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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CAMPUS DE JABOTICABAL
Efeito de densidades de azevém e capim-
colonião no crescimento inicial do eucalipto,
clone GG100
Matheus Falcai Barbasso
JABOTICABAL – SP
Julho/2016
i
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
Efeito de densidades de azevém e capim-
colonião no crescimento inicial do eucalipto,
clone GG100
Matheus Falcai Barbasso
Orientador: Prof. Dr. Pedro Luis da Costa Aguiar Alves
Co-orientadora: Me. Izabela Orzari
Trabalho apresentado à Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias –
UNESP, Câmpus de Jaboticabal,
como parte das exigências para a
obtenção do titulo de Engenheiro
Agrônomo.
JABOTICABAL – SP
Julho/2016
v
AGRADECIMENTOS
Primeiro, gostaria de agradecer à Deus, que sempre me proporcionou
tudo aquilo que eu precisei para seguir em frente e por me cercar de pessoas
que sempre levarei no coração.
À minha querida família, que me deu todo o suporte necessário para que
eu pudesse estar aqui hoje.
Aos meus pais, Tânia e Luciano, que me criaram com todo amor,
carinho e respeito do mundo, e isso me tornou a pessoa que sou hoje; sou
muito grato a vocês.
À minha irmã, Bianca, que sempre esteve por perto em todos os
momentos.
À minha tia Marcia e à minha prima Letícia, que são como uma segunda
mãe e uma segunda irmã que me mostraram o que é o amor de família.
Aos meus avós maternos, Cleonice e Ângelo, que me ensinaram várias
lições que vou levar para o resto da vida.
Aos meus avós paternos, Luzia e Dailton, pelo apoio e dedicação.
À minha família do Maranhão, tia Ângela, Paulo Victor, primo Paulo
Gabriel e a Maria Alice, que, mesmo de longe, sempre me apoiaram e me
ajudaram com conselhos valiosíssimos.
Ao meu tio Danilo, que sempre me ajudou a decidir por quais caminhos
seguir, e também à Josy e aos primos Davi e Caio.
vi
Ao meu tio Juliano pelo companheirismo e apoio, e também aos primos
Lucas e Lorena.
À minha companheira e namorada Mariana, que me aguentou nesses
anos de faculdade com muito amor, respeito e paciência; fica aqui a minha
admiração.
À minha república K-Zona Rural, que me proporcionou criar histórias, as
quais vou levar para sempre em minha memória. Aos meus irmãos de coração:
Lucas Martinez (Tamanduá), Lucas Santos (Marcola), Bruno Fachini (Cenoura),
Bruno Giudicissi (Gambá), Vinicius Mistura (Paia), Tiago Izeppi (Bronze),
Rafael Montes (Bode), André Mazi (Kdomblé), Rafael Darezzo (Bugrão), Caio
Gaglianone (Xí-ku), Matheus Garetti (Sei-lá), Caio Garcia (Deuzulivre),
Alexandre Nachbar (Cú-a-ti), Lucas Marques (Sueco), José Branco (Biólogo),
Gustavo Lotti (Tinganei), Gabriel Penha (Crocs), Bruno Rodrigues (C.T.A.),
Luca Benedini (Zé Papada), Flavio Benini (Quarta-feira), Matheus Barioni
(Âncora), Gerson Lama (Fião) e Felipe Barro (Nordestino) e Rondineli Salomão
(Rondi). E Também as nossas governantas: Dona Conca (in memorian), Dona
Cida (in memorian) e Simone.
Aos meus parceiros e amigos da Agro 011, que nunca vou esquecer:
Pedro Lima (Badeco), Thiago Gandolfi (Badalo), Marcelo Simões (Urutal),
Eduardo Ferreira (Xaidzen), Newton Warikoda (Maldito), Francisco Menezes
(Fiuk), Jian Gaglardi (Simprão), Renato Bertoli (Jumelo), Gabriel Blumer (Tua-
véia), Leonardo Bernache (Gorfinho), Murilo Venâncio (Zotrô), Henrique
Tortorelli (Magaiver), Vitor Papa (Porco), Maria Fernanda Ramos (Teike-Ryze),
Carol Fiamenghi (Vem-ki-tem), Estela Okidá (Akidá), Mayara Tardeli (Inxalá),
vii
Marina Ramos (Emília), Barbara Hermoso (Pramil), Larissa Querino (Purunga),
Gabriela Perassoli (Mundrunga), entre outros.
Aos meus amigos de Matão, que sempre estarão ao meu lado e sei que
posso contar para o resto da vida, gostaria de agradecer: Leonardo Giannini,
João Victor Corrêa, Giovanni Graziosi, Hugo Victuri, Gabriel Gomes, Leonardo
Fontana, Pedro Chiozini, André e Vinicius Rizzo, João Gabriel Penagossi, Caio
Martins, Lucas e Thiago Marchesoni, Victor Marcolini, Guilherme Barbisan,
Joey Benassi, Thales Cabral, Haroldo Peres, Geovanni dos Santos, Breno
Menegussi, Luis Otavio Pecorari, Felipe Carmeis, Felipe Mendes, André
Buttignon, Edo Mariani, Rafael Matta, entre outros.
Aos professores da Faculdade que contribuíram com minha formação e
proporcionaram o conhecimento que tenho hoje.
À minha co-orientadora, Me. Izabela Orzari, pela paciência e ajuda
nessa última fase da minha na graduação, agradeço-a imensamente. Também
agradeço a Dra. Mariluce Nepomuceno pela ajuda e atenção.
À banca, Me. Thiago Souza Oliveira e Me. William de Medeiros Silva,
que aceitaram fazer parte desse trabalho, corrigindo-o.
Ao Professor Dr. Pedro Luís da Costa Aguiar Alves que, além de meu
orientador, foi um amigo que, sempre calmo e paciente, me ajudou em vários
momentos na Faculdade. Hoje agradeço a oportunidade de poder ter tido o
senhor em minha trajetória.
Ao LAPDA, que me deu verdadeiros amigos e muitos ensinamentos.
Ao Departamento de Biologia Aplicada à Agropecuária, pela estrutura e
cooperação.
viii
À FCAV, pela oportunidade de me formar em uma das melhores
faculdades do Brasil e por me fazer viver momentos que nunca esquecerei.
Por fim, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a
realização desse trabalho.
Obrigado a todos!
ix
SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................ x
SUMMARY ......................................................................................................... xi
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................ 3
2.1 Eucalytus urophylla ................................................................................ 3
2.2 Lolium multiflorum .................................................................................. 4
2.3 Panicum maximum ................................................................................ 6
2.4 Interferências de plantas daninhas ........................................................ 8
3. MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................... 11
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 14
5. CONCLUSÕES .......................................................................................... 28
6. LITERATURA CITADA .............................................................................. 29
x
Efeito de densidades de azevém e capim-colonião no
crescimento inicial do eucalipto, clone GG100
RESUMO – Considerando o aumento das áreas comerciais de plantações de
eucalipto e o crescente investimento em novas técnicas de manejo de plantas
daninhas, pesquisas na área são importantes para o aumento da produtividade
da cultura e, consequentemente, maiores produção. Com isso, o presente
trabalho teve como objetivo avaliar os efeitos das densidades crescentes de
azevém (Lolium multiflorum) e de capim-colonião (Panicum maximum) sobre o
crescimento inicial das mudas de eucalipto (Eucalyptus urophylla), clone
GG100, no município de Jaboticabal – São Paulo. O experimento foi conduzido
durante 90 dias, no período de janeiro a abril de 2014, em que foram utilizadas
caixas de 100 litros, preenchidas com terra oriunda de um Latossolo Vermelho
Escuro eutrófico, de textura média. O delineamento experimental adotado foi o
inteiramente casualizado (DIC), com quatro repetições, utilizando-se de um
esquema fatorial 5x2, sendo cinco densidades de plantas daninhas, 0, 5, 10,
20, 40 plantas caixa-1 que correspondem a 0, 13, 26, 52, 104 plantas m-2, e
duas espécies de plantas daninhas, azevém e capim-colonião. Ao final do
experimento, foram avaliados os seguintes parâmetros: área foliar, matéria
seca das folhas e do caule do eucalipto e também matéria seca da parte aérea
das plantas daninhas. Pode-se concluir que ambas as plantas daninhas
interferem negativamente no crescimento inicial das mudas de eucalipto a partir
da primeira densidade (13 plantas m-2), e que para essa densidade, o eucalipto
em convivência com azevém apresentou redução da área foliar, da matéria
seca das folhas e do caule de 28,67%, 13,91% e 18,29%, respectivamente, e
para a convivência com capim-colonião as reduções foram de 90,4%, 79,71% e
73,58%, respectivamente.
Palavras-Chave: Eucalyptus urophylla; Lolium multiflorum; Panicum maximum;
matocompetição, densidade.
xi
Effect of ryegrass and guinea grass densities on the initial
growth of eucalyptus, clone GG100
SUMMARY – Considering the growth in commertial areas of eucalyptus
plantations and the increasing investment in new techniques for weed
management, research in this area are important for increasing their
productivity and consequently, higher production. Thus, the present study
aimed to evaluate the effects of increasing densities of ryegrass (Lolium
multiflorum) and guinea grass (Panicum maximum) over the initial growth of
eucalyptus seedlings, GG100 clones, in Jaboticabal city – São Paulo. The
experiment was conduzed for 90 days, between the period of January to April of
2014, in which were used 100 litres boxes, filled with earth originated from
Oxisol Dark eutrophic, medium texture. The experimental design was
completely randomized (DIC), with four replications, using a factorial scheme
5x2, using five densities of weed, 0, 5, 10, 20, 40 plants box-1, that corresponds
to 0, 13, 26, 52, 104 plants m-2 and two species of weed, ryegrass and guinea
grass. In the end of the experiment, it was evaluated the following parameters:
leaf area, dry matter of leaves and eucalyptus stems and also dry matter of the
aerial part of the weeds. It can be concluded that both weeds negatively
influences the initial growth of the seedlings of eucalyptus after the first density
(13 plants m2), and to this density, the eucalyptus in coexistence with ryegrass
has presented a reduction of the leaf area, dry matter of the leaves and the
stem was 28.67%, 13.91% and 18.29%, respectively, and, in coexistence with
guinea grass, the reductions were 90.4%, 79.71% and 73.58%, respectively.
Key words: Eucalyptus urophylla; Lolium multiflorum; Panicum maximum;
weed competition; density.
1
1. INTRODUÇÃO
Conforme a Indústria Brasileira de Árvores – IBÁ (2015), a área de
árvores plantadas teve acréscimo ao longo dos últimos anos. É indicado que a
taxa de área plantada aumentou em 1,8% em relação a 2013, atingindo 7,74
milhões de hectares em 2014, e esse total corresponde a apenas 0,9% do
território brasileiro. A produtividade média, para a cultura do eucalipto, cresceu
de 36,7 m³ ha1 ano-1, em 2005, para 39 m³ ha-1 ano-1 em 2014 (ABRAF, 2013;
IBÁ, 2015).
O aumento da produtividade, segundo Stape et al. (2004), está
diretamente relacionado com o sucesso do melhoramento genético. Além
disso, um dos fatores primordiais que favorecem a produtividade se dá na
adoção de boas técnicas de manejo da cultura, como o controle de plantas
daninhas, uma vez que estas competem por luz, espaço, água e nutrientes,
ocasionando queda na produtividade das culturas, como o eucalipto
(CONCENÇO et al., 2014).
Toledo et al. (2001) evidenciam que as plantas daninhas também podem
liberar aleloquímicos, hospedar pragas e vetores de doenças nocivas ao
2
homem, além de causar prejuízo econômico, já que afetam o crescimento de
árvores e, por sua vez, a produção de madeira, carvão e celulose. Isto pode ser
evidenciado por Dinardo et al. (2003), que demonstraram que capim-colonião e
capim-braquiária, as duas principais espécies de plantas daninhas que
infestam plantios de eucalipto, causaram efeitos negativos no seu crescimento
e desenvolvimento, reduzindo o número de folhas, a área foliar e a massa seca
dos ramos e das folhas.
Recentemente, com a constatação de biótipos de azevém resistentes ao
glyphosate, sobretudo no Sul do País (GALLI et al., 2005), essa planta daninha
tem se tornado um problema na cultura do eucalipto, uma vez que o manejo de
plantas daninhas nessa cultura tem sido feito quase que exclusivamente com
glyphosate (PEREIRA; ALVES, 2015).
Tendo em vista as limitações de conhecimento sobre os efeitos da
interferência de plantas daninhas na cultura do eucalipto, principalmente no
que tange ao azevém e ao capim-colonião, este experimento foi realizado com
o objetivo de avaliar os efeitos das densidades crescentes dessas duas
espécies de plantas daninhas sobre o crescimento inicial das mudas de
eucalipto (E. urophylla), clone GG100, no município de Jaboticabal – São
Paulo.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Eucalyptus urophylla
Segundo Moura (2004), a espécie Eucalyptus urophylla pertence ao
grupo das dicotiledôneas, família Myrtaceae, seção Transversaria, série
Saligna, e é umas das poucas espécies de eucalipto que ocorrem naturalmente
fora da Austrália. Tem como centro de origem a ilha de Timor e ilhas vizinhas,
na Indonésia, ocorrendo a partir de 500 metros de altitude até
aproximadamente 3000 metros.
Geralmente, a planta adulta é uma árvore de porte grande, com tronco
reto e de coloração marrom, possui uma forte dominância apical, apresenta
casca rugosa e folhas longas, estreitas e pecioladas. Onde sua ocorrência é
natural, o clima é tropical e suas densas florestas são típicas de áreas
montanhosas e sub-montanhosas (MOURA, 2004).
No Brasil, em 1868, foram plantados alguns exemplares de eucaliptos no
Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro. Entretanto, os primeiros estudos foram
feitos somente em 1904 por Navarro de Andrade. Nesses primeiros estudos, o
4
eucalipto já se destacou em relação a outras espécies (MORA; GARCIA,
2000).
Quando comprovada a resistência do E. urophylla ao cancro do
eucalipto, aumentou-se o interesse em cultivá-lo em áreas com incidência
dessa doença no País (MORA; GARCIA, 2000).
Em 2014, a área destinada ao plantio de eucalipto no Brasil
representava 71,9% de um total de 7,74 milhões de hectares de árvores
plantadas, com aumento de 1,8% em relação ao ano anterior (IBÁ, 2015).
As empresas brasileiras do setor de silvicultura investem mais
fortemente em pesquisas que visam à melhoria da genética e das técnicas de
manejo. Em consequência desses estudos e das condições edafoclimáticas do
país, o Brasil vem sendo líder global em produtividade, chegando a média de
39 m3 ha-1 ano-1 (IBÁ, 2015).
Essa produção é destinada principalmente para indústria: de papel e
celulose (72,5%), siderurgia a carvão vegetal (19,5%), painéis de madeira
industrializada (7,3%) e produtores independentes (0,7%) (ABRAF, 2013).
Além disso, as florestas plantadas tem função ambiental como a recuperação
de áreas degradadas preservando o solo e as nascentes, protegem os habitats
naturais, são estoques de carbono e fonte de energia renovável (IBÁ, 2015).
2.2 Lolium multiflorum
De acordo com Massafra (2014), a espécie Lolium multiflorum,
popularmente conhecida como azevém, originou-se na Bacia do Mediterrâneo
5
de onde se espalhou pela Europa e América do Norte. Foi introduzido no Brasil
por colonizadores italianos no estado do Rio Grande do Sul, no ano de 1875.
Essa espécie pertence ao grupo das Monocotiledôneas e da família
Poaceae, e se caracteriza por ser uma planta anual ou bianual, herbácea,
densamente perfilhada, ereta, de 30-90 centímetros de altura e propaga-se por
semente (LORENZI, 2000). É uma gramínea considerada rústica, com boa
brotação e bastante competitiva. Tem preferência por clima subtropical e
desenvolve-se principalmente entre o outono e a primavera (CARVALHO,
2010).
Nesse sentido, embora necessite de climas mais amenos para se
desenvolver, a relação da produção de matéria seca aumenta com a elevação
de temperatura, sendo que a temperatura ótima para seu crescimento máximo
permanece em torno de 18°C a 20°C. Após 22°C, a produção da massa seca
diminui (FLORES, 2006).
O azevém é considerado uma excelente planta forrageira, sendo
cultivado tanto para ceifa como para pastagem cultivada e também como
fornecimento de palha para o sistema de plantio direto, além de ser usado
como cobertura verde de inverno. Entretanto, quando seu crescimento
espontâneo ocorre nas culturas subsequentes ele torna-se indesejável,
considerando-o como uma planta daninha (FLORES, 2006; LORENZI, 2000).
É uma espécie que se adapta a solos de baixa fertilidade e tem fácil
dispersão, causando problemas para diversas culturas como o milho, trigo,
cevada e principalmente em pomares e vinhedos da região sul do Brasil
(VARGAS; MORAES; BERTO, 2007).
6
A emergência de plantas daninhas juntamente com a cultura desejada,
ocasiona perdas na produtividade e na qualidade do produto final e, por isso, é
de grande importância o manejo destas (ROMAN et al., 2004). Recentemente
foi constatada a resistência do azevém ao glyphosate (GALLI et al., 2005), o
que pode ser um problema para a cultura do eucalipto, pois poucos herbicidas
são utilizados para essa cultura, sendo o principal o glyphosate (PEREIRA;
ALVES, 2015).
2.3 Panicum maximum
Dentre as espécies do gênero Panicum, a que mais se destaca é
Panicum maximum, por ter grande importância econômica e agrícola, uma vez
que além de ser uma planta forrageira, também pode ser considerada uma
planta daninha quando interfere na produção de outra cultura. Conhecido
popularmente por capim-colonião, pertence ao grupo das Monocotiledôneas,
da família Poaceae, e é originário da África e da Índia. Esta planta foi
introduzida no Brasil no tempo dos escravos que usavam o capim-colonião
como cama nos navios negreiros (KISSMANN, 1991).
De acordo com Lorenzi (2000), o capim-colonião é uma planta perene,
muito vigorosa que se propaga por sementes e rizoma, formam-se touceiras e
tem grande porte. Considerada uma planta robusta, podendo chegar até 2
metros de altura e possui colmo com cerosidade branca nos entrenós.
Essa gramínea tem preferência por locais quentes com precipitações
acima de 900 mm por ano, mas não se adapta bem no inverno e em solos mal
drenados. Desenvolvendo-se melhor em solos profundos, friáveis e arenosos;
7
essa planta tem grandes exigências em fertilidade do solo e por causa dessa
variável, essa espécie pode ter uma produção por ano entre 20 a 50 toneladas
de matéria seca por hectare (PEREIRA, 2006).
Considerada uma das mais importantes forrageiras de clima tropical e
subtropical devido a seu alto potencial de produção de matéria seca, o cultivo
de P. maximum tem como principal objetivo a produção de carne e leite, tanto
no pastejo direto como na obtenção de silagem (KISSMANN, 1991). Também é
utilizado para a produção de palha em sistemas de plantio direto (MACHADO;
ASSIS, 2010) ou em consórcio com outras culturas (SEVERINO; CARVALHO;
CHRISTOFFOLETI, 2006).
Há uma grande deposição de sementes no solo, o que pode ser visto
como uma vantagem para os produtores de forragem que não terão muitos
gastos para a reforma das pastagens, mas pode ser um transtorno para áreas
que cultivam outras culturas. Além do banco de sementes no solo, as áreas
podem ser infestadas através de vários meios que carregam as sementes para
outros locais, como o vento, a água, os animais e o homem (LORENZI, 2000).
O capim-colonião é considerado uma planta daninha em mais de 40
países e é problema em mais de 20 culturas, pois essa espécie é muito
agressiva e tem grande resistência. O manejo mais utilizado para o controle
dessa planta é a dessecação por herbicida, e o herbicida mais usado para essa
daninha é o glyphosate (KISSMANN, 1991; CORREIA; PERUSSI, 2015).
8
2.4 Interferências de plantas daninhas
O termo planta daninha pode ser definido como qualquer material
vegetal que cresce onde não é desejado, até mesmo “tigueras” de culturas que
emergem espontaneamente em culturas subsequentes (LORENZI, 2006). Esse
tipo de planta geralmente apresenta características de plantas pioneiras, que
ocupam locais onde, por algum motivo, a cobertura natural do solo foi exposta
(PITELLI, 1985).
De acordo com Brighenti e Oliveira (2011), as plantas daninhas possuem
aspectos tanto positivos quanto negativos. Em relação aos benefícios,
podemos citar inúmeros exemplos, como utilizá-las para a proteção do solo
contra a erosão, adubação verde, controle de pragas, doenças e de outras
plantas daninhas, também podem ser consideradas plantas ornamentais e
apícolas, com a função de fornecer pólen e néctar. Além disso, algumas
gramíneas são consideradas ótimas forrageiras, possuindo alto valor nutritivo e
alta produtividade, como o caso do P. maximum.
Em relação aos pontos negativos das plantas daninhas, os prejuízos
causados diretamente à saúde humana, como intoxicações alimentares e
alergias, além de causarem problemas em estradas, rodovias, rios e lagos.
Entretanto, onde se tem os maiores danos econômicos é na agricultura, pois
interferem na eficiência agrícola em vários aspectos, como problemas no
plantio e manejo das culturas, podem também dificultar ou até mesmo impedir
a operação de colheita, além de diminuir a qualidade do produto final
(BRIGHENTI; OLIVEIRA, 2011).
9
De acordo com Pitelli (1987), o termo interferência de plantas daninhas
refere-se ao grupo de ações que uma determinada cultura sofre em um
ambiente devido à presença das plantas daninhas na mesma área e ela pode
ser considerada direta ou indireta. A forma mais conhecida de interferência
direta é a competição, no qual a cultura e a planta daninha disputam por
recursos do meio ambiente que podem não ser suficientes para suprir a
necessidade de ambos. Os recursos mais disputados são: água, luz, espaço e
nutriente.
Outra forma de interferência direta é a alelopatia, que corresponde a
liberação de substâncias aleloquímicas pelas plantas daninhas que vão
prejudicar o crescimento e o desenvolvimento das culturas, diminuindo a
produtividade (PEREIRA et al., 2014).
O segundo tipo de interferência, a indireta, tem grande importância, pois
as plantas daninhas podem ser hospedeiras alternativas para pragas, doenças,
nematoides e plantas parasitas. Estas plantas também causam problemas na
colheita, tanto na mecanizada quanto na manual. Pode ocorrer a diminuição da
eficiência da colheita, pois há a necessidade de interromper o processo para
retirada das plantas das máquinas, ou podem causar alergias, dermatites e
irritações nos operários (PITELLI, 1987). Também pode-se ter interferência
indireta na depreciação da qualidade do produto final colhido, na intoxicação de
animais pela ingestão de forrageiras contendo daninhas, parasitismo, entre
outras (PEREIRA et al., 2014).
O grau de interferência pode ser definido como a redução percentual da
produção econômica de uma determinada cultura e os fatores ligados ao grau
10
de interferência são relacionados: à cultura (espécie, variedade, densidade); a
época e a extensão da convivência; e também em relação à comunidade
infestante (composição, distribuição e densidade). Conforme maior intensidade,
ou seja, maior quantidade de indivíduos da comunidade infestante, maior será
a competição por recursos que a cultura sofrerá (PITELLI, 1987).
Apesar do eucalipto possuir boa competitividade e rápido crescimento,
sua produtividade é prejudicada quando há competição no ambiente por
nutrientes, luz, água e espaço, principalmente na fase de implantação florestal
(SILVA, 1983; TAROUCO et al., 2009). Plantas de eucalipto que conviveram
com plantas daninhas durante um período de 364 dias tiveram redução no
diâmetro médio de 71% e na altura de 68% (TOLEDO et al., 2000).
O histórico das áreas de produção agrícola é de grande importância,
pois está diretamente ligado à diversidade e intensidade das plantas daninhas.
Por exemplo, em locais que já foram ocupados com pastagens o maior
problema é com as espécies de gramíneas forrageiras, como o L. multiflorum e
P. maximum (TOLEDO, 1998).
Assim como qualquer cultura, o eucalipto não está livre da interferência
das plantas daninhas e o manejo destas em uma condução florestal é de
grande prioridade, visto que, mesmo em baixas densidades, há espécies de
plantas daninhas que interferem no desenvolvimento da cultura (PEREIRA et
al, 2014). Dinardo et al. (2003) concluíram em seus estudos que a partir de 4
plantas por m2 de capim-colonião há interferência no crescimento das mudas
de eucalipto.
11
3. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado e conduzido em área experimental anexa ao
Laboratório de Plantas Daninhas (LAPDA), pertencente ao Departamento de
Biologia Aplicada à Agropecuária da FCAV – UNESP - Câmpus de Jaboticabal,
SP, Brasil (latitude 21°15’17’’S, longitude 48°19’20’’W e altitude de 590
metros). O clima da região, segundo classificação Köppen, é do tipo Cwa,
subtropical, relativamente seco no inverno e com chuvas de verão,
apresentando temperatura média anual de 22°C e precipitação de 1552 mm.
O experimento foi realizado no período de janeiro a abril de 2014,
utilizando-se caixas de cimento amianto com capacidade para 100 L (0,62 m x
0,62 m x 0,26 m), previamente preenchidos com terra oriunda de um Latossolo
Vermelho Escuro eutrófico, de textura média. Os dados de temperatura,
precipitação e umidade do ar no decorrer do período experimental estão
apresentados na Tabela 1, e foi realizada a análise química de uma amostra do
solo, apresentada na Tabela 2.
12
Tabela 1. Dados médios de temperaturas (mínima, máxima e média), umidade
relativa do ar e precipitação durante o período experimental, no ano
de 2014.
Mês Temperatura (°C) Umidade Relativa Precipitação Pluvial
Mínima Máxima Média (%) (mm)
Janeiro 19,9 32,6 25,5 69,1 99,8
Fevereiro 19,9 32,5 25,5 67,0 83,0
Março 19,5 30,9 24,1 76,8 106,8
Abril 17,9 30,1 23,0 75,2 63,3
Fonte: Estação Agroclimatológica FCAV-UNESP.
Tabela 2. Análise química de uma amostra de solo utilizado como substrato.
pH em M.O. P resina K Ca Mg H+AL SB T V
CaCl² g/dm³ mg/dm³ mmolc/dm³ %
5.9 20 76 2.5 55 21 18 78.5 96.5 81
Fonte: Athenas Consultoria Agrícola e Laboratório
As mudas de eucalipto utilizadas foram de E. urophylla, do clone
comercial GG100 (RNC, 2016), com aproximadamente 90 dias de idade.
O delineamento experimental adotado foi o inteiramente casualizado
(DIC), com quatro repetições, utilizando-se de um esquema fatorial 5x2, sendo
cinco densidades de plantas daninhas, 0, 5, 10, 20, 40 plantas caixa-1 que
corresponde a 0, 13, 26, 52, 104 plantas m-2 e duas espécies de plantas
daninhas, azevém e capim-colonião. As plantas daninhas foram previamente
semeadas em bandejas de poliestireno expandido de 128 células preenchidas
com substrato hortícola (Plantmax HT) de modo a padronizar o tamanho das
plantas. Após 30 dias, foi feito o plantio do eucalipto e o transplantio das
plantas daninhas para as caixas no mesmo dia.
13
A irrigação das caixas foi realizada diariamente quando necessário, de
modo que o fator hídrico não limitasse o desenvolvimento das plantas. Para
adubação de plantio, utilizou-se 300 kg ha-1 do formulado NPK 4-14-8. Já para
adubação de cobertura, aplicou-se 65 kg ha-1 de uréia (47% de nitrogênio) aos
60 dias após o plantio (DAP) das mudas de eucalipto.
Para manter a interferência específica entre as espécies estudadas e o
eucalipto, as demais plantas daninhas que emergiram espontaneamente nas
parcelas foram removidas por arranquio e capina manual.
Ao final do período experimental (90 DAP), as plantas de eucalipto foram
cortadas em sua base para a mensuração da área foliar, a massa seca das
folhas e do caule, e também foi determinada a massa seca da parte aérea das
plantas daninhas. A área foliar do eucalipto foi obtida por meio de um medidor
de área foliar (Li-Cor Instruments, modelo LI-3000A) e a matéria seca foi obtida
após a secagem dos materiais em estufa com circulação forçada de ar a 70°C,
até atingirem massa constante, sendo posteriormente pesados em balança de
precisão de 0,01 g.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância pelo teste F,
e as médias, comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, e quando
os dados foram significativos foi realizada a análise de regressão. As análises
foram processadas pelo programa estatístico Agroestat.
14
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para os parâmetros analisados na interferência de densidades de
azevém e capim-colonião no eucalipto (área foliar, matéria seca das folhas e
matéria seca do caule), verificou-se diferença estatística da testemunha em
relação aos demais tratamentos. Com 5 plantas caixa-1, foi significativamente
diferente da testemunha e das demais densidades, e nos tratamentos de 10 a
40 plantas caixa-1 não houve diferença estatística entre eles (tabela 3).
Em relação a área foliar, observou-se uma significativa redução de
55,17% na primeira densidade analisada (5 plantas caixa-1), e uma redução
média de 75,94% a partir da densidade de 10 plantas caixa-1, quando
comparado com a testemunha (Tabela 3).
No geral, para matéria seca das folhas e do caule, houve uma redução
de 46,81% e 46,78% na densidade de 5 plantas caixa-1, respectivamente, e
para as demais densidade, uma redução média de 74,66% e 74,20%, quando
comparado com a testemunha (Tabela 3).
Ocorreram diferenças estatísticas para a área foliar e massas da matéria
seca das folhas e do caule do eucalipto quando em convivência com o azevém
15
e o capim-colonião sendo que o capim-colonião foi mais competitivo do que o
azevém com uma redução de 51,73% da área foliar, e de 54,86% e 49,61%
para massas da matéria seca das folhas e do caule, respectivamente (Tabela
3).
Tabela 3. Efeito da interferência de azevém e capim-colonião em diferentes
densidades na cultura do eucalipto.
Tratamentos Área Foliar (cm2) MSF (g) MSC (g)
Densidades caixa-1
0 9692,73 a 62,35 a 48,18 a
5 4344,80 b 33,163 b 25,64 b
10 2522,126 c 17,65 c 13,89 c
20 2236,75 c 16,03 c 12,05 c
40 2236,75 c 13,71 c 11,35 c
Espécie de plantas daninhas
azevém 5557,55 a 39,39 a 29,55 a
c-colonião 2682,63 b 17,78 b 14,89 b
F (A) 66,56** 195,19** 103,52**
F (B) 64,61** 274,63** 113,93**
F (A x B) 5,41** 25,35** 9,15**
C.V. (%) 27,45 14,43 19,55 Médias seguidas por mesma letra na mesma coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Pelo teste F, ** significativo a 1% e * significativo a 5% de probabilidade, ns não significativo.
Foi constatada interação significativa entre os dois fatores, densidade e
espécies de plantas daninhas para o parâmetro de área foliar. Analisando-se
os efeitos das densidades entre as espécies, verificou-se que a testemunha
diferenciou-se das demais densidades tanto no azevém quanto no capim-
colonião. Na densidade de 5 plantas caixa-1, para o eucalipto convivendo com
azevém houve redução de 28,67% o qual se diferenciou das densidades acima
de 10 plantas caixa-1, que não diferenciaram entre si. Em relação ao eucalipto
16
convivendo com o capim-colonião, houve uma redução média de 90,4% para
as densidades acima de 5 plantas caixa-1, e entre elas não houve diferença
estatística, quando comparado com a testemunha (tabela 4).
Tabela 4. Desdobramento referente à interferência de azevém e capim-colonião
em diferentes densidades na área foliar do eucalipto.
Tratamentos azevém c-colonião F
Densidades caixa-1
0 9692,73 aA 9692,73 aA 0,00 NS
5 6914,13 bA 2004,73 bB 41,28**
10 4228,13 cA 816,13 bB 18,20**
20 3832,00 cA 641,50 bB 15,92**
40 3120,75 cA 487,36 bB 10,84**
F 23,16** 48,81**
Médias seguidas por mesma letra (minúscula na coluna e maiúscula na linha) não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Pelo teste F, ** significativo a 1% e * significativo a 5% de probabilidade, ns não significativo.
Pode-se verificar que o capim-colonião foi mais agressivo à cultura do
eucalipto, pois a curva do capim-colonião da análise de regressão apresenta
um comportamento mais acentuado, causando maior prejuízo na área foliar do
eucalipto quando comparado à curva do azevém, que possui inclinação mais
atenuada (figura 1).
17
Figura 1. Área foliar do eucalipto em relação ao aumento da densidade das plantas daninhas.
As barras indicam o erro padrão da média.
.
Analisando os efeitos das densidades de plantas daninhas no eucalipto,
Toledo et al. (2001), concluíram que houve uma redução de 63,26% da área
foliar do eucalipto em convivência com Brachiaria decumbens, em densidades
superiores a 4 plantas m-2. Confirmam também essa redução, os autores
Costa, Alves e Pavani (2004) que obtiveram em seus resultados uma
diminuição de 78% da área foliar das plantas de Eucalyptus grandis que
conviveram 80 dias com 4 plantas m-2 de Commelina benghalensis no inverno e
houve uma redução de 42% aos 60 dias no verão.
Ainda quanto ao parâmetro de área foliar na cultura do eucalipto,
também foi observado redução nesta característica por Dinardo et al. (2003),
18
que em seu trabalho com capim-colonião fez avaliações aos 110 e 190 dias, e
em ambas observou redução da área foliar de 33,88% e 17,05%,
respectivamente. O mesmo foi verificado por Cruz et al. (2010), em que plantas
de eucalipto em convivência com capim-colonião por 90 dias, em uma
densidade de 1,4 plantas m-2, obtiveram uma redução de 62% área foliar.
Para as interações entre as densidades e as espécies para matéria seca
das folhas e de caule, verificou-se que os tratamentos diferenciaram da
testemunha. Na densidade de 5 plantas caixa-1, as redução de massa de
matéria seca das folhas foram de 13,91% e 79,71%, e as reduções para a
matéria seca do caule foram de 18,29% e 73,58%, para o azevém e para o
capim-colonião, respectivamente (tabela 5).
Também em relação aos dois parâmetros, matéria seca das folhas e de
caule, para o azevém, não houve diferença estatística entre os tratamentos de
10, 20 e 40 plantas caixa-1, porém houve diferença para o tratamento com 5
plantas caixa-1. Em relação ao capim-colonião, as densidade de 5 e 40 plantas
caixa-1 diferiram entre elas. Também, pode-se verificar que há diferença
significativa entre as espécies, quando comparado com a testemunha (tabela
6).
19
Tabela 5. Desdobramento referente à interferência de azevém e capim-
colonião em diferentes densidades na matéria seca das folhas de
eucalipto.
Tratamentos azevém c-colonião F
Densidades caixa-1
0 62,35 aA 62,35 aA 0,00 NS
5 53,68 bA 12,65 bB 197,96**
10 30,00 cA 5,3 bcB 71,76**
20 27,63 cA 4,43 bcB 63,31**
40 23,28 cA 4,15 cB 43,02**
F 71,60** 148,94**
Médias seguidas por mesma letra (minúscula na coluna e maiúscula na linha) não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Pelo teste F, ** significativo a 1% e * significativo a 5% de probabilidade, ns não significativo.
Tabela 6. Desdobramento referente à interferência de azevém e capim-
colonião em diferentes densidades na matéria seca do caule de
eucalipto.
Tratamentos azevém c-colonião F
Densidades caixa-1
0 48,18 aA 48,18 aA 0,00 NS
5 38,55 bA 12,73 bB 70,71**
10 22,30 cA 5,46 bcB 30,01**
20 19,60 cA 4,50 bcB 24,18**
40 19, 125 cA 3,58 cB 25,64**
F 36,48** 76,19**
Médias seguidas por mesma letra (minúscula na coluna e maiúscula na linha) não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Pelo teste F, ** significativo a 1% e * significativo a 5% de probabilidade, ns não significativo.
20
Figura 2. Massa seca das folhas do eucalipto em relação ao aumento da densidade das
plantas daninhas. As barras indicam o erro padrão da média.
Verifica-se que o comportamento das curvas entre os tratamentos são
diferentes, isto indica que no tratamento com azevém a inclinação é menor,
indicando que ele afeta menos o eucalipto quanto às massas da matéria seca
das folhas e do caule quando comparadas ao capim-colonião (figuras 2 e 3).
21
Figura 3. Massa seca do caule do eucalipto em relação ao aumento da densidade das plantas
daninhas. As barras indicam o erro padrão da média.
Cruz et al. (2010), ao conduzirem 5 clones de eucalipto em convivência
com capim-colonião na densidade de 1,4 planta m-2, verificaram que a matéria
seca das folhas e do caule foi reduzida em média 60% e 56%,
respectivamente.
Os trabalhos de Costa, Pavani e Alves (1998) e Costa, Alves e Pavani
(2004) estudaram a interferência da planta daninha trapoeraba em convivência
com eucalipto. No primeiro trabalho, o período de convivência foi de 90 dias e
no segundo de 80 dias, nos quais obtiveram reduções da massa seca das
22
folhas do eucalipto de 28% e 37%, respectivamente, na densidade de 4 plantas
m-2.
Para a planta daninha capim-braquiária, segundo Toledo et al. (2001), a
redução da matéria seca do caule e dos ramos foram de 55,22% e 77,29%,
respectivamente, aos 90 dias com densidades de plantas daninhas superiores
a 4 plantas m-2 e para a matéria seca das folhas, redução de 55,30%.
Dinardo et al. (2003), observaram que aos 110 dias e aos 190 dias de
convívio de eucalipto com capim-colonião, houve uma redução de 40,18% e
31,29%, respectivamente, da matéria seca do caule do eucalipto a partir de 4
plantas m-2.
Pereira et al. (2011), em estudo de eucalipto em convivência com capim-
braquiária por oito meses, encontrou reduções na massa seca total das plantas
de eucalipto em convivência com capim-braquiária, observou que quando em
convivência com 20 plantas m-2 a redução foi de 29% e com 160 plantas m-2 a
redução foi de 77%.
Na figura 4, as duas plantas daninhas, azevém e capim-colonião,
apresentaram crescimento exponencial da matéria seca da parte aérea com
tendência a se manter constante a partir de 20 plantas caixa-1. Essa tendência
pode ser justificada pela interação intraespecífica, na qual as plantas de uma
mesma espécie competem em um ambiente comum pelos recursos, como
espaço, luz, nutriente e água, diminuindo assim, o acúmulo de matéria seca.
Esse fato se deve a lei do mínimo, de Liebig, o qual o limite de crescimento das
culturas se limita pelo recurso que estiver em menor quantidade no solo, por
23
exemplo, um dado nutriente, mesmo que os outros estiverem em quantidades
adequadas (RAIJ, 1983).
O período em que foi conduzido o experimento, de janeiro a abril, possui
temperaturas altas (média de 24,53°C) e dias longos com alta luminosidade,
esses fatores contribuíram para um maior crescimento do capim-colonião que
apresenta como condições ideais para o seu desenvolvimento, temperaturas
entre 22°C e 35°C (RODRIGUES; RODRIGUES, 1987).
Diferentemente, o azevém tem preferência por temperaturas amenas,
tendo seu maior desenvolvimento em torno de 18°C a 20°C. Em temperaturas
acima dos 22°C, como ocorrido no período do experimento, a produção de sua
matéria seca diminui (FLORES, 2006), interferindo no seu desenvolvimento.
Outro fator que contribui para o maior desenvolvimento do capim-
colonião em relação ao azevém se deve ao fato de essas espécies botânicas
possuírem diferentes metabolismos de fixação de gás carbônico, sendo
classificadas como C4 e C3, respectivamente.
24
Figura 4. Massa seca da parte aérea das plantas daninhas em relação com o aumento da sua
densidade. As barras indicam o erro padrão da média.
Portanto, o fato desse maior desenvolvimento do capim-colonião explica
a maior redução da área foliar e da matéria seca das folhas e do caule nas
plantas de eucalipto em convivência com o capim-colonião, quando comparado
com os resultados do eucalipto em convivência com o azevém.
25
Figura 5. Correlação entre o acúmulo de massa seca na parte aérea de plantas de azevém
com o acúmulo de massa seca na parte aérea de plantas de eucalipto.
Correlacionando a massa seca acumulada na parte aérea pelas plantas
de azevém com a massa seca da parte aérea das plantas de eucalipto (Figura
5) obteve-se redução exponencial, na qual a massa seca total da parte aérea
do eucalipto estimada em 110,52 g vai ser reduzida exponencialmente a uma
velocidade de acúmulo de massa seca de azevém dividido por 8,68 até atingir
a massa mínima de 36,84 g. O mesmo pode ser observado para o capim-
colonião, em que a massa seca total da parte aérea do eucalipto (110,52 g)
será reduzida exponencialmente a uma velocidade de acúmulo de massa seca
de capim-colonião dividido por 81,93, até atingir a massa mínima de 5,86 g.
26
Figura 6. Correlação entre o acúmulo de massa seca na parte aérea de plantas de capim-
colonião com o acúmulo de massa seca na parte aérea de plantas de eucalipto.
Pelas figuras 5 e 6, observa-se a correlação entre o aumento da matéria
seca das plantas daninhas com diminuição da matéria seca do eucalipto, o
inverso também responde, isto é, quanto menor a matéria seca de plantas
daninhas, maior a matéria seca do eucalipto. Cantarelli et al. (2006) verificaram
a mesma resposta em seu experimento, em que foi analisado o efeito do
manejo de plantas daninhas em várzeas na Argentina no crescimento inicial de
Pinus taeda, e observou um acréscimo na altura de 48,2% e de 66,7% no
diâmetro quando houve manejo das plantas daninhas no primeiro ano, e
27
quando houve manejo das plantas daninhas no primeiro e no segundo ano,
esse acréscimo foi de 58,7% e 103,4%, na altura e no diâmetro
respectivamente. Também foi quantificada a massa seca das plantas daninhas,
que no primeiro ano a testemunha foi de 2180,3 kg ha-1 e no segundo 5409,2
kg ha-1. No tratamento que recebeu manejo apenas no primeiro ano, a massa
seca das plantas daninhas foi de 612,6 kg ha-1 no primeiro ano e 2739,0 kg ha-1
no segundo ano, e para o tratamento que recebeu manejo nos dois anos a
massa seca das plantas daninhas foram de 532,8 e 483,8, respectivamente.
28
5. CONCLUSÕES
Podemos concluir que tanto a espécie L. multiflorum quanto P. maximum
interferem negativamente no crescimento inicial das mudas de E. urophylla,
clone GG100 a partir da menor densidade de plantas daninhas utilizadas (13
plantas m-2).
Nas condições edafoclimáticas nas quais o experimento foi realizado,
podemos concluir que o P. maximum ocasionou maior redução na área foliar,
matéria seca das folhas e do caule do eucalipto, em relação ao L. multiflorum.
29
6. LITERATURA CITADA
ABRAF – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES DE FLORESTAS PLANTAS. Anuário estatístico da ABRAF: ano base 2012. 2013. Disponível em: <www.abraflor.org.br/estatisticas.asp>. Acesso em: 12 de janeiro de 2016. BRIGHENTI, A. M.; OLIVEIRA, M. F. Biologia de plantas daninhas. In: JUNIOR, R. S. O.; CONSTANTIN, J.; INOUE, M. H. Biologia e manejo de plantas daninhas. Curitiba: Omnipax, 2011. 348 p. CANTARELLI, E. B.; MACHADO, S. L. O.; COSTA, E. C.; PEZZUTTI, R. Efeito do manejo de plantas daninhas no desenvolvimento inicial de Pinus taeda em várzeas na argentina. Revista Árvore, Viçosa, v. 30, n. 5, p. 711-718, 2006.
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