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FACULDADES INTEGRADAS MAGSUL
CLÁUDIA FERNANDES GONÇALVES FILGUEIRASGESSÉ AFONSO RAMOS
ROSILEIDE BERNAL BARROZO
Professores de Educação Física Frente aos Recursos Tecnológicos e
Midiáticos - uma proposta de apoio metodológico.
Ponta Porã – MS
Abril 2013
FACULDADES INTEGRADAS MAGSUL
CLAUDIAGESSÉ AFONSO RAMOS
ROSILEIDE BERNAL
Professores de Educação Física Frente aos Recursos Tecnológicos e
Midiáticos - uma proposta de apoio metodológico.
Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade Magsul do curso de Pós Graduação em Educação Física Escolar, sob a orientação do Profª Msc.: Sergio Larruscaim Mathias.
Ponta Porã – MS
Abril 2013
RESUMO
Este artigo trata do uso dos recursos midiáticos e tecnológicos como uma proposta de apoio metodológico para os professores do curso de Educação Física. Visto que hoje se percebe que os professores de Educação Física ainda estão muito alheios as transformações que ocorreu no âmbito escolar com o advento das chamadas TICs que hoje faz parte do processo de ensino aprendizagem em todas as escolas do Brasil e o projeto desenvolvido alcançou resultados significativos, melhorando a pratica docente dos professores o presente artigo tem como objetivo apresentar os resultados dos estudos realizados sobre o processo de desenvolvimento do projeto. O instrumento de investigação foi um questionário estruturado semi-aberto contendo 10 questões aplicadas aos 15 professores investigados, aqui denominados participantes da pesquisa. As análises mostraram que 6 professores utilizam os recursos midiáticos em suas aulas de educação física. E que 9 professores têm dificuldades para manusear essas mídias em suas aulas. Os resultados desse trabalho mostraram que 12 professores superaram as dificuldades com a utilização dos recursos tecnológicos e midiáticos durante a realização do projeto. Concluiu-se que para os professores o uso de mídias na sala aula representa um desafio, pois é necessário força de vontade e disposição para se manter atualizado frente às tecnologias em constante mudanças. Espera-se que esse estudo contribua para outros estudos e discussões acerca das referidas tecnologias presentes no âmbito escolar.
Palavras-chave: Educação Física, Professores, Recursos Tecnológicos, Midas, TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação).
INTRODUÇÃO
A disciplina Educação Física tem um propósito muito maior do que ensinar regras
e fundamentos dos mais variados tipos de desporto, muito além do que brincar de cordas,
bola e brincadeiras de pega pega. A Educação Física escolar de hoje não deve dicotomizar
o ser humano em corpo enquanto estética e aptidão física e como garantia de saúde. Deve
transcender esses conceitos e trabalhar o corpo e a mente integrando e interagindo com o
meio social em que o ser humano se encontra inserido (GOIS JUNIOR, 2000).
Levando em conta os avanços tecnológicos que transformam a sociedade atual, o
profissional de Educação Física não pode ficar de braços cruzados sem interagir e integrar-
se aos avanços tecnológicos, pois, hoje esses recursos funcionam como instâncias
transmissoras de informações, valores, padrões e normas de comportamento social. O
professor deve ter consciência que sua ociosidade frente a essas transformações desvaloriza
as lutas que regulamentaram a Educação Física em uma profissão reconhecida, que ganhou
2
seu espaço na escola se tornando uma disciplina tão importante como qualquer outra
disciplina escolar (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 35).
O projeto teve como objetivo orientar os professores, por meio de cursos e
oficinas, a ministrar suas aulas com os recursos tecnológicos, propondo métodos possíveis,
através de oficinas elaboradas para esse fim, apresentando os mais variados tipos de
recursos tecnológicos e midiáticos disponíveis na escola e os recursos que a própria rede
mundial de computadores (Internet) oferece.
Dessa forma, o presente artigo tem o objetivo de apresentar um estudo do processo
de desenvolvimento do projeto. Para tanto, está apresenta na primeira parte uma revisão da
literatura que versa sobre os principais conceitos e estudos sobre os temas que envolvem as
mídias e o ensino aprendizagem de Educação Física. Na parte seguinte apresenta os
resultados e análise dos mesmos que foram conseguidos por meio da aplicação de
questionários estruturados semi-aberto contendo 10 questões aplicadas a quinze
professores, os participantes da pesquisa.
1 A Mídia na Escola e o papel do professor diante das Novas Tecnologias
As mídias e as TIC são aliadas na disseminação de informações e se constituem
num instrumento elementar na construção do conhecimento. Seja por meio da TV, das
Histórias em Quadrinhos, dos jornais, do rádio, da internet, dos livros, e das revistas. Cada
ferramenta faz recortes de contextos sociais e edita os fatos de acordo com a sua forma,
sendo os conteúdos tratados a partir do ponto de vista econômico, social e político de quem
os edita. Por traz da produção estão os chamados “intelectuais” que produzem e
disseminam as informações para todas as camadas sociais. Dessa forma, a tecnologia
representa um conhecimento capaz de criar e transformar os processos materiais, pois se
transforma em processo criador ao possibilitar a manipulação, a recriação e a disseminação
do seu conteúdo (MANOVICH, 2003).
A Educação é um fenômeno social que pode ser observado em todo e qualquer tipo
de organização social ou grupos sociais e participa ativamente na formação dos sujeitos que
criam, recriam e difundem os conhecimentos tecnológicos, constituindo-se numa das
responsáveis pela transmissão, perpetuação de valores culturais, morais, éticos e formas
3
materiais e simbólicas de vida às gerações que se seguem. A educação em sua função
socializadora ajusta os membros às formas necessárias de convivência social e de
manipulação das criações tecnológicas.
Nesse sentido, cabe à escola fomentar as discussões sobre os conteúdos e as formas
midiáticas. O professor tem papel central nessa relação dialógica entre a mídia produzida e
o contexto escolar, preparando os estudantes para olharem para essas ferramentas e seus
conteúdos de forma crítica, discutindo-a dentro do contexto de sistema sem descaracterizar
a forma de utilização em meio escolar. Assim, mais do que lidar com as tecnologias é
necessário que os professores saibam lidar com o contexto em que elas são produzidas já
que as novas tecnologias trazem no seu bojo novas formas de interpretação do mundo
(SANFELICE, ARAUJO, 2006).
No campo educacional esse debate é pertinente, sobretudo às discussões sobre o
papel desempenhado pelo professor e pelo estudante quando a estrutura do processo de
ensino e aprendizagem é permeada pelas tecnologias de informação e de comunicação. Para
Gonçalves;
As TIC impõem desafios à formação de professor e à educação escolar. Existem barreiras entre as tarefas de concepção e execução, e há uma série de questionamentos acerca da inserção das TIC na escola. Discutir a utilização no espaço escolar requer compreensão do contexto mais amplo, analisando as políticas de formação e as implicações desencadeadas a partir das dependências e estratégias provocadas pelas tecnologias. O entusiasmo da tecnologia, a forma com que a sociedade tem incorporado esses elementos e as diversas nuanças da ambiência escolar, como as mudanças das diretrizes curriculares e o papel do professor no processo, são reflexões pontuadas, na tentativa de apreender o alcance escolar das TIC (GONÇALVES, s/d, p. 3).
Segundo o autor citado é necessário que os recursos tecnológicos sejam
incorporados a partir de uma visão estratégica, considerando as demandas sociais o que
requer uma visão geral do contexto social para que sejam implementadas ações que
atendam as necessidades da comunidade. Nesse sentido, os professores devem estar muito
atentos, pois seu papel sofre modificações significativas e a intervenção do Estado é
imprescindível.
Faz-se necessário reconhecer as várias formas de educação; tem-se a educação
formal e não-formal que de igual forma vai sendo modelada pelas transformações sociais e
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tecnológicas. Assim, o desafio da educação é fazer uma ponte entre os métodos tradicionais
de ensino e as novas concepções de aprendizagem que incluem uma variedade de “novas”
tecnologias. Essas tecnologias têm muito a contribuir no processo de formação educacional
como aponta Demo (2008), o de “aprimorar processos de formação e aprendizagem”.
Cabe à educação ter clareza sobre os fins que se propõe ao incluir as tecnologias no
processo de ensino-aprendizagem e a elaboração de novas concepções educacionais que
abrangem não só sua aplicação metodológica, mas também a definição do papel do
professor e estudante diante da aplicação dos novos recursos educacionais.
De acordo com Valente (2009, s/p) ao implantar as TIC na Educação dois aspectos
devem ser observados.
Primeiro, o domínio do técnico e do pedagógico não deve acontecer de modo estanque, um separado do outro. É irrealista pensar em primeiro ser um especialista em informática ou em mídia digital para depois tirar proveito desse conhecimento nas atividades pedagógicas. O melhor é quando os conhecimentos técnicos e pedagógicos crescem juntos, simultaneamente, um demandando novas idéias do outro. O domínio das técnicas acontece por necessidades e exigências do pedagógico e as novas possibilidades técnicas criam novas aberturas para o pedagógico, constituindo uma verdadeira espiral de aprendizagem ascendente na sua complexidade técnica e pedagógica.
Os recursos midiáticos e tecnológicos proporcionam processos formativos,
ambientes que contribuem para o desenvolvimento dos sujeitos, com potencial autônomo,
que produzem seu próprio conhecimento, podendo manter a qualidade formal e política
desejada. Ao desenvolver habilidades que lhe proporcione as ferramentas necessárias para
lidar com a informação e o conhecimento através de postura científica e análise metódica
que lhe permite contestar sua cidadania ao saber pensar, produzir e desenvolver sua
autonomia.Com as diversas mídias presente na escola hoje estão depositadas as esperanças
de reconquistar novamente a atenção de nossos estudantes para a educação,por que nos dias
de hoje a escola trava uma luta com as tecnologias que desvia e furta a curiosidade e
atenção de nossos estudantes.
A busca por constante especialização é uma exigência da profissão professor na
atualidade, para a obtenção do sucesso no processo comunicacional com os estudantes,
principalmente ao utilizar múltiplas mídias. Para se alcançar o sucesso objetivado é exigido
do professor novas competências e conhecimentos.
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[…] os seguintes aspectos serão certamente importantes:- conhecimento de implicações sociais e éticas das TIC;- capacidade de uso de software utilitário;- capacidade de uso e avaliação de software educativo;- capacidade de uso de TIC em situações de ensino/aprendizagem (PONTE; SERRAZINA, 1998, p. 12).
De acordo com Alava (2002) uma das habilidades mais importantes a serem
desenvolvidas pelos professores no contexto das “novas tecnologias” é midiatizar,
transmitir informações e construir conhecimento.
Para Moran et al (2000, p.29-30)
[...] a aquisição da informação, dos dados, dependerá cada vez menos do professor. As tecnologias podem trazer, hoje, dados, imagens, resumos de forma rápida e eficiente. O papel do professor – o papel principal – é ajudar o estudante a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.
Ao ajustar seu fazer pedagógico ao uso das tecnologias o professor passa a ser um
“pesquisador em serviço”, por meio de pesquisas e da sua prática aprende e “ensina a partir
do que aprende. Realiza-se aprendendo-pesquisando-ensinando-aprendendo”, assumindo a
função de “orientador/mediador” (MORAN et al., 2000, p.29-30).
O Papel desempenhado pelo professor “orientador/mediador” é expresso por Moran
et al (2000, p. 30) de quatro formas:
1) Orientador/mediador intelectual – Transmite informação, ajuda a escolher as
informações e “trabalha para que elas se tornem significativas para os alunos, permitindo
que eles as compreendam, avaliem”.
2) Orientador/mediador/emocional – “Motiva, incentiva,estimula,organiza os limites, com
equilíbrio, credibilidade, autenticidade, empatia”.
3) Orientador/mediador/gerencial e comunicacional - Organiza as atividades, os ritmos de
aprendizagem, a avaliação, o desenvolvimento do planejamento.
4) Orientador/ético - “Ensina a assumir e vivenciar valores construtivos, individual e
socialmente.” cooperar na construção “sensorial-intelectual-emocional-ético” dos alunos
que vão consolidando referenciais de atitudes, valores e idéias.
Para que alcancem sucesso é necessário que os professores reconheçam que os
ritmos de aprendizagem dos estudantes são diferentes. A base do seu saber tem por
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arcabouço estruturas não lineares (hipertexto). O seu papel deixou de ser o de mero
transmissor de saberes, o novo paradigma exige uma postura de facilitador da
aprendizagem, um mediador de saber que constrói cidadãos críticos.
A condição primeira e necessária para a utilização das TICs nas aulas de Educação
Física é o professor acreditar nelas e no seu potencial de apoio didático, assim como se
acredita na bola, nos cones, nos livros. A segunda condição é o professor ter uma formação
adequada sobre a utilização das tecnologias e metodologias centradas nos procedimentos
metodológicos para implementar o ensino-aprendizagem. Para um melhor entendimento de
como isso acontece apresenta-se um estudo do que são as TICs para melhor compreender-
se a forma como se deu a sua aplicação prática enquanto material de suporte didático nas
aulas de Educação Física.
2 O Ensino de Educação Física: resgate histórico da disciplina em contexto escolar
A disciplina de Educação Física, deve atender as necessidades históricas das
transformações sociais, a disciplina vai acompanhando essas mudanças e tornando-se cada
vez mais importante para atender as demandas sócio-políticas e pedagógicas.
A Educação Física se origina na Europa do século XIX quando surgem os sistemas
nacionais de ensino, fortemente influenciada pela Pedagogia Tradicional, pelos ideários
higienistas e pelos militares. Esse período foi marcado pela consolidação do capitalismo,
revolução industrial, epidemias advindas do crescimento urbano e descontrolado,
descobertas científicas e interesses burgueses. “Para essa nova sociedade, tornava-se
necessário "construir" um novo homem: mais forte, mais ágil, mais empreendedor”, ou
seja, promover a saúde e a aptidão física através da formação de corpos saudáveis, limpos,
ágeis e capazes de fornecer mão-de-obra especializada para a indústria, com fundamento no
pensamento científico positivista (Física e Biologia). Os conteúdos incluíam levantar e
transportar pessoas e objetos, esgrima, dança jogos, música, canto e exercícios militares
(COLETIVO DE AUTORES, 1992, p. 35).
Dessa forma, a Educação Física se constitui em disciplina escolar para atender as
necessidades econômicas, sociais, políticas e morais no contexto da revolução industrial,
momento este em que a burguesia industrial desejava corpos saudáveis e fortes para o
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trabalho e o exercício militar exigido pelas políticas imperialistas, além da diminuição da
mortalidade para que houvesse um aumento populacional capaz de regular salários, dentro
da lógica mercadológica de oferta e procura e aumentar o mercado consumidor.
Nos anos finais do século XIX e até a década de 1970 do século XX, a Educação
Física continuou baseada nas Ciências Naturais, mas passou a ser influenciada pela
Pedagogia Tecnicista, com o Método do Treinamento, enfatizando o estudo da Fisiologia.
Tanto na Europa como aqui no Brasil a metodologia de ensino de Educação Física utilizada
pelo professor tinha por base a estratégia do comando, dentro da ordem e da disciplina para
se ter o máximo de rendimento e esforço (GOIS JUNIOR, 2000).
Após a década de 1970, do século XX a influência dos médicos higienistas passou a
ser rechaçada, juntamente com o pensamento militar e a Pedagogia Tradicional e
Tecnicista. Surgem as Tendências Psicopedagógicas marcadas pela Psicomotricidade e em
seguida a Tendência Desenvolvimentista e a Construtivista. A partir da década de 1990
emergem várias abordagens pedagógicas. Entre as muitas concepções e abordagens
educacionais que emergem na atualidade uma se destaca: a pedagogia do projeto. Esta
pedagogia tem como proposta a formação de estudantes autônomos, conscientes,
reflexivos, participativos, cidadãos atuantes, cooperativos e que respeitem as diferenças.
Tem ainda como objetivo relacionar-se com as demais disciplinas e com o mundo e com os
interesses do grupo com que se trabalha. Assim, uma incursão sobre as discussões do
conceito de projeto se torna pertinente no momento, pois este estudo trata uma prática que
se baseia nessa concepção pedagógica.
A palavra projeto está carregada de sentidos, podendo significar: uma intenção, um
sonho, uma pretensão, uma filosofia, uma doutrina, uma diretriz, uma idéia ou concepção,
um esboço, uma proposta, uma atividade organizada com o objetivo de resolver um
problema, uma organização temporária para realizar uma atividade, etc. “O projeto não é
uma simples representação do futuro, do amanhã; do possível, de uma idéia; é o futuro a
fazer; um amanhã a concretizar, um possível a transformar em real, uma idéia a transformar
em ato” (BARBIER, 1994, p. 52 apud MACHADO, 2000, p. 6).
Na área educacional uma das dificuldades no desenvolvimento de projetos estava
relacionada às varias formas ou tipos de projetos existentes e à confusão que se faz entre
projeto e pesquisa. Um projeto pode ser compreendido como um empreendimento com o
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objetivo de produzir algo novo. Por seu lado, a pesquisa tem a finalidade de produzir
conhecimento. Dessa forma, pode se chegar à conclusão de que toda pesquisa é um projeto,
pois produz algo novo, um novo conhecimento, se é que conhecimento envelhece. Mas,
nem todo projeto pode ser considerado uma pesquisa já que se pode produzir algo novo que
não seja necessariamente conhecimento.
Ao se pesquisar sobre os projetos encontram- se várias formas de classificar os
projetos. No âmbito educacional e de acordo com Moura e Barbosa (2006) há:
Projeto de Intervenção: desenvolvidos no âmbito de um sistema educacional ou de
uma organização, com vistas a promover uma intervenção, propriamente dita, no contexto
em foco, através da introdução de modificações na estrutura (organização) e/ou na
dinâmica (operação) do sistema ou organização, afetando positivamente seu desempenho
em função de problemas que resolve ou de necessidades que atende (este tipo de projeto
ocorre também em outras instituições e contextos, tais como: setor produtivo, comercial,
etc.).
Projetos de Pesquisa: São projetos que têm por objetivo a obtenção de
conhecimentos sobre determinado problema, questão ou assunto, com garantia de
verificação experimental (existem diversos tipos de projetos de pesquisas, próprios dos
setores acadêmicos e de instituições de pesquisa, que podem ser estudados à parte através
de uma literatura rica e abrangente);
Projetos de Ensino: São projetos elaborados dentro de uma (ou mais) disciplina(s),
dirigidos à melhoria do processo ensino-aprendizagem e dos elementos de conteúdos
relativos a essa disciplina (este tipo de projeto é próprio da área educacional e refere-se ao
exercício das funções do professor).
Projetos de Trabalho: São projetos desenvolvidos por estudantes em uma (ou
mais) disciplina(s), no contexto escolar, sob orientação de professor, e têm por objetivo a
aprendizagem de conceitos e desenvolvimento de competências e habilidades específicas.
Ainda conforme Moura e Barbosa (2006) os projetos são conduzidos por uma
metodologia chamada de Metodologia de Projetos ou ainda de Pedagogia de Projetos. Essa
proposta metodológica muda o foco do processo do ensino aprendizagem, pois:
[...] a introdução da metodologia de projetos de aprendizagem é condição "sine qua non" para uma educação que tem como objetivo criar as condições objetivas
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que permitam que as crianças se transformem, das criaturas incompetentes e dependentes que são ao nascer, em seres humanos adultos competentes e autônomos, capazes de escolher e definir um projeto de vida e transformá-lo em realidade (CHAVES, 2009, s/p).
O professor ao trabalhar com projetos precisa conhecer juntamente com os
estudantes a temática, ampliando suas oportunidades de intervenção já que na pedagogia
de projetos, “o aluno aprende no processo de produzir, levantar dúvidas, pesquisar e criar
relações que incentivem novas buscas, descobertas, compreensões e reconstruções de
conhecimento”. O professor deixa de ser aquele que transmite conhecimento ou
informação, passa a “criar situações de aprendizagem cujo foco incida sobre as relações
que se estabelecem nesse processo, cabendo ao professor realizar as mediações necessárias
para que o aluno possa encontrar sentido naquilo que está aprendendo a partir das relações
criadas nessa situação” (PRADO, 2005, p. 13).
Entretanto, ao trabalhar com a pedagogia do projeto a literatura especializada alerta
para que os professores atentem a três aspectos que são fundamentais, e que precisam levar
em consideração: 1) as possibilidades de desenvolvimento de seus acadêmicos; 2) as
dinâmicas sociais do contexto em que atua; 3) as possibilidades de sua mediação.
Outro ponto importante a ser salientado é a questão da autoria. É importante que o
estudante aprenda fazendo e se reconheça como autor do trabalho desenvolvido. No que
diz respeito aos conteúdos os projetos têm um caráter potencializador da
interdisciplinaridade, sem que as disciplinas percam suas particularidades. Para Almeida
(2002):
[...]o projeto rompe com as fronteiras disciplinares, tornando-as permeáveis na ação de articular diferentes áreas de conhecimento, mobilizando na investigação de problemáticas e situações da realidade. Isso não significa abandonar as disciplinas, mas integrá-las no desenvolvimento das investigações, aprofundando-as verticalmente em sua própria identidade, ao mesmo tempo, que estabelecem articulações horizontais numa relação de reciprocidade entre elas, a qual tem como pano de fundo a unidade do conhecimento em construção (ALMEIDA, 2002, p. 58 apud PRADO, 2005, p. 15).
Dessa forma, concluí-se que a pedagogia de projetos é uma postura pedagógica, ela
possibilita certa liberdade de ação ao professor. Por outro lado, ela pode encontrar entraves
no próprio sistema educacional que trabalha com um tempo limite de aulas de 50 minutos
10
ou no próprio cumprimento da ementa curricular, entre outros, o que não implica na
efetivação e no sucesso de muitos projetos já elaborados em várias escolas.
No caso da Educação física essa proposta pedagógica tem muito a contribuir, pois
que a Educação Física, como área do conhecimento escolar, possui saberes que são
construídos historicamente e conferem significados ao movimento. As práticas da cultura
corporal de movimento é a especificidade pedagógica dessa disciplina e muito tem
contribuído para o conhecimento escolar através da dança, do jogo, das brincadeiras, do
esporte, da ginástica que são saberes que a humanidade criou, recriou e transmitiu ao longo
da história e que vai ganhando significado, contribuindo de forma global para a formação
humana. “Por cultura corporal de movimento entende-se aquela parcela da cultura geral
que abrange as formas culturais que se vêm historicamente produzindo, nos planos
material e simbólico, mediante o exercício da motricidade humana” (BETTI, 2005, p.
187).
Assim, ao se trabalhar em um projeto de ensino interdisciplinar a Educação Física
deve ser incluída, pois através dela muito se pode conhecer sobre os gestos, posturas,
educação estética, educação da sensibilidade, incorporando por meio das vias das práticas
corporais as normas, os valores, os gostos, proporcionando um raciocínio que reflete as
relações sociais e culturais dos estudantes.
3 Definindo Mídia, Tecnologias, Informação e Comunicação - TICs
É necessário distinguir mídia de tecnologia, informação e comunicação, já que esses
termos não se desvinculam, mas se complementam. O termo “tecnologia” tem suas origens
durante a instalação da revolução industrial nos finais do século XVIII. De acordo como
Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda, a palavra “tecnologia”
indica “um conjunto de conhecimentos, especialmente princípios científicos, que se
aplicam a um determinado ramo de atividade: tecnologia mecânica”. Alguns pesquisadores
afirmam que, dependendo do contexto, tecnologia “pode ser vista como: artefato, cultura,
atividade com determinado objetivo, processo de criação, conhecimento sobre uma técnica
e seus respectivos processos etc.” (REIS, 1995, apud ALMEIDA, 2005, p. 40).
O ser humano ao longo da sua história tem criado diferentes artefatos tecnológicos.
Entretanto, na atualidade as ditas “novas” tecnologias vem sendo enaltecidas com seus
11
desafios a serem superados, quando na realidade, todo e qualquer artefato tecnológico,
desde o período da pedra lascada até a atualidade foram compreendidos e recebidas com
entusiasmo e admiração pelo ser humano que sempre esteve às voltas com à manutenção da
sua vida. No caso das TICs não é diferente e para melhor compreender o seu significado
cabe definir cada um dos termos: tecnologia, informação e comunicação.
Marques (2000, s/p) define tecnologia, informação, comunicação e tecnologias da
informação e comunicação (TIC). Para o autor é necessário o estudo desvinculado de cada
um dos termos para então se compreender o que são as TICs. Dessa forma, tecnologia é a
aplicação dos conhecimentos científicos que tem a finalidade de facilitar a realização das
atividades humanas. Supõe a criação de produtos, instrumentos, linguagens e métodos a
serviço das pessoas. A Informação são os dados que têm significado para determinados
grupos. A comunicação é a transmissão de mensagens entre as pessoas. Assim, as TIC é a
união das três palavras e faz referência a um conjunto de avanços tecnológicos que
proporcionam a informática, as telecomunicações e as tecnologias audiovisuais que
compreendem os desenvolvimentos humanos relacionados com os computadores, internet,
telefone, os denominados “mas media”, os aplicativos de multimídias e a realidade virtual.
Estas tecnologias proporcionam informação, ferramentas de processamento e canais de
comunicação.
Porém, é importante salientar que o conceito de tecnologia é muito abrangente ao
ser utilizado no contexto da escola. As tecnologias são os meios, os apoios, as ferramentas
que o professor utiliza para que os educandos aprendam: giz, quadro negro, livro, revistas,
jornais, retroprojetor, data show, vídeo, as expressões corporais, faciais e orais.
De acordo com o Dicionário Informal Mídia significa:
Mídia: Propaganda; conjunto dos meios de comunicação (internet, rádio, televisão, jornais, revistas, etc.) para alcançar as massas com fins de propaganda; o pessoal ou seção que se incumbe desses contatos. Significa os meios de comunicação de massa (imprensa, televisão, rádio, internet, telefone, teatro, cinema, dança etc.). Curiosamente, trata-se da adoção, no Brasil, da pronúncia inglesa para a palavra latina "media" (sem acento, plural de "medius", que quer dizer "meio"), retirada da expressão "mass media" que, à sua vez, os ingleses extrairam da locução latina "media communicationis" (meios de comunicação). Em suma, os ingleses escrevem "media" e pronunciam "mídia". Já os portugueses não se deixaram contaminar pela língua inglesa e escrevem média, tal como a pronunciam. "Multimídia" (ou multimédia, em Portugal) emprega-se para referência a dois ou mais daqueles meios de comunicação de massa.
12
De acordo com Manovich (2003, p. 26-27) há uma diferença entre as “Antigas
Mídias” e as “Novas Mídias”, a “cibercultura”. Esse estudo ajuda no aprofundamento do
estudo do objeto de pesquisa do presente trabalho, por definir claramente cada um dos
campos em que se envolvem as chamadas TICs. “Eu definiria a cibercultura como o estudo
dos vários fenômenos sociais associados à internet e outras novas formas de comunicação
em rede”, já a “cibercultura não lida diretamente com novos objetos culturais capacitados
pelas tecnologias de comunicação em rede. O estudo desses objetos e o domínio das novas
mídias” “[...] Resumindo: a cibercultura concentra-se no social e na rede; as novas mídias
concentram-se no cultural e na computação” (MANOVICH, 2003, p. 26-27).
De acordo com o autor citado (2003, p. 27-28) “as novas mídias são objetos
culturais que usam a tecnologia computacional digital para distribuição e exposição”:
tecnologia computacional digital para distribuição e exposição - internet, os sites, a
multimídia de computadores, os jogos de computadores, os CD-ROMs e o DVD, a
realidade virtual e os efeitos especiais gerados por computador. Já os “objetos culturais que
usam a computação para a produção e o armazenamento, mas não para a distribuição final
— programas de televisão filmes de longa metragem, revistas, livros e outras publicações
com base no papel, etc. —, não são novas mídias” (MANOVICH, 2003).
Nesse sentido, cabe à escola fomentar as discussões sobre os conteúdos e as formas
midiáticas. O professor tem papel central nessa relação dialógica entre a mídia produzida e
o contexto escolar, preparando os estudantes para olharem para essas ferramentas e seus
conteúdos de forma crítica, discutindo-a no contexto de sistema, sem descaracterizar a
forma de utilização no meio escolar. Assim, mais do que lidar com as tecnologias é
necessário que os professores desenvolvam habilidades para trabalhar com o contexto em
que elas são produzidas já que as novas tecnologias trazem no seu bojo diversas formas de
interpretação do mundo e intenções que nem sempre são percebidas, pois são vistas de
forma naturalizadas.
As novas mídias podem ainda serem definidas a partir do entendimento de: novas
mídias como dados digitais controlados por software, novas mídias como o mix entre
convenções culturais existentes e as convenções do software, novas mídias como a estética
que acompanha o estágio inicial de todas as modernas mídias e tecnologias de
comunicação, As novas mídias como a execução mais rápida de algoritmos previamente
13
executados manualmente ou por meio de outras tecnologias, Novas mídias como
codificação da vanguarda modernista; as novas mídias como metamídias, entre outros
(MANOVICH, 2003).
Cabe à educação ter clareza sobre os fins que se propõe ao incluir as tecnologias no
processo de ensino-aprendizagem e a elaboração de novas concepções educacionais que
abrangem não só sua aplicação metodológica, mas também a definição do papel do
professor e do estudante diante da aplicação dos novos recursos educacionais.
4 METODOLOGIA
A pesquisa foi desenvolvida com os professores de educação física da rede publica
de educação da cidade de Ponta Porã/MS, utilizando o espaço da STE (Sala de Tecnologia
Educacional) e o NTE (Núcleo de Tecnologia Educacional).
Durante mais de três anos o NTE de Ponta Porã vem realizando cursos para
professores juntamente com o Proinfo (Programa Nacional de Tecnologia Educacional).
Entretanto, os cursos não atendem as especificidades de cada disciplina, deixando uma
lacuna e muitas dúvidas nos professores em como utilizar esses recursos em suas aulas. Ao
se contatar diversos professores da disciplina de Educação Física, percebe-se, que muitos
deles apresentavam dificuldades em manusear as diferentes mídias.
Para atender as necessidades de formação desses professores a fim de que adentrem
o universo prático das mídias e das tecnologias, utilizando-as como ferramentas de apoio
didáticas no ensino dos conteúdos da disciplina, por meio do NTE de Ponta Porã, foi
montado o Projeto Pedagógico “O Ensino de Educação Física e as Mídias: formação de
professores em novas e velhas tecnologias”, com o objetivo de demonstrar a importância
desses recursos no processo de ensino e aprendizagem de Educação Física, procurando
conscientizar os professores da importância de inserir seu conteúdo na cultura digital,
orientar os professores como operar os tipos de mídias disponíveis nas escolas, estudar os
casos de sucesso no uso das mídias em aulas de Educação Física,
Para atender aos objetivos do projeto foi realizado um levantamento bibliográfica e
cujo estudo das obras de maior relevância foi feito junto com os professores, que por hora
são chamados de estudantes do curso de formação, com o objetivo de muni-los com
14
referencial teórico que necessitam para compreender os principais conceitos relativos ao
âmbito das Tecnologias da Informação e Comunicação e das Mídias.
A população envolvida no desenvolvimento do projeto foi constituída por
professores da rede estadual de educação, com a duração de um semestre letivo. O grupo
composto inicialmente por 15 professores-estudantes participantes diminuiu, ficando
somente 13 deles até o final do processo de formação.
A definição do ambiente de pesquisa foi construída de forma colaborativa entre os
membros do NTE/Ponta Porã com o objetivo de contemplar as seguintes ações: inserir e/ou
aperfeiçoar as habilidades dos professores quanto aos usos e meios pedagógicos de
utilização da TIC, capacitando-os para produzirem e desenvolverem aulas com a utilização
das ferramentas e dispositivos disponíveis nas escolas em que trabalham.
O processo de definição do ambiente de pesquisa foi definido no NTE quando da
realização do levantamento das necessidades de capacitação dos professores quanto ao uso
dos recursos tecnológicos e midiáticos. A primeira parte do projeto consistiu em estudo
bibliográfico direcionado para a temática TIC e Mídias na Educação.
No primeiro modulo do curso foram apresentados os principais conceitos para que
compreendessem o contexto das mídias e TIC. A turma foi dividida em grupos de 3
membros. A síntese dos estudos realizados pelos grupos foi feita com a utilização da
ferramenta “Impress” do BR Oficce e seminários.
No segundo módulo iniciou-se com a apresentação das diferentes mídias e como
utilizá-las em sala de aula. Cada grupo escolheu uma mídia diferente para desenvolverem a
atividade a ser apresentada na aula seguinte, que era: montar uma aula sobre uma
determinada temática ou assunto e apresentar para os colegas.
Os demais módulos de igual forma foram sucedidos por discussões e formas de
apresentação e formulação do conteúdo com a utilização das mídias. Ao final do curso os
professores elaboraram um projeto a ser desenvolvido com os estudantes com os quais
trabalhavam.
A culminância do final desse projeto foi a realização de uma exposição com os
registros realizados em cada passo do projeto.
5 ANÁLISE DOS DADOS
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Na primeira aula do módulo foi aplicado um questionário com o objetivo de
averiguar o período em que os professores eram formados, como demonstra o Quadro 1.
Esta averiguação é importante, pois a partir dela pode-se perceber o envolvimento dos
professores com a cultura digital, já que os formados mais recentemente já cumpriram uma
grade curricular em seus cursos, cujas disciplinas abrangem e desenvolvem atividades
voltadas para a preparação dos professores com a utilização das diferentes mídias. E estes,
por conta da própria vivência cotidiana com as mídias têm maior domínio de
operacionalização das diferentes linguagens midiáticas.
Quadro 1: Tempo de Formação do professor de Educação física
PROFESSOR RESPOSTA
P 1 2 ANOS
P 2 6 ANOS
P 3 16 ANOS
P 4 12 ANOS
P 5 ESTUDANTE
P 6 5 ANOS
P 7 13 ANOS
P 8 2 ANOS
P 9 ESTUDANTE
P 10 ESTUDANTE
P 11 9 ANOS
P 12 20 ANOS
P 13 2 ANOS
16
P 14 13 ANOS
P 15 6 ANOS
Fonte: os autores (2012)
A turma iniciou-se com 15 professores. Desse total 6 já haviam feito curso de
informática ou computação, sendo que todos os entrevistados já manusearam um
computador. Esses resultados mostram que são poucos os docentes que têm procurado se
atualizar buscando cursos de informática. De acordo com Valente (2003) é fundamental
que hoje, os professores tenham conhecimento das técnicas de informática, pois seus
estudantes têm fácil acesso às informações por intermédio do computador e o professor
precisa mediá-las.
Gráfico 1: Professores com curso de computação
40%
60%
Sim Não
Fonte: os autores (2012)
O gráfico mostra que os Educadores estão se interando cada dia mais com as
tecnologias denominadas pelo cultura atual de “novas tecnologias” como aponta Manovich
(2003) que são as novas mídias que usam a tecnologia computacional digital.
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Gráfico 2: Professores que manusearam computadores
100%
Manusearam computadoresNunca manusearam computadores
Fonte: os autores (2012)
Dos 15 professores Pesquisado somente 6 iniciou suas atividades de operação de
micro computadores para atender as exigências do mercado de trabalho. A quantia de 7
professores com mais 6 anos de carreira no magistério afirmaram que manusearam por que
precisavam realizar algum tipo de atividade relacionada ao trabalho docente.
Entretanto, 87% ou seja, 13 educadores apresentavam dificuldades para manusear as
ferramentas disponíveis em um computador e para desenvolver as atividades relacionadas à
atividade docente. O gráfico 3 mostra esse resultado.
Gráfico3: Dificuldades em manusear computadores
87%
13%
Sim Não
18
Fonte: os autores (2012)
Apenas 60%, ou seja, 9 docentes realizavam atividades virtuais, como por exemplo,
possuir e-mail, conta em sites de relacionamento ou utilizavam a web com alguma
finalidade. Nesse sentido vale ressaltar as afirmativas de Pedro Demo (2008) para quem as
tecnologias podem contribuir significativamente com o processo formativo, mas antes se
faz necessário proporcionar processos formativos e construir ambientes para desenvolver os
sujeitos com potencial autônomo.
Gráfico 4 – Finalidade da utilização dos recursos midiáticos
60%
40%
Sim Não
Fonte: os autores (2012)
Para os 100% (15) professores que participaram dessa pesquisa consideraram
importante utilizar as tecnologias em suas aulas, porém 40% (6) dos participantes
utilizavam os recursos midiáticos tecnológicos em suas aulas. 87% (13) compreendiam
apenas as chamadas “novas tecnologias” como TICs descartando os livros, rádios, DVD e
TV entre outros.
Quando perguntados sobre o que entendiam por mídias, os professores
demonstraram compreender bem o seu significado apontando a mídia como o conjunto dos
meios de comunicação, como a internet, o rádio, a televisão, entre outros, além de
apontarem estes como os meios de comunicação. Entretanto ao versarem sobre a
compreensão do que é cultura digital 100% dos professores não souberam descrever um
19
entendimento sobre o assunto. Os professores/estudantes do curso apontaram a cultura
digital como sendo aquela que se recebe por meio da web ou produzida por meio destas
ferramentas, demonstrando desconhecer o processo pelos quais são produzidas e seus
objetivos, ficando a mercê de uma guerra ideológica, marcada pela concorrência capitalista
das empresas que pretendem vender seus produtos, mistificando o entendimento de “cultura
digital” por meio daquilo que Marx e Engels (2005) chamou de “distorção ideológica” para
manter os indivíduos alienados do mundo que os rodeia.
Somente 1% dos professores versou sobre hipertexto afirmando que o mesmo se dá
por meio da interconexão entre vários tipos de textos. Os demais professores/alunos
responderam que não sabiam do que se tratava.
Quando questionados sobre as mudanças que o laboratório de informática trouxe
para a escola os professores/estudantes apontavam que eram muitas: os alunos puderam ter
acesso aos computadores e ao mundo virtual, no qual forçou aos professores a utilizarem as
STE. Porém, quando indagados sobre “com que freqüência utilizavam a STE (Sala de
Tecnologia Educacional), 80 % (12) dos professores responderam que utilizam ao menos 2
vezes por bimestre, 7% (1) que raramente utilizam e os 13% (2) restantes afirmaram nunca
terem utilizado a STE. Na maioria das vezes isso ocorre por falta de domínio técnico e
pedagógico das ferramentas disponíveis nesse espaço. Assim se faz necessário seguir as
recomendações de Valente (2003) que afirma que primeiro temos que livrar os professores
da idéia errônea de que devem ser grandes especialistas em informática e em mídia digital
para depois tirar proveito desses conhecimentos nas atividades pedagógicas. Os
conhecimentos técnicos e pedagógicos devem andar juntos, teoria-prática-teoria em
concordância com as necessidades e as possibilidades técnicas que vão dando suporte ao
fazer técnico e pedagógico.
A última pergunta do questionário foi: “Quando utilizada a Sala de Tecnologia,
quais os tipos de recursos e programas que você utiliza durante a sua aula?” A esta
pergunta, 67% (10) dos professores/alunos responderam que realizavam trabalho de
pesquisa na web, 7% (1) utilizam programas relevantes na sua disciplina e 13% (2)
realizavam atividades online, os 13% (2) restantes afirmaram que não utilizavam os
recursos disponíveis na STE. Nesse sentido, cabe á educação e ao professor buscar
esclarecimento para inovar seus conhecimentos, desenvolver novas habilidades, buscar
20
inovar nas concepções metodológicas e definir o papel e o papel do aluno a ser
desenvolvido com a utilização das novas tecnologias.
Partindo do levantamento sobre o conhecimento demonstrado pelos docentes
incrementou-se o curso com o objetivo de atender as necessidades de conhecimento dos
professores.
5 Considerações Finais
Os resultados dessa pesquisa mostraram que as novas tecnologias e as mídias por si
só não salvam a educação. Entretanto, ao serem utilizadas de forma contextualizada são
grandes aliadas tanto para manter o status quo cultural e social, quanto, como ferramentas
de libertação da ideologia dominante.
As análises evidenciaram que os recursos midiáticos e tecnológicos sem a
contextualização do Docente não tem o poder de libertação da alienação ideológica
dominante que passa a sociedade.
Mesmo para os professores que trabalham com as mídias e TIC dentro de um
enfoque critico e contextualizada, as mídias são recebidas como facilitadoras do trabalho,
pois com esses recursos midiáticos, ele tem a possibilidade de usar várias vezes o material
produzido.
Com este trabalho ficou evidente que os professores/alunos despertaram seu lado
criativo e passaram a levantar as várias possibilidades de uso das diferentes mídias nas
aulas de educação física.
Do desenvolvimento desse projeto e dos estudos relacionados a ele aqui
apresentados se chega mais facilmente à conclusão de que o acesso à informação seja por
que meio for (impresso ou eletrônico) é o grande desafio do professor. Estar atualizado,
levantar os meios e as formas de motivar os estudantes a aprender e difundir o
conhecimento pode contribuir para que eles desenvolvam a autonomia e o domínio de seus
saberes, compreendendo as linguagens que permeiam a sociedade em que se inserem.
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