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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca i
Farmácia Moreno
Mariana Ferreira Fonseca
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca ii
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia Moreno
maio de 2018 a agosto de 2018
Mariana Ferreira Fonseca
Orientador: João Alexandre Almeida
Tutor FFUP: Maria da Glória Correia da Silva Queiroz
Setembro 2018
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca iii
Declaração de Integridade
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso
ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,
ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se
devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de
referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e autoplágio constitui um ilícito
académico.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 26 de setembro de 2018
Mariana Ferreira Fonseca
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca iv
Agradecimentos
Chegando ao fim desta etapa não posso deixar de agradecer a todos os professores,
funcionários e estudantes da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, por terem feito
destes 5 anos um caminho de crescimento não só profissional, mas acima de tudo pessoal.
Agradeço profundamente à Farmácia Moreno, nomeadamente, ao Dr. João Almeida por
me ter dado, não só a possibilidade de estagiar na sua farmácia, mas também por toda a
disponibilidade que demonstrou em ensinar-me, ao longo destes 3 meses. A toda a equipa da
Farmácia Moreno, agradeço todos os ensinamentos e por terem sido o melhor exemplo de espírito
de equipa, dinamismo, consciência social, e profissionalismo que poderia ter tido. Agradeço
ainda, de forma especial, à Dra. Cátia Moreira por tudo o que me ensinou, por toda a paciência e
por todo o empenho, disponibilidade e preocupação ao longo deste processo. Ao Dr. José Carlos
Santos, à Dra. Filipa Araújo, à Sofia, à Dra. Rita Pinto e à Dra. Ana Rita, agradeço por me
transmitirem a vontade de querer saber sempre mais e tentar fazer sempre melhor, o espírito de
alegria com que contagiam quem passa pela Farmácia Moreno e todo o apoio prestado nestes
meus primeiros passos como farmacêutica. A convivência com cada um ao longo destes 3 meses
fez de mim uma melhor farmacêutica e sem dúvida uma melhor pessoa.
Agradeço ainda à Comissão de Estágios, em especial à Professora Doutora Glória Queiroz
por toda a disponibilidade e por toda a ajuda ao longo deste processo.
Por fim, agradeço à minha família, namorado e amigos por terem feito este percurso
possível, e por toda a paciência e apoio que me deram. Aos amigos que fiz na Faculdade de
Farmácia da Universidade do Porto agradeço por terem feito destes 5 anos inesquecíveis e por me
terem ajudado a crescer com todos os momentos, medos, apontamentos, lágrimas e sorrisos
partilhados.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca v
Resumo
O estágio em farmácia comunitária é a última etapa do Mestrado Integrado em Ciências
Farmacêuticas. É uma etapa indispensável para o seu término pois permite a consolidação dos
conhecimentos adquiridos ao longo do curso, e permite ainda adquirir todas as competências que
dizem respeito ao aconselhamento sobre o uso dos medicamentos, ao apoio e comunicação com
os utentes e à contribuição para a melhoria da saúde pública. A farmácia, além de um local de
saúde, é uma atividade comercial. O farmacêutico, além de respeitar os valores éticos e morais da
profissão, deve ter a capacidade de fazer com que a farmácia seja um negócio sustentável e
rentável do ponto de vista financeiro. O estágio foi, por isso, importante para adquirir outro tipo
de competências que não adquiri durante o percurso académico como a gestão, a logística e a
legislação.
O presente relatório retrata as atividades desenvolvidas durante o meu Estágio Curricular
em Farmácia Comunitária. Este decorreu na Farmácia Moreno e teve a duração de 3 meses. O
relatório encontra-se dividido em duas partes.
A primeira parte do relatório é dedicada ao enquadramento legal das farmácias, à
descrição das atividades desenvolvidas por mim durante o estágio, à gestão e logística da FM e
ao tipo de produtos e serviços que esta disponibiliza.
A segunda parte diz respeito aos temas que considerei relevante abordar durante o estágio:
a proteção solar e as picadas de insetos nas crianças, a higiene do sono, e a doença venosa crónica
e a doença hemorroidária.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca vi
Índice
Agradecimentos ............................................................................................................................ iv
Resumo .......................................................................................................................................... v
Índice de Abreviaturas ................................................................................................................. ix
Índice de Tabelas ........................................................................................................................... x
PARTE A – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio .................................................. 1
1. Introdução.................................................................................................................................. 1
2. Farmácia Moreno ...................................................................................................................... 2
2.1. Localização e horário de funcionamento ............................................................................ 2
2.2. Recursos humanos .............................................................................................................. 2
2.3. Perfil do utente ................................................................................................................... 2
2.4. Espaço físico e equipamentos ............................................................................................. 2
3. Fontes de informação ................................................................................................................ 4
4. Gestão em farmácia comunitária ............................................................................................... 4
4.1. Kaizen................................................................................................................................. 4
4.2. Sistema Informático ........................................................................................................... 5
4.3. Grupo de compras .............................................................................................................. 5
4.4. Gestão de stocks ................................................................................................................. 5
4.5. Fornecedores e realização de encomendas ......................................................................... 6
4.5.1. Encomenda a distribuidores grossistas ........................................................................ 6
4.5.2. Encomenda a laboratórios ........................................................................................... 7
4.6. Receção de encomendas ..................................................................................................... 7
4.7. Marcação de preços ............................................................................................................ 8
4.8. Armazenamento ................................................................................................................. 8
4.9. Controlo de validades ......................................................................................................... 9
4.10. Devoluções ..................................................................................................................... 10
5. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos ............................................................ 10
5.1. Medicamentos sujeitos a receita médica .......................................................................... 11
5.1.1. Prescrições médicas ................................................................................................... 11
5.1.2. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes ............................................................. 12
5.1.3. Sistema de preços de referência ................................................................................ 12
5.2. Sistema de comparticipação ............................................................................................. 13
5.3. Conferência de receituário e faturação ............................................................................. 14
5.4. Medicamentos não sujeitos a receita médica .................................................................... 14
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca vii
5.5. Outros produtos de saúde ................................................................................................. 15
5.5.1. Medicamentos de uso veterinário .............................................................................. 15
5.5.2. Dispositivos médicos ................................................................................................. 15
5.5.3. Produtos cosméticos e higiene corporal .................................................................... 16
5.5.4. Produtos fitoterápicos ................................................................................................ 16
5.5.5. Suplementos alimentares ........................................................................................... 17
5.5.6. Medicamentos homeopáticos .................................................................................... 17
5.5.7. Artigos de puericultura .............................................................................................. 17
6. Serviços adicionais .................................................................................................................. 18
6.1. Medição de parâmetros biológicos .................................................................................. 18
6.1.1. Medição da pressão arterial ....................................................................................... 18
6.1.2. Medição da glicémia ................................................................................................. 19
6.1.3. Determinação do perfil lipídico ................................................................................. 19
6.2. VALORMED ................................................................................................................... 20
6.3. Programa de Troca de Seringas ........................................................................................ 20
6.4. Promoção e educação para a saúde .................................................................................. 20
7. Farmacovigilância ................................................................................................................... 21
8. Formação complementar ......................................................................................................... 21
PARTE B – Projetos desenvolvidos durante o estágio ............................................................... 22
1. Projeto I – Proteção solar e picadas de insetos em crianças .................................................... 22
1.1. Proteção solar ................................................................................................................... 22
1.1.1. Radiação solar e índice ultravioleta ........................................................................... 22
1.1.2. Danos da radiação UV na pele e fotótipos de pele .................................................... 23
1.1.3. Fotoenvelhecimento .................................................................................................. 24
1.1.4. Radiação UV e risco de cancro ................................................................................. 24
1.1.5. Proteção solar e outras medidas preventivas ............................................................. 25
1.1.6. Tratamento das queimaduras solares ......................................................................... 25
1.2. Picadas de insetos ............................................................................................................. 26
1.3. Motivação e objetivos ...................................................................................................... 26
1.4. Concretização ................................................................................................................... 27
2. Projeto II – Higiene do sono.................................................................................................... 27
2.1.1. Ciclo do sono ............................................................................................................. 28
2.1.2. Regulação do sono .................................................................................................... 28
2.1.3. Padrões de sono segundo a idade .............................................................................. 29
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca viii
2.1.4. Diferenças entre géneros ........................................................................................... 29
2.1.5. Efeitos da privação de sono ....................................................................................... 30
2.1.6. Insónia e as suas causas ............................................................................................. 30
2.1.7. Higiene do sono ......................................................................................................... 31
2.1.8. Terapia farmacológica ............................................................................................... 32
2.2. Motivação e objetivos ...................................................................................................... 34
2.3. Concretização ................................................................................................................... 34
2.4. Resultados ........................................................................................................................ 35
2.5. Conclusão ......................................................................................................................... 36
3. Projeto III – Doença venosa e doença hemorroidária ............................................................. 36
3.1. Doença venosa .................................................................................................................. 36
3.1.1. Fatores de risco.......................................................................................................... 37
3.1.2. Classificação.............................................................................................................. 37
3.1.3. Tratamento ................................................................................................................ 37
3.2. Doença hemorroidária ...................................................................................................... 39
3.2.1. Tratamento ................................................................................................................ 40
3.3. Motivação e objetivos ...................................................................................................... 40
3.4. Concretização ................................................................................................................... 41
Conclusão .................................................................................................................................... 41
Referências bibliográficas ........................................................................................................... 43
Anexos......................................................................................................................................... 50
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca ix
Lista de Abreviaturas
AIM – Autorização de Introdução no Mercado
ANF – Associação Nacional de Farmácias
ARS – Administração Regional de Saúde
BDZ - Benzodiazepinas
BPF – Boas Práticas Farmacêuticas
CCF – Centro de Conferência de Faturas
CNP – Código Nacional do Produto
DCI – Denominação Comum Internacional
DPOC – Doença Pulmunar Ostrutiva Crónica
DVC – Doença Venosa Crónica
FEFO – First Expired First Out
FIFO – First In First Out
FM – Farmácia Moreno
ICSD – International Classification of Sleep Disorders
INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde
IUV – Índice Ultravioleta
IVA – Imposto sobre Valor Acrescido
MNSRM – Medicamento Não Sujeito a Receita Médica
MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica
NREM – Non Rapid Eye Movement
PA – Pressão Arterial
PF – Preço de Faturação
PIC – Preço Inscrito na Cartonagem
PVP – Preço Venda ao Público
REM – Rapid Eye Movement
SGQ – Sistema de Gestão de Qualidade
SNS – Serviço Nacional de Saúde
SPACV – Sociedade Portuguesa de Angiologia e Cirurgia Vascular
UV – Ultravioleta
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca x
Índice de Tabelas
Tabela 1: Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio…………………...……1
Tabela 2: Formações frequentadas durante o de estágio……………………………...…………21
Tabela 3: Índice Ultravioleta……………………………………………………………………23
Tabela 4: Descrição dos diferentes fototipos de pele………………...…………………………23
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 1
PARTE A – Descrição das atividades desenvolvidas no estágio
1. Introdução
Dada a sua ampla cobertura geográfica, com mais de 2.900 farmácias em Portugal [1], a
atividade farmacêutica tem-se centrado cada vez mais no cidadão. As farmácias são por isso
entidades essenciais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) assegurando a acessibilidade ao
medicamento, a equidade na prestação de serviços de saúde de qualidade a todos os cidadãos e
têm ainda um papel chave na promoção do uso responsável do medicamento. Esta proximidade
ao cidadão faz com que o farmacêutico comunitário tenha uma posição privilegiada para poder
contribuir em áreas como a gestão da terapêutica, administração de medicamentos, determinação
de parâmetros, identificação de pessoas em risco, deteção precoce de diversas doenças e
promoção de estilos de vida mais saudáveis [2]. Torna-se assim indispensável que todos os
estudantes de Ciências Farmacêuticas passem pela experiência de estagiar numa farmácia
comunitária antes de terminar o ciclo de estudos para que se tornem também eles próximos
daquele que é o principal foco da profissão, a população.
Escolhi fazer o meu estágio na Farmácia Moreno (FM), pelo feedback de colegas que lá
realizaram o estágio e que enalteceram a excelente organização e funcionamento interno, o
envolvimento com a comunidade e o cuidado em garantir que os estagiários aprendam.
O estágio teve a duração de 3 meses com o total de 37,5 horas semanais. O cronograma das
atividades desenvolvidas por mim durante o estágio encontra-se representado na Tabela 1.
Tabela 1 – Cronograma das atividades desenvolvidas durante o estágio.
Atividades Maio Junho Julho Agosto
Gestão em farmácia
Serviços farmacêuticos
Atendimento
Formações
Projeto I
Projeto II
Projeto III
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 2
2.Farmácia Moreno
2.1. Localização e horário de funcionamento
A FM localiza-se no largo de S. Domingos, nº44, no Porto, desde o seu ano de abertura,
em 1804. É a segunda farmácia mais antiga do Porto, tendo deste ponto de vista, uma importância
histórica para a cidade. Estando localizada no centro histórico do Porto usufrui de uma atmosfera
turística com uma pluralidade comercial e de serviços. É também um local com boa
acessibilidade, tanto de transporte públicos como privados, devido à proximidade de transportes
públicos e da estação de comboios.
Encontra-se em funcionamento todos os dias da semana, exceto aos feriados, com um
horário das 9 h às 21 h. Efetua ainda serviços permanentes de acordo com a escala emitida pela
Associação Nacional das Farmácias (ANF) e a Administração Regional de Saúde (ARS), estando
a farmácia em funcionamento desde a hora de abertura até à hora de fecho do dia seguinte.
Ficou desde logo acordado que o meu horário seria das 10 h às 18:30 h com uma hora de
almoço das 13 h às 14 h.
2.2. Recursos humanos
A Direção Técnica está a cargo do Dr. João Almeida, que tem como funções coordenar e
dirigir a equipa, planear a atividade da farmácia e assegurar a implementação do Sistema de
Gestão da Qualidade (SGQ). A equipa conta ainda com 5 farmacêuticos e 1 técnica de farmácia.
É uma equipa jovem e dinâmica, que procura promover a saúde da comunidade e que está atenta
à sua responsabilidade social, desenvolvendo inúmeras atividades dentro e fora da farmácia de
cariz social e de promoção da educação para a saúde. Juntos desenvolvem um trabalho de equipa
que assenta na organização, na entreajuda e na comunicação e cujo principal objetivo é oferecer
um serviço de qualidade a todos os utentes.
2.3. Perfil do utente
Devido à sua localização no centro histórico do Porto e ao crescimento exponencial do
turismo na cidade, o perfil dos utentes divide-se em 2 grandes grupos, o grupo dos turistas que é
um grupo bastante heterogéneo de diferentes faixas etárias, nacionalidades e necessidades, e o
grupo dos residentes locais que se caracteriza por uma idade mais avançada, polimedicados e que
recorrem a medicação crónica para as patologias mais comuns, como hipertensão, dislipidemias
ou diabetes. Outro grupo de utentes é o dos trabalhadores/ comerciantes da zona que recorrem à
farmácia para situações pontuais.
2.4. Espaço físico e equipamentos
A FM mantem a fachada do início do século XIX que é considerada um marco arquitetónico
da cidade (Anexo I). A parte exterior possui 2 montras usadas para divulgar alguns produtos,
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 3
normalmente, relacionados com a época do ano ou com as campanhas promocionais a decorrer.
A farmácia está devidamente identificada com o vocábulo “farmácia” em diferentes idiomas e
com o símbolo “cruz verde”, tem visível a identificação da direção técnica, o horário de
funcionamento, serviços prestados e respetivos preços e as farmácias em regime de serviço
permanente, respeitando assim a legislação em vigor [3,4]. A FM cumpre ainda as Boas Práticas
Farmacêuticas para a Farmácia Comunitária (BPF) no que diz respeito à acessibilidade para todos
os utentes [5].
O espaço interno encontra-se dividido em 4 pisos e possui instalações que garantem não só a
segurança dos medicamentos, como também, a acessibilidade e privacidade dos utentes, seguindo
assim as especificações da legislação em vigor e do manual de BPF [3-5].
No piso 0 encontra-se a área de atendimento que dispõe de 4 balcões individualizados, que
permitem um atendimento mais personalizado e reservado, com lineares do lado do balcão e do
lado do público, utilizados para a exposição de produtos cosméticos, de puericultura, suplementos
alimentares, medicamentos para uso veterinário, produtos de higiene oral, Medicamentos Não
Sujeitos a Receita Médica (MNSRM), dispositivos médicos, entre outros; a zona de receção de
encomendas, onde além da receção e gestão de encomendas se efetua a gestão das reservas; o
armazém da medicação que contém também um frigorífico para os medicamentos do frio e o
gabinete de atendimento personalizado onde se efetua a determinação de parâmetros bioquímicos
e a prestação de serviços de primeiros socorros.
O piso 1 dispõe de um armazém de excedentes de produtos, um laboratório, o museu
“Memórias da Pharmácia” e 2 gabinetes destinados a consultas de osteopatia, podologia e
nutrição.
O museu “Memórias da Pharmácia” permite dar a conhecer não só os 200 anos de história da
FM, mas também a história da farmácia em Portugal. Nele estão presentes máquinas antigas para
a produção de comprimidos e fecho de frascos de xaropes, cartazes comerciais da época, cadernos
com “fichas técnicas” dos medicamentos produzidos, nomeadamente do Doce Alívio®, do qual,
ainda hoje, a farmácia detém a Autorização de Introdução no Mercado (AIM). O museu está
disponível para visitas guiadas desde que estas sejam atempadamente marcadas.
O piso 2 é destinado aos gabinetes da administração e gestão, e também a um armazém onde
é armazenado o material publicitário usado nas campanhas e nas montras. No piso 3 localiza-se
outro dos gabinetes de administração e gestão e ainda a sala de convívio e alimentação. Por fim,
no piso 4 encontra-se a sala de reuniões. Todos os pisos, à exceção do 0, dispõem de instalações
sanitárias.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 4
3. Fontes de informação
A FM dispõe de uma biblioteca atualizada onde se encontram a Farmacopeia Portuguesa e o
Prontuário Terapêutico, tendo este também uma versão online atualizada, seguindo assim as
orientações do BPF e da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde
(INFARMED) [5,6]. Além destes, possuí ainda fontes de informação de carácter opcional, como
o Formulário Galénico Português, Índex Merck, entre outros. Contudo, dado o fácil e rápido
acesso à informação, o Sifarma 2000® é a fonte informativa mais utilizada na farmácia quando
surge a necessidade de obter informação acerca das indicações terapêuticas, posologias e
contraindicações de um medicamento. Por vezes também se recorre ao resumo das características
do medicamento e ao Infomed, uma base de dados de medicamentos online criada pelo
INFARMED.
4. Gestão em farmácia comunitária
A gestão assume-se como fundamental em qualquer atividade comercial, de forma a
assegurar a estabilidade e sustentabilidade do negócio. Numa farmácia o desafio é ainda maior
devido à componente ética que lhe está associada, uma vez que contempla a componente
comercial, que é fundamental para a sua sobrevivência, e a de saúde pública, que é de máxima
responsabilidade.
4.1. Kaizen
A FM tem implementado um sistema de gestão Kaizen, um conceito japonês que significa
melhoria contínua. Estas melhorias são feitas em pequena escala e por todos os elementos da
equipa resultando, quando feitas com regularidade, em melhorias com grande impacto ao nível
da produtividade, da eficácia, da segurança e da redução de desperdício.
No “quadro Kaizen”, que se encontra no Backoffice, estão as tarefas atribuídas a cada
elemento da equipa, o estado de desenvolvimento da mesma, a missão do mês, os objetivos
mensais, um calendário do mês corrente com as atividades programadas e as reuniões e há ainda
um espaço disponível para divulgar diversas informações e para apresentar sugestões. A filosofia
Kaizen está também presente na organização do espaço da farmácia, estando cada zona
devidamente delineada e identificada, o que permite uma maior acessibilidade, organização e, por
conseguinte, rentabilização do tempo. Regularmente a equipa reúne-se junto do “quadro Kaizen”
e um coordenador, que é rotativo, informa a equipa do ponto de situação em relação aos objetivos
e às tarefas, é também um momento para transmitir informações importantes relacionadas com a
farmácia, fazer sugestões de projetos e resolver problemas em conjunto.
Foi a primeira vez que estive em contacto com este tipo de sistema e considero uma mais
valia para a farmácia, uma vez que melhora a comunicação interna, mantém a organização o que
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 5
permite poupar recursos e rentabilizar o tempo, torna a resolução de problemas mais rápida e
eficiente, assim como, garante o envolvimento e motivação de todos os intervenientes na melhoria
contínua da farmácia e do serviço prestado.
4.2. Sistema Informático
A FM utiliza como software o Sifarma 2000® em todos os seus computadores. É uma
ferramenta essencial para a gestão da farmácia, uma vez que, possibilita a gestão do produto desde
a sua entrada na farmácia até à sua saída, permitindo o controlo dos stocks e a gestão dos prazos
de validade. Tem também um papel muito importante na otimização do atendimento dada a
possibilidade de leitura de receitas médicas eletrónicas, de permitir o acompanhamento dos
utentes através do registo do seu histórico e disponibilizar um acesso rápido a toda a informação
sobre os medicamentos, como a indicação terapêutica, posologia, contraindicações, interações
medicamentosas e efeitos adversos possíveis, auxiliando muitas vezes o farmacêutico no ato da
dispensa.
4.3. Grupo de compras
A FM está integrada num grupo de compras o que lhe possibilita a negociação mais
eficiente e eficaz com laboratórios farmacêuticos e distribuidores grossistas obtendo vantagens
comerciais que são fundamentais para a rentabilização das despesas, o que garante a
sustentabilidade económica da farmácia.
4.4. Gestão de stocks
A gestão de stocks é essencial para garantir a sustentabilidade da farmácia e deve garantir
níveis de stocks mínimos necessários que respondam à procura dos utentes, ao mesmo tempo que
deve evitar desperdícios. Se por um lado um stock elevado diminui o risco de esgotamento e
aumenta a probabilidade de satisfazer o cliente e assim diminuir o risco de perda de fidelização,
por outro, dificulta o controlo do stock, aumenta o risco de desperdícios e gastos com o
processamento de devoluções e abates. Há alguns fatores externos que devem ser tidos em conta
no processo de gestão do stock, nomeadamente, a sazonalidade, a existência de campanhas
promocionais, o público-alvo, a existência de bonificações e condições de pagamento e as normas
impostas pela legislação (necessidade de ter em stock, no mínimo, 3 medicamentos de cada grupo
homogéneo de entre os cinco medicamentos de preço de venda ao público (PVP) mais baixo) [7].
O Sifarma 2000® tem um papel muito importante uma vez que permite o registo de todos
os movimentos de um produto, desde a sua encomenda até à sua dispensa. No sistema é ainda
possível estabelecer um stock máximo e mínimo para cada produto, desta forma, no momento de
efetuar a encomenda, o sistema informa quais os produtos que atingiram o stock mínimo e que
são necessários encomendar para repor o stock.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 6
Apesar deste cuidado com a gestão de stocks, por vezes, podem surgir situações em que
o stock físico não corresponde ao stock informático, nestas situações é necessário conferir o
inventário e tentar encontrar o erro, registando depois num impresso que se encontra na farmácia
para esse efeito, para que o stock seja depois corrigido. Os erros podem ser devidos a falhas ao
nível da receção de encomendas, erros na etiquetagem, roubos ou perdas. Para que estes erros
não ocorram com frequência é necessário manter a organização e o cuidado de toda a equipa
desde a encomenda até à dispensa, ter atenção aos produtos que estão no linear de forma a evitar
roubos e deve ainda realizar-se inventários periodicamente.
4.5. Fornecedores e realização de encomendas
4.5.1. Encomenda a distribuidores grossistas
A FM, tal como a maioria das farmácias, trabalha maioritariamente com armazenistas de
distribuição grossistas, nomeadamente a Alliance Healthcare, a Botelho e a Plural. O facto de
trabalhar com mais do que um distribuidor permite diminuir a possibilidade de rutura de stock e
gerir as encomendas de forma a conseguir os produtos ao melhor preço disponível entre os
fornecedores.
Ter um distribuidor principal é vantajoso na mediada em que permite o acesso a produtos
condicionados, diminuindo a possibilidade de rutura, um peso negocial diferenciado e garante
uma resposta mais rápida, uma vez que pode aumentar o número de entregas à farmácia e até
mesmo a disponibilidade de produtos.
Na FM são efetuados 3 tipos de encomendas, as diárias informatizadas, as instantâneas e
manuais. As diárias informatizadas são efetuadas com base nos stocks máximos e mínimos que
foram previamente introduzidos na ficha do produto no Sifarma 2000®, desta forma, o sistema
informático gera uma proposta de encomenda que contém todos os produtos que atingiram o
ponto de encomenda. Esta proposta de encomenda é depois analisada pelo farmacêutico
responsável que pode retirar produtos, adicionar outros e alterar a quantidade a pedir, sendo
depois enviada ao respetivo fornecedor. As encomendas instantâneas são feitas durante o
atendimento, quando o cliente solicita um produto que não consta no stock da farmácia naquele
momento. São realizadas informaticamente, sendo possível escolher o fornecedor, verificar a
disponibilidade, o preço e a hora prevista de chegada à farmácia.
O Projeto Via Verde consiste num tipo especial de encomenda instantânea que é gerada
para a aquisição de certos medicamentos (Spiriva®, Symbicort®, Atrovent®, Lovenox®, etc.).
Nestas situações é necessário associar à encomenda um número de receita válida, a encomenda
será então feita com maior rapidez pois provém de um stock destinado a satisfazer as necessidades
das farmácias neste tipo de medicamentos. As encomendas podem ainda ser feitas de forma
manual, por telefone, de forma a obter produtos que não aparecem disponíveis no sistema
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 7
informático. Estas encomendas não ficam registadas no Sifarma 2000® e por isso têm que ser
criadas manualmente.
Durante o meu estágio na FM foi-me dada a oportunidade de efetuar encomendas
instantâneas e manuais, as encomendas diárias, dada a sua complexidade, eram elaboradas pelos
farmacêuticos responsáveis por essa tarefa.
4.5.2. Encomenda a laboratórios
Algumas encomendas são feitas diretamente ao fabricante, sendo mais frequente no caso
de produtos de dermocosmética, dispositivos médicos, produtos de puericultura, entre outros.
Nestes casos as encomendas são feitas via e-mail ou após uma reunião com o delegado comercial.
Nestas reuniões, o farmacêutico responsável pela encomenda e o delegado comercial, através da
análise de mapas de vendas da farmácia elaboram uma nota de encomenda que deve ser conferida
no momento da receção da encomenda.
Estas encomendas têm a vantagem de não incluírem uma margem de lucro para o
distribuidor, além disso, muitas vezes têm condições comerciais mais favoráveis uma vez que são
encomendadas grandes quantidades. Têm a desvantagem de ter um tempo de entrega mais longo
que a praticada pelos distribuidores grossistas.
4.6. Receção de encomendas
As encomendas são entregues nos contentores próprios, numerados, devidamente
identificados com o nome da farmácia e acompanhados de uma fatura em duplicado. Os produtos
que necessitam de refrigeração são transportados em contentores térmicos, para assegurar a
manutenção da cadeia de frio, e são ainda identificados com a designação “Medicamentos de
frio”, de forma a serem os primeiros a ser retirados do contentor para serem colocados no
frigorífico na divisão de “em espera”.
A receção de encomendas é feita no separador “Receção de Encomendas”, do Sifarma
2000®, onde estão todas as encomendas efetuadas ou pendentes, tendo cada uma o nome do
distribuidor e um número de identificação pelo qual é escolhida.
No caso das encomendas diárias ou instantâneas da Alliance a entrada é automática, ou seja,
o sistema origina uma listagem dos produtos através da qual se procede à confirmação da
encomenda. Deve-se conferir a quantidade dos produtos enviados, a validade e se o Preço Inscrito
na Cartonagem (PIC) corresponde ao Preço de Venda ao Público (PVP) e, ainda, a existência ou
não de descontos ou bonificações. Quando o PIC é diferente do PVP, e caso não exista mais
nenhuma embalagem na farmácia, atualiza-se o preço no sistema. Quando existe mais alguma
embalagem em stock coloca-se um elástico na embalagem nova para distinguir das que ainda têm
o preço antigo. Nos produtos sem PIC deve-se, ainda, verificar a margem e ajustar se necessário.
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Mariana Ferreira Fonseca 8
Os produtos esgotados são transferidos para serem novamente encomendados. Sempre que
na encomenda venha um medicamento psicotrópico, este é o primeiro a ser conferido para ser
guardado de imediato no armário de estupefacientes e psicotrópicos.
As encomendas manuais e as encomendas feitas à empresa Botelho têm uma entrada manual.
Primeiro, verifica-se se na mesma fatura existe mais do que uma encomenda, caso exista devem
ser agrupadas sendo depois inserido o número da fatura e o respetivo valor total. Os produtos são
depois inseridos um a um através do Código Nacional do Produto (CNP) ou da leitura do código
de barras, confere-se o número de embalagens recebido, a validade do produto, o PIC se tiver e a
margem se não tiver PIC. Depois de aprovada a encomenda, a fatura deve ser assinada e guardada
no respetivo local pela pessoa que lhe deu entrada. Para os produtos de venda livre que não
possuem PIC, uma vez que o PVP é definido pela farmácia, procede-se à impressão de etiquetas
que são coladas nos produtos de forma a não ocultar o prazo de validade, o lote ou outras
informações relevantes.
Quando as encomendas apresentam inconformidades o fornecedor é contactado e define-se a
forma de reembolsar a farmácia. O fornecedor, a inconformidade, a forma de reembolso e a data
são depois registadas numa ficha para o efeito.
A receção de encomendas foi uma das primeiras tarefas que executei na FM, tendo-me
permitido familiarizar com o sistema informático e contactar com os produtos que diariamente
chegam à farmácia. Além de que se trata de uma tarefa de extrema importância para a organização
e funcionamento da farmácia.
4.7. Marcação de preços
Após a receção da encomenda é necessário e obrigatório por lei proceder à marcação de
preços, indicando o PVP na rotulagem dos medicamentos [8]. É da competência do INFARMED,
a regulamentação das margens de comercialização sobre os produtos sujeitos a receita médica
[9,10]. No caso dos medicamentos de venda livre o PVP é definido pela farmácia tendo em
consideração o preço de fatura, a margem de comercialização e o Imposto sobre Valor Acrescido
(IVA). Para estes produtos é ainda necessário proceder à impressão de etiquetas, que são coladas
nos produtos de forma a não ocultar o prazo de validade, o lote ou outras informações relevantes.
Em alguns casos são usadas etiquetas reglet.
4.8. Armazenamento
O armazenamento dos produtos é um ponto crucial na organização da farmácia, uma vez que,
garante a conservação das propriedades dos produtos, simplifica a dispensação e facilita a gestão
de stocks. Os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e alguns MNSRM estão
armazenados em gavetas, por ordem alfabética e dosagem, estando agrupados por forma
farmacêutica e/ou via de administração. Estão divididos em xaropes, ampolas, comprimidos,
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 9
injetáveis, saquetas, pomadas, tópicos, pílulas, vaginais, colírios e pomadas oftálmicas, gotas
(orais e auriculares), supositórios, inaladores e antidiabéticos. Os medicamentos genéricos mais
vendidos na FM estão armazenados num conjunto de gavetas à parte para que o acesso a estes
seja mais rápido no momento da dispensa. Há ainda alguns medicamentos que devido à sua grande
rotatividade estão em gavetas junto do balcão de atendimento. Os estupefacientes e psicotrópicos
são armazenados numa gaveta à parte, com acesso condicionado.
Os medicamentos de venda livre encontram-se maioritariamente expostos atrás dos balcões
de atendimento, os produtos de dermocosmética, ortopedia, veterinária, entre outros, encontram-
se expostos em frente aos balcões de atendimento de forma a estarem mais acessíveis ao cliente.
Nos armários da zona de receção são armazenados os excedentes de medicamentos seguindo
a mesma ordem das gavetas, sendo um dos armários destinado às reservas. Nesta zona está
também o frigorífico onde são armazenados os produtos de frio, estes seguem também a ordem
alfabética e estão divididos em: vacinas, colírios, injetáveis e pomadas.
No Piso 1, encontram-se os excessos de produtos não medicamentosos, como fraldas,
produtos de higiene, entre outros.
O armazenamento dos produtos segue sempre o princípio First Expired, First Out (FEFO),
quando o produto não apresenta validade segue-se o princípio First In, First Out (FIFO), o que
facilita o controlo de validades.
De forma a garantir a correta conservação dos medicamentos e produtos farmacêuticos,
descritas no manual de BPF, regularmente são monitorizadas e registadas as condições de
temperatura e humidade através de termo-higrómetros [5].
Esta foi uma das primeiras tarefas que realizei no meu estágio, foi bastante útil, na medida
em que me permitiu familiarizar com o espaço e local de armazenamento de cada produto, o que
resultou, mais tarde, aquando do atendimento, numa diminuição do tempo de espera do utente e
por isso num aumento de produtividade.
4.9. Controlo de validades
O controlo dos prazos de validade inicia-se na receção da encomenda. É necessário verificar
todas as validades e retificar na ficha do produto sempre que a validade do produto a rececionar
seja inferior à dos produtos em stock. Todos os produtos que cheguem à farmácia com um prazo
de validade inferior a 3 meses são, imediatamente, colocados à parte para devolver, caso tenham
um prazo de validade inferior a 6 meses é analisado o histórico de vendas e o stock desse produto,
podendo em alguns casos permanecer na farmácia.
No final de cada mês é impressa uma listagem com os produtos em stock com validade até 6
meses. Estes produtos e o seu respetivo prazo de validade são verificados manualmente. Os que
têm um prazo de validade inferior a 3 meses são colocados para devolver. Os que expirem dentro
de 3 a 6 meses são marcados com uma etiqueta num local que favoreça o seu escoamento. No
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 10
caso de o prazo de validade do produto ser maior que o indicado na ficha informática este tem
que ser atualizado.
4.10. Devoluções
Na FM existe um local onde se colocam os produtos a devolver. Para que estes produtos
sejam devolvidos ao respetivo fornecedor é necessário criar uma Nota de Devolução, nesta deve
constar o número da fatura na qual o produto a devolver veio para a farmácia, a quantidade e o
motivo da devolução. São impressas 3 vias que são carimbadas e assinadas. O original e o
duplicado acompanham o produto e o triplicado é arquivado na farmácia. A maioria das
devoluções são feitas porque os produtos não vieram com Preço de Faturação (PF) correto, por
danos na embalagem e por terem validade inferior a 6 meses. Depois de feita a devolução o
produto deixa de existir no stock, caso a devolução não seja aceite é necessário regularizar a
devolução e dar quebra do produto. Quando a devolução é aceite é enviada uma nota de crédito
ou existe troca do produto.
5. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos
A dispensa de medicamentos e produtos de saúde é o ato mais importante do farmacêutico
em farmácia comunitária. Este ato pode ser feito perante uma prescrição médica, em regime de
automedicação ou por indicação terapêutica [5]. O farmacêutico é o último profissional de saúde
que contacta com o doente antes deste iniciar o regime terapêutico, assim sendo, durante a
dispensa, deve avaliar a medicação dispensada com o objetivo de proteger o doente de eventuais
resultados negativos associados à medicação. Compete ainda ao farmacêutico fornecer toda a
informação indispensável para o uso seguro e racional dos medicamentos, estimulando também
a adesão à terapêutica.
Durante os 3 meses de estágio tive a oportunidade de desenvolver competências ao nível do
aconselhamento farmacêutico, tendo sido muito importante não só para aplicar em situações reais
os conhecimentos adquiridos ao longo do curso e ao longo do estágio, mas também pela
componente pessoal envolvida, uma vez que me deparei com utentes muito distintos, com
diferentes classes sociais, faixas etárias e nacionalidades. Interagir com os utentes, perceber as
suas necessidades, educar para a saúde e promover a adesão à terapêutica foram algumas das
competências que desenvolvi ao longo do período de atendimento. A automedicação é uma das
vertentes a que o farmacêutico deve estar atento, uma vez que, em muitos casos, a pessoa foi
aconselhada por um vizinho ou amigo que pensa ter tido o mesmo problema, quando na realidade
não é o que se verifica, sendo que muitas das vezes o medicamento solicitado era um MSRM.
Nestes casos tentei sempre perceber os motivos do pedido de forma a indicar um MNSRM eficaz
e adequado à necessidade do utente. Na dispensa de receitas médicas tentei sempre certificar-me
que o doente sabia o que estava a tomar, para que estava a tomar e como tomar. Uma vez que
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 11
notei que muitos dos utentes não sabiam essas informações acerca do produto que lhes foi
prescrito, principalmente quando se tratava de medicação que nunca tinham feito.
5.1. Medicamentos sujeitos a receita médica
Designam-se MSRM aqueles que possam constituir um risco para a saúde do doente caso
sejam usados sem vigilância médica, que possam constituir um risco para a saúde quando
utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daqueles a que se
destina, contenham substâncias cuja atividade ou reações adversas sejam indispensáveis
aprofundar, ou caso se destinem a administração parentérica. A aquisição destes medicamentos
apenas pode ser realizada numa farmácia, com a apresentação de uma receita médica válida,
efetuada por um profissional de saúde habilitado para o efeito [11]. Cabe ao farmacêutico verificar
a validade da prescrição, dar todas as informações necessárias acerca da posologia, modo de
administração, reações secundárias e outras precauções que devem ser tomadas enquanto
submetido à terapêutica.
5.1.1. Prescrições médicas
A receita médica é prescrita pela Denominação Comum Internacional (DCI), dosagem,
indicação da forma farmacêutica, apresentação ou tamanho da embalagem e posologia. A
prescrição pelo nome comercial está reservada a situações de medicamentos sem similares ou que
não tenham medicamentos genéricos similares comparticipados. O prescritor pode, ainda, acionar
uma das 3 exceções que justificam a prescrição pelo nome comercial: Exceção A) medicamentos
com margem ou índice terapêutico estreitos; Exceção B) suspeita de intolerância ou reação
adversa a um medicamento com a mesma substância ativa; Exceção C) medicamentos para
tratamentos de duração superior a 28 dias [12]. Caso nenhuma das exceções acima descritas se
verifique, a dispensação pode ser feita como se estivesse prescrita por DCI.
Atualmente coexistem 3 tipos de receitas, as prescrições eletrónicas desmaterializadas,
eletrónicas materializadas e manuais [7]. A partir de dia 1 de abril de 2016 tornou-se obrigatória
a prescrição exclusiva através de receita eletrónica desmaterializada em todo o SNS [13]. Neste
caso o doente pode aceder à receita a partir da mensagem que lhe é enviada para o telemóvel ou
a partir da sua página do cidadão do SNS. Na mensagem é indicado o número da receita, o código
de dispensa e o código de direito de opção. Estas receitas apresentam a vantagem de o prescritor
poder prescrever um número ilimitado de produtos diferentes, contudo, continua a ter uma
limitação de 2 unidades de cada produto ou de 6 unidades quando se trata de um tratamento
continuado e prolongado. No caso dos medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de
embalagem unitária podem ser prescritas até 4 embalagens do mesmo medicamento, ou até 12
embalagens no caso de medicamentos de longa duração. O doente tem ainda a possibilidade
levantar a medicação à medida que necessita dela. Estas receitas têm uma validade de 30 dias
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Mariana Ferreira Fonseca 12
desde a sua emissão para os medicamentos de tratamentos curtos e médio prazo, e de 6 meses de
validade para tratamentos prolongados [7,12].
As prescrições eletrónicas materializadas podem ser renováveis, desde que contenham
medicamentos destinados a tratamentos de longa duração. Estas prescrições podem ter até 3 vias
e cada via da receita materializada tem um número de receita único. A validade destas receitas é
de 30 dias, mas pode ser renovável até 6 meses, para tratamentos de longa duração. Em cada
receita podem ser prescritos até 4 medicamentos distintos, num total de 4 embalagens por receita.
No máximo, podem ser prescritas 2 embalagens por medicamento. No entanto, no caso dos
medicamentos prescritos se apresentarem sob a forma de embalagem unitária podem ser prescritas
até 4 embalagens do mesmo medicamento, ou até 12 embalagens no caso de medicamentos
destinados a tratamentos de longa duração [7,12].
As receitas manuais continuam a ser usadas nas seguintes exceções legais: falência do
sistema informático, inadaptação do prescritor, prescrição ao domicílio ou prescrição máxima de
40 receitas por mês. Estas receitas não podem ser rasuradas, escritas a caneta diferente ou lápis
nem com caligrafia diferente. A receita manual só é valida se incluir número; local de prescrição,
respetivo código ou vinheta; identificação do médico prescritor; nome e número de utente;
número de beneficiário da entidade financeira responsável e regime especial de comparticipação,
representado pela letra “R” (pensionista) e “O” (utentes abrangidos por outro regime especial de
comparticipação); data e validade da prescrição e assinatura do prescritor. Não é permitido mais
que uma via destas receitas, ou seja, não são renováveis [7,12].
5.1.2. Dispensa de psicotrópicos e estupefacientes
Designam-se por medicamentos psicotrópicos e estupefacientes todos aqueles que
possuem substâncias que constam na legislação em vigor [14]. Estes medicamentos exigem um
controlo mais apertado, devido ao tráfico ilícito destas substâncias e ao risco de dependência.
Apesar de seguirem as mesmas regras de prescrição dos restantes medicamentos, têm de ser
prescritos numa receita médica isolada, no caso de a receita ser manual ou eletrónica
materializada. É também obrigatória a apresentação do cartão de identificação pelo adquirente no
momento da dispensa. O Sifarma 2000® solicita o preenchimento dos dados do médico prescritor
(nome), dados do utente (nome e morada) e dados do adquirente (nome, morada, número de
identificação pessoal, data de nascimento e validade do cartão de identificação) [12]. Após a
dispensa, imprime-se o comprovativo de venda, que é agrafado a uma cópia da receita e guardado
na farmácia durante 3 anos.
5.1.3. Sistema de preços de referência
No ato de dispensa, o farmacêutico deve informar o utente da existência de medicamentos
genéricos pertencentes ao mesmo grupo homogéneo, isto é, com a mesma substância ativa, forma
farmacêutica, apresentação e dosagem. A farmácia deve ter disponíveis, no mínimo, três de entre
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 13
os cinco com preço mais baixo de cada grupo homogéneo, tendo o utente o direito de optar por
qualquer medicamento genérico [15].
Para cada grupo homogéneo encontra-se definido um valor máximo de comparticipação
(preço de referência), ficando o utente responsável pelo pagamento da diferença entre o preço de
referência e o PVP. O preço de referência para cada grupo homogéneo é calculado a partir da
média dos cinco PVP mais baixos [16].
5.2. Sistemas de comparticipação
De forma a garantir a acessibilidade do medicamento a toda a população, o SNS assume
o pagamento de uma parte do PVP. Esta comparticipação pode ser feita através de um regime
geral ou de um regime especial [12]. No regime geral de comparticipação o estado paga uma
percentagem do PVP de acordo com escalões, estabelecidos de acordo com a sua classificação
farmacoterapêutica. O Escalão A, tem 90% de comparticipação, é estabelecido a medicamentos
usados em afeções oculares, medicamentos antineoplásicos e imunomoduladores, etc. O Escalão
B, ao qual corresponde 69% de comparticipação, é aplicado a medicamentos anti-infeciosos, do
sistema nervoso central, do aparelho cardiovascular, entre outros. O Escalão C, com 37% de
comparticipação, inclui os medicamentos do aparelho geniturinário, locomotor, medicação
antialérgica. Por último, o Escalão D, que possui 15% de comparticipação, deste escalão fazem
parte os novos medicamentos [17].
O regime especial de comparticipação é destinado a casos mais específicos, neste regime
a comparticipação é feita em função do beneficiário ou em função da patologia. Tendo em conta
o beneficiário, o regime abrange pensionistas com rendimento anual total igual ou inferior a 14
vezes a retribuição mínima mensal. Nestas situações as receitas manuais e eletrónicas
materializadas devem apresentar um “R” junto aos dados do utente. A comparticipação é
acrescida de 5% (escalão A) ou em 15% (escalões B, C e D). Pode ainda ser de 95% para todos
os escalões nos medicamentos com PVP igual ou inferior ao 5º preço mais baixo do seu grupo
homogéneo [12,18]. A comparticipação em regime especial de acordo com a patologia é definida
por despachos próprios. Algumas patologias abrangidas por este regime são a alzheimer, a
hemofilia, o lúpus, a dor oncológica, artrite reumatoide e psoríase. Os produtos destinados ao
autocontrolo da diabetes Mellitus são também abrangidos por um regime de comparticipação, que
é de 85% do PVP nas tiras-teste e de 100% nas agulhas, lancetas e seringas. Os produtos dietéticos
com carácter terapêutico são comparticipados em 100% desde que prescritos em determinados
locais [12]. As câmaras expansoras também são comparticipadas, sendo esta comparticipação
80% do PVP, não podendo exceder os 28 euros e sendo limitada a uma câmara expansora por
utente [19]. O SNS comparticipa, também, com uma comparticipação de 100% do PVP, os
dispositivos médicos para doentes ostomizados e para doentes com incontinência ou retenção
urinária [20].
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Mariana Ferreira Fonseca 14
Além do SNS existem ainda subsistemas de origem privada, responsáveis por regimes de
comparticipação. Alguns exemplos são: o Serviço de Assistência Médico-Social (SAMS), o CTT-
Médis, SáVida, Abem, etc. Por vezes também surgem comparticipações de empresas seguradoras,
como a Seguradora Fidelidade e a Tranquilidade.
5.3. Conferência de receituário e faturação
O principal objetivo da conferência de receituário é assegurar o reembolso da
comparticipação. Na FM as receitas devem ser validadas no ato de dispensa, contudo, estas voltam
a ser verificadas no fim de cada mês. Confere-se a validade da receita, a assinatura do médico, se
a medicação dispensada foi a correta e se a comparticipação foi feita de forma correta, se está
assinada pelo utente, e se está carimbada, assinada e datada pelo responsável da dispensa. As
receitas são organizadas em lotes que contêm, no máximo, 30 receitas. Estas são agrupadas de
acordo com o organismo a que pertencem, como o 01 (SNS), 48 (pensionista), ou 99 (receitas
eletrónicas materializadas). Sempre que um lote é validado, é impresso o verbete de identificação
de lote, que discrimina o valor total das receitas, o valor da comparticipação e o valor pago pelos
utentes. O verbete é depois assinado e carimbado. Por último, para cada organismo (incluindo
regimes de comparticipação adicionais), é emitido um resumo de lotes e a Fatura Final do mês
[21].
De modo a receber o pagamento da comparticipação, a farmácia deve enviar ao Centro
de Conferência de Faturas (CCF) as receitas e respetiva documentação (informação de dispensa
de prescrições desmaterializadas, fatura eletrónica mensal correspondente ao valor de
comparticipação, notas de débito ou de crédito no caso de retificação de não conformidades em
faturas emitidas anteriormente) até ao 10º dia do mês seguinte, em invólucro com uma etiqueta
identificativa da farmácia e do número do volume face ao número total de volumes enviados. As
receitas de outros organismos são entregues na mesma data à ANF. No dia 25 é comunicado o
resultado do processo de conferência, se existirem erros a farmácia perde o dinheiro
correspondente à comparticipação. É possível, através do portal interno, ver os erros ou as
diferenças encontradas. Os documentos que possam ser corrigidos são devolvidos à farmácia e,
após correção, podem ser novamente submetidos [21].
5.4. Medicamentos não sujeitos a receita médica
São considerados MNSRM aqueles que não satisfazem nenhum requisito descrito na lei
para os MSRM [11]. Estes medicamentos, normalmente, são solicitados em regime de
automedicação ou por indicação farmacêutica, uma vez que, são usados para tratar ou aliviar
sintomas menores, de caráter não grave e autolimitados.
A automedicação ocorre quando o tratamento medicamentoso ocorre por iniciativa do
próprio utente, é muitas vezes feita de forma pouco consciente sendo por vezes desnecessária. É
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 15
importante, por isso, que o farmacêutico oriente a utilização do medicamento solicitado, devendo
inicialmente avaliar a necessidade do mesmo. Para tal é necessário que o utente seja questionado
acerca do seu problema, sintomas, outros problemas de saúde e medicação habitual.
Na indicação terapêutica o farmacêutico é responsável por selecionar um MNSRM com
o objetivo de aliviar ou tratar um problema de saúde ou um sintoma menor. Aquando da indicação,
o farmacêutico deve recolher toda a informação necessária, como os sintomas, a duração do
mesmo, problemas de saúde que o utente possa ter e restante medicação que utiliza, de forma a
evitar interações indesejadas.
Durante os 3 meses de estágio na FM a maior parte dos meus atendimentos foram de
indicação terapêutica para o tratamento e o alívio de sintomas menores. Dada a sazonalidade dos
MNSRM, as queixas mais frequentes eram sintomas de gripe, tosse, dor de garganta, alergias e
queimaduras solares. Também surgiram várias vezes pessoas com sintomas de infeções fúngicas,
obstipação, diarreia, problemas de sono, azia e indigestão. Dada a existência de elevada
quantidade de turistas, muitas vezes eram solicitados medicamentos que não eram
comercializados em Portugal, sendo necessário encontrar uma solução equivalente dentro das
opções da farmácia, sendo mais um desafio dentro do aconselhamento farmacêutico. Quando
aconselhamos algum MNRM é importante saber que comorbilidades o utente tem e que
medicação está a fazer. Durante o atendimento deparei-me muitas vezes com situações em que
tive que adaptar o atendimento não só aos sintomas que o utente queria tratar mas também ao seu
historial, nomeadamente doentes com diabetes que apresentavam irritação e infamação na
garganta, em que tive que optar por formulações sem açúcar. E ainda, o caso de um senhor que
pretendia um suplemento vitamínico e que mais tarde me disse que usava anticoagulantes, o que
me fez alterar o suplemento, uma vez que o que tinha selecionado continha vitamina K, que reduz
o efeito dos anticoagulantes.
5.5. Outros produtos de saúde
5.5.1. Medicamentos de uso veterinário
Os medicamentos de uso veterinário são fiscalizados pela Direção Geral de Alimentação
e Veterinária. A legislação define estes medicamentos como todas as substâncias com
propriedades curativas ou preventivas de doenças ou dos seus sintomas em animais, ou que sejam
administrados com o objetivo de estabelecer um diagnóstico ou de restaurar, corrigir ou modificar
funções fisiológicas [22]. A FM possui uma secção própria para produtos veterinários, sendo os
produtos mais vendidos: os desparasitantes internos e externos, produtos de higiene e desinfeção.
5.5.2. Dispositivos médicos
Designam-se dispositivos médicos todos os aparelhos, equipamentos, materiais ou artigos
usados com os seguintes objetivos: diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 16
uma doença ou deficiência; estudo; substituição ou alteração da anatomia ou de processos
fisiológicos; e ainda produtos usados no controlo da conceção. Todos os dispositivos médicos
têm que ter marcação CE [23].
A FM possui uma grande variedade de dispositivos médicos, como preservativos, pensos,
material para ostomizados, meias de compressão e de descanso, fraldas de incontinência, tiras de
controlo de glicemia, lancetas, seringas, entre outros.
5.5.3. Produtos cosméticos e higiene corporal
Segundo a legislação, um produto cosmético e de higiene corporal consiste em qualquer
substância ou mistura de substâncias destinada a ser colocada em contacto com diversas áreas da
superfície corporal, nomeadamente epiderme, sistema piloso e capilar, unhas, lábios e órgãos
genitais externos, ou com os dentes e mucosas bucais, com o objetivo principal de limpar,
perfumar, modificar o seu aspeto, proteger, manter em bom estado ou corrigir odores corporais
[24].
É possível encontrar na FM uma vasta gama de produtos cosmético, sendo a Eucerin®, a
Caudalie® e a MartiDerm® as marcas mais trabalhadas. No que diz respeito ao cuidado capilar
destacam-se os produtos para caspa e para queda de cabelo, sendo a Ducray® a marca
predominante. Na sexualidade e higiene íntima trabalha predominantemente as marcas Durex® e
Lactacyd®. A higiene oral é um dos setores em que a FM tem uma maior gama de produtos,
devido à elevada procura de escovas, colutórios e diferentes tipos de pastas de dentes.
Esta era umas das áreas sobre a qual possuía menos conhecimentos e tendo a FM uma
gama alargada destes produtos comecei por estudar as várias marcas com que a farmácia trabalha
o que me permitiu mais tarde um aconselhamento mais rápido, correto e completo. Tive ainda a
oportunidade de participar numa formação sobre proteção solar e outros produtos da Avene® e
outra formação onde foi abordada a gama de Oral Care da Pierre Fabre, ambas foram bastante
úteis uma vez que me foram dados conselhos bastante práticos que pude aplicar durante o
atendimento.
5.5.4. Produtos fitoterápicos
O Estatuto do Medicamento, distingue medicamentos à base de plantas, preparações à
base de plantas, substâncias derivadas de plantas e medicamentos tradicionais à base de plantas.
O rótulo destes produtos deve indicar a finalidade à qual se destina, a posologia e a indicação de
que o utente deve consultar o médico ou farmacêutico caso os sintomas persistam ou caso ocorram
efeitos secundários [11]. A FM possuí uma pequena gama destes produtos, a qual incluí chás e
infusões com diferentes finalidades (perda de peso, problemas do sistema urinário, ansiedade),
comprimidos com diferentes ações e xaropes para a tosse, sendo estes últimos os produtos
fitoterápicos mais procurados.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 17
5.5.5. Suplementos alimentares
Os suplementos alimentares destinam-se a completar e/ou suplementar um regime
alimentar normal, constituindo fontes concentradas de determinadas substâncias como nutrientes,
vitaminas, minerais, fibras e aminoácidos. O rótulo destes produtos deve ter sempre presente a
designação “Suplemento Alimentar”. Além desta exigência estes produtos também não podem
alegar propriedades profiláticas, de tratamento ou curativas de doenças [25].
Na FM é frequente os utentes requisitarem este tipo de produtos, as requisições mais
frequentes são de suplementos para combater o cansaço mental e físico, a fadiga e a perda de
memória, também é frequente a venda de suplementos de magnésio e de suplementos para a saúde
dos ossos e articulações.
5.5.6. Medicamentos homeopáticos
Designam-se por medicamentos homeopáticos aqueles que são “obtidos a partir de
substâncias denominadas stocks ou matérias-primas homeopáticas, de acordo com um processo
de fabrico descrito na farmacopeia europeia ou, na sua falta, na farmacopeia oficial de um Estado
Membro”. Segundo a legislação os medicamentos homeopáticos de registo simplificado
(administração por via oral ou externa) têm que apresentar uma diluição que garanta a inocuidade
do medicamento [11]. Apenas estão disponíveis alguns produtos homeopáticos na FM,
nomeadamente o Oscilococcinum®, o Coryzalia®, o Stodal® e a Arnica dos laboratórios
Boiron®. Durante o meu estágio não registei uma grande procura deste tipo de produtos, é de
notar que a procura era feita, na sua maioria, por turistas.
5.5.7. Artigos de puericultura
É considerado artigo de puericultura “qualquer produto destinado a facilitar o sono, o
relaxamento, a higiene, a alimentação e a sucção das crianças” [26]. A FM conta com uma vasta
gama destes produtos, nomeadamente das marcas Mustela® e Nuk®. Na área da obstetrícia
destacam-se os produtos anti-estrias, discos de silicone e discos absorventes do excesso de leite.
5.5.8. Medicamentos manipulados
Define-se por medicamento manipulado qualquer produto preparado sob
responsabilidade de um farmacêutico, seja segundo receita médica ou segundo indicações de uma
farmacopeia ou de um formulário [27]. Determinados medicamentos manipulados podem ser
comparticipados, mediante apresentação de receita médica. Para que esta seja aceite não pode
existir no mercado nenhuma especialidade farmacêutica com a mesma substância ativa, dose e
forma farmacêutica.
Devido à reduzida procura não são feitos manipulados na FM, contudo a farmácia tem à
disposição material, equipamento e fontes de informação necessárias à sua elaboração. Como
consequência não tive oportunidade de preparar nenhum medicamento manipulado durante
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 18
o estágio. Além disso, não procedi à dispensa de nenhum destes produtos dado que, atualmente,
são pouco prescritos, o que se deve à grande variedade de formulações disponibilizadas pela
indústria farmacêutica. Ainda assim foi-me demonstrado todo o procedimento referente à
dispensa destes produtos.
6. Serviços adicionais
As farmácias deixaram de ser locais unicamente destinados à dispensa de medicamentos,
passando a ser também promotoras de saúde e de bem-estar da população. Posteriormente, a
legislação, veio permitir a prestação de serviços adicionais nas farmácias, por estarem associados
à atividade e competências dos farmacêuticos. As farmácias são agora capazes de oferecer outro
tipo de serviços que antes lhe estavam vedados como: o apoio domiciliário, administração de
medicamentos, administração de vacinas (não incluídas no Plano Nacional de Vacinação),
programas de cuidados farmacêuticos e determinação de parâmetros bioquímicos [28].
A FM oferece aos seus utentes uma vasta gama de serviços, os quais incluem:
acompanhamento farmacoterapêutico; administração de injetáveis; administração de vacinas;
avaliação de parâmetros bioquímicos (glucose, triglicerídeos, colesterol); avaliação do peso;
avaliação da Pressão Arterial (PA); avaliação da pele; e prestação de primeiros socorros. Oferece
ainda consultas especializadas de podologia, osteopatia e nutrição com profissionais
especializados nestas áreas. Irei abordar apenas os serviços que são mais frequentemente
solicitados e os quais tive oportunidade de realizar durante o meu estágio.
6.1. Medição de parâmetros biológicos
6.1.1. Medição da pressão arterial
Dada a acessibilidade das farmácias e o acompanhamento que o farmacêutico pode dar ao
utente, este é um serviço bastante útil e que deve existir nas farmácias.
Na FM é utilizado um tensiómetro automático com braçadeira ajustável. No final de cada
medição os valores são registados na ficha do respetivo utente, caso este tenha ficha no sistema,
e são ainda apontados em cartões da FM desenhados para o efeito e que são oferecidos aos utentes
para que estes tenham um registo regular da sua PA.
Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia os valores de PA normais são Pressão
Arterial Sistólica (PAS) ≤120 mmHg e Pressão Arterial Diastólica (PAD) ≤80 mmHg. Contudo,
os valores devem ser vistos em perspetiva, considerando o estado clínico e os valores de medições
anteriores. A medição da PA requer alguns cuidados como: repousar 5 min antes da medição; não
fumar nem beber café 1 hora antes; efetuar a medição na parte superior do braço, com a palma da
mão virada para cima; não falar nem mover durante a medição; fazer pelo menos um minuto de
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 19
pausa entre cada medição [29]. Quando os valores da primeira medição estão fora do normal, sem
alarmar o utente, devemos aguardar 1 minuto e efetuar uma segunda medição.
Este é o serviço mais solicitado na FM e por isso foi aquele que tive a oportunidade de fazer
mais vezes. É, na maioria das vezes, solicitado por doentes crónicos que fazem um seguimento
regular ao longo do tempo, o que muitas vezes permite ajudar o médico a ajustar a dose de anti-
hipertensor. Ocorreu também várias vezes ser solicitado para situações pontuais em que as
pessoas não se estavam a sentir bem. No caso de os valores registados estarem acima do normal,
de acordo com cada utente, recomendava algumas medidas não farmacológicas, incentivava a
adesão à terapêutica e aconselhava a consultar o médico quando considerava necessário.
6.1.2. Medição da glicémia
A determinação da glicémia em pessoas diabéticas é fundamental para garantir que os
valores se encontram controlados, permitindo assim saber se é necessário aumentar ou diminuir
a dose de insulina, por exemplo. É também importante para despistar novos casos de diabetes.
Em jejum, os valores ≥110 mg/dl podem significar Anomalia da Glicemia em Jejum,
sendo que valores ≥126 mg/dl pode ser indicativo de Diabetes. Em estado pós-prandial, valores
≥140 mg/dl sugerem uma possível anomalia designada Tolerância Diminuída à Glicose, enquanto
que quando os valores são ≥200 mg/dl, associado a sintomas clássicos, trata-se de diabetes [30].
Caso se verifiquem valores anormais durante a medição, deve-se reencaminhar o utente ao médico
para a realização de exames que completem o diagnóstico, deve ainda recomendar-se medidas
não farmacológicas como a prática de exercício físico e mudanças nos hábitos alimentares.
Para a medição da glicémia a FM dispõe de um glicómetro, lancetas e tiras diabéticas.
6.1.3. Determinação do perfil lipídico
Para a determinação do colesterol não é necessária nenhuma preparação. O valor é
considerado normal se for ≤190 mg/dl, contudo é necessário ter em atenção que esta determinação
apenas permite medir o colesterol total. Já para a determinação dos valores de triglicerídeos é
necessário um jejum de 12 horas e os valores são considerados normais quando são ≤150 mg/dl
[31].
Sempre que as medições registem valores que não se encontram dentro dos valores de
referência deve-se sugerir ao utente que marque consulta com o seu médico e devem ainda ser
recomendadas algumas medidas não farmacológicas como a prática de exercício físico e
mudanças ao nível da dieta.
6.1.4. Determinação do Índice de Massa Corporal (IMC)
A OMS considerou a obesidade como uma epidemiologia do século XXI. Além de um
problema estético, a obesidade, é, acima de tudo, um importante fator de risco para o
aparecimento, desenvolvimento e agravamento de outras doenças. Associa-se a um grande
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 20
número de co-morbilidades, assim como a uma redução da esperança de vida. O IMC é uma
medida internacional do grau de obesidade de uma pessoa. É calculado a partir do peso e da altura
de cada pessoa, sendo considerado normal quando está entre 18,5 e 24,9, acima de 30,0 é
considerado obeso [29]. A FM dispõe de uma balança que permite obter este valor.
6.2. VALORMED
Os medicamentos estão associados a um elevado impacto ambiental, pelo que lhes deve
ser dado um destino próprio quando estes já não são utilizados ou quando o seu prazo de validade
foi ultrapassado. A VALORMED é uma sociedade sem fins lucrativos que trabalha em parceria
com as farmácias, distribuidores e indústria farmacêutica, e que tem como responsabilidade a
gestão dos resíduos dos medicamentos fora de uso e das embalagens vazias [31]. Cabe às
farmácias sensibilizar as pessoas para que rejeitem os medicamentos fora de uso e as embalagens
vazias nos contentores que estão nas farmácias.
Na FM existe um contentor na zona de atendimento, quando este está cheio é fechado,
rotulado e é posteriormente levado pelos distribuidores de medicamentos. De forma a sensibilizar
os utentes para que deixem os medicamentos fora de uso e as embalagens nos contentores, a FM
associou a causa ambiental à social, comprometendo-se a oferecer bens de primeira necessidade
a uma instituição em troca dos medicamentos e embalagens que cada pessoa deixava no contentor
VALORMED.
6.3. Programa de Troca de Seringas
O Programa de Troca de Seringas é uma iniciativa que foi criada em 1993 e que tem como
objetivo a prevenção da transmissão de infeções pelo VIH e pelos vírus das Hepatites B e C, por
via sexual, endovenosa e parentérica, nas pessoas que utilizam drogas injetáveis. Esta iniciativa
contribui para o bem-estar social e ambiental, evitando, assim, o abandono e reutilização de
seringas ao recolhê-las para destruição [32]. O kit é constituído por duas seringas, dois toalhetes
desinfetantes, um preservativo, duas ampolas de água bidestilada, dois filtros, dois recipientes
para preparação da substância, duas carteiras de ácido cítrico e um folheto informativo sobre o
programa.
Durante o estágio tive a oportunidade de contactar com este programa de perto, já que,
dada a localização da FM, este serviço era muitas vezes solicitado. Durante a entrega dos kits
tentei sensibilizar para importância de trazerem sempre as seringas para rejeitar no contentor, uma
vez que se trata de um programa de troca.
6.4. Promoção e educação para a saúde
A FM desempenha um papel ativo na comunidade em que está inserida, tendo várias
parcerias com instituições e um vasto programa de atividades de promoção e educação para a
saúde.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 21
Durante os 3 meses de estágio na FM tive oportunidade de participar na 10º Caminhada
da Farmácia Moreno e tive ainda a oportunidade de apresentar dois projetos em duas instituições
com quem a farmácia estabelece várias parcerias, o “Projeto 1-Verão com diversão sem picada e
sem escaldão” no Centro Social do Barredo e o “Projeto 3-Doença Venosa Crónica e Doença
Hemorroidária” no Centro Social e Paroquial de São Nicolau. Participei ainda na Caminhada da
Associação São Nicolau e na apresentação sobre Cuidados a ter com os Pés elaborada pela
podologista da FM.
7. Farmacovigilância
A farmacovigilância é considerada uma atividade de saúde pública, que visa a identificação,
quantificação, avaliação e prevenção dos riscos associados ao uso de medicamentos
comercializados. Assim, após a introdução do medicamento no mercado, é feito o seguimento dos
possíveis efeitos adversos. Quando há suspeita de reações adversas ao medicamento o
farmacêutico tem o dever de notificar a autoridade competente. A notificação deve incluir a
descrição dos sinais e sintomas, gravidade e evolução, o medicamento em questão, lote, via de
administração, data de início e de suspensão da medicação, deve ainda incluir, se aplicável, outros
medicamentos que o utente toma, incluindo automedicação e suplementos alimentares [5,33].
8. Formação complementar
Um dos principais fundamentos do Código Deontológico do Farmacêutico é o de que o
farmacêutico é um profissional em constante aprendizagem, uma vez que é essencial estar sempre
atualizado, conhecer bem as características dos novos produtos que vão sendo introduzidos no
mercado e estar a par da evolução do conhecimento científico. As formações contribuem, por
isso, para um crescimento profissional contínuo, o que em farmácia comunitária resulta num
aconselhamento mais seguro, mais assertivo e mais rápido.
Durante estes 3 meses tive a oportunidade de assistir a algumas formações que considerei
bastante úteis, principalmente no atendimento (Tabela 2). Além destas formações, assisti ainda a
formações por parte dos farmacêuticos da FM. Isto porque, a FM adotou uma política de
formações internas, em que, de forma rotativa, os farmacêuticos preparam uma formação sobre
um determinado tema que tem que ser assistida pelos restantes colegas. Os temas elaborados
durante o meu estágio foram: Queda de Cabelo, Acne e Infeções Vaginais.
Tabela 2 - Formações frequentadas durante o de estágio
Data Formação Duração Organização Local
19/06/2018 Expascience Laboratoires-
Multimarca
3h Expascience
Laboratoires
Associação Portuguesa
de Podologia
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28/06/2018 Heath Consumer-
Multimarcas
3h Pierre Fabre Pierre Fabre - Porto
17/07/2018 Avéne-Proteção Solar 3h Pierre Fabre Pierre Fabre - Porto
PARTE B – Projetos desenvolvidos durante o estágio
1. Projeto I – Proteção solar e picadas de insetos em crianças
1.1. Proteção solar
1.1.1. Radiação solar e índice ultravioleta
A radiação solar influência significativamente o ambiente, tratando-se de um importante
fator natural que contribui para o clima na Terra [34]. A emissão de radiação a partir do sol incluí
luz visível, calor e radiação UV. Esta última divide-se em UVA (315-400nm), UVB (280-315
nm) e UVC (100-280 nm). A parte ultravioleta do espectro solar (UV) tem um papel determinante
em muitos dos processos que ocorrem na biosfera. Contudo, se a quantidade de radiação UV
exceder os limites de defesa que os organismos têm, e que são inerentes a cada espécie, pode
causar danos muito graves.
Á medida que a radiação passa pela atmosfera ela vai sendo absorvida pela camada de
ozono, pelo vapor de água, pelo oxigénio e pelo dióxido de carbono. Aproximadamente 90% da
radiação UVC é absorvida ao passar pela atmosfera, a radiação que chega à superfície da terra é
constituída, maioritariamente, por raios UVA, uma vez que é a componente menos absorvida, e
por uma pequena parte da radiação UVB [34,35]. A radiação UVA e UVB contribuem para o
envelhecimento da pele, danos na visão (incluindo cataratas) e para o desenvolvimento de cancro
da pele. Além disso, esta radiação reduz a capacidade do sistema imune para combater estas e
outras doenças [36]. Apesar de a radiação UVB ser mais intensa que a UVA, esta última é 30 a
50 vezes mais prevalente e está presente ao longo do dia e do ano. Os estudos indicam que a
radiação UVA causa danos nos queratinócitos que estão presentes na camada basal da epiderme,
o que pode contribuir para o desenvolvimento de cancro da pele. Pelo contrário, a radiação UVB
tem ação nas camadas mais superficiais da epiderme e a sua intensidade varia ao longo do dia, do
ano e da localização [36].
De forma a fazer chegar ao público em geral, de uma forma simplificada, a informação
sobre a radiação UV e sobre os riscos associados à sua exposição, definiu-se um parâmetro
indicador da exposição a esta radiação, o Índice Ultravioleta (IUV). O IUV consiste na medida
dos níveis de radiação UV que contribui para a formação das queimaduras. A formação da
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
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queimadura está ainda dependente do tipo de pele e do tempo máximo de exposição com a pele
desprotegida [34].
Tabela 3 – Índice Ultravioleta
1.1.2. Danos da radiação UV na pele e fotótipos de pele
A pele tem como principal função manter a homeostasia e fornecer uma barreira às
agressões externas. Este mecanismo pode, por vezes, atingir o seu limite de ação, quando a
exposição solar é constante ou excessiva, resultando em danos irreversíveis ao nível da estrutura
da pele, inflamação crónica e, nas situações mais graves, a carcinogénese [37].
A exposição solar está associada a danos na pele e ao envelhecimento precoce da pele.
Estudos indicam que o efeito da exposição solar na pele é maior nas crianças do que nos adultos.
Uma vez que as crianças têm uma pele mais sensível ao sol, devido à menor concentração de
melanina e à menor espessura do estrato córneo, e por isso têm maior risco de sofrer danos. Um
estudo mostrou ainda que a exposição solar excessiva nos primeiros 15 anos de vida é um fator
de risco determinante para o desenvolvimento de melanoma [38]. É, por isso, importante
implementar desde cedo hábitos corretos de proteção solar, o que passa por informar e educar não
só os pais, mas também as próprias crianças, de forma a prevenir o desenvolvimento de cancro
de pele no futuro. Nem todas as peles reagem da mesma forma à exposição solar. Os danos e a
sua intensidade dependem do tipo de pele. Pele escura tem um conteúdo maior de melanina e por
isso está mais protegida [39]. A estes diferentes tipos de pele chamamos fotótipos e estão
caracterizados na Tabela 4 [34].
Tabela 4 – Descrição dos fotótipos de pele [34].
Bronzeia Queima Cabelo Cor Olhos
I Nunca Queima Ruivo Azul
II Ás vezes Ás vezes Loiro Azul/Verde
III Sempre Raramente Castanho Cinza/Castanho
IV Sempre Raramente Preto Castanho
Índice UV
< 2 Baixo
3-5 Moderado
6-7 Alto
8-9 Muito Alto
>11 Extremo
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1.1.3. Fotoenvelhecimento
O fotoenvelhecimento consiste na acumulação de alterações na pele ao longo do tempo,
que são induzidas pela exposição à radiação UV. Este processo depende do tipo de pele, da
localização geográfica, da extensão da exposição solar e da aplicação ou não de medidas
fotoprotetoras. Pode-se manifestar através de rugas, perda da elasticidade cutânea e por alterações
na pigmentação e na textura da pele. Apesar de tanto a radiação UVA como a UVB contribuírem
para o fotoenvelhecimento, a UVA tem maior impacto, uma vez que, além de penetrar mais
profundamente na derme, atinge mais abundantemente a superfície terrestre (10 a 30x mais). A
radiação UVB é absorvida na epiderme pelo DNA celular, sendo responsável por queimaduras
solares. Já a UVA tem ação na matriz extracelular da derme, levando à produção de espécies
reativas de oxigénio (ROS) o que conduz a danos no DNA, lípidos e proteínas, como o colagénio
[39].
1.1.4. Radiação UV e risco de cancro
Estudos apontam para que 90% dos cancros de pele não melanoma e cerca de 86% dos
melanomas, estejam associados à exposição à radiação UV a partir do sol [40].
A radiação UV é considerada, pela ONS, um carcinogéneo humano, uma vez que tem a
capacidade de danificar o DNA celular da pele produzindo mutações genéticas que conduzem ao
desenvolvimento de cancro de pele, além de que promove a expansão das células tumorais
[36,41]. A radiação UV leva a alterações no DNA que incluem danos oxidativos nos pares de
base, cortes nas cadeias simples de DNA, ligações DNA-proteínas e formação de dímeros de
pirimidina. A radiação UV, ao ser absorvida pelo DNA, tem ainda a capacidade de gerar ROS,
que por sua vez vão provocar novos danos em ácidos nucleicos, proteínas e lípidos. Normalmente
estas alterações são reparadas ou resultam em morte celular, por esse motivo nem sempre
conduzem a alterações genómicas permanentes que resultam no desenvolvimento de cancro [42].
O cancro pode ser do tipo melanoma ou não melanoma, dependendo do tipo de células
envolvidas. O melanoma é o tipo de cancro de pele mais grave. Surge quando os melanócitos
(células responsáveis pela produção de pigmentos como a melanina) sofrem agressões tornando-
se malignos [43]. Na última década o número de novos casos de melanoma diagnosticados
anualmente aumentou 53%, em Portugal, são conhecidos 700 novos casos anualmente. É um tipo
de cancro com elevada mortalidade, sendo responsável pela morte de uma pessoa a cada hora
[40,43]. O cancro de pele não melanoma pode ser classificado em diferentes tipos, dependendo
da camada de queratinócitos afetada. Os 2 tipos mais predominantes são o carcinoma
espinocelular e o carcinoma basocelular. Estes têm origem na exposição solar crónica e,
normalmente, progridem a partir de queratoses actínicas (lesão pré-cancerígenas). Apesar de ser
menos comum que o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular tem um pior prognóstico,
uma vez que tem capacidade de formar metástases [44].
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O cancro de pele tem cura, especialmente se for detetado e tratado precocemente. O
indicador mais frequente de cancro de pele são alterações na pele. Contudo, os tipos de cancro
são diferentes e como tal não têm todos a mesma aparência. Há alterações a que devemos estar
atentos tais como: nódulos pequenos, lisos, serosos ou opacos; nódulos vermelhos e duros; sinais
vermelhos ou castanhos rugosos e espessos e que podem provocar comichão [45].
1.1.5. Proteção solar e outras medidas preventivas
Estudos apontam que, o uso diário de protetor solar com SPF de pelo menos 15, resulta
numa redução de 40% do risco de desenvolver cancro espinocelular e numa redução de 50% do
risco de desenvolver melanoma [40].
A nossa pele tem mecanismos de autoproteção. Um deles é a produção de melanina que,
em conjunto com os queratinócitos, protegem o DNA da radiação que penetra na pele. A
queimadura solar ocorre quando o dano nos queratinócitos é irreparável, levando por isso à
apoptose destas células o que vai resultar numa reação inflamatória que conduz à pele vermelha
característica das queimaduras solares. As queimaduras solares são o único fator de risco do
melanoma que podemos prevenir [46].
O uso de protetor solar na idade adulta permite reduzir a incidência de queratoses
actínicas, carcinoma espinocelular, fotoenvelhecimento e de infeções por vírus como o herpes
labial. Nas crianças, o seu uso reduz o risco de desenvolver melanoma. As guidelines recomendam
que todas as pessoas utilizem protetor solar com SPF igual ou superior a 30 e resistente à água.
Nas crianças com mais de 6 meses deve ser usado um protetor solar cujos filtros sejam
maioritariamente inorgânicos (zinco ou dióxido de titânio), uma vez que causam menos irritação
na pele sensível. O protetor deve ser aplicado 20 minutos antes da exposição e deve ser reaplicado
a cada 2 h e depois de períodos de transpiração ou de mergulho. Todas as áreas expostas devem
ser protegidas com uma camada de protetor de aproximadamente 2 mg/cm2, dando especial
atenção às orelhas, pescoço e costas das mãos [47].
Além do uso de protetor solar há outras medidas a ser adotas durante a exposição solar
tais como: evitar a exposição entre as 10 e as 16 h, ter em atenção o índice UV quando planeamos
atividades ao ar livre, estar à sombra sempre que possível, usar roupa que proteja da radiação UV,
chapéu e óculos de sol [48].
1.1.6. Tratamento das queimaduras solares
Após uma queimadura solar, de forma a aliviar a vermelhidão, sensação de calor e
sensibilidade ao toque, deve-se tomar um banho frio, pôr gelo ou panos humedecidos com água
fria, aplicar cremes hidratantes e reparadores com substâncias como a cânfora ou Aloé Vera. Os
cremes utilizados não devem conter vaselina, uma vez que esta tem efeito oclusivo levando à
retenção de calor, nem benzocaína, pois pode causar irritação. Aquando da existência de bolhas,
a zona queimada deve ser coberta com ligaduras secas de forma a prevenir a infeção. Em caso de
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dor pode ser utilizado um analgésico ou anti-inflamatório oral (paracetamol ou ibuprofeno) [49,
50].
1.2. Picadas de insetos
A maioria das picadas de insetos não é grave e os seus sintomas melhoram em apenas
algumas horas. Os sintomas mais comuns são vermelhidão, comichão, inchaço e por vezes dor.
Algumas pessoas podem desenvolver uma reação alérgica à picada, fazendo com que a área
circundante da picada também fique inchada e vermelha, em casos mais graves pode ocorrer
dificuldade em respirar e inchaço de outras partes do corpo como a boca e cara. A zona picada
deve ser lavada com sabonete ou água, aplicar gelo ou compressas com água fria, de forma a
reduzir o inchaço e evitar coçar para reduzir o risco de infeção [51]. Para aliviar a dor, dependendo
da idade, pode-se usar paracetamol ou ibuprofeno. No caso de haver comichão podem ser
utilizadas cremes ou loções contendo corticoides (hidrocortisona) e podem ser usados anti-
histamínicos de administração tópica ou oral, quando há maior número de lesões. Podem ainda
ser utilizadas loções contendo cânfora, calamina ou mentol de forma a aliviar os sintomas [51,52].
Para a prevenção das picadas, além do uso de roupa larga, de cor clara e que cubra a maior
área corporal possível, pode ser ainda aconselhado o uso de repelentes [53]. Os repelentes podem
ser usados diretamente na pele, na roupa ou em tecidos como as redes mosquiteiras e as tendas de
campismo. Os repelentes devem conter DEET (N, N -dietil-3-metilbenzamida) 20-35%, IR3535
(éster etílico do ácido 3-(n-butil-n-acetil aminopropiónico) ou Icaridina (ácido 1-
piperidinocarboxílico, 2 - (2-hidroxietil) - 1-metilpropilester) a 20% na sua constituição. Nas
crianças (até aos 12 anos) deve-se optar por formulações com DEET a 10% ou Icaridina a 10%,
não sendo recomendada a utilização de DEET em crianças com menos de 2 anos. Em crianças
com menos de 6 meses não está comprovada a segurança dos repelentes e por isso não é
recomendada a sua utilização [52,53]. Para proteção adicional podem ainda ser aplicados
repelentes ou inseticidas como a permetrina no vestuário. O uso de ar condicionado, de sprays
inseticidas e de serpentinas impregnadas com inseticidas permite proteger a habitação da presença
de insetos e reduzir assim a probabilidade de ocorrer a picada [53].
1.3. Motivação e objetivos
A FM desenvolve, ao longo do ano, várias atividades com algumas associações da zona,
sendo uma destas associações o Centro Social do Barredo. Estando eu a realizar o estágio no
período de verão, em conjunto com os farmacêuticos da FM, achamos que seria importante e
oportuno esta sensibilização. Principalmente, porque se trata de uma apresentação dirigida para
as crianças (4-6 anos), sabendo que o risco de melanoma e de fotoenvelhecimento é
maioritariamente influenciado pela exposição solar na infância. Esta é também uma população
mais suscetível às picadas de insetos, devido às atividades ao ar livre comuns desta época do ano.
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Os objetivos deste projeto eram incutir nestas crianças a importância da proteção solar,
garantindo que os hábitos de proteção que têm são os mais corretos, de forma a implementar desde
cedo hábitos seguros e eficazes de proteção solar. Assim como, transmitir algumas formas de
prevenção das picadas e do seu respetivo tratamento que são adequados a estas idades.
1.4. Concretização
No dia 16 de junho realizei uma apresentação intitulada “Verão com Diversão sem Picada
e sem Escaldão” no Centro Social do Barredo (Anexo II). Esta apresentação contou com a
presença de cerca de 30 crianças com idades entre os 4 e os 6 anos e com a presença de duas
professoras e duas assistentes. A apresentação incidiu principalmente nas medidas de proteção
solar e de prevenção de picadas de insetos fazendo apenas uma breve referência ao tratamento da
picada e da queimadura solar. No final da apresentação distribuí um jogo didático sobre proteção
solar para que, de uma forma mais divertida, possam recordar o que foi transmitido na
apresentação (Anexo III). As crianças mostraram-se bastante participativas ao longo da
apresentação e muitas delas demonstraram ter já bons conhecimentos ao nível da proteção solar.
No final coloquei algumas questões e fiz um jogo de descobrir diferenças de forma a resumir os
pontos mais importantes da apresentação e de forma a saber se a apresentação tinha cumprido os
objetivos. Todas as perguntas foram bem respondidas pelo que considero que a apresentação
atingiu o que era pretendido, ou seja, as crianças apreenderam os conceitos mais básicos e mais
importantes sobre proteção solar, podendo agora ter uma exposição solar mais responsável e
segura.
2. Projeto II – Higiene do sono
2.1. O sono
Dormir bem é essencial para o bem-estar físico, psíquico, emocional e cognitivo. É, por isso,
considerado como um dos três pilares de um estilo de vida saudável (dieta, exercício e sono)
[54,55]. O sono deve ser visto como um conceito multidimensional, reconhecendo não só a
importância da duração, mas também da qualidade, da hora a que se dorme e, ainda, da
variabilidade destes parâmetros [54]. Problemas de sono podem estar associados a diversas
doenças cardiometabólicas como a diabetes tipo 2, doença cardiovascular, enfarte e obesidade.
Têm também um forte impacto a nível cognitivo, uma vez que o sono é essencial para os processos
de memorização e de aprendizagem. A falta de sono está associada a fadiga, cansaço excessivo,
menor qualidade de vida, menor produtividade (reduz estado de alerta, atenção, raciocínio,
concentração e resolução de problemas), e pode ainda prejudicar as relações sociais, familiares e
a vida sexual. A privação de sono aumenta a irritabilidade, ansiedade e provoca distúrbios de
humor, sendo a insónia um sintoma, mas também um agente causador de depressão [54,55].
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2.1.1. Ciclo do sono
O sono divide-se em 2 fases, o non-rapid eye-movement (NREM) e o rapid eye-movement
(REM), sendo o NREM subdividido em 4 fases [56]. Estas diferentes fases são caracterizadas por
variações na atividade cerebral, movimento dos olhos e atividade muscular. São por isso
distinguidas através da análise do registo eletroencefalográfico e pela ocorrência de movimentos
oculares rápidos, que só se verifica na fase de sono REM [57]. Durante o sono, os períodos NREM
e REM alternam de forma cíclica, e irregularidades neste ciclo estão associadas a doenças do
sono. O sono NREM constitui 75 a 80% do sono total, enquanto que o sono REM corresponde a
20 a 25% de uma noite de sono. O primeiro ciclo NREM-REM dura cerca de 70 a 100 minutos,
mas os ciclos seguintes são maiores (cerca de 90 a 120 minutos). O sono REM, no ciclo inicial
dura entre 1 a 5 minutos, contudo aumenta progressivamente ao longo da noite, assim como a
fase 2 do sono NREM, enquanto que as fases 3 e 4 por vezes desaparecem [56].
O ciclo de sono inicia-se com o sono NREM. A fase 1ª dura cerca de 1 a 7 minutos no
primeiro ciclo, correspondendo a 2 a 5% do sono total, é facilmente interrompido por barulho.
Durante esta fase as ondas cerebrais alfa (típicas da vigília) são substituídas por ondas de menor
frequência e maior voltagem. A fase 2 dura entre 10 a 25 minutos, durante o primeiro ciclo, e
chega a representar entre 45 a 55% do sono total. Nesta fase o individuo necessita de estímulos
mais intensos para acordar. Esta fase está ainda associada ao processo de consolidação da
memória. As fases 3 e 4 estão associadas a um sono mais profundo, com ondas de baixa frequência
e alta voltagem [56,58].
O sono REM está mais associado aos sonhos, ausência de tónus muscular, movimento
ocular rápido e está também associado a processos de consolidação da memória. É caracterizado,
no registo do EEG, por ondas de baixa voltagem e elevada frequência, como quando estamos no
estado de alerta [56].
2.1.2. Regulação do sono
A teoria mais aceite para a regulação dos ciclos sono-vigília é a da existência de um ritmo
circadiano que é indispensável para a manutenção da homeostasia [59].
O ritmo circadiano é gerado por neurónios localizados no hipotálamo, no núcleo
supraquiasmático, de forma a regular o ciclo sono-vigília em função do ciclo externo de dia-noite.
Este núcleo recebe estímulos de neurónios que estão localizados na retina e que funcionam como
detetores de luminosidade [56,59,60]. O núcleo supraquiasmático tem a capacidade de detetar
este ritmo dia-noite e regular a atividade de outros núcleos do hipotálamo que são responsáveis
pela secreção de hormonas, alterações na temperatura, ingestão de comida e secreção de
melatonina [56,60]. A melatonina é produzida pela glândula pineal, preferencialmente ao fim do
dia, início da noite, ajudando a consolidar o ritmo circadiano. Também a temperatura é controlada
pelo ritmo circadiano, diminuindo durante a noite, uma vez que há uma diminuição da produção
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de calor devido à diminuição da atividade metabólica que ocorre durante o sono que sofre
alteração quando acordamos e iniciamos as nossas atividades [56].
O processo homeostático é regulado pelo córtex frontal. As células do córtex frontal são
o principal local de acumulação de adenosina no período de vigília e na privação de sono, sendo
esta acumulação proporcional ao tempo que passamos acordados. A adenosina é um produto do
metabolismo energético a nível neuronal que atua como um inibidor local nos recetores de
adenosina nos neurónios colinérgicos do córtex frontal. O decréscimo na atividade dos neurónios
colinérgicos conduz ao desbloqueio da inibição de neurónios gabaérgicos presentes na área pré-
ótica ventrolateral do hipotálamo e ao bloqueio da estimulação do sistema de hipocretina, levando
assim ao início do sono [60].
2.1.3. Padrões de sono segundo a idade
O padrão de sono varia com a idade. Há diferenças significativas na percentagem de
tempo passado em cada fase do sono, na maneira como o sono se inicia, na sua manutenção e na
sua eficiência [56].
Nas primeiras semanas de vida o sono é distribuído ao longo do dia sem um ritmo regular.
Os recém-nascidos dormem cerca de 16 a 18 h por dia, sendo que cada período de sono dura cerca
de 2,5 a 4 h. Ao contrário do sono no adulto, o do recém-nascido inicia-se com REM. O ritmo
circadiano começa a existir por volta dos 2 ou 3 meses e o sono passa a iniciar-se com NREM.
Nesta altura já podem conseguir dormir por um maior período durante a noite. A partir do 1 ano
dormem cerca de 14 a 15 h, sendo o maior período de sono durante a noite. O total de tempo
passado a dormir decresce ao longo dos anos, as pessoas mais velhas podem começar a apresentar
dificuldades em adormecer e em manter o sono [56,59]. A fase 3 do sono NREM diminui a partir
dos 20 anos, já as fases 1 e 2 e as interrupções no sono aumentam com a idade [56,59].
Os adultos mais velhos (a partir dos 65 anos), normalmente, deitam-se mais cedo e
acordam mais cedo que os adultos mais jovens. Além disso os adultos mais velhos reportam mais
a ocorrência de interrupções no sono, um sono menos eficaz, a necessidade de dormir durante o
dia e maior dificuldade em iniciar o sono [56,59].
2.1.4. Diferenças entre géneros
A diferença nos padrões de sono entre géneros é mais evidente na idade adulta. Enquanto
as mulheres têm maior dificuldade em adormecer e acordam mais a meio da noite, os homens têm
mais frequentemente perturbações noturnas como a apneia e passam mais tempo na fase 1 do
sono NREM. O ciclo menstrual, nas mulheres, pode influenciar o ciclo sono-vigília, assim como
a gravidez e o período pós-parto. Nestes dois últimos períodos as mulheres podem ter necessidade
de dormir durante o dia [56].
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 30
2.1.5. Efeitos da privação de sono
O aumento da privação de sono tem sido associado às alterações sociais que têm ocorrido
nos últimos anos. Entre elas, o aumento de horas de trabalho, trabalho por turnos e o aumento do
acesso à televisão e à internet. Os efeitos mais imediatos da privação de sono são o excesso de
sono durante o dia, cansaço, diminuição na capacidade de pensar e reagir (é muitas vezes a causa
de acidentes automóveis), lentificação motora e alterações de humor. Contudo, a longo prazo,
podem-se verificar problemas crónicos como doenças cardiovasculares, desregulação imunitária
e metabólica e alterações no sistema nervoso (ansiedade, depressão, problemas cognitivos) [61].
A falta de sono tem uma grande influência na obesidade e na diabetes tipo 2. Esta
influência advém do facto da privação de sono estar associada a baixos níveis de leptina (hormona
que diminui o apetite) e altos níveis de grelina (hormona estimulante do apetite), levando assim
ao aumento da ingestão de alimentos o que pode conduzir à obesidade. Além disso, a restrição de
sono aumenta a resistência à insulina e altera o metabolismo da glicose, podendo agravar ou
induzir a diabetes tipo 2 [61,62].
As doenças cardiovasculares também apresentam uma forte associação com a privação
de sono. A privação de sono conduz a aumento dos níveis de cortisol, aumento da atividade do
sistema simpático, disfunção endotelial, aumento do metabolismo e aumento da pressão
sanguínea. Conduzindo, desta forma, a um aumento do risco de doença cardiovascular, incluindo
aumento do risco de enfarte e de doença coronária [61,63].
A privação de sono é conhecida como uma consequência da ansiedade e da depressão.
Contudo, além de consequência, pode ainda ser uma causa destas doenças. Estudos apontam para
uma relação direta entre a falta de sono e o desenvolvimento e agravamento destas duas doenças
[64,65].
Outra das consequências a longo prazo da privação de sono são os seus efeitos na
memória. A falta de sono influência a ativação do córtex frontal e parietal, a nível neuronal,
essenciais para a consolidação da memória [66]. Também a regulação imunitária fica alterada
como consequência da privação de sono. Estudos descrevem alterações na produção de
citoquinas, como consequência de perturbações nos níveis de Il-ra, TNFα e IL-6, o que resulta
numa alteração da homeostasia imunitária [67].
2.1.6. Insónia e as suas causas
A insónia é, atualmente, um dos problemas que mais afeta a população em geral. Podendo
afetar até cerca de 30% dos adultos. Contudo as mais afetadas são as mulheres, pessoas acima dos
65 anos, trabalhadores por turnos e pessoas com doenças psiquiátricas. A definição de insónia,
segundo a International Classification of Sleep Disorders, envolve sintomas noturnos e diurnos.
Os sintomas noturnos incluem: dificuldade em adormecer e em manter o sono, sono de baixa
qualidade ou sono não reparador. Os diurnos incluem: fadiga, falta de concentração, falta de
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 31
rendimento no trabalho ou na escola, entre outros [68,69]. Pode ser causada por condicionantes
médicas, falta de hábitos corretos de sono, uso de certas substâncias ou fatores biológicos [70].
Algumas patologias como Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), asma,
problemas gastrointestinais, distúrbios hormonais e tiroideos, dor crónica, depressão, ansiedade e
Parkinson podem estar na origem da insónia [70].
O estilo de vida tem um papel fundamental no desenvolvimento da insónia, alguns hábitos
que podem prejudicar o sono incluem: dormir durante o dia, deitar tarde (dificulta o adormecer
na noite seguinte), ausência de horários regulares de adormecer e despertar, trabalho por turnos,
trabalhar em casa à noite (luz do computador deixa o cérebro mais alerta, além disso, tem mais
preocupações, o que dificulta adormecer e manter o sono) [70].
A ingestão de álcool, de cafeína e de nicotina, também pode causar insónia. Foi detetado,
em fumadores, um aumento do tempo necessário para adormecer, interrupção do sono,
diminuição da qualidade do sono e sensação de sono não reparador [71]. A cafeína é um
conhecido estimulante do SNC, como tal, pode provocar aumento do tempo necessário para
adormecer e diminuição dos estádios 3 e 4 do sono NREM. A sua absorção é rápida e tem um
tempo de semivida longo (3 a 7 h), a ingestão de vários cafés ao longo do dia leva à acumulação
dos seus metabolitos, aumentando o tempo necessário para a sua eliminação [72]. O álcool, apesar
de ser conhecido como sedativo, leva à disrupção do sono e consequente diminuição do tempo
total de sono [73].
Os fatores ambientais como o ruído, luminosidade e o desconforto, têm também um papel
essencial nesta patologia [70].
Os fármacos são outro fator que pode provocar insónias. Alguns antidepressivos,
nomeadamente os inibidores da recaptação de serotonina e dopamina, e medicamentos anti
Parkinson que sejam agonistas do recetor de dopamina, podem ter como efeito adverso a insónia.
Também alguns fármacos indicados no tratamento de doenças cardiovasculares e que atuam como
antagonistas dos recetores beta e 5-HT e que levam à supressão de melatonina influenciam
negativamente o sono. Assim como os corticoides, que têm efeito em várias citoquinas, podendo
levar a situações de insónia [74].
2.1.7. Medidas de higiene do sono
Horários regulares para acordar e deitar: o sono é mais eficaz quando o deitar e o acordar estão
de acordo com ritmo circadiano. Horários regulares de acordar e deitar permitem consolidar o
ritmo circadiano. O sono durante o dia pode reduzir a necessidade de dormir durante a noite,
contudo, estudos relatam que 20 a 30 minutos de sono durante a tarde não influenciam o sono à
noite [75].
Ficar na cama apenas o tempo indispensável para obter o sono necessário: cada pessoa tem um
tempo de sono necessário para obter o máximo estado de alerta no dia seguinte (7 a 9 horas) [75].
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 32
Evite a ingestão de café, bebidas com cafeína e bebidas alcoólicas: O álcool, é um relaxante do
SNC, quando ingerido à noite antes de dormir pode causar sonolência, contudo o sono é
fragmentado, o que resulta num sono não reparador. A cafeína, é um conhecido estimulante do
SNC. Esta substância liga-se aos recetores de adenosina diminuindo o sono [75].
Evite fumar: fumadores ativos podem apresentar aumento do tempo de latência para adormecer
e fragmentação do sono [75].
Use o quarto apenas quando precisa dele: O facto de realizarmos algumas tarefas na cama como
trabalhar no computador ou ver televisão, aumenta o estado de vigília [75,73].
O ambiente do quarto deve ser escuro, silencioso e confortável: A temperatura é um fator muito
importante. Um quarto frio pode levar ao aumento do tempo de latência para adormecer e a uma
diminuição do sono REM e da fase 2 do sono NREM. Um ambiente quente reduz, normalmente,
o sono total. O barulho pode interromper o sono dependendo da fase em que se encontra [75].
Não usar o telemóvel/computador nem ver televisão antes de dormir: A luz emitida por estes
aparelhos reduz a produção de melatonina, aumentado a dificuldade em adormecer e em manter
o sono. Além de que, estas tecnologias, deixam o nosso cérebro num estado de alerta, o que faz
com que seja difícil adormecer [76,77].
Optar por atividades pequenas como ler, ouvir música calma ou fazer exercícios de respiração
antes de dormir: a fim de reduzir o estado de hiperexcitação [75,78].
Praticar exercício físico: A relação entre o sono e o exercício é complexa, envolve interações entre
ritmo circadiano, metabolismo, estado imunitário, termorregulação, sistema vascular e endócrino.
Geralmente, recomenda-se exercício aeróbico moderado como medida não farmacológica no
tratamento de distúrbios do sono [79].
Optar por refeições ligeiras à noite [73].
2.1.8. Terapia farmacológica
Melatonina:
A melatonina é um composto usado no tratamento a curto-prazo da insónia primária, ou
seja, sem causa identificada, em doentes com idade igual ou superior a 55 anos. Esta substância
tem dois efeitos: um efeito inibitório agudo nos neurónios do núcleo supraquiasmático e um efeito
de indução da transição de fase no ciclo de sono [80]. Estudos indicam que a sua administração
leva a diminuição do tempo de latência para adormecer e melhoria no estado de alerta matinal em
relação ao placebo [81, 82]. Em Portugal, é comercializada na forma de libertação prolongada
(Circadin®-2 mg), ou na forma de suplemento alimentar, estando neste caso limitado a 1 mg de
melatonina por comprimido.
Valeriana Officinalis:
O extrato de Valeriana é indicado em casos de ansiedade ligeira e de dificuldade em
adormecer [83]. Deve a sua ação ansiolítica ao facto de modelar alostericamente o recetor GABA
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 33
[84]. Os seus efeitos, contudo, não são consistentes, devido à variação de concentrações existente
entre as preparações deste composto [85].
Anti-histamínicos:
Os anti-histamínicos estão presentes em muitos dos medicamentos usados no tratamento
de alergias, sintomas de constipação, náuseas e, também, de insónias [86]. A histamina é um
regulador do ciclo sono-vigília, uma vez que induz a vigília. Os anti-histamínicos, pelo contrário,
promovem o sono, por bloqueio da ação da histamina nos recetores H1. Os anti-histamínicos de
primeira geração, têm a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e, por isso, têm um
maior efeito sedativo. Contudo, apresentam também efeitos anticolinérgicos, responsáveis por
efeitos adversos como boca seca, prisão de ventre, retenção urinária e visão turva [87]. A
doxilamina é um exemplo dos anti-histamínicos mais usados no tratamento da dificuldade
temporária em adormecer. Tem a capacidade de reduzir o tempo de início do sono e de aumentar
a duração do mesmo [88].
Antidepressivos:
Alguns antidepressivos têm um efeito sedativo, que é causado pelo antagonismo do efeito
de promoção da vigília de substâncias como a histamina, acetilcolina, noradrenalina e serotonina.
Apesar de não serem tratamento de primeira linha, este tipo de fármacos tem vindo a ser cada vez
mais utilizados na insónia crónica devido ao seu perfil de uso prolongado e ao facto da incidência
de depressão em doentes com insónia crónica ser elevada. A trazodona, a mirtazapina, a doxepina
e a amitriplina são dos antidepressivos com maior efeito sedativo e, por isso, os mais utilizados
no tratamento da insónia [80].
Benzodiazepinas:
As benzodiazepinas (BDZ) atuam como moduladores alostéricos dos recetores GABAA,
tendo por isso efeito sedativo, hipnótico, relaxante muscular e anticonvulsivo [89]. Ao ligar-se ao
seu lugar de ligação no recetor GABAA, a BDZ, aumenta a frequência de abertura dos canais de
cloro, com consequente aumento do influxo de iões de cloro, o que aumenta a ação inibitória do
GABA. Desta forma, promove e o sono e reduz a excitação cerebral [80, 90]. As BDZ têm a
capacidade de reduzir a percentagem de ondas lentas e de aumentar a duração da fase 2 do sono
NREM. O seu efeito no sono REM é, contudo, variável e menos pronunciado [80]. As BDZ de
curta ação são mais indicadas para pessoas com dificuldade em adormecer, enquanto que as de
longa-ação são recomendadas a pessoas que têm dificuldade em manter o sono [90].
Devido aos seus efeitos adversos e ao risco de tolerância e de dependência, na Europa, é
recomendado que o seu uso seja limitado a um período de 4 semanas. Enquanto as BDZ de curta-
ação estão mais associadas a dependência e tolerância, as de longa-ação estão mais associadas a
efeitos de sedação no dia seguinte [80]. Os efeitos, mais comuns, no dia seguinte são: sedação
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 34
residual, dor de cabeça, vertigens, diminuição do estado de alerta, confusão, fraqueza muscular,
visão turva e amnésia anterógrada [90]. A longo-prazo os efeitos incluem: declínio psicomotor e
cognitivo, impacto negativo na memória, dependência e tolerância (necessidade de aumento da
dose para obter o mesmo efeito) [90,91]. Nos idosos o risco é acrescido, podendo ocorrer ataxia,
confusão e aumento da propensão a quedas. Neste caso, quando o uso não pode ser evitado, deve-
se recorrer a uma dose mais baixa que no adulto [90].
A descontinuação de BDZ é um processo difícil. Quando é abrupto pode causar:
ansiedade, irritabilidade, insónia, pesadelos, falta de concentração, sudação excessiva,
náuseas/vómitos e espasmos musculares [90,91]. De forma a atenuar estes efeitos pode recorrer-
se, numa primeira fase, à substituição da BDZ por uma de maior tempo de semivida como o
diazepam [90]. O processo de descontinuação deve ser gradual e a redução da dose deve ser
progressiva de forma a evitar os efeitos de retirada [91]. A melatonina também tem sido utilizada
no processo de descontinuação de BDZ. Alguns estudos apontam para uma redução do consumo
de BDZ após o início de tratamento com melatonina [92,93].
Zolpidem:
Tal como as benzodiazepinas, o zolpidem, é um modulador alostérico do recetor GABAA.
Contudo, tem uma estrutura diferente das BDZ, o que faz com que tenha um perfil risco-benefício
mais favorável. Apresenta menos efeitos adversos e menor potencial de abuso, em relação às
benzodiazepinas. Além disso, é rapidamente absorvido por administração oral [80].
2.2. Motivação e objetivos
Dados apontam para que, no mínimo, 20% dos portugueses, tenham problemas de sono.
Sendo Portugal um dos países onde é maior o consumo de fármacos para induzir o sono [54].
Partindo desta informação e depois de ter a perceção de que os fármacos indutores de sono eram
dos fármacos mais prescritos e mais vendidos na FM e que as queixas de problemas com o sono
eram muito frequentes entre os utentes, achei importante abordar este tema. Notei ainda que a
maioria das pessoas considerava inalcançável ter um sono adequado sem o uso de fármacos
indutores de sono e a grande maioria não dava a importância devida a este tema, que é tão
fundamental para a sobrevivência e para a qualidade de vida das pessoas. O objetivo deste projeto
foi alertar as pessoas para alguns comportamentos errados que prejudicam a qualidade do seu
sono, esclarecê-las e alertá-las em relação à importância de uma boa noite de sono, fornecer
informação útil para melhorá-lo e alertar para os efeitos adversos do abuso das BDZ.
2.3. Concretização
No dia 16 de julho dei início a este projeto com o preenchimento de inquéritos relativos aos
hábitos e problemas com o sono dos utentes da FM (Anexo IV) e, ainda, à distribuição de
panfletos informativos sobre o tema (Anexo V). O inquérito, realizado a vários dos utentes da
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 35
FM, consistia numa série de questões acerca dos hábitos de sono e da qualidade do mesmo, sendo
considerado apenas o último mês. Os inquéritos foram na sua maioria realizados por mim o que
me permitiu, e também era esse um dos meus objetivos com o inquérito, que ele servisse de base
para uma “conversa” em que pude retificar alguns comportamentos errados que o utente estava a
ter, dar alguns conselhos para que este melhorasse o seu sono, alertá-lo para sinais de um sono
sem qualidade e aconselhar a consulta médica quando considerei necessário. O panfleto foi
utilizado como consolidação desta conversa, apesar de estar mais focado na insónia uma vez que
este é problema de sono mais frequente, contém informação sobre medidas não farmacológicas
importantes não só para prevenir a insónia como para melhorar a qualidade do sono, informação
simplificada sobre tratamento farmacológico e, ainda, uma parte dedicada aos efeitos adversos
das BDZ, numa tentativa de sensibilizar as pessoas para o potencial de dependência deste tipo de
fármacos.
2.4. Resultados
Os inquiridos eram na sua maioria do sexo feminino (68.4%) e de idade superior a 65
anos (31.6%), apesar de no inquérito terem participado utentes com idades compreendidas entre
os 23 e os 90 anos.
Em relação à pergunta “A que horas se deita?” a maioria respondeu “depois das 23h”
(68.4%). 44,7% das pessoas diz dormir 7 h por noite, 10.5% dorme menos de 5 h e apenas uma
pessoa diz dormir 9 h. Também 44,7% das pessoas dizem que se deitam frequentemente à mesma
hora, 26.8% diz que se deita sempre à mesma hora e 13.2% nunca se deitam à mesma hora.
Quando interrogados sobre o uso de aparelhos eletrónicos (televisão, telemóvel, computador)
89,5% diz usar este tipo de aparelhos antes de dormir. Já em relação ao consumo de cafeína,
apenas 31.6% das pessoas dizem consumir produtos com cafeína depois das 17 h. E apenas 15.8%
dos inquiridos é fumador.
Quando questionados sobre se acordam cansados, 36.8% diz que raramente, 23.7% diz
que frequentemente e 15.8% diz que se sente sempre cansado quando acorda. 26,3% das pessoas
diz que sente sono durante o dia frequentemente e 50% raramente. Quanto a insónias, 7.9% das
pessoas diz sofrer sempre e 23.7% diz sofrer raramente. A maioria das pessoas diz não acordar
(39.5%) ou acordar raramente (31.6%) durante a noite. Dos inquiridos 28.9% ingere medicação
para dormir. Sendo os fármacos mais utilizados as benzodiazepinas de longa-duração.
Dos inquiridos, 47.4%, não considera o seu padrão de sono adequado. Destes, 28,9%
conseguem identificar uma causa que justifique o sono inadequado. Entre essas causas as mais
frequentes são o excesso de trabalho e a ansiedade. Os dados obtidos encontram-se representados
esquematicamente no Anexo VI.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 36
2.5. Conclusão
Apesar de ter um forte impacto na qualidade de vida, os problemas com o sono são muitas
vezes vistos como problemas menores. Muitas pessoas tendem a não se aconselhar com o seu
médico ou farmacêutico sobre este assunto, outras optam por medicação pondo de parte as
medidas não farmacológicas e os hábitos que prejudicam o seu sono. Apesar dos resultados
indicarem que alguns hábitos têm sido alterados, como o consumo de tabaco e a ingestão de
cafeína ao final da tarde, outros hábitos têm vindo a ser adotados nos últimos anos e estão a
prejudicar a qualidade de sono da população. O trabalho excessivo, a ansiedade com que vivemos,
o trabalho por turnos e o uso de equipamentos eletrónicos antes de dormir são as principais causas
de noites mal dormidas. A perceção que tive das pessoas a quem fiz o inquérito é a de que
consideram os seus problemas com o sono um estado irreversível que só pode ser tratado com
medicação. O que faz com que muitas das pessoas utilizem benzodiazepinas como medicação
crónica, ainda que a indicação seja de uma utilização a curto-prazo. Cabe então ao farmacêutico,
não só alertar para os efeitos adversos destas substâncias, mas também fornecer alternativas,
informar acerca dos hábitos de higiene do sono e prestar o apoio necessário à retirada deste tipo
de fármacos.
3. Projeto III – Doença venosa e doença hemorroidária
3.1. Doença venosa
A Doença Venosa Crónica (DVC) é uma doença debilitante que afeta grande parte da
população [94]. Em Portugal, cerca de 35% da população adulta é atingida por esta doença. Sendo
as mulheres com mais de 30 anos as mais afetadas (60% dos casos). Trata-se de uma patologia
com quadro crónico e evolutivo, que afeta as veias das pernas responsáveis pelo retorno do sangue
ao coração [95]. As veias das pernas ficam comprometidas na sua função devido a alterações na
parede e nas válvulas das mesmas, levando à acumulação de sangue nas pernas que não é
transportado de regresso ao coração. Estas alterações devem-se à combinação de hipertensão
venosa e inflamação venosa crónica. As válvulas oferecem resistência à hipertensão venosa,
contudo, quando o seu limite é ultrapassado forma-se o refluxo venoso. Este refluxo leva à
libertação de mediadores da inflamação ao nível das células endoteliais. Ocorrendo ativação,
adesão e migração de leucócitos, produção de citoquinas e fatores de crescimento, o que resulta
em alterações na matriz extracelular, com consequente comprometimento das válvulas e refluxo
venoso. Cria-se, assim, um ciclo vicioso hipertensão-inflamação causador da DVC [94,95,96,97].
Esta doença manifesta-se através de sinais não visíveis como: sensação de pernas cansadas,
dor nas pernas, sensação de pernas pesadas, comichão, dormência e cãibras noturnas. E também
de sinais visíveis como: telangectasias (“derrames”), varizes, edema venoso (inchaço que se
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Mariana Ferreira Fonseca 37
concentra essencialmente nos tornozelos), pigmentação da pele e úlceras venosas que podem estar
ativas ou cicatrizadas [95,96].
3.1.1. Fatores de risco
Os fatores de risco são vários e estão, normalmente, relacionados com condições que
levam a alterações na estrutura das veias. Entre os principais fatores de risco temos a idade (mais
de 30 anos), o género (mulher é mais afetada), a história familiar, a gravidez e outro tipo de
alterações hormonais. Existem ainda outros fatores, relacionados com hábitos do quotidiano que
influenciam o aparecimento da doença, tais como: obesidade, passar muito tempo numa posição
estática, roupa apertada, sapatos de salto muito alto ou muito raso, locais quentes, tabaco, dieta
obstipante e falta de exercício físico [95,98].
3.1.2. Classificação
De forma a uniformizar o diagnóstico e o tratamento da DVC, as suas diversas
manifestações foram classificadas segundo o sistema CEAP (Clínica, Etiologia, Anatomia,
Patofisiologia). O CEAP é um método internacionalmente aceite para classificar a doença
consoante a sua gravidade. Apesar de aportar estas quatro componentes, como se trata de uma
classificação complexa, por rotina, apenas se utiliza a componente clínica. Este sistema classifica
a DVC em 7 categorias. A C0 corresponde à fase mais inicial da doença, em que não existem
sinais visíveis ou palpáveis, mas em que aparecem os primeiros sintomas como a dor de pernas,
a sensação de pernas cansadas e pesadas. Na C1 aparecem as telangiectasias ou varizes reticulares,
que são muitas vezes chamadas de “derrames” ou “raios”. As telangiectasias são na realidade
vénulas intradérmicas dilatadas, com menos de 1 mm de diâmetro. A C2 caracteriza-se pela
presença de varizes, que correspondem a veias subcutâneas dilatadas com 3 ou mais mm de
diâmetro. Este quadro pode evoluir para situações mais graves como tromboflebites, embolia
pulmonar ou hemorragia de rotura. Na C3 aparece o edema que, apesar de ocorrer, normalmente,
na zona do tornozelo, pode estender-se à perna e ao pé, e caracteriza-se por deformação após
pressão. A pigmentação e/ou eczema são características da C4. A pigmentação acastanhada resulta
da extravasão de sangue para o espaço extra-vascular. Normalmente está confinada à zona do
tornozelo, contudo, pode estender-se à perna e ao pé, assim como o eczema. A C5 e C6
correspondem à úlcera cicatrizada e à úlcera ativa, respetivamente, e são as fases mais avançadas
da doença. Estão frequentemente associadas a infeções e a difíceis processos de cicatrização
[95,99].
3.1.3. Tratamento
O tratamento deve sempre ser adaptado à presença e gravidade dos sintomas, à evolução
da doença, às capacidades do doente e aos seus objetivos. De forma a aumentar a sua qualidade
de vida, melhorar os sintomas e atrasar ou até mesmo impedir a evolução da doença.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 38
O tratamento não farmacológico
Corresponde à adoção de medidas que devem ser adotadas por estes doentes de forma a
melhorar os sintomas e a controlar a evolução da doença. Estas medidas devem também ser
praticadas por toda a população como medidas profiláticas. A Sociedade Portuguesa de
Angiologia e Cirurgia Vascular (SPACV) recomenda [95]:
• Promover o movimento dos membros inferiores: andar um pouco depois de longos
períodos parado ou fazer movimentos circulares com os pés, de forma a não deixar
estagnar o sangue.
• Praticar desporto: a marcha a pé, com sapatos adequados, é das atividades mais benéficas
para a circulação venosa. Ginástica, ciclismo, dança, natação e golfe são outros dos
desportos que facilitam a circulação. Pelo contrário, ténis e basquetebol são desportos a
ser evitados.
• Evitar lugar quentes: o calor favorece a dilatação das veias, diminuindo a circulação. Já
o frio favorece a circulação. Banhos com água fria aliviam a sensação de pernas pesadas
e cansadas.
• Prevenir a obstipação e o excesso de peso: estes são dois dos fatores responsáveis por
aumento da pressão sanguínea nas veias. Optar por uma dieta rica em fibras, beber água
(1,5L por dia) e baixar o consumo de gorduras, são algumas medidas que devem ser
adotadas.
• Vestuário e calçado adequado: o vestuário apertado bloqueia a circulação venosa, deve-
se optar por roupa confortável e larga. Os sapatos devem ter, idealmente, 3 a 4 cm de
altura. Saltos demasiados altos ou demasiado baixos reduzem a circulação dos pés para
as pernas.
• Elevar os pés: seja para descansar ou para dormir. Elevar os pés 10 a 15 cm ajuda a
restabelecer a circulação dos pés para as pernas.
• Massajar as pernas: debaixo para cima, ou seja, dos dedos dos pés até à virilha, melhora
a circulação sanguínea.
Tratamento compressivo
Este tipo de tratamento consiste no uso de meias de compressão que existem em 3 modelos:
até ao joelho, até à raiz da coxa e collants. A terapia de compressão estimula a reabsorção do
edema e previne a formação do mesmo, tem efeito anti-trombótico e diminui a formação de
coágulos. Esta ação deve-se ao facto de diminuir o calibre venoso, aumentando a velocidade do
fluxo e reduzindo o refluxo, o volume residual e a pressão venosa [100]. Foi estabelecido que
compressão grau 1 (ligeira) corresponde a uma compressão externa de 15-21 mmHg, grau 2
(moderada) trata-se de uma compressão de 23-32 mmHg, grau 3 (forte) a uma pressão de 34-36
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 39
mmHg e grau 4 (muito forte) uma compressão de mais de 49 mmHg [101]. A compressão deve
ser sempre adaptada à categoria CEAP em que o doente está inserido, desta forma, recomenda-se
que doentes C0 utilizem meias de compressão ligeira, C1 e C2 podem usar meias de compressão
ligeira ou moderada, para C3 e C4 está aconselhado o uso de meias de compressão moderada e
para C5 e C6 meias de compressão moderada ou forte [102].
Compressão excessiva pode levar a necrose por pressão. Além disso, é necessário ter especial
cuidado em doentes com comorbilidades como doenças arteriais, insuficiência cardíaca, presença
de abcessos e dermatite exsudativa. [101].
Tratamento farmacológico
Apesar dos mecanismos pelos quais os fármacos venoativos atuam não estarem totalmente
esclarecidos, sabe-se que exercem efeito ao nível da micro e macro circulação. Estes fármacos
têm-se revelado bastante eficazes na melhoria dos sintomas da DVC, conduzindo assim a um
aumento da qualidade de vida. Uma vez que têm a capacidade de aliviar sintomas como a dor de
pernas, sensação de pernas pesadas e cansadas e cãibras. Tem ainda a capacidade de reduzir e
evitar o edema e as alterações tróficas. Além disso, a sua associação com medidas convencionais
permite acelerar e promover o processo de cicatrização das úlceras venosas [103]. Estão por isso
indicados no tratamento de todas as categorias de DVC, como coadjuvante da terapia compressiva
ou como substituição em casos de doença arterial, infeções da pele e climas quentes, que
impossibilitam o uso de meias de compressão [104].
Os fármacos venoativos podem ser de origem natural ou sintética. Entre os de origem natural
temos as alfa-benzopirona (cumarina), flavonoides (diosmina e fração flavonóica purificada
micronizada), saponinas (escina), antocianósidos, protocianidinas, entre outros. Os de origem
sintética são o dobesato de cálcio, naftano e benzarona [106]. Estes fármacos têm a capacidade
de aumentar o tónus venoso, diminuir a permeabilidade capilar, proteger as células endoteliais da
hipoxia, prevenir o refluxo venoso, melhorar o fluxo linfático e têm ainda ação anti-inflamatória
[102]. Além destes tratamentos existe ainda o tratamento cirúrgico e escleroterapia (secagem das
pequenas varizes, através de um agente químico) [95]. No Anexo VII encontra-se referidos os
fármacos venoativos e os respetivos modos de ação.
3.2. Doença hemorroidária
A doença hemorroidária é uma patologia comum na população adulta, que afeta ambos
os sexos e que encontra o seu pico entre os 45 e os 65 anos. Consiste no deslocamento anormal
das almofadas anais causando dilatação venosa. As hemorroidas podem ser internas, quando estão
localizadas acima da linha pectínea, ou externas, quando estão abaixo dessa linha e cobertas por
epitélio pavimentoso estratificado. As internas possuem inervação visceral, por isso, geralmente,
não cursam com dor como sintoma inicial, ocorrendo, por vezes, sangramento sem dor. Pelo
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 40
contrário, as externas têm inervação somática e por isso são mais propensas a apresentar dor. Os
principais sintomas são: prolapso, dor, prurido, sangramento e desconforto [106,107,108].
Os fatores de risco incluem: esforço defecatório excessivo, pressão intra-abdominal,
obesidade, gravidez, dieta pobre em fibras e desidratação [106,107].
3.2.1. Tratamento
O tratamento deve ser utilizado apenas quando há sintomas. O tratamento não
farmacológico passa por alterações na alimentação como o aumento da ingestão de fibras e de
água; “banhos de assento” em água morna por 15 min que permitem reduzir o inchaço, a comichão
e a dor; uso de gelo nas situações de prolapso para reduzir a dor e o inchaço; usar sabão neutro e
toalhas de algodão para a higiene da região anal, deve ainda, evitar-se o uso de papel higiénico,
que devido ao atrito causado pode provocar sangramento e irritação do local [107,108].
O tratamento farmacológico pode ser local ou oral. O tratamento local passa pelo uso de
anestésicos como a benzocaína e a lidocaína que aliviam momentaneamente a dor, e pelo uso de
corticoides que ajudam a reduzir o inchaço e a irritação. O tratamento oral inclui o uso de
venotrópicos, na fase aguda, estando provado que ajudam a reduzir o edema; analgésicos e anti-
inflamatórios não esteroides, exceto o ácido acetilsalicílico, que está desaconselhado na doença
hemorroidária; além disso, o uso de laxantes, principalmente o macrogol, também pode ser
aconselhado, de forma a reduzir o esforço de defecação [107,108,109].
Em casos mais graves o tratamento pode passar por escleroterapia, fotocoagulação,
laqueação elástica, crioterapia ou cirurgia.
3.3. Motivação e objetivos
A DVC tem uma prevalência bastante elevada na população adulta (8 em cada 10 adultos
no mundo) sendo ainda, a causa de 8% dos pedidos de reforma antecipada devido ao seu forte
impacto na qualidade de vida [110,111]. Como se trata de uma doença crónica e evolutiva é
importante que a população saiba como tratar os seus sintomas e travar a evolução da doença.
Estudos referem que uma significativa parte destes doentes evolui para estados mais complicados
da doença se não forem tratados [112], que causam grandes despesas para o orçamento da saúde,
devido aos gastos com cuidados médicos e de enfermagem necessários. A prevenção precoce e o
tratamento da DVC e das suas complicações têm um forte impacto na saúde pública e na economia
do país.
Quando o Centro Social e Paroquial São Nicolau propôs uma ação de sensibilização e
esclarecimento que se enquadrasse no seu programa de caminhadas e de ações de formação, em
conjunto com o meu orientador e com outros elementos da FM, achamos que seria relevante e
importante abordar este tema. Além de ser um tema que afeta muita gente, é um tema que se
enquadra num incentivo à adoção de um estilo de vida saudável como forma de tratar e prevenir
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 41
determinadas patologias, e por isso um tema adequado para ser abordado num programa de
caminhadas.
Estando a doença hemorroidária tão associada ao problema venoso e tendo esta patologia
surgido várias vezes nos atendimentos efetuados na FM, achamos que seria importante abordar
também este tema.
Os objetivos deste projeto foram fazer chegar toda a informação acerca da patofisiologia
e dos fatores de risco de uma forma simples e acessível a todos os participantes. Mas,
principalmente, fornecer conselhos uteis e importantes relativos ao tratamento e à prevenção
destas patologias, e alertar para comportamentos errados que podem levar à progressão da doença.
3.4. Concretização
Este projeto esteve inserido num plano de caminhadas semanais e de ações de formação
que o Centro Social e Paroquial São Nicolau organizou em parceria com outras entidades, sendo
uma delas a FM. Decorreu no dia 10 de Agosto e iniciou-se com uma caminhada desde o Centro
Social e Paroquial São Nicolau até à ponte da Arrábida (Anexo VIII), seguindo-se a apresentação
sobre Doença Venosa Crónica e Doença Hemorroidária (Anexo IX) que realizei nas instalações
do Centro São Nicolau e que contou com a presença dos utentes do centro e de algumas pessoas
que também participaram na caminhada, a maioria das pessoas tinha idades compreendidas entre
os 40 e os 65 anos, ou seja estavam inseridos na faixa etária mais afetada pela DVC.
A apresentação consistiu numa breve abordagem à definição dos dois tipos de doenças e
dos seus respetivos fatores de risco, seguindo-se uma abordagem mais extensa às medidas não
farmacológicas que devem ser utilizadas para tratar e prevenir ambas as doenças e ainda uma
referência às medidas farmacológicas e a outro tipo de tratamentos. Durante a apresentação notei
que muitas pessoas não tinham uma ideia clara do que é a DVC e dos fatores de risco que lhe são
subjacentes, assim como da doença hemorroidária. Após a apresentação foi dado tempo e espaço
para que quem quisesse esclarecer alguma dúvida ou pretende-se algum tipo de aconselhamento
o pudesse fazer de forma mais privada. Alguns destes utentes apresentavam um quadro
compatível com DVC, nestes casos reforcei a importância das medidas não farmacológicas, e
consoante o grau de gravidade aconselhei o uso de meias compressivas e de terapia farmacológica.
No final da apresentação as pessoas consideram-se esclarecidas em relação a estas dois temas e
em relação ao impacto que as medidas não farmacológicas podem ter no tratamento e na
prevenção das mesmas.
Conclusão
O estágio é uma etapa fundamental para a consolidação dos conhecimentos adquiridos ao
longo destes 5 anos. É também uma fase importante para adquirir algumas competências
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 42
diferentes das que são abordadas durante o curso, como a gestão, a economia, a logística e a
comunicação.
O facto de ter estado em contacto com profissionais dedicados, dinâmicos, com grande
espírito de equipa e com uma forte consciência social, foi crucial para que em 3 meses adquirisse
os pilares fundamentais para o meu futuro como farmacêutica.
A política Kaizen, adotada pela FM, ajudou-me a entender a importância da organização,
e do trabalho feito fora do balcão e que é tão importante para o funcionamento e rentabilidade da
farmácia, mas acima de tudo para um atendimento eficaz. Além disso, mostrou-me que cada
elemento é essencial para o funcionamento da farmácia, e que quando trabalhamos todos juntos
com o mesmo objetivo e de forma organizada, ganha não só a farmácia, mas também o utente.
Os 3 meses passados na FM mostraram-me que todos os dias aprendemos e que o
conhecimento técnico-científico é a chave de um bom atendimento. Por esse motivo, todos os
elementos da FM, sempre me incentivaram a querer saber mais e a questionar. Mostrando-se
sempre disponíveis para me esclarecer. Principalmente nas áreas que não são tão abordadas
durante o MICF, como a dermocosmética, a veterinária e a puericultura.
No que diz respeito ao atendimento fui sempre incentivada a não só dispensar, mas a
questionar, entender os motivos do pedido de forma a evitar erros de automedicação e de forma
a aconselhar corretamente. Um dos grandes desafios foi a adesão à terapêutica. O facto de a
farmácia dispor de outros serviços como a medição da pressão arterial e da glicémia foi
fundamental neste sentido, uma vez que muitos destes utentes tendem a deixar a medicação de
lado assim que pensam ter estabilizado estes valores.
Outro dos pontos que mais me marcou foi a interação da FM com a comunidade,
mostrando que não é apenas importante trazer as pessoas à farmácia, mas também levar a farmácia
às pessoas. Tentei, por isso, nos meus projetos de proteção solar e de doença venosa crónica e
hemorroidária, levar a farmácia à população, mostrando-lhes que o farmacêutico é um elemento
ativo do SNS em quem podem confiar e com quem se podem aconselhar.
Considero, por estes motivos, ter adquiridos as bases fundamentais de comunicação,
espírito de equipa, autonomia, organização e conhecimento, necessários para o desempenho da
minha função enquanto farmacêutica.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
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Mariana Ferreira Fonseca 49
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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
Mariana Ferreira Fonseca 50
Anexos
Anexo I – Área exterior da farmácia moreno.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
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Anexo II– Apresentação “Verão com diversão sem picada e sem escaldão”
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Anexo III – “Quantos-queres” sobre proteção solar
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Anexo IV – Inquérito sobre higiene do sono e problemas de sono
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
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Anexo V – Panfleto informativo sobre o sono
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Anexo VI – Resultados do inquérito sobre higiene do sono e problemas de sono-
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Tabela 5 – Compilação dos resultados obtidos no inquérito.
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
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Anexo VII – Fármacos venoativos e respetivos modos de ação.
Tabela 6 - Fármacos venoativos e respetivos modos de ação (adaptado [102]).
Grupo químico Grupo químico Tónus
venoso
Paredes e válvulas venosas
Permea-bilidade capilar
Sistema Linfático
Efeito anti-inflamatório
Parâmetros hemor-
relógicos Proteção
das células endoteliais
Prevenção do refluxo
venoso
Inibição interção
leucócito-epitélio
Redução radicais
livres
Gama-benzopironas
FFPM + + + + + + + +
Diosmina ND ND ND ND ND ND ND ND
Rutina + ND ND + ND ND + ND
Saponinas
Extrato de Ruscus
+ + ND + ND ND ND ND
Escina + + ND + ND ND + ND
Outros extratos de
plantas
Antocianósidos Proantocianidina
ND + ND + ND ND + +
Sintéticos
Dobesilato de cálico
+ ND ND + + ND + +
Benzarona Naftazona
ND ND ND ND ND ND ND ND
*ND – Não demosntrada evidência
Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
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Anexo VIII – Caminhada do Centro Social e Paroquial São Nicolau.
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Relatório de Estágio em Farmácia Comunitária
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Anexo IX – Apresentação sobre “Doença Venosa Crónica e Doença Hemorroidária”
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Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
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Farmacia Blanca Santos Alonso Burón
Mariana Ferreira Fonseca
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca ii
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Memoria de Practicas en Oficina de
Farmacia
Farmacia Blanca Santos Alonso Burón
Enero de 2018 a Abril de 2018
Mariana Ferreira Fonseca
Tutora académica: Dra. Ana Celia Alonso González
Tutora de la farmacia: Dra. Blanca Santos Alonso Burón
Abril 2018
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca iii
Declaração de Integridade
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso
ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações,
ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se
devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de
referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito
académico.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 13 de Abril de 2018
Mariana Ferreira Fonseca
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca iv
Agradecimientos
Llegando al final de una etapa que fue importantísima, no podía dejar de agradecer a
todas las personas que estuvieron presentes durante este camino y que lo hicieron posible.
Agradezco a la Facultad de Farmacia de la Universidad de Oporto por la oportunidad de
hacer el programa Erasmus, y a la Universidad de Oporto por el soporte y el seguimiento
constante. Agradezco también a la Universidad de Salamanca por la posibilidad de hacer las
Prácticas Tuteladas de Farmacia en cuanto estudiante Erasmus.
A Blanca Alonso Burón agradezco por haberme recibido en su farmacia durante estos 3
meses, por haberme dado la oportunidad de dar mis primeros pasos en la oficina de farmacia y
por haber estado disponible para me ayudar se necesario. A María agradezco todo lo que me
enseñó y el amor a la profesión que me transmitió, mostrándome que las dificultades siempre se
superan cuando se hace lo que más se gusta. A Elena agradezco toda la paciencia, cariño, apoyo
y toda la alegría con que nos contagia todos los días. Le agradezco a Pedro por mostrarme todos
los días que ser farmacéutico es mucho más que dispensar medicamentos, que las personas
vienen siempre en primer lugar, la humanidad y cariño con que trata a cada persona que entra en
la farmacia y todas las experiencias de sus largos años de trabajo que ha compartido conmigo
son cosas que ciertamente no olvidaré. Agradezco también a Jesús, mi compañero de prácticas
por haber compartido conmigo los primeros pasos como farmacéuticos apoyándome cuando lo
necesitaba.
Durante estos tres meses, tuve la oportunidad de vivir en una ciudad muy distinta de la
mía y donde hablé una lengua distinta de la primera que he aprendido, lo que me ha hecho
crecer e descubrir más sobre mí. No puedo también dejar de agradecer a todas las personas
increíbles con que me he cruzado y con que he compartido la experiencia de Erasmus. Estoy
segura que no habría sido tan maravillosa sin vosotros.
Agradezco por fin a mi familia y amigos por todo el soporte a lo largos de esta
experiencia, sin ellos no sería posible.
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca v
Resumen
Esta etapa constituye uno de los momentos más importantes y decisivos del Doble
Grado en Farmacia, en la medida que viabiliza la aplicación y consolidación de los
conocimientos adquiridos a lo largo del curso. Es una etapa que coloca el futuro farmacéutico en
contacto con la realidad cotidiana de una farmacia a fin de servir a la comunidad con la mejor
competencia y calidad posible.
Estos tres meses de prácticas fueron mi primer contacto completo con la farmacia
comunitaria y habiendo sido realizados en una ciudad y país diferentes del mío, me permitirán,
además de consolidar todos los conocimientos adquiridos durante los cuatro años de estudio,
mejorar un idioma que era nuevo para mí ya que mi trabajo diario era desarrollado totalmente en
español.
En esta memoria se presenta un resumen de todas las actividades realizadas durante los
tres meses, que permitirán poner en práctica todos los conocimientos adquiridos antes y a lo
largo de las prácticas. El documento describe toda la organización y funcionamiento de una
farmacia en España, más específicamente de la Farmacia Blanca Santos Alonso Burón.
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca vi
Índice
Agradecimientos .......................................................................................................................... iv
Resumen ........................................................................................................................................ v
Índice de Abreviaturas ............................................................................................................... viii
Índice de Imágenes y Tablas ........................................................................................................ ix
1. Introducción .............................................................................................................................. 1
2. Organización física y funcional de la farmacia ......................................................................... 1
2.1. Ubicación y breve descripción ........................................................................................... 1
2.2. Recursos humanos .............................................................................................................. 1
2.3. Espacio Físico de la farmacia ............................................................................................. 2
2.4. Sistema informático............................................................................................................ 3
3. Adquisición de los productos comercializados en la farmacia .................................................. 3
3.1. Gestión de stock ................................................................................................................. 3
3.2. Pedidos ............................................................................................................................... 4
3.3. Recepción y Verificación de Pedidos ................................................................................. 4
3.4. Almacenamiento y ubicación de los productos .................................................................. 4
3.5. Control de caducidades ...................................................................................................... 5
3.6. Devoluciones ...................................................................................................................... 5
4. Dispensación de medicamentos ................................................................................................ 6
4.1. La Receta Médica ............................................................................................................... 6
4.2. Aportaciones ...................................................................................................................... 9
4.3. Medicamentos Sujetos a Prescripción Médica (MSPM) .................................................. 10
4.4. Medicamentos no Sujetos a Prescripción Médica (MNSPM) .......................................... 11
4.5. Medicamentos sujetos a legislación especial ................................................................... 12
4.6. Dispensación de otros productos farmacéuticos .............................................................. 14
7. Cuidados e Servicios Farmacéuticos ....................................................................................... 17
7.1. Medición de tensión arterial ............................................................................................. 17
7.2. Medición de glucemia ...................................................................................................... 17
8. Facturación de Recetas ............................................................................................................ 18
9. Libros Oficiales y Fuentes de Información ............................................................................. 19
10. Recogida de Medicamentos Caducados o en Desuso - Punto SIGRE .................................. 20
Conclusión................................................................................................................................... 20
Bibliografía ................................................................................................................................. 22
Anexos......................................................................................................................................... 24
Anexo I- Principales áreas de la farmacia ........................................................................... 24
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca vii
Anexo II – Receta electrónica ............................................................................................. 25
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca viii
Índice de Abreviaturas
ATEP - Accidentes de Trabajo y Enfermedad Profesional
DH - Diagnóstico Hospitalario
DOE - Denominación Oficial Española
ECM - Especial Control Médico
EFP - Especialidades Farmacéuticas Publicitarias
ISFAS - Instituto Social de las Fuerzas Armadas
MNSPM - Medicamentos No Sujetos a Prescripción Médica
MSPM - Medicamentos Sujetos a Prescripción Médica
MUFACE – Mutualidad General de los Funcionarios Civiles del Estado
MUGEJU - Mutualidad General Judicial
PNT - Procedimientos Normalizados de Trabajo
PVA – Precio de Venta del Almacén
PVP – Precio de Venta al Público
RCV – Risco Cardiovascular
SDTX – Síndrome Tóxico
SNS – Sistema Nacional de Salud
SS – Seguridad Social
TSI - Tarjeta de Salud Individual
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca ix
Índice de Imágenes y Tablas
Imágenes
Imagen 1 – Símbolos presentes en el envase de los medicamentos………….……………….10
Tablas
Tabla 1 - Distribución de las aportaciones por la población residente en España………………9
Tabla 2 - Símbolos y siglas más común en los envases de los medicamentos………………...11
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 1
1. Introducción
La misión diaria de un farmacéutico es garantizar y generar salud, teniendo un papel clave
en la asistencia a la población. Las prácticas tuteladas en oficina de farmacia son, por eso, un
paso esencial para completar el Doble Grado en Farmacia, de modo que el futuro farmacéutico
pueda servir a la comunidad con mejor competencia y calidad posible.
La oficina de farmacia es un área donde se encuadra los servicios básicos a la población
como el almacenamiento y dispensación de medicamentos y productos sanitarios, el control de
las recetas médicas, la preparación de fórmulas magistrales y preparados oficinales, así como la
colaboración en actos de prevención y promoción de la salud.
Actualmente el desafío es asegurar la calidad del servicio farmacéutico y el acceso al
medicamento por parte de todos los ciudadanos al mismo tiempo que se promueve el uso
racional de los medicamentos.
He realizado mi Erasmus en la farmacia Blanca Santos Alonso Burón, en Salamanca, de
enero a abril. En este tiempo tuve la oportunidad de conocer el funcionamiento de la farmacia y
adquirir competencias importantes para la actividad farmacéutica, como voy a describir en este
informe.
2. Organización física y funcional de la farmacia
2.1. Ubicación y breve descripción
La farmacia Blanca Santos Alonso Burón localizase en Salamanca, en la calle Canalejas,
117. Es una farmacia pequeña, pero bien localizada, en una calle muy concurrida. Es
frecuentada mayoritariamente por clientes que habitan en esa misma calle y que ya se
encuentran fidelizados, manteniendo por eso una relación cercana con los farmacéuticos que
están acostumbrados a acompañar a sus pacientes a lo largo de los años, ya que muchos de ellos
san ancianos y poli medicados.
Su horario de funcionamiento es de 9h30 a 14h00 y de 17h00 a 20h30, de lunes a viernes, y
por los sábados es de 9h00 a 14h00.
Mis prácticas fueran hechas de lunes a viernes, de las 9h30 a 14h00 y de las 17h00 a 19h30.
2.2. Recursos humanos
El equipo es constituida por la farmacéutica titular (Blanca Santos Alonso Burón), por una
farmacéutica, María, y por dos auxiliares de farmacia, Pedro y Elena. Juntos aseguran la calidad
del servicio, y gracias a su simpatía y profesionalismo permiten que la farmacia cuente con
varios clientes fidelizados que confían en su trabajo.
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 2
Durante mis prácticas tuve la oportunidad de trabajar con todos ellos que estuvieron siempre
muy disponibles para enseñar y ayudar, siendo cruciales para mi aprendizaje a lo largo de los 3
meses de práctica.
2.3. Espacio Físico de la farmacia
El exterior de la farmacia está identificado debidamente con una cruz verde luminosa, el
horario de funcionamiento y el nombre del titular farmacéutico según la legislación en vigor [1].
En el interior presenta las siguientes divisiones: área de atención al público, zona de
revisión, almacenamiento de medicamentos y laboratorio donde se preparan las fórmulas
magistrales, un gabinete de la titular, un almacén y aseos. En el Anexo I se encuentran las
principales áreas de la farmacia.
2.3.1. Área de atención al público
El área de atención al público se encuentra bien iluminada y contiene un mostrador con tres
puesto cada uno con un ordenador. Por detrás del mostrador están unas estanterías donde se
encuentran sobretodo productos dermatológicos y cosméticos, estas estanterías contienen aún
otros productos de venta libre como productos de higiene oral, champús y productos
contraceptivos. En los cajones junto al mostrador se encuentran algunos de los medicamentos
no sujetos a receta médica más vendidos, pruebas de embarazo, termómetros entre otros
productos que necesitan estar más accesibles al dispensador. En el exterior del mostrador
también se encuentran expuestos algunos productos de venta libre como productos ortopédicos,
productos naturales y productos de pérdida de peso. En esta zona también hay una balanza y un
banco donde se hacen las mediciones de la tensión.
2.3.2. Área de recepción, revisión, almacenamiento de medicamentos y
laboratorio
En el área de almacenamiento, por detrás del mostrador, están almacenadas las
especialidades farmacéuticas, en cajonera por orden alfabética y dividida en jarabes y sobres,
cremas/pomadas, comprimidos, productos oftálmicos, vitaminas para los ojos, soluciones,
óvulos y supositorios, ampollas y inyectables. En esta zona hay también unas estanterías donde
se encuentra stock de productos que están en la cajonera, algunos productos antigripales,
antitusivos y mucoliticos, y medicamentos encargados. Además tiene una zona donde se hace la
recepción de pedidos, donde son conferidas todas las recetas y recogidas juntamente con toda la
documentación referente a ellas, y un área de laboratorio donde se hacen las fórmulas
magistrales.
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 3
2.3.3. Despacho de la Titular
Es el lugar donde la farmacéutica titular recibe a los delegados comerciales. Esta zona
contiene también un ordenador de donde hace la gestión de la farmacia.
2.3.4. Almacén
En el almacén están almacenados el stock de productos y el material publicitario usado en el
escaparate y en el interior de la farmacia para promover los productos.
2.4. Sistema informático
El sistema adoptado por la farmacia es el NovoFarma, un programa intuitivo que permite
realizar todas las tareas diarias de la farmacia y que contiene una base de datos de todos los
medicamentos disponibles pues todos los productos de la farmacia tienen una hoja de artículo
propia (con el nombre, Código Nacional (CN), precio, stock), se asume, por eso, como
importante apoyo en la dispensación, ya que presenta informaciones relevantes sobre los
medicamentos, en especial a nivel de interacciones y efectos adversos, además de que permite
efectuar una atención personalizada una vez que a través de la ficha de cliente el dispensador
tiene acceso a la información sobre cuál son los fármacos que lleva habitualmente, lo que
contribuye para un atendimiento más profesional y de mayor calidad.
Es también a través de este programa que se hace la mayor parte de los pedidos y se hace la
recepción o se devuelven los productos [2].
Constituye así un registro de todos los movimientos en la farmacia, siendo posible acceder
al histórico de ventas y al libro de recetario, entre otros [2].
Mientras hice mis prácticas tuve la oportunidad de trabajar diariamente con ese sistema, lo
considero muy práctico, rápido e intuitivo.
3. Adquisición de los productos comercializados en la farmacia
3.1. Gestión de stock
La gestión del stock constituye un aspecto fundamental para un buen funcionamiento de
cualquier farmacia, se garantiza a través del paso de todos los productos por el sistema
informático, desde la compra hasta la salida del producto, eso permite un mantenimiento
actualizado de los stocks. Para certificar la existencia de los productos en la farmacia para que
puedan ser dispensados cuando necesario, es esencial tener en cuenta los clientes de la farmacia,
tipos de prescripción de los médicos, publicidad de las medicinas no sujetas a prescripción
médica y la demanda estacional. Así es asegurado el equilibrio financiero esencial para el
correcto desarrollo de todo el trabajo en la farmacia.
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 4
3.2. Pedidos
En la farmacia Blanca Santos Alonso Burón los pedidos son hechos mayoritariamente a
Socofasa® y a veces a la Alliance Healthcare®. En general los pedidos se hacen directamente a
los almacenistas automáticamente por el NovoFarma teniendo en cuenta las existencias
máximas y mínimas, con el fin de garantizar el stock suficiente para satisfacer las necesidades.
Todos los días se hace una revisión de los pedidos para la reposición diaria de productos
con mayor rotación y una vez a la semana se hace un pedido mayor, en este caso ya se tiene en
cuenta la reposición de stock de acuerdo con las ventas semanales y las ventas futuras
estimadas. Durante el día, a veces es necesario pedir vía telefónica algún producto al
almacenista, cuando algún usuario solicita un producto que no figura en el stock de la farmacia,
en este caso se trata de encargos y normalmente se entregan en el propio día.
Hay pedidos que son hechos directamente a un laboratorio, cuando por ejemplo la farmacia
es visitada por un delegado que informa sobre cual son los nuevos productos y ofertas que
tienen. Ese tipo de venta supone una ventaja económica para la farmacia.
3.3. Recepción y Verificación de Pedidos
Cada pedido tiene un albarán donde se encuentran descritos los productos existentes en los
contenedores, el precio de venta al público (PVP), el precio de venta del almacén (PVA) y el
IVA. El proceso de recepción y verificación de pedidos empieza con una verificación del
pedido, o sea, se verifica si la factura está destinada à la farmacia, si se ajusta a los productos y
cantidades recibidas y si los importes facturados están correctos. Para no interrumpir la cadena
de frio, la primera cosa a hacer es recoger los productos que necesitan ser almacenados en la
nevera. Lo paso siguiente es la recepción del pedido en NovoFarma, debe ser dada la entrada de
los productos a través del comando “Recepción de pedidos” en el ordenador, si lo pedido fue
hecho a través del NovoFarma es necesario verificar si lo que fue recibido corresponde a lo que
fue pedido, cambiando las cantidades y las caducidades cuando necesario. Cuando el pedido no
fue hecho a través del NovoFarma es necesario crear un nuevo albarán y añadir los artículos
acogidos, la entrada de los productos es hecha a través de la lectura óptica del precinto o a
través del código nacional.
3.4. Almacenamiento y ubicación de los productos
Es una obligación de la farmacia garantizar que los medicamentos son almacenados en las
condiciones ideales de temperatura, humidad y luz [3].
El almacenamiento se hace de forma a facilitar el acceso a la medicación a fin de garantizar
un servicio eficiente y más rápido. Los Medicamentos Sujetos a Prescripción Médica (MSPM) y
algunos Medicamentos No Sujetos a Prescripción Médica (MNSPM) se encuentran, en su
mayoría, guardados en un cajonero de dispensación rápida, detrás del mostrador, que está
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 5
primariamente organizado de acuerdo con la forma farmacéutica (comprimidos/cápsulas,
productos bucofaríngeos, soluciones orales, medicamentos inyectables y ampollas, colirios y
pomadas oculares, gotas auriculares, medicamentos destinados a administración rectal y
vaginal, fórmulas farmacéuticas semisólidas de aplicación cutánea) y secundariamente por
orden alfabético. Cada cajón se identifica con las primeras letras del primer medicamento y con
las primeras letras del último, con el fin de facilitar la dispensación. En la nevera, cuya
temperatura es rigurosamente controlada, se guardan insulinas, diversas vacunas y otros
medicamentos que necesitan de una temperatura más baja de conservación.
En el mostrador existen cajones donde se guardan los MNSPM (Medicamentos No Sujetos
a Prescripción Médica) más vendidos, productos como antigripales y pastillas para el dolor de
garganta, jeringuillas, termómetros, tapones de oídos, productos buco-dentarios, test de
embarazo y otros productos. En las estanterías que están detrás del mostrador están sobretodo
productos como champús y dermocosméticos. En las estanterías fuera del área de atención al
público están los productos ortopédicos y la restante parafarmacia.
Todos los productos san almacenados de acuerdo con las fechas de caducidad, siguiendo la
regla First Expired, First Out (FEFO), en que la primera caja de cada medicamento a dispensar
tiene que ser la que tiene un plazo de caducidad más corto. Cuando los productos no tienen
fecha de caducidad tienen que seguir la regla First In, First Out (FIFO) en que el primer
producto a salir es lo que hace más tiempo en la farmacia. Así se reduce la posibilidad de
existencia de productos caducados en la farmacia.
3.5. Control de caducidades
El control de caducidades es una parte muy importante de la gestión de la farmacia, ya que
permite evitar la pierda de productos expirados y garantiza que los medicamentos cuando
dispensados se encuentren en sus óptimas condiciones para ejercer su acción y no causaren
efectos adversos. Siempre que sea posible, se hace una revisión de las fechas de caducidad de
los productos y todos los productos que han caducado o que van a caducar en los próximos
meses son separados y luego devueltos a los almacenistas. El NovoFarma tiene la capacidad de
generar una lista con los productos que van a caducar en los próximos meses, facilitando a
gestión y control de las caducidades.
Durante mis prácticas tuve la oportunidad de hacer el inventario lo que permitió identificar
los productos que van a caducar en los próximos meses y que no rotan mucho.
3.6. Devoluciones
La devolución de productos se puede hacer cuando un producto ha expirado o está a punto
de caducar, cuando el producto está dañado, cuando se producen irregularidades o errores en el
envío de los pedidos o cuando los productos son objeto de recogida.
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 6
En todos los casos se contacta el almacenista y se devuelven los productos con la parte
inferior del respectivo albarán.
Es necesario que después de este proceso se cree un albarán de devoluciones en el
NovoFarma para que estos productos dejen de formar parte del stock.
4. Dispensación de medicamentos
Según el Real Decreto 1718/2010, de 17 de diciembre, sobre receta médica y órdenes de
dispensación, la dispensación se define como el acto en que el farmacéutico entrega la
medicación prescrita por un facultativo junto a la información necesaria para su uso racional [4].
La dispensación de medicamentos y productos sanitarios es un acto de responsabilidad
profesional, no un mero acto de venta, sino la entrega de la medicación prescrita acompañada
siempre del correspondiente consejo sanitario y información para la correcta conservación y uso
del medicamento o producto sanitario [4].
4.1. La Receta Médica
El Real Decreto 1718/2010, de 17 de diciembre, define receta médica como un documento
de carácter sanitario normalizado y obligatorio, mediante el cual los médicos y el personal
legalmente facultado para ello prescriben a los pacientes los medicamentos o productos
sanitarios sujetos a prescripción médica, para su dispensación por un farmacéutico o bajo su
supervisión, en las oficinas de farmacia y otros locales debidamente autorizados para el efecto,
conforme a lo previsto en la legislación vigente [4].
La receta médica es válida en todo el territorio nacional y se presenta en la lengua oficial del
Estado y en la respectiva lengua cooficial en las comunidades autónomas que dispongan de ella,
garantizando así que el tratamiento prescrito pueda ser dispensado al paciente en cualquier
oficina de farmacia del territorio nacional [4].
Las recetas pueden emitirse en soporte papel y en soporte electrónico, y deberán ser
complementadas con una hoja de información al paciente con la información del tratamiento
necesaria para facilitar el uso adecuado de los medicamentos o productos sanitarios prescritos.
En cualquier caso el prescriptor deberá consignar los datos obligatorios, esenciales para la
validez de la receta, que son: los datos del paciente (nombre, apellidos, año de nacimiento,
código de identificación personal en las recetas de asistencia sanitaria pública, código de la
tarjeta sanitaria europea en el caso de ciudadanos extranjeros, DNI o NIE en las recetas de
asistencia sanitaria privada, y tipo de aportación o código TSI en las recetas con cargo a la
Seguridad Social); los datos del medicamento (denominación del principio activo o
denominación del medicamento, dosificación y forma farmacéutica, vía o forma de
administración, se necesario, número de unidades por envase o contenido en peso o volumen (si
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 7
no se especifica el tamaño del envase, se dispensará el envase de menor tamaño disponible),
número de envases del medicamento a dispensar, posología y duración total del tratamiento);
los datos del prescriptor (nombre, apellidos y firma, población y dirección donde ejerza, número
de colegiado o el código de identificación asignado por las administraciones competentes y la
especialidad acreditada que ejerza y la firma); los datos de la farmacia (sello de la farmacia
donde se recogen los datos de la misma: número de farmacia, titular, dirección y NIF o CIF,
fecha de dispensación y firma del farmacéutico, cuando se trata de las recetas electrónicas se
requiere la firma electrónica); deberá aún contener la fecha de prescripción, fecha prevista de
dispensación en casos de tratamientos crónicos o medicamentos de dispensación renovable y
número de orden [4].
De acuerdo con el real Decreto 178/2010 cada receta será válida para una sola
dispensación. La receta es válida para su dispensación en un plazo de 10 días naturales desde la
fecha prevista de dispensación, o de la prescripción si no figura la fecha prevista de
dispensación. En los medicamentos que requieren visado, la fecha de validez se cuenta a partir
de la fecha del visado. En las recetas de vacunas individualizadas, la receta es válida hasta 90
días naturales a partir de la fecha consignada en la receta [4].
En cada receta médica en soporte papel solo puede estar prescrito un medicamento y un
único envase del mismo, pero hay algunas excepciones: los antibióticos pertenecientes al Grupo
J01 (Antibióticos sistémicos; excepto J01E (trimetoprima, sulfadiazina y sulfamidas de acción
corta), J01M (quinolonas y fluoroquinolonas) y J01R (combinaciones de medicamentos), para
los que solo se podrá dispensar un envase por receta), viales de insulina (hasta 4 envases),
estupefacientes (hasta 4 envases, siempre que no se supere el tratamiento para 3 meses),
medicamentos de diagnóstico hospitalario (hasta 4 envases, siempre que no se supere el
tratamiento para 3 meses) y dietoterápicos (hasta 4 envases, siempre que no se supere el
tratamiento para 1 mes) [4].
En lo que se refiere al plazo máximo de tratamiento prescrito en una receta, este es de 3
meses, salvo en los tratamientos crónicos determinados por el Ministerio de Sanidad, Servicios
Sociales e Igualdad, que podrá ser de 6 meses [4].
En la dispensación el farmacéutico tiene que tener en cuenta que no puede dispensar un
medicamento o producto sanitario cuando existan dudas razonables sobre la validez de la receta
médica presentada por el paciente.
Una vez dispensadas y diligenciadas, las recetas médicas en formato papel serán
conservadas en la Oficina de Farmacia durante 3 meses, a excepción de las recetas de
medicamentos psicótropos que se guardarán durante 2 años, las recetas de medicamentos
estupefacientes que se guardaran durante 5 años y las recetas del Sistema Nacional de Salud,
cuya facturación se realizará en los plazos establecidos por la normativa vigente [4].
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 8
El farmacéutico dispensará el medicamento prescrito por el médico y, con carácter
excepcional, cuando por causa de desabastecimiento no se disponga en la oficina de farmacia
del medicamento prescrito o concurran razones de urgente necesidad en su dispensación, el
farmacéutico podrá sustituirlo por el de menor precio. En todo caso, deberá tener igual
composición, forma farmacéutica, vía de administración y dosificación. Son excepciones de esta
posibilidad de sustitución aquellos medicamentos que, por razón de sus características de
biodisponibilidad y estrecho rango terapéutico, determine el Ministerio de Sanidad, Servicios
Sociales e Igualdad que no pueden ser substituidos [5].
4.1.1. Receta Electrónica
La receta electrónica se implantó completamente en Castilla y León en julio 2016. En este
caso, en lugar de extender una receta en formato papel, el médico graba la medicación
correspondiente en un programa informático interconectado con las farmacias. El paciente
puede acudir a cualquier farmacia de Castilla y León con su tarjeta sanitaria (en este caso es
obligatorio e imprescindible presentarla), donde, al pasar la tarjeta por el lector, el programa
muestra la medicación que tiene el paciente disponible. Tras la prescripción, el médico entrega
la hoja de medicación al paciente donde se registran todos sus tratamientos y la posología.
Se puede incluir en receta electrónica cualquier tratamiento, a excepción de las
especialidades farmacéuticas que requieren de inspección de visado, para las que sigue siendo
obligatorio la prescripción en receta en papel. Con la receta electrónica, se aplica de forma
inmediata el límite de aportación que tienen asignado los pensionistas y sus beneficiarios.
Una vez que se registran las prescripciones que se van a dispensar en el sistema de receta
electrónica, se adhieren los cupones precintos de los envases dispensados en las hojas de
cupones-precintos (hojas numeradas con espacio para 28 cupones-precinto) tras asociar el
número de la hoja al acto de dispensación.
En julio de 2015 se inició el proyecto de la receta electrónica interoperable, que tiene como
objetivo principal que un ciudadano con su tarjeta sanitaria, pueda recoger en cualquier farmacia
del país su medicación prescrita en receta electrónica, independientemente de la comunidad
autónoma en la que le hayan realizado la prescripción. En 26 de junio de 2017 la Receta
Electrónica de Castilla y León tuvo entrada oficial en la interoperabilidad con algunas
Comunidades Autónomas: Aragón, Canarias, Castilla la Mancha, Comunidad Valenciana,
Extremadura, Galicia, Navarra y La Rioja. Así, los ciudadanos de Castilla y León que utilizan
receta electrónica, podrán disfrutar de las ventajas de la interoperabilidad cuando se desplacen a
alguna de las Comunidades interoperables. Asimismo, los ciudadanos de esas Comunidades
podrán adquirir la medicación que precisen en las farmacias de Castilla y León [6].
En el Anexo II se encuentra un modelo de hoja de medicación y de hoja de cupones-
precintos.
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 9
4.2. Aportaciones
El sistema de recetas cubre todo el Servicio Nacional de Salud (SNS), incluyendo los
regímenes especiales de la Mutualidad General de los Funcionarios Civiles del Estado
(MUFACE), del Instituto Social de las Fuerzas Armadas (ISFAS) y de la Mutualidad General
Judicial (MUGEJU), así como demás servicios médicos públicos o privados. Las tres últimas
tienen una aportación del 30%, mientras que las del SNS tienen una aportación variable de
acuerdo con la renta y el carácter de pensionista del usuario. Se establecen así cuatro
denominaciones principales: exentos de pagamento, activos, pensionistas y excluidos de
Farmacia. A los pensionistas está establecido un valor máximo mensual de pago a partir del cual
el SNS reembolsará a los pacientes que ultrapasen el tope mensual que les corresponde [7].
El tipo de aportación está indicada en la esquina superior derecha de la receta médica y se
refiere al valor cobrado por la farmacia en el momento de la dispensación. En el caso de la
receta electrónica, la información contenida en la tarjeta sanitaria ya recoge el código TSI de
aportación del paciente.
La distribución de las aportaciones por la población se encuentra resumida en la Tabla 1.
Código en las
recetas
Clasificación en función de la renta anual Porcentaje a pagar
del PVP medicamento
TSI001 -Parados que han perdido el derecho a percibir un
subsidio de desempleo
-Pensiones no contributivas
-Rentas de integración social
-Síndrome Toxico (SDTX)
-Tratamientos derivados de accidentes de trabajo y
enfermedad profesional (ATEP)
-Personas con discapacidad
0%
TSI002 -Jubilados con una pensión contributiva menor de
18.000 euros anuales
-Jubilados con una pensión contributiva entre 18.000
y 100.000 euros al año
10% con un tope de
8.23€ al mes
10% con un tope de
18.52€ al mes
TSI003 -Trabajadores con ingresos inferiores a 18.000 euros
al año (por trabajar, cobrar una prestación o subsidio,
otras rentas, etc.)
40%
TSI004 -Trabajadores con una renta entre 18.000 y 100.000
euros anuales
50%
TSI005 -Trabajadores con una renta superior a 100.000 euros
al año
-Jubilados con una pensión contributiva de más de
60%
60% con un límite de
Tabla 1 - Distribución de las aportaciones por la población residente en España [7][8].
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 10
100.000 euros al año 61.75€ al mes
TSI006 -Mutualidades y clases pasivas (Muface, Mugeju,
Isfas)
30%
Para determinadas especialidades farmacéuticas, consideradas básicas en el tratamiento de
ciertas enfermedades crónicas, existe la consideración de “especialidad de aportación reducida”,
para las cuales la aportación será del 10% hasta un máximo de 4,24€. Estas especialidades se
caracterizan por la presencia del cícero negro delante de las siglas A.S.S.S del cupón precinto
[8].
4.3. Medicamentos Sujetos a Prescripción Médica (MSPM)
Los medicamentos sujetos a prescripción médica (MSPM) tienen que ser prescriptas por un
médico a través de una receta médica oficial, ya que existe la posibilidad de presentar un peligro
si utilizados sin control médico o porque las reacciones adversas requieren estudios más
detallados.
Estos medicamentos presentan en su envase una simbología específica y obligatoria que se
encuentra representada en la Figura 1 y en la Tabla 2.
Imagen 1 - Símbolos presentes en el envase de los medicamentos [9].
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 11
En el momento de la dispensación de los medicamentos financiables por la SS y por las
mutualidades y clases pasivas, se extraen de los artículos los cupones precintos y se adhieren a
la receta o a las hojas de las recetas electrónicas, para que se compruebe su dispensación.
4.4. Medicamentos no Sujetos a Prescripción Médica (MNSPM)
De acuerdo con la Ley 29/2006, de 26 de julio, los MNSPM son medicamentos que pueden
ser dispensados en procesos o condiciones que no necesiten un diagnóstico preciso y cuyos
datos de evaluación toxicológica, clínica o de su utilización y vía de administración no exijan
prescripción médica [9]. Estos medicamentos se dispensan sin necesidad de receta médica a
criterio del farmacéutico según el problema de salud que refiere el paciente y pueden ser
utilizados para autocuidado de la salud, siendo la dispensación siempre acompañada de los
consejos suficientes para su correcta utilización. En este grupo se incluyen las especialidades
farmacéuticas publicitarias (EFP), que podrán ser objeto de publicidad destinada al público,
desde que no se financien con fondos públicos, que estén concebidos para su utilización sin la
intervención de un médico que realice el diagnóstico, la prescripción o el seguimiento del
tratamiento y que no presenten en su composición sustancias psicotrópicas ni estupefacientes
[10].
Estas especialidades no están financiadas por la Seguridad Social siendo el importe pago
íntegramente por el paciente y estando su precio dependiente de la entidad que los comercializa.
Tabla 2 - Símbolos y siglas más común en los envases de los medicamentos [9].
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 12
A pesar de ser una farmacia que trabaja mucho con receta médica también estos
medicamentos representan una parte significativa de las ventas de la farmacia y una parte muy
importante de ls Atención Farmacéutica, la Indicación Terapéutica, que puede ser dada siempre
que un paciente consulte el farmacéutico sobre el posible tratamiento de un problema con
síntomas menores para los cuales la legislación permite la dispensación de un medicamento sin
prescripción médica [11]. El medicamento es dispensado por el farmacéutico aludiendo siempre
al uso racional y correcto del medicamento.
Este tipo de venta es muy dependiente de la estacionalidad, así, como mi periodo de
prácticas discurrió de enero hasta abril, la mayoría de los pacientes que me ha consultado
presentaba quejas de resfriados, tos, dolores de garganta y de cabeza. Ya en el final de las
prácticas, con la mejora gradual de las condiciones atmosféricas, muchos de los pacientes
buscaban solucionar los episodios de alergias. Hay aún otro tipo de problema que no son
dependientes de la estacionalidad y que san muy comunes en la farmacia como sea la irritación
ocular, dolor menor, micosis, herpes labial, irritación vaginal, estreñimiento, entre otros.
4.5. Medicamentos sujetos a legislación especial
4.5.1. Medicamentos que necesitan visados de Inspección
Hay medicamentos que requieren un control sanitario especial y por tanto precisan de la
autorización de la "Inspección de Servicios Sanitarios". Esta autorización tiene un carácter
excepcional, individual y previo a su dispensación. Para obtener esta autorización es necesario
un informe clínico o protocolo de utilización extendido por un facultativo, que deberá ser
renovado, al menos, anualmente [12].
Los medicamentos que están obligados a tener el visado son [13]:
• Medicamentos de Diagnóstico Hospitalario (DH): son aquellos cuya administración
y seguimiento se puede realizar en régimen ambulatorio, pero el diagnóstico de la
patología solo es posible a nivel hospitalario y/o en centros especializados;
• Medicamentos de Especial Control Médico (ECM): aquellos cuya utilización puede
producir efectos adversos muy graves, por lo que su prescripción y dispensación
están restringidas a ciertas indicaciones establecidas y es necesaria la implantación
de programas de control específicos;
• Medicamentos financiados exclusivamente para una determinada indicación:
presentan la letra I en el margen superior derecho del cupón-precinto diferenciado,
algunos ejemplos son: Duphalac® (Lactulosa) en el tratamiento de la encefalopatía
hepática o Romilar® (Dextrometorfano) en pacientes neoplásicos con tos
persistente;
• Medicamentos financiados según la edad del paciente: presentan la letra E en el
margen superior derecho del cupón-precinto diferenciado, en este grupo se
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 13
encuentran los medicamentos antipsicóticos cuando se prescriben a pacientes
mayores de 75 años;
• Vacunas bacterianas y extractos hiposensibilizantes individualizados.;
• Medias elásticas terapéuticas de compresión normal;
• Absorbentes para incontinencia de orina y colectores femeninos;
• Tiras reactivas;
• Especialidades farmacéuticas que llevan en su composición carnitina;
• Productos dietéticos financiados por el SNS
Para estos productos, la fecha del visado tendrá que ser igual o anterior a la de
dispensación e igual o posterior a la de prescripción.
4.5.2. Psicótropos y Estupefacientes
Los medicamentos psicótropos y estupefacientes comprenden un conjunto de sustancias que
actúan sobre el sistema nervioso central, ya sea excitándolo o deprimiéndolo.
La dispensación controlada de sustancias estupefacientes y psicótropos es una obligación
regulada por ley, ya que hay muchos riesgos derivados del uso indebido y el tráfico ilícito de las
sustancias estupefacientes y psicotrópicas, pero es también importante garantizar la
disponibilidad de las mismas así como su uso racional para fines médicos y científicos. Así se
concibe, por un lado, la Convención Única de 1961 sobre Estupefacientes de las Naciones
Unidas y, por otro, el Convenio sobre Sustancias Psicotrópicas de 21 de febrero de 1971 [14].
En 1977 el gobierno español adaptó el Convenio sobre Substancias Psicotrópicas de 1971 a
la legislación española mediante el Real Decreto 2829/1977 de 6 de octubre, tanto en uno como
en otro caso existen cuatro listas de sustancias psicotrópicas, siendo la primera de substancias
prohibidas (tales como el éxtasis o el LSD) que sólo se pueden utilizar para fines científicos y
con previa autorización, y las listas II, III y IV que se refieren a psicótropos empleados con
fines médicos. En el caso español, existe aún una lista adicional de sustancias, llamada relación,
que el gobierno considera psicotrópicas y que no están reguladas en el Convenio de Viena y que
hacen parte del anexo 2 [15].
Pese a que se utilice la misma receta, la dispensación de psicótropos tiene unos requisitos
más estrictos que la de los otros medicamentos. En la receta, el médico sólo puede prescribir un
único psicótropo, sin que pueda añadirse otro medicamento, psicótropo o no, y el farmacéutico
sólo puede dispensar un envase por receta. Para las substancias psicotrópicas incluidas en las
listas II, III y IV del anexo 1 del Real Decreto 2829/1977, de 6 de octubre, el farmacéutico
deberá comprobar la identidad de la persona que acude a retirar el medicamento, anotando en la
receta médica el número de Documento Nacional de Identidad o documento asimilado para los
extranjeros y tiene que registrar la dispensación en el libro recetario y archivar durante dos años.
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 14
A las substancias psicotrópicas del anexo 2 no se exigirá registro en el libro recetario para la
dispensación de medicamentos [15][4].
En la Convención Única de 1961 sobre Estupefacientes de las Naciones Unidas también se
incluyen cuatro listas de sustancias, existiendo también una lista de sustancias prohibidas, la IV,
con sustancias tales como la heroína o el cannabis. Los estupefacientes de la lista I (en la que se
incluyen la morfina, la metadona y otras sustancias) se caracterizan porque aparece un punto
negro en la parte superior derecha del cartonaje tras el Código Nacional y para su dispensación
se requiere de la Receta Oficial de Estupefacientes, mientras que los estupefacientes incluidos
en las listas II, que incluyen fármacos antitusivos como la codeína y el dextrometorfano, sólo
precisan receta ordinaria, siendo las condiciones de dispensación de medicamentos con estas
sustancias como las de los medicamentos "ordinarios" que necesitan receta. Los estupefacientes
de la Lista III también requieren receta ordinaria y son medicamentos a base de sustancias de las
listas I y II a bajas concentraciones. La lista IV contiene las sustancias estupefacientes de la lista
I para las que está prohibida su fabricación, tenencia, uso e importación y solo se puede utilizar
en experimentación bajo vigilancia estricta [16].
La prescripción y dispensación de medicamentos estupefacientes se realizará en recetas
oficiales de estupefacientes que incluirán la denominación «Receta Oficial de Estupefacientes».
Esta sólo es válida cuando presenta nombre y dirección del médico prescriptor, y nombre,
dosificación, número de unidades y número de envases del medicamento. En cada receta de
estupefacientes solo puede estar prescrito un estupefaciente pero podrá tener de una a cuatro
envases del estupefaciente, siendo el máximo la medicación para tres meses de tratamiento. En
la dispensación, el farmacéutico tiene que apuntar el DNI del paciente en la receta y después la
dispensación tiene que ser registrada en el libro recetario y en el libro de contabilidad de
estupefacientes con los datos de la receta [17].
4.6. Dispensación de otros productos farmacéuticos
4.6.1. Fórmulas magistrales y preparados oficinales
Las fórmulas magistrales están definidas como siendo todo el medicamento destinado a un
paciente individualizado, ajustándose las características del fármaco a las necesidades
terapéuticas individuales, siendo preparado por un farmacéutico, o bajo su dirección y siempre
requieren receta médica. Estas fórmulas sólo podrán ser dispensadas en la oficina de farmacia o
en los servicios farmacéuticos de un hospital [18].
Según el Real Decreto 175/2001, este tipo de medicamentos sólo se pueden elaborar en
Oficinas de Farmacia y Servicios Farmacéuticos legalmente establecidos que dispongan de los
medios necesarios para su preparación de acuerdo con las exigencias establecidas en el
Formulario Nacional. No obstante, las Oficinas de Farmacia que no dispongan de los medios
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 15
necesarios, pueden encomendar a una tercera entidad autorizada por la Administración Sanitaria
[18].
Para las materias primas utilizadas en la elaboración de las fórmulas magistrales y
preparados oficinales se rellena el correspondiente Procedimiento Normalizado de Trabajo
(PNT) con su respectivo número de lote, fecha de caducidad, fecha de entrada y de aceptación,
número de unidades, PVP por unidad y número de registro interno, estos datos deben seguir
acompañados del control de calidad de la materia prima que está presente en el envase que la
contiene [18].
Antes de la preparación de una fórmula magistral o preparado oficinal se revisan los PNT
relacionados con su elaboración y comprobase si ya se ha elaborado anteriormente la fórmula,
de manera que si es la primera vez que se elabora debemos redactar el PNT de elaboración
correspondiente revisando el Formulario Nacional y/o consultando al Colegio de Farmacéuticos
y si no es la primera vez, habrá que trabajar con la correspondiente guía de elaboración y control
[18].
Todas las fórmulas magistrales realizadas y dispensadas en la Oficina de Farmacia deben
registrarse en el Libro Recetario Oficial y su dispensación debe ser acompañada de la
información oral y escrita necesaria y suficiente para garantizar su correcta utilización y
conservación por parte del paciente [18].
Durante mi estancia tuve la oportunidad de elaborar una fórmula magistral, una pomada de
vaselina, lanolina, ácido salicílico y talco, que es una pomada anti escaras.
4.6.2. Productos cosméticos y de higiene corporal
Según el Real Decreto 1599/1997, de 17 de octubre, se define esta clase de productos como
todas las sustancias o preparados destinados a ser puestos en contacto con las diversas partes
superficiales del cuerpo humano o con los dientes y las mucosas bucales, con el fin exclusivo o
principal de limpiarlos, perfumarlos, modificar su aspecto y/o corregir los olores corporales y/o
protegerlos o mantenerlos en buen estado [19].
Siendo su demanda cada vez más frecuente, ya que se observa una preocupación creciente
ante las cuestiones relacionadas con la piel, la farmacia Blanca Santos Alonso Burón pretende
acompañar este crecimiento, por eso, durante mis prácticas tuve la oportunidad de estar presente
en la organización de una sesión de asesoramiento dermocosmético y de un taller de maquillaje.
4.6.3. Alimentación y Dietética
La incidencia y prevalencia del sobrepeso y la obesidad es elevada y está en aumento,
siendo un importante factor de riesgo de enfermedades cardiovasculares e incluso ciertos tipos
de cáncer como el de mama y colon. La importancia de la alimentación en la oficina de farmacia
es creciente, cada vez hay más cantidad y variedad de preparados alimenticios, cubriendo un
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 16
amplio espectro de nuevas aplicaciones, tanto para personas sanas como para situaciones
particulares [20].
La Farmacia Blanca Santos Alonso Burón dispone de diferentes preparados para el
adelgazamiento y el control del peso corporal que usados de la manera adecuada pueden ayudar
a los pacientes con sobrepeso y obesidad a reducir su peso corporal.
Entre los productos alimenticios de venta en farmacia se destacan también los
complementos alimenticios. Es importante aconsejar el uso de estos productos disponibles en la
oficina de farmacia a ciertas poblaciones de pacientes ya que, les puedan ayudar a
complementar su alimentación e incluso a controlar alguna patología (ancianos, deportistas,
mujeres embarazadas, lactantes, niños, diabéticos, pacientes con hipercolesterolemia, entre
otros).
4.6.4. Fitofármacos y productos naturales
La Fitoterapia se dedica al estudio de la utilidad terapéutica de las plantas medicinales y sus
derivados, ya sea para prevenir, tratar o curar enfermedades [21].
Son un tipo de productos con una importancia creciente, ya que pueden se presentar como
una estrategia terapéutica útil en el tratamiento de afecciones leves o moderadas, afecciones
crónicas y en la prevención de ciertas enfermedades. Además, puede emplearse como
alternativa ante las intolerancias a medicamentos y como un complemento de los tratamientos
farmacológicos convencionales.
En la Farmacia Blanca Santos Alonso Burón los fitofármacos y productos naturales más
vendidos durante mis prácticas fueron los productos que están indicadas para trastornos
menores del sueño (valeriana, pasiflora, melatonina y el triptófano), estreñimiento (aloe, cáscara
sagrada), síndrome menopáusico (isoflavonas de soja), preparados de aplicación tópica o de
administración oral con plantas con acción venotónica como el rusco, el castaño de indias y el
mirtilo para el tratamiento de la insuficiencia venosa crónica, y también preparados con
arándano rojo para la prevención y tratamiento de infecciones de orina.
En la dispensación de este tipo de productos es necesario que el farmacéutico tenga
conocimiento del plan medicación que el paciente esté tomando, con el objetivo de prevenir
interacciones que puedan resultar perjudiciales.
4.6.5. Medicamentos Veterinarios
El medicamento veterinario incluye, en su definición, todas las sustancias o mixturas de
sustancias que poseen propiedades curativas o preventivas de las enfermedades y síndromes en
animales [17]. Las recetas tienen una caducidad de 10 días. Todas las dispensaciones de
medicamentos de uso humano destinados a tratamientos veterinarios tienen que ser incluidas en
el libro recetario y las recetas archivadas durante cinco años.
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Mariana Ferreira Fonseca 17
4.6.6. Medicamentos Homeopáticos
San considerados medicamentos homeopáticos los obtenidos a partir de sustancias
denominadas cepas homeopáticas y cuyo procedimiento de fabricación homeopático se
encuentra descrito en la Farmacopea Europea o en la Real Farmacopea Española o, en su
defecto, en una farmacopea utilizada de forma oficial en un país de la Unión Europea [10].
En la Farmacia Blanca Santos Alonso Burón, aunque haya algunos medicamentos
homeopáticos disponibles, no se acostumbra venderlos de forma regular, ya que se desconoce
mucho respecto al mecanismo de acción.
7. Cuidados e Servicios Farmacéuticos
7.1. Medición de tensión arterial
La hipertensión es una de los principales factores que contribuyen a causar enfermedades
cardiovasculares como cardiopatías y accidentes cerebrovasculares, que en conjunto representan
la principal causa de muerte prematura y discapacidad. El primer paso para prevenir y controlar
la hipertensión es detectarla [22]. Asimismo, el acompañamiento es esencial, una vez que
permite al farmacéutico vigilar la terapéutica pero también, por veces, detectar algunos casos de
medicación desajustada o de nuevos casos de hipertensión arterial, reencaminando esos
pacientes al médico.
La medición de la tensión arterial por el farmacéutico siempre debe de ir acompañada de la
indicación de medidas no farmacológicas, como el ejercicio o la disminución de consumo de sal
en la dieta. Cuando el paciente obtiene valores muy altos, el farmacéutico debe procurar
cuestionar el paciente sobre su comportamiento, ya que muchos factores pueden ser
responsables por una subida temporaria de la presión arterial. En casos más graves debe
recomendar al paciente que consultara a su médico.
7.2. Medición de glucemia
La Diabetes Mellitus es una enfermedad con elevada prevalencia en la población española
[23]. Además que es una importante causa de ceguera, insuficiencia renal, infarto de miocardio,
accidente cerebrovascular y amputación de los miembros inferiores [24]. Por eso es importante
controlar los niveles sanguíneos de glucosa, especialmente en los individuos con mayor riesgo
de desarrollar esta patología.
La dieta saludable, la actividad física regular, el mantenimiento de un peso corporal normal
y la evitación del consumo de tabaco previenen la diabetes de tipo 2 o retrasan su aparición [24].
Así, el farmacéutico debe también, en estos casos, acompañar la medición con la indicación de
medidas no farmacológicas, reforzar la necesidad de cumplir con responsabilidad el plan
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
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terapéutico prescrito y recomendar al paciente que consultara a su médico siempre que
necesario.
8. Facturación de Recetas
La facturación de recetas es una práctica de extrema importancia y obligatoria en la oficina
de farmacia, asimismo, deberá hacerse de forma atenta, evitando errores que podrán resultar en
perjuicios para la farmacia.
Las recetas a cargo de la Seguridad Social se dividen en diferentes grupos de facturación:
medicamentos, efectos y accesorios prescritos por marca o Denominación Oficial Española
(DOE) incluido visados, y dietoterápicos; recetas de los grupos 9000 (mes anterior); recetas de
los grupos 9500 (dos meses anteriores); y otras, en que se incluyen fórmulas magistrales,
vacunas individualizadas, medias de compresión normal y recetas de grupos concretos de
pacientes (síndrome tóxico, campaña sanitaria, accidentes de trabajo y enfermedad profesional).
En el caso de las recetas de las mutualidades MUFACE, MUGEJU e ISFAS, las recetas se
separan en los siguientes grupos: especialidades farmacéuticas; especialidades farmacéuticas
con visado; efectos con visado; efectos sin visado; fórmulas y vacunas; dietoterápicos; y
excepciones.
Durante todo el mes las recetas san colocan en paquetes de 25 recetas y se revisa cada
bloque en el separador Gestión de recetas en el NovoFarma. Después, las recetas son agrupadas
en grupos de 100 recetas para, posteriormente, guardarlas en la caja oficial correspondiente,
suministradas por el Colegio Oficial de Farmacéuticos.
En el caso de la receta electrónica hay que firmar las recetas en NovoFarma y después se
comprueba que los 28 cupones adheridos a cada hoja diferenciada de cupones-precinto
corresponden con las prescripciones. Es aún necesario facturar todas las hojas de forma
electrónica, sellar y fechar todas las hojas, en el apartado correspondiente de la hoja, situado en
la parte superior derecha, y guardarlas en la caja.
Junto con las cajas y bolsas que contienen las recetas de la facturación mensual, y las hojas
de cupones-precinto, se adjunta tres copias del boletín de entrega, hecho de forma automática en
el NovoFarma. Este boletín incluye: número de recetas dispensadas de cada grupo de recetas en
papel, número de cupones precinto dispensados por receta electrónica, PVP total y suma de
dígitos.
Las recetas son enviadas al Colegio Oficial de Farmacéuticos provincial que corresponde,
en este caso, el de Salamanca, para que las gestione y las envíe a una entidad que se encarga de
abonar a las farmacias el importe correspondiente de las recetas. Una de las copias del boletín
de entrega se devuelve a la Oficina de Farmacia, otra queda en posesión del Colegio Oficial de
Memoria de Prácticas en Oficina de Farmacia
Mariana Ferreira Fonseca 19
Farmacéuticos, y la tercera se envía junto con las recetas a la entidad que se encarga de abonar a
las farmacias.
Puede suceder que no reembolsen una receta al farmacéutico, lo que ocurre por errores de
facturación (mal firmadas o dispensadas, falta de datos del paciente o medico), esta anulación
puede ser total (no se reembolsa nada del importe de la receta) cuando hay falta de datos
obligatorios, dispensación fuera del periodo de validez, discordancia entre el medicamento
prescrito y dispensado, salvo casos autorizados o intercambio de cupones-precinto, ausencia de
cupón-precinto o justificante de dispensación, recetas de fórmulas magistrales que no formen
parte del convenio y ausencia de visado de inspección en recetas que lo requieran; o parcial
(reembolso parcial del importe de la receta), cuando hay dispensación de un envase de mayor
tamaño al prescrito (se reembolsa el importe del envase de menor tamaño), fórmulas magistrales
en la que se ha dispensado una cantidad mayor de la máxima autorizada y recetas en las que
solo se puede dispensar un envase y se dispensó más de uno, sin estar prescrito.
9. Libros Oficiales y Fuentes de Información
Los libros oficiales que son obligatorios en la farmacia son: libro recetario oficial, libro de
contabilidad de estupefacientes, la Real Farmacopea Española y el formulario nacional.
El libro recetario es un libro editado por el Consejo General de Colegios Oficiales de
Farmacéuticos por delegación de la Dirección General de Farmacia y Productos Sanitarios,
donde debe registrarse las dispensaciones de: fórmulas magistrales, medicamentos psicótropos
del anexo I, medicamentos estupefacientes de la lista I y medicamentos de ECM [25]. En cada
anotación, se registran los siguientes datos: orden de dispensación, fecha de dispensación,
código nacional de la especialidad farmacéutica dispensada, nombre completo de la especialidad
o fórmula magistral dispensada, número de unidades dispensadas, precio, facultativo (número
de colegiado y nombre), observaciones (nombre del paciente y DNI en el caso de receta en
papel, número de dispensación electrónica en el caso de la receta electrónica), dispensador y
ticket. En la Farmacia Blanca Santos Alonso Burón, disponemos del libro recetario en formato
electrónico, lo que facilita las anotaciones pertinentes y su gestión, así, cuando se dispensa
desde la receta electrónica todos los datos quedan registrados automáticamente, y cuando se
dispensa desde la receta en papel únicamente es necesario anotar los datos del facultativo y las
observaciones. La declaración del libro recetario electrónico debe realizarse semestralmente.
Relativamente al libro de contabilidad de estupefacientes es obligatorio para cualquier
entidad que fabrique, distribuya o dispense medicamentos o substancias estupefacientes. Sirve
para registrar el movimiento (entradas y salidas) de las sustancias psicotrópicas del anexo I, las
sustancias estupefacientes de las listas I y II, y los medicamentos de la lista I [26]. En el suporte
papel para cada medicamento dispensado se consignan los siguientes datos: fecha, número de
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receta, orden de dispensación o vale, identificación de entrada o salida y proveedor o
prescriptor.
La Real Farmacopea Española, RFE, se define como código de reglas que deberán
respetarse para asegurar la uniformidad de la naturaleza, calidad, composición y riqueza de las
sustancias medicinales y excipientes que forman parte de la composición de los medicamentos
de uso humano y veterinario y su objetivo es promover la Salud Publica mediante el
establecimiento de normas comunes reconocidas que puedan ser utilizadas por los profesionales
de la salud [27].
El Formulario Nacional es un libro que contiene, en forma de monografía, las fórmulas
magistrales tipificadas y los preparados oficinales reconocidos como medicamentos, sus
categorías, indicaciones y las materias primas presentes en su composición o preparación, así
como las normas de correcta elaboración y control [28].
10. Recogida de Medicamentos Caducados o en Desuso - Punto
SIGRE
El Sistema Integrado de Gestión y Recogida de Envases (SIGRE) es una entidad sin ánimo
de lucro que tiene como objetivo evitar la acumulación de medicamentos en los hogares y
reducir los perjuicios medioambientales que los envases y restos de medicamentos pueden
ocasionar, mediante la prevención de los residuos en origen y el correcto tratamiento
medioambiental de los residuos generados [29]. Las farmacias son un intermediario clave ya
que deben sensibilizar a sus clientes para que depositen en el SIGRE los envases vacíos y los
restos de medicamentos que ya no sean necesarios o hayan caducado.
Durante mis prácticas tuve la oportunidad de observar una gran afluencia de la
población al punto SIGRE, lo que significa que las personas se preocupan cada vez más con esta
cuestión.
Conclusión
Los tres meses de prácticas pasados en la farmacia Blanca Santos Alonso Burón me han
permitido conocer el modo de trabajo de una farmacia en España, cuyos procedimientos, hábitos
y horarios son un poco distintos de Portugal. También el Sistema Nacional de Salud español es
muy diferente al de Portugal, siendo casi todos los productos financiados, como por ejemplo, los
pañales y las gasas. He notado también que los pacientes de la farmacia aceptan mejor la
introducción de los medicamentos genéricos y la deposición de envases y restos de
medicamentos en el Punto SIGRE.
A lo largos de estos tres meses aprendí con más detalle las actividades realizadas por un
farmacéutico como la dispensación de medicamentos o productos de venta libre y asesoramiento
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de todos los productos y servicios disponibles en la farmacia, y la gestión de los productos de la
farmacia.
Este fue mi primer contacto con la realidad profesional y también la primera vez que tuve la
oportunidad de vivir en otro país estando en contacto con una cultura y
un idioma distintos del mío. Esta experiencia permitió crecer no sólo a nivel profesional
como personal, mejorar mi español y percibir la importancia y responsabilidad del farmacéutico
en la salud de la población.
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Bibliografía
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2. NovoFarma. Accesible en www.novofarma.es [accedido a 25/01/18]
3.Buenas Prácticas en Farmacia Comunitaria en España: Adquisición, almacenamiento, custodia
y conservación de medicamentos y productos sanitarios. Accesible en www.pharmaceutical-
care.org [accedido en 28/01/2018]
4. Real Decreto 1718/2010, de 17 de diciembre, sobre receta médica y órdenes de dispensación.
(BOE núm. 17, de 20 de enero de 2011, páginas 6306 a 6329)
5. Real Decreto-ley 1/2015, de 24 de julio, por el que se aprueba el texto refundido de la Ley de
garantías y uso racional de los medicamentos y productos sanitarios. (BOE núm. 177, de 25 de
julio de 2015, páginas 62935 a 63030)
6. Receta eletronica. Accesible en www.saludcastillayleon.es [accedido a 18/03/2018]
7.Real Decreto-ley 16/2012, de 20 de abril, de medidas urgentes para garantizar la
sostenibilidad del Sistema Nacional de Salud y mejorar la calidad y seguridad de sus
prestaciones. (BOE núm. 98, de 24 de abril de 2012, páginas 31278 a 31312)
8. Resolución de 15 de diciembre de 2014, de la Dirección General de Cartera Básica de
Servicios del Sistema Nacional de Salud y Farmacia (BOE núm. 309, de 23 de diciembre de
2014, páginas 104448 a 104449)
9. Símbolos en los envases de medicamentos. Accesible en www.blogsigre.es [accedido en
13/03/2018]
10. Ley 29/2006, de 26 de julio, de Garantías y Uso Racional de los Medicamentos y Productos
Sanitarios. (BOE núm. 178, de 27 de julio de 2006, páginas 28122 a 28165)
11. Consenso sobre Atención Farmacéutica. Accesible en www.msssi.gob.es [accedido en
14/03/2018]
12. Prestacion farmaceutica. Accesible en www.saludcastillayleon.es [accedido en 15/03/2018]
13. Real Decreto 618/2007, de 11 de mayo, por el que se regula el procedimiento para el
establecimiento, mediante visado, de reservas singulares a las condiciones de prescripción y
dispensación de medicamentos (BOE núm. 114 de 12 de mayo de 2007, páginas 20609 a 20610)
14. Medicamentos de uso humano: Estupefacientes e Psicotrópicos. Accesible en
www.aemps.gob.es [accedido en 18/03/2018]
15. Real Decreto 2829/1977, de 6 de octubre por el que se regulan las sustancias y preparados
medicinales psicotrópicos, así como la fiscalización e inspección de su fabricación, distribución,
prescripción y dispensación. (BOE núm. 274, de 16/11/1977)
16. Ley 17/1967, de 8 de abril, por la que se actualizan las normas vigentes sobre
estupefacientes y adaptándolas a lo establecido en el convenio de 1961 de las Naciones Unidas.
(BOE núm. 86, de 11 de abril de 1967, páginas 4806 a 4809)
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17. Real Decreto 1675/2012, de 14 de diciembre, por el que se regulan las recetas oficiales y los
requisitos especiales de prescripción y dispensación de estupefacientes para uso humano y
veterinario. (BOE núm. 313, de 29 de diciembre de 2012, páginas 89272 a 89298)
18. Real Decreto 175/2001, de 23 de febrero, por el que se aprueban las normas de correcta
elaboración y control de calidad de fórmulas magistrales y preparados oficinales. (BOE núm.
65, de 16 de marzo de 2001, páginas 9746 a 9755)
19. Real Decreto 1599/1997, de 17 de octubre, que recoge la regulación de los productos
cosméticos. (BOE núm. 261, de 31 de octubre de 1997, páginas 31486 a 31513)
20. Alimentación en la oficina de farmacia. Accesible en www.portalfarmacom [accedido en
19/03/2018]
21. Definición de Fitoterapia. Accesible en www.fitoterapia.net/index. [accedido en 19/03/2018]
22. Día Mundial de la Salud: Mida su tensión arterial, reduzca su riesgo. Accesible en
www.who.int/es/ [accedido en 19/03/2018]
23. Ruiz-Ramos M, Escolar-Pujolar A, Mayoral-Sánchez E, Corral-San Laureano F, Fernández-
Fernández I (2006). La diabetes mellitus en España: mortalidad, prevalencia, incidencia, costes
económicos y desigualdades. Gaceta Sanitaria. Supplement 1: 15-24.
24. Diabetes. Accesible en www.who.int/es/ [accedido en 19/03/2018]
25. Real Decreto 1910/1984, de 17 de diciembre, sobre recete médica y órdenes de
dispensación. (BOE núm. 17, de 20 de enero de 2011).
26. Real Decreto 1194/2011, de 19 de agosto, por el que se establece el procedimiento para que
una sustancia sea considerada estupefaciente en el ámbito nacional. (BOE núm. 202, de 23 de
enero).
[27] Ley 25/1990, de 20 de diciembre, del Medicamento. (BOE núm. 306, de 22 de diciembre
de 1990, páginas 38228 a 38246)
28. Formulario Nacional. Accesible en www.aemps.gob.es (accedido en 22/03/18)
29. SIGRE. Medicamento y Medio Ambiente. Reciclaje de medicamentos. Accesible en
www.sigre.es [accedido en 23/03/18]
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Anexos
Anexo I- Principales áreas de la farmacia
Imagen 2 – Área exterior
Imagen 3 – Área de atención al público
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Anexo II – Receta electrónica
Imagen 4 – Hoja de medicación
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Imagen 5 – Hoja de cupones-precintos
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