View
221
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA EM
EDIFICAÇÕES: O CASO DOS PRÉDIOS
PÚBLICOS EXISTENTES
chrystyane gerth silveira abreu (CEFET)
chrysgerth@gmail.com
A construção civil é uma grande consumidora de recursos energéticos,
no intuito de verificar os principais conceitos relacionados ao tema, foi
feita uma análise bibliométrica a respeito de sustentabilidade na
construção civil e eficiência energética na construção civil. O setor
carece de normas que tornem compulsórios requisitos mínimos de
eficiência energética em edificações. O Procel Edifica surge como uma
etiqueta voluntária que demonstra o nível de eficiência energética da
edificação. O presente trabalho demonstra quais são os critérios
mínimos que devem ser contemplados para que uma edificação se
enquadre como energeticamente eficiente de acordo com os requisitos
técnicos de qualidade para o nível de eficiência energética de edifícios
comerciais, de serviços e públicos, RTQ-C. A etiqueta mostra o quão
eficiente é a edificação, variando de A a E, sendo a A a mais eficiente e
a E a menos eficiente. A fim de confrontar os dados teóricos com os
práticos, foi feito um estudo de caso em um prédio público existente.
Nesse contexto, propostas foram elaboradas para serem adequadas
aos requisitos mínimos exigidos pelo RTQ-C. Dos três sistemas
avaliados pelo Procel Edifica, apenas um deles, a envoltória, possui
análise obrigatória, mesmo quando o desejado é a obtenção da
etiqueta parcial. Assim, conclui-se que, como as edificações variam
caso a caso, a estratégia a ser adotada para obtenção da etiqueta do
Procel Edifica também varia de acordo com as condições do prédio
existente.
Palavras-chave: Sustentabilidade na construção civil. Eficiência
energética na construção civil. Procel Edifica. Edificações
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
2
1. Introdução
A construção civil é um setor que gera diversas externalidades ao meio ambiente, apesar de
sua grande relevância no que tange aos aspectos sociais e econômicos. Segundo Omer (2007),
globalmente as edificações são responsáveis por 40% da energia mundial anual consumida.
Perez, Ortiz e Pout (2008) afirmam que o crescente uso de energia motiva preocupações sobre
dificuldades de abastecimento e o esgotamento dos recursos energéticos, além dos impactos
ambientais causados, tais como a destruição da camada de ozônio, o aquecimento global, as
alterações climáticas, dentre outros. Eles afirmam ainda que a contribuição dos edifícios para
o consumo de energia, residencial e comercial, atinge valores entre 20% e 40% nos países
desenvolvidos, e superam setores que são tradicionais demandantes de energia: indústrias e
transporte.
O crescimento da população pode ser considerado como a origem no aumento da procura por
serviços de construção e de níveis superiores de conforto. No intuito de minimizar a demanda
por energia elétrica verifica-se que a utilização de tecnologias energicamente eficientes se
fazem necessárias.
A certificação de edifícios que contemplem a eficiência energética surge como uma
importante ferramenta para contribuir com a otimização da utilização dos recursos naturais.
Uma ferramenta utilizada no Brasil, no intuito de demonstrar o nível de eficiência energética
em que a edificação se encontra, é o “Procel Edifica”. Este representa o dispêndio energético
da edificação através de um selo. Assim, os usuários e/ou as partes interessadas deste edifício
têm conhecimento do quanto de energia o mesmo consome.
O presente artigo tem como objetivo avaliar uma edificação pública construída no intuito de
verificar em que classificação do Procel Edifica a mesma se enquadra. E, posteriormente,
sugerir melhorias a serem implementadas afim de melhorar a eficiência energética da mesma
de modo a alcançar o nível mais eficiente do Procel Edifica. Vale ressaltar que o
desenvolvimento do trabalho tem como objetivo intermediário enfatizar a relevância do
Estado em prol do fomento de práticas sustentáveis.
O presente artigo se divide na seguinte forma, a seção 1 apresenta a introdução,
contextualizando o estudo no que diz respeito à temática estudada. A seção 2 apresenta uma
revisão da literatura com relação aos principais tópicos necessários para o entendimento do
trabalho. Na seção 3 a metodologia aplicada é exposta e os principais conceitos ligados a ela.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
3
A seção 4 apresenta os resultados obtidos através da aplicação da metodologia exposta no
tópico anterior. Por último, a seção 5 aborda as principais conclusões encontradas pelo estudo.
2. Revisão da literatura
2.1. Sustentabilidade na construção civil
O setor da construção civil contribui atualmente, segundo Bribián et. al. (2008), com uma
parcela significativa da degradação ambiental proveniente da atividade humana. Enquanto os
edifícios têm um grande impacto positivo econômico na sociedade, eles também são
responsáveis por uma parte importante do consumo de materiais e energia, além da geração de
emissões ambientais, tanto em nível nacional quanto global, conforme observa Singh et. al.
(2011).
Para aplicar o conceito de sustentabilidade no setor da construção são necessários métodos de
medição quantificáveis. Métodos para a avaliação do desempenho ambiental dos edifícios têm
sido desenvolvidos desde o início da década de 90, segundo Passer et. al. (2012).
Arslan (2007) afirma que a construção sustentável se esforça para minimizar o consumo de
energia e de recursos durante todas as fases do ciclo de vida dos edifícios, ou seja, desde seu
planejamento a sua construção passando pela sua utilização, renovação e à sua eventual
demolição. Também visa minimizar possíveis danos ao meio ambiente.
Isto pode ser atingido por aplicação dos seguintes princípios durante todo o processo de
construção:
Redução da procura de energia e do consumo de materiais operacionais;
Utilização de produtos de construção reutilizáveis ou recicláveis e materiais que visem
estender o tempo de vida dos produtos e dos edifícios;
Garantia de logística reversa dos materiais utilizados;
Proteção integral de áreas naturais e utilização de todas as possibilidades de economia
de espaço da construção.
2.2. Eficiência energética na construção civil
Segundo Omer (2007), a eficiência energética é relacionada com o fornecimento das
condições ambientais desejadas ao mesmo tempo em que se consome a quantidade mínima de
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
4
energia. Esta é a forma mais eficaz de reduzir as emissões de dióxido de carbono e trazer
melhorias para famílias e empresas.
As medidas convencionais que podem ser empregadas para melhorar o desempenho
energético dos edifícios podem ser classificados em aquelas que estão imediatamente
relacionadas com a envoltória do edifício, por exemplo, os elementos de construção, e aqueles
que se relacionam com a operação dos sistemas de energia usada para aquecimento,
arrefecimento, ventilação, abastecimento de água quente, etc. (KOLOKOTSA et. al., 2009).
A energia necessária para a operação poderia ser significativamente reduzida com a adoção de
uma solução técnica, como melhorar o isolamento térmico da envoltória do edifício ou a
introdução de tecnologia eficiente. Além disso, a energia incorporada pode ser reduzida por
uma remodelação adequada, através da reciclagem e da reutilização de materiais e
componentes. Para tal, é necessário estudar o impacto ambiental dos edifícios, de modo a
evitar problemas de deslocamento a partir de uma parte do ciclo de vida para outra ou de uma
área geográfica para a outra. (ARDENTE et. al., 2011)
Um aspecto crítico tanto no projeto, como também na fase operacional de um edifício, quando
são necessárias ações de renovação ou reabilitação é a avaliação e ajuste das medidas
alternativas com base em um conjunto de critérios, tais como consumo de energia,
desempenho ambiental, custo de investimento, custo operacional, qualidade do ambiente
interior, segurança, fatores sociais, entre outros como citam Kolokotsa et. al. (2009).
Dakwale et. al. (2011) dizem que para se alcançar a eficiência energética é necessário: criar
consciência sobre o consumo de energia através de treinamento e educação; formular padrões
de consumo de energia; adotar uma abordagem integrada ao selecionar melhor opção para a
geração de energia em termos de custo e impacto ambiental; utilizar fontes renováveis de
geração de energia; modernizar a tecnologia relacionada com a geração de energia não
convencional; cancelar os subsídios à tecnologia obsoleta e subsidiar a tecnologia moderna.
De acordo com o World Energy Council (2004), a rotulagem e seus critérios mínimos de
eficiência energética são as opções de alto desempenho para a obtenção de melhorias rápidas.
As empresas de construção e os proprietários de edifícios devem visualizar a possibilidade da
obtenção de vantagens comparativas oferecidas por um edifício que seja etiquetado com o
nível máximo de eficiência energética. Isso pode ser representado no processo de vendas,
destacando a redução no consumo de energia refletido nas faturas de eletricidade mensais, nas
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
5
atividades relacionadas com o calor de conforto e nas de marketing. Destacando-os como
edifícios verdes, a fim de agregar valor a estes produtos. “Esta abordagem resultaria em
benefícios financeiros para o construtor, o proprietário e o usuário do edifício.” (BATISTA et.
al., 2011).
2.3. O Procel edifica
Segundo Mendes et. al. (2005) os choques de petróleo ocorridos em 1973/74 e em 1979/81
exarcebaram a preocupação com a escassez dos recursos energéticos. Fato esse que fez
emergir a eficiência energética, desenvolvendo medidas que priorizassem a conservação dessa
fonte e a utilizassem de maneira mais eficiente. Desde 1985, o Brasil conta com programas de
eficiência energética reconhecidos internacionalmente.
Carlo e Lamberts (2010) explicam o Programa Brasileiro de Etiquetagem , PBE, que é
coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia, INMETRO. Ele
tem a função de contribuir para a racionalização do uso da energia no Brasil através da
prestação de informações sobre o eficiência energética dos equipamentos disponíveis no
mercado nacional.
Uma edificação que deseja obter a etiqueta do procel edifica deve tomar uma série de medidas
que visem alcançar níveis maiores de eficiência energética. A etiqueta pode ser obtida desde
seu nível A, o mais eficiente, até o seu nível E, o menos eficiente, conforme tabela 1, abaixo:
Tabela 1- Pontuação exigida para cada nível de classificação
ANEXO DA PORTARIA INMETRO n° 372 / 2010
17
Tabela 2.3: Classificação Geral
PT Classificação Final
≥4,5 a 5 A
≥3,5 a <4,5 B
≥2,5 a <3,5 C
≥1,5 a <2,5 D
<1,5 E
2.3. Pré-requisitos Gerais
Além dos requisitos descritos nos itens 3 a 5, para o edifício ser elegível à etiquetagem,
deve cumprir os seguintes requisitos mínimos:
2.3.1. Circuitos elétr icos
2.3.1.1 Níveis A e B
Possuir circuito elétrico com possibilidade de medição centralizada por uso final:
iluminação, sistema de condicionamento de ar, e outros; ou possuir instalado
equipamento que possibilite tal medição.
· Exceções:
o hotéis, desde que possuam desligamento automático para os quartos;
o edificações com múltiplas unidades autônomas de consumo;
o edificações cuja data de construção seja anterior a junho de 2009.
2.3.2. Aquecimento de água
Edificações com elevada demanda de água quente como academias, clubes, hospitais,
restaurantes, edifícios destinados à hospedagem ou edifícios em que a parcela de água
Fonte: Inmetro, 2010
Ressalta-se que o nível de eficiência global de uma edificação é dividido em três sistemas:
iluminação, condicionamento de ar e envoltória. Sendo que eles têm pesos diferentes no
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
6
cálculo final de eficiência, o primeiro e o último possuem um peso de 30%, enquanto o
segundo possui um peso maior que os demais, de 40%.
Segue abaixo uma tabela com os requisitos mínimos a serem atendidos no intuito do edifício
eleger a etiqueta de eficiência energética em seu nível A.
Quadro 1 - Requisitos mínimos para atendimento do Procel Edifica, nível A
Sistemas Medidas
Pré-requisitos gerais
Circuitos elétricos
edição centralizada para iluminação
edição centrali ada para sistemas de
refrigeração
edição centrali ada para outros
Aquecimento de água
Sistema de aquecimento solar
Aquecedores a gás do tipo instant neo
Sistemas de aquecimento de água por bombas
de calor
Caldeiras a gás
Isolamento de tubulaç es
Elevadores
Acionamento com inversor de frequência
Acionamento micro processado com inversor
de frequência e frenagem regenerativa, e
máquinas sem engrenagem (ap s T
Bonificações
Sistemas e equipamentos que racionali em
o uso da água
Torneiras com arejadores e/ou temporizadores
Sanitários com sensores
Aproveitamento de água pluvial e de outras
fontes alternativas de água
Sistemas ou fontes renováveis de energia Aquecimento solar de água
Energia e lica ou painéis fotovoltaicos
Sistemas de cogeração e inovaç es técnicas
ou de sistemas Iluminação natural
Pré-requisitos específicos
Envoltória
Transmit ncia térmica
Respeitar os limites de acordo com a zona
bioclimática
Cores e absort ncia de superfícies
Utili ação de materiais de revestimento externo
de paredes com absort ncia solar baixa
Utili ação de cor de absort ncia solar baixa em
coberturas
Iluminação enital
Atender ao fator solar máximo do vidro
Sistema de abertura para os respectivos
percentuais de aberturas zenitais
Sistema de iluminação
Divisão dos circuitos Possuir pelo menos um dispositivo de controle
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
7
manual
Contribuição da lu natural
Propiciar o aproveitamento da luz natural
disponível
Desligamento automático do sistema de
iluminação
Em um horário pré- determinado
Possuir sensor de presença
Possuir um sinal de um outro controle ou
sistema de alarme que indique que a área está
desocupada
Sistema de condicionamento de ar
Proteção das unidades condensadoras
Estar sombreadas permanentemente e com
ventilação adequada
Isolamento térmico para dutos de ar
Apresentarem as espessuras mínimas para
isolamento de tubulaç es para sistemas de
aquecimento e refrigeração
Condicionamento de ar por aquecimento
artificial
Atender aos indicadores mínimos de eficiência
energética Fonte: Inmetro, 2010
Uma observação feita aqui é que o edifício pode obter uma etiqueta parcial de apenas um
desses sistemas, sendo a envoltória obrigatória em quaisquer que seja o escopo da
etiquetagem do edifício. Isto é, se o desejo for etiquetar parcialmente uma edificação, a
envoltória deverá sempre fazer parte dessa análise.
Além disso, o nível de eficiência energética estabelecido para a envoltória do edifício deve
contemplá-lo totalmente. Porém, nos casos dos sistemas de iluminação e condicionamento de
ar, o nível de eficiência energética pode ser adotado para uma sala, um conjunto de salas, um
piso ou parte de um edifício.
3. Método de pesquisa
Do ponto de vista de sua natureza, a pesquisa apresentada neste artigo é caracterizada como
qualitativa e exploratória, pois é baseada na análise da qualidade das informações disponíveis
ao público, através da internet e na relação lógica estabelecida entre elas. Para tal, foram
utilizadas as bibliotecas digitais disponíveis, dentre elas, a ferramenta de busca da internet
intitulada como Google Acadêmico. Além disso, foi feita uma busca de artigos científicos
através do Portal CAPES, tendo sido o Scopus a base de dados mais utilizada, porém, também
foram pesquisados o ISI e o SciELO. Vale informar que as áreas selecionadas para a busca
dos artigos foram: sustentabilidade na construção civil, eficiência energética em edificações e
selos de eficiência energética, nesta ordem. No intuito de escolher os periódicos de interesse
em que os artigos foram publicados foi consultada a lista disponível na base QUALIS, no
endereço http://qualis.capes.gov.br/webqualis. Para o alcance dos resultados foi adotado o
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
8
desenvolvimento da pesquisa em cinco etapas de um processo cíclico e dinâmico, de acordo
com FARIAS FILHO (2009): estruturação da pesquisa, coleta de artigos, refinamento da
amostra, tabulação e análise de dados, resultados e conclusões.
Utilizaram-se dos seguintes critérios para a revisão da literatura: (1) realizar busca sistemática
na literatura sobre o tema, (2) observar as evidências científicas disponíveis, (3) considerar
desenho da pesquisa, (4) observar a consistência das medidas e a validade dos resultados dos
trabalhos levantados, (5) explorar outros frameworks de diretrizes de eficiência energética, (6)
considerar se a diretriz deve ou não ser utilizada de maneira absoluta e isolada ou se seu
caráter será informativo e sugestivo (HABBOUR; MILLER, 2001), e (7) alinhamento à
revisão da literatura.
O resultado da pesquisa de campo consiste na comparação entre os requisitos exigidos para
enquadrar uma edificação no nível mais alto de eficiência energética , Selo Procel/ Brasil , e o
estágio atual de prédios públicos existentes.
O estudo de caso foi realizado em um prédio público existente na cidade de Niterói,
resultando em algumas propostas para alinhar as características de eficiência energética às da
edificação. A escolha do edifício se deu mediante a representatividade que o mesmo tem para
a sociedade, tendo em vista que, por ser um prédio público com a finalidade de prestar
serviços jurídicos aos cidadãos da cidade fluminense, situado no centro de Niterói, tem um
fluxo diário muito grande de de pessoas transitando nele.
Por se tratar de uma edificação, considera-se que o estudo tem uma contribuição relevante
para a sociedade já que as contruções variam caso a caso. Segundo Yin (2003), o estudo de
caso único se torna apropriado quando o caso é extremo ou único.
4. Resultados e discussões
Os agentes governamentais podem, através de instrumentos de política pública ambiental,
criar mecanismos que estimulem a sustentabilidade econômica, social e ambiental.
O setor público tem importante papel no que diz respeito ao consumo energético do país, por
isso ao buscar eficiência energética em suas edificações ele está induzindo um novo
comportamento da sociedade, além de demonstrar sua preocupação com questões ligadas a
sustentabilidade. Dessa forma, o mesmo consegue alinhar o discurso a prática, mostrando-se
coerente em suas atitudes.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
9
Assim, ao se etiquetar um prédio público com o selo do Procel Edifica, o governo fomenta
práticas sustentáveis na sociedade contribuindo com o meio ambiente no sentido de otimizar a
utilização dos recursos naturais que passam por um processo de conversão e se transformam
em energia elétrica.
Alguns requisitos devem fazer parte da edificação para que a mesma obtenha o selo de
eficiência energética. Então, o problema abordado nesse estudo de caso trata de possíveis
medidas a serem adotadas para que esses requisitos sejam atendidos. Resultando em um
quadro a fim de verificar se a edificação analisada possui os requisitos mínimos exigidos pelo
RTQ-C para obter a etiqueta do Procel Edifica em seu nível A, em especial os três principais
sistemas: envoltória, sistema de condicionamento de ar e sistema de iluminação. Segue abaixo
o quadro desenvolvido:
Quadro 2 – Diagnóstico do prédio analisado
Requisitos Atende
EN
VO
LT
ÓR
IA
Índice de consumo da envoltória Sim Não N/A
Atende para os valores mínimos de nível A (desconsiderando
AVS, AHS e FS) X
Absortância
Cores e absort ncia de paredes , X
Cores e absort ncia de cobertura ,
X
Iluminação zenital
Iluminação enital X
SIS
TE
MA
DE
CO
ND
ICIO
NA
ME
NT
O D
E A
R
As unidades condensadoras de aparelhos Splits ou condicionadores
de ar do tipo janela estão protegidas do sol
X
O Isolamento térmico dos dutos estão de acordo com o
especificado nas tabelas 5.1 e 5.2 do manual RTQ-C? X
Sistema de aquecimento artificial atende aos requisitos mínimos de
eficiência conforme manual T -C?
X
quido
Condicionadores de ar atendem aos requisitos mínimos de
eficiência da tabela . do manual T -C? X
s esfriadores de líquidos atendem aos requisitos mínimos de
eficiência da tabela . do manual T -C? X
Os Condensadores ou Torres atendem aos requisitos mínimos de
eficiência da tabela . do manual T -C?
X
Existe cálculo de carga térmica do sistema X
Controle de temperatura
Existe controle de temperatura por ona térmica X
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
10
Para sistemas de aquecimento esfriamento simult neo, exite
faixa de temperatura de controle? X
Equipamentos possuem controle de aquecimento suplementar? X
Existe controles para que não ocorra aquecimento e resfriamento
simult neo X
Automatização
sistema de condicionamento possui controle para desligamento
automático X
Zonas térmicas
Existem dispositivos de isolamento das diferentes onas térmicas X
Sistemas hidráulicos
O sistema de condicionamento de ar po
sistema de bombeamento possui controle para variação de
va ão ( Válvulas com inversores de frequência X
A central de água gelada é capa de redu ir a sua va ão quando um
ou mais esfriador de líquido for desligado X
SIS
TE
MA
DE
IL
UM
INA
ÇÃ
O
Divisão de circuitos
250m2
Possui pelo menos um dispositivo de controle manual, de fácil
acesso ao usuário dentro do ambiente, para acionamento
independente da iluminação interna do ambiente
X
Possui um dispositivo de controle manual a cada 250m2 para o
acionamento independente da iluminação interna do ambiente
Cada controle está de fácil acesso ao usuário e há indicação visual
de qual a área de escrit rio atendida pelo controle
X
acima de 1000m2
Possui um dispositivo de controle manual a cada m para o
acionamento independente da iluminação interna do ambiente
Cada controle está de fácil acesso ao usuário e há indicação visual
de qual a área de escrit rio atendida pelo controle?
X
Contribuição da luz natural
Possui pelo menos um dispositivo de controle manual (ou
automação, por exemplo, fotocélula para o acionamento
independente desta fileira de luminárias
X
Desligamento automático
Possui automação para desligamento da iluminação por
programação de horários ou sensores de presença X
Determinação da eficiência
A lumin ncia da área de escrit rio possui em média lux X
A densidade de potência instalada está abaixo do limite de , X
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
11
w/m2?
No quesito envoltória, nota-se que o nível de eficiência energética que o edifício se encontra é
o C. Isso se dá por causa da cor escura que foi dada à cobertura, fato esse que aumentou o
índice de absortância da mesma, ocasionando em um maior gasto de energia para conforto
térmico dos usuários.
O sistema de condicionamento de ar teve seu nível de eficiência energética enquadrado no
nível E, já que os equipamentos utilizados não atendem aos requisitos mínimos de eficiência
indicados pelo RTQ-C, não existe cálculo de carga térmica do sistema, não há controle de
temperatura por zona térmica e dispositivos de isolamento das diferentes zonas térmicas não
foram contemplados.
O sistema de iluminação obteve classificação nível C, por não possuir pelo menos um
dispositivo de controle manual (ou automação, por exemplo, fotocélula para o acionamento
independente da fileira de luminárias pr xima a janela que possui iluminação natural. Além
disso, por não ter automação para desligamento da iluminação por programação de horários
ou sensores de presença, a lumin ncia da área de escrit rio possuir em média mais do que
lux e a densidade de potencia instalada ser alta.
De acordo com o resultado obtido pelo confronto entre as exigências mínimas para obtenção
da referida etiqueta e as características da edificação analisada, verifica-se que a ponderação
feita pelas características dos sistemas mostram que o nível de eficiência geral do edifício se
enquadra no nível E. Isso porque o sistema que obteve menor nível de eficiência foi o de
condicionamento de ar, sistema esse que possui maior peso no cálculo de eficiência global.
5. Considerações finais
O artigo apresenta medidas a serem tomadas para que edificações sejam consideradas
energeticamente eficientes, tendo sido obtidas através da revisão da literatura. Posteriormente,
foi realizado um estudo de caso para verificar na prática o que deveria ser modificado em
determinada construção e quais são os empecilhos encontrados para tal. Além disso,
procurou-se expor a importância da adoção de tais ações para a sociedade como um todo, em
especial para o setor governamental, e possíveis atitudes a serem tomadas para fomentar essa
prática.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
12
Com relação ao edifício analisado, a proposta inicial é adequar os sistemas de iluminação e a
envoltória aos requisitos exigidos pelo Procel Edifica, já que as medidas a serem realizadas
são consideradas relativamente simples. Posteriormente, em razão do dispêndio de tempo e de
recursos das medidas a serem implementadas, é recomendada a adequação do sistema de
condicionamento de ar.
Nota-se que, apesar de ser uma edificação relativamente nova, a mesma possui vários critérios
a serem adequados para se tornar energeticamente mais eficiente. Isso porque no Brasil a
obtenção da etiqueta que comprova a eficiência energética de uma edificação ainda é
voluntária e surgiu há pouco tempo. Então, o número de prédios que a possuem é pequeno se
comparado ao total de edificações do país.
Porém, esse cenário tende a mudar desde que o governo crie regulamentos que tornem
compulsória a etiquetagem de edifícios em termos de eficiência energética. Ou mesmo,
através da conscientização da população a respeito dos benefícios que um edifício eficiente
traz, não só ao consumidor final, como também à sociedade, e passar a exigir a etiqueta em
suas aquisições e nos prédios públicos, disseminando o uso da mesma.
REFERÊNCIAS
ARDENTE, F.; BECCALI, M.; CELLURA, M.; MISTRETTA, M.; Energy and environmental benefits in public
buildings as a result of retrofit actions. Journal of Renewable and Sustainable Energy Reviews. Volume 15, pag.
460 - 470, 2011.
ARSLAN, H.; Re-design, re-use and recycle of temporary houses. Journal of building and environment. Volume
42, pag. 400 - 406, 2007.
BATISTA, N.; LAROVERE, E.; AGUIAR, J.; Energy efficiency labeling of buildings: An assessment of the
Brazilian case. Journal of Energy and Buildings. Volume 43, pag. 1179 - 1188, 2011.
BRIBIÁN, I. Z.; USÓN, A. A.; SCARPELLINI, S.; Life cycle assessment in buildings: State-of-the-art and
simplified LCA methodology as a complement for building certification. Journal of building and environment.
Volume 44, pag. 2510 – 2520, 2009.
CARLO, J.; LAMBERTS, R.; Parâmetros e métodos adotados no regulamento de etiquetagem da eficiência
energética de edifícios – parte 2: método de simulação. Ambiente Construído, Porto Alegre. Volume 10, n. 2,
pag. 27 - 40, 2010.
DAKWALE, V.; RALEGAONKAR, R.; MANDAVGANE, S.; Improving environmental performance of
building through increased energy efficiency: A review. Journal of Sustainable Cities and Society. Volume 01,
pag. 211 - 218, 2011.
FARIAS FILHO, J. R.; Ensaio teórico sobre pesquisa bibliográfica em estratégia de operações. Apostila da
disciplina de gestão de operações – Programa de pós-graduação em engenharia de produção. Niterói, RJ, 2009.
HARBOUR, R.; MILLER, J.; A new system for grading recommendations in evidence based guidelines. BMJ:
British Medical Journal 323.7308 (2001): 334.
XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção
Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.
13
INMETRO, 2010; Requisitos técnicos da qualidade para o nível de eficiência energética de edifícios comerciais,
de serviços e públicos. Disponível em: <www.inmetro.gov.br> Acesso em 05/01/2015.
KOLOKOTSA, D.; DIAKAKI, C.; GRIGOROUDIS, E.; STAVRAKAKIS, G.; KALAITZAKIS, K.; Decision
support methodologies on the energy efficiency and energy management in buildings. Journal of Advances in
Building Energy Research. Volume 03, pag. 121 - 146, 2009.
MENDES, N.; WESTPHAL, F.; LAMBERTS, R.; CUNHA NETO, J.; Uso de instrumentos computacionais
para análise do desempenho térmico e energético de edificações no Brasil. Ambiente Construído, Porto Alegre.
Volume 5, n. 4, pag. 47 – 68, 2005.
OMER, A.; Energy, environment and sustainable development. Journal of Renewable and Sustainable Energy
Reviews. Volume 12, pag. 2265 - 2300, 2007.
PASSER, A.; KREINER, H.; MAYDL, P.; Assessment of the environmental performance of buildings: A
critical evaluation of the influence of technical building equipment on residential buildings. International Journal
of Life Cycle Assessment. Volume 17, pag. 1116 - 1130, 2012
PÉREZ-LOMBARDA, L.; ORTIZ, J.; POUT, C.; A review on buildings energy consumption information.
Journal of Energy and Buildings. Volume 40, pag. 394 - 398, 2008.
WORLD ENERGY COUNCIL, Energy Efficiency: A Worldwide eview – Indicators, Policies, Evaluation,
Agence de l Environnement et de la a trise de l Energie, . Disponível em:
<http://www.worldenergy.org/documents/eepi04.pdf> Acessado em: 23/12/2014.
YIN, R.; Estudo de Caso Planejamento e métodos. Editora Bookman, São Paulo, SP, 2003.
Recommended