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FACULDADE EVANGÉLICA DO PARANÁ
SOCIEDADE EVANGÉLICA BENEFICENTE DE CURITIBA
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EVANGÉLICO
INSTITUTO DE PESQUISAS MÉDICAS
CÍCERO EVANDRO SOARES SILVA
EFEITO DE Carapa guianensis Aublet (ANDIROBA) E Orbignya phalerata
(BABAÇU) NA CICATRIZAÇÃO DE COLORRAFIAS EM RATOS
CURITIBA
2014
2
CÍCERO EVANDRO SOARES SILVA
EFEITO DE Carapa guianensis Aublet (ANDIROBA) E Orbignya phalerata
(BABAÇU) NA CICATRIZAÇÃO DE COLORRAFIAS EM RATOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Princípios da Cirurgia da Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR)/Hospital Universitário Evangélico de Curitiba (HUEC) Instituto de Pesquisas Médicas (IPEM), como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Princípios da Cirurgia.
Orientador: Prof. Dr. Jurandir Marcondes Ribas Filho Co-orientador: Prof. Dr. Orlando José dos Santos
CURITIBA
2014
4
Dedico este trabalho aos meus pais, Izaías Soares Silva que no
campo no meio de babaçuais e andirobais em um dia muita chuva,
observando as dificuldades que teria para dar sustento à sua família,
teve naquele momento uma visão de futuro, e aliado à coragem de
uma mudança radical para a cidade assim formando 5 filhos e Josefa
Rolim Silva, companheira fiel desta caminhada com seu amor
incondicional.
A minha esposa Camila Sousa Mendes, e meus filhos Marcella D.
Soares Rolim, Davi Kapplan Mendes Soares e Nicolas Kapplan
Mendes Soares que são a minha família e tudo que conquisto são
para eles e por eles.
Aos meus irmãos Francisco Soares Silva, Antônio Evalto Soares
Silva, José Evandro Soares Silva e Maria Evelúcia soares Silva (in
6
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Jurandir Marcondes Ribas Filho, orientador desta tese, pela
amizade competência, paciência e condução deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Osvaldo Malafaia, ícone da pesquisa científica, incentivador e
coordenador desta pós graduação
Ao Prof. Dr. Nicolau Gregori Czeczko, pelo profissionalismo e orientações
para confecção deste estudo
Ao Prof. Dr. Orlando Jorge Martins Torres, Impar na condução de Trabalhos
científicos em nosso meio acadêmico
Ao Prof. Dr. Orlando José dos Santos, ilimitado na arte de ajudar e
impressionantemente à disposição com sua humildade e conhecimento profundo
dos elementos principais desta tese.
Ao patologista Prof. Dr. George Castro Figueira de Mello, pela valiosa
colaboração na realização dos estudos histológicos e incentivo para realização desta
pesquisa.
Ao Prof. Dr. Silvio Gomes Monteiro, pelos ensinamentos e realização das
análises estatísticas.
Aos componentes da Liga Acadêmica de Cirurgia Experimental da UFMA
(LACEMA, Natália Barbosa da Silva Lopes, Andressa Benvindo Rosal da Fonseca
Neto, Daniel Monte Freire Camelo, Francisco Guilherme de Castro Marques, Jéssica
Caroline Freire Carvalho, Luiz Eduardo Alves Simões, Luiz Gonzaga Pereira Junior,
Mairla Souza Cavalcante, e Victor Lima Sousa, contribuíram decisivamente na fase
experimental desta pesquisa.
A todos os companheiros da pós-graduação, Antônio Machado Alencar
Junior, Christian Lamar Scheibe, Cibelle Ribeiro Magalhães, Cícero Evandro Soares
Silva, Elizabeth Teixeira Nogueira Servin, Giuliano Peixoto Campelo, Joenvilly
Cardinele Rego Oliveira Azevedo, José Aldemir Teixeira Nunes Junior, José
Aparecido Valadão, José Raimundo Araújo de Azevedo, Keila Regina Matos
Cantanhede, Klayton Henrique Morais Ribeiro, Lyvia Maria Rodrigues de Sousa
Gomes, Maria Madalena Macedo Pires Ferreira, Ozimo Pereira Gama Filho,
Periguari Luís Holanda de Lucena, Rosilda Mendes da Silva, Sebastião Vieira de
7
Moraes, Tamara Rúbia Cavalcante Guimarães Coutinho, Widlani Sousa Montenegro
pela alegria e companheirismo desta caminhada
Hospital São Domingos, na pessoa de seus diretores Dr. Hélio Mendes
Silva, Maria Antônia Andrade Silva e Dra. Gláucia Andrade Palácio Mendes Silva
pelo apoio incondicional para realização desta pós-graduação.
Ao Hospital Universitário Evangélico de Curitiba e ao Instituo de Pesquisas
Médicas do Paraná, pela oportunidade de realizar esta pós-graduação.
A CAPES, pelo apoio a este estudo.
8
“Todo efeito tem uma causa. Todo efeito
inteligente tem uma causa inteligente. O
poder da causa inteligente está na razão
da grandeza do efeito”
Allan Kardec
9
RESUMO
Introdução: A cicatrização é um evento fisiológico complexo que visa restabelecer a
integridade morfológica e funcional da qualquer tecido ou órgão lesado. O uso dos
fitoterápicos na cicatrização de feridas tem sido estimulado pela necessidade de
encontrar novas substâncias que desempenhem efetivo papel na reparação
cirúrgica, destacando-se a Orbignya phalerata (Babaçu) e a Carapa guianensis
Aublet (Andiroba). Objetivo: Avaliar o efeito cicatrizante do extrato aquoso do
babaçu e do óleo de andiroba em feridas abertas no ceco de ratos. Método: 54
ratos Wistar, foram divididos em 3 grupos de 18 animais: o grupo babaçu, que
recebeu aplicação do extrato aquoso de babaçu; o grupo andiroba, que recebeu
aplicação do óleo; e o grupo controle, que recebeu aplicação de solução salina,
todos por gavagem. Cada grupo foi dividido em 3 subgrupos de 6 animais conforme
o período de observação, aos 7, 14 ou 21 dias. De cada animal foi retirado
fragmento do ceco com 1.5 cm² de diâmetro. As áreas das lesões foram analisadas
por macroscopia e os segmentos ressecados das feridas, por microscopia ótica em
colorações de hematoxilina-eosina e tricomio de Masson Os resultados foram
analisados pelo programa estatístico IBM SPSS Statistics®20.0
Resultados: Foi verificada a abscesso e infecção em dois animais do grupo
andiroba, e um com hematoma. Quanto ao grau de aderências, o grupo babaçu teve
maior incidência de aderências grau II, enquanto que no grupo controle e andiroba
predominaram aderências grau I. Na análise microscópica, no 7º dia a proliferação
fibroblástica foi maior no grupo andiroba e menor no grupo babaçu (p=0,028). No 14º
dia os polimorfonucleares foram menos acentuados no grupo babaçu (p=0,007).
Quanto ao teste de resistência à insuflação de ar atmosférico observou-se que o
grupo andiroba em qualquer dos dias avaliados apresentou maior tensão. Quanto à
colagenização, no 7º dia ela esteve presente em 100% dos animais do grupo
andiroba. No 14º dia foi mais acentuada no grupo controle e no 21º dia resultados
semelhantes para o grupo controle e andiroba. Conclusão:
Palavras-chave: Ratos, Cecorrafias, Orbignya phalerata, Carapa guianensis Aublet, Cicatrização, Teste de Insuflação de Ar Atmosférico
11
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1A - EPICARPO
FIGURA 1B - MESOCARPO
FIGURA 1C - AMÊNDOA
FIGURA 2A - ÓLEO DE ANDIROBA
FIGURA 2B - SEMENTES DE ANDIROBA
FIGURA 3 - ESQUEMA DE DISTRIBUIÇÃO GRUPOS E SUBGRUPOS
FIGURA 4 - APLICAÇÃO DE ANESTÉSICO
FIGURA 5 - VISUALIZAÇÃO DO CECO
FIGURA 6 (A,B) - TESTE DE RESISTÊNCIA À INSUFLAÇÃO DE AR
ATMOSFÉRICO
FIGURA 7 - ADERÊNCIA ENTRE ÓRGÃO E PAREDE (NAIR I)
FIGURA 8 - ANÁLISE DO PROCESSO ADERENCIAL EM EXEMPLAR
PERTECENTE AO GRUPO II
FIGURA 9 - MASSA DE ADERÊNCIA GENERALIZADA (NAIR III)
FIGURA 10 - FOTOMICROGRAFIA DE CONGESTÃO.
MONONUCLEAR E ANGIOGÊNESE
FIGURA 11 - FOTOMICROGRAFIA PROLIFERAÇÃO FIBROBLÁSTICA
FIGURA 12 - FOTOMICROGRAFIA ANGIOGÊNESE 14º DIA
FIGURA 13 - FOTOMICROGRAFIA ANGIOGÊNESE 21º DIA
FIGURA 14 - FOTOMICROGRAFIA COLAGENIZAÇÃO LEVE
FIGURA 15 - FOTOMICROGRAFIA COLAGENIZAÇÃO MODERADA
FIGURA 16 - FOTOMICROGRAFIA COLAGENIZAÇÃO IMPORTANTE
12
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - AVALIAÇÃO INTERGRUPOS DO GRAU ADERÊNCIAS
CONFORME O ESCORE DE NAIR
TABELA 2 - ANÁLISE DA PRESENÇA DAS VARIÁVEIS ENTRE OS
GRUPOS NO 7º DIA (INTERGRUPOS)
TABELA 3 - ANÁLISE DA PRESENÇA DAS VARIÁVEIS ENTRE OS
GRUPOS NO 14º DIA (INTERGRUPOS)
TABELA 4 - ANÁLISE DA PRESENÇA DAS VARIÁVEIS ENTRE OS
GRUPOS NO 21º DIA (INTERGRUPOS)
TABELA 5 - AVALIAÇÃO INTERGRUPOS DAS VARIÁVEIS
HISTOLÓGICAS NO 7º, 14 º E 21º DE PÓS-
OPERATÓRIO
TABELA 6 - AVALIAÇÃO INTRAGRUPOS DAS VARIÁVEIS
HISTOLÓGICAS NO 7º
TABELA 7 - AVALIAÇÃO INTRAGRUPOS DAS VARIÁVEIS
HISTOLÓGICAS NO 14º
TABELA 8 - AVALIAÇÃO INTRAGRUPO DAS VARIÁVEIS
HISTOLÓGICAS NO 7º, 14 º. 21º DE PÓS-OPERATÓRIO
13
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO DE ANIMAIS SEGUNDO A PRESENÇA
DE ABCESSO, INFECÇÃO E HEMATOMAS
GRÁFICO 2 - AVALIAÇÃO INTER-GRUPO QUANTO AO LOCAL DE
RUPTURA APÓS O TESTE DA RESISTÊNCIA À
INSUFLAÇÃO DE AR ATMOSFÉRICO
GRÁFICO 3 - AVALIAÇÃO INTRA-GRUPO QUANTO AO LOCAL DE
RUPTURA APÓS O TESTE DA RESISTÊNCIA À
INSUFLAÇÃO DE AR ATMOSFÉRICO
GRÁFICO 4 - COLAGENIZAÇÃO INTER-GRUPO
GRÁFICO 5 - COLAGENIZAÇÃO INTRA-GRUPO
GRÁFICO 6 - RESULTADO DAS MÉDIAS DE PRESSÕES DE
RUPTURA DO TESTE DE RESISTÊNCIA À
INSUFLAÇÃO DE AR ATMOSFÉRICO
14
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS
ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas
CM- Centímetro
EAB- Extrato aquoso do babaçu
G - Grama
GA - Grupo Adiroba
GB - Grupo Babaçu
GC - Grupo Controle
HE - Hematoxilina-Eosina
TM Tricômio de Masson
KG- Quilograma
L - Litro
LabCEMA- Laboratório de Cirurgia Experimental
MG - Miligrama
mL- Mililitros
MM- Milímetro
mmHg- Milímetro de Mercúrio
PMN - Polimorfonucleares
SBCAL- Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório
UFMA - Universidade Federal do Maranhão
UFPR- Universidade Federal do Paraná
UEMA- Universidade Estadual do Maranhão
15
1 INTRODUÇÃO
O processo de cicatrização é semelhante em todas as feridas, e
baseia-se em complexa sequencia de eventos que vai do trauma à reparação do
tecido lesado. Consiste em perfeita e coordenada cascata de eventos celulares,
moleculares e bioquímicos que se inter-relacionam para que ocorra a reconstituição
tecidual (CAMPOS, BORGES-BRANCO, GROTH, 2007). Tal processo pode ser
dividido em três fases que se sobrepõem de forma contínua e temporal em fase
inflamatória, fase proliferativa ou de granulação e fase de remodelação ou de
maturação (ISAAC et al., 2010; CAMPOS, BORGES-BRANCO, GROTH, 2007).
O interesse pela cicatrização de feridas iniciou-se na Antiguidade, com
registros que datam de 3000-2500 a. C, neles mencionados curativos à base de mel,
graxa, fios de linho dentre outros produtos que compunham a farmacopeia egípcia
(MANDELBAUM, SANTIS, 2003; SILVA et al., 2010).
O registro do uso de plantas para cura de doenças é relatado também
em registros históricos de cinco mil anos em que povos antigos usavam ervas para
fins medicinais. Nos dias atuais é crescente o interesse pela fitoterapia, que consiste
no conjunto das técnicas de utilização dos vegetais no tratamento de doenças e na
recuperação da saúde (PALHARIN et al., 2008).
São considerados medicamentos fitoterápicos aqueles obtidos com
emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja eficácia e segurança
são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, documentações
tecnocientíficas ou evidências clínicas (BRASIL, 2010).
O emprego das plantas como recursos terapêuticos ainda é
subutilizado, das 300 mil plantas conhecidas atualmente, somente 2000 são
utilizadas pela medicina (PALHARIN et al., 2008).
No Brasil, conhecido internacionalmente como possuidor da maior
reserva florestal diversificada do planeta, tem se destacado o Estado do Maranhão,
não somente por possuir uma densa flora diversificada, mas ainda pela tradição em
16
pesquisa de plantas medicinais, possuindo herbário próprio com produção artesanal
de diversos produtos (MALAFAIA et al., 2006).
O uso dos fitoterápicos na cicatrização de feridas tem sido estimulado
pela necessidade de encontrar novas substancias que desempenhem efetivo papel
na reparação cirúrgica (MALAFAIA et al., 2006; SILVA et al., 2010), pois, embora a
reparação tecidual seja processo sistêmico, é necessário condições locais através
de terapia tópica adequada para viabilizar o processo fisiológico (COELHO et al.,
2010)
Pesquisa de produtos naturais para auxiliar a cicatrização tem se
intensificado. Dentre as diversas plantas com propriedades curativas, a Orbignya
phalerata e a Carapa guianensis Aublet têm sido amplamente mencionadas em
experimentos.
A Orbignya phalerata (babaçu) é encontrada com maior frequência nas
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, sendo que mais de 50%
concentra-se no Maranhão (BARROQUEIRO, 2001). Apresenta propriedades anti-
inflamatórias e analgésicas já comprovadas em estudos, dentre eles, Baldez et al.
(2006), em pesquisa experimental que analisava a cicatrização do colón com uso do
extrato aquoso da Orbignya phalerata verificou efeito favorável no processo de
cicatrização da anastomose colônica.
Martins et al. (2006), na tentativa de verificar a ação cicatrizante da
Orbignya phalerata em feridas cirúrgicas da pele, observou efeito também
satisfatório no processo de cicatrização, através da análise microscópica, nas
variáveis mononucleares e fibras colágenas.
A espécie Carapa guianensis Aublet pertence à família Meliaceae,
sendo conhecida comumente como andiroba, é encontrada principalmente nas
várzeas e igapós, mas podendo ser cultivada em terra firme. Apresenta
propriedades físico-químicas que lhe confere ação anti-inflamatória (ORELLANA,
KOBAYASHI, LOURENÇO, 2004; PEREIRA, TONINI, 2012).
Nayak et al. (2010), avaliaram administração oral do extrato etanólico
de folhas de Carapa guianensis L (Meliaceae) na cicatrização de feridas de ratos,
assim como seu efeito antimicrobiano, anti-alérgico, antiparasitário. Concluíram que
o extrato facilitou a cicatrização, demonstrou atividade antialérgica e antiparasitária,
17
porém sem atividade antimicrobiana, no entanto, Brito et al. (2001), ao avaliar o
efeito do óleo de andiroba em feridas cutâneas abertas em ratos, verificou retardo na
contração e epitelização das feridas, sugerindo uma possível ação anti-inflamatória,
resultando em prejuízo no processo cicatricial.
A busca por terapias alternativas, a ineficácia de produtos sintéticos, a
procura por tratamentos menos agressivos ao organismo humano tem fomentado
especial interesse pelas fitoterapia, além da aplicação destas na reparação tecidual
(COELHO, 2010).
Entender os efeitos terapêuticos Orbignya phalerata e Carapa
guianensis Aublet faz-se necessário nos dias atuais, na perspectiva de ampliar o uso
destas na cicatrização de feridas.
A utilização de fitoterápicos na cicatrização de lesões em colón motivou
o presente estudo, tendo como objetivo avaliar o efeito cicatrizante do óleo de
andiroba e o mesocarpo do babaçu sobre a cicatrização de colorrafias em ratos.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO
A cicatrização é um evento fisiológico complexo que visa restabelecer a
integridade morfológica e funcional da qualquer tecido ou órgão lesado, consistindo
em uma perfeita e coordenada cascata de eventos celulares, moleculares e
bioquímicos que interagem com o objetivo de reparar o tecido (BORGES-BRANCO,
GROTH, 2007; PAGNANO et al., 2009; CAMPOS, MENDONÇA).
Vicentini, Mendes Neto e Lane (1996) referem que a cicatrização de
uma ferida cirúrgica ou do sitio cirúrgico incisional é um fenômeno químico, físico e
biológico que ocorre logo após a lesão tecidual e que difere nas feridas fechadas e
abertas.
Paget (1853), citado por Tauber (1982) foi o primeiro a estudar o ganho
de força tênsil de uma ferida em cicatrização, abrindo caminho a uma linha de
pesquisa, culminando com as modernas técnicas utilizadas atualmente. Segundo
Tauber, coube a Van Winkle (1969) a redefinição dos diversos termos utilizados para
denominar as diversas modalidades de analise da resistência mecânica de uma
cicatriz.
O processo cicatricial é dividido em três fases interdependentes e
sobrepostas no tempo: fase inflamatória, proliferativa e remodelação. (BORGES-
BRANCO, GROTH, 2007; PAGNANO et al., 2009; CAMPOS, MENDONÇA,
COUTINHO-NETTO, 2009).
Fase inflamatória
Inicia-se logo após a lesão com a liberação de substâncias
vasoconstrictoras pelas membranas celulares. O endotélio lesado e as plaquetas
estimulam a cascata de coagulação. As plaquetas secretam fatores de crescimento
por degranulação, em que se destacam PDGF (fator de crescimento derivado de
plaquetas) e TGF-ß (fator transformador do crescimento beta), que terão a função de
atrair neutrófilos e monócitos à ferida (CAMPOS, BORGES-BRANCO, GROTH,
2007; ISAAC et al., 2010).
19
Os neutrófilos produzem radicais livres que auxiliam na destruição
bacteriana e são gradativamente substituídos por macrófagos. Estes últimos,
fagocitam o tecido necrótico promovendo o desbridamento da lesão e produzem
ainda sinalizadores químicos que atraem mais macrófagos intensificando a migração
e proliferação de fibroblastos e células endoteliais. Adicionalmente, os macrófagos
produzem fatores de crescimento incluindo o fator de crescimento endotelial
vascular, além de contribuírem na angiogênese, fibroplasia e síntese de matriz
celular, fundamentais para a transição para a fase proliferativa (CAMPOS, BORGES-
BRANCO, GROTH, 2007; ISAAC et al., 2010; VITORINO FILHO, 2011).
Fase proliferativa
Caracteriza-se por quatro etapas: epitelização, angiogênese, formação
de tecido de granulação e depósito de colágeno. Os fibroblastos e as células
endoteliais são as principais células da fase proliferativa, onde o fator de
crescimento mais importante na proliferação e ativação dos fibroplastos é o PDGF. É
liberado também o TGF- ß que estimula os fibroblastos a produzirem colágeno tipo I
e a transformar-se em miofibroblastos, que promovem a contração da ferida
(CAMPOS, BORGES-BRANCO, GROTH, 2007).
Fase de maturação ou remodelagem
Nesta fase predomina a deposição de colágeno. Há diminuição da
atividade celular e etapas sucessivas de produção, digestão e orientação das fibras
colágenas. Haverá aumento das colagenases para digerir o acúmulo excessivo de
colágeno, regressão da exuberante rede de capilares e aumento da resistência do
tecido neoformado (VITORINO FILHO, 2011).
2.2 FITOTERAPIA
20
No processo histórico das plantas medicinais diversas civilizações,
como China, Índia, Egito e Grécia, descreveram a utilização de ervas e vegetais
para uso terapêutico, em seus registros e manuscritos (ALVES, 2013).
Os babilônios e sumérios usavam em seus remédios, frutos, folhas,
flores, cascas e raízes. Os egípcios relatavam a utilização de azeite, figo, cebola,
alho e pimentão. Alguns cientistas atuaram de forma marcante sobre o verdadeiro
conhecimento das plantas, destacando-se: Hipocrátes, médico grego, que
descreveu inúmeros medicamentos incluindo uso de vegetais, vinho e bolores para o
tratamento e cura de doenças. Catão, considerado o promotor da toxicologia, foi
reconhecido como descobridor da arte dos venenos vegetais e ações necessárias
para neutralizá-las (DEVIENNE, RADDI, POZETTI, 2004).
Na era Cristã, Aulus Celsus escreveu sete livros sobre medicamentos
de origem vegetal; Galenus escreveu 83 livros descrevendo formulações e métodos
de manipulação, entre esses estão a pimenta da índia para tratamento da febre
terça e quartã, escanomea para icterícia e aipo e salsa para doenças renais. O
grego Pendamius Dioscorides escreveu um texto de botânica e medicina, De
Materia Medica, em que descrevia cerca de 600 plantas, como o cânhamo
(Cannabis sativa), a cicuta (Conium maculatum), o cólquico (Colchicum autumnale),
além de anestésicos à base de ópio e de mandrágora (Mandrágora officinarum)
(DEVIENNE, RADDI, POZETTI, 2004; ALVES, 2013).
Na Idade Média, os conhecimentos se restringiram ao poder da igreja,
sendo preservados nas bibliotecas dos mosteiros. Na Renascença, Paracelso
introduziu as formas farmacêuticas das tinturas herbáticas e a associação de mineral
ao guaiaco e a salsaparilha para o combate a sífilis (DEVIENNE, RADDI, POZETTI,
2004).
No século XIX, Pelletier e Caventou isolam a estricnina a partir da
Strychnos nux-vomica e identificam a quinina, um dos primeiros antimicrobianos
utilizados no tratamento da malária. Em 1829, da casca do salgueiro foi isolada a
salicina, servindo como precursor na síntese do ácido acetil salicílico. Neste período,
outras substâncias isoladas foram: atropina de Atropa belladona, digitoxina e outros
glicosídeos cardiotonicos extraídos de Digitalis lanata, escopolamina de Datura
stranomium. (DEVIENNE, RADDI, POZETTI, 2004).
21
No século XX, pesquisas demonstraram que medicamentos originados
de plantas são desenvolvidos em menor tempo, com custos inferiores aos obtidos
sinteticamente, isso proporcionou grande interesse pelos vegetais na busca de
novos fármacos (FERREIRA, 2002). Além disso, o crescente interesse no uso de
terapias complementares e produtos naturais relacionam-se a vários fatores, entre
eles: a decepção com os resultados obtidos em tratamentos com a medicina
convencional, os efeitos indesejáveis e prejuízos causados pelo uso abusivo de
medicamentos sintéticos, a consciência ecológica e a crença popular de que o
natural é inofensivo (RATES, 2001).
As plantas fazem parte da vida do homem desde seus primórdios,
tendo sua importância nos diversos estágios de desenvolvimento da sociedade.
Foram e continuam sendo de grande relevância, tendo em vista a utilização das
substâncias ativas como protótipos para o desenvolvimento de fármacos e como
fonte de matéria-prima farmacêutica, ou, ainda, de medicamentos elaborados
exclusivamente à base de extratos vegetais: os medicamentos fitoterápicos
(SIMÕES, SCHENKEL, 2002).
É nesse pensamento, na fitoterapia, que o Brasil se destaca, pois,
detém a maior diversidade biológica do mundo, contando com uma rica flora,
despertando interesse de comunidades científicas internacionais para o estudo,
conservação e utilização racional destes recursos (SOUZA, FELFILI, 2006).
A utilização das plantas no Brasil como fonte terapêutica teve início
desde que os primeiros habitantes chegaram ao Brasil, os índios, mas pouco se
sabe sobre esse período. As primeiras informações sobre os hábitos indígenas só
aconteceu após colonização portuguesa. Destacam-se relatos de padre José de
Anchieta entre 1560 a 1580 que envia carta aos Superiores Geral da Companhia de
Jesus descrevendo as plantas comestíveis e medicinais do Brasil; relatando
especificamente sobre a “erva boa”, a hortelã-pimenta, que era utilizada pelos índios
contra indigestões, para aliviar nevralgias e para o reumatismo e as doenças
nervosas (SILVA, 2004).
Quase tudo que se sabe da flora brasileira foi descoberto por cientistas
estrangeiros, especialmente os naturalistas, que realizaram grandes expedições
22
cientificas ao Brasil, desde o descobrimento pelos portugueses até o final do século
XIX (SILVA, 2004).
A ligação da botânica com a medicina sempre foi marcante no mundo,
numa união indissolúvel, e que nunca será possível separar uma da outra. A ciência
busca o progresso com tudo o que a natureza oferece e o uso dos produtos ou ervas
medicinais para curar males é a prova disso (DUTRA, 2009).
Conforme a RDC n° 14, Fitoterápico é medicamento obtido
empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. Caracterizado pelo
conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela
reprodutibilidade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança são
validadas através de levantamentos etnofarmacológicos de utilização,
documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos fase três
(BRASIL, 2010).
O desenvolvimento de fitoterápicos inclui diversas etapas e envolve um
processo interdisciplinar, multidisciplinar e interinstitucional. Envolve áreas que vão
desde a antropologia, botânica, ecologia, química, fitoquímica, farmacologia,
toxicologia, biotecnologia, química orgânica até a tecnologia farmacêutica (TOLEDO
et al., 2003).
A ação terapêutica das plantas é conhecida devido às moléculas
farmacologicamente ativas, chamadas de princípios ativos, e despertam o interesse
da indústria farmacêutica.
Para administração dos fitoterápicos é necessário sua incorporação em
uma forma farmacêutica, caracterizada pelo estado físico de apresentação,
constituída de componentes farmacologicamente ativos e de adjuvantes
farmacêuticos. Formas farmacêuticas mais comuns são: sólidas, em que se
destacam os pós, extratos secos, cápsulas, comprimidos e pomadas; e líquidas,
como os óleos, extratos líquidos, aquosos, alcoolatos, tinturas, elixires e xaropes
(TOLEDO et al., 2003). Independente da forma utilizada, fatores como qualidade,
segurança e eficácia são requisitos indispensáveis (HEINZMANN, BARROS, 2007).
A pesquisa em produtos naturais é fundamental para a busca de novos
fármacos e para a construção de uma autonomia nacional na área de medicamentos
23
(SIMÕES, SCHENKEL, 2002). O conhecimento dos princípios ativos desperta
grande interesse na indústria farmacêutica, contribuindo para o desenvolvimento de
pesquisas e ensaios farmacológicos à base de plantas.
2.3 BABAÇU E PESQUISAS EXPERIMENTAIS
A Orbignya phalerata (babaçu), palmeira do reino vegetal, classe
Monocotyledoneae, da família Palmae, do gênero Orbignya, nativa do meio-norte
brasileiro, encontrada nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Mato Grosso,
sendo sua maior concentração no Maranhão. Caracteriza-se por ser uma planta
monocaule, com até 20 metros de altura, com frutos oblongos-elipsóides lisos, de
coloração marrom na maturidade (NONATO et al., 2013).
A composição física do fruto indica quatro partes aproveitáveis:
epicarpo, mesocarpo, endocarpo e amêndoas. O mesocarpo é a parte mais utilizada
do fruto, sendo estudado sob vários enfoques, inclusive sua ação anti-inflamatória e
analgésica (EMBRAPA, 1984; SOLER, VITALI, MUTO, 2007; NONATO et al., 2013).
Estudo que analisava a cicatrização de lesões cirúrgicas em bexigas de
ratos comparando um grupo controle e grupo experimento em que se utilizou
solução aquosa de Orbignya phalerata na cicatrização de feridas provocadas na
bexiga de ratos, foi visto neoformação capilar mais intensa no grupo experimento no
3° dia de pós-operatório, sendo confirmado efeito favorecedor da Orbignya phalerata
em nível microscópico na cicatrização de feridas (FERREIRA et al., 2006).
Martins et al. (2006), realizou análise comparativa da cicatrização da
pele com o uso intraperitoneal de extrato aquoso de Orbignya phalerata (babaçu) em
ratos, utilizando 60 ratos, divididos em grupo controle e experimento, sendo um terço
de cada grupo mortos no 7°, 14° e 21° dia. Foi verificado, diferença significativa
entre os grupos nas variáveis monocelulares e fibras colágenas em todos os dias de
morte, e no 7° observado aumento significativo na proliferação fibroblástica e
reepitelização. Conclui-se neste trabalho que o extrato aquoso de babaçu tem ação
estimulante na cicatrização de feridas em pele de ratos.
Semelhante pesquisa foi realizada por Amorim et al. (2006), avaliando
o efeito do extrato aquoso de babaçu na cicatrização de feridas cutâneas em ratos,
demonstrando que o extrato aquoso de babaçu apresenta atividade inflamatória não
24
sendo observada reação adversa ao uso, além de que, nas análises microscópicas
verificou-se efeito positivo na cicatrização no que diz respeito a re-epitelização.
No entanto, resultados não tão favoráveis foram encontrados por
Batista e col. (2006), ao avaliar a ação do extrato aquoso do mesocarpo de Orbignya
phalerata na cicatrização de estomago de ratos sob os aspectos morfológicos e
tensiométricos. Não foi observado melhora quanto à análise da resistência mecânica
da cicatriz pelo teste de insuflação de ar atmosférico, bem como nos parâmetros
histológicos de reparação tecidual -inflamação aguda e crônica, necrose isquêmica,
reação gigantocelular do tipo corpo estranho, neoformação capilar, proliferação
fibroblástica, fibrose, reepitelização e extensão da inflamação, observou-se apenas
favorecimento para a completa coaptação das bordas.
Brito Filho et al. (2006), em pesquisa que analisou a cicatrização na
linha Alba de ratos com uso intraperitoneal de extrato de babaçu, demonstrou que
este não teve influencia como facilitador no processo de cicatrização, mas como
importante anti-inflamatório.
Barroqueiro et al. (2010), estudaram a toxicidade aguda do babaçu em
ratos. Foi utilizado extrato liofilizado de etanol do mesocarpo do babaçu via
gavagem, sendo administrado em doses simples de 100, 3000 e 5000 mg/ml.
Avaliou-se parâmetros bioquímicos incluindo glucose, triglicerídeos, colesterol, ureia
e creatinina que eram determinados por análise colorimétrica, e ainda pesados
alguns órgãos como coração, fígado, rim e cérebro. Conclui-se que a dose média
letal do BME (mesocarpo do babaçu) era maior que 5000mg/kg e o tratamento com
altas doses de BME pode alterar alguns parâmetros bioquímicos, embora alguma
mudança pode ser detectada no peso ou corpo.
2.4 ANDIROBA E PESQUISAS EXPERIMENTAIS
A espécie Carapa guianensis, Aublet pertence à família Meliaceae,
sendo conhecida como andiroba. É encontrada comumente nos estados do Pará,
Amapá, Amazonas, Maranhão e Roraima. É uma árvore de grande porte podendo
atingir 30 m de altura, suas flores são pequenas com pétalas de no máximo 8 mm e
seus frutos do tipo cápsula globosa e subglobosa com 4 a 6 valvas indeiscentes que
25
se separam com o impacto da queda do fruto. As sementes são flutuantes e podem
ser dispersas através dos cursos de água, podendo germinar enquanto flutuam
(MENEZES, 2005; PEREIRA, TONINI, 2012).
Prophiro et al. (2011) verificaram que óleos de Carapa guianensis
Aublet e Copaifera spp. são bem conhecidos na região amazônica como repelentes
de insetos, porém estudos que comprovem sua toxicidade e efeitos sobre
desenvolvimento de mosquitos ainda é incipiente, induzindo-os à investigarem o
tempo inicial da atividade larvicida, efeito residual e efeito de concentrações muito
baixas destes óleos em Aedes aegypti. Concluíram que os óleos inibiram o
desenvolvimento da fase imatura de mosquito e o surgimento de adultos, fato
essencial no controle de vetores, podendo serem usados como inseticidas naturais.
O óleo da andiroba além do uso na confecção de sabão e velas, na
indústria de cosméticos e iluminação, tem seu uso na medicina popular
apresentando funções cicatrizantes, anti-inflamatórias, anti-helmínticas e inseticida
(PEREIRA, TONINI, 2012). Na sua composição química são encontrados ácidos
graxos, mirístico, linoleico e palmítico.
Tappin et al. (2008) descreveram o desenvolvimento de método para
determinação de tetranortriterpenoides do óleo da semente de Carapa guianensis
através de delineamento experimental. As investigações das propriedades anti-
inflamatórias de seus mais importantes biomarcadores-tetranortriterpenoides
provocou um crescente interesse cientifico e comercial pelo “óleo de andiroba”,
culminando com o desenvolvimento de métodos analíticos adequados para avaliar
sua qualidade, bem como para validação deste método.
Pesquisa realizada por Brito et al. (2001), em que utilizou 30 ratos
machos, adultos, distribuídos em dois grupos: controle (tratado com solução salina a
0,9%) e andiroba (tratado com óleo de andiroba in natura). Essas substâncias foram
aplicadas diariamente sobre a lesão dorso-costal dos animais dos respectivos
grupos. As feridas tratadas com óleo de andiroba, apresentaram retardo da
contração e epitelização das feridas, sugerindo uma possível ação anti-inflamatória
de um dos componentes deste óleo, resultando em prejuízo do processo cicatricial
destas lesões.
26
Penido et al. (2005), estudaram as propriedades terapêuticas do óleo e
fração derivada de tetranortriterpenoide derivados da semente de Carapa guianensis
demonstrando apresentar efeitos anti-inflamatórios e analgésico.
Pesquisa experimental que avaliava se a fonoforese por andiroba tem
efeito sobre edema induzido em ratos, concluiu que os animais tratados com
fonoforese apresentaram menor média de edema, indicando ser esse tratamento
mais eficaz devido ao sinergismo dos efeitos da andiroba e ultrassom sobre o
edema (ORELLANA, 2006).
27
3 MATERIAL E MÉTODO
Foram seguidas as Normas para Apresentação de Documentos
Científicos da Universidade Federal do Paraná (UFPR) em conjunto com o Instituto
Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social- IPARDES (2007), que
seguem as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), com
adaptações aos atuais recursos tecnológicos de informação
Este estudo foi realizado no Laboratório de Cirurgia Experimental da
Universidade Federal do Maranhão (LabCema), obedeceu as normas de
experimentação animal da Lei Sergio Arouca (nº-11794-2008). Foi aprovada pelo
Comitê de Ética e Experimentação Animal do Curso de Medicina Veterinária da
Universidade Estadual do Maranhão, conforme protocolo n°.039 2012, que seguem
as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). (ANEXO A).
Foram utilizados 54 ratos Wistar, machos, com idade variando entre 50
a 60 dias, pesando em média 275,64g, provenientes do Biotério da Universidade
Federal da Bahia. Os animais foram pesados em balança comum e mantidos em
observação por um período de sete dias, para adaptação, antes da operação. Os
animais ficaram acomodados em nove gaiolas de polipropileno com tampa de grade
metálica inoxidável, com seis animais por gaiola, recebendo água e ração padrão
para espécie (Purina®, São Paulo, Brasil), ad libitum, sob temperatura de 23 ± 2ºC,
em ambiente sem ruídos, ciclo claro/escuro de 12 horas.
3.1 FITOTERÁPICOS
3.1.1 Extrato aquoso de Orbignya phalerata (Babaçu)
A exsicata do babaçu foi catalogada no Herbário Ático Seabra da
Universidade Federal do Maranhão. O mesocarpo foi obtido a partir do coco maduro
que foi assim considerado caindo naturalmente dos cachos. Para retirada do
mesocarpo, utilizou-se um artefato de madeira, batendo-se manualmente na parte
superior ate a ruptura das cascas e, em seguida, com o auxílio de uma espátula,
separou-se o mesocarpo. O material obtido foi espalhado sobre uma bancada
durante três dias para secar. Depois de seco, foi colocado em estufa de secagem a
temperatura de 45-50ºC durante 24h para retirada total da umidade. O mesocarpo
foi submetido ao processo de moagem em moinho elétrico onde se obteve um pó
28
em forma de farinha. Para a preparação do extrato aquoso, o pó foi pesado em
balança analítica digital e diluído em solução salina para concentração de 25mg/mL
Elemento %
Amido 68,3
Umidade 14,9
Fibras 2,51
Proteínas 1,54
Glicídios solúveis 1,25
Lipídios 0,27
Outras substâncias (aminoácidos, hemicelulose e
pentosanas)
11,23
QUADRO 1. COMPOSIÇÃO QUÍMICA EM 100 ml DO EXTRATO DO MESOCARPO DE Orbignya phalerata.
29
Fonte: Google
FIGURA 1 – Epicarpo (A), Mesocarpo (B), Endocarpo(C) e Amêndoa(D).
3.1.2 Óleo de Carapa guianensis (Andiroba)
O óleo de andiroba, utilizando-se a espécie Carapas guianensis é um
líquido transparente de cor amarelo, com gosto muito amargo que, em temperatura
inferior a 25ºC, solidifica como vaselina, sendo que o óleo se transforma em gordura
sólida e branca, cujo ponto inicial é de 22ºC e se completa a 28ºC
As sementes de andiroba encerram 70% de óleo insetífugo e medicinal
(LORENZI, 2002). O processo tradicional de extração do óleo das sementes de andiroba é
complexo, demora cerca de dois meses e pode ser dividido em três etapas: 1ª - coleta, seleção
de sementes boas e um primeiro armazenamento (3 a 5 dias); 2ª - preparo da massa pelo
cozimento das sementes em água (1 a 3 horas), um segundo período de armazenamento (até
20 dias) e finalizada pela retirada da casca e o amassamento das amêndoas; 3ª - extração do
óleo pelo gotejamento (até 30 dias) colocando a massa sobre uma superfície inclinada
(MENDONÇA; FERRAZ, 2007).
A amostra do óleo de andiroba utilizada no estudo foi proveniente do
município de Axixá–MA e 50 mL foi submetido a analise pelo Laboratório de Controle de
Qualidade de Alimentos e Água do Departamento de Tecnologia Química da UFMA, com a
seguinte composição graxa: ácido mirístico (18,1%); ácido oleico (58,9%); ácido linoleico
(9,2%) e ácido palmítico (9,3%); e dentre os compostos não graxos, destacam-se os
triterpenos e taninos, além de dois alcaloides, a andirobina e a carapina.
A
B
C
D
30
O óleo de andiroba está catalogado no Herbário Ático Seabra do Departamento
de Farmácia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal do
Maranhão, com registro nº 01253.
Fonte: Google FIGURA 2 – ÓLEO (A) E SEMENTES DE ANDIROBA (B)
3.2 DISTRIBUIÇÃO DOS ANIMAIS
Foram utilizados 54 animais distribuídos aleatoriamente em três grupos com
18 animais: GC (grupo controle), GB (grupo babaçú), GA (grupo andiroba), sendo os grupos
divididos em subgrupos de 6 acordo com o dia de morte (7º, 14º e 21º dias) (Figura).
Ratos
Nº 54
Grupo C
Controle
Grupo B
Babaçu
Grupo A
Andiroba
Sub
Grupo
C=7
A
Sub
Grupo
C=14
Sub
Grupo
C=21
Sub
Grupo
C=7
Sub
Grupo
C=14
Sub
Grupo
C=21
Sub
Grupo
C=7
Sub
Grupo
C=14
Sub
Grupo
C=21
B
31
FIGURA 3 – Esquema de distribuição dos grupos e subgrupos
3.3 PROCEDIMENTOS
3.3.1 Pré – operatório
Após adaptação de sete dias, 6 horas antes do ato operatório foi
retirada a ração dos animais, permanecendo o livre acesso à água.
3.3.2 Anestesia
Os animais foram anestesiados com injeção intramuscular de cloridrato
de quetamina 5% na dosagem de 20 mg/Kg associado com cloridrato de xilazina 2%
- 10mg/Kg sendo a aplicação realizada na face posterior da coxa do animal (Figura
4)
Figura 4 – Aplicação de anestésico
O rato foi considerado anestesiado quando se apresentava imóvel, com
reflexos interdigitais e corneanos abolidos, respiração normal e extremidades
rosadas de acordo com o procedimento proposto por WHITE, JOHNSTON e EGER
(1974).
3.3.3 Técnica operatória
Depois de anestesiado cada rato foi posicionado em decúbito dorsal,
imobilizado em prancha de madeira com contensão dos membros anteriores e
posteriores; realizou-se a epilação da região ventral superior do abdome de 4,0cm² e
32
a anti-assepsia com polivinilpirrolidona-iodo à 10% (povidine tópico® Ceras
Johnson), colocado um campo fenestrado sobre o animal delimitando a área
operatória.
Os animais foram submetidos à laparotomia mediana transversal a
partir de 1cm abaixo do processo xifóide, estendendo-se por 5 cm caudamente;
procedeu-se à diérese da pele e do tecido celular subcutâneo com o bisturi lâmina nº
15 e do plano músculo aponeurótico e peritôneo adentrando a cavidade abdominal e
realizando uma investigação completa desta
Após identificação e exteriorização do colón fez-se uma incisão
longitudinal de 1 cm de extensão, na parede anterior do ceco, próximo à grande
curvatura e, por meio de quatro pontos separados, utilizando o fio de polipropileno 6-
0 em plano único, realizou-se a cecorrafia. Após este procedimento comum a todos
os grupos, cada subgrupo recebeu através de gavagem diferentes preparações
conforme determinação anterior ao procedimento cirúrgico. O GC recebeu água
destilada na mesmo volume ao do maior das substâncias (andiroba), GA recebeu
óleo de andiroba na dose de 5mL/kg/dose e o GB foi tratado com extrato aquoso do
mesocarpo de Orbignya phalerata, na dose de 50mg/kg de peso corpóreo,
quantificando 0,6mL. A síntese da parede abdominal deu-se em dois planos com fio
mononylon 5-0 (Figuras 5: A e B).
3.3.4 Pós - operatório
A B
Figura 5: A e B – Visualização do ceco
33
Após o procedimento cirúrgico e recuperação anestésica, cada animal
foi colocado na sua gaiola, com livre acesso a água e ração após 6 horas do
procedimento, sendo acondicionado nas mesmas condições de temperatura e
luminosidade do pré-operatório. Os animais foram submetidos à avaliação clínica
diária onde se observava atividade motora, aceitação da alimentação, ferida
operatória e óbito, sendo registrado em protocolo individual até o dia da morte
(Apêndice 1 – Ficha Protocolo).
3.3.5 Morte dos animais
Os animais foram induzidos à morte nos dias previamente
estabelecidos (7º, 14ª e 21º dia), por meio de dose letal dos anestésicos, cloridrato
de quetamina 5% (Vetarnacol®) e cloridrato de xilazina 2% (Kensol®) quatro vezes o
valor da dose. Posteriormente foram pesados e transferidos para a prancha de
madeira.
3.4 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA
Após constatada a morte dos animais, a cicatriz operatória foi
inspecionada e avaliada quanto a presença de sinais de infecção, deiscência da
parede, hematomas e fistulas. Em seguida, realizou-se laparotomia constituída de
duas incisões transversais paralelas, uma cranial e outra caudal; e uma incisão para-
mediana esquerda, 1 cm paralelo à incisão mediana e perpendicular às duas
incisões transversais, objetivando acesso seguro à cavidade abdominal. Na
sequência, inspecionou-se a cavidade abdominal à procura de achados sugestivos
de infecção, coleções, fístulas e aderências, esta última sendo classificada e
avaliada pelo escore de Nair (anexo 2). Retirou-se a peça cirúrgica contendo 2 cm
acima e abaixo da rafia (ceco, cólon ascendente e íleo terminal), não desfazendo as
estruturas e órgãos aderidos à colorrafia a fim de não comprometer os testes de
insuflação.
3.5 TESTE DE RESISTÊNCIA A INSUFLAÇÃO DE AR ATMOSFÉRICO
34
A avaliação do teste de resistência à insuflação de ar atmosférico
consistiu em introdução de sonda de silicone nº 6 no íleo terminal e fixação desta
com fio de algodão 2-0, conexão da sonda ao manômetro e uma pinça de Kelly no
inicio do cólon ascendente, submersão da peça em água, insuflação com ar
ambiente a velocidade de 0,1 mL/s até a ocorrência de liberação de bolhas de ar,
sendo registrada a pressão no momento da ruptura da peça em mmHg (Figura 6: A
e B).
NOTA: A – Bomba de infusão; B – Sonda de nelaton; C – Manômetro eletrônico
NOTA: A – Recipiente de vidro transparente contendo água corrente; B – Momento de ruptura da anastomose
colônica evidenciada pelo borbulhamento na água; C – Pressão de ruptura em mmHg
3.6 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA
A
B
C
A
B
C
35
Após constatada a morte dos animais, a cicatriz operatória foi
inspecionada e avaliada quanto a presença de sinais de infecção, deiscência da
parede, hematomas e fistulas. Em seguida, realizou-se laparotomia constituída de
duas incisões transversais paralelas, uma cranial e outra caudal; e uma incisão para-
mediana esquerda, 1 cm paralelo à incisão mediana e perpendicular às duas
incisões transversais, objetivando acesso seguro à cavidade abdominal. Na
sequência, inspecionou-se a cavidade abdominal à procura de achados sugestivos
de infecção, coleções, fístulas e aderências, esta última sendo classificada e
avaliada pelo escore de Nair (anexo 2). Retirou-se a peça cirúrgica contendo 2 cm
acima e abaixo da rafia (ceco, cólon ascendente e íleo terminal), não desfazendo as
estruturas e órgãos aderidos à colorrafia a fim de não comprometer os testes de
insuflação.
3.7 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA
O segmento ressecado foi aberto na sua parede dorsal e seccionado
em fragmentos, medindo 1.5cm ² de área, A face interna da linha de sutura ficou
voltada para baixo, presa na placa de isopor, de 2 cm2, por meio de alfinetes. Fixado
em formol a 10% por 48h e encaminhado para estudo histológico, mantidas nos
blocos de parafina e cortadas com micrótomo ajustados para espessura de 5µm e
coradas pela Hematoxilina-Eosina (HE) e Tricômico de Masson (TM) Foram
analisadas por único médico patologista, através do microscópio óptico biocular
(Olimpus CH-30, New York-EUA, ocular 10x) e avaliada a área da sutura
examinando-se três campos de cada lâmina, através das objetivas planas 4, 10, 20
e 40 vezes (4x,10x,20x,40x) e ocular de 10 vezes, após análise realizavam-se
fotomicrografias através de câmara digital acoplada ao microscópio, transferindo-as
para computador.
As peças foram numeradas de 1 a 54 de acordo com cada animal,
grupo pertencente e dia de sua morte.
Avaliaram-se, na área da cecorrafia, os parâmetros corados pela
técnica da Hematoxilina e Eosina (HE). Os dados obtidos foram classificados de
acordo com a intensidade em que foram encontrados e transformados em variáveis
quantitativas mediante atribuição de índice para o achado histológico (ausente-0,
36
discreto-1, moderado-2 e acentuado-3). A presença de congestão vascular, edema e
polimorfonucleares foram indicativos de processo inflamatório agudo (fase aguda). A
presença de monomorfonucleares, angiogênese, proliferação fibroblástica (fibrose) e
colagenização foram indicativos de processo inflamatório crônico (fase crônica),
conforme o protocolo de análise histológico descrito por COTRAN (1996) (Anexo 2).
3.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Os dados foram avaliados por meio do programa estatístico IBM SPSS
Statistics 20.0 (2011). Inicialmente as variáveis numéricas, tais como, peso inicial,
peso final, xilazina, quetamina e tensão máxima foram avaliadas através do teste de
normalidade de Lilliefors, e verificou-se que nenhuma apresentavam distribuição
normal. Por isso, essas variáveis foram avaliadas em relação ao efeito do grupo e
dos dias dentro de cada grupo através da análise de Kruskal Wallis e do teste post
hoc de Dunn. Nas variáveis histológicas (NAIR, grau, polimorfonuclear,
mononuclear, edema, congestão, angiogênese, fibrose e colágeno), o efeito do
grupo dentro de cada dia, e o efeito do dia dentro de cada grupo foram avaliados
pelo teste não paramétrico de Kruskal Wallis e do teste post hoc de Dunn. A
associação das variáveis da avaliação macroscópica (infecção, deiscência,
abscesso, fistula, hematoma) e o local da ruptura com os grupos foi feito teste de
qui-quadrado de Pearson. Em todos os testes o nível de significância (α) foi de 5%,
ou seja, considerou-se significativo quando p < 0,05.
37
4 RESULTADOS
O peso médio dos ratos no grupo controle foram 279,89±47,01,
naqueles do grupo babaçu 286,11±47,01 e grupo andiroba 260,94±37,12. Não
houve morte em nenhum dos animais em decorrência da anestesia ou do
procedimento cirúrgico, bem como da utilização dos fitoterápicos.
4.1 Avaliação Macroscópica
Nenhum dos animais apresentou deiscência ou fístulas, no entanto foi
verificada a presença de abscesso e infecção em dois animais do grupo andiroba, e
um apresentou hematoma. Em nenhum dos animais do grupo controle e babaçu foi
observada qualquer complicação.
Gráfico I: Distribuição de animais segundo a presença de abcesso, infecção e hematomas.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
INFECÇÃO ABCESSO HEMATOMA
2 2
1 BABAÇU
CONTROLE
ANDIROBAP=0, 125 P=0, 125 P=0, 361
38
Quanto ao grau de aderências, os animais do grupo babaçu tiveram
maior incidência de aderências grau II, enquanto que no grupo controle e andiroba
predominaram aderências de grau I. No 21º de PO, o grupo controle e andiroba
foram semelhantes, no entanto o grupo babaçu teve 100% dos seus animais com
aderências de grau II, com diferença estatisticamente significante, conforme Tabela
1.
Figura 7 - Aderência entre Órgão e Parede (NAIR I)
Figura 8 – Análise do processo aderencial em exemplar
pertencente ao Grupo 2
Figura 9 - Massa de aderência generalizada (NAIR III)
39
Tabela 1. Avaliação intergrupos do grau aderências conforme o escore de NAIR no 7º, 14 º
e 21º de pós-operatório
GRUPO
Dia
NAIR Controle Babaçu Andiroba p
7
I 3 (50.0) 3 (50.0) 3 (50.0) II 3 (50.0) 2 (33.3) 2 (33.3) 0.590
III 0 (0.0) 1 (16.70) 1 (16.70)
I 1 (16.7) 2 (33.3) 1 (16.7)
14
II 2 (33.3) 4 (66.7) 4 (66.7) 0.308
III 3 (50.0) 0 (0.0) 1 (16.7)
0 1 (16.7) 0 (0.0) 1 (16.7)
21
I 4 (66.7) 0 (0.0) 4 (66.7) 0.024
II 1 (16.7) 6 (100.0) 1 (16.7)
0 1 (5.6) 0 (0.0) 1 (5.6)
GERAL
I 8 (44.4) 5 (27.8) 6 ( 33.3)
II 6 ( 33.3) 12 (66.7) 9 (50.0)
III 3 (16.7) 1 (5.6) 2 (11.1)
4.2 AVALIAÇÃO TENSIOMÉTRICA (TESTE DE RESISTÊNCIA À INSUFLAÇÃO DE
AR ATMOSFÉRICO)
O teste da resistência à insuflação de ar atmosférico foi realizado em
todos os ratos. A ruptura da anastomose naqueles avaliados no 7º foi mais frequente
no grupo controle com 83,3%, 33,3% no grupo babaçu e 66,6% no grupo andiroba.
No 14º o grupo andiroba predominou (83,3%) e grupo controle e babaçu foram
iguais (63,3%) enquanto que no 21º os resultados foram semelhantes. Em nenhuma
das avaliações houve significância estatística.
Gráfico 2. Avaliação inter-grupo quanto ao local de ruptura após o teste da resistência à
insuflação de ar atmosférico
40
Conforme o Gráfico 3 verificou-se que os animais do grupo controle
tiveram quantidade igual de animais com ruptura do órgão distante da sutura e na
sutura, no grupo babaçu a maior parte dos animais teve ruptura do órgão fora das
linhas de sutura, em qualquer dos dias avaliados. Já no grupo andiroba a maioria
dos animais também teve rompimento do órgão fora da sutura, mas no 14º dia
houve maior número de animais quanto comparados com os demais dias. Em
nenhuma das avaliações intra-grupo houve diferença significante.
Gráfico 3. Avaliação intra-grupo quanto ao local de ruptura após o teste da resistência à
insuflação de ar atmosférico
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
DIA 7 DIA14 DIA 21
2 2 2
5
2 2
4
1
2
BABAÇU
CONTROLE
ANDIROBA
P=0, 100 P=0, 758
P=0, 195
41
4.2 Avaliação Microscópica
Naqueles ratos reoperados no 7º dia, a angiogênese, os
mononucleares e os polimorfonucleares foram mais intensos no grupo andiroba,
controle e babaçu respectivamente, tendência a significância apenas nos
mononucleares. Quanto à proliferação fibroblástica, foi maior no grupo andiroba e
menor no grupo babaçu com diferença estatisticamente significante (p=0,028).
TABELA 2 - Análise da presença das variáveis entre os grupos no 7º dia (intergrupos)
Grupo Dia Polimorfonuclear Mononuclear Edema Congestão Angiogênese Colagenização Proliferação
fibroblástica
Controle 7 Moderada/Grave a Moderada/Grave a Moderada Moderada/Grave Moderada Discreta Discreta
Babaçu 7 Grave a Moderada Moderada Grave a Moderada/Grave a Ausente Ausente/Discreta
Andiroba 7 Grave a Grave a Moderada Grave a Grave a Discreta/Moderada Discreta
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
BABAÇU CONTROLE ANDIROBA
2
5
4
2 2
1
2 2
3
D 7
D 14
D 21
1 2
Figura 10: Fotomicrografia de Congestão, Mononuclear e Angiogênese
P=1, 000 P=0, 135
P=0, 195
42
Nos animais reoperados no 14º dia, as variáveis relacionadas à
inflamação aguda, a presença de edema foi semelhante entre os grupos, os
polimorfonucleares foi menos acentuado no grupo babaçu, com diferença
estatisticamente significante (p=0,007); congestão esteve mais acentuada no grupo
controle, seguido do grupo andiroba e babaçu, com diferença significante entre eles
(p=0,003). A proliferação fibroblástica foi mais intensa no grupo controle, porém com
Coloração HE, aumento de 400x, Grupo Andiroba 7 dias
Coloração HE, aumento de 400x, Grupo Andiroba 7 dias
Figura 11: Fotomicrografia Proliferação fibroblástica
43
significância estatística apenas em relação ao grupo babaçu (p=0,043), ao comparar
esta variável entre controle e andiroba não apresentou diferença estatística.
TABELA 3 - Análise da presença das variáveis entre os grupos no 14º dia (intergrupos)
N
a
avaliaçã
o do 21º, nenhuma das variáveis avaliadas em qualquer dos grupos não
apresentaram diferença estatisticamente significante.
Grupo Dia Polimorfonuclear Mononuclear Edema Congestão Angiogênese Colagenização Proliferação
fibroblástica
Controle 14 Moderada ab Grave Moderada Grave Moderada Discreta Discreta
Babaçu 14 Ausente b Discreta/Moderada Discreta/Moderada Discreta c Discreta b Ausente Ausente
Andiroba 14 Moderada b Moderada b Moderada Moderada b Discreta/Moderada b Discreta Discreta
Grupo
Dia Polimorfonuclear Mononuclear Edema Congestão Angiogênese Colagenização Proliferação
fibroblástica
Letras diferentes significa p < 0,05 pelo teste de Dunn
Figura 12: Fotomicrografia Angiogênese 14º dia.
44
TABELA 4 - Análise da presença das variáveis entre os grupos no 21º dia (intergrupos)
TABELA 5. Avaliação intergrupos das variáveis histológicas no 7º, 14 º e 21º de pós-
operatório
Controle
21 Ausente/Discreta b Moderada Discreta Moderada Discreta/Moderada Ausente/Discreta Ausente/Discreta
Babaçu
21 Discreta b Moderada Moderada Moderada b Discreta b Ausente Ausente
Andiroba
21 Discreta/Moderada b Moderada b Discreta Moderada b Discreta b Ausente/Discreta Ausente/Discreta
Coloração HE, aumento de 400x, Grupo Controle 21 dias
Figura 13: Fotomicrografia Angiogênese 21º dia.
45
Dia Grupo
Controle Babaçu Andiroba p
7
Polimorfonuclear 7.00 10.00 11.50 0.119
Mononuclear 8.50 7.00 13.00 0.057
Edema 7.50 10.50 10.50 0.119
Congestão 7.33 12.00 9.17 0.150
Angiogênese 8.00 9.50 11.00 0.533
Fibrose 9.17 ab 5.83 b 13.50 a 0.028
14
Polimorfonuclear 13.58 a 4.50 b 10.42 a 0.007
Mononuclear 13.00 6.25 9.25 0.056
Edema 10.00 8.50 10.00 0.802
Congestão 14.92 a 5.17 c 8.42 b 0.003
Angiogênese 14.17 a 5.33 b 9.00 ab 0.009
Fibrose 12.83 a 5.83 b 9.83 a 0.043
21
Polimorfonuclear 7.08 10.67 10.75 0.352
Mononuclear 9.42 10.83 8.25 0.563
Edema 8.50 11.50 8.50 0.427
Congestão 10.75 9.58 8.17 0.563
Angiogênese 11.08 9.17 8.25 0.574
Fibrose 10.25 7.42 10.83 0.385
Na Tabela 6 consta a avaliação intragrupos das variáveis histológicas.
No que diz respeito ao grupo controle, observa-se maior intensidade de proliferação
fibroblástica, angiogênese no 14°, porém sem diferença estatisticamente
significante. Quanto as variáveis inflamatórias somente polimorfonucleares
apresentou diferença estatisticamente significante entre os dias avaliados (p=0,038),
sendo esta variável mais acentuada no 7º.
Quanto ao grupo babaçu, os polimorfonucleares, bem como congestão
e angiogênese foi mais acentuado no 7º, revelando diferença estatisticamente
significante. No entanto apesar das variáveis proliferação fibroblástica, edema, e
colagenização, também serem mais acentuadas no 7º, não tiveram diferença
estatisticamente significante (TABELA 6).
46
No grupo andiroba, a presença de polimorfonucleares, mononucleares
e angiogênese foram mais intenso no 7º revelando diferença estatisticamente
significante (p=0.002; p=0,006; p=0,008). Proliferação fibroblástica embora tenha se
comportado semelhantemente, não apresentou diferença significante (TABELA 6).
Na Tabela 7, consta a avaliação intragrupos das variáveis histológicas.
No que diz respeito ao grupo controle, observa-se maior intensidade de proliferação
fibroblástica, angiogênese no 14°, porém sem diferença estatisticamente
significante. Quanto as variáveis inflamatórias somente polimorfonucleares
apresentou diferença estatisticamente significante entre os dias avaliados (p=0,038),
sendo esta variável mais acentuada no 7º.
TABELA 8. Avaliação intragrupo das variáveis histológicas no 7º, 14 º. 21º de pós-operatório
Grupo Dia Polimorfonuclear Mononuclear Edema Congestão Angiogênese Colagenização Proliferação
fibroblástica
Controle 07 Moderada/Grave a Moderada/Grave Moderada Moderada/Grave Moderada Discreta Discreta
Babaçu 07 Grave a Moderada Moderada Grave a Moderada/Grave a Ausente Ausente/Discreta
Andiroba 07 Grave a Grave a Moderada Grave a Grave a Discreta/Moderada Discreta
Grupo Dia Polimorfonuclear Mononuclear Edema Congestão Angiogênese Colagenização Proliferação
fibroblástica
Controle 14 Moderada ab Grave Moderada Grave Moderada Discreta Discreta
Babaçu 14 Ausente b Discreta/Moderada Discreta/Moderada Discreta c Discreta b Ausente Ausente
Andiroba 14 Moderada b Moderada b Moderada Moderada b Discreta/Moderada b Discreta Discreta
Tabela 7: Avaliação intragrupos das variáveis histológicas no 14º
Tabela 6: Avaliação intragrupos das variáveis histológicas no 7º
47
Grupo Dia
7 14 21 p
Controle
Polimorfonuclear 12.5 a 10.75 ab 5.25 b 0.038
Mononuclear 10.00 11.50 7.00 0.226
Edema 10.50 10.50 7.50 0.427
Congestão 9.25 12.67 6.58 0.091
Angiogênese 11.00 11.00 6.50 0.171
Fibrose 9.50 11.75 7.25 0.279
Babaçu
Polimorfonuclear 15.33 a 4.17 b 9.00 b 0.001
Mononuclear 11.00 6.50 11.00 0.171
Edema 12.00 7.50 9.00 0.160
Congestão 15.50 a 5.00 c 8.00 b 0.001
Angiogênese 14.75 a 5.58 b 8.17 b 0.005
Fibrose 10.50 9.00 9.00 0.738
Andiroba
Polimorfonuclear 15.50 a 6.92 b 6.08 b 0.002
Mononuclear 14.50 a 7.42 b 6.58 b 0.006
Edema 12.50 9.50 6.50 0.059
Congestão 14.00 a 7.83 b 6.67 b 0.013
Angiogênese 14.67 a 7.75 b 6.08 b 0.008
Fibrose 13.25 7.67 7.58 0.072
48
Quanto à colagenização, na avaliação do 7º dia ela esteve presente em
100% dos animais do grupo andiroba. No 14º dia foi mais acentuada no grupo
controle, enquanto que o grupo babaçu teve sua menor quantificação. No 21º
resultados semelhantes para o grupo controle e andiroba.
Gráfico 4. Colagenização inter-grupo
Na avaliação intra-grupo da presença de colágeno, ela foi mais
acentuada no 14º dia estando presente em 83,3% dos animais, porém no grupo
babaçu e andiroba a colagenização foi maior no 7º. Não houve diferença estatística
em nenhum dos grupos avaliados.
Gráfico 5. Colagenização intra-grupo
0
1
2
3
4
5
6
DIA7 DIA 14 DIA 21
BABAÇU
CONTROLE
ANDIROBA
P=0, 105 P=0, 054
P=0,799
49
Quanto ao teste de resistência à insuflação de ar atmosférico
observou-se que o grupo andiroba em qualquer dos dias avaliados apresentou maior
tensão, destacando-se o 14º dias com tensão no valor de 157,7mmHg. No grupo
babaçu houve maior tensão no 7º dia sendo que nos dias posteriores a média das
suas pressões foram inferiores ao demais grupos.
0
1
2
3
4
5
6
BABAÇU CONTROLE ANDIROBA
D 7
D 14
D 21
P=0,474
P=0, 195
P=0, 3303
P=0, 144
50
Gráfico 6. Resultado das médias de pressões de ruptura do teste de resistência à insuflação
de ar atmosférico
0
20
40
60
80
100
120
140
160
714
21
121,7
108,5 107,7
102,5
135,2
119,3
116,5
157,7
120,3
BABAÇU
CONTROLE
ANDIROBA
53
5 DISCUSSAO
O processo de cicatrização consta de etapas inter-relacionadas - a fase
inflamatória, de proliferação e remodelação – que promovem o reparo tecidual. O
uso de fitoterápicos com a finalidade de verificar a ação destes na cicatrização de
órgãos e tecidos tem sido frequente, principalmente pesquisas experimentais,
destacando-se aquelas relacionadas ao reparo de lesões do sistema digestivo
(GARROS et al., 2006; MARTINS et al., 2006; SANTOS et al. 2012).
A fitoterapia tem crescido atualmente concomitante à busca pela
melhor qualidade de vida, promoção e manutenção da saúde, acreditando serem
estes agentes terapêuticos naturais. Alicerçado a isso, pesquisas são feitas para
verificar o poder da Andiroba e Babacú na cicatrização de feridas (Santos et al.,
2006).
5.1 MODELO EXPERIMENTAL
Conforme Fagundes e Taha (2004), para a escolha do modelo animal
deve-se levar em conta a presença de características suficientes para ser
semelhante ao objeto imitado e ter suficiente capacidade de ser manipulado sem as
limitações do objeto imitado, portanto, neste trabalho elegeu-se o rato como modelo
experimental por apresentarem genoma semelhante ao humano em quase 90%, um
ciclo de vida curto, serem de pequeno tamanho e fácil manipulação, baixo custo,
resistência maior às infecções e maior sobrevida. Além de seu uso já bem comum
em pesquisas experimentais como descrito nos trabalhos de Nitz (2005) Amorim et
al, (2006), Martins et al (2006), Batista (2006).
Utilizaram-se animais machos, pois conforme o estudo de Carrico,
Mehrhof e Cohen (1984) variações hormonais do ciclo estral de fêmeas, poderiam
interferir no mecanismo de reparação tecidual.
Na literatura encontram-se trabalhos relacionados a cicatrização de
feridas no colônicas que adotam 3, 7 dias (Baldez et al. 2006) e 14, 21 dias (Santos
et al., 2012). No presente estudo adotou-se comparar este intervalo importante de
tempo e dois fitoterápicos com poderes cicatrizantes.
5.2 FITOTERÁPICO
54
A andiroba é referenciada como fitoterápico com propriedades
analgésicas, antiinflamatória, como demostrado nos trabalhos de Brito et al., em que
avaliou a ação do óleo de andiroba em feridas cutâneas abertas em ratos,
demonstrando retardo no processo de contração e epitelização sugerindo ação
antiinflamatória dos componentes deste óleo. Ele é obtido a partir da semente sendo
utilizado pela população no tratamento de inflamação de garganta e artrite
(CABRAL, 2011).
Quanto ao babaçu, possui atividade analgésica e antiinflamatória, além
de ser capaz de estimular a produção de anticorpos auto-reativos em camundongos
(BARROQUEIRO, 2001; CHAGAS, 2001). Pesquisas relatam sua utilização no
tratamento de feridas crônicas, úlceras gástricas e duodenais, entre outras doenças
(BARROQUEIRO, 2010).
Compararam-se estes dois fitoterápicos por serem estes comuns na
nossa sociedade, de grande uso popular e ampla distribuição no Maranhão.
5.3 ANESTESIA
Neste experimento utilizou-se como drogas anestésica, a xilasina e a
ketamina, pelo sua importante aceitação, uso em estudos experimentais e segundo
recomendações da literatura. Nenhum dos animais deste experimento morreu
devido o ato anestésico, nem tampouco necessitou de doses suplementares
ratificando esta associação como segura e eficaz.
5.4 TÉCNICA OPERATÓRIA E MORTE
A escolha do fio monofilamentar sintético e inabsorvível (Polipropileno)
deve-se ao fato de que no trato gastrointestinal os materiais inabsorvíveis são
melhores para promover a cicatrização (THORNTON; BARBUl, 2000). Utilizou-se 4
pontos separados baseado em estudos de experimentação animal (ratos)
BRASKEN, 1990.
Semelhante a Warde (1972), Batista et al (2006) e Baldez et al (2006) o colón foi escolhido como órgão para o
experimento por ser um órgão oco, podendo-se desta forma avaliar a resistência da cicatrização através do teste de ruptura por
insuflação de ar atmosférico. (WARDE, 1972). – DISSERTAÇÃO DE CLEUMA e TESE DE ORLANDO SANTOS.
55
Na presente pesquisa analisou-se a cicatrização do colón a partir de quatro aspectos principais: macroscopia,
determinação da resistência mecânica da cicatriz através do teste de insuflação de ar atmosférico, estudo histológico da morfologia
tecidual e presença de colágeno na ferida.
Utilizaram-se dias diferentes de morte dos animais a fim de verificar alterações decorrentes do processo
cicatricial, uma vez que cada fase possui características peculiares.
5.5 AVALIAÇÃO MACROSCÓPICA
Utilizou-se o escore de NAIR para avaliar as aderências dos órgãos intra-abdominais, que apesar de ser
algumas vezes difícil e subjetivo, é um método seguro, prático e exequível, utilizados em diversos experimentos como de Ferreira e tal,
Brito Filho et al, Baldez et al e Amorim et al (2006).
Neste trabalho não houve presença de aderências grau quatro em
nenhum dos grupos. Naqueles mortos no 21°, houve predominância de aderências
grau II nos animais do grupo babaçu (100%), nos grupos andiroba e controle tiveram
resultados iguais (grau 0 -16,7%; grau I-66, 7%; grau II-16,7%) com significância
estatística. (Figura)
Tabela mediana de NAIR intergrupos 7º, 14º e 21º dia
Observou-se que no grupo andiroba houve presença de abscesso e
infecção em 11% dos animais, 5,5% tiveram hematoma, mas nenhum deles
apresentou deiscência ou fístulas, porém no trabalho de Santos et al (2013), que
comparou o efeito da aroeira e andiroba na cicatrização de gastrorrafias não
observaram qualquer sinais clínicos de infecção ou deiscência.
Quanto aos animais do grupo babaçu não houve sinais de infecção ou
abscessos em nenhum deles, bem como ausência de fistulas, deiscências ou
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Controle Babaçu Andiroba
Me
dia
na
da
NA
IR
Grupo
7
14
21
*
* p < 0,05
*
56
hematomas, resultado esse melhor que o observado por Baldez et al (2006) que
verificou infecção discreta do sítio cirúrgico e deiscência cutânea superficial.
Tabela 3. Teste do qui-quadrado de independência das variáveis macroscópicas com os grupos
Grupo
Variável Controle Babaçu Andiroba Total p
Local de ruptura
Fora 9 12 11 32 0.585
na sutura 9 6 7 22
Comportamento
Ativo 18 18 18 54 ----
Infecção
Não 18 18 16 52 0.125
Sim 0 0 2 2
Deiscência
Não 18 18 18 54 ----
Abcesso
Não 18 18 16 52 0.125
Sim 0 0 2 2
Fístula
Não 18 18 18 54 ----
Hematoma
Não 18 18 17 53 0.361
Sim (mesentério) 0 0 1 1
Aderência
Sim 17 18 17 52 0.289
Não 1 0 1 2
OBS: Não foi encontrado nenhuma associação significativa (p > 0,05) das variáveis da avaliação macroscópica com os grupos
5.6 AVALIAÇÃO TENSIOMÉTRICA
Segundo Koruda citado por Nomura (2009) existem dois métodos de
avaliação de cicatriz tecidual segundo à resistência mecânica: resistência à
insuflação de ar ou água e tração linear. Neste trabalho optou-se pela utilização do
teste de resistência à insuflação de ar devido o órgão estudado ser uma víscera oca
(cólon). Tal método é o que mais se adéqua à proposta, pois é fisiológico ao
reproduzir os vetores de pressão que geralmente se transmite sobre a parede do
intestino assemelhando-se a situação clínica real visto que o rompimento ocorrerá
57
em função da distensão, além de exercer pressão em toda circunferência da parede
intestinal, submetendo-se à prova de vedação (BALLANTINE 1984, SOARES ET AL,
2000).
Observou-se neste experimento quanto a média das forças de ruptura
do teste de resistência à insuflação de ar atmosférico, que no 7° dia houve maiores
pressões nos grupos andiroba e babaçu ao compararmos com o grupo controle,
demonstrando melhor cicatrização para o grupo babaçu e andiroba, mas sem
significância estatística, semelhantemente Santos (2013) no seu trabalho em que
verificou médias mais elevadas no 7° dia nos grupos aroeira e andiroba quando
comparados ao controle.
No 14º dia não houve variações importantes das pressões de ruptura
das feridas cirúrgicas.
No 21° dia houve queda substancial das medias de pressão do grupo
andiroba, porém sem significância estatística, dado também relatado por Santos
(2013). Este ressalta que o teste de resistência à insuflação de ar atmosférico é um
bom e imprescindível parâmetro para avaliação da integridade de uma anastomose
nos primeiros dias de pós-operatório, enquanto nos pós-operatório tardio, esta é
melhor avaliada pela tração linear (Gottrup, 1980).
Quanto ao local de ruptura do órgão, neste experimento observou-se
naqueles mortos no 7°, que no grupo controle apenas um animal teve ruptura do
órgão fora da anastomose, porém no grupo andiroba e babaçu, 4 tiveram seu cólon
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
160,0
180,0
7 14 21
Ten
são
máx
ima
Dias
Controle
Babaçu
Andiroba
58
rompido distante da anastomose, dado esse diferente do relatado por Thorton (1997)
em que cita que somente a partir da segunda semana, a resistência da anastomose
à pressão pode exceder a do tecido intestinal normal e o escape gasoso ocorrer
distante da anastomose (artigo de Clelma). Naqueles mortos no 14°, o grupo
controle e andiroba tiveram resultados semelhantes e no 21°, os resultados foram
iguais para todos os grupos, 4 dos animais romperam o cólon fora das linhas de
sutura. Santos et al (2013) em sua pesquisa, na análise do teste de insuflação de ar
atmosférico, a ruptura do estômago ocorreu todas na anastomose.
Semelhantemente, Batista et al (2006) ao estudar o efeito do extrato aquoso do
babaçu na cicatrização do estômago, em nenhum dos animais em que foi possível
realizar o estudo tensiomêtrico, ocorreu vazamento de ar fora das linhas de sutura.
5.7 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA
A inflamação é essencial para a cicatrização, caracterizada por
aumento da permeabilidade vascular, quimiotaxia das células da circulação e
liberação de citocinas e de fatores de crescimento. Os neutrófilos são as primeiras
células a migrarem para a lesão, sendo responsáveis pela remoção de corpos
estranhos e tecido desvitalizado. Sua ação máxima ocorre por volta do segundo dia
da cicatrização. Os polimorfonucleares, representados pelos macrófagos, atingem
sua maior concentração em torno do terceiro dia. A fase inflamatória estende-se da
ocorrência da lesão ao sexto dia de cicatrização. Neste trabalho os animais foram
mortos no 7°, pois representa a fase inicial da cicatrização – fase aguda –
caracterizada pela presença de edema, congestão e polimorfonucleares.
A segunda fase conhecida como proliferativa, inicia-se em torno do
segundo ou terceiro dia, estendendo-se até o 14° dia da cicatrização. Caracteriza-
se pela presença de fibroblastos, responsáveis pela produção de colágeno, proteína
muito importante para a matriz celular. É possível ainda encontrar células endoteliais
responsáveis pela angiogênese e os miofibroblastos responsáveis pela contração da
ferida. A terceira e última fase caracteriza-se pela deposição de colágeno na ferida,
iniciando-se em torno do 8° dia e estende-se até um ano e meio.
Na tentativa de avaliar parâmetros de inflamação crônica
(mononucleares, angiogênese, proliferação fibroblástica e colagenização), optou-se
59
pela morte da outra parte dos animais no 14° e 21° de pós-operatório, uma vez que
tal fase é melhor avaliada em períodos tardios de pós-operatório.
Ao compararmos reação inflamatória aguda entre os grupos,
polimorfonucleares foi maior no grupo babaçu e andiroba em relação ao grupo
controle quando comparados no 7° dia, havendo decréscimo nos dias posteriores de
avaliação, mas sem significância estatística, tal fato é explicado por ser neste
período a fase inicial da cicatrização, também conhecida como inflamatória.
Petroianu (2009) ao avaliar a ação do ácido ascórbico e da hidrocortisona na
cicatrização anastomótica intestinal verificou naqueles animais que receberam
apenas vitamina e naqueles que receberam conjuntamente vitamina c e
hidrocortisona no 5° dia de pós-operatório presença de infiltrado inflamatório
constituído por polimorfonucleares além de congestão vascular.
No 14°, os sinais de congestão foram mais evidentes no grupo
controle, com significância estatística.
Quanto aos sinais de inflamação crônica, estes devem aumentar com o
passar dos dias após a lesão tecidual em detrimento dos sinais de inflamação aguda
(TABULSI, NOMURA E artigo ORLANDO SANTOS). Os mononucleares, que
representam inflamação crônica, estiveram mais acentuados no 7° dia, tanto no
grupo babaçu quanto no andiroba (citar o trabalho da andiroba), revelando uma
possível efeito do extrato aquoso do babaçu. Baldez et al., ao estudar a ação do
extrato aquoso do babaçu na cicatrização do colón em ratos, evidenciou resultados
semelhantes.
Experimentos revelam associação direta entre eficiência da
cicatrização e o número de fibroblastos e fibras colágenas, principal componente
estrutural do tecido de granulação (Nitz, 2005).
Observou-se nesta pesquisa que a proliferação fibroblástica, a
angiogênese e a colagenização esteve mais acentuada no 7° dia de pós-operatório
nos grupos babaçu e andiroba quando comparados ao grupo controle, havendo
queda no 14° e 21°, dado este também constatado por Brasken em seus
experimentos, onde a angiogênese e proliferação fibroblástica foram acentuadas na
fase inflamatória aguda.
60
Nunes Jr (2006), relata que a síntese de colágeno atinge seu ápice no
7° e 14° dia, mas que a partir do 3° dia de pós-operatório já é possível perceber
fibroblastos e colágeno em áreas de sutura, fato comprovado em seu experimento
utilizando Aroeira na cicatrização da Linea Alba verificando ação cicatrizante desse
fitoterápico, uma vez que houve aumento dos fibroblastos na região da sutura
desses animais no 3° e 7° dias.
Tabulsi demonstrou no 14° de pós-operatório aumento importante da
proliferação fibroblástica e colagenização.
O colágeno corresponde a 30% do total de proteína no corpo humano,
e fornecem força, integridade e estrutura aos tecidos. Quando ocorre lesão tecidual,
o colágeno tem a função de reparar o defeito, restaurando tanto a estrutura com a
função (FACHINELLI DISSERTAÇÃO SOBRE COLAGENO).
61
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