/article/viewFile/18781/12151. Pg. 140.
https://portalseer.ufba.br/index.php/crh/article/viewFile/18781/12151
provocada pela condio sociocultural e esttica do atual estgio do capitalismo ps-
globalizao. A Ps-Modernidade est relacionada com as tendncias polticas e
culturais como verdadeiro rompimento com as antigas verdades absolutas, como
marxismo e liberalismo, tpicas da Modernidade.
Lei da Entropia: No processo de transformao da energia inclusive para o
aproveitamento humano parte dela se degrada e se perde, impedindo-a de voltar
ao estado original e com igual quantidade (irreversibilidade). Para Jos Eli da Veiga,
a essncia da Lei da Entropia que a degradao da energia tende a um mximo
em sistema isolado, e tal processo irreversvel j que a energia usada no pode
ser reutilizada32. Sistemas isolados no trocam nem matria nem energia com o
meio. Os sistemas abertos trocam tanto energia quanto matria. E fechados so
aqueles que trocam apenas energia. O planeta Terra fechado, pois a quantidade
de materiais no muda mesmo recebendo permanentemente o indispensvel fluxo
de energia do sol. (...) A energia tem de ser capaz de realizar trabalho. Diz-se que
essa energia de baixa entropia. Assim, mediante o uso de fontes de baixa entropia,
os seres vivos compensam permanentemente o processo de degradao a que
esto sujeitos. Na verdade, ao utilizarem tais fontes para manter a prpria
organizao esto acelerando o processo de dissipao, aumentando assim a
entropia do sistema maior do qual se inserem33. Em assim agindo, os organismos
vivos importam energia de qualidade, de baixa entropia, de fora de seus corpos, e
exportam entropia, ou seja, aumentam a entropia ao seu redor que,
metaforicamente, no caso do homem seria representada pela extrao de bens
naturais e energia do meio ambiente no processo de produtivismo e consumismo da
sociedade atual. Veiga atesta que o processo econmico unidirecional do ponto de
vista fsico e que consiste na transformao contnua de baixa para alta entropia, ou
seja, no cria e nem consome matria e energia, mas as transforma. Esse
entendimento do processo como entrpico envolve as trocas energticas e materiais
que ocorrem entre os seres humanos e seu meio ambiente natural, uma relao
metablica da humanidade com a natureza ou metabolismo socioambiental. Um dos
32 A Lei da Entropia assegura que no se pode usar a mesma energia indefinidamente, queimando o mesmo carvo ad infinitum. Se isso fosse possvel, no haveria escassez de fato nem haveria resduos do processo produtivo, uma vez que se poderia reciclar 100%. Um pas pobre em recursos naturais como o Japo no precisaria importar matrias-primas, e muitas populaes no teriam sido foradas a migrar por causa da exausto do solo. In CECHIN, Andrei. A Natureza como limite da Economia. A contribuio de Nicholas Georgescu-Roegen. So Paulo: Editora Senac, 2010. Pg. 73. 33 VEIGA, Jos Eli (Org.). Economia Socioambiental. So Paulo. Editora Senac. 2009, Pg. 13.
principais sucessos adaptativos da humanidade foi exatamente a capacidade de
extrair baixssima entropia contida nas energias fosseis como carvo, petrleo e gs.
Contudo, isto revelou a principal causa do aquecimento global, fenmeno que
paradoxalmente dificultar a adaptao, tendendo a acelerar o processo de extino
da prpria espcie34.
Bioeconomia ou Economia Ecolgica35: Nicholas Georgescu-Roegen, considera
incompleta a teoria econmica convencional36 e para tanto, mostrou que no
processo de transformao de energia, o sistema produtivo transforma recursos
naturais em produtos que a sociedade valoriza37. Nenhuma energia pode ser criada
ou extinguida, mas transformada e essa transformao produz necessariamente
algum tipo de resduo, que no entra novamente no sistema produtivo. Se a
economia pega recursos de qualidade de uma fonte natural e despeja resduos sem
qualidade de volta para a natureza, ento no possvel tratar a economia como um
ciclo fechado e isolado da natureza38. A Bioeconomia faz com que processo
econmico encontre seu limite na capacidade do meio ambiente, ou seja, concebe o
processo econmico como um processo biofsico e que a economia e todo o sistema
econmico depende da extrao de matria-prima e energia da natureza para que
34 VEIGA, Jos Eli (Org.). Economia Socioambiental. So Paulo. Editora Senac. 2009, Pg. 14. 35 No se confunde com Economia ambiental. Para Clvis Cavalcante, presidente da Sociedade Internacional de Economia Ecolgica, a Economia Ecolgica a viso ecolgica da economia; no , portanto, um ramo da economia. A economia significa a viso econmica da economia. E a economia ambiental a viso econmica do meio ambiente. Disponvel em http://www.ecoeco.org.br/noticias/ultimas-noticias/319-eleicoes-para-a-presidencia-da-sociedade-internacional-de-economia-ecologica. Acesso em 19.03.2016. 36 O padro econmico convencional ou neoclssico mede o crescimento econmico com base no Produto Interno Bruto PIB, privilegiando nmeros e grficos, considerando recursos naturais como infinitos, condio que autorizaria sua infinita explorao e, portanto, negligenciando os aspectos biofsicos do planeta como energia, bens naturais, capital social, cultural que lhe do sustentao, vida e suporte. Esse modelo faz causar presso sobre o meio ambiente e Jos Eli da Veiga menciona em sua obra Economia Socioambiental que a economia ignora os servios prestados pela natureza, que incluem as funes de regulao de clima e a manuteno de ciclos biogeoqumicos fundamentais para a vida. Os chamados recursos naturais no so apenas fonte de fluxos (energia solar, minerais e combustveis fsseis, nutrientes do solo) prontos para serem transformados pelo processo produtivo; eles tambm constituem fonte de servios que, mesmo no sendo integrados fisicamente aos produtos, so importantes para a prpria manuteno da vida. VEIGA, Jos Eli (Org.). Economia Socioambiental. So Paulo. Editora Senac. 2009, Pg. 10. 37 Para Georgescu a sobrevivncia da humanidade na Terra requer ateno ao apego da espcie humana aos seus instrumentos exossomticos (que permitem a converso de energia fora dos corpos biolgicos) peculiaridade que a distingue de outros animais. O problema ecolgico surge com a transferncia de parte substancial da converso energtica da humanidade para fora dos corpos humanos e se aprofunda de maneira inaudita com a combusto dos recursos fsseis que aumentou exponencialmente o fluxo de resduos indesejados. 38 CECHIN, Andrei Domingues; VEIGA, Jos Eli da. A economia ecolgica e evolucionria de Georgescu-Roegen. Rev. Econ. Polit., So Paulo, v. 30, n. 3, Pg. 438-454, Sept. 2010. Disponvel em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572010000300005&lng=en&nrm=iso. Acesso em 18 Mar. 2016.
http://www.ecoeco.org.br/noticias/ultimas-noticias/319-eleicoes-para-a-presidencia-da-sociedade-internacional-de-economia-ecologicahttp://www.ecoeco.org.br/noticias/ultimas-noticias/319-eleicoes-para-a-presidencia-da-sociedade-internacional-de-economia-ecologicahttp://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31572010000300005&lng=en&nrm=iso
exista, razo pela qual a humanidade precisa privilegiar desenvolver-se
sustentavelmente. Pelo conceito de Bioeconomia, seus expoentes destacam que a
economia se constitui em um subsistema da natureza na qual as categorias meio
ambiente e sistema econmico precisam ter uma abordagem conectada,
complementar plural, distinta do modelo econmico neoclssico teorizado por Adam
Smith39 e que conceba tanto os conceitos e instrumentos da economia
convencional como os da ecologia convencional. Como o prprio nome diz, uma
interao no s ecolgica, no s econmica, mas bioeconmica40.
Transnacionalidade: Para Paulo Mrcio Cruz a transnacionalidade insere-se no
contexto da globalizao e liga-se fortemente concepo de traspassamento
estatal. Enquanto globalizao remete ideia de conjunto, de globo, enfim, o
mundo sintetizado como nico; transnacionalizao est atada referncia do
Estado permevel, mas tem na figura estatal a referncia do ente em declnio. Com
efeito, no se trata mais do Estado-territorial, referncia elementar surgido aps a
Paz de Westflia e que se consolida at o Sculo XX, viabilizando a emergncia do
direito internacional sob amparo da ideia de soberania. Esse um quadro alterado
que se transfigura de internacional (inter-naes) para transnacional (trans-naes),
de soberania absoluta para soberania relativa, de relaes territoriais para relaes
virtuais, de trnsito entre fronteiras para trnsito em espao nico. A
desterritorializao (por exemplo, quando a produo de um bem ocorre em vrios
pases) uma das principais circunstncias que molda o cenrio transnacional,
especialmente porque diz respeito ao aspecto alm fronteira, pois no o espao
estatal e tambm no o espao que liga dois ou mais espaos estatais. O territrio
transnacional no nem um nem outro e um e outro, j que se situa na fronteira
transpassada, na borda permevel do Estado. Com isso, por ser fugidia, borda
tambm no , pois, fronteira delimita e a permeabilidade traz consigo apenas o
imaginrio, o limite virtual41.
39 O autor defendia que valor econmico e riqueza so frutos do trabalho, a seu tempo, concebido como o processo de transformao de recursos da natureza em coisas que as pessoas querem, com nfase na acumulao de capital atravs da poupana proveniente dos lucros, que garantiria o crescimento econmico. In CECHIN, Andrei. A natureza como limite da Economia. A contribuio de Nicholas Georgescu-Roegen. So Paulo: Editora Senac. 2010. Pg. 29 40 Sobre a conciliao da economia e da ecologia, ver captulo 2, item XI da obra de Nicholas Georgescu Roegen: O Decrescimento: Entropia, ecologia, economia. Apresentao e organizao Jacques Grinevald, Ivo Rens. 41 STELZER, Joana. Transnacionalizao: o emergente cenrio do comrcio mundial. Revista porturia Economia & Negcios. Disponvel em
Globalizao Na obra cujo ttulo questiona O que a Globalizao?, Ulrich Beck
destaca o conceito de Globalizao como sendo os processos em cujo andamento
os Estados Nacionais veem sua soberania, sua identidade, suas redes de
comunicao, suas chances de poder e suas orientaes sofrerem a interferncia
cruzada de atores transnacionais42.
Teoria do Sistema Mundo Para Wallerstein, a perspectiva terica dos sistemas-
mundo (...) est ligada ao surgimento da economia poltica internacional nos anos
70 e aos questionamentos da poca sobre os rumos do sistema internacional
frente crise hegemnica dos EUA durante a Guerra do Vietn e o fim do padro
ouro-dlar. (...) teramos dois tabuleiros no sistema-mundo moderno, que se
afetam mutuamente: a esfera do capitalismo, onde os agentes empresariais
buscam lucro e riqueza com aplicaes econmicas; e a esfera do sistema
interestatal, onde os Estados aplicam recursos de violncia em busca de poder.
(...) no tabuleiro do capitalismo existe uma polarizao de riqueza, no apenas
entre classes, mas principalmente entre regies do sistema. Wallerstein se
aproxima dos tericos da dependncia ao verificar uma hierarquia na diviso
internacional do trabalho entre regies ou Estados centrais (que se ocupam de
tarefas que exigem maior qualificao, aplicao de tecnologia de ponta,
agregao de valor a mercadorias e maior acumulao de riqueza) e regies ou
Estados perifricos (que apresentam baixa rentabilidade marginal e transferem
para as regies centrais grande parte do seu excedente de riqueza)43.
http://www.revistaportuaria.com.br/site/?home=artigos&n=CCNU&t=transnacionalizaco-emergente-cenario-comercio-mundial. Acesso em 20.07.2012. 42 BECK, Ulrich. O que Globalizao? Equvocos do globalismo: resposta globalizao. Traduo de Andr Carone. So Paulo: Paz e Terra, 1999, Pg. 30. 43 Disponvel em http://www.paginainternacional.com.br/2012/03/conversando-com-teoria_21.html. Acesso em 10.12.2012.
http://www.revistaportuaria.com.br/site/?home=artigos&n=CCNU&t=transnacionalizaco-emergente-cenario-comercio-mundialhttp://www.revistaportuaria.com.br/site/?home=artigos&n=CCNU&t=transnacionalizaco-emergente-cenario-comercio-mundialhttp://www.paginainternacional.com.br/2012/03/conversando-com-teoria_21.html
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Escala de crescimento populacional global entre os sculos 74
FIGURA 2 - Distribuio varivel da fome no mundo: nmero e proporo de
pessoas subalimentadas por regio 1990-92 e 2012-14 84
FIGURA 3 - Ilustrao do Efeito Estufa 101
FIGURA 4 - Expanso material humana de 1750 a 2016 118
FIGURA 5 - Diagrama de Fluxo Circular da Economia 131
FIGURA 6 - Tendncias de subalimentao: progressos em quase todas as regies a
ritmos variados 248
FIGURA 7 - Pilares Da Justia Ambiental 322
FIGURA 8 - Fora tarefapara a implementao Produo e Consumo sustentvel
(PCS) 362
FIGURA 9 - Mapa de geolocalizao dos municpios da AMFRI 373
FIGURA 10 - Mapa da Somlia 418
FIGURA 11 - Depsito de resduos na costa somali 422
FIGURA 12 - Resduos na costa somali 425
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Tendncias sociais, econmicas e ambientais entre a primeira e a
segunda 123
TABELA 2 - Objetivos de desenvolvimento do milnio e metas das naes unidas 249
TABELA 3 - Os objetivos do desenvolvimento sustentvel 272
TABELA 4 - Agenda 21. Captulos 19 a 22 275
TABELA 5 - Sntese dos resultados das COPs da Conveno da Basileia 351
TABELA 6 - Legislao europeia sobre resduos slidos 364
TABELA 7 - PIB por Macrorregio por Municpio: Macrorregio Foz do Rio Itaja 374
TABELA 8 - Situao atual dos municpios da AMFRI em matria de gesto de
resduos 378
TABELA 9 - Legislaes municipais sobre resduos na regio da AMFRI 380
TABELA 10 - intoxicao exgena municpio de Luiz Alves 387
TABELA 11 - Quantidade de mortes por neoplasias malignas (cnceres) em Lus
Alves 390
TABELA 12 - Registros de cargas de resduos perigosos interceptadas 409
TABELA 13 - Volume (em toneladas) de resduos exportados e importados de 2004
a 2006 pelos 10 maiores pases exportadores e importadores 413
TABELA 14 - Evoluo do nmero de mortes por cncer na Bahia e Caetit 438
TABELA 15 - Principais incidentes envolvendo a atividade de extrao de urnio em
Caetit - 1 440
TABELA 16 - Principais incidentes envolvendo atividade de extrao de urnio em
Caetit - 2 441
TABELA 17 - Principais incidentes envolvendo atividade de extrao de urnio em
Caetit - 3 441
SUMRIO
RESUMO................................................................................................................... 36
RESUMEN ................................................................................................................ 37
ABSTRACT ............................................................................................................... 38
INTRODUO .......................................................................................................... 39
CAPTULO 1 ............................................................................................................. 52
PROLEGMENOS: CRISE CIVILIZATRIA E O DEBATE AMBIENTAL PS-
MODERNO ................................................................................................................ 52
1.1. A PS-MODERNIDADE E O SEU NOVO PARADIGMA EM BREVES APORTES HERMENEUTICOS ............................................................................. 54
1.1.1. Um novo paradigma para o Direito na Ps-modernidade ........................ 54
1.1.2. Para entender a Ps-modernidade .......................................................... 58
1.2. UMA SELFIE COM A CRISE AMBIENTAL .................................................... 63 1.2.1. As primeiras preocupaes ..................................................................... 64
1.2.2. Patologias da Crise Ambiental ................................................................. 69
1.2.2.1 Exploso demogrfica e o Crescimento Exponencial ............................ 70
1.2.2.2. A Crise Alimentar ................................................................................... 77
1.2.2.2.1. Os nmeros da Crise ......................................................................... 78
1.2.2.2.2. Crise alimentar e Governana Global ................................................ 80
1.2.2.2.3. Causas da Crise Alimentar ................................................................. 86
1.2.2.2.4. Alternativas e propostas de soluo ou mitigao da Crise ............... 92
1.2.2.3. Mudanas Climticas, Efeito Estufa e Aquecimento Global .................. 95
1.2.2.3.1. O Efeito Estufa ................................................................................. 100
1.2.2.3.2. As consequncias ............................................................................ 104
1.2.2.3.3. O Contraponto: H controvrsias ..................................................... 107
1.2.3. Crise tica e a questo do hiperconsumismo ........................................ 112
1.2.4. A crise ambiental e consumismo: panorama e patologias ...................... 114
CAPTULO 2 ........................................................................................................... 121
CRISE AMBIENTAL E ECONOMIA ECOLGICA: MODELO DOMINANTE E
LIMITES BIOFSICOS NA ERA DO CRESCIMENTO ............................................ 121
2.1. O PENSAMENTO ECONOMICO NEOCLSSICO E O MEIO AMBIENTE .... 125 2.2. EVOLUO DO PROCESSO ECONOMICO E A ECONOMIA ECOLGICA 132
2.2.1. A formao de Nichols Georgescu-Roegen ......................................... 132
2.2.2. O Legado de Georgescu-Roegen .......................................................... 137
2.2.3. A Lei da Entropia e o Processo Econmico............................................ 147
2.3. CRTICA AO MODELO ECONMICO ATUAL E A ECONOMIA ECOLGICA ............................................................................................................................. 158
2.3.1. O protagonismo da Natureza: Reflexos no processo econmico ........... 159
2.3.2. Os limites da Biosfera na viso da nova economia ................................ 167
2.3.3. Crescimento Econmico indutor da Crise Ambiental.............................. 171
CAPTULO 3 ........................................................................................................... 174
ECLIPSE CIVILIZATRIO: DO CONSUMO AO DESCARTE ................................ 174
3.1. A TRADE PRODUTIVISMO, CONSUMISMO E DESCARTE DE RESDUOS NA SOCIEDADE DE CONSUMO ......................................................................... 175
3.1.1. Consumo e Consumismo e o etos cultural ps-moderno ....................... 176
3.1.1.1. O discurso da filosofia do direito sobre o consumismo ....................... 183
3.1.1.2 Da sociedade de consumo produo de resduos ............................ 184
3.1.2. Marketing publicitrio e seduo ao consumo: A mente como alvo ....... 187
3.1.3. O fetichismo das mercadorias analisado por Karl Marx ......................... 191
3.1.4. Obsolescncia Programada e outras ferramentas de seduo: Mito ou
verdade? .......................................................................................................... 193
3.2. DESENVOLVIMENTO E CONSUMO SUSTENTVEL NA AGENDA DE GOVERNANA ................................................................................................... 197
CAPTULO 4 ........................................................................................................... 207
O PROTAGONISMO DA GOVERNANA AMBIENTAL GLOBAL ......................... 207
4.1. POLTICAS AMBIENTAIS LUZ DA GOVERNANA AMBIENTAL: POR UM CONCEITO DE GOVERNANA .......................................................................... 208 4.2. A GOVERNANA GLOBAL DO MEIO AMBIENTE: ASPECTOS POLTICO-INSTITUCIONAIS ................................................................................................ 216
4.2.1. A Conferncia de Estocolmo e a nova ordem ambiental global ............. 224
4.2.2. Ps-1972: O despertar de uma nova era? ............................................. 230
4.2.3. Comisso Brundtland ............................................................................. 236
4.2.4. Conferncia do Rio (Rio 92) ................................................................... 239
4.2.4.1. Agenda 21 ........................................................................................... 244
4.2.5. A Cpula do Milnio e os Objetivos de Desenvolvimento ...................... 247
4.2.6. A Cpula de Johanesburgo (Rio+10) ..................................................... 250
4.2.7. A Cpula do Rio de Janeiro (Rio + 20) ................................................... 257
4.2.7.1. Crescer ou desenvolver: desenhando o caminho ............................... 267
4.2.7.2. Dos ODM aos ODS ............................................................................. 270
4.3. JUSTIA AMBIENTAL E RESDUOS TXICOS NA AGENDA GLOBAL DE
GOVERNANA: METAS DOS ODSS ................................................................. 273 4.4. PARADIGMAS DO PROCESSO GLOBAL DE GOVERNANA .................... 276
4.4.1. A (in)suficiente Governana Jurdico-Poltica ......................................... 280
4.4.2. Governana para a Sustentabilidade por um novo valor tico ............ 284
CAPTULO 5 ........................................................................................................... 287
GOVERNANA DE RESDUOS E JUSTIA AMBIENTAL .................................... 287
5.1. O DESPERTAR DA JUSTIA AMBIENTAL E SUAS NUANCES: BREVES APORTES EPISTEMOLGICOS ........................................................................ 293 5.2 ELEMENTOS DE JUSTIA AMBIENTAL NA GOVERNANA DO LOCAL E GLOBAL DE RESDUOS ..................................................................................... 299
5.2.1. Governana dos Resduos no Brasil: Um olhar sob o prisma da Justia
Ambiental ......................................................................................................... 305
5.3. FERRAMENTAS DE GOVERNANA, DEMOCRATIZAO E JUSTIA ..... 309 5.3.1. Controle Social a realidade brasileira .................................................. 309
5.3.2. Democracia Ambiental: O direito de Acesso Informao e Participao
e a Conveno de Aarhus ................................................................................ 314
5.3.3. Legislao brasileira garantista do Acesso Informao ....................... 324
5.4. RESDUOS PERIGOSOS COMO CATEGORIAS CHAVE ............................ 328 5.4.1. Resduos Perigosos no contexto da Justia Ambiental .......................... 329
5.5. INSTRUMENTOS DE GOVERNANA GLOBAL DE RESDUOS.................. 339 5.5.1. O Controle de Movimentos Transfronteirios de Resduos Perigosos ... 345
5.5.1.1. A Conveno da Basileia sobre o Controle de Movimentos
Transfronteirios de Resduos Perigosos ......................................................... 347
5.5.1.2. Conveno de Roterd ....................................................................... 352
5.5.1.3. Conveno de Estocolmo sobre Poluentes Orgnicos Persistentes ... 354
5.5.1.4. Conveno de Bamako, Lom IV, Waigani e outros ........................... 357
5.5.2. Processo de Marrakesh ......................................................................... 359
5.5.3. Diretivas da Unio Europeia sobre resduos .......................................... 363
5.5.4. Strategic Approach to International Chemicals Management (SAICM) .. 365
5.5.5. Instituies intergovernamentais de governana ................................... 366
5.5.6. Iniciativas independentes de governana de Resduos ......................... 368
CAPTULO 6 ........................................................................................................... 370
DESGOVERNANA GLOBAL: POR UM TRAO COMUM ENTRE MODELO DE
DESENVOLVIMENTO E INJUSTIA AMBIENTAL ................................................ 370
6.1. A GOVERNANA DE RESDUOS PERIGOSOS E JUSTIA AMBIENTAL NA REGIO DA METROPOLITANA DA FOZ DO RIO ITAJA .................................................................... 370
6.1.1. Lus Alves-SC na rota da intoxicao por agrotxicos ........................... 381
6.1.2. Outros resduos altamente txicos e patognicos .................................. 400
6.1.2. Transporte Transfronteirio de Resduos: Do mundo para a AMFRI ...... 408
6.2. CASOS EMBLEMTICOS DE INJUSTIA AMBIENTAL ............................................... 416 6.2.1. Piratas de 1 mundo: da fome ao Trfico de Resduos para a Somlia . 417
6.2.2. Apocalipse na ndia: Caso Bhopal e a nuvem mortal da Union Carbide 427
6.2.3. Contaminao qumica transfronteiria: De So Paulo Camaari ....... 432
6.2.4. Injustia ambiental por Intoxicao Nuclear em Caetit-BA ................... 436
6.3. MATERIALIZAO E EFETIVIDADE DO ACESSO JUSTIA AMBIENTAL NOS TRIBUNAIS ............................................................................................................................. 441 6.4. O PONTO EM COMUM: A ESTREITA LIGAO ENTRE O MODELO DE DESENVOLVIMENTO E A JUSTIA AMBIENTAL ............................................................................................. 451
CONCLUSES ....................................................................................................... 467
REFERNCIA DAS FONTES BIBLIOGRAFICAS CITADAS ................................. 478
REFERNCIA DE STIOS CIBERNTICOS CONSULTADOS .............................. 500
RESUMO
A humanidade atual vive uma revoluo de ordem moral, social, poltica e
econmica. As bases do comportamento ps-moderno manifestas pelos ideais
capitalistas e pela Globalizao, elementos influenciadores do fenmeno indutor da
sociedade de consumo, tem trazido ao meio ambiente um panorama de crise
ambiental sem precedentes. A trade produtivismo-consumismo-descarte, base do
sistema capitalista, se sustenta na produo de bens e mercadorias e gera um
processo entrpico que tem no seu descarte, seja na fase pr ou ps-consumo, uma
srie de problemas ambientais e sociais, dentre eles, injustia ambiental que
acometem a determinadas sociedades vulnerveis em pases perifricos ou nos
desenvolvidos. Este trabalho busca demonstrar que essa lgica causa injustia
ambiental sob o prisma do descarte de resduos perigosos, cuja exposio pode
constituir um importante nexo causal entre toxidade e desenvolvimento de patologias
no indivduo na maioria das vezes pobre, vulnervel, sem acesso informao,
invisvel sociedade. Os objetivos desta pesquisa buscam evidenciar o fio indutor da
lgica relao entre modelo de desenvolvimento e injustia ambiental.
Paralelamente, pretende analisar se o atual modelo de Governana Ambiental e os
elementos epistemolgicos formadores de seu conceito, so adequados a regular as
demandas ambientais contemporneas geradoras de injustia ambiental. E de igual
forma, se a governana, tal qual existe hoje, pode ser entendida como vetor de
regulao e elemento de capaz de tornar o modelo de desenvolvimento protetivo ao
meio ambiente com equidade inter e intrageracional, em especial, no que atine
regulao e gesto de resduos txicos, mesmo frente aos interesses do capital. A
pesquisa se desenvolve em trs partes (seis captulos). Na primeira se debater o
modelo socioeconmico e sua crise, os elementos indutores da demanda por
produo, a entropia decorrente. Em seguida, consumo, descarte e governana
ambiental incidente, finalizando com a terceira parte e os desafios da governana
global para gesto resduos.
Palavras-chave: Governana Socioambiental; Produtivismo-consumismo-descarte;
Resduos Perigosos; Justia Ambiental.
37
RESUMEN
La humanidad actual est experimentando una revolucin de orden moral, social,
poltica y econmica. Las bases del comportamiento postmoderno que se traducen
por las convicciones capitalistas y por la globalizacin, elementos influenciadores del
fenmeno inductor de la "sociedad de consumo", ha trado al medio ambiente un
panorama de crisis ambiental sin precedentes. La trada productivismo-consumismo-
eliminacin, base del sistema capitalista, se basa en la produccin de bienes de
consumo cuyo proceso entrpico en la fase pre o post-consumo genera una serie de
problemas ambientales y sociales, entre ellos la injusticia ambiental que afecta a
ciertas sociedades vulnerables en pases perifricos o en los desarrollados. Esta
investigacin pretende demostrar que esta lgica causa injusticia ambiental,
especialmente a travs del prisma de la eliminacin de residuos peligrosos, cuya
exposicin puede constituir una importante relacin causal entre la toxicidad y el
desarrollo de enfermedades en el individuo - por lo general pobres, vulnerables, sin
acceso a la informacin, invisibles para la sociedad. Los objetivos de esta
investigacin pretenden mostrar la relacin entre el modelo de desarrollo y la
injusticia ambiental. En paralelo, intentan examinar si el actual modelo de
Gobernanza Ambiental Global y los elementos epistemolgicos que sostienen su
concepto son adecuados para regular las demandas ambientales contemporneas
generadoras de la injusticia ambiental y si la Gobernanza, tal como existe hoy en
da, puede ser entendida como un vector de regulacin y elemento capaz de hacer
del modelo de desarrollo un modelo protectivo al medio ambiente con equidad inter e
intrageneracional, en particular en lo que respecta a la regulacin y la gestin de
residuos txicos, aunque sea contrario a los intereses del capital. La investigacin se
desarrollar en tres partes (seis captulos). La primera discute el modelo
socioeconmico y su crisis, los elementos que inducen la demanda de produccin y
la entropa resultante. A continuacin, el consumo, la eliminacin y la gobernanza
ambiental para los residuos, y termina con la tercera parte y los desafos de la
gobernanza global para la gestin de residuos.
Palabras-clave: Gobernanza Socio ambiental; Productivismo-consumismo-
eliminacin; Residuos Peligrosos; Justicia Ambiental.
38
ABSTRACT
Humanity today is experiencing a revolution of moral, social, political and economic
orders. The bases of postmodern behavior, manifested by capitalist ideals and
Globalization - influential elements that have induced the "consumer society"
phenomenon - have led to a panorama of unprecedented environmental crisis. The
productivism-consumerism-disposal triad, which forms the basis of the capitalist
system, is based on the production of goods and commodities and generates an
entropic process that carries with it, whether in the pre- or post-consumer phases, a
number of environmental and social problems. These include environmental injustice
affecting certain vulnerable societies in peripheral or developed countries. This work
seeks to show that this logic leads to environmental injustice, from a perspective of
disposal of hazardous waste. Such exposure may be an important causal relationship
between toxicity and development of disease in individuals, who are usually poor,
vulnerable, lacking in access to information, and invisible to society. The objective of
this research is to show the inducer thread of the relationship logic between
development and the model of environmental injustice. At the same time, it analyzes
whether the current Environmental Governance model and the epistemological
elements that make up its concept, are adequate to regulate the contemporary
environmental demands that have generated environmental injustice. It also
examines whether governance, in the form in which it exists today, can be
understood as regulatory vector and an element capable of making the model of
development that protects the environment with inter- and intra-generational equity,
and in particular, in regard to the regulation and management of toxic waste, even in
the face of capital interests. The research was developed in three parts (six
chapters). The first discusses the socioeconomic model and its crisis, the inducing
elements of demand for production, and the resulting entropy. Next, it addresses
consumption, disposal and the arising environmental governance, and finally, the
third chapter discusses the challenges of global governance for waste management.
Keywords: Environmental Governance; Productivism-consumerism-disposal;
Hazardous waste; Environmental Justice.
INTRODUO
Esta Tese de Doutorado, que tem por ttulo Desenvolvimento e
Desgovernana Ambiental Global: Paradoxos da regulao jurdica da trade
produo-consumo-resduos, tem como objeto44 a anlise do modelo de
desenvolvimento que rege a humanidade e seus paradoxos e a avaliao crtica do
processo de governana global do meio ambiente na regulao da trade conceitual
aqui denominada produtivismo-consumismo-descarte.
O trabalho fruto do resultado parcial de pesquisas realizadas na rea do
Direito Ambiental, mais especificamente em temas que envolvem a relao da trade
produtivismo-consumismo-descarte, com categorias como a da Sustentabilidade,
Desenvolvimento Sustentvel, Governana Ambiental e Resduos Txicos e/ou
Perigosos, Justia Ambiental, dentre outros temas transversais necessrios
compreenso do tema proposto.
O tema foi desenvolvido na linha de pesquisa45 Estado,
Transnacionalidade e Sustentabilidade, dentro da rea de concentrao
Constitucionalismo, Transnacionalidade e Produo do Direito46 e foi produzido no
mbito do Programa de Ps-Graduao Stricto Sensu em Cincia Jurdica da
Universidade do Vale do Itaja UNIVALI47.
O objetivo institucional48 a obteno do Ttulo de Doutor em Cincia
Jurdica do Curso de Doutorado em Cincia Jurdica- CDCJ/UNIVALI, enquanto que
o objetivo geral49 abordar a crise ambiental gerada pelo modelo de
44 [...] o motivo temtico (ou a causa cognitiva, vale dizer, o conhecimento que se deseja suprir e/ou aprofundar) determinador da realizao da investigao. PASOLD, Cesar Luiz. Prtica da Pesquisa Jurdica: ideias e ferramentas teis para o pesquisador do Direito. 2003. Pg. 170. 45 [...] so as especificaes dos assuntos sobre os quais seus alunos podem realizar suas pesquisas conducentes ao trabalho de concluso do curso. PASOLD, Cesar Luiz. Prtica da Pesquisa Jurdica: ideias e ferramentas teis para o pesquisador do Direito. 2003. Pg. 135, nota de rodap n 72. 46 Circunscrio temtica dentro da qual atuam cientificamente os cursos de ps-graduao. PASOLD, Cesar Luiz. Prtica da Pesquisa Jurdica: ideias e ferramentas teis para o pesquisador do Direito. 2003. 135, nota de rodap n 72. 47 A presente Tese de Doutorado foi financiada por Bolsa de Estudos do Programa UNIEDU/FUMDES, do Estado de Santa Catarina, obtida em chamada pblica especificamente lanada para este fim, conforme consta em www.uniedu.sed.sc.gov.br. 48 PASOLD, Cesar Luiz. Prtica da Pesquisa Jurdica: ideias e ferramentas teis para o pesquisador do Direito. 2003. Pg. 161. 49 [...] meta que se deseja alcanar como des
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