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DESPACHOS DA PRESIDÊNCIA
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA NQ 646 - GO
(Registro nQ 98.0009577-2)
Requerentes: Município de Goiânia e outros
Advogados: Alex Ivan de Castro Pereira, e José Roberto da Paixão e outros
Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q
75.480, do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás
Impetrante: Município de São Simão
DECISÃO
O Município de São Simão impetrou mandado de segurança contra ato da Comissão de Elaboração dos Índices de Distribuição de ICMS (COÍNDICE/ICMS), representada por seu Presidente, o Secretário de Estado da Fazenda do Estado de Goiás, objetivando aumentar sua participação na arrecadação do Índice de Valor Agregado do Fundo de Participação dos Municípios (IVAFPM), tendo em vista a geração de energia elétrica produzida pela CEMIG na municipalidade.
O eminente relator, Desembargador Gonçalo Teixeira e Silva, com lastro em decisão do Ministro Américo Luz, então Presidente do Superior Tribunal de Justiça, reconsiderou decisão anterior, que havia negado a liminar postulada, para concedê-la.
Inconformados, quinze municípios de Goiás, capitaneados pelo Município de Goiânia, postulam a suspensão daquela decisão, alegando grave lesão à economia dos requerentes.
Afigura-se-me procedente a presente postulação porquanto, de um lado, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, ao julgar o mandado de segurança impetrado pelo Município de São Simão objetivando o mesmo desiderato, denegou a ordem. Colhe-se daquele julgado o seguinte trecho:
"II - Simples remessa de energia elétrica, do estabelecimento gerador (usina), situado em Município goiano, para o distribuidor, localizado em Minas Gerais, ambos de propriedade da mesma companhia energética (mineira),
R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 473
configura tão-somente, movimentação ou deslocamento físico da mercadoria, sem transferência de sua titularidade, a ocorrer em relações jurídicas, entre sujeitos econômicos, não constituindo, mera saída física da mercadoria, fato imponível ou operação tributável pelo ICMS, com aptidão para gerar o direito à participação, do Município em cujo território se instalou a usina, no valor adicionado desse tributo" (fl. 99).
De outra parte, a respeitável decisão hostilizada arrimou-se em decisão do eminente Ministro Américo Luz que não pode prevalecer, mercê de afrontar orientação firmada pela Egrégia Corte Especial, motivo pelo qual, autorizado pela interposição de agravo regimental pelos ora Requerentes, exerci juízo de retratação positivo daquela decisão. Na oportunidade, assim me manifestei, no pertinente, verbis:
"Razão assiste à ilustre representante do Parquet federal, visto que o eminente Ministro Presidente, em perfeita coerência com seu entendimento sobre o tema, perseverou na opinião que manifestara em situação análoga. Todavia aquele entendimento foi superado na Corte Especial quando do julgamento do agravo regimental dele tirado, em acórdão resumido nos dizeres da seguinte ementa:
"Processual Civil. Suspensão de segurança. Lei n Q 8.038, de 28.05.90, art. 25. Interpretação.
I - O art. 25 da Lei nº 8.038, de 28.05.90, dá competência ao Presidente do Superior Tribunal de Justiça para suspender a execução de liminar ou decisão concessiva de segurança, proferida em última ou única instância pelos Tribunais Regionais Federais, ou pelos Tribunais dos Estados e do Distrito Federal, e não para restabelecer liminar que fora cassada.
II - Agravo regimental provido."
A todas as luzes, a respeitável decisão recorrida afastou-se da orientação preconizada no aresto em tela pela Corte Especial, ao fixar a inteligência do art. 25 da Lei 8.038/90.
N essa moldura, exerço o juízo de retratação autorizado pelo efeito regressivo do recurso interposto e, reconsiderando a decisão de fls. 128/129, indefiro o pedido inicial" (Agravo Regimental na Suspensão de Segurança nº 619/ GO).
Ante o exposto, presentes os pressupostos autorizativos da drástica medida requerida, defiro o pedido em ordem a suspender a r. decisão hostilizada, que concedeu liminar no Mandado de Segurança nº 7.548-0/ 101, em tramitação no Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
Intimem-se, com urgência. Brasília, 30 de março de 1998. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA
RIBEIRO, Presidente.
Publicado no DJ de 16-04-98.
474 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA NQ 648 - PE
(Registro nQ 98.0016491-0)
Requerente: Ministério Público do Estado de Pernambuco
Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n Q
41.353-2, do Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco
Impetrantes: Renato da Silva Filho e outro
Advogado: Victorino de Brito Vidal
DECISÃO
O Ministério Público do Estado de Pernambuco requer, com fulcro no que dispõe o art. 25 da Lei n Q
8.038/90, suspensão da eficácia de medida liminar concedida em mandado de segurança impetrado perante o ego Tribunal de Justiça local. A r. decisão, da lavra do eminente Desembargador ED-EK Gonçalves Lopes, está vazada nos seguintes termos:
"Renato da Silva Filho e Nilton de Araúj o Barbosa, procuradores da Justiça do Estado de Pernambuco, impetraram Mandado de Segurança Preventivo, em face da ameaça iminente de sofrerem lesão a direito líquido e certo por parte do Exmo. Sr. ProcuradorGeral da Justiça, do Conselho Superior do Ministério, representado pelo seu presidente Dr. José Tavares e da Exma. Sra. Corregedora-Geral do Ministério PÚblico, Dra. Maristela Simonin, consistente em possível aplicação de pena disciplinar fundada em sindicância levada a efeito por
autoridade incompetente e com absoluta ausência de motivo.
Alegam os impetrantes que foram indicados por escolha do Conselho Superior do M.P. para integrar a Comissão Examinadora do Concurso Público a cargo de Promotor de Justiça e Promotor de Justiça Substituto e, ciente de suas atribuições, aceitaram o encargo,juntamente com os demais componentes da banca examinadora, inclusive o representante da OAB-PE, o Dr. Albérico Gomes Guerra.
Como não poderia deixar de ser, alguns candidatos foram aprovados e outros não. Estes, em sua absoluta minoria propuseram medidas judiciais, algumas liminarmente indeferidas. Tais candidatos inconformados com o insucesso dos exames, passaram a lançar dúvidas e suspeitas sobre a licitude do certame, dando lugar a notícias nos jornais onde a discussão técnica e jurídica deu lugar ao escândalo, à calúnia e à difamação que recaíram farta sobre a Comissão Examinadora, especialmente com relação aos impetrantes.
R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 475
Aí, surge a figura da Corregedora-Geral do M.P. que, em invasão de função, instaurou uma "sindicância" para apurar supostas irregularidades no mencionado Concurso Público.
Alegam mais que o Conselho Superior do M.P. em sessão do dia 11.11.97 decidiu que a senhora Corregedora não tinha atribuições para averiguar supostas irregularidades apontadas no concurso e, por tal razão, os autos daquela investigação foram avocados.
Requerem os impetrantes o deferimento de provimento liminar no sentido de que a autoridade coatora se abstenha de praticar qualquer ato em razão da sindicância, especificamente a aplicação de punição aos impetrantes.
Decido.
Ao Conselho Superior do Ministério Público cabe apreciar a regularidade do concurso público, conforme estabelece a Lei Orgânica Estadual do Ministério PÚblico em seu art. 31, parágrafo 4Q
•
Vale dizer que, constatando qualquer irregularidade que possa macular a idoneidade do concurso, determinará abertura de sindicância para apuração dos fatos e anulará o certame no seu todo ou em parte, conforme lhe aprouver.
Vê-se entretanto, que não obstante a decisão de fls. 41 do Conselho Superior do Ministério Público que concluiu " ... não ser a Corregedoria Geral do Ministério Público, o órgão competente para
apurar supostas irregularidades do concurso, que, tem foro próprio, o Conselho Superior do Ministério Público, a quem cabe examinar a necessidade de ins-
. tauração de sindicância ... ", essa sindicância iniciada pela Corregedoria Geral do M. P., à revelia do CSMP continuou sob os auspícios do Colégio de Procuradores que em sessão do dia 12.11.97 decidiu pela sua continuidade.
Ao suprimir uma instância, a sindicância realizada pela Corregedoria, sponte propria da Sra. Corregedora-Geral, carece de legitimidade. (sic.)
E, como as ameaças de abertura de inquérito para posterior punição dos impetrantes, são todas baseadas na extemporânea e ilegítima investigação da Corregedoria Geral do M.P., e, vislumbrando estarem presentes os pressupostos legais para a concessão da medida pleiteada concedo o provimento liminar perseguido, para o fim de determinar que as autoridades apontadas como coatoras, se abstenham de tomar providências que culminem em punição disciplinar aos impetrantes que tenham por base a sindicância realizada pela Corregedoria Geral do M.P. acerca do Concurso Público retromencionado" (fls. 19/21).
Aduz o requerente que a execução da medida contra a qual investe implicará grave lesão à ordem pública, consubstanciada na interferência ao poder discricionário do
476 R. sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.
Ministério Público, no que concerne ao controle da disciplina na esfera administrativa.
Alega, ainda, ser a decisão em testilha flagrantemente ilegítima, sustentando que a redação dada ao art. 4Q da Lei n Q 8.437/92 permite questionar, também, em sede de suspensão de segurança, os aspectos de legalidade da decisão atacada. Assim sendo, argúi que ausentes os requisitos para a concessão da liminar, ex vi do disposto no art. 7Q
, II, da Lei n Q 1.533/51.
Conclui, asseverando que o âmbito da decisão do Conselho Superior do Ministério Público, impugnada pelos impetrantes, é insusceptível de controle jurisdicional, no que se refere ao conteúdo.
O douto Ministério Público Federal, secundando as razões vertidas na exordial, opina pelo deferimento da suspensão (fls. 123/128).
Esclareço, por primeiro, que, nos lindes da suspensão de segurança, a apreciação jurisdicional há de limitar-se aos aspectos atinentes à potencialidade lesiva do ato decisório em face dos pressupostos erigidos pelo legislador, quais a afetação à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas, por isso que incabível o exame da existência ou não dos pressupostos autorizadores da postulação liminar, que tem no juízo próprio o seu deslinde.
Quanto à tese deduzida, segundo a qual a liminar em comento ofenderia à ordem pública, vale dizer, à ordem administrativa, decorrente de incursões no exame de ato discricionário - e por isso infenso à tutela jurisdicional -, tenho que desassiste razão ao peticionário porque não vislumbro possa a execução da liminar atacada, proibitiva da concretização de punições a membros do Ministério Público, com base em procedimento, em tese discutível, vir a afetar a ordem pública. Ademais, a autonomia funcional e administrativa do Ministério Público não tem o condão de transformá-lo "numa ilha" de molde a impedir apreciação judicial quanto à legalidade de seus atos.
É preciso entender-se que a suspensão de segurança, por ser medida drástica, impõe que se demonstre ocorrentes os seus pressupostos, pena de transformá-la em meio de impedir o exercício de direitos constitucionalmente protegidos.
Posto isso, indefiro o pedido.
Intimem-se.
Brasília, 14 de maio de 1998.
Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.
Publicado no DJ de 21-05-98.
R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 477
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA Nº 649 - SP
(Registro nº 98.0017990-9)
Requerente: Município de São Paulo
Advogados: Marcos Geraldo Batistela e outros
Requerida: Quinta Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Impetrante: Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo
Advogado: Fernando Magalhães Rangel
DECISÃO
O Município de São Paulo editou a Lei nº 11.722, de 13 de fevereiro de 1995, que estabelecia reajuste para os servidores municipais em seis por cento, a partir de 1 º de fevereiro de 1995, concedendo abono provisório e aumentos quadrimestrais com base na variação do IPC divulgado pela FIPE, ao tempo em que revogou as leis municipais que, até então, regiam a matéria (Leis n~ 10.688/88 elO. 722/89).
Ao fundamento de violação de direito adquirido, o Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo, na qualidade de substituto processual, ingressou com mandado de segurança com o objetivo de assegurar o reajuste dos médicos com base na legislação revogada. Denegada a segurança no primeiro grau, apelou o Sindicato com sucesso perante a Egrégia Quinta Câmara do Tribunal de Justiça.
O Município, afirmando que a execução do julgado implica aumento de oitenta e um por cento nos vencimentos dos filiados do Sindicatoimpetrante, sinaliza com o caos que
se avizinha sobre as finanças da municipalidade. Alerta para o fato de que há 140.000 (cento e quarenta mil) servidores municipais que podem ingressar com postulação idêntica, culminando por inviabilizar a Administração Pública.
O Ministério Público Federal opina no sentido do deferimento do pleito nos seguintes termos:
"A suspensão requerida deve ser deferida por seus próprios e judiciosos fundamentos.
Com efeito, a concessão da ordem, para aplicação relativamente aos substituídos do Sindicatoimpetrante, das disposições contidas nas Leis n llli 10.688/88 e 10.722/89, acarretando um reajuste de vencimentos na ordem de 81% (oitenta e um por cento) a vigorar a partir de fevereiro de 1995, ao revés do percentual de aumento de 6% (seis por cento), concedido pelo ora requerente, por efeito de aplicação da Lei nº 11.722/95, realmente constitui grave ameaça de lesão à ordem pública, com conseqüência direta na economia municipal, com
478 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.
óbvios danos financeiros ao erário.
Sendo esses prejuízos de dificil reparação, caracteriza-se o periculum in mora necessário à concessão da suspensão pretendida para que o v. acórdão recorrido só venha a ser executado após seu trânsito em julgado.
Tudo isso, sem que se diga a respeito da informação sobre a existência de um sem número de ações, objetivando o mesmo benefício, já propostas algumas e outras com ingresso previsível.
Ante o exposto, o Ministério Público Federal opina pela concessão da suspensão de segurança, nos exatos termos em que foi requerida" (fls. 75/76).
Razão assiste ao ilustre representante do Parquet federal, Dr. Wagner de Castro Mathias Netto, porquanto também reconheço presentes, na espécie, os pressupostos autorizadores da drástica medida requerida.
De fato, a execução imediata do julgado, só por si, mercê do contin-
gente de beneficiados imediatamente alcançados, pelo decisum, já ostenta potencialidade suficiente para abalar a administração financeira de um município do porte de São Paulo. Acresce a isso o fato de que pode constituir precedente a ser imitado em inúmeros outros casos, uma vez que a norma objeto de questionamento tem aplicação a todos os servidores.
Em face do exposto, defiro o pedido e determino a suspensão da eficácia da ordem concedida pela Egrégia Quinta Câmara do Tribunal de Justiça de São Paulo, nos autos da Apelação Cível nº 278.267-2/9 (Apelante o Sindicato dos Médicos de São Paulo e Apelados o Secretário Municipal de Finanças e outro), até o trânsito em julgado da decisão ou manutenção da ordem pelo Superior Tribunal de Justiça (art. 25, § 3º, da Lei nº 8.038/90).
Intimem-se.
Brasília, 28 de abril de 1998.
Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, Presidente.
Publicado no DJ de 05-05-98.
SUSPENSÃO DE SEGURANÇA Nº 660 - RO
(Registro nº 98.0026644-5)
Requerente: Estado de Roraima
Advogado: Francisco Vilebaldo de Albuquerque
Requerido: Desembargador Relator do Mandado de Segurança n g 898 do Tribunal de Justiça do Estado de Roraima
R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 479
Impetrante: André Luiz Diniz de Souza Lima
Advogada: Maura Couto Gaio
DECISÃO
O Estado de Roraima requer, com fulcro no que dispõe o art. 4Q da Lei n Q 4.384/64, suspensão da eficácia de medida liminar concedida em mandado de segurança impetrado perante o ego Tribunal de Justiça local. A r. decisão, da lavra do eminente Desembargador Elair Morais, está vazada nos seguintes termos:
"O Impetrante André Luiz de Souza Lima, através de sua ilustre Advogada Maura Couto Gaio - OAB/MG 64.892, impetra a presente ordem mandamental, com pedido liminar, contra ato administrativo do Presidente da Junta Médica da Secretaria de Estado de Administração de Roraima - SEAD e do Secretário de Estado da Saúde de Roraima - Dr. Sérgio Pillon, os quais, direta ou indiretamente não quiseram receber documentação (licença médica) do impetrante, sob a alegativa de intempestividade nessa entrega, bem como, não permitiram a sua legalização de atividade laboral, através da Cooperativa de Saúde - Plano PAIS, que lhe gerou o impedimento do exercício dessa atividade nos Postos de Saúde, com a conseqüente suspensão dos seus vencimentos de Farmacêutico-Bioquímico junto à Secretaria de Saúde do Estado de Roraima.
Diz o Impetrante, que ele exerceu referida" ... função de Bioquímico na Secretaria de Saúde do Estado de Roraima, sob o n Q de matrícula 05607-3, nos Postos de Saúde de Pintolândia e Silvio Botelho, Boa Vista - RR, cumprindo 40 (quarenta horas) semanais, sendo 20 (vinte) em cada unidade, tendo iniciado suas atividades nestes postos em fevereiro do ano próximo passado, sendo sua remuneração fixa de R$ 1.500,00 (hum mil e quinhentos reais), mais as variações de plantões, como demonstram os contracheques e controle de carga horária, anexos."
Segundo, ainda ele, que " ... em 29/08/97, obteve 30 (trinta) dias de licença médica para tratamento de saúde, licença essa prorrogada em 29/09/97 por mais 120 (cento e vinte) dias, tudo conforme documentação inclusa.
Prossegue, dizendo o Impetrante que:
" ... Obtidas referidas licenças, o Impetrante as remeteu ao presidente Impetrado, através do Dr. Tobias Fortes Teixeira da Silva, residente na mesma cidade em que exercia o trabalho, já que se encontrava internado em clínica psiquiátrica, no Estado de Minas Gerais, em Juiz de Fora, a fim de proceder seu tratamento de saú-
480 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.
de, de acordo com os documentos em anexo.
Em lá chegando, dito Dr. Tobias apresentou uma procuração, "com poderes hábeis para a entrega da documentação", o que, apesar de desnecessário a tal, foi imediatamente providenciado, em 06.10.97, na cidade de Juiz de Fora, conforme cópia anexa".
Nesta linha de esclarecimento, o Impetrante se sente prejudicado no seu direito de receber seus vencimentos, mesmo estando internado em clínica médica, no Estado de Minas Gerais, com licença médica garantidora de tal direito, sobretudo porque desconhecia a necessidade de estar associado à Cooperativa de Saúde implantada no Estado de Roraima, a partir de setembro próximo passado.
Proclama estar debilitado, sem possibilidade de continuar o seu tratamento médico, por não ter acesso ao recebimento de seus vencimentos.
Entende estar caracterizado fumus boni iuris e o periculum in mora, ensejando-lhe a liquidez e a certeza para a concessão da liminar e do mérito do writ, pedindo, assim, ambas concessões.
É o relatório.
Decido.
Efetivamente, dos autos constam documentos passados pelos órgãos competentes da Secretaria de Estado da Administração
- Serviço Médico (Boletim de Inspeção Médica - BIM) e Atestado Médico da Superintendência Central de Saúde do Servidor, da Secretaria de Estado de Recursos Humanos e Administração de Minas Gerais, pelos quais o impetrante teve a seu favor 150 (cento e cinqüenta) dias, ou seja, 5 (cinco) meses, de licença médica, à vista de seu precário estado de saúde.
Quanto a este particular, impossível deixar de se reconhecer a necessidade básica de o Impetrante ter direito a receber os seus vencimentos, no período ali mencionado, eis que representa o seu próprio sustento e de sua família e, neste particular, o seu direito é líquido e certo à percepção de tal benefício financeiro, de origem salarial.
A partir daí, entretanto, os fatos não se comprovaram, documentadamente, a merecer seu reconhecimento judicial em sede de liminar.
Nestas condições, concedo a liminar requerida tão-somente para mandar pagar os vencimentos do Impetrante no período da licença médica, provada nos autos, isto é, a partir de 29.8.97 até 29.1.98, por ser inquestionável sua situação fático-jurídica a tal benefício financeiro, ficando o período posterior a esta data a um exame mais acurado, sobretudo, a depender das informações das doutas autoridades aqui apontadas como coatoras" (fls. 57/60).
R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998. 481
Aduz o requerente, em síntese, que a execução da medida contra a qual investe, implicará grave lesão à ordem pública, consubstanciada na interferência do Poder Judiciário no Poder Executivo, intervindo em unidade da Federação para alterar-lhe o sistema administrativo, desrespeitando, destarte, a independência e harmonia dos Poderes. Daí em diante, incursiona o requerente na questão de fundo, fazendo críticas severas ao ato jurisdicional em testilha.
Consoante visto, jazem inertes os argumentos do requerente sobre demonstrar a existência, in casu, dos pressupostos ensej adores da excepcional medida.
A suspensão de segurança não é sucedâneo de recurso, por isso que, nesta instância, não é dado escandir questões de fundo da controvérsia estabelecida, que tem sede própria para o seu deslinde. Por outro lado, não vislumbro onde possa residir a potencialidade lesiva de ato jurisdicional sobre contenda entre administração e administrado, de molde a caracterizar violação à ordem pública.
As razões vertidas na exordial dispensam maiores considerações.
Posto isso, indefiro o pedido. Brasília, 20 de maio de 1998. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA
RIBEIRO, Presidente.
Publicado no DJ de 28-05-98.
482 R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 10, (106): 471-482, junho 1998.
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