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Jornal da Defensoria Pública da União de Categoria Especial - Dezembro/2011
Ano I - Nº 02
Editorial
É com muita satisfação que damos continuidade ao
projeto de construção permanente da Defensoria
Pública da União, objetivando dentre outros uma célere
e efetiva transformação social.
A cada dia a responsabilidade aumenta, pois
aumentam as dúvidas e os questionamentos na medida
que vivemos e absorvemos as informações que nos
rodeiam.
As informações do jornal Especiarias da
Categoria Especial obtidas através das contribuições dos
membros desta categoria, servem não somente para
informar, enriquecer o saber e apimentar a curiosidade,
como também nos fornecem uma porta entreaberta para
conhecer melhor cada colega. Não só o Defensor, mas o
poeta, o escritor, o idealista, etc.
Neste caldeirão de ideias vamos construindo uma institu-
ição mais condizente com o perfil democrático, para os
que aqui trabalham e para os que assistimos.
As Especiarias deste mês noticia dentre outros
mais uma premiação do Projeto Prevenção e
Erradicação do Escalpelamento da Dra. Luciene
Estrada, jurisprudências resultantes da atuação de
membros desta categoria, uma deliciosa entrevista com
o Dr. Paulo Henriques de Menezes Bastos, um ótimo
artigo da Dra. Tatiana Siqueira Lemos, divulgação dos
resultados da semana de qualidade de vida, além das
costumeiras dicas de gramática, poesia e lista dos
aniversariantes do mês.
Aproveitando o espírito natalino do mês, ouso
manifestar o desejo de uma Defensoria Federal cada vez
mais próxima da velocidade e da ternura. Velocidade
para com os que passam fome, para os sem teto, para
os sem leito, velocidade de justiça. Ternura para
embrulhar cada um desses desejos e entregá-los a
tempo a quem precisa.
Feliz Natal a todos!
EXPEDIENTE
Defensor Público-Chefe: Dr. Gustavo Zortéa da Silva
Defensor Público-Chefe Substituto: Dr. Eduardo Flores Vieira
Diretor-Geral: Ismar Lobo
Comunicação Social
Supervisão: Dr. Gustavo Zortéa da Silva
Dra. Vânia Márcia Damasceno Nogueira
Responsáveis: Donata Sá Rebello e
Leandro Vieira Ribeiro
Colaboração: Dra. Tatiana Siqueira Lemos
Rosane Alves de Almeida Atayde
Fernanda Hottum Ricardo Ambrozio
Felipe Marlon de Carvalho Sales
Defensoria Pública da União de Categoria Especial
SBS-Setor Bancário Sul, Quadra 02, Lote 13,
Brasília/DF - CEP: 70070-120
Contato
Telefone: +55 61 3214-1623
comunicacao.especial@dpu.gov.br
Dra. Vânia Márcia Damasceno Nogueira
Defensora Pública Federal de Categoria Especial
2
Notícias
Concurso premia trabalho contra
acidentes de escalpelamento
Brasília, 29.11.2011 - O Projeto de
Prevenção e Erradicação do Escalpelamento,
da Defensoria Pública da União (DPU),
recebeu, mais uma vez, reconhecimento da
sua importância. A iniciativa conquistou o
terceiro lugar no 1º Concurso Nacional de
Práticas Exitosas na Área de Saúde, com o
tema Manejo das ações judiciais para oferta
de bens e serviços de saúde. Com o título
Atendimento integral à população invisível, o
projeto foi inscrito pela coordenadora, a
Defensora Pública Federal de Categoria
Especial Luciene Strada.
O concurso fez parte do Seminário Nacional
sobre Direito e Saúde, realizado entre os dias
22 e 24 deste mês na unidade da Fiocruz, em
Brasília. O evento foi organizado pelo
Ministério da Saúde em parceria com outras
instituições.
Além de Manejo das ações judiciais para
oferta de bens e serviços de saúde, outro
tema do concurso foi Gestão e melhora da
qualidade de acesso ao SUS. Ao todo, 13
propostas foram apresentadas e seis
selecionadas, entre elas, o projeto de
combate aos acidentes de escalpelamento.
As iniciativas serão publicadas em meios
viabilizados pelo Ministério da Saúde e pela
Universidade de São Paulo.
Iniciativa
O Projeto de Prevenção e Erradicação do
Escalpelamento trabalha, desde 2005, com
duas linhas: a reparadora e a preventiva. Na
reparadora, a DPU orienta as vítimas sobre
seus direitos, e também auxiliando nas
providências dos documentos necessários
para o recebimento de indenização e
trabalhando para que tenham o atendimento
médico necessário a fim de tratar e reparar os
danos causados pelo acidente.
Já na linha preventiva, a instituição incentiva
a cobertura do eixo do motor dos barcos e
promove campanhas de prevenção dos
acidentes, além de ensinar, inclusive, como
evitá-los e até mesmo agir diante de um
acidente.
De acordo com a defensora Luciene Strada,
existem abertos 239 processos de assistência
jurídica (PAJs) referentes aos acidentes de
escalpelamento. Desses, 143 casos são do
Pará, 94 do Amapá, um no Amazonas e um
em Rondônia.
Para a defensora, é importante ressaltar que
a atuação da DPU vai além do trâmite judicial.
“A população, de um modo geral, quer ação,
quer resultado e não discussões e
movimentação de papéis de um lado para
outro”, afirmou.
Concurso
O 1º Concurso Nacional de Práticas Exitosas
na Área de Saúde teve como objetivo premiar
as atividades, ações e projetos desenvolvidos
para o aprimoramento da prestação
jurisdicional ou de gestão do acesso aos bens
de saúde.
Além do Ministério da Saúde, participaram
como organizadores do evento a
Universidade de São Paulo, a Advocacia
Geral da União, o Instituto de Direito Sanitário
Aplicado, o Centro de Estudos e Pesquisas
de Direito Sanitário, o Conselho Nacional do
Ministério Público e o Conselho Nacional de
Justiça.
Comunicação Social DPGU
3
Turma do STJ caracteriza inovação na
fundamentação da pena-base pelo tribunal
de origem como reformatio in pejus
Brasília, 29.11.2011 - Em decisão proferida
no HC 207.366, a 6ª Turma do Superior
Tribunal de Justiça (STJ) verificou que o
Tribunal a quo inovou na fundamentação da
pena-base do réu por meio do acréscimo de
fundamentos que não haviam sido alinhados
pelo juízo singular.
Mesmo que o Tribunal local não tenha
exacerbado a pena-base fixada em primeira
instância, a 6ª Turma entendeu que a
inovação na fundamentação, por si só,
caracteriza reformatio in pejus.
A decisão teve por base o voto da relatora,
Ministra Maria Thereza de Assis Moura, que
acatou os argumentos apresentados pelo
Defensor Publico Federal de Categoria
Especial, Gustavo Zortéa da Silva. Segundo
Zortéa, “embora não tenha agravado a pena
imposta na origem, o Tribunal local inovou, de
ofício, no âmbito de recurso interposto pela
defesa, em prejuízo do paciente.” Esclareceu:
“de um lado, houve sucesso do impetrante, ao
ser corretamente afastado, como
consequência desfavorável do delito
consumado contra o patrimônio, o fato de não
ter ocorrido a restituição dos bens ou de as
vítimas terem suportado prejuízo. De outro
lado, invocou-se fato original para se reputar
desfavoráveis as consequências do delito”.
Concluiu o Defensor: “ao fim e ao cabo,
mesmo sem agravar a pena, o Tribunal local
violou o princípio da non reformatio in pejus.
Afinal, no âmbito de recurso exclusivo da
defesa, impôs gravame de ofício,
acrescentando novo obstáculo à fixação da
pena-base no mínimo legal”.
De acordo com a relatora Ministra Maria
Thereza de Assis Moura, “o Tribunal local
inovou os fundamentos da decisão
monocrática, sopesando, para fixar a pena-
base, fato desconsiderado pelo juiz
monocrático. Dessa maneira, não há, em meu
sentir, circunstância judicial apta a elevar a
pena-base acima do mínimo legal.”
No STJ, a pena foi reduzida a 6 anos, 4
meses e 24 dias de reclusão em regime inicial
semiaberto.
Divergência com a jurisprudência da 5ª
Turma
De acordo com Zortéa, “a decisão é
importante, porque vai de encontro a alguns
precedentes da 5ª Turma, segundo os quais
se admite a reestruturação das circunstâncias
desfavoráveis, no âmbito de recurso da
defesa, se não houver aumento da pena-
base, tal como decidido no
REsp 1.203.750/AC, acompanhado pela
DPU”.
Técnica da dosimetria
A dosimetria da pena é a forma de calcular a
sanção. De acordo com o artigo 68 do Código
Penal, ela se desdobra em três fases: a pena-
base, as circunstâncias atenuantes e
agravantes e, por último, as causas de
diminuição e de aumento da pena. Outros
artigos dispõem sobre os critérios incidentes
em cada etapa. Por exemplo, a pena-base é
calculada a partir da pena mínima prevista na
lei e leva em conta, entre outros fatores, a
culpabilidade, os antecedentes, a conduta
social e a personalidade do réu.
Entenda o caso
O assistido da DPU foi inicialmente
condenado no Rio Grande do Sul a 9 anos e
24 dias de reclusão por prática de roubo com
três causas de aumento de pena: emprego de
arma, concurso de duas ou mais pessoas
e restrição da liberdade da vítima. Revisão no
4
tribunal estadual diminuiu as causas de aumen-
to e fixou a condenação em 7 anos, 3 meses e
13 dias, em regime inicial semiaberto. Com o
HC da DPU, a pena foi reduzida ainda mais: 6
anos, 4 meses e 24 dias de reclusão em
regime inicial semiaberto.
Comunicação Social DPU-Categoria Especial
STJ estende conceito de hipossuficiência
econômica
Brasília, 28.11.11 - Decisão do ministro do
Superior Tribunal de Justiça Herman Benjamin,
ao julgar agravo de instrumento no Recurso
Especial 50.212, ampliou as prerrogativas da
Defensoria Pública na proteção de populações
vulneráveis. Segundo o defensor público
federal de Categoria Especial Leonardo Lorea
Mattar, intimado da decisão neste mês, a
mudança traz nova compreensão ao conceito
de hipossuficiência, que não mais se encerra
na questão econômica.
O caso debateu a legitimidade para iniciativa
de ação civil pública. No julgamento, o ministro
do STJ negou concessão de agravo à Net
Serviços de Comunicação e outros, em recurso
especial contra acórdão (decisão colegiada) no
processo RS 2011/0135599-5. As empresas
questionaram a capacidade da Defensoria
Pública do Estado do Rio Grande do Sul para
“pleitear em nome de pessoas naturais e
jurídicas não necessitadas”.
Benjamin fundamentou sua posição com trecho
do acórdão do Tribunal de Justiça do Estado
do Rio Grande do Sul sobre o caso, no qual é
fixado entendimento mais abrangente ao
conceito de “necessitados” presente no artigo
134 da Constituição Federal. Segundo o
tribunal gaúcho “a expressão „necessitados‟
deve ser interpretada de maneira mais ampla,
não se restringindo, exclusivamente, às
pessoas economicamente hipossuficientes,
que não possuem recursos para litigar em juízo
sem prejuízo do sustento pessoal e familiar,
mas sim a todos os socialmente vulneráveis”.
Cem regras de Brasília
Para o defensor Leonardo Lorea Mattar, a
compreensão do tribunal do Rio Grande do Sul,
referendada pelo STJ, ratifica posicionamento
já consolidado na XIV Cúpula Judicial
Iberoamericana, em 2008, sobre o acesso à
Justiça pelas populações vulneráveis.
Conhecido como “As 100 regras de Brasília”, o
acordo chamou a atenção para o exercício de
direitos voltados a segmentos como crianças,
adolescentes, mulheres, encarcerados e
indígenas.
“O reconhecimento do STJ é no sentido de
uma visão mais ampla do todo socialmente
vulnerável para efetivação de direitos”, afirmou
o defensor público federal. Segundo Mattar, a
própria Defensoria Pública da União está
superando a etapa de atuação restrita à
questão econômica individual. “A DPU deve
ser mais um ator bem-vindo para promover os
direitos das comunidades hipossuficientes”,
pontuou.
Quanto ao direito das relações de consumo de
interesse coletivo, a sentença do ministro
Benjamin sedimenta que “o STJ possui firme
entendimento de que a Defensoria Pública tem
legitimidade ativa ad causam para propor ação
civil pública, objetivando a defesa dos
interesses individuais homogêneos de
consumidores”. Para Leonardo Mattar, a DPU
já assumiu “esse papel de representar os
interesses transindividuais e a proteção dos
grupos vulneráveis da coletividade, e não
apenas os direitos individuais”.
Agravo em RE 50.212 Comunicação Social DPGU
5
Modernização da frota de barcos na
Amazônia é tema de audiência
Brasília, 24.11.2011 - Uma audiência pública
na Câmara dos Deputados discutiu questões
relacionadas ao desenvolvimento da
construção naval e da navegação fluvial na
Amazônia. A defensora pública federal de
Categoria Especial Luciene Strada,
coordenadora do Projeto de Erradicação do
Escalpelamento da Defensoria Pública da
União, participou do debate.
O objetivo da audiência pública, proposta pela
deputada federal Janete Capiberibe (PSB-AP)
e realizada pela Comissão da Amazônia,
Integração Nacional e de Desenvolvimento
Regional da Câmara, foi debater e apresentar
aos parlamentares as políticas públicas do
Governo Federal para o desenvolvimento do
transporte de cargas e passageiros com
segurança na Amazônia, além de pedir
celeridade na implantação de políticas
públicas que beneficiem tanto os fabricantes
de embarcações como também os donos de
barcos.
Luciene Strada enfatizou a necessidade de
modernização da frota de embarcações, pois,
segundo a defensora, cerca de sete milhões
de habitantes utilizam os barcos como meio
de transporte. Ela também apresentou a
Profrota Ribeirinha, uma proposta que prevê a
utilização dos motores antigos das
embarcações para abater no valor do
financiamento de motores novos, de forma
que os inadequados sejam retirados de
circulação.
“A DPU, ao expor a proposta de erradicação
dos acidentes de escalpelamento enfatiza a
necessidade da modernização da frota e,
para isso, é necessária a oferta de linha de
crédito fomentada pelo Governo Federal para
estimular a população ribeirinha a trocar seus
barcos com motores obsoletos para outros
mais modernos e seguros”, explicou a
defensora.
Ainda de acordo com Luciene Strada, é
preciso trabalhar para que essas pessoas
entendam a importância da modernização dos
barcos e que possam ver o projeto como uma
possibilidade de desenvolvimento da região.
A deputada Janete Capiberibe, autora de lei
que determina a instalação de carenagem no
eixo do motor dos barcos, propôs também a
reativação do grupo de trabalho criado em
2008 para tratar do assunto.
"Trouxemos esse debate para o Congresso e
não vamos parar até que não forem
erradicados os acidentes e garantida a
dignidade das vítimas e garantido o
cumprimento integral da Lei 11.970, de minha
autoria. Agora, temos o compromisso do
Governo do Estado do Amapá e atuaremos
com mais força para recuperar o tempo
perdido", afirmou a deputada.
Também participaram do encontro os
capitães-de-mar-e-guerra Odilon Leite de
Andrade Neto e Francis Pereira Valle; a
analista de insfraestrutura do Ministério dos
Transportes, Karênina Martins Dian; o
superintendente de navegação interior da
Agência Nacional de Transportes Aquaviários
(Antaq), Adalberto Tokarski; o gerente de
portos e ferrovias do Amapá, José Adeilton
Barbosa; a conselheira e relações públicas da
Associação dos Armadores de Transportes de
Cargas e Passageiros do Estado do
Amazonas, Alessandra Pontes; o presidente
da Associação dos Estaleiros e
Transportadores de Cargas e Passageiros do
Amapá, Domingos Marreiros; e da presidente
da Associação de Mulheres Ribeirinhas e
Vítimas de Escalpelamento da Amazônia,
Rosinete Rodrigues Serrão.
Comunicação Social DPGU
6
ENTREVISTA: Dr. Paulo Henriques de
Menezes Bastos
Dr. Paulo Henriques de Menezes Bastos,
Defensor Público Federal de Categoria
Especial foi o segundo Defensor Público-
Chefe da Defensoria Pública da União de
Categoria Especial. Atualmente é Defensor
Público Federal de Categoria Especial
atuando no 13º Ofício Superior Criminal da
Defensoria Pública da União de Categoria
Especial.
Especiarias - Quando e como ingressou
na carreira da Defensoria Pública da
União?
Fui aprovado no segundo concurso da
carreira da Defensoria Pública da União,
realizado em 2004, e nomeado Defensor
Público da união, de 2ª Categoria, por meio
do DECRETO DE 23 DE Maio de 2005,
publicado no D.O.U., de 24.5.2005, Seção
2, Nº 98, pág. 01.
Tomei posse juntamente com o
Dr. Afonso do Prado, atual Subdefensor
Público-Geral Federal, e com o Dr. Adriano
Carlos, hoje Defensor Público Federal de
Categoria Especial. Recordo-me que a
nossa posse foi um das primeiras
providências tomadas pelo então Defensor
Público-Geral da União, Dr. Eduardo Flores,
que iniciava seu primeiro mandato,
viabilizando inclusive a abertura de novas
unidades, como a de Boa Vista-RR, para
onde o Dr. Afonso e eu nos encaminhamos.
Especiarias - Quando ingressou na
Categoria Especial?
Fui promovido à Categoria Especial em 23
de agosto de 2006, por meio do
DECRETOS DE 22 DE AGOSTO DE 2006,
publicado no D.O.U., de 23.8.2006, Seção
2, Nº 162, pág. 02, pelo critério de
merecimento. Passei da 2ª Categoria direto
para a Categoria Especial, ocupando vaga
criada pela Medida Provisória nº 301,
de 29 de junho de 2006.
MEMÓRIA INSTITUCIONAL
7
Especiarias - Relate o funcionamento da
Categoria especial em caráter
emergencial (sede e condições) e sua
atuação como segundo Defensor
Público-Chefe da Categoria Especial.
A Categoria Especial havia recém mudado
para o Prédio Toufic, no Setor Comercial
Sul, quando assumimos a Chefia. A
estrutura física e de pessoal era bastante
precária, mas o empenho dos servidores,
como de costume nesta casa, amenizava
sobremaneira as dificuldades. Naquela
oportunidade, demos continuidade ao
trabalho do Dr. André Del Fiaco de
estruturação do Cartório, com especial
contribuição do Dr. Holden Macedo e do
Dr. Antônio de Maia e Pádua.
Em razão dos 169 cargos de Defensores
Públicos da União criados no primeiro
mandato do Dr. Eduardo Flores, a Categoria
Especial assumira, à época, nova
envergadura, com a promoção de vários
colegas. Buscamos, então, divulgar a
capacidade de atuação plena da Defensoria
Pública da União nos Tribunais Superiores,
contando sempre com o apoio incondicional
dos colegas Defensores, determinados a
superar qualquer barreira de ordem material
para oferecer aos assistidos assistência
jurídica de excelência.
Especiarias - Conte-nos um caso
pitoresco que ocorreu em sua gestão.
Há um caso que acho bastante
interessante, em que o réu, estrangeiro,
condenado por tráfico de drogas, impetrou
habeas corpus de próprio punho junto ao
Superior Tribunal de Justiça, alegando que
deveria receber os benefícios da delação
premiada. Como não estava sendo assistido
naquele feito por advogado, fomos
intimados para assumir a sua defesa,
quando percebemos, da leitura da sentença
de primeiro grau e do acórdão da apelação,
que a causa especial de diminuição da pena
prevista na Lei de Drogas não fora aplicada
porque o réu, apesar de reconhecidamente
ser primário e ostentar bons antecedentes,
“não teria conseguido provar que não fazia
parte de organização criminosa”.
Constatada tal ilegalidade, fizemos o
requerimento ao Superior Tribunal de
Justiça para que lhe fosse aplicada a
referida benesse. Contudo, a flagrante
inversão do ônus da prova, para minha
surpresa, foi mantida pela Corte Superior.
Com isso, interpusemos recurso para o
Supremo Tribunal Federal (RHC 107759)
que, felizmente, concedeu a ordem, em
acórdão assim ementado:
8
EMENTA: PENAL. PROCESSUAL PENAL.
HABEAS CORPUS. DOSIMETRIA DA PENA.
CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS.
TRASNACIONALIDADE. ARTS. 33 E 40, I, DA LEI
11.343/2006. DELAÇÃO PREMIADA. ART. 41 DA
LEI DE DROGAS. DILAÇÃO PROBATÓRIA.
INVIABILIDADE. PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA. ART. 5°, LVII, DA CONSTITUIÇÃO.
DEVER DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICI-
AIS. ART. 93, IX, DA CONSTITUIÇÃO.
AFASTAMENTO DE CAUSA ESPECIAL DE
DIMINUIÇÃO DE PENA DO § 4º DO ART. 33 DA
LEI DE DROGAS. MAUS ANTECEDENTES.
ENVOLVIMENTO COM ATIVIDADES
CRIMINOSAS. AUSÊNCIA DE PROVAS. ÔNUS DA
ACUSAÇÃO. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO.
1. O benefício decorrente da delação premiada
na Lei de Drogas (art. 41 da Lei 11.343/2006), ante a
ausência de informações conclusivas nos autos,
depende de exame de matéria de fato, cujo
revolvimento é inviável em sede de habeas corpus.
(HC 101.346/SP, Relator Min. Dias Toffoli, Primeira
Turma, Julgamento em 9/3/2010; HC 89.847/BA,
Relatora Min. Ellen Gracie, Segunda Turma)
2. O dever de motivação das decisões judiciais
(art. 93, IX, da Constituição) exige do magistrado
fundamentação idônea no momento do
indeferimento de benefício na dosimetria da pena.
(HC 105.278/RN, Relator Min. Ayres Britto, Segunda
Turma, Julgamento em 19/10/2010; HC 99.608/SP,
Relator Min. Eros Grau, Segunda Turma, Julgamento
em 15/12/2009).
3. O princípio da presunção de inocência veda
a possibilidade de alguém ser considerado culpado
com respaldo em simples presunção ou em meras
suspeitas, sendo ônus da acusação a comprovação
de fatos utilizados para a exacerbação da reprimen-
da penal, no caso concreto, para se afastar a aplica-
ção de causa especial de diminuição de pena cons-
tante do § 4º do art. 33 da Lei de Drogas.
4. In casu: a) o recorrente, cidadão argentino,
foi definitivamente condenado, e cumpre pena por
estar incurso nas condutas tipificadas pelo art. 33,
combinado com o artigo 40, inciso I, da Lei de
Drogas, a 5 (cinco) anos e 10 (meses) dias de reclu-
são, em regime inicial fechado;
b) o fato delituoso ocorreu em 17/5/2007,
ocasião em que recorrente foi preso em flagrante no
Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro/RJ quando
tentava embarcar em voo com destino a Paris, Fran-
ça, com 1.580g (mil e quinhentos e oitenta gramas)
de cocaína em sua bagagem;
c) os maus antecedentes criminais dependem
de comprovação, não sendo essa prova exigível do
próprio réu, sendo certo que, se não houve diligên-
cias nesse sentido, é inadmissível que fato objeto de
dúvida nos autos conduza à presunção de que o
recorrente se dedicava a atividades criminosas,
repercutindo na aplicação da sanção penal.
5. Recurso parcialmente provido para remeter-
se ao juízo da execução a alteração da dosimetria da
pena, para se aplicar a causa de diminuição prevista
no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006.
9
Artigo Jurídico
Porte de arma, quadrilha ou bando, e outras “figurinhas” do
Direito Penal
O bom operador do direito não é aquele que conhece a
lei. É aquele que sabe a hora de abrir e a hora de fechar um
Código.
Em contraponto a dispositivos legais que preveem a
literalidade da interpretação da lei, como faz o art. 2º do
CPPM, estamos vendo um crescente movimento garantista
nos nossos Tribunais. Institutos como a insignificância e a
irrelevância penal tem sido cada vez mais aceitos em nossa
jurisprudência, o que responde aos anseios de uma
sociedade mais justa e democratizada.
Um amigo, recentemente, contou-me que quando era
Delegado de Polícia no interior de Goiás, recebeu um
telefonema de madrugada, durante seu plantão, informando
a prisão de uma quadrilha. Foi à delegacia pensando como
seria trabalhoso lavrar um flagrante de uma quadrilha, com
vários indiciados, etc.
Quando chegou na DP, viu um monte de gente com a cara
toda pintadinha, disse que tinha a noiva, o noivo, o padre,
até um delegado... Tinham prendido uma quadrilha, de
festa junina, por porte de arma. O delegado da quadrilha
tinha uma garrucha, dessas que ficam na parede da
fazenda, passando de geração em geração. A arma sequer
tinha condições de uso, e o delegado (o de verdade, não o
da quadrilha), mandou todo mundo embora, por atipicidade
da conduta - se a arma não podia ser usada, não havia
nenhum crime pelo seu porte.
Na contramão desse crescimento do garantismo penal, o
Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal
modificaram seus entendimentos quanto à necessidade ou
não da perícia na arma de fogo para a configuração do
crime de porte de arma. A jurisprudência atual é no sentido
de que independente da perícia, está configurado o crime
pelo simples porte - o mesmo se aplicando para a
majorante do uso de arma nos crimes de roubo. Tal
alteração no entendimento se inaugurou com o julgamento
proferido no Pleno do Supremo Tribunal, no HC 96099/RS,
quando foi dito que “Não se mostra necessária a apreensão
e perícia da arma de fogo empregada no roubo para
comprovar o seu potencial lesivo, visto que tal qualidade
integra a própria natureza do artefato.”
Ocorre que tal decisão do STF, apesar de proferida pelo
Pleno, está longe de demonstrar a uniformização da
questão naquela Corte. Quando do julgamento, restaram
vencidos os Ministros Cezar Peluso, Eros Grau e Gilmar
Mendes, e estavam ausentes os Ministros Celso de Mello,
Ellen Gracie e Joaquim Barbosa. Seis os Ministros que não
acompanharam esse entendimento! E ainda assim, tal
“precedente” foi aceito no STJ e no STF, sendo
repetidamente citado nas decisões sobre esse tema.
Bem, cabe a nós, Defensores Públicos, insistir na
desconstrução de tal “precedente”, como bons operadores
do direito que somos. Do contrário, teremos quadrilhas
presas em vez de brincando o “São João”.
Tatiana Siqueira Lemos - Defensora Pública Federal de Categoria Especial
10
EVENTOS
I - SEMANA DE QUALIDADE DE VIDA
Nos dias 24 a 28.10, a Defensoria Pública da
União de Categoria Especial realizou a
I - Semana de Qualidade de Vida, em sua
sede, Brasília-DF.
A secretária administrativa Rosane Atayde,
organizadora do evento, destacou o apoio do
Defensor-Chefe Dr. Gustavo Zortéa e do
Diretor Ismar Lobo como essenciais à
concretização dessa ação de ambientação
institucional. Rosane informou que foram
oferecidos exames e palestras com a
finalidade de incentivar e estimular hábitos
saudáveis para a melhoria da qualidade de
vida para os defensores, servidores,
estagiários e colaboradores.
Durante toda a semana foram realizados
exames de glicemia (prevenção do diabetes),
bioimpedância (medida da gordura do corpo),
medição e aferição de pressão ocular e
arterial e massagens.
As palestras proferidas trataram de temas
variados: qualidade de vida - especialista
Melisse Rute; alimentação saudável -
nutricionista Lilian Câmara Freire; quiropraxia
- Walter Braga, e cuidados com a visão no
trabalho - Dr. Guilherme Benevouto.
O evento contou com a colaboração dos
parceiros: Hospital Oftalmológico de Brasília -
HOB; Hospital Alvorada; Clínica Psico Mulher;
Inbol e Laboratório SABIN.
A Secretaria Administrativa procedeu a uma
avaliação do evento por meio de aplicação de
um questionário eletrônico objetivando
melhorias no processo. A participação dos
membros da Categoria Especial foi motivada
pela importância da saúde para o
desempenho de atividades físicas e mentais,
como a oferta dos exames e palestras
gratuitos. A atividade mais apreciada pelos
participantes foi a massagem. Foram
sugeridas a inclusão de exames de mama,
medição de colesterol e palestras sobre
doenças sexualmente transmissíveis - DST;
reciclagem de produtos; Lei nº 8.112/90 -
Regime Jurídico Único; orçamento familiar,
dermatologia e nutrição.
A iniciativa foi considerada interessante, muito
boa, louvável e a maioria dos participantes
deseja que o evento se torne rotineiro na
Categoria Especial pelo menos três vezes ao
ano, ou seja, de quatro em quatro meses.
11
ANIVERSARIANTES DE DEZEMBRO:
01. Fernanda Araújo - Estagiária
01. Maurislei - Estagiário
04. Dr. Edson - Defensor
06. Alciene - Recepcionista
07. Fernando - Tercerizado
08. Emílio Luz - Estagiário
08. Amilton - Vigilante
11. Larissa Alves - Estagiária
11. Priscila Lima - Estagiária
11. Guilherme - Estagiário
12. Fábio - Estagiário
12. Nínive - Estagiária
15. Dr. Claudionor - Defensor
18. Camila Almeida - Colaboradora
19- Morgana - Estagiária
21. Célia - Servidora
23. Dr. Wladimir - Defensor
24. Anderson - Estagiário
25. Renato Botelho - Servidor
26. Maria Nazaré - Estagiária
26. Rosa Maria - Servidora
26. Silvano - Vigilante
28. Joseane - Servidora
29. Keila Mara - Servidora
30. Genildo - Motorista
31. Alessandra Lettieri - Servidora
12
Novo Acordo Ortográfico
O Novo Acordo Ortográfico entrou em vigor no ano de 2009. O objetivo dessa reforma é
sincronizar a ortografia de todos os países que têm como língua oficial o português. De
acordo com a legislação, a partir de 1° de janeiro de 2013 somente a nova ortografia será
aceita. Vejamos a seguir algumas mudanças.
O que muda?
TREMA
Deixará de existir em todas as palavras, com a exceção de nomes próprios.
Como era Como fica
lingüiça linguiça
tranqüilo tranquilo
freqüência frequência
ALFABETO
O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram introduziram as letras k, w e y. O alfabeto completo
passa a ser:
A B C D E F G H I
J K L M N O P Q R
S T U V WX Y Z
ACENTUAÇÃO
Não se usa mais o acento agudo nos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas.
Como era Como fica
idéia ideia
jibóia jiboia
jóia joia
Nas palavras paroxítonas, não se emprega o acento no i e no u tônico quando estes vierem
depois de um ditongo.
Como era Como fica
feiúra feiura
baiúca baiuca
Fernanda Hottum
13
Instante
Deliciam-se as bacantes com o gozar
Têm pavor ao fundamento
Lambuzam-se com o efêmero
Desprezam o permanecer
Preferem o passar
Mortificam o que atemporal seja
Saúdam a morte benfazeja,
Fim do gozo, senhora deste instante
Que jamais tornará a ser como antes
A plenitude está no agora,
Passado constante do depois
Aurora do que foi,
Crepúsculo do porvir.
Será que ainda estou aqui?
Gustavo Zortéa da Silva
S
UR
TO
S L
ITE
RÁ
RIO
S
Poesia de Natal
Enfeite a árvore de sua vida com guirlandas de gratidão! Coloque no coração laços de cetim rosa, amarelo, azul, carmim, Decore seu olhar com luzes brilhantes estendendo as cores em seu semblante Em sua lista de presentes em cada caixinha embrulhe um pedacinho de amor, carinho, ternura, reconciliação, perdão!
Tem presente de montão no estoque do nosso coração
e não custa um tostão!
A hora é agora! Enfeite seu interior!
Sejas diferente! Sejas reluzente!
Cora Coralina
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