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E-BOOK
INSTRUMENTO DE APOIO AO ESTUDO DO TEMA III DA
UNIDADE CURRICULAR DE ECONOMIA, ECONOMIA SOCIAL
E COOPERATIVISMO
2
TEMA 1
COOPERATIVISMO
RAÍZ DOS PRINCÍPIOS COOPERATIVOS
A) Período Pré-Rochedale
- Remonta ao séc. XVIII, no Reino Unido;
- Tempo de Grande Precaridade;
- Múltiplas Tentativas Falhadas;
- Enorme Mortalidade Cooperativa.
As Cooperativas Caracterizavam-se por:
- Serem Cooperativas Fechadas;
- Terem um Número Limitado de Membros;
- Terem Exigentes Condições de Acesso;
- Os Fundos não Terem Retorno, na Tentativa de serem Comunidades
Autónomas;
- Não Praticavam a Venda a Pronto Pagamento.
3
B) Pioneiros de Rochdale (1844)
- Grupo de 28 Tecelões da Região de Manchester, Funda uma
Cooperativa de Consumo, com Ambições Polivalentes, Quando do
Recurso à Greve para Reivindicação de Melhores Condições;
- Publicam um Programa de Intenções, que Pretendem Concretizar
para Eles e Futuros Sócios;
- Elaboram os Estatutos da Nova Organização, Constituídos por 34
Artigos, que Revelam uma Minuciosa Atenção quanto:
1- Ao Seu Funcionamento;
2- À Articulação dos Seus Órgãos;
3- À Democraticidade Interna:
4- À Proeminência da Assembleia Geral.
- Diversidade de Objectivos, que se Propõe Atingir e que Não se
Limitavam à Cooperação de Consumo;
- Criam um Conjunto de Regras que Têm como Base os Problemas
Práticos do Dia- a- Dia, Mas com um Olhar Ambicioso e Sonhador
Apontado ao Futuro.
NOTA: Estas Regras Vão Contribuir Para o Desenvolvimento do
Fenómeno Cooperativo
4
Esta Experiência Teve Sucesso Devido:
(10 anos após era Constituída por 900 Sócios)
- À União e Coerência entre os Seus Membros,
- À Fé que Depositavam no Projecto;
- Aos Pontos de Honra que os Seus Fundadores Propuseram, como
Princípios de Funcionamento.
PRINCÍPIOS DE ROCHDALE
1 – ADESÃO LIVRE;
2 – CONTROLE DEMOCRÁTICO;
3-DISTRIBUIÇÃO PELOS ASSOCIADOS DO EXCEDENTE,
PROPORCIONALMENTE ÀS SUAS OPERAÇÕES COM A SOCIEDADE;
4 – LUCRO CIRCUNSCRITO AO CAPITAL;
5 – NEUTRALIDADE POLÍTICA E RELIGIOSA;
6 – VENDAS A PRONTO;
7– DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO, ALIMENTADO POR
UMA PEQUENA DEDUÇÃO SOBRE OS LUCROS.
NOTA:
NA BASE DO COOPERATIVISMO ESTÁ A LIBERDADE E A DIGNIDADE
HUMANA, QUE SE EXPRESSA NO ESFORÇO PESSOAL E NA
SOLIDARIEDADE DO GRUPO.
5
TEMA 2
CONTEXTOS DE DESENVOLVIMENTO DA COOPERAÇÃO
i) SITUAÇÕES DE CRISE
ii) CONDIÇÕES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
iii) CAPITALISMO
iv) IMPERATIVOS ECONÓMICOS
v) CONCORRÊNCIA DESMEDIDA
vi) DESEMPREGO
vii) BENEFÍCIOS A QUALQUER PREÇO
viii) DETERIORAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE VIDA
ix) MUDANÇAS POLÍTICAS
x) DESUMANIZAÇÃO
6
SISTEMA CAPITALISTA VERSUS COOPERATIVO
SISTEMA CAPITALISTA
SISTEMA COOPERATIVO
PREPONDERÂNCIA DO CAPITAL
O CAPITAL É UM INSTRUMENTO
ABERTURA DOS MERCADOS E CRIAÇÃO
DAS NECESSIDADES
PRODUZIR RIQUEZA, DESIGUALMENTE
REPARTIDA
ENTRAR EM COMPETIÇÃO
AUTORIDADE DO PODER ECONÓMICO
INFORMAÇÃO PROTEGIDA
SUBORDINAÇÃO AO CAPITAL
INSTRUMENTO DE DENOMINAÇÃO
DESVALORIZAÇÃO DOS PRODUTOS
ESTATUTOS E CLASSES SOCIAIS
ANTAGONISTAS
PREPONDERÂNCIA DO HOMEM
O CAPITAL É FIM
SATISFAZER AS NECESSIDADES DO HOMEM
PRODUZIR RIQUEZA, EQUITATIVAMENTE
REPARTIDA
COOPERAR
DEMOCRACIA PARTICIPATIVA
INFORMAÇÃO PARTILHADA
SENTIMENTO DE DIGNIDADE HUMANA
INSTRUMENTO DE REALIZAÇÃO DE SI
MESMO
VALORIZAÇÃO DA PESSOA: AUTO-ESTIMA
SENTIMENTO DE SER ACTOR
7
TEMA 3
FINALIDADES E AMBIÇÕES DO COOPERATIVISMO
i) SUBSTITUIR O ISOLAMENTO INDIVIDUAL
ii) AGRUPAMENTO
iii) SOLIDARIEDADE
iv) GARANTIAS COMUNITÁRIAS
v) VALORIZAR O PAPEL DO HOMEM
vi) ATENUAR EFEITOS NEGATIVOS DA ECONOMIA
vii) REAFIRMAR A CAPACIDADE PESSOAL
viii) ENFRENTAR A MISÉRIA
ix) RECUPERAR A ESPERANÇA
8
FUNÇÕES DA COOPERAÇÃO
1) FUNÇÃO INTERNA: RELATIVA À PRÓPRIA ORGANIZAÇÃO E SEUS
MEMBROS
2) FUNÇÃO EXTERNA: RELATIVA ÀS RELAÇÕES DA ORGANIZAÇÃO
COM O EXTERIOR
A) INSTRUMENTAL OU OBJECTIVA
REFERE-SE AO OBJECTIVO DECLARADO: DESENVOLVIMENTO DE UM
DETERMINADO PROJECTO DE INTERESSE COMUM, E QUE PERMITE UMA
CERTA VISIBILIDADE SOCIAL
APRESENTA-SE COMO DIMENSÃO:
a) ECONÓMICA – SATISFAÇÃO DE NECESSIDADES
b) PEDAGÓGICA – AQUISIÇÃO DE NOVAS COMPETÊNCIAS
B) PSICOSSOCIAL
REFERE-SE ÀS RELAÇÕES ENTRE OS MEMBROS: RESTABELECENDO OU
REFORÇANDO LAÇOS ENTRE PARCEIROS, CRIANDO UMA IDENTIDADE
COLECTIVA, FAVORECENDO A AFIRMAÇÃO E O RECONHECIMENTO
SOCIAL
9
C) PSICOAFECTIVA
REPORTA-SE ÀS RELAÇÕES QUE O SUJEITO ESTABELECE ENTRE SI
MESMO E A COOPERAÇAO, PERMITINDO A VALORIZAÇÃO DE SI NO
CONTEXTO NO QUAL SE INSERE, FACE AO PRESTÍGIO SOCIAL DA
ORGANIZAÇÃO, CUJA INTERACÇÃO PERMITE A COESÃO DO GRUPO
D) IDEOLÓGICA
APRESENTA-SE COMO SENDO AS CONVICÇÕES POLÍTICAS, ECONÓMICAS,
RELIGIOSAS, CIENTÍFICAS, SOCIAIS, CULTURAIS E PEDAGÓGICAS,
ENCORAJANDO O ENCONTRO E A CRIAÇÃO DAS COOPERATIVAS,
PERMITINDO UMA DETERMINADA CONCEPÇÃO DO HOMEM E DA
SOCIEDADE COM BASE EM VALORES E NA PARTICIPAÇÃO E
DESENVOLVIMENTO DE PROJECTOS.
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E) ECOLÓGICA
AFIGURA-SE COMO SENDO REVELADORA DAS PREOCUPAÇÕES FACE AOS
DESIQUILÍBRIOS ALTAMENTE PREOCUPANTES DO MEIO AMBIENTE E A
NECESSIDADE DE UM DESENVOLVIMENTO DURÁVEL, MUITO MAIS
HUMANIZADOR E COOPERANTE. PERMITINDO UMA MAIOR
PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE E UMA MELHOR UTILIZAÇÃO DOS
RECURSOS NATURAIS.
PERSPECTIVA O RESPEITO PELO MEIO AMBIENTE, E A SATISFAÇÃO DAS
NECESSIDADES DO HOMEM, EM HARMONIA COM O SEU BEM-ESTAR
SOCIAL NUM AMBIENTE NATURAL.
Bibliografia
COUVANEIRO, Conceição. (2004). Práticas Cooperativas – Personalização e Socialização.
Lisboa: Instituto Piaget.
11
TEMA 4
EVOLUÇÃO DOS PRINCÍPIOS COOPERATIVOS
CRIAÇÃO DA ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL (1895)
(ACI)
- Vai Ocupar-se dos Princípios Cooperativos:
1 – Para Decidir Quem Podia Ser Admitido como Membro;
2 – Posteriormente Com Outras Ambições: Fixar Um Conjunto de
Princípios com Validade Universal a partir das Regras de
Rochdale.
NESTE PERCURSO É DE CONSIDERAR SETE ETAPAS
(Segundo Henri Desroche)
1ª - 1844 – Como Ponto de Partida ( Rochdale)
2ª - 1892 – Para Assinalar o Processo que Levaria à ACI
3ª - 1930/34 – Como Referência do Grande Debate Inconclusivo dos
Congressos desses Anos
4ª - 1937 – Para Salientar o Congresso da Primeira Formulação Elaborada
pela ACI
5ª - 1966 – Realçar os Princípios Cooperativos, tal como Hoje Existem
6ª - 1980 – Para Destacar o Congresso em Moscovo em torno do relatório
LAIDLAW: Reflexão no âmbito das Cooperativas para o Ano 2000.
7ª - 1984 – Reflexão do relatório DANEAU, no Sentido de Reavaliar os
Fins das Cooperativas e a Adequação a esses Fins dos Meios de que
Dispõe.
12
ALIANÇA COOPERATIVA INTERNACIONAL (ACI)
Considerações:
i) Foi Fundada em 1895;
ii) Sede na Suíça;
iii) É uma Associação Não Governamental e Independente;
iv) É a Maior Organização Representativa do Cooperativismo à
Escala Mundial.
Tem Como Objectivos:
i) Reunir, Representar e Apoiar as Cooperativas;
ii) Objectivar a Integração, Autonomia e Desenvolvimento do
Cooperativismo nas Diversas Sociedades;
iii) Actualizar as Normas dos “Pioneiros de Rochdale”, adaptando-
as às Novas Realidades Económicas, Políticas e Sociais.
13
ACI ESTABELECE NO SEU CONGRESSO EM 1986 OS
SEGUINTES PRINCÍPIOS COOPERATIVOS:
1 – ADESÃO LIVRE
A Adesão deve Ser Voluntária e Aberta a Todas as Pessoas que Possam
utilizar os Seus Serviços e Aceitarem as Responsabilidades Inerentes.
Não Deve Haver Restrições Artificiais nem Discriminações Sociais,
Políticas ou Religiosas.
2 – GESTÂO DEMOCRÁTICA
As Cooperativas são Organizações Democráticas. As Actividades devem
ser dirigidas por Pessoas Eleitas ou Designadas através de um
Procedimento Acordado pelos Sócios.
Os Sócios em 1º grau devem ter os mesmos Direitos de Voto e de
Participação nas Decisões que Afectam as Organizações.
3 – JURO LIMITADO AO CAPITAL
Sendo o Associado Detentor de Capital, e no caso de receber Juros, este
deve ser Remunerado através de uma Taxa Limitada.
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4 – DISTRIBUIÇÃO EQUITATIVA DOS EXCEDENTES
Os Excedentes Produzidos, caso existam, Pertencem as Sócios e devem ser
Distribuídos Igualitariamente. Os Sócios podem Destinar os Excedentes:
1- À Expansão das Operações Cooperativas;
2- A Serviços Comuns;
3- Aos Sócios na Proporção das Operações Realizadas com a
Cooperativa.
5 – EDUCAÇÃO
A Função Educativa da Cooperativa deverá abranger Não Só os Seus
Membros, mas também o Meio Social em que está Inserida.
A Educação deve ter como Objectivo Principal a Divulgação da Técnicas
Económicas e Democráticas da Cooperação.
6 – INTERCOOPERAÇÃO
As Cooperativas, para melhor Servirem os Interesses dos seus Membros e
Comunidades, devem Estabelecer Colaboração com Outras Cooperativas.
A Intercooperação deve ser Local, mas também Nacional e Internacional.
7 – INTERESSE PELA COMUNIDADE
A reformulação de 1995 incluiu o princípio INTERESSE PELA
COMUNIDADE. Neste contexto as cooperativas trabalham para o
desenvolvimento sustentável das suas Comunidades através de políticas
aprovadas pelos seus membros.
15
TEMA 5
REFLEXÃO SOBRE A IDENTIDADE COOPERATIVA NO
MUNDO EM MUDANÇA
(ACI – Congresso de Manchester em Setembro de 1995)
- Necessidade de incluir Conceito de Cooperativa e Valores chave do
Movimento. Reanálise dos Princípios, no sentido de Guiar e Orientar
as Organizações Cooperativas no início do séc.XXI;
- As Revisões Periódicas de Princípios (1937; 1966 e reformulação em
1995) são fonte de Vigor do Movimento Cooperativo.
Nota: A reformulação de 1995 inclui um 7º princípio:
INTERESSE PELA COMUNIDADE – As cooperativas
trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas
Comunidades através de políticas aprovadas pelos seus
membros.
Estas Revisões demonstram como o pensamento Cooperativo pode
ser aplicado num mundo em mudança: Sugerem Novas Estratégias
de Organização para enfrentar os Novos Desafios e Envolvência dos
Cooperadores no reexame dos Objectivos;
- Ao longo da História e da Evolução o Mov. Coop. Tem sofrido
constantes alterações e continuará a acontecer no futuro. Deve
sobressair um respeito fundamental por todos os Seres Humanos, o
Acreditar na sua Capacidade de em Conjunto Melhorarem
Económica e Socialmente, e o Acreditar que os Procedimentos
Democráticos são Possíveis, Desejáveis e Eficientes;
16
- As Cooperativas nasceram como Organizações distintas, legais e
cresceram dentro de cinco Tradições Distintas:
. Cooperativas de Consumo (Inglaterra)
. Cooperativas de Trabalho Associado (França)
. Cooperativas de Crédito (Alemanha)
. Cooperativas Agrícolas (Dinamarca e Alemanha)
. Cooperativas de Serviços: Habitação e Saúde (vários países)
Existem Diferentes espécies de Cooperativas e estão implantadas por
todo o Mundo, sob diversas formas, servindo diferentes actividades e
crescendo no seio de diversa Sociedades.
Importante Reflectir esta Variedade e Articular/Adaptar as
normas que devem Permanecer em Todas as Cooperativas
Independentemente do que Prosseguem e de Onde Existem;
- Importante Servir Igualmente as Cooperativas em Todas as
Conjunturas Económicas, Sociais e Políticas. Implantação das
Organizações à medida das suas Necessidades, Experiências e
Culturas Próprias. Aceitação da Diversidade;
- Apresentação de um Quadro Global, no qual Todos os Tipos de
Cooperativas poderão Funcionar. Ou seja os Princípios Gerais
podem ser Aplicados às Realidades e Necessidades através dos
Princípios Operativos;
- O Movimento Internacional deverá apoiar a Harmonização de
Interesses entre os diferentes grupos, Fornecendo um
Enquadramento Comum que deverá Promover a Cooperação, as
Actividades Conjuntas e Expandir Horizontes para Todos os
Tipos de Esforços Cooperativos.
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VALORES DO COOPERATIVISMO
Os membros da ACI e investigadores independentes, entre 1990 e
1992, empenharam-se e desenvolveram grandes discussões sobre a
natureza dos Valores Cooperativos, e consideraram como sendo os
seguintes:
Auto-Ajuda; Auto-Responsabilidade; Igualdade; Equidade e
Solidariedade.
A) Auto-Ajuda
i) Baseia-se na Convicção de que todas as pessoas podem e
devem lutar por Controlar o Seu Próprio Destino
ii) Os Cooperadores acreditam que o Desenvolvimento
Individual Total só pode acontecer em Associação Mútua:
Como Indivíduos Isolados estamos limitados ao que
podemos tentar e mesmo conseguir (exp: influência
colectiva face aos governos e mercado de trabalho)
iii) Os Indivíduos também se Desenvolvem pela Acção
Cooperativa:
- Ao aprenderem Competências que permitem o crescimento
das suas Cooperativas;
- Pela Compreensão que adquirem dos seus iguais;
- Pelos Conhecimentos que adquirem da sociedade mais
ampla de que fazem parte.
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B) Auto-Responsabilidade
i) Os Membros assumem a responsabilidade pela sua
Cooperativa: pela sua criação e pela sua continuada
vitalidade.
ii) Os Membros têm a responsabilidade de promover a sua
Cooperativa entre as famílias, amigos e conhecidos.
iii) Os Membros são responsáveis por assegurar que a sua
Cooperativa continue independente de outras organizações
públicas ou privadas.
C) Igualdade
i) A Unidade Básica da Cooperativa é o seu Membro ou
Membros: um ser humano ou um agrupamento de seres
humanos.
ii) Esta Focalização na Personalidade Humana é um dos
principais aspectos que distingue a cooperativa das
empresas controladas pelo capital.
iii) Os Membros têm direito de participação, de serem
informados, de serem ouvidos e de serem envolvidos na
tomada de decisões.
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iv) Os Membros devem ser tratados o mais igual possível, o
que é muitas vezes tarefa difícil nas grandes Cooperativas.
v) A Preocupação por conseguir e manter a Igualdade é um
desafio contínuo para todas as Cooperativas.
D) Equidade
i) A Equidade diz respeito ao modo como os Membros são
tratados na Cooperativa, do ponto de vista Económico.
ii) Os Membros devem ser tratados Equitativamente no modo
como são recompensados pela sua Participação na
Cooperativa (remunerações, distribuição de capital, redução
dos encargos).
E) Solidariedade
i) Nas Cooperativas, este valor assegura que a acção
cooperativa não seja apenas uma forma disfarçada de
interesse pessoal limitado.
ii) Os Membros têm a responsabilidade:
- De assegurar que todos eles sejam tão justamente
tratados quanto possível;
20
- Que o interesse geral esteja sempre presente;
- Que haja um esforço de Lidar com Justiça com os
trabalhadores (sejam ou não membros), bem como com os
não membros ligados à Cooperativa.
iii) Solidariedade significa também que a Cooperativa tem a
responsabilidade do interesse colectivo dos seus membros.
iv) Representa os Activos Financeiros e Sociais pertencentes
ao grupo, activos estes que são Resultado de Energias e
Participação Comuns.
v) O valor da solidariedade evidencia que as Cooperativas são
mais do que meras associações de indivíduos, são
afirmações de força colectiva e responsabilidade mútua.
Bibliografia
BOOK, Sven (1993): Valores Cooperativos num Mundo em Mudança. Lisboa: Instituto
António Sérgio.
21
TEMA 6
CONTEXTO PORTUGUÊS
- A importância e o reflexo dos princípios cooperativos na vida das
cooperativas de cada país depende em grande medida, da forma
como eles s repercutem na ordem jurídica.
Podem existir três possibilidades:
a) O legislador inspira-se no conteúdo dos princípios
sem os mencionar.
b) Coloca como imperativo de os respeitar, condição
para reconhecimento legal da cooperativa.
c) Define os princípios cooperativos na própria lei.
PERCURSO em PORTUGAL
- A Lei de 2 de Julho de 1867 é o ponto de partida: Período de muitas
dificuldades no desenvolvimento do cooperativismo;
- Durante a República: Maior interesse na fomentação do movimento,
e chega-se a publicar modelos de estatutos para cooperativas
agrícolas;
- Após o 28 de Maio de 1926: O Estado Novo vem trazer dificuldades
à implantação do movimento;
22
- Após a 2ª Guerra Mundial: António Sérgio um processo de
informação e divulgação do cooperativismo, e em 1951 edita o
“Boletim Cooperativista”;
- Depois do 25 de Abril de 1974: Notável desenvolvimento do sector
cooperativo, que é consagrado na Constituição. Multiplicidade de
cooperativas. É criado em 1977 o Instituto António Sérgio do Sector
Cooperativo – INSCOOP – com o objectivo de apoiar o movimento
cooperativo.
Competências do INSCOOP
- Efectuar, promover ou apoiar estudos de temas;
- Divulgar investigações realizadas a nível nacional ou internacional;
- Formar cooperadores através de cursos e elaboração de textos;
- Coordenar acções em campos diversos, desde o legislativo e o fiscal
até ao do financiamento, do crédito e da formação técnica
Reflexo na LEGISLAÇÃO
- Em Portugal os princípios cooperativos estão consagrados na própria
CRP, sendo imperativo a sua observância. O artº 61 refere o direito à
livre constituição de cooperativas. O artigo 82 afirma que ao sector
cooperativo e social, pertencem os meios de produção possuídos e
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geridos por cooperativas, desde que obedeçam aos princípios
cooperativos;
- O Código Cooperativo consagra expressamente os princípios. O artº
3º refere o essencial do conteúdo dos princípios da ACI, por
intermédio de uma textualização própria,
24
TEMA 7
REFERÊNCIAS LEGISLATIVAS
ABORDAGEM À CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA
PORTUGUESA
ARTIGO 16º
ÂMBITO E SENTIDO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
1. Os Direitos fundamentais consagrados na Constituição não
excluem quaisquer outros constantes das leis e das regras
aplicáveis de direito internacional.
2. Os preceitos constitucionais e legais relativos aos direitos
fundamentais devem ser interpretados e integrados de harmonia
com Declaração Universal dos Direitos do Homem.
ARTIGO 61º
INICIATIVA PRIVADA, COOPERATIVA E AUTOGESTIONÁRIA
1. A iniciativa económica privada exerce-se livremente nos
quadros definidos pela Constituição e pele lei e tendo em conta o
interesse geral.
2. A todos é reconhecido o direito à livre constituição de
cooperativas, desde que observados os princípios cooperativos.
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3. As cooperativas desenvolvem livremente as suas actividades e
podem agrupar-se em uniões, federações e confederações.
4. É reconhecido o direito de autogestão, nos termos da lei.
ORGANIZAÇÃO ECONÓMICA
ARTIGO 80º
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
A Organização Económico-Social assenta nos seguintes princípios:
a) Subordinação do poder económico ao poder político
democrático;
b) Coexistência do sector público, do sector privado e do sector
cooperativo e social de propriedade dos meios de produção;
c) Apropriação colectiva de meios de produção e solos, de acordo
com o interesse público, bem como dos recursos naturais;
d) Planificação democrática da economia;
e) Protecção do sector cooperativo e social de propriedade dos
meios de produção;
f) Intervenção democrática dos trabalhadores.
26
ARTIGO 82º
Sectores de propriedade dos meios de produção
1. É garantida a coexistência de três sectores de propriedade dos
meios de produção.
2. O sector público………..;
3. O sector privado………….;
4. O sector cooperativo e social compreende especificamente:
a) Os meios de produção possuídos e geridos por cooperativas,
em obediência aos princípios cooperativos;
b) Os meios de produção comunitários, possuídos e geridos por
comunidades locais;
c) Os meios de produção objecto de exploração colectiva por
trabalhadores.
ARTIGO 86º
Cooperativas e experiências de autogestão
27
1. O Estado estimula e apoia a criação e a actividade de
cooperativas.
2. A lei definirá os benefícios fiscais e financeiros das
cooperativas, bem como condições mais favoráveis à obtenção
de crédito e auxílio técnico.
3. São apoiadas pelo Estado as experiências viáveis de autogestão.
ABORDAGEM AO CÓDIGO COOPERATIVO
Aprovado pela Lei nº 51/96, de 7 de Setembro
Artigo 2º
Noção
1 - As cooperativas são pessoas colectivas autónomas, de livre
constituição, de capital e composição variáveis, que, através da
cooperação e entreajuda dos seus membros, com obediência aos
princípios cooperativos, visam, sem fins lucrativos, a satisfação
das necessidades e aspirações económicas, sociais ou culturais
daqueles.
2 - As cooperativas, na prossecução dos seus objectivos, podem
realizar operações com terceiros, sem prejuízo de eventuais
limites fixados pelas leis próprias de cada ramo.
28
Artigo 3º
Princípios cooperativos
As cooperativas, na sua constituição e funcionamento, obedecem
aos seguintes princípios cooperativos, que integram a declaração
sobre a identidade cooperativa adoptada pela Aliança Cooperativa
Internacional:
1º Princípio - Adesão voluntária e livre. - As cooperativas são
organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar os seus
serviços e dispostas a assumir as responsabilidades de membro, sem
discriminações de sexo, sociais, políticas raciais ou religiosas;
2º Princípio - Gestão democrática pelos membros. - As
cooperativas são organizações democráticas geridas pelos seus membros,
os quais participam activamente na formulação das suas políticas e na
tomada de decisões. Os homens e as mulheres que exerçam funções como
representantes eleitos são responsáveis perante o conjunto dos membros
que os elegeram. Nas cooperativas do primeiro grau, os membros têm
iguais direitos de voto (um membro, um voto), estando as cooperativas de
outros graus organizadas também de uma forma democrática;
3º Princípio - Participação económica dos membros. - Os
membros contribuem equitativamente para o capital das suas cooperativas e
controlam-no democraticamente. Pelo menos parte desse capital é,
normalmente, propriedade comum da cooperativa. Os cooperadores,
habitualmente, recebem, se for caso disso, uma remuneração limitada pelo
capital subscrito como condição para serem membros. Os cooperadores
29
destinam os excedentes a um ou mais dos objectivos seguintes:
desenvolvimento das suas cooperativas, eventualmente através da criação
de reservas, parte das quais, pelo menos, será indivisível; benefício dos
membros na proporção das suas transacções com a cooperativa, apoio a
outras actividades aprovadas pelos membros;
4º Princípio - Autonomia e independência. - As cooperativas são
organizações autónomas de entreajuda, controladas pelos seus membros.
No caso de entrarem em acordos com outras organizações, incluindo os
governos, ou de recorrerem a capitais externos, devem fazê-lo de modo que
fique assegurado o controlo democrático pelos seus membros e se
mantenha a sua autonomia como cooperativas;
5º Princípio - Educação, formação e informação. - As
cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos
representantes eleitos, dos dirigentes e dos trabalhadores, de modo que
possam contribuir eficazmente para o desenvolvimento das suas
cooperativas. Elas devem informar o grande público particularmente, os
jovens e os líderes de opinião sobre a natureza e as vantagens da
cooperação;
6º Princípio - Intercooperação. - As cooperativas servem os seus
membros mais eficazmente e dão mais força ao movimento cooperativo,
trabalhando em conjunto, através de estruturas locais, regionais, nacionais e
internacionais;
7º Princípio - Interesse pela comunidade. - As cooperativas
trabalham para o desenvolvimento sustentável das suas comunidades,
através de políticas aprovadas pelos membros.
30
Artigo 4º
Ramos do sector cooperativo
1 - Sem prejuízo de outros que venham a ser legalmente
consagrados, o sector cooperativo compreende os seguintes
ramos:
a) Consumo;
b) Comercialização;
c) Agrícola;
d) Crédito;
e) Habitação e construção;
f) Produção operária;
g) Artesanato;
h) Pescas;
i) Cultura;
j) Serviços;
l) Ensino;
m) Solidariedade social
2 - É admitida a constituição de cooperativas multissectoriais, que se
caracterizam por poderem desenvolver actividades próprias de diversos
ramos do sector cooperativo, tendo cada uma delas de indicar no acto de
constituição por qual dos ramos opta como elemento de referência, com
vista à sua integração em cooperativas de grau superior.
31
TEMA 8
TIPOLOGIA DAS COOPERATIVAS
Artigo 5º
Espécies de cooperativas
1 - As cooperativas podem ser do primeiro grau ou de grau superior.
2 - São cooperativas do primeiro grau, aquelas cujos membros sejam
pessoas singulares ou colectivas.
3 - São cooperativas de grau superior as uniões, federações e confederações
de cooperativas.
Artigo 6º
Régies cooperativas
1 - É permitida a constituição, nos termos da respectiva legislação especial,
de régies cooperativas, ou cooperativas de interesse público, caracterizadas
pela participação do Estado ou de outras pessoas colectivas de direito
público, bem como, conjunta ou separadamente, de cooperativas e de
utentes dos bens e serviços produzidos.
Artigo 81º
Uniões, federações e confederações de cooperativas
1 - As uniões, federações e confederações de cooperativas adquirem
personalidade jurídica com o registo da sua constituição, sem prejuízo da
manutenção da personalidade jurídica de cada uma das estruturas que as
integram, aplicando-se-lhe, em tudo o que não estiver especificamente
32
regulado neste capítulo, as disposições aplicáveis às cooperativas do
primeiro grau.
2 - As uniões, federações e confederações só podem ser constituídas
através de escritura pública.
3 - Sem prejuízo de as federações e confederações terem de preencher os
requisitos necessários para serem reconhecidas como representantes da
parte do sector cooperativo que a cada uma corresponda, todas as estruturas
cooperativas de grau superior representam legitimamente as entidades que
as integram.
Artigo 82º
Uniões de cooperativas
1 - As uniões de cooperativas resultam do agrupamento de, pelo menos,
duas cooperativas do primeiro grau.
2 - As uniões de cooperativas podem agrupar-se entre si e com
cooperativas do primeiro grau sob a forma de uniões.
3 - As uniões têm finalidades de natureza económica, social, cultural e de
assistência técnica.
Artigo 85º
Federações de cooperativas
1 - As federações resultam do agrupamento de cooperativas, ou
simultaneamente de cooperativas e de uniões, que pertençam ao mesmo
ramo do sector cooperativo.
33
2 - A legislação complementar poderá prever a constituição de federações
dentro do mesmo ramo do sector cooperativo, nos termos do número
anterior, que resultem do agrupamento de membros caracterizados por
desenvolver a mesma actividade económica.
3 - As federações de cooperativas só poderão representar o respectivo ramo
do sector cooperativo quando fizerem prova de que possuem como
membros mais de 50% das cooperativas de primeiro grau definitivamente
registadas do ramo correspondente ao objecto social da federação.
6 - As federações têm finalidades de representação, de coordenação e de
prestação de serviços, podendo exercer qualquer actividade permitida por
lei e consentânea com os princípios cooperativos.
Artigo 86º
Confederações de cooperativas
1 - As confederações de cooperativas resultam do agrupamento, a nível
nacional, de cooperativas de grau superior, podendo, a título excepcional,
agrupar cooperativas do primeiro grau, considerando-se representativas do
sector cooperativo as que fizerem prova de que integram, pelo menos, 50%
das federações definitivamente registadas do ramo ou ramos
correspondentes ao objecto social da confederação.
3 - As confederações têm funções de representação, de coordenação e de
prestação de serviços, podendo exercer qualquer actividade permitida por
lei e compatível com os princípios cooperativos.
4 - Os órgãos das confederações são os previstos para as cooperativas do
primeiro grau, sendo a mesa da Assembleia Geral, a direcção e o conselho
34
fiscal compostos por pessoas singulares membros das estruturas
cooperativas que integram a confederação.
COMPOSIÇÂO E COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS DAS
COOPERATIVAS
ASSEMBLEIA GERAL
Artigo 44º
Definição, composição e deliberações da Assembleia Geral
1 - A Assembleia Geral é o órgão supremo da cooperativa, sendo as suas
deliberações, tomadas nos termos legais e estatutários, obrigatórias para os
restantes órgãos da cooperativa e para todos os seus membros.
2 - Participam na Assembleia Geral, todos os cooperadores no pleno gozo
dos seus direitos.
3 - Os estatutos da cooperativa podem prever Assembleias Gerais de
delegados, os quais são eleitos nos termos do artigo 54º do presente
Código.
Artigo 46º
Mesa da Assembleia Geral
1 - A mesa da Assembleia Geral é constituída por um presidente e por um
vice-presidente, quando os estatutos não estipularem um número superior
de elementos.
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2 - Ao presidente incumbe:
a) Convocar a Assembleia Geral;
b) Presidir à Assembleia Geral e dirigir os trabalhos;
c) Verificar as condições de elegibilidade dos candidatos aos órgãos da
cooperativa;
d) Conferir posse aos cooperadores eleitos para os órgãos da cooperativa.
3 - Nas suas faltas e impedimentos, o presidente é substituído pelo vice-
presidente.
4 - Na falta de qualquer dos membros da mesa da Assembleia Geral,
competirá a esta eleger os respectivos substitutos, de entre os cooperadores
presentes, os quais cessarão as suas funções no termo da reunião.
5 - É causa de destituição do presidente da mesa da Assembleia Geral a não
convocação desta nos casos em que a isso esteja obrigado.
6 - É causa de destituição de qualquer dos membros da mesa
Artigo 49º
Competência da Assembleia Geral
1- É da competência exclusiva da Assembleia Geral:
a) Eleger e destituir os membros dos órgãos da cooperativa;
b) Apreciar e votar anualmente o relatório de gestão e as contas do
exercício, bem como o parecer do conselho fiscal;
c) Apreciar a certificação legal de contas, quando a houver;
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d) Apreciar e votar o orçamento e o plano de actividades para o exercício
seguinte;
e) Fixar as taxas dos juros a pagar aos membros da cooperativa;
f) Aprovar a forma de distribuição dos excedentes;
g) Alterar os estatutos, bem como aprovar e alterar os regulamentos
internos;
h) Aprovar a fusão e a cisão da cooperativa;
i) Aprovar a dissolução voluntária da cooperativa;
j) Aprovar a filiação da cooperativa em uniões, federações e confederações;
l) Deliberar sobre a exclusão de cooperadores e sobre a perda de mandato
dos órgãos sociais e ainda funcionar como instância de recurso, quer
quanto à admissão ou recusa de novos membros quer em relação às sanções
aplicadas pela direcção;
m) Fixar a remuneração dos membros dos órgãos sociais da cooperativa,
quando os estatutos o não impedirem;
n) Decidir do exercício do direito da acção civil ou penal, nos termos do
artigo 68º;
o) Apreciar e votar as matérias especialmente previstas neste Código, na
legislação complementar aplicável ao respectivo ramo do sector
cooperativo ou nos estatutos.
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DIRECÇÂO
Artigo 55º
Composição da direcção
1 - A direcção é composta:
a) Nas cooperativas com mais de 20 membros, por um presidente e dois
vogais, um dos quais substituirá o presidente nos seus impedimentos e
faltas, quando não houver vice-presidente;
b) Nas cooperativas que tenham até 20 membros, por um presidente, que
designará quem o substitui nas suas faltas e impedimentos.
2 - Os estatutos podem alargar a composição da direcção, assegurando que
o número dos seus membros seja sempre ímpar.
Artigo 56º
Competência da direcção
A direcção é o órgão de administração e representação da cooperativa,
incumbindo-lhe, designadamente:
a) Elaborar anualmente e submeter ao parecer do conselho fiscal e à
apreciação e aprovação da Assembleia Geral o relatório de gestão e as
contas do exercício, bem como o plano de actividades e o orçamento para o
ano seguinte;
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b) Executar o plano de actividades anual;
c) Atender as solicitações do conselho fiscal e do revisor oficial de contas
ou da sociedade de revisores oficiais de contas nas matérias da competência
destes;
d) Deliberar sobre a admissão de novos membros e sobre a aplicação de
sanções previstas neste Código, na legislação complementar aplicável aos
diversos ramos do sector cooperativo e nos estatutos, dentro dos limites da
sua competência;
e) Velar pelo respeito da lei, dos estatutos, dos regulamentos internos e das
deliberações dos órgãos da cooperativa;
f) Contratar e gerir o pessoal necessário às actividades da cooperativa;
g) Representar a cooperativa em juízo e fora dele;
h) Escriturar os livros, nos termos da lei;
i) Praticar os actos necessários à defesa dos interesses da cooperativa e dos
cooperadores, bem como à salvaguarda dos princípios cooperativos, em
tudo o que se não insira na competência de outros órgãos.
Artigo 59º
Poderes de representação e gestão
A direcção pode delegar poderes de representação e administração para a
prática de certos actos ou de certas categorias de actos em qualquer dos
seus membros, em gerentes ou noutros mandatários.
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CONSELHO FISCAL
Artigo 60º
Composição
1 - O conselho fiscal é constituído:
a) Nas cooperativas com mais de 20 cooperadores, por um presidente e
dois vogais;
b) Nas cooperativas que tenham até 20 cooperadores, por um único titular.
2 - Os estatutos podem alargar a composição do conselho fiscal,
assegurando sempre que o número dos seus membros seja ímpar e podendo
também prever a existência de membros suplentes.
3 - O conselho fiscal pode ser assessorado por um revisor oficial de contas
ou por uma sociedade de revisores oficiais de contas.
Artigo 61º
Competência
O conselho fiscal é o órgão de controlo e fiscalização da cooperativa,
incumbindo-lhe, designadamente:
a) Examinar, sempre que o julgue conveniente, a escrita e toda a
documentação da cooperativa;
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b) Verificar, quando o entenda como necessário, o saldo de caixa e a
existência de títulos e valores de qualquer espécie, o que fará constar das
respectivas actas;
c) Elaborar relatório sobre a acção fiscalizadora exercida durante o ano e
emitir parecer sobre o relatório de gestão e as contas do exercício, o plano
de actividades e o orçamento para o ano seguinte, em face do parecer do
revisor oficial de contas, nos casos do nº 3 do artigo anterior;
d) Requerer a convocação extraordinária da Assembleia Geral, nos termos
do nº 3 do artigo 45º;
e) Verificar o cumprimento dos estatutos e da lei.
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TEMA 9
DESAFIOS PARA O SÉC.XXI
A) Dificuldades a Enfrentar
- As empresas Capitalistas Movimentam-se pelo Mundo, procurando
as Melhores Oportunidades Financeiras e ditando virtualmente os
termos pelos quais concordam cooperar;
- As Mudanças na Comunicação e na Teoria da Gestão alteraram as
áreas industrializadas e o funcionamento do local de trabalho. A
mudança económica gerou uma convicção de que o futuro pertence
apenas à economia capitalista;
B) Desafios
- Recriar a Experiência Cooperativa nos países da Europa Central e
do Leste, Fazendo-o com a compreensão clara do porquê das
cooperativas serem importantes e de como são distintas;
- Nos países do Sul: África e América do Sul verifica-se uma redução
do papel dos governos nas economias nacionais. Necessidade é a de
construir Cooperativas Emergentes sobre uma visão Clara da
Identidade Cooperativa e dos Objectivos Fundamentais do Mov.
Cooperativo;
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- Os governos cada vez são menos capazes e estão dispostos a
influenciar os quadros económico, social e legal e não se
disponibilizam para apoiar externamente as cooperativas.
Necessidade de Maior Independência do que até aqui
- Criar uma Nova Unidade, com Determinação e Empenhamento
Renovado;
- Antecipar as Oportunidades quer para as Cooperativas existentes,
quer para aquelas que se possam formar. Entender a Importância de
como as Pessoas se podem Juntar para se Ajudarem a Si Próprias;
- O papel das Cooperativas na Reestruturação da economia global
pode ser Peremptório e Confiante: podem Servir bem os seus
membros e Fornecer Modelos Eficientes e Éticos. Podem ajudar a
demonstrar o preço elevado da economia global, mostrando a
possibilidade de encontrar uma melhor maneira de encarar o futuro;
- Projectar uma Imagem clara de Diferença: Demonstrar Capacidades
para Mobilizar Pessoas e Comunidades, e Provar as suas
Capacidades de Fornecedor Eficiente de Bons Serviços.
O Futuro será definido pela forme como os Cooperadores
Compreenderem a sua Missão e de como as Cooperativas
Concretizem as suas Oportunidades;
- Aumentar a Eficácia Cooperativa: Cuidada Aplicação dos Valores
e Princípios que tornam as Cooperativas Únicas;
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- Acentuar a Vantagem da Filiação: Aprofundamento do seu
Relacionamento com os Seus Membros;
- Proclamar a Diferença Cooperativa: Demonstrar
Consistentemente o Acreditar nas Estruturas e Valores Cooperativos;
- Mais Poder e Responsabilidade às Pessoas: Informar Correcta e
Honestamente e utilizar mais as competências dos seus Membros;
- Rentabilizar/Combinar Prudentemente os Recursos: Trabalho
Conjugado, Actividades Desenvolvidas em Comum;
- Criar Força Financeira: A Responsabilidade é Garantir a
Capacidade de Continuar a Servir os Membros quanto à saúde
Financeira;
- Elaborar/Pensar Estratégicamente: Trabalho de Colaboração
eficaz, utilizando a vantagem da Filiação, a Diferença Cooperativa, o
Poder dado às Populações, a Combinação de Recursos e os Fundos
de Capital Acumulado;
- Enfrentar o Futuro: Aumento da População, Concentração do
poder Económico, aumento da Pobreza e a Justiça Social;
- Pessoas a Trabalhar em Conjunto: Expansão dos Esforços que já
Desenvolvem Bem
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Síntese: Promessa de um Movimento em Construção
É um Movimento do Devir, não do Passado; Imperfeito e por isso nunca
fica satisfeito com o que Realiza. Movimenta-se entre o que sugere a
Filosofia e o que requer o Mundo Contemporâneo. O seu Sucesso terá de
Contemplar as decisões Coerentes, Flexíveis, Eficientes, Equilibradas e
Inacabadas dos Cooperadores Empenhados e Pragmáticos
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TEMA 10
AS PRÁTICAS COOPERATIVAS NA CONSTRUÇÃO DO
SER HUMANO
1- PERSPECTIVA PESSOAL: PERSONALIZAÇÃO
i) Construção enquanto Pessoas
ii) Actores Sociais
iii) Concepção e Conhecimento de Si Mesmo
iv) Relação com os Outros
v) Construção de Autonomia
vi) Capacidade de Responsabilização
vii) Reconhecimento do Seu próprio Valor e dos Outros
viii) Capacidade de Agir com Determinação
ix) Valores Pessoais
x) Confiança e o Acreditar em Si Mesmo
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xi) Desenvolvimento da Internalidade e da Auto-Estima. 2- PERSPECTIVA COLECTIVA: SOCIALIZAÇÃO
i) Aquisição de Conhecimentos necessários à Sociedade
ii) Representações Sociais
iii) Sentimento de Pertença a uma Comunidade
iv) Escolha dos Valores e dos Modelos
v) Interacções Sociais
vi) Reforço dos Laços de Solidariedade
vii) O Sujeito como Actor Social
viii) Construção e Consolidação da Identidade
ix) Reforço da Auto-Estima
x) Mobilização dos Recursos Internos e Externos
xi) Eficácia Social
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PERSONALIZAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO: A
INTERESTRUTURAÇÃO
a) Favorecimento do Processo de Interestruturação no
Interior do Sujeito, entre Sujeitos e entre Sujeitos e
Instituições
b) Sujeito Actor Social e Construtor do Devir: A
Afirmação e o Reconhecimento do Eu, Necessita do
Outro, como Referência e no Atribuir Sentido
EU PESSOA → PARA O EU OUTRO → NÓS
c) A Dinâmica da Cooperação realiza-se através da
Personalização e da Socialização
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DINÂMICA DA COOPERAÇÃO
CONSCIÊNCIA DA SUA IDENTIDADE PESSOAL
║
CONFIRMA-SE NO GRUPO E COM O GRUPO
║
CONSCIÊNCIA DA SUA IDENTIDADE
COLECTIVA
Permite a Tomada de
Consciência SOCIAL
Permite a Tomada de
Consciência do EU S
OC
IAL
IZA
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O
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RS
ON
AL
IZA
ÇÃ
O
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Sintetizando:
“As práticas cooperativas, o movimento associativo e os
modelos escolares cooperativos contribuem para uma
tomada de consciência do eu que se constrói ao longo de
toda a vida, na relação com os outros, tendo como
referência a sociedade onde se inserem, e contribuem
igualmente para elaborar um modelo social no qual as
representações e o sentimento de pertença são regulados
pelos valores e pelos princípios da cooperação, à
semelhança da solidariedade e da recusa da competição. O
único valor é o ser que se encontre em cada um.”
Couvaneiro (2004: 178)
E ainda
“ (…) as práticas cooperativas podem promover uma
identidade mais autónoma, através dos processos de
personalização-socialização. (…) o movimento
cooperativo, enquanto movimento solidário, permite uma
abertura social intensa e diversificada (…) com os
diferentes graus de participação e de responsabilidade,
(…)” Couvaneiro (2004: 183)
Bibliografia
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COUVANEIRO, Conceição. (2004). Práticas Cooperativas – Personalização e
Socialização. Lisboa: Instituto Piaget.
COOPERATIVA – CONCEITO
A COOPERATIVA – É uma associação de pessoas que voluntariamente
se agrupam para atingir um fim comum, pela constituição de uma parte
equitativa do capital necessário e aceitando uma justa participação nos
riscos e benefícios dessa empresa na qual os sócios devem participar
activamente.
É uma associação autónoma de pessoas, que se unem para satisfazer
necessidades e aspirações económicas, sociais e culturais comuns, através
de uma empresa de propriedade conjunta e democraticamente controlada
VALORES – As cooperativas baseiam-se nos valores da auto-ajuda, auto-
responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Os
membros cooperativos acreditam nos valores éticos da honestidade,
transparência, responsabilidade social e preocupação pelos outros.
ORGÃOS SOCIAIS
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ASSEMBLEIA GERAL – É o orgão mais importante da cooperativa pois
é formada por todos os cooperadores no pleno uso dos seus direitos.
Todas as suas resoluções, tomadas nos termos legais e estatutários, são de
carácter obrigatório para os outros orgãos sociais e para todos os
cooperadores.
DIRECÇÃO – É o orgão social ao qual compete a administração e
representação da cooperativa.
A administração é entendida como a gestão social que se destina a realizar
os objectivos da cooperativa e por representação entende-se o agir em
nome da cooperativa em juízo e fora dele.
CONSELHO FISCAL – É o orgão de controle e fiscalização da
cooperativa, tem por principais funções verificar o cumprimento, por parte
da Direcção, das resoluções tomadas em Assembleia Geral e emitir parecer
sobre o balanço, relatório, contas de exercícios, orçamento e plano de
actividades para o ano seguinte.
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