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I
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Farmácia Quinta da Igreja
Janeiro de 2018 a fevereiro de 2018
Maio de 2018 a Julho de 2018
Catarina Isabel de Sousa Silva
Orientadores : Dra. Rosa Sousa e Dra. Ana Amaral
Tutor FFUP: Prof. Doutora Susana Isabel Pereira Casal Vicente
Setembro de 2018
II
Declaração de Integridade
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado
previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As
referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam
escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente
indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de
referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio
constitui um ilícito académico.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ___ de Setembro de 2018
Catarina Isabel de Sousa Silva
III
Agradecimentos
Não poderia dar por terminado o meu percurso académico sem agradecer
às pessoas e instituições que me proporcionaram esta concretização.
Começo por agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,
e a todos os que a tão bem representam e dela fazem parte, pela desafiante
jornada que foram os últimos cinco anos.
Obrigada à comissão de estágio pelo empenho, e principalmente agradeço
à Professora Doutora Susana Casal, como minha orientadora de estágio, por me
auxiliar e acompanhar durante o estágio, mostrando-se sempre disponível.
Agradeço ainda a toda a equipa da Farmácia Quinta da Igreja por terem
feito destes quatro meses uma experiência tão positiva e que me deu tanto a
conhecer da nossa profissão. À Drª Rosa Sousa, por me ter deixado pertencer à
sua equipa de trabalho, pela paciência e por todos os conhecimentos que me
transmitiu. À Drª Ana Amaral, que sempre me orientou, com boa-disposição,
sabedoria, calma e amizade. À Drª Renata Gonçalves, pela paciência, orientação
e amizade que teve para comigo. À Drª Cíntia Pereira, por tudo o que me ensinou
e todos os conselhos que me deu. À Drª Daniela Moreira, por toda a boa-
disposição, paciência e conhecimentos transmitidos.
Por fim, mas nunca menos importantes, agradeço aos meus amigos, que
sempre estiveram comigo durante este percurso, animando-me e dando força
para seguir o meu caminho, e à minha família. Ao meu pai, pelo exemplo de força
e determinação que sempre foi e é para mim e por todo o esforço que fez para
que pudesse realizar este objetivo. À minha mãe, por me ter ajudado em todos os
momentos, por toda a paciência que teve comigo e pelos bons valores que me
transmitiu. À minha irmã, pelo exemplo que é, pelo apoio e incentivo que sempre
me deu.
“O lema do Farmacêutico é o mesmo do soldado: servir. “
- Monteiro Lobato
IV
Resumo
Durante os meses de Janeiro, Fevereiro e de Maio a Julho de 2018 estagiei
na Farmácia Quinta da Igreja. Com este relatório pretendo descrever as
atividades com as quais fui tomando contato ao longo do estágio bem como os
trabalho que desenvolvi no intuito de valorizar o papel do farmacêutico enquanto
agente de saúde pública.
Na primeira parte descrevi alguns aspetos relacionados com o quotidiano da
farmácia com os quais tive contacto, desde o back office à dispensa de
medicamentos acompanhada de aconselhamento, e tendo em conta alguns
conceitos legais.
Na segunda parte estão descritas atividades que desenvolvi com o intuito de
contribuir não só para um melhor desempenho da equipa de trabalho, com os
protocolos de aconselhamento referentes a infeções urinárias e a desparasitação
de animais de estimação, mas também para alertar a população, principalmente a
mais idosa, para algumas questões relacionadas com a utilização de próteses,
através da distribuição de panfletos informativos.
V
Índice:
Parte 1 – Atividades desenvolvidas na Farmácia Quinta da Igreja ................... I
1. Introdução....................................................................................................... I
2. Farmácia Quinta da Igreja ............................................................................ II
2.1. Espaço físico ............................................................................................ II
2.2. Recursos Humanos ................................................................................. III
2.3. Sistema informático ................................................................................. IV
3. Fontes de informação .................................................................................. IV
4. Gestão de stocks de medicamentos e outros produtos farmacêuticos.. IV
4.1. Encomendas ............................................................................................. V
4.1.1. Pedidos............................................................................................... V
4.1.2. Receção e conferência ...................................................................... VI
4.2. Aprovisionamento ................................................................................... VII
4.3. Prazos de validade ................................................................................. VII
4.4. Devoluções e quebras de stock ............................................................. VIII
5. Dispensa de medicamentos, dispositivos médicos e outros produtos farmacêuticos ................................................................................................... IX
5.1. Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) ................................... IX
5.1.1. Psicotrópicos e estupefacientes ......................................................... X
5.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM) ......................... XI
5.3. Medicamentos manipulados .................................................................... XI
5.4. Produtos cosméticos e de higiene corporal ............................................ XII
5.5. Produtos e medicamentos de uso veterinário ......................................... XII
5.6. Dispositivos médicos ............................................................................. XIII
6. Serviços de saúde complementares ........................................................ XIII
6.1. Medição de parâmetros biológicos ........................................................ XIII
6.1.1. Pressão arterial ............................................................................... XIV
6.1.2. Colesterol total .................................................................................. XV
VI
6.1.3. Triglicerídeos .................................................................................... XV
6.1.4. Glicose.............................................................................................. XV
6.1.5. Hemoglobina ................................................................................... XVI
6.1.6. Ácido úrico ....................................................................................... XVI
6.2. Cessação tabágica ................................................................................ XVI
6.3. Administração de injetáveis ................................................................... XVI
6.4. Serviços sobre a alçada de prestadores ................................................ XVI
6.5. Consulta farmacêutica .......................................................................... XVII
7. Receituário e faturação............................................................................. XVII
8. Qualidade ..................................................................................................... XX
Parte 2 – Projetos desenvolvidos na Farmácia Quinta da Igreja ......................... XXI
1. Desparasitantes para uso veterinário ...................................................... XXI
1.1. Introdução teórica: ................................................................................. XXI
1.1.1. Parasitismo ...................................................................................... XXI
1.2. Tratamento/Prevenção ........................................................................ XXIII
1.2.1. Recorrendo a fármacos ................................................................. XXIII
1.2.2. Medidas não farmacológicas ........................................................ XXIV
1.3. Desparasitantes para uso veterinário na Farmácia Quinta da Igreja ... XXV
1.4. Conclusão ........................................................................................... XXVI
2. Próteses dentárias ................................................................................ XXVIII
2.1. Introdução teórica: ............................................................................ XXVIII
2.2. Próteses dentárias removíveis .......................................................... XXVIII
2.2.1. Fixativos ..................................................................................... XXVIII
2.2.2. Higiene ......................................................................................... XXIX
2.3. Apoio aos utilizadores de próteses dentárias na Farmácia Quinta da Igreja ........................................................................................................... XXX
2.4. Conclusão ........................................................................................... XXXI
3. Infeções urinárias .................................................................................. XXXII
3.1. Introdução teórica: ............................................................................. XXXII
VII
3.2. Tratamento/Prevenção: ..................................................................... XXXII
3.2.1. Farmacológico ............................................................................. XXXII
3.2.2. Suplementação ........................................................................... XXXIII
3.2.3. Medidas não farmacológicas ...................................................... XXXIV
3.3. Infeções urinárias na Farmácia Quinta da Igreja .............................. XXXIV
3.4. Conclusão .......................................................................................... XXXV
4. Outros projetos .................................................................................... XXXVII
4.1. Tipos de insulina para o tratamento da diabetes mellitus na Farmácia Quinta da Igreja ...................................................................................... XXXVII
4.2. Protocolos de Aconselhamento Holon na Farmácia Quinta da Igreja ................................................................................................................ XXXVII
4.3. Psoríase e urticária crónica na Farmácia Quinta da Igreja .............. XXXVII
Conclusão ..................................................................................................... XXXIX
Referências bibliográficas ................................................................................. XL
Anexos .............................................................................................................XLIV
VIII
Índice de figuras
Figura 1 – Armazém: MG (a); medicamentos de marca (b); outros (c) .................3
Figura 2 – Termohigrómetro da zona de armazém.................................................7
Índice de tabelas
Tabela 1 – Cronograma das atividades realizadas durante o estágio ...................1
Tabela 2 – Classificação de desparasitantes internos ..........................................23
Tabela 3 – Classificação de desparasitantes externos .........................................24
Índice de anexos
Anexo 1 – Guião da consulta farmacêutica (I) ................................................... XLIV
Anexo 2 – Certificados de conformidade de qualidade pela EIC ...................... XLVII
Anexo 3 – Protocolo de aconselhamento sobre desparasitantes para uso veterinário (I) ................................................................................................... XLVIII
Anexo 4 – Panfleto referente ao projeto das prótese dentárias .......................... LXII
Anexo 5 – Protocolo de aconselhamento para situações de infeção urinária (I) LXIII
Anexo 6 – Quadro resumo dos tipos de insulina dispensados na Farmácia Quinta da Igreja relativamente ao início de ação ............................................................. 70
Anexo 7 – Exemplo do esquema-resumo elaborado a partir dos protocolos de aconselhamento HOLON® referente a pés e pernas cansadas........................... 71
Anexo 8 – Pop-up criado para alertar para a realização do inquérito relativo a psoríase e urticária crónica ...................................................................................72
IX
Lista de abreviaturas
ANF – Associação Nacional de Farmácias
CCF – Centro de Conferência de Faturas
CNP – Código nacional de produto
DCI – Denominação comum internacional
Infarmed - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P.
MG – Medicamentos genéricos
MNSRM - Medicamentos não sujeitos a receita médica
MSRM - Medicamentos sujeitos a receita médica
PA – Pressão Arterial
PVP- Preço de venda ao público
SNS – Serviço nacional de saúde
I
Parte 1 – Atividades desenvolvidas na Farmácia Quinta da Igreja
1. Introdução
Em Portugal, a farmácia comunitária apresenta-se como um pilar essencial
para o Serviço Nacional de Saúde (SNS), garantindo tanto a acessibilidade ao
medicamento como a equidade na prestação de cuidados de saúde com
qualidade para todos os portugueses. Tal só é possível devido à alargada
distribuição geográfica das farmácias comunitárias, o que viabiliza um contato
mais próximo junto da população local; e à boa formação dos farmacêuticos, que
os capacita a atuar não só no campo do medicamento mas também na prestação
de outros serviços de saúde. Para além destas competências, o farmacêutico
atua ainda como promotor da saúde, transmitindo informação relevante à
população sobre patologias e cuidados de saúde e dando orientações sobre
estilos de vida equilibrados [1].
O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF) na Faculdade de
Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) termina com o estágio de 6 meses,
sendo que realizei 4 meses desse período em farmácia comunitária,
nomeadamente na Farmácia Quinta da Igreja, em Fânzeres, onde fui orientada
pela diretora-técnica, a Drª. Rosa Sousa, e a sua equipa.
Durante a minha passagem pela farmácia tive oportunidade de contactar
com vários aspetos inerentes à prática farmacêutica, de acordo com o
cronograma abaixo apresentado (tabela 1).
Tabela 1 – Cronograma das atvidades realizadas durante o estágio na Farmácia Quinta da Igreja
Atividades Janeiro Fevereiro Maio Junho Julho
Inventário x x x x x
Receção e armazenamento de encomendas x x x x x
Reservas x x x x x
Compras x x x x x
Devoluções/ Quebras de stock x x x x x
Medicão de parâmetros biológicos x x x x x
Prazos de validade x x x x
Receituário e faturação x x x x
Observação de atendimentos x x x x
Conceito HOLON® x x x x
Qualidade x x x x
Atendimento com supervisão x x x
Atendimento autónomo x x
II
2. Farmácia Quinta da Igreja
Esta é uma farmácia pertencente ao grupo HOLON®, que tem como frase-
chave “Trocamos uma receita médica por mais qualidade de vida”. Tal é possível
devido não só à implementação dos vários serviços de saúde complementares,
como devido a um atendimento de excelência, focado no utente e nas suas
necessidades [2].
A farmácia Quinta da Igreja enquadra-se neste conceito, dispondo de
serviços de nutrição, podologia, pé diabético, dermofarmácia e cessação
tabágica. Estes, aliados a um atendimento personalizado e atento a cada utente,
à realização da consulta farmacêutica, à determinação de parâmetros biológicos e
ainda à administração de injetáveis, fazem da farmácia um local de confiança
onde a população se dirige para solucionar ou controlar as mais diversas
patologias.
2.1. Espaço físico
A farmácia Quinta da Igreja localiza-se em Fânzeres, no distrito do Porto, na
Rua Quinta da Igreja, nº81, com o código postal 4510-581. Localiza-se próxima do
posto de saúde de Fânzeres e, por isso mesmo, atrai utentes dos mais variados
escalões etários.
A farmácia encontra-se aberta, salvo exceção de quando faz serviço uma
vez por mês, de segunda-feira a sexta-feira das 8h30 até às 22h00, e ao sábado
das 9h00 até às 18h00. Durante o estágio o horário que realizei foi das 10h30 às
20h30 com intervalo de 2 horas para almoço (13h30-15h30), o que me permitiu
contactar com todos os escalões etários e atividades desenvolvidas na farmácia.
Na área de atendimento encontram-se três balcões para o efeito, sendo que
num deles o atendimento é feito sentado, sendo aqui que se efetua também a
medição da pressão arterial (PA). É também nesta área que se localiza a balança.
Para complementar este espaço, apresenta ainda um gabinete, onde se
realiza a medição de parâmetros como colesterol total, glicose, ácido úrico,
hemoglobina e triglicerídeos e onde se realizam as consultas de cada um dos
serviços complementares, bem como a consulta farmacêutica e a administração
de injetáveis.
III
A zona de back office encontra-se seccionada por áreas (Figura 1), entre
elas: a de receção de encomendas, a destinada ao aprovisionamento de
medicamentos genéricos (MG), a destinada ao armazenamento de medicamento
de marca, a reservada aos líquidos, eletrolíticos, vaginais e veterinária e outra
onde se encontra o frigorífico.
a) b) c)
Figura 1 – Armazém: MG (a); medicamentos de marca (b); outros (c).
2.2. Recursos Humanos
A equipa é constituída por quatro farmacêuticas, a Drª Rosa Sousa (diretora-
técnica), a Drª Ana Amaral (farmacêutica substituta, responsável nas áreas de
projetos e serviços, intervenção farmacêutica e qualidade), a Drª Renata
Gonçalves (farmacêutica substituta e responsável pelas áreas de produtos
HOLON®, atendimento, entradas e saídas de psicotrópicos e pelo controlo dos
prazos de validade) e a Drª Cíntia Pereira (farmacêutica e responsável pelo
portefólio), e por uma técnica farmacêutica, a Drª Daniela Moreira (técnica de
farmácia e responsável pelo marketing e comunicação) .
Para a realização dos serviços complementares disponíveis na farmácia
recorre-se a uma equipa de prestadores especializados.
IV
2.3. Sistema informático
O software utilizado é o WINPHAR®, um sistema informático desenvolvido
pelo SIMPHAR®. Este software está instalado em todos os computadores da
farmácia, permitindo a realização de todas as atividades de controlo e
atendimento necessárias na farmácia. Para além disso, ainda auxilia o
farmacêutico no atendimento devido à possibilidade de acesso direto às
características relacionadas com um produto em questão e à emissão de avisos.
Aproveitando esta última caraterística do sistema, criei pop-ups destinados a
alertar o farmacêutico para que este faça o inquérito relacionado com psoríase e
urticária crónica.
3. Fontes de informação
Durante o estágio, pude contactar com diferentes fontes de informação, não
só para conhecimento posterior das mesmas, mas também para esclarecer
dúvidas referentes a atendimentos ou durante o desenvolvimento dos projetos.
Assim, para além dos manuais, recorri também a sites devidamente reconhecidos
cientificamente.
Quanto a manuais, os presentes na farmácia e mais utilizados também pela
restante equipa são: Farmacopeia Portuguesa, Formulário Galénico, Código de
ética e estatuto da Ordem dos Farmacêuticos (OF), Índice Nacional Terapêutico e
o Prontuário Terapêutico.
Já na plataforma Internet, o site da Autoridade Nacional do Medicamento e
Produtos de Saúde, I.P. (Infarmed) foi o mais visitado, nomeadamente a sua base
de dados referente à “Pesquisa do Medicamento” e o “Portal de Notificação de
Reações Adversas (RAM)”. Foi ainda de extrema importância o Portal Holon,
nomeadamente na parte de formação e de portefólio.
4. Gestão de stocks de medicamentos e outros produtos farmacêuticos
Para que uma farmácia consiga subsistir na atualidade é necessário gerir
com cuidado os seus stocks, de forma a não perder a capacidade de responder
rapidamente às necessidades do utente, mas não incorrendo no erro de ter stocks
demasiado elevados, uma vez que é uma situação que pode levar a quebras e,
V
consequentemente, perda de lucro. O controlo é ainda necessário para regular
possíveis erros na contagem de stocks. Durante o estágio realizei por várias
vezes contagens de stocks, com o intuito de detetar estes possíveis erros e
proceder à sua correção.
4.1. Encomendas
4.1.1. Pedidos
As encomendas são realizadas principalmente à OCP, sendo para este
fornecedor que se direciona o maior volume de compras, seguida da Empifarma.
Com uma menor regularidade podem ser encomendados produtos à Cooprofar ou
à Delk Pharma.
O processo é realizado por diferentes vias: a encomenda diária, com base
nos stocks ideais definidos para cada produto, e as encomendas via-verde (via
excecional de aquisição de certos medicamentos, que constam da lista cuja
importação/exportação intra-comunitária é sujeita a aviso prévio do INFARMED,
que pode ser ativada quando a farmácia não tem stock de um medicamento mas
possui uma receita médica válida para o mesmo) sendo transmitidas através do
WINPHAR® (as encomendas instantâneas são transmitidas via telefone ou
diretamente ao armazenista pela plataforma deste; as encomendas de SOS de
rateados são por sua vez efetuadas diretamente ao laboratório, por e-mail ou por
telefone) [3].
Durante o estágio pude acompanhar por diversas vezes o procedimento de
pedido tanto por via-verde como da encomenda diária, na qual se tem em conta
não só os stocks, mas também as condições de aquisição. Pelo facto da farmácia
pertencer ao grupo HOLON® beneficia de condições especiais na compra de
certos produtos cujo preço é denominado como “preço HOLON®”. Quanto às
encomendas instantâneas, tive a oportunidade de realizar algumas, aquando da
dispensa de alguns medicamentos cujo stock não era o suficiente para satisfazer
o pedido.
VI
4.1.2. Receção e conferência
Quando as encomendas chegam à farmácia Quinta da Igreja são colocadas
numa área reservada para que o seu registo possa ser feito no sistema
informático. Confere-se, em primeiro lugar, o destinatário da encomenda e se veio
acompanhada da respetiva fatura e, no caso de psicotrópicos e estupefacientes,
se vieram acompanhados da respetiva guia de requisição. É ainda importante
confirmar que todos os produtos enviados correspondem aos encomendados; se
existe algum produto faturado que não esteja presente e que nenhum produto se
encontra trocado por outro.
Cumpridos estes requisitos passa-se a verificar as condições de
armazenamento dos produtos, nomeadamente o estado de conservação de
medicamentos termolábeis e o estado das caixas dos medicamentos. Se tudo
estiver conforme pode iniciar-se o processo de receção de encomenda no
Winphar. Começa-se por definir qual o fornecedor e de seguida os produtos
devem ser introduzidos pelo seu Código Nacional de Produto (CNP), conferindo-
se entretanto o seu prazo de validade, estado de conservação e o seu Preço de
Venda a Público (PVP), se presente na embalagem. No final confirma-se o preço
de custo de cada um, para ter a certeza de que as condições comerciais foram
cumpridas e para ajustar a margem dos produtos sem PVP marcado. Finaliza-se,
então, a receção da encomenda, introduzindo o número da fatura e a data que
nela consta.
Esta foi a atividade que mais cedo iniciei no estágio e que me permitiu,
inicialmente, familiarizar com diferentes princípios ativos e nomes comerciais,
associando-os, e mais tarde, perceber como ajustar as margens de produtos sem
PVP marcado que chegavam à farmácia. Pude ainda perceber que alguns
produtos eram bastante requeridos pelos utentes, uma vez que a sua reposição
era constante. Entre estes encontravam-se os fixativos para próteses, o que me
chamou a atenção para este assunto e me levou a elaborar panfletos acerca do
correto uso das próteses dentárias.
VII
4.2. Aprovisionamento
Após serem recebidos, os produtos são arrumados consoante a forma
farmacêutica, termolabilidade e marca, sempre por ordem alfabética e seguindo o
princípio “first expired first out”, ou seja, garantindo que os medicamentos com
menor prazo de validade são os primeiros a ser dispensados.
Para ter a certeza que todos os produtos farmacêuticos se encontram nas
devidas condições durante o período em que estão armazenados, a farmácia
dispõe de três termohigrómetros (Figura 2).
Figura 2 – Termohigrómetro da zona de armazém
Estes são aparelhos que medem constantemente a temperatura e humidade do
local em que se encontram e que permitem que esse registo seja, posteriormente,
passado para computador e analisado. Esta análise é feita semanalmente e
permite ter noção de como variam os valores de temperatura e humidade sendo
que a temperatura deve estar entre 15 e 25ºC para a zona de armazém e de
atendimento e entre 2 e 8ºC para o frigorífico; já a humidade deve encontrar-se no
intervalo de 40-70% na zona de atendimento e armazém [4].
4.3. Prazos de validade
Os prazos de validade são verificados mensalmente, tendo por base uma
lista gerada pelo software nas quais constam os produtos cujo prazo termina nos
seis meses seguintes. Os medicamentos são, na sua maioria, devolvidos um mês
antes de terminar o seu prazo de validade, até ao dia 15 do mês anterior.
Excetuam-se os medicamentos de uso veterinário, que devem ser entregues com
seis meses de antecedência; os produtos que fazem parte do protocolo da
VIII
diabetes, que devem ser devolvidos cinco meses antes do término do prazo de
validade; e ainda os produtos de dermocosmética que, por geralmente não serem
aceites a sua devolução, podem ser sujeitos a uma promoção para tentar escoar
o stock enquanto ainda se encontram nas devidas condições.
O facto das listas serem emitidas com seis meses de antecedência face ao
término do prazo de validade permite ainda que os medicamentos que estejam
em vias de terminar o prazo possam ser organizados de forma a priorizar a venda
dos mesmos, nas situações em que estes sejam requeridos. Para tal, estes são
colocados numa prateleira específica dos produtos com prazo de validade a
expirar.
Acompanhei, mensalmente, todo este processo, desde a emissão das listas
até ao processo de devolução e arrumação da prateleira acima referida. Pude
ainda participar da organização de uma campanha promocional na qual se
pretendia escoar o stock de alguns produtos dermocosméticos específicos.
4.4. Devoluções e quebras de stock
Em caso de erro no envio (como produto em falta ou troca de produto), erro
no pedido, prazo de validade demasiado curto ou dano do produto durante o
transporte, faz-se uma devolução ou reclamação, dependendo da situação em
questão. Quando o produto está em falta ou chega à farmácia um produto
diferente do que consta na fatura é feita uma reclamação diretamente ao
armazenista via telefone e guarda-se uma cópia da fatura com o apontamento do
que está por resolver até que a situação seja resolvida. Nos restantes casos faz-
se uma devolução com recurso ao sistema informático, e nela consta qual o
produto, a quantidade, a validade, o número da fatura e o motivo pelo qual o
produto é devolvido. Este documento é impresso em duplicado e devem ser
tiradas duas cópias do duplicado, uma para enviar para a contabilidade e outra
para ficar guardada como registo na farmácia. Os dois originais são então
rubricados e carimbados e enviados, juntamente com o produto, para o
armazenista. Este foi o tipo de devolução que mais efetuei durante o meu estágio
curricular. No entanto, as devoluções podem também ser feitas por pedido do
laboratório farmacêutico de acordo com alguma circular, sendo que neste caso só
IX
se a farmácia tiver os lotes ou os medicamentos em questão é que terá de
proceder a esta devolução.
Quanto às quebras de stock , estas efetuam-se sempre que um
medicamento ou produto de venda na farmácia não esteja em condições de ser
vendido nem devolvido ou para justificar os produtos utilizados para consumo
interno.
5. Dispensa de medicamentos, dispositivos médicos e outros produtos
farmacêuticos
5.1. Medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM)
Estes só podem ser dispensados no caso de existir uma prescrição médica
para o efeito, uma vez que podem:
- constituir, direta ou indiretamente, um risco, mesmo se usados para o fim
destinado, se forem utilizados sem vigilância médica;
- ser utilizados frequentemente em quantidade considerável para fins diferentes
dos destinados, podendo resultar risco para a saúde;
- apresentar substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja
actividade e/ou efeitos secundários é indispensável estudar mais
aprofundadamente [5].
Na prescrição deve constar a denominação comum internacional (DCI)
referente ao fármaco em questão, bem como a forma farmacêutica, a dosagem, a
quantidade e ainda a posologia. Desta forma, caso existam medicamentos com as
mesmas caraterísticas, o utente optar tendo em conta também os diferentes
custos [6].
Ao farmacêutico cabe aconselhar, promover a adesão à terapêutica e
esclarecer qualquer dúvida referente ao tratamento. Se for vantajoso, deve ainda
indicar algumas medidas não farmacológicas para complementar a terapêutica
instituída pelo médico.
Pude assistir à dispensa de algumas receitas pouco vulgares, como por
exemplo:
- associação de benzoato de benzilo com sabonete de enxofre para o tratamento
da escabiose (sarna);
X
- maleato de timolol, em colírio, para o tratamento do angioma pediátrico.
5.1.1. Psicotrópicos e estupefacientes
Este tipo de medicação é sujeita a controlo especial desde a sua receção
até à dispensa ao utente. No momento da chegada destes fármacos à farmácia,
estes vêm acompanhados de duas folhas comprovativas da sua entrega, que
devem ser rubricadas e carimbadas, ficando a cargo da Drª Renata Gonçalves. A
folha original deve ficar guardada em capa própria na farmácia por um período de
3 anos, enquanto o duplicado deve ser enviado ao fornecedor.
Aquando da dispensa deste tipo de medicamento é necessário verificar o
cumprimento dos seguintes critérios na receita:
nome do médico que as prescreve e o seu número de inscrição na Ordem
dos médicos;
nome e morada do doente;
nome genérico ou comercial do medicamento, a dosagem, a quantidade a
dispensar, a forma farmacêutica e a posologia;
data e a assinatura do médico [7].
Mesmo estando estas condições satisfeitas o farmacêutico só pode
dispensar o medicamento a um maior de idade e/ou sem doença mental aparente,
que se faça acompanhar do seu cartão de cidadão ou bilhete de identidade. Este
último será necessário aquando da dispensa, sendo necessário ficar registado em
sistema informático o número e validade referente ao documento referido, assim
como o nome do indivíduo que levanta o medicamento, a sua morada e data de
nascimento. No fim da venda é emitido um talão de saída de psicotrópicos, que
deve ser agrafado a uma cópia da receita e posteriormente enviado para o
INFARMED, no final de cada mês [7].
Mensalmente, até ao dia 8 de cada mês, deve ser enviado para o Infarmed
a listagem do registo de saídas e uma cópia das receitas manuais referentes a
este tipo de medicação. Anualmente envia-se o Mapa de Balanço, onde consta o
registo de entradas e saídas de psicotrópicos e benzodiazepinas na farmácia [9].
No período de estágio a Drª Renata mostrou-me como efetua todo o
controlo destas classes de medicamentos e tive ainda oportunidade de dispensar
XI
por diversas vezes, tanto com receitas eletrónicas como manuais, este tipo de
medicação.
5.2. Medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM)
Estes são os que não preenchem nenhum dos requisitos necessárias para
serem MSRM e que não são comparticipáveis. Quanto à dispensa, deve ser
efetuada por farmacêuticos ou técnicos de farmácia para assegurar a segurança e
qualidade da sua utilização através de um aconselhamento adequado [5,10].
Apesar de existirem MNSRM que podem ser vendidos em locais diferentes
da farmácia, há um grupo destes medicamentos que é de venda exclusiva em
farmácia devido ao condicionamento da dispensa pela intervenção do
farmacêutico e pela aplicação dos protocolos de dispensa. Estes encontram-se
referidos na lista de DCIs identificadas pelo Infarmed que se encontra disponível
no seu site, sendo atualizada sempre que é incluída uma nova DCI ou quando
ocorre alguma alteração tanto quanto às indicações terapêuticas como ao
protocolo de dispensa [11,12].
Durante o estágio contactei com a dispensa deste tipo de medicamentos
que exige aconselhamento ao utente, tendo sempre em conta os protocolos de
aconselhamento HOLON® disponíveis na farmácia. No entanto, face a uma
elevada procura de soluções e aconselhamento em casos de infeção urinária, e
tendo em conta a inexistência de protocolo e aconselhamento para esta situação,
pareceu-me relevante criar um projeto que pudesse colmatar esta pequena
lacuna. Assim, decidi criar guidelines para o efeito, conforme detalho na parte 2
deste relatório.
5.3. Medicamentos manipulados
Pertencem a esta classe todas as fórmulas magistrais (medicamento
preparado de acordo com uma receita médica específica para determinado
paciente) ou preparados oficinais (medicamento preparado segundo as
indicações presentes numa Farmacopeia ou Formulário, destinado a ser
dispensado diretamente aos utentes) preparados por um farmacêutico e cuja
dispensa é também da responsabilidade do mesmo [13].
XII
Na Farmácia Quinta da Igreja não se efetua a preparação de manipulados,
no entanto, aquando do requerimento de um medicamento manipulado por parte
de um utente faz-se a encomenda do mesmo à farmácia Serpa Pinto por telefone
e fax.
5.4. Produtos cosméticos e de higiene corporal
Segundo o Decreto-Lei nº 296/98 de 25 de Setembro, entende-se por
produto cosmético ou de higiene corporal “qualquer substância ou preparação
destinada a ser posta em contacto com as diversas partes superficiais do corpo
humano, designadamente epiderme, sistemas piloso e capilar, unhas, lábios e
órgãos genitais externos, ou com os dentes e as mucosas bucais, com a
finalidade de, exclusiva ou principalmente, os limpar, perfumar, modificar o seu
aspecto e/ou proteger ou os manter em bom estado e ou de corrigir os odores
corporais”.
Na farmácia Quinta da Igreja os produtos pertencentes a esta categoria são
maioritariamente da marca ÀVENE® e da HOLON®, existindo também alguns
produtos da marca URIAGE®, MUSTELA® e CHICCO®.
Durante o período de estágio fiquei a conhecer melhor as gamas de cada
uma destas marcas, tendo aconselhado alguns produtos das mesmas. Tive ainda
oportunidade de assistir a duas formações relacionadas com esta temática, uma
da PIERRE FABRE®, na sua sede no Porto, e outra da URIAGE®, no Hotel
Mercure Porto Gaia, nas quais pude conhecer as diversas gamas.
5.5. Produtos e medicamentos de uso veterinário
Os produtos e medicamentos para uso veterinário destinam-se a tratar ou
prevenir doenças ou sintomas, corrigir ou modificar funções orgânicas, promover
o bem-estar e o estado higiossanitárias, e ainda a serem utilizados para fins de
diagnóstico, tanto em animais, como no ambiente que os rodeia, nas atividades
praticadas por estes e nos produtos de origem animal [14].
Nesta categoria o mais dispensado na farmácia Quinta da Igreja são os
desparasitantes e os contracetivos. Assim, tendo em conta a gama bastante
XIII
variada de desparasitantes existentes e que os cuidados com os animais
domésticos estão cada vez mais a ser tidos em conta, achei interessante
desenvolver um protocolo de aconselhamento referente a estes produtos, por
forma a informar os colegas sobre aspectos que poderiam estar menos claros,
proporcionando, desta forma, um atendimento mais informado ao utente.
5.6. Dispositivos médicos
Os dispositivos médicos destinam-se a prevenir, diagnosticar ou tratar uma
patologia, sendo que devem exercer a sua ação através de mecanismos não
farmacológicos, metabólicos ou imunológicos [15].
Durante o estágio tive contacto com alguns dispositivos médicos,
principalmente com meias de compressão e material de penso, sendo que, por
raras vezes, pude observar o material para ostomia, uma vez que este era um tipo
de produto adquirido apenas face a uma receita médica ou encomenda do utente.
Quanto às meias de compressão, tive a oportunidade de ler alguns panfletos
referentes a diferentes marcas, nos quais também era descrito o procedimento a
realizar, nomeadamente que medidas deveriam ser efetuadas, consoante o tipo
de meia pretendido, para determinar qual o tamanho adequado ao utente; assim
como me foi demonstrado pelas colegas. Por fim, quanto ao material de penso, foi
o tipo de dispositivo médico com que tive maior contacto e o que era mais vezes
requesitado pelos utentes ao balcão, o que resultou em maior oportunidade de
dispensa e aconselhamento.
6. Serviços de saúde complementares
6.1. Medição de parâmetros biológicos
Estas são efetuadas por qualquer membro da equipa e têm como objetivo
um melhor controlo da saúde do utente, sendo que após a obtenção dos valores
de cada parâmetro, estes são discutidos com o paciente e são dados alguns
conselhos pertinentes. Os valores são ainda registados num cartão de registo
que é entregue ao paciente e, se autorizado pelo mesmo, são registados os
dados recolhidos em suporte informático, na sua ficha de acompanhamento
farmacêutico. Caso os valores se encontrem alterados é aconselhado que o
XIV
utente volte a fazer a medição dentro de uma semana ou, caso exista uma
discrepância demasiado acentuada, que consulte o seu médico com a maior
brevidade possível. Caso necessário, procede-se à escrita de uma carta que deve
ser entregue ao médico, onde se explica com mais detalhe a situação. Tive a
oportunidade de realizar várias medições referentes aos diferentes parâmetros
abaixo descritos. Durante estas adotei algumas medidas específicas de forma a
garantir a eficácia dos métodos. Por exemplo, na medição da pressão arterial
assegurava-me que o doente repousava durante alguns minutos antes de
começar a medição, assim como se encontrava com as pernas descruzadas e
sem nenhum relógio ou pulseira que dificultasse a circulação sanguínea no braço
em que aplicava a braçadeira. Já na medição dos restantes parâmetros, uma vez
que o aparelho utilizado era o mesmo, um CALLEGARI CR3000®, cujo
funcionamento se baseia na medição da absorvância, certificava-me sempre que:
ao recolher o sangue enchia totalmente o capilar; utilizava a célula correta para o
teste a efetuar (cada parâmetro corresponde a um código de barras diferente que
é impresso na célula e lido pelo aparelho para dar início à leitura); cumpria o
protocolo corretamente (cada parâmetro tinha associado um procedimento
diferente); calibrava a máquina com um branco (indicado no procedimento de
cada um dos testes); fazia sempre entrar em contacto todos os reagentes e o
sangue utilizado.
6.1.1. Pressão arterial
Segundo a Direção Geral de Saúde (DGS), a hipertensão arterial é definida
quando os valores de pressão arterial sistólica são iguais ou superiores a 140
mmHg e/ou os valores de pressão arterial diastólica são iguais ou superiores a 90
mmHg. Quanto aos valores de referência, o valor óptimo é de 120 mmHg de
pressão arterial sistólica e 80 mmHg de pressão arterial diastólica para a
população saudável. No entanto, aquando da hipertensão já diagnosticada ou
quando existe associação de outras patologias os objetivos terapêuticos da
pressão arterial são diferentes [16,17]:
para a população hipertensa deve ser inferior a 140/90 mmHg;
XV
para a população diabética e/ou para insuficientes renais deve ser inferior
a 130/80 mmHg;
para insuficientes renais com proteinúria superior a 1g por dia e para
hipertensos com PA classificada como normal alta concomitante com três
ou mais fatores de risco major, lesão dos órgãos-alvo ou doença/eventos
cardiovasculares deve ser inferior a 125/75 mmHg.
Durante o meu estágio esta foi a determinação que mais vezes efetuei,
sendo que, face aos valores obtidos para cada utente, foi-me possível reforçar a
importância de uma alimentação saudável e equilibrada e, no caso dos
hipertensos, da adesão à terapêutica anti-hipertensora.
6.1.2. Colesterol total
O valor de referência é de 190 mg/dL, devendo os valores obtidos nas
medições ser inferiores a este. O teste é efetuado em gabinete, por punção
capilar, à semelhança de todos os outros efetuados por esta técnica [18].
6.1.3. Triglicerídeos
Este teste deve ser efetuado após um jejum mínimo de doze horas, é
efetuado por punção capilar e os valores devem encontrar-se abaixo de 150
mg/dL [19].
6.1.4. Glicose
O exame é efetuado por punção capilar, sendo que os valores de referência
variam consoante parâmetros como o jejum e o intervalo de tempo entre a última
refeição e a medição. O valor, em jejum, não deve ser superior a 126 mg/dL e,
quando medido ocasionalmente, não deve exceder os 200 mg/dL, que são os
valores de referência para o diagnóstico da diabetes. No entanto, um valor de
glicose no sangue entre 110 mg/dL e 126 mg/dL, em jejum, ou um valor superior a
140 mg/dL, duas horas após refeição, já são indicadores de anomalia da glicemia
em jejum [20].
XVI
6.1.5. Hemoglobina
O valor de referência é diferente entre homens e mulheres adultos, sendo
que o valor normal para um homem adulto é de 14 g/dL e para uma mulher
adulta é de 13 g/dL [21].
6.1.6. Ácido úrico
O valor de referência é de 6,8 mg/dL, devendo os valores obtidos nas
medições ser inferiores a este. O teste é efetuado em gabinete, por punção
capilar [22].
6.2. Cessação tabágica
Este é um serviço com duas vertentes, a intervenção breve e a intervenção
intensiva. A intervenção breve pode ser efetuada ao balcão por qualquer membro
da equipa e baseia-se em algumas perguntas para aferir a motivação do utente
para deixar de fumar e incentivar o mesmo para o fazer, indicando-o, caso se
encontre disponível, para a intervenção intensiva. Esta é feita em gabinete pela
Drª Ana Amaral. Na primeira consulta define-se o dia D, o primeiro dia sem
tabaco, tendo em conta possíveis eventos da vida do utente que dificultem o ato
de deixar de fumar. De seguida dá-se o acompanhamento do utente, tentando
recorrer em cada consulta a diferentes estratégias motivacionais para que
continue livre de tabaco.
6.3. Administração de injetáveis
Esta atividade só pode ser exercida por profissionais legalmente habilitados,
sendo que eu não me enquadro nesta categoria. No entanto, foi-me explicado o
procedimento, nomeadamente o processo de registo, que, na Farmácia Quinta da
Igreja, é efetuado manual e informaticamente, sendo necessário anexar sempre
uma cópia da receita do injetável em questão.
6.4. Serviços sobre a alçada de prestadores
A farmácia dispõe de um conjunto de serviços que inclui consultas de
nutrição, dermofarmácia, pé diabético e podologia. Estas são efetuadas por
XVII
prestadores, que vão à farmácia uma ou duas vezes por mês, dependendo do
serviço em questão.
É em conjunto com estes prestadores que por vezes se efetuam rastreios e
ações de formação para a comunidade.
Durante o estágio tive a oportunidade de contactar com cada um dos
serviços, percebendo melhor no que consistia cada um deles e pude ainda assistir
a uma consulta do pé diabético.
6.5. Consulta farmacêutica
Durante o atendimento, face a alguma dificuldade do utente gerir a sua
medicação, caso se trate de um doente polimedicado, se o utente revelar falta de
adesão à terapêutica ou se tiver alguma dúvida quanto à mesma, o farmacêutico
deve apresentar a consulta farmacêutica. Esta é feita em gabinete, sendo que
anteriormente é pedido ao utente que traga toda a sua medicação bem como o
boletim de análises mais recente para que se possa avaliar não só se existem
medicamentos duplicados mas também se estão a ser tomados devidamente e se
estes se apresentam nas corretas condições de armazenamento. Durante a
consulta são ainda esclarecidas dúvidas do utente e, por conseguinte, é
melhorada a sua adesão à terapêutica e a eficácia da mesma.
É vulgarmente aliada à medição de alguns parâmetros biológicos, como o
peso e pressão arterial, o que permite um aconselhamento mais fundamentado.
Todas as medições e informações recolhidas durante a consulta são registadas
no guião da consulta farmacêutica (anexo 1).
7. Receituário e faturação
Atualmente existem três tipos de prescrições médicas: a receita eletrónica
desmaterializada ou receita sem papel, a receita eletrónica materializada e a
receita manual. O formato mais utilizado é a receita eletrónica desmaterializada,
seguida da eletrónica materializada, e estando a receita manual reservada para
casos de: falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio
ou caso o médico só prescreva até 40 receitas por mês.
XVIII
No caso de receitas eletrónicas materilizadas, é necessário verificar que se
encontram assinadas pelo médico prescritor. Relativamente às receitas manuais,
para além da assinatura do médico, têm ainda de verificar-se outras condições,
nomeadamente [23]:
identificação da exceção
validade
entidade que comparticipa
número total de embalagens prescritas (limite máximo de quatro caixas no
total, sendo que podem ser até duas do mesmo medicamento ou 4 do
mesmo medicamento em unidose ou 4 medicamentos diferentes)
número de embalagens a dispensar
a identificação do utente (nome e número de utente)
a identificação do médico prescritor (vinheta)
que não existem rasuras ou caligrafias diferentes, tal como não devem ter
sido utilizadas canetas diferentes ou lápis.
Aquando da dispensa, é impresso no verso das receitas manuais e
eletrónicas materializadas um documento de faturação que deve ser rubricado
pelo utente.
As receitas manuais são as que deixam mais margem para erros, devido a
todos os fatores a ter em conta. Durante o estágio foram estas que mais vezes
eram prescritas incorretamente, faltando muitas vezes a referência do tamanho da
caixa a dispensar e, em casos pontuais, estando as receitas rasuradas.
No caso das receitas desmaterializadas o sistema informático
automaticamente garante a validade da receita.
Quanto aos regimes de comparticipação, estes podem efetuar-se através de
um regime geral ou especial, sendo este último aplicado para situações
específicas que digam respeito a determinadas patologias ou grupos de doentes.
No regime geral, o Estado encarrega-se pelo pagamento de uma
determinada percentagem do PVP de acordo com o escalão a que pertence
determinado medicamento, nomeadamente qual a sua classificação
farmacoterapêutica. Existem quatro escalões, sendo que a percentagem de PVP
XIX
pago pelo estado é de 90% para o A, 69% para o B, 37% para o C e 15% para o
D.
Quanto ao regime de comparticipação especial, a mesma deve ser efetuada
consoante os seguintes critérios [24]:
para pensionistas de regime especial: a comparticipação de medicamentos
integrados no escalão A é acrescida de 5% e nos restantes escalões é
acrescida de 15%; a comparticipação total do Estado é de 95% para os
medicamentos cujos preços de venda ao público sejam iguais ou inferiores
ao quinto preço mais baixo do grupo homogéneo em que se inserem;
para patologias:
Medicamentos manipulados têm uma comparticipação de 30% do
seu preço;
Produtos destinados ao autocontrolo de diabetes mellitus têm uma
comparticipação de 85%, caso se tratem de tiras-teste, ou de 100%,
no caso de agulhas, seringas e lancetas;
Câmaras expansoras têm comparticipação de 80%, não podendo
exceder vinte e oito euros nem uma câmara expansora por utente,
por ano;
Dispositivos médicos de apoio a doentes ostomizados e /ou com
incontinência / retenção urinária têm uma comparticipação de 100%;
para grupos especiais de utentes:
Cidadãos estrangeiros com estatuto de refugiados ou com direito de
asilo em Portugal têm uma comparticipação de 100%.
O SNS é a entidade que abrange a maioria dos utentes, podendo ser
complementada a comparticipação por outro subsistema. Para que esta última
entidade seja validada é necessário a apresentação do cartão de beneficiário da
mesma. Alguns exemplos referentes a esta complementaridade são os seguros
de saúde, como a MULTICARE®, os acordos com a EDP® (SAVIDA) ou com o
sindicato dos bancários (SAMS).
Quando se efetua complementaridade, no final da venda, caso se trate de
uma receita desmaterializada, é impresso um documento de faturação que deve
ser assinado pelo utente e guardado, e no caso das receitas manuais ou
XX
eletrónicas materializadas, deve ser fotocopiada a receita e impressos dois
documentos de faturação, um em cada um dos versos, que também devem ser
rubricados pelo utente e guardados.
As receitas manuais e materializadas são conferidas diariamente, sendo as
receitas em conformidade assinadas, datadas e carimbadas. Estas, tal como as
receitas desmaterializadas, vão então ser agrupadas em lotes de 30 tendo em
conta o organismo e a comparticipação, nomeadamente se se trata de um
organismo complementar, sendo ainda conferidas uma segunda vez antes do
término do processo de faturação do mês. No final do mês são fechados os lotes,
emitidos os verbetes referentes a cada um deles e são ainda impressos dois tipos
de documentos: relação resumo de lotes e fatura relativa a cada uma das
entidades. Esta documentação é então enviada, entre dia 1 e dia 10 de cada mês,
para o Centro de Conferências de Faturas (CCF) caso a comparticipação seja
feito pelo SNS, ou para a Associação Nacional de Farmácias (ANF), caso se
tratem de outros organismos [23].
Caso as receitas contenham algum erro, retornam à farmácia para que
sejam corrigidas e reenviadas para a respetiva entidade num prazo de 40 dias,
para que possam obter o valor correspondente à comparticipação.
8. Qualidade
A farmácia Quinta da Igreja é uma farmácia certificada pela Empresa
Internacional de Certificação (EIC) (anexo 2), seguindo os requisitos da norma
ISO 9001:2015 e das BPF do Manual de objetivos de qualidade 2001, na qual
estão descritos os procedimentos a adotar para que a organização possa sofrer
uma melhoria contínua. Para garantir que esta é cumprida é efetuada anualmente
uma auditoria externa que dita se a farmácia pode ou não continuar a ser
certificada, de acordo com as medidas adotadas e dos resultados obtidos.
XXI
Parte 2 – Projetos desenvolvidos na Farmácia Quinta da Igreja
1. Desparasitantes para uso veterinário
1.1. Introdução teórica:
Um estudo elaborado pela Growth from Knowledge (GfK) em 2015
demonstrou que em cerca de 54% dos lares portugueses habita um animal de
estimação. Para além disto, revelou ainda uma tendência crescente para que
estes vivam dentro de casa e não só em quintais anexos, sendo que o cão e o
gato são os animais maioritariamente escolhidos. Foram ainda descritas como
maiores preocupações sentidas pelos donos a alimentação e a saúde do seu
animal [25].
No que concerne à saúde, os maiores cuidados referem-se à vacinação e à
desparasitação, tanto interna como externa.
1.1.1. Parasitismo
Entre os organismos vivos estabelecem-se relações simbióticas de três
tipos: neutras, positivas ou negativas.
Trata-se de uma interação neutra quando duas espécies coabitam sem
estabelecer nenhum efeito entre elas.
Quando falamos de interações positivas, estas podem ser de dois tipos:
simbiose ou comensalismo. A simbiose refere-se à interação estabelecida entre
dois organismos que resulta em benefício para ambos, podendo ser obrigatória,
sendo necessária a interação para a sobrevivência de ambos, ou facultativa,
quando é possível a sobrevivência de ambos de forma independente. Já o
comensalismo caracteriza-se por uma interação entre dois organismos, da qual
resulta benefício para um e não há qualquer tipo de benefício ou dano para o
outro.
Por último, dentro das interações negativas podemos definir os conceitos de
amensalismo, antagonismo, predação e parasitismo. O primeiro termo define uma
relação na qual um dos constituintes é prejudicado, não trazendo benefício ou
dano para o outro. Por sua vez, numa relação de antagonismo ambos são
prejudicados; e em predação, um dos intervenientes beneficia da morte do outro.
O termo parasitismo refere-se então a uma associação em que um dos
XXII
organismos, o parasita, se aproveita do hospedeiro para obter alimento ou abrigo,
causando dano a este [26].
Entre os parasitas com mais relevância para a saúde animal em Portugal,
cujo tratamento/prevenção pode ser feito recorrendo a produtos dispensados em
farmácia, destacam-se os ectoparasitas e os parasitas gastrintestinais.
a) Ectoparasitas
São na sua maioria artrópodes que vivem, perfuram ou cavam na epiderme
do hospedeiro, para obter alimento ou abrigo, causando dano diretamente na pele
e nos tecidos subjacentes.
Para além do dano cutâneo causado pela picada, a saliva ou fezes
libertadas pelo parasita contêm antigénios que, quando na corrente sanguínea do
hospedeiro, estimulam o sistema imunitário, podendo levar a hipersensibilidade.
O hospedeiro é também prejudicado quando se tratam de parasitas
hematófagos, ou seja, que se alimentam de sangue, uma vez que este ato pode
levar a perda de sangue significativa, prurido, escoriações, alopécia e, em últimas
instâncias, morte [27].
Alguns dos ectoparasitas que infetam os animais de estimação em Portugal
e cujos donos procuram solução nas farmácias são as pulgas e carraças.
b) Parasitas gastrintestinais
Os parasitas que colonizam o trato gastrintestinal podem pertencer ao grupo
dos helmintas, como os nemátodes e céstodes, ou ao grupo dos protozoários,
como os mastigophora (flagelados).
Os helmintas são eucariotas multicelulares invertebrados, cujo corpo se
apresenta com simetria bilateral. Exemplo destes são os nemátodes, que
apresentam um corpo longo, fino e não-segmentado, com boca na região anterior
e um trato digestivo longitudinal; e os céstodes, longos e achatados, com um
orgão de fixação na região anterior denominado por scolex e sem trato digestivo
[28].
Quanto aos protozoários, estes são organismos também eucariotas mas
que funcionam estrutural e funcionalmente como unicelulares. Dividem-se em
quatro grupos, de acordo com a forma como se movimentam, sendo que os
XXIII
mastigophora, onde se enquadra a Giardia, se movem devido à presença de
flagelos que ondulam, permitindo o movimento [29].
Estes tipos de parasitas podem colonizar o trato gastrintestinal por ingestão
de ovos ou larvas dos mesmos, que podem estar presentes tanto em comida
crua, como no solo ou água. Este tipo de transmissão denomina-se como fecal-
oral [30].
1.2. Tratamento/Prevenção
Os animais domésticos devem então ser tratados na impossibilidade ou
ineficácia da prevenção. No entanto, a prevenção é o caminho a tomar, também
para evitar que os parasitas possam chegar ao Homem, provocando doença
neste (Zoonose).
1.2.1. Recorrendo a fármacos
Entre os tratamentos farmacológicos existentes, existem diferentes formas
de administração, sendo que se destacam as soluções para unção punctiforme,
mais conhecidas como pipetas, as coleiras impregnadas com desparasitantes
externos e ainda os comprimidos para administração oral.
Estas formas de administração podem conter compostos de diferentes
classes, com diferentes efeitos, atuando a nível externo e/ou interno, com ação
desparasitante para ectoparasitas e/ou parasitas gastrintestinais, respetivamente.
a) Desparasitantes Internos:
Tabela 2: Classificação de desparasitantes internos
Classe Classificação [31] Exemplos
Benzimidazóis Ligam-se à beta-tubulina, modificando a sua estrutura e
impedindo que esta se ligue à alfa-tubulina, o que impede
a formação dos microtúbulos e, consequentemente, a
divisão celular, o que leva à morte do parasita pois não
há regeneração celular
Fenbendazol
Tetrahidropirimidinas Atuam seletivamente nos recetores nicotínicos da
acetilcolina, promovendo a despolarização das
membranas celulares e induzindo paralisia espástica
Pirantel
Isoquinolonas Atuam nos canais de cálcio dependentes da voltagem,
levando a um intenso influxo de cálcio, que resulta em
contrações intensas e paralisia
Praziquantel
XXIV
b) Desparasitantes Externos:
Tabela 3: Classificação de desparasitantes externos
Classe Classificação [31, 32] Exemplos
Fenilpirazóis
Inseticidas que atuam como antagonista dos recetores do
ácido gamaaminobutírico (GABA) nos canais de cloro (Cl),
inibindo o fluxo deste para o interior da célula. Desta inibição
resulta uma hiperexcitabilidade (é bloqueada a transmissão
inibitória), levando à morte do inseto
Fipronil
Neonicotinóides
Atuam nos recetores nicotínicos da acetilcolina, levando a
uma despolarização das membranas e, por conseguinte, a
uma hiperexcitabilidade do sistema nervoso central, que
resulta na morte do parasita
Nitempiram e
imidacloprida
Piretrinas e
piretróides
As piretrinas exercem o seu efeito ao promoverem uma
hiperexcitabilidade do sistema nervoso periférico. Os
piretróides, derivados sintéticos das piretrinas, aumentam o
tempo de abertura e fecho dos canais de sódio, levam à
despolarização da membrana e hiperexcitabilidade a nível
do sistema nervoso
Deltametrina,
flumetrina e
permetrina
Reguladores do
crescimento e
inibidores do
desenvolvimento
Não funcionam como adulticidas, servindo apenas como
preventivos do desenvolvimento de novos parasitas. Pode
associar-se a outras substâncias ativas adulticidas, para
prolongar o efeito protetor, após eliminação de parasitas já
desenvolvidos
Metopreno e
Lufenuron
c) Desparasitantes internos e externos:
Lactonas macrocíclicas:
Provocam paralisia, que resulta da abertura dos canais de cloro nas células
do sistema nervoso periférico, levando à hiperpolarização.
Estas podem dividir-se em dois grupos:
1- avermectinas, como a ivermectina, doramectina e selamectina;
2- milbemicinas, como a milbemicina oxima e moxidectina [31].
1.2.2. Medidas não farmacológicas
As medidas não farmacológicas passam pela adoção de comportamentos
principalmente preventivos, com a intenção de prevenir a infestação do animal
pelos diferentes parasitas. Assim, os fatores a controlar são: a ingestão de
alimentos crus e de água não contaminada, para evitar o contacto com ovos de
parasitas gastrintestinais; a verificação regular do pelo e pele do animal, para
XXV
averiguação da presença de pulgas e carraças, que deve ser aliada a uma
desparasitação externa mensal.
1.3. Desparasitantes para uso veterinário na Farmácia Quinta da Igreja
A farmácia comunitária afirma-se muitas vezes como o primeiro sítio a que o
utente recorre para situações de patologia humana, mas também para questões
relacionadas com a desparasitação do seu animal de estimação.
Assim, tendo sido confrontada com algumas situações em que o utente procurava
desparasitantes para o seu animal doméstico, nomeadamente cães e gatos, e
não existindo um protocolo de aconselhamento já elaborado pelo grupo Holon
para o efeito, pareceu-me relevante criar guidelines para o efeito (anexo 3).
Assim, e uma vez que na farmácia apenas tínhamos em stock uma marca
de desparasitante externo e duas de desparasitantes internos, mas que, por
vezes, os utentes pretendiam adquirir outras marcas, procurei informação acerca
das marcas que existiam no mercado e quais os seus compostos ativos. Para
esta pesquisa utilizei a base de dados de Medicamentos Veterinários, Produtos
de Uso Veterinário e Biocidas de uso Veterinário (MedVet), e tive em conta os
princípios ativos correspondentes aos nomes comerciais mais requeridos.
Considerei que seria mais eficaz agrupar os mesmos por classe e que uma
pequena explicação da forma como atuam poderia ser bastante relevante na hora
de escolher qual o mais adequado. Ainda assim, tendo em conta os princípios
ativos, decidi criar um esquema sucinto onde associava estes aos nomes
comerciais disponíveis para que a consulta fosse mais rápida, caso necessário.
Adicionei alguma informação acerca das principais formas de apresentação
dos mesmos, tendo direcionado a minha atenção para três principais formas por
considerar que são as mais eficazes e por ter verificado que eram as mais
requisitadas na farmácia, sendo estas as coleiras, as pipetas e os comprimidos.
Quanto a estas formas de apresentação considerei relevante explicar algumas
diferenças entre elas, como o intervalo de tempo em que se mostram eficazes e o
perigo para o animal e para o Homem, que poderiam ser vantagens ou
desvantagens, quando comparadas entre si. No caso das pipetas coloquei ainda
um esquema de aplicação, retirado de um folheto informativo.
XXVI
A informação adicional a transmitir ao doente tal como as medidas não
farmacológicas têm uma grande importância porque delas resulta não só a saúde
do animal como do seu dono, uma vez que os parasitas podem passar do animal
para o Homem, podendo, em alguns casos, levar a complicações graves. Para
alertar para este aspecto criei um quadro-resumo no qual enquadrei os principais
parasitas que colonizam o cão e o gato em Portugal, consoante a doença que
provocam neste, e detalhando a doença a que podem dar origem no Homem.
Tendo em conta estas zoonoses e a facilidade de transmissão, achei importante
colocar no protocolo alguns produtos cuja venda cruzada é bastante importante
para evitar estas situações, como é o caso dos desparasitantes internos para uso
humano. Estes devem sempre ser feitos pelo humano aquando da desparasitação
interna do seu animal, de forma a evitar reinfestação pelos ovos libertados.
O protocolo foi implementado na farmácia, ficando disponível para consulta
por parte da equipa e integrando o conjunto de guidelines já existente. Tive em
atenção a estrutura do mesmo, para que se assemelha-se aos protocolos de
atendimento HOLON® o mais possível.
1.4. Conclusão
O protocolo de atendimento foi lido por toda a equipa durante o meu período
de estágio. Este, para além de poder ajudar o farmacêutico a tomar decisões na
hora da dispensa, possui ainda informação mais detalhada sobre o assunto, para
um aconselhamento mais eficaz e informado.
Tendo em conta que o pico de infestações por parasitas, em Portugal, se
situa entre Junho e Setembro, o desenvolvimento destas guidelines deu-se na
altura certa (entre Fevereiro e Maio), para que pudesse ser útil, náo só para a
minha formação, como para fornecer mais conhecimento a toda a equipa para
lidar com as infestações que, infelizmente, ainda são o que leva, na maioria das
vezes, os donos a recorrer às farmácias, quando os métodos existentes deveriam
ser utilizados preferencialmente como preventivos.
Na prática o protocolo foi consultado para esclarecer dúvidas relativamente
a nomes comerciais e a diferença de composição entre eles, na maioria das
vezes, assim como foi esclarecedor quanto a uma dúvida sentida pela equipa que
XXVII
se prendia com o intervalo de tempo que o animal deveria ficar sem se molhar ou
tomar banho após a aplicação de uma pipeta.
O feedback da equipa foi bastante positivo, e por isso, concluo que a
realização deste projeto trouxe benefício para a mesma e para a farmácia em si.
XXVIII
2. Próteses dentárias
2.1. Introdução teórica:
Em Portugal, só 32,4% da população tem a dentição natural completa.
Dentro do grupo de indivíduos com perda de um ou mais dentes, apenas 42,6%
tem dentes de substituição, e, quando considerada a perda de seis ou mais
dentes, que pode dar origem a problemas na mastigação, 37% dos indivíduos não
recorre a dentes de substituição [33].
Quando se fala em dentes de substituição pode ter-se em conta não só os
implantes como próteses, fixas ou removiveis. Esta substituição de dentes permite
melhorar não só a mastigação, como a fala, a deglutição e a forma como o utente
se relaciona com a sociedade.
No entanto, a grande desvantagem é o elevado custo associado,
principalmente quando se tratam de implantes ou de próteses fixas. Assim, como
seria de esperar, as próteses removíveis são muitas vezes a opção escolhida,
pela relação qualidade/preço.
2.2. Próteses dentárias removíveis
As próteses dentárias removíveis podem ser parciais ou totais, podendo
substituir apenas alguns dentes em falta ou um conjunto completo de dentes,
respetivamente.
Quanto às parciais, estas podem ter uma estrutura metálica, com ganchos
que se podem encaixar nos dentes naturais, ou em acrílico, com ganchos de
arame.
Já as próteses totais são, normalmente, constituídas por porcelana ou
acrílico, sendo que a base que une os dentes artificiais é em acrílico [34].
2.2.1. Fixativos
Servem para selar de forma eficaz o espaço entre a gengiva e a prótese,
impedindo que esta se movimente, causando desconforto físico e mental ao
utilizador. Impede ainda a entrada de pequenas partículas de alimentos entre a
prótese e a gengiva e, por conseguinte, a irritação da gengiva.
XXIX
Existem na forma de creme ou de almofadas adesivas, sendo que o
segundo apresenta a vantagem de dar algum conforto extra, ao criar uma espécie
de almofada entre a prótese e a gengiva, ao mesmo tempo que a fixa [35].
a) Creme
Estes atuam formando uma barreira física entre a superfície da prótese e a
gengiva e encontram-se adaptados a diversas situações e gostos pessoais, como
por exemplo a: uma maior necessidade de selamento a par de uma maior
duração do mesmo ou um desejo de maior força ao morder, irritação das
gengivas (regra geral, este tipo de fixativo tem um efeito de almofada entre a
gengiva e a prótese, tal como fazem as almofadas adesivas) e utilizadores que
não gostam do saber mentolado normalmente associado a este tipo de produtos.
Adaptam-se, desta forma, a todas as necessidades do consumidor, o que lhes
proporciona vantagem face às almofadas adesivas.
Na atualidade existem marcas que tentam diminuir as desvantagens deste
tipo de produto face às almofadas adesivas, uma vez que estes são mais ricos
em químicos, e, portanto, a marca COREGA® produz desde 2010 produtos sem
Zinco na sua composição, o que não acontecia até à data e que, devido ao uso
inadequado e excessivo dos produtos poderia acarretar problemas para a saúde
dos utilizadores.
2.2.2. Higiene
O caráter removível da prótese acarreta consequências a nível de saúde
oral, uma vez que altera a formação de placa bacteriana, responsável pelo
aumento da predisposição para patologias da cavidade oral, como cáries e
gengivites, por exemplo.
Assim, é de extrema importância uma higiene adequada, mais rigorosa, com
recurso a produtos específicos para o efeito existentes no mercado, como
espumas de limpeza e pastilhas de limpeza. Estes permitem uma limpeza eficaz
da prótese, não a agredindo, o que permite alcançar uma higiene dentária mais
saudável, pois não há a criação de fissuras ou cavidades na prótese onde as
bactérias possam predominar, como acontece quando se utilizam produtos
demasiado abrasivos [36].
XXX
2.3. Apoio aos utilizadores de próteses dentárias na Farmácia Quinta da
Igreja
Desde a chegada à farmácia Quinta da Igreja que pude observar um
número significativo de utentes interessados em comprar fixativos para próteses
dentárias. Aliada a esta observação, pude ainda assistir a uma formação em que
abordaram o assunto, denominada como “Higiene e Cuidados de Saúde Oral: o
papel da Farmácia “ na Associação Nacional das Farmácias no Porto , que me
levou a contactar com informação bastante relevante que não estaria a ser
corretamente transmitida aos utilizadores não só de fixativos em creme, mas de
próteses dentárias no geral. Por exemplo, face à aplicação de fixativos em creme,
foi relatado que estes originavam queixas por parte dos utentes porque eram
colocados de forma completamente errada, ou seja, ao invés de serem colocados
na prótese seca e de o utilizador humidificar a cavidade oral antes de introduzir a
prótese, muitos eram os casos em que o utilizador molhava a prótese antes de
colocar o fixativo. Tendo em conta que a cola nada mais é que um conjunto de
polímeros que, na presença de água, expandem, provocando o selamento, ao ter
a prótese molhada de início, esta ação irá ocorrer de imediato quando se aplica o
fixativo na prótese ainda fora da cavidade oral, resultando na sua falta de adesão
muitas vezes referida aquando da inserção na boca. Outro dos erros comuns na
utilização de prótese dentária é a sua lavagem. Foi referido durante a formação
que muitas vezes os utilizadores limpavam as suas próteses utilizando produtos
demasiado agressivos, indo desde a escova e dentífricos utilizados para escovar
os dentes naturais até ao uso de lixívia. Tal limpeza não só acelerava o desgaste
da prótese como poderia criar fendas e irregularidades nas mesmas,
proporcionando um ambiente favorável à proliferação de bactérias e fungos
causadores de doenças potencialmente graves para o Homem.
Uma vez que o assunto que decidi explorar ainda acarreta algum nível de
vergonha por parte do utilizador, o que o leva a ter “medo” de questionar quando
tem alguma dúvida sobre a utilização da sua prótese, muitas vezes é difícil passar
a informação necessária.
Assim surgiu a ideia de elaborar panfletos referentes aos cuidados a ter
para uma utilização correta das próteses dentárias (anexo 4), nos quais referi não
XXXI
só a importância das próteses dentárias, mas também dos fixativos e da limpeza
destas. Como forma de retirar alguns mitos do imaginário do utilizador, está ainda
presente no panfleto uma secção com os mitos mais comuns e o esclarecimento
acerca de cada um deles.
Os panfletos foram distribuídos no ato da dispensa de algum produto para
próteses dentárias, o que permitiu uma maior abertura para questões por parte do
utente numa próxima visita, sem o constranger.
2.4. Conclusão
Apesar dos utentes não terem feito questões face aos panfletos, a
distribuição destes foi importante uma vez que consegui transmitir informação
relevante, esclarecendo alguns aspectos que são origem de dúvida e de erro na
utilização.
Foi ainda possível obter com a distribuição deste tipo de panfletos uma
aproximação ao utente, mostrando que a farmácia se encontra disponível para
esclarecer a suas dúvidas e preocupada com o seu bem-estar em todos os
sentidos.
XXXII
3. Infeções urinárias
3.1. Introdução teórica:
A infeção do trato urinário (ITU) define-se pela presença de bactérias na
urina, com um mínimo de 100 000 unidades formadoras de colónia por mililitro de
urina (UFC/ mL). A bactéria Gram-negativa Escherichia coli é a principal
responsável pela maioria das ITU não complicadas, seguindo-se as estirpes
Staphylococcus [37].
Este tipo de infeção é mais prevalente na mulher, com uma
representatividade de 25% face a outras patologias e atinge o seu pico máximo
entre os 18 e os 39 anos, idade que coincide com a máxima atividade sexual da
mulher [38].
Os principais sintomas são: disúria (dor ao urinar), frequência e urgência
urinária, alterações na cor e cheiro da urina, dificuldade ao iniciar a micção,
hematúria, dor na parte inferior do abdómen, calafrios, dor lombar, náuseas e
vómitos. No entanto, é possível que a infeção seja assintomática, o que acarreta
maior risco, principalmente durante a gravidez, uma vez que pode dar-se a
evolução para pielonefrite, com envolvimento do trato urinário superior, com
consequências a nível renal e fetal (atraso no crescimento intra-uterino, parto
prematuro, risco de morte perinatal e anomalias congénitas) [39].
Aproximadamente 25% das mulheres apresentam infeção recorrente, ou
seja, voltam a contrair a infeção num prazo de seis meses após a primeira ou
apresentam três ITU durante um ano [37].
3.2. Tratamento/Prevenção:
O tratamento é sobretudo farmacológico, mas a prevenção assume um
papel fundamental, uma vez tida em conta a maior propensão da mulher para o
desenvolvimento da infeção.
3.2.1. Farmacológico
O tratamento assenta essencialmente na utilização de antibioterapia oral,
sendo que os antibióticos mais utilizados para o efeito são:
sulfametoxazol+trimetropim, ciprofloxacina e ampicilina. No entanto, devido a
resistências a antibióticos descobertas recentemente, podem ter de ser usados
XXXIII
antibióticos como a vancomicina, tida como última linha no tratamento da ITU [40].
No caso da infeção ser recorrente, existe a opção da imunoprofilaxia,
recorrendo a uma vacina oral, a UROVAXOM®, que se trata de um lisado
bacteriano destinado a aumentar a imunidade face aos agentes patogénicos
responsáveis pelas infeções urinárias.
Quando o utente recorre à farmácia para a resolução do que indica ser uma
infeção urinária, ou quando relata sintomas concomitantes com a infeção, deve
ser confirmada a presença da mesma. Caso se verifique a infeção o farmacêutico
deve orientar o utente a dirigir-se ao médico e nunca atuar como “prescritor”.
Cabe ainda ao farmacêutico garantir que a medicação prescrita pelo médico
nestes casos é utilizada da forma correta, nomeadamente que a toma do
antibiótico é feita com o devido intervalo de tempo e que é feita até ao final da
embalagem, diminuindo, desta forma, o risco de resistência bacteriana na mulher.
3.2.2. Suplementação
A suplementação, quando em associação com medidas não farmacológicas,
pode prevenir o aparecimento das infeções e até mesmo a sua recorrência.
Estes suplementos são fabricados sobretudo à base de plantas, como é o caso da
uva ursina e do arando vermelho.
Uva ursina: na folha seca encontra-se um glucósido da hidroquinona com
propriedades antimicrobianas, a arbutina, que ao sofrer hidrólise a nível
intestinal pela β-glucosidase forma derivados sulfurados e glucuronados,
que, ao serem eliminados pela urina, no caso de infeção, sofrem hidrólise,
passando a hidroquinona, com atividade antisséptica. Possui ainda taninos
que permitem a estabilização da arbutina e promovem uma ação anti-
inflamatória, para além de ser ainda uma planta diurética [41].
Arando vermelho: a parte da planta utilizada é geralmente o fruto, devido
essencialmente à sua composição em frutose e proantocianidinas. Estes
compostos têm a capacidade de inibir a adesão das fímbrias de
Escherichia coli ao epitélio uroepitelial, impedindo o processo responsável
pela colonização, crescimento bacteriano e formação do biofilme. Possui
ainda propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes e diuréticas [42,43].
XXXIV
3.2.3. Medidas não farmacológicas
As medidas não farmacológicas, neste caso em específico, são medidas
preventivas, que visam manter o pH da zona púbica (higiene íntima com produtos
adaptados e fazer a limpeza da zona íntima sempre no sentido da frente para
trás), evitar a permanência da urina durante demasiado tempo na bexiga
(esvaziar totalmente a bexiga, urinar imediatamente após relações sexuais e não
praticar estase urinária por períodos prolongados) e assentam ainda num estilo de
vida saudável (ter uma alimentação saudável, evitando comidas picantes, praticar
exercício físico, beber em média 1,5L de água por dia e não utilizar roupas
demasiado apertadas).
3.3. Infeções urinárias na Farmácia Quinta da Igreja
Por diversas vezes no balcão da farmácia apareceram utentes a requisitar
antibióticos sem receita médica para as infeções urinárias, sendo também
bastante elevado o número de levantamento de receitas que continham
antibióticos para esta situação. No entanto, não existia ainda um protocolo de
aconselhamento que pudesse servir como guideline nem numa nem noutra
situação.
Decidi então criar um protocolo de aconselhamento para as situações de
infeção urinária (anexo 5), que para além do aconselhamento não farmacológico,
possui ainda uma parte dedicada à suplementação que pode ser utilizada como
preventivo ou como tratamento em casos menos graves e numa fase muito inicial.
Para além disto, tendo em conta o termo up-selling e tentando implementá-lo de
forma eficaz, esquematizei uma situação de aconselhamento aquando do
atendimento de um utente com prescrição de antibioterapia.
Face ao relato dos sintomas por parte do utente, caso já estivesse
implementado na farmácia o teste Combur à urina, tal permitiria ao farmacêutico
saber se pode intervir a nível não farmacológico, com suplementação e
implementação de algumas medidas preventivas, caso se tratasse de uma
infeção inicial, ou se deveria encaminhar imediatamente para o médico. No
entanto, à data deste relatório, este teste não se encontra disponível na farmácia
XXXV
em questão, mas a sua implementação poderia, de facto, acrescentar valor aos
serviços farmacêuticos.
Este protocolo serviu, assim, para esquematizar o aconselhamento prestado
nos casos vividos na farmácia mas também para fomentar uma nova abordagem
de up-selling, um conceito que está a ser tido cada vez mais em conta na
farmácia em questão. O esquema que diz respeito a este conceito foi a parte mais
inovadora e que mais se destacou, uma vez que a equipa pretendia efetuar este
tipo de esquema para várias classes de medicamentos, com o objetivo de
conseguir alcançar uma maior satisfação por parte do cliente e ao mesmo tempo
aumentar o volume de vendas de suplementos e outros produtos farmacêuticos.
Assim, para cada produto que pode trazer benefício ao utente associei a
pergunta-chave e a razão para o adquirir, de forma a que, quando confrontados
com a situação, seja fácil o aconselhamento dos mesmos. Esta foi também a
parte do projeto mais desafiante visto que tive de encontrar as perguntas certas,
que permitissem apresentar uma solução mais completa para o doente. Quanto a
estas questões não tive como basear-me em fontes científicas, sendo as colegas
de equipa essenciais para o processo, uma vez que me ajudaram, tendo em
conta a sua experiência com os utentes.
Todo o protocolo foi desenvolvido tendo por base os já existentes para
outras patologias no grupo HOLON® e considero que ter adotado a mesma
estrutura facilitou a sua integração na farmácia Quinta da Igreja e tornou a sua
consulta mais fácil, tendo em conta que para uma consulta rápida basta aceder
aos dois esquemas finais.
3.4. Conclusão
O projeto foi útil na medida em que disponibilizou a informação necessária,
de uma forma simplificada, à equipa da farmácia para lidar com uma situação
recorrente, ao mesmo tempo que me proporcionava mais informação e
capacidade de síntese.
Posso concluir que o projeto foi uma mais-valia tanto para a farmácia, como
para mim enquanto profissional de saúde, como para o utente. Todos
beneficiamos com o desenvolvimento destas guidelines e com a consulta das
XXXVI
mesmas pela equipa da farmácia uma vez que o atendimento tem por base muita
da informação contida nas mesmas e a sua transmissão ao utente.
XXXVII
4. Outros projetos
4.1. Tipos de insulina para o tratamento da diabetes mellitus na Farmácia
Quinta da Igreja
Tendo em conta os números de insulina dispensada na farmácia Quinta da
Igreja e a necessidade de resposta rápida por parte do profissional de saúde
quando questionado qual o tipo de insulina e qual o tempo da sua ação, criei um
quadro resumo (anexo 6), no qual consta a informação referida. Este foi afixado
propositadamente ao lado do frigorífico para facilitar a sua consulta aquando da
dispensa.
4.2. Protocolos de Aconselhamento Holon na Farmácia Quinta da Igreja
Na Farmácia Quinta da Igreja, visto ser uma farmácia pertencente ao grupo
Holon, existem protocolos de aconselhamento para diversas situações
presenciadas ao balcão, desde congestão nasal ou rinorreia, até diarreia, pernas
cansadas, e acne. No entanto, os protocolos existentes são bastante extensos, o
que não facilita a sua consulta.
Assim, a conselho da equipa de farmacêuticas, elaborei esquemas-resumo
de alguns dos protocolos: congestão nasal, acne, pernas cansadas, micoses dos
pés, diarreia, herpes labial, cefaleia, pediculose, sensibilidade dentária, picadas
de insetos, bolhas nos pés e queimadura solar (exemplo- anexo 7).
Desta forma pude não só estudar de forma mais aprofundada cada um dos
protocolos, percebendo o que deveria ou não aconselhar e como aconselhar,
como ainda foi dinamizado pela equipa um atendimento fictício referente a cada
situação, que me permitiu aplicar o protocolo estudado e melhorar alguns aspetos
de abordagem ao utente.
4.3. Psoríase e urticária crónica na Farmácia Quinta da Igreja
Sendo a Farmácia Quinta da Igreja um local de prestação de outros
serviços, neste caso em concreto, do serviço de dermocosmética, foi
implementada uma campanha para dar a conhecer ao utente as valências do
mesmo em patologias como psoríase e urticária crónica.
XXXVIII
Como forma de perceber até que ponto existiam doentes na farmácia com
urticária crónica e se esta estava ou não controlada, foi pedido à equipa que
fizesse um questionário aos doentes reconhecidos como portadores da doença,
para além da normal divulgação do serviço e da importância na psoríase.
Assim, por forma a tornar mais fácil a abordagem, evitando esquecimentos,
criei pop-ups em diferentes produtos (anexo 8) normalmente utilizados tanto na
psoríase como na urticária crónica alertando para a realização do inquérito.
XXXIX
Conclusão
Durante o estágio pude contactar com a realidade farmacêutica, adquirindo
competências não só no que toca ao medicamento em si, mas também em
relação ao papel que representamos na comunidade e no SNS.
Para além das atividades de responsabilidade diretamente atribuídas ao
farmacêutico, como a dispensa de medicamentos, aconselhamento farmacêutico
e trabalho de back office, foi-me possível, através da realização dos projetos,
contribuir:
para a chegada de informação à comunidade, com o desenvolvimento e
entrega dos panfletos referentes às próteses dentárias;
para a transmissão de informação pertinente à equipa da farmácia, com o
protocolo de desparasitantes para animais de estimação;
para o trabalho efetuado na farmácia, nomeadamente no que concerne ao
atendimento e melhoria das técnicas de up-selling, com o desenvolvimento
das guidelines para atendimento no caso de ITU.
Considero que consegui atingir os objetivos para este estágio, obtendo bases que
me permitirão ingressar em farmácia comunitária, quando findado o curso.
XL
Referências bibliográficas:
[1] Ordem dos farmacêuticos: Farmácia Comunitária. Acessível em:
https://www.ordemfarmaceuticos.pt/pt/areas-profissionais/farmacia-comunitaria/
[acedido em 20 de Junho de 2018]
[2] Farmácias Holon: Missão. Acessível em: https://www.farmaciasholon.pt/quem-
somos/missao [acedido em 20 de Junho de 2018]
[3] Infarmed: Circular informativa nº 019/ CD/100.20.200 de 15/02/2015 . Assunto:
Projeto Via Verde do medicamento
[4] Infarmed: Prescrição e dispensa. Acessível em: http://www.infarmed.pt/
[acedido em 22 de Junho de 2018].
[5] Decreto-Lei n.º 209/94 de 6 de Agosto (referente a: classificação de
medicamentos quanto à dispensa ao público). Diário da República n.º 181/1994,
Série I-A de 1994-08-06.
[6] Diário da república: Portaria n.º 137-A/2012 de 11 de Maio de 2012. Acessível
em: https://www.omd.pt/ [acedido em 22 de Junho de 2018]
[7] Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de Janeiro (referente a: legislação de combate à
droga). Diário da República n.º 18/1993, Série I-A de 1993-01-22.
[8] Infarmed: Normas relativas à prescrição de medicamentos e produtos de
saúde. Acessível em: http://www.infarmed.pt/ [acedido em 22 de Junho de 2018]
[9] ANF: Circular nº 0132-2018, 26 de janeiro de 2018 Assunto: registo de
psicotrópicos e estupefacientes- documentos obrigatórios
[10] INFARMED: Locais de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica
. Acessível em: http://www.infarmed.pt/ [acedido em 23 de Junho de 2018]
[11] Infarmed: Questões frequentes sobre medicamentos de dispensa exclusiva
em farmácia. Acessível em: http://www.infarmed.pt/ [acedido em 23 de Junho de
2018]
[12] Infarmed: Deliberação nº 25/CD/2015. Acessível em: https://www.infarmed.pt/
[acedido em 23 de Junho de 2018]
[13] Infarmed: Medicamentos manipulados. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/ [acedido em 23 de Junho de 2018]
[14] Decreto-Lei n.º 184/97, de 26 de Julho (referente a medicamentos de uso
veterinário). Diário da República, nº 171/1997, Série I-A de 1997-07-26.
XLI
[15] Infarmed: Dispositivos médicos. Acessível em: http://www.infarmed.pt/
[acedido em 23 de Junho de 2018]
[16] Direção geral de Saúde: Norma nº 020/2011 atualizada a 19/03/2013.
Assunto: Hipertensão arterial: definição e classificação
[17] Sarafidis P, Ruilope L (2013). Blood pressure targets for patients with chronic
kidney disease. European Society as Hypertension Clinical Practice Newsletters;
issue 14; nº 55
[18] Fundação Portuguesa de Cardiologia: Tudo o que deve saber sobre o
colesterol. Acessível em: http://www.fpcardiologia.pt/ [Acedido em 24 de Junho
de 2018]
[19] Direção geral de Saúde: Norma nº 019/2011 atualizada a 11/05/2017.
Assunto: Abordagem terapêutica das Dislipidemias no Adulto
[20] Direção geral de Saúde: Norma nº 002/2011 de 14/01/2011. Assunto:
Diagnóstico e classificação de diabetes mellitus
[21] Organização mundial de saúde: O uso clínico do sangue. Acessível em:
http://www.who.int/ [acedido em 24 de Junho de 2018]
[22] Miguel C, Mediavilla MJ (2011). Abordagem actual da gota. Acta médica
portuguesa; 24(5): 791-798
[23] Infarmed: Normas relativas à dispensa de medicamentos e produtos de
saúde. Acessível em: http://www.infarmed.pt/ [acedido em 24 de Junho de 2018]
[24] Infarmed: Portaria n.º 223/2015, de 27 de julho. Acessível em:
https://www.infarmed.pt/ [acedido em 24 de Junho de 2018]
[25] GFK: Portugal é um país Pet-friendly. Acessível em: https://www.gfk.com/
[acedido em 15 de Fevereiro de 2018]
[26] Liwarska-Bizukoj E, Bizukojc M, Marcinkowski A, Doniec A (2009). The
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[27] Vineer HR, Ellse L, Wall R (2017). Climate Change and Arthropod
Ectoparasites and Vectors of Veterinary Importance. In: Johnson SN, Jones TH
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Sons, Ltd, 111-125.
XLII
[28] The Australian society for parasitology Inc.: Helminth parasites. Acessível em:
http://parasite.org.au/ [acedido em 16 de Fevereiro de 2018]
[29] The Australian society for parasitology Inc.: Protozoan parasites. Acessível
em: http://parasite.org.au/ [acedido em 16 de Fevereiro de 2018]
[30] Centers for disease control and prevention: Parasites. Acessível em:
https://www.cdc.gov/ [acedido em 16 de Fevereiro de 2018]
[31] Page SW (2008). Antiparasitic drugs. In: Maddison JE, Page SW, Church DB
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[32] Simon-Delso N, Amaral-Rogers V, Belzunces LP, Bonmatin JM, Chagnon M,
Downs C et al (2015). Systemic insecticides (neonicotinoids and fipronil): trends,
uses, mode of action and metabolites. Environmental Science and Pollution
Research International; 22: 5–34
[33] Ordem dos médicos dentistas: Barómetro da saúde oral 3ª edição, Portugal
2017. Acessível em: https://www.omd.pt/ [acedido em 20 de Maio de 2018]
[34] Corega: Utilizar próteses dentárias. Acessível em:
https://www.mydenturecare.com/pt-pt/expert-advice/ [acedido em 20 de Maio de
2018]
[35] Corega: Porque é importante utilizar um fixativo para próteses dentárias.
Acessível em: https://www.mydenturecare.com/ [acedido em 21 de Maio de 2018]
[36] Fonseca P, Areias C, Figueiral MH (2007). Higiene de próteses removíveis.
Revista Portuguesa Estomatologia Cirurgia Maxilofacial; 48: 141-146
[37] Rodrigues FJ, Barroso AP (2011). Etiologia e sensibilidade bacteriana em
infeções do tracto urinário. Revista Portuguesa de Saúde Pública; 29(2): 123-131
[38] Rabiais S, Aragão F, Félix J, Moreira P, Rolo F (2010). Infeção urinária
recidivante: ocorrência, factores de risco e custos de diagnóstico e tratamento.
Acta urológica Portuguesa; 3: 19-25
[39] Prentiss KA, Newby PK, Vinci RJ (2011). Adolescent female with urinary
symptoms: a diagnostic challenge for the pediatrician. Pediatric emergency care;
27(9): 789-794
[40] Flores-Mireles AL, Walker JN, Caparon M, Hultgren SJ (2015). Urinary tract
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reviews; 13: 269-284
XLIII
[41] Head KA (2008). Natural approaches to prevention and treatment of infections
of the lower urinary tract. Alternative medicine review; 13(3): 227-244
[42] Blumberg JB, Camesano TA, Cassidy A, Kris-Etherton P, Howell A, Manach
C et al (2013). Cranberries and their bioactive constituents in human health.
Advances in nutrition; 4(6): 618-632
[43] Vasileiou I, Katsargyris A, Theocharis S, Giaginis C (2013). Current clinical
status on the preventive effects of cranberry consumption against urinary tract
infections. Nutrition research; 33(8): 595-607
LXX
Anexo 6 – Quadro resumo dos tipos de insulina dispensados na Farmácia Quinta da Igreja
relativamente ao início de ação
LXXI
Anexo 7 – Exemplo do esquema-resumo elaborado a partir dos protocolos de aconselhamento
HOLON® referente a pés e pernas cansadas
LXXII
Anexo 8 – Pop-up criado para alertar para a realização do inquérito relativo a psoríase e urticária
crónica
I
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas
Relatório de Estágio Profissionalizante
Hospital Privado da Boa Nova
Março a Abril de 2018
Catarina Isabel de Sousa Silva
Orientador : Dra. Patrícia André Simões de Moura
Setembro de 2018
II
Declaração de Integridade
Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado
previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As
referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam
escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente
indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de
referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio
constitui um ilícito académico.
Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ___ de Setembro de 2018
Catarina Isabel de Sousa Silva
III
Agradecimentos
Não poderia dar por terminado o meu percurso académico sem agradecer
às pessoas e instituições que me proporcionaram esta concretização.
Começo por agradecer à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto,
e a todos os que a tão bem representam e dela fazem parte, pela desafiante
jornada que foram os últimos cinco anos.
Obrigada à comissão de estágio pelo empenho, e principalmente agradeço
à Professora Doutora Susana Casal, como minha orientadora de estágio, por me
auxiliar e acompanhar durante o estágio, mostrando-se sempre disponível.
Agradeço ainda à Dra. Patrícia Moura por toda a simpatia e disponibildade
demonstrada e pela oportunidade de poder estagiar numa das unidades da
cadeia de hospitais Trofa Saúde.
Um enorme obrigada ao Dr. André Azevedo e à Dra. Nádia Varela, que me
acompanharam ao longo do estágio, por todos os conhecimentos transmitidos,
pela paciência, boa-disposição e dedicação.
IV
Resumo
O estágio curricular que ocorre no último semestre do Mestrado Integrado
em Ciências Farmacêuticas (MICF) permite o contacto com a realidade da
profissão. Assim, para além da farmácia comunitária, achei importante contactar
com farmácia hospitalar, escolhendo para o efeito o Hospital Privado da Boa Nova
(HPBN), no período de 1 de Março a 30 de Abril.
Durante o estágio hospitalar tive a oportunidade de aprender e efetuar
diferentes tarefas nas diferentes áreas dos Serviços Farmacêuticos existentes,
como, por exemplo, receção e armazenamento, distribuição e gestão de stocks.
Este relatório tem como objetivo relatar um pouco da realidade vivida no
HPBN, e, por semelhança, em alguns dos outros hospitais do Trofa Saúde
Hospital (TSH), detalhando as atividades que realizei ao longo do estágio em
farmácia hospitalar.
V
Índice
Parte 1 – Atividades desenvolvidas no Hospital Privado da Boa Nova........... 1
1. Introdução .......................................................................................................................1
2. Trofa Saúde Hospital ....................................................................................................1
3. Hospital Privado da Boa Nova ....................................................................................2
4. Organização e gestão dos Serviços Farmacêuticos ..............................................2
a. Plano operacional ........................................................................................................2
b. Gestão de dados ..........................................................................................................2
c. Gestão de recursos humanos .....................................................................................3
d. Gestão de recursos económicos ................................................................................3
e. Seleção e aquisição de produtos farmacêuticos.......................................................4
f. Receção e conferência de produtos adquiridos ........................................................5
g. Armazenamento de produtos......................................................................................6
h. Gestão de existências .................................................................................................7
i. Prazos de validade ......................................................................................................8
5. Sistemas de distribuição de medicamentos ............................................................8
a. Distribuição clássica ....................................................................................................8
b. Sistema de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária ....................................9
c. Distribuição de medicamentos a doentes em ambulatório .................................... 10
6. Medicamentos sujeitos a controlo especial ........................................................... 10
a. Hemoderivados .......................................................................................................... 10
b. Sugamadex ................................................................................................................ 11
c. Psicotrópicos e estupefacientes ............................................................................... 11
d. Gases medicinais ....................................................................................................... 12
e. Citotóxicos (oncologia) .............................................................................................. 12
7. Produção e controlo de medicamentos .................................................................. 13
VI
a. Preparação de misturas intravenosas (fármacos citotóxicos) ............................... 13
b. Preparações de formas farmacêuticas não estéreis .............................................. 13
c. Reembalagem ............................................................................................................ 13
Parte 2 – Projetos desenvolvidos no Hospital Privado da Boa Nova ............ 15
1. Armazenamento de produtos nos cofres ................................................................... 15
2. Informação sobre fármacos aplicados a situações clínicas .................................. 17
Conclusão ........................................................................................................... 19
Referências: ........................................................................................................ 20
Anexos: ............................................................................................................... 23
VII
Índice de figuras
Figura 1 – Mapa dos SF do HPBN....................................................................................................7
Figura 2 – Máquina de reembalagem de formas farmacêuticas orais sólidas.................................14
Figura 3 – Cofre dos SF com o respetivo mapa...............................................................................15
Índice de anexos
Anexo I – Plano operacional dos SF do HPBN................................................................................23
Anexo II – Folha de justificação de receituário de medicamentos...................................................24
Anexo III – Anexo VII referente à classe de psicotrópicos e estupefacientes.................................25
Anexo IV – Folha de registo de levantamento de medicação depois das 18h00 e ao fim de
semana.............................................................................................................................................26
Anexo V – Exemplo de mapa de dose individual diária...................................................................27
Anexo VI – Declaração de prescrição, requisição e de recebimento...............................................28
Anexo VII – Modelo nº1804 para controlo da distribuição de hemoderivados.................................29
Anexo VIII – Folha de justificação de utilização do Sugamadex......................................................30
Anexo IX – Anexo X para controlo da administração de psicotrópicos e estupefacientes...............31
Anexo X – Folha de registo de gases medicinais.............................................................................32
Anexo XI – Formulário de citotóxicos (a) associado ao protocolo de tratamento (b).......................33
Anexo XII – Mapa do cofre da farmácia...........................................................................................34
Anexo XIII – Lista dos fármacos presentes no cofre do serviço de urgência...................................35
Anexo XIV – Lista dos fármacos presentes no cofre do serviço de internamento...........................36
Anexo XV – Lista dos fármacos presentes no cofre do serviço de cuidados intermédios...............37
Anexo XVI – Lista dos fármacos presentes no cofre do bloco operatório........................................38
VIII
Lista de abreviaturas
TSH – Trofa Saúde Hospital
HPBN – Hospital Privado da Boa Nova
SF – Serviços farmacêuticos
FC – Farmácia Central
INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I. P.
1
Parte 1 – Atividades desenvolvidas no Hospital Privado da Boa Nova
1. Introdução
De acordo com o Manual da Farmácia Hospitalar, os Serviços
Farmacêuticos Hospitalares “são o serviço que, nos hospitais, assegura a
terapêutica medicamentosa aos doentes, a qualidade, eficácia e segurança dos
medicamentos, integra as equipas de cuidados de saúde e promove ações de
investigação científica e de ensino “.
Assim, pode dizer-se que, de uma forma geral, os Serviços Farmacêuticos
(SF) ocupam-se da gestão do medicamento e de outros produtos farmacêuticos,
tendo também um papel relevante na formação científica no meio hospitalar.
Torna-se, portanto, indispensável a presença do farmacêutico hospitalar,
que tem a responsabilidade de dirigir os SF de forma a dignificar a classe
farmacêutica, tendo sempre como prioridade o bem-estar de cada um dos utentes
[1].
2. Trofa Saúde Hospital
O Trofa Saúde Hospital (TSH) é, atualmente, um grupo de hospitais
privados. Este teve como pioneira, há cerca de dezanove anos, a unidade da
Trofa, tendo crescido desde então, até à marca atual de nove hospitais já em
funcionamento no Norte de Portugal. Estes oito hospitais localizam-se em Alfena,
Trofa, Braga Sul, Braga Centro, Gaia, Matosinhos, Maia, Famalicão e São João
da Madeira. Estes últimos três são hospitais de dia, funcionando, portanto, em
regime de ambulatório, ao contrário do que acontece com os restantes hospitais
do TSH [2].
Apesar de já contar com uma distribuição bastante considerável na zona
Norte, o TSH pretende continuar a ampliar o seu espectro de ação com a
abertura, em breve, de novas unidades.
No TSH o objetivo final é a fidelização de clientes, sendo que para isso se
aposta num serviço de excelência, personalizado, eficiente e de confiança [3].
2
3. Hospital Privado da Boa Nova
O Hospital Privado da Boa Nova (HPBN) situa-se em Perafita, Matosinhos,
na Rua Armando Vaz, nº225, e possui parque de estacionamento para os utentes
e funcionários.
Para além da existência de mais de quarenta especialidades médicas, o
HPBN apresenta um serviço de urgência que se encontra disponível 24 horas por
dia durante todo o ano, sendo que este integra nove especialidades. Para além
disto, conta com equipamentos de diagnóstico do mais alto nível, sendo que à
data conta com um equipamento de ressonância magnética dos mais avançados
do mercado. A tudo o referido anteriormente junta-se ainda o facto de ser o único
hospital do grupo a realizar cirurgia cardíaca.
Como não poderia deixar de ser, para garantir um atendimento de
excelência, conta com os melhores profissionais, sendo a equipa liderada pelo Dr.
Bento Bonifácia (diretor clínico) e pelo Dr. Ricardo Rodrigues (administrador) [4].
4. Organização e gestão dos Serviços Farmacêuticos
a. Plano operacional
Uma vez que os serviços clínicos do HPBN têm stocks ideais definidos
para proporcionar-lhes uma autonomia de 2-3 dias, e que existem pedidos de
medicação a ser satisfeitos todos os dias, para além da Distribuição Individual
Diária em Dose Unitária (SDIDDU), nos SF do HPBN existe um plano operacional
(anexo I). Este plano esquematiza as atividades a realizar em cada dia da
semana, podendo alterar-se a ordem de reposição de algum serviço, caso este
tenha um fluxo muito aumentado, como por vezes acontece com o bloco
operatório, o que obriga a antecipar a sua reposição [5].
b. Gestão de dados
Para possibilitar uma gestão mais eficaz dos SF, estes contam com o apoio
de diferentes plataformas informáticas.
3
O programa mais utilizado é o CPCHS (Companhia Portuguesa de
Computadores Healthcare Solutions), criado pela GLINTT®, o qual permite o
controlo de stocks, a satisfação dos pedidos efetuados pelos serviços clínicos, a
emissão do mapa de dose individual diária, a geração das listas para reposição
de stocks nos diferentes serviços, efetuar débitos, fazer a encomenda semanal,
etc.
Para além deste existe ainda o programa PHC, que serve maioritariamente
para emitir guias de transporte aquando da saída da encomenda para outras
unidades, como o Hospital Dia da Maia, É com recurso a este programa que, na
FC, as encomendas de todas as unidades do TSH são reunidas numa única
encomenda, que é enviada para o departamento de compras.
Apesar de ter utilizado o PHC para emitir algumas guias de transporte, o
programa com que mais tive contato durante o período de estágio foi com o
CPCHS, sendo que as funções mais utilizadas foram as relacionadas com os
pedidos efetuados pelos serviços clínicos e o mapa de dose individual diária.
Existe ainda outra plataforma informática, utilizada na FC para dar entrada
de encomendas, denominada como Intranet.
c. Gestão de recursos humanos
Os recursos humanos assumem um papel fulcral nos SF, sendo essencial
que estes sejam dotados não só da quantidade necessária de pessoas, mas
também de qualidade, ou seja, de capacidades [1].
Dentro do HPBN, o Dr. André Azevedo atua como farmacêutico e diretor-
técnico, à semelhança do que ocorre em quase todos os outros hospitais do TSH,
com exceção do Hospital Privado de Alfena, uma vez que é aí que se encontra a
farmácia central e, daí, surge a necessidade de uma maior quantidade de
intervenientes.
d. Gestão de recursos económicos
É essencial, para o sucesso não só dos SF, mas também do hospital, que
a farmácia não tenha custos desnecessários. Para o evitar o farmacêutico
4
responsável deve ter em consideração os stocks, nomeadamente a rotação de
stocks, ao mesmo tempo que considera os prazos de validade, no momento de
realizar as encomendas. Desta forma pode evitar-se a formação de stocks muito
elevados de produtos sem rotação e, por conseguinte, o desperdício dos
mesmos, com custo associado.
e. Seleção e aquisição de produtos farmacêuticos
Os fármacos disponíveis para utilização no TSH estão descritos no
formulário hospitalar, tendo sido este elaborado por uma comissão técnica
constituída pela coordenadora dos SF e por cada um dos diretores clínicos dos
diferentes hospitais do Grupo. Este formulário tem por base ainda o Formulário
Hospitalar Nacional de medicamentos, formulado por uma comissão técnica
especializada do INFARMED. Em situações especiais, o médico pode sentir
necessidade de prescrever algum fármaco que não se encontre no Formulário
Hospitalar, tendo, portanto, de preencher a folha de justificação de receituário de
medicamentos (anexo II).
Anualmente é efetuado um concurso no qual é escolhido o laboratório que
fornece, durante esse ano, a FC, determinado fármaco. O laboratório é, então,
escolhido segundo alguns critérios específicos como o preço, rapidez de entrega
e credibilidade. Quanto ao custo, após a escolha, o laboratório terá de manter
esta variável inalterada durante esse ano.
A aquisição é feita pelo departamento de compras, que envia e-mail a cada
um dos laboratórios com a encomenda geral, gerada pela FC, que reúne as
encomendas de cada hospital do TSH. Estas encomendas são elaboradas tendo
em conta um stock ideal, que permita suprir as necessidades de todos os serviços
e eventuais imprevistos, durante uma semana, no caso de fármacos e dispositivos
médicos, quinze dias, no caso dos soros, ou um mês, no caso de estupefacientes
e psicotrópicos [6].
Se o produto não estiver disponível para envio na FC ou nos outros
hospitais do TSH ou quando a sua entrega é muito urgente, pode recorrer-se à
farmácias comunitárias, caso exista em farmácia comunitária, que entrega o
5
produto no próprio dia; ou pedir emprestado a outros hospitais públicos ou
privados, caso esteja apenas reservado a uso hospitalar.
Casos especiais:
No caso de se tratarem de estupefacientes ou psicotrópicos, a encomenda
só é validada no laboratório após envio, por carta registada, do anexo VII (anexo
III) devidamente preenchido.
Quando os medicamentos não têm Autorização de Introdução no Mercado
(AIM) em Portugal, é necessário pedir ao INFARMED uma Autorização de
Utilização Especial (AUE), sendo que, só desta forma é possível adquirir esses
medicamentos a uma entidade internacional. Os pedidos necessários de AUE no
HTS são efetuados perto do fim do ano, quando é feita uma compilação de todos
os pedidos, com o devido preenchimento do impresso de uso obrigatório para o
requerimento, disponível no site do INFARMED, indicando inclusivé a quantidade
que é pretendido adquirir durante esse ano, e enviado para o INFARMED. A
partir do momento que o INFARMED concede a AUE, esta é válida durante um
ano, havendo a possibilidade de aumentar as quantidades presentes no pedido,
se necessário [7].
f. Receção e conferência de produtos adquiridos
Os produtos adquiridos, quando chegam aos SF, são colocados no espaço
delimitado para a receção de material.
De seguida é feita a conferência da encomenda, verificando:
destinatário da encomenda;
características do produto recebido (designação, dosagem, forma
farmacêutica, quantidade, prazo de validade e estado de conservação);
guia de transporte (conformidade com a encomenda recebida), que deve
posteriormente ser guardada em arquivo próprio (registo de conferência de
encomenda);
condições especiais de armazenamento durante o transporte, caso o
produto assim o requira [8].
6
No caso de inconformidade entre o que foi transferido para os SF do HPBN a
partir da FC, deve enviar-se um email para esta com o assunto “conferência de
encomenda”, no qual se refere o que não está conforme e pedir a resolução do
mesmo.
Durante o estágio realizei diariamente este processo, o que resultou em
conhecimento, uma vez que estive em contacto com fármacos e produtos
farmacêuticos que não se encontram com tanta regularidade em farmácia
comunitária.
g. Armazenamento de produtos
O armazenamento dos produtos recebidos deve ser feito de forma a
garantir as condições necessárias de temperatura, humidade e luz [1].
Para ter a certeza que as condições de temperatura (temperatura ambiente
até 25ºC e frigorífico com temperatura entre 2 e 8ºC) e humidade (humidade
relativa inferior a 60%) são mantidas estas são constantemente monitorizadas,
sendo que o registo é da responsabilidade do serviço de manutenção, sendo,
semanalmente, enviados os registos para os SF, onde são examinados e
controlados os valores, sendo posteriormente arquivados.
O armazenamento segue ainda o príncipio “first expired, first out”, que
determina que os produtos farmacêuticos com menor prazo de validade são os
primeiros a ser utilizados, devendo ser arrumados segundo o prazo de validade.
Os medicamentos que precisam de refrigeração são, então, guardados no
frigorífico, cuja temperatura é controlada. Os estupefacientes e psicotrópicos são
guardados no cofre, que possui uma fechadura de segurança para a qual o
farmacêutico responsável tem o código de abertura [9].
Os restantes medicamentos e produtos farmacêuticos encontram-se
divididos por forma farmacêutica, em diferentes prateleiras, sendo que cada forma
farmacêutica se encontra na mesma prateleira, sendo organizada por ordem
alfabética. Os medicamentos específicos para medicina dentária, imagiologia e
tratamentos oncológicos têm uma prateleira específica para cada um.
7
Para que seja de melhor compreensão, os SF do HPBN possuem um mapa
da farmácia (figura 1), facilitando a perceção do local onde se encontra cada
forma farmacêutica/ serviço em que é utilizado o produto farmacêutico.
Figura 1 – Mapa dos SF do HPBN
h. Gestão de existências
Para determinar se realmente os stocks se encontram de acordo com o
descrito no programa informático gera-se uma lista neste último contendo todos
os produtos presentes em cada serviço e faz-se a conferência de stock. Esta
conferência é feita com diferentes intervalos de tempo, dependendo do serviço
em causa.
No serviço de internamento, uma vez que o stock ideal gerado corresponde
aos dois pisos, é necessário fazer essa contagem de stock sempre que se repõe,
ou seja, duas vezes por semana, para ter a certeza que a quantidade colocada
em cada um dos pisos é a ideal. Para além deste na unidade de cuidados
intermédios também se efetua a contagem aquando da reposição de stock.
No seviço de urgência a conferência faz-se quinzenalmente e na unidade
de endoscopia, bloco operatório e hemodinâmica faz-se mensalmente. Por fim,
nos restantes serviços o stock é contado de quatro em quatro meses.
8
i. Prazos de validade
O controlo dos prazos de validade faz-se de duas formas, sendo que
durante o meu período de estágio tive a oportunidade de realizar as duas. A
primeira é feita mensalmente e consiste em retirar do stock todos os produtos
farmacêuticos com prazo de validade a terminar no mês em questão. Já a
segunda consiste na verificação do prazo de validade de cada produto
farmacêutico, sendo feita de seis em seis meses e, a partir deste controlo, é
atualizado o documento excell referente a cada serviço ou à farmácia, onde
constam todos os produtos presentes em cada um deles e no qual se coloca os
prazos de validade mais curtos, nomeadamente que expiram até seis meses após
a verificação feita. Assim é possível um controlo mais eficaz, otimizando a regra
do “first expired, first out” [9].
5. Sistemas de distribuição de medicamentos
a. Distribuição clássica
Este tipo de distribuição é feita tendo em conta os stocks ideias
estabelecidos para cada serviço. No caso do serviço necessitar de mais produtos,
este fará um pedido via informática ou pelo telefone, que será posteriormente
satisfeito e entregue, Caso a farmácia se encontre fechada e os serviços
necessitem de algo devem dirirgir-se aos SF dois enfermeiros ou um enfermeiro e
um técnico da manutenção, fazendo o registo necessário na folha de registo de
levantamento de medicação (anexo IV) [5].
Uma vez que o Hospital Privado da Maia só funciona em regime de
ambulatório, este não requer a presença constante de um farmacêutico. Por
conseguinte, os stock também não são tão elevados como os de um hospital com
serviço de internamento, sendo, portanto, da responsabilidade dos SF do HPBN o
envio dos produtos necessários nos serviços. Este envio efetua-se a meio da
semana, à quarta-feira, sendo que os produtos são separados à terça-feira, uma
vez que os pedidos são efetuados entre segunda e terça-feira.
9
Tendo em conta que o HPBN é o único hospital do HTS a realizar cirurgia
cardíaca, nesta tem que se preencher uma mala com medicamentos específicos
para a operação, tendo em conta um stock ideal de cada um deles dentro da
mala. Esse stock tem em conta que é uma cirurgia de risco, possuindo fármacos
que permitem dar resposta a vários tipos de situações. Entre a medicação
presente encontra-se: ácido aminocapróico, adenosina, adrenalina, aminofilina,
amiodarona, cloreto de potássio, cloridrato de labetalol, digoxina, dinitrato de
isossorbido, dobutamina, efedrina, esmolol, gluconato de cálcio, heparina,
lidocaína, fenilefrina, metoprolol, nitroprussiato de sódio, noradrenalina,
papaverina, propofol, protamina e sulfato de magnésio.
Na manhã do dia da cirurgia coloca-se, então, na mala a medicação. Posto
isto, entrega-se no serviço de cuidados intensivos, que fica no bloco operatório, e
transfere-se o stock de medicação presente na mala para o bloco operatório.
No dia após a operação a mala é trazida para a farmácia para verificar os
fármacos usados e a quantidade e tudo o que não for usado é transferido
novamente para o stock da farmácia.
Durante o estágio, para além da distribuição a cada serviço do HPBN e da
satisfação de pedidos para o Hospital Privado da Maia, também participei do
processo de preenchimento, entrega e recolha da mala para cirurgia cardíaca.
b. Sistema de Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
Após validação da prescrição de cada um dos utentes do HPBN pelo
farmacêutico responsável, a medicação para cada um dos doentes para 24 horas
(à exceção da sexta-feira, quando é separada a medicação para as 72 horas
seguintes, uma vez que a farmácia se encontra encerrada ao fim-de-semana) é
separada devidamente, de acordo com o mapa de dose individual diária (anexo
V), colocando-se em malas, que são deixadas no serviço onde cada um dos
doentes se encontra [5].
10
c. Distribuição de medicamentos a doentes em ambulatório
O processo de distribuição começa com a avaliação do doente por parte do
médico, que, posteriormente, prescreve o medicamente e faz chegar a receita ao
farmacêutico. Este último efetua a encomenda, garantindo que o fármaco em
questão chega dentro do prazo adequado para a entrega. Aquando da chegada
do fármaco aos SF, o farmacêutico liga para o utente para o informar que já pode
efetuar a entrega. Por fim, quando o utente chega à receção do hospital o
farmacêutico é informado, preenche a declaração de prescrição e requisição e a
de recebimento (anexo VI) que o utente terá, depois, de assinar, e debita o
fármaco, dirigindo-se, então, para a receção para entregar a medicação ao
doente.
Normalmente o fármaco entregue é suficiente para um período de trinta
dias, no entanto, em casos pontuais, o doente pode optar por levar medicação
suficiente para sessenta dias [5].
Durante o meu período de estágio a medicação distribuída a utentes em
regime ambulatório foi exclusivamente para o tratamento de cancro, tanto da
mama (exemestano, por exemplo) como da próstata (enzalutamida, por exemplo)
[10, 11].
Nestes casos, sendo a primeira vez que o utente realize a terapêutica, é
entregue um panfleto com algumas informações importantes sobre esta.
6. Medicamentos sujeitos a controlo especial
a. Hemoderivados
Os hemoderivados, por serem medicamentos derivados do plasma
humano, levantam grande preocupação no que concerne à transmissão de
doenças infetocontagiosas, apesar de todos os cuidados nos procedimentos para
eliminar qualquer agente patogénico conhecido [12].
Assim, como forma de salvaguarda do utente, todos os medicamentos
hemoderivados que são cedidos a nível hospitalar são registados em impresso
11
próprio, o modelo nº 1804 (anexo VII). Neste, o farmacêutico deve preencher o
quadro C, ficando o preenchimento do quadro A e do quadro B ao cuidado do
médico prescritor [13].
b. Sugamadex
O sugamadex é uma gama ciclodextrina modificada utilizada para reverter
o bloqueio neuromuscular induzido pelo rocurónio ou pelo vecurónio (relaxantes
musculares utilizados em cirurgia). Apesar deste ser mais rápido e eficaz a
diminuir a concentração do bloqueador neuromuscular do que outros fármacos
utilizados para o mesmo fim, como a neostigmina e a atropina, o custo associado
é bastante mais elevado. Assim, por forma a defender os interesses do hospital e
do doente, nos hospitais do TSH a sua utilização é controlada, só sendo usado
em casos específicos. Quando existe necessidade de recorrer a este fármaco os
anestesistas devem preencher a folha de justificação da sua utilização (anexo
VIII) e entregar, posteriormente, ao farmacêutico responsável para que este possa
repor o stock [14].
c. Psicotrópicos e estupefacientes
As benzodiazepinas, psicotrópicos e estupefacientes são classes de
fármacos que necessitam de um controlo especial, indo este desde o momento da
encomenda até à administração.
Assim, a encomenda deste tipo de medicação por cada hospital é feita uma
vez por mês com recurso ao anexo VII. Este anexo é também usado caso seja
necessário fazer empréstimos entre hospitais do grupo. Após devidamente
assinado tanto por quem efetua a encomenda como por quem a satisfaz, o
original deve ficar na posse de quem efetua a encomenda e o duplicado com
quem satisfaz o pedido. Este registo deve ser guardado por um período de cinco
anos, pois pode ser solicitado pelo INFARMED.
No momento da receção de encomenda o farmacêutico responsável regista
as quantidades recebidas num ficheiro excell, o qual contém informação relativa
aos stocks de cada medicamento dos grupos referidos anteriormente,
nomeadamente as entradas e saídas do armazém dos SF do HPBN.
12
O registo que se efetua, por fim, é no momento da administração destas
classes de fármacos, sendo da responsabilidade do enfermeiro o preenchimento
do anexo X (anexo IX) [15].
d. Gases medicinais
Os gases medicinais são “gases ou a mistura de gases, liquefeitos ou não,
destinados a entrar em contacto direto com o organismo humano e que
desenvolvam uma atividade apropriada a um medicamento, designadamente pela
sua utilização em terapias de inalação, anestesia, diagnóstico in vivo ou para
conservar ou transportar órgãos, tecidos ou células destinados a transplantes,
sempre que estejam em contacto com estes” [16].
No HPBN a sua distribuição e colocação estão ao encargo da empresa Air
Liquide, no entanto, o registo da sua entrada, começo e fim de utilização e saída
do hospital são registados em folha própria (anexo X), preenchida pelo
farmacêutico hospitalar de acordo com os registos que lhe são fornecidos.
Os gases medicinais presentes no HPBN para tratamento respiratório e
reanimação são o Oxigénio medicinal,100% O2 e o KEOL TM 60,66 – 22,83% v/v
(ar medicinal sintético); para anestesia utiliza-se o Protóxido de azoto medicinal,
100% N2O [17].
e. Citotóxicos (oncologia)
Aquando dos tratamentos de oncologia, o farmacêutico é responsável por
conferir que a farmácia central enviou o citotóxico corretamente, assim como
separar a medicação prescrita para o pré-tratamento e pós-tratamento. Estas
foram atividades com que tomei contacto durante o meu estágio.
O farmacêutico deve ainda preencher o formulário de citotóxicos referente
ao tratamento a efetuar (anexo XI), que confirma a verificação da medicação e,
posteriormente, entregar ao enfermeiro que fará a administração, que irá também
verificar e rubricar o formulário de citotóxicos, garantindo a dupla verificação. Este
formulário de citotóxicos é posteriormente arquivado em capa própria, juntamente
com o protocolo de tratamento a efetuar [18].
13
Quando o utente tem catéter central, apesar de não prescrita, deve ser
também entregue ao enfermeiro uma ampola de heparina, que servirá para evitar
a coagulação [19].
Por fim deve ser transferido informaticamente o stock dos medicamentos a
usar para o armazém de oncologia, sendo o enfermeiro que administra
responsável por debitar a medicação ao doente.
7. Produção e controlo de medicamentos
a. Preparação de misturas intravenosas (fármacos citotóxicos)
Os fármacos citotóxicos são preparados na FC em câmara de fluxo laminar
vertical, para maior segurança do operador.
Estes são preparados de acordo com a prescrição previamente validada e
armazenados em embalagem própria (protegidos com papel de prata), para que o
conteúdo não seja exposto à luz. É então rotulada a embalagem, contendo no
rótulo a informação das quantidades utilizadas, tanto dos fármacos como do soro
utilizado, para preparar o citotóxico, permitindo, desta forma, a confirmação por
parte dos SF do HPBN no momento da chegada à unidade [18].
b. Preparações de formas farmacêuticas não estéreis
As formas farmacêuticas não estéreis são preparadas na FC à terça-feira,
seguindo as Boas Práticas de Fabrico, numa sala específica para o efeito, onde
se encontram os equipamentos necessários, como a balança e a hotte, as
matérias-primas, e os registos relativos à preparação dos mesmos.
c. Reembalagem
O processo de reembalagem é efetuado na FC, com recurso a uma
máquina (figura 2), e é necessário sempre que se tratem de formas farmacêuticas
orais sólidas, como comprimidos ou cápsulas, que não apresentem as condições
necessárias para serem incorporados na dose unitária . Ou seja, caso não esteja
indicado o lote e validade e designação em cada um dos comprimidos/cápsulas.
14
Nestas situações, uma vez que a forma farmacêutica se encontra intacta, deve
atribuir-se o mesmo lote e validade presente no blister [20].
Figura 2 – Máquina de reembalagem de formas farmacêuticas orais sólidas
Para além da reembalagem, quando é necessário, tendo em conta o
SDIDDU, é feito o fracionamento no HPBN, sendo esta uma das atividades que
pude realizar.
Deve-se atribuir uma validade ao fracionado de seis meses, excetuando os
casos em que o prazo de validade da forma farmacêutica inteira seja inferior a
seis meses, atribuindo, nesse caso, esse mesmo prazo de validade.
15
Parte 2 – Projetos desenvolvidos no Hospital Privado da Boa Nova
1. Armazenamento de produtos nos cofres
Na farmácia do HPBN existe um cofre no qual estão guardados os
medicamentos cujo processo de aquisição e dispensa requerem um maior
controlo, nomeadamente psicotrópicos e estupefacientes. Apesar deste tipo de
medicação também se encontrar nos cofres dos vários serviços do HPBN, por
vezes, fora do horário de funcionamento da farmácia, é necessária a reposição
imediata e, nesses casos, os enfermeiros fazem o levantamento da medicação
nos serviços farmacêuticos do HPBN.
Uma vez que o levantamento direto de medicação por parte dos
enfermeiros na farmácia do HPBN é uma situação pontual, nem sempre os
enfermeiros estão familiarizados com a organização da farmácia. Tendo em conta
que os SF já possuem um mapa mas que este agrupa os medicamentos segundo
a sua forma farmacêutica, não referindo o conteúdo do cofre, onde se encontram
diferentes formas farmacêuticas, considerei relevante criar um mapa no qual
consta o conteúdo do cofre (anexo XII), sendo que este foi afixado na porta do
mesmo (figura 3) para que a sua consulta fosse mais intuitiva.
Figura 3 – Cofre dos SF com o respetivo mapa
16
Assim, para além de facilitar a procura nos casos referidos, ainda é
possível evitar que o responsável pelo levantamento seja induzido em erro,
pensando que determinado produto se encontra esgotado quando não o está.
Uma vez que também existem cofres nos diferentes serviços do HPBN,
prevendo a ocorrência do mesmo tipo de erros nos diferentes serviços clínicos,
decidi fazer também listas com o conteúdo dos diferentes cofres para afixar perto
de cada um deles (anexo XIII, XIV, XV e XVI).
17
2. Informação sobre fármacos aplicados a situações clínicas
Apesar de os SF serem contactados várias vezes por outros profissionais
de saúde dentro do HPBN para esclarecer algumas questões relacionadas com a
terapêutica medicamentosa, o caso que mais me chamou a atenção foge um
pouco do comum uma vez que não está diretamente ligado à terapêutica, mas
sim a técnicas de diagnóstico.
Tendo em conta que o serviço de imagiologia começará a realizar
cintigrafia de perfusão do miocárdio dentro de algumas semanas, foi pedido aos
SF para encomendar o contraste específico necessário, o Gadobutrol
(GADOVIST®) e um medicamento denominado Regadenosona (RAPISCAN®)
[21].
Para uma melhor perceção, comecei por procurar informação sobre a
cintigrafia de perfusão de miocárdio. Esta é uma técnica de diagnóstico não
invasiva que permite estudar a distribuição do fluxo sanguíneo no miocárdio,
detetando áreas com menor fluxo, podendo estar associadas a isquemia ou
necrose. A realização deste exame faz-se em duas fases, uma de esforço, na
qual se realiza a injeção do radiofármaco, no caso o gadobuterol, durante uma
prova de esforço que pode ser feita por esforço físico em passadeira ou induzido
farmacologicamente; e uma de repouso, na qual é apenas injetado o radiofármaco
sem nenhum tipo de prova de esforço associada [22,23].
Uma vez que a regadenosona não é utilizada nas outras unidades do TSH
que já realizam este exame, a pesquisa acerca desta substância pareceu-me
relevante.
Assim, comecei por perceber que se trata de um acelerador cardíaco, que
atua como agonista do recetor da adenosina A2A. Tal levantou dúvida, uma vez
que podia, à semelhança dos outros hospitais do grupo, ser usada a adenosina
para o efeito pretendido, sendo que o custo associado seria mais baixo e o
produto já se encontra no formulário do TSH [24].
Tendo em conta esta informação, ao procurar estudos em que ambos os
compostos tenham sido comparados, percebi que a regadenosona realmente teria
18
algumas vantagens, apesar dos resultados obtidos com ambos ser comparável.
Essas vantagens são:
menos efeitos adversos associados, uma vez que, ao contrário da
adenosina, que ativa também os recetores A1, A2B e A3, podendo levar a
hipotensão e broncoespasmos, a regadenosona é específica para os
recetores A2A;
maior tempo de semi-vida (cerca de 2 horas), o que permite a
administração de uma dose única, ao contrário da adenosina que, por
possuir um tempo de semi-vida que ronda os 10 segundos, tem de ser
continuamente administrada [25].
Com esta informação foi possível perceber o interesse dos médicos em adotar
este acelerador cardíaco em prol da adenosina.
Na reunião para a toma de decisão relativa a este assunto ficou decidido que
nos primeiros testes seria utilizada a regadenosona e que, caso estes fossem
bem sucedidos, passaria então a utilizar-se a adenosina. No entanto, previam a
necessidade de obras para implementar um sistema de utilização da adenosina, o
que requeria algum tempo, durante o qual continuaria a ser utilizada a
regadenosona.
19
Conclusão
Após dois meses de contacto com os SF do HPBN, posso dizer que
aprendi bastante, tomando conhecimento não só de fármacos diferentes, apenas
presentes a nível hospitalar, como sedimentando alguns conhecimentos acerca
de fármacos com os quais tive contacto durante o curso.
Considero que foi um período de estágio bastante relevante para a
formação académica, que me despertou curiosidade para certos aspectos que,
indiretamente, têm a ver com o ser farmacêutico, como é o caso da cintigrafia de
perfusão do miocárdio, nomeadamente dos fármacos utilizados e das novas
opções que vão surgindo.
Concluo o estágio no HPBN com a noção da importância do estudo
contínuo para o aconselhamento farmacêutico que é, sem dúvida, a maior
responsabilidade da nossa classe.
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Referências: [1] INFARMED: Manual da Farrmácia Hospitalar (2005). Acessível em:
http://www.infarmed.pt/web/infarmed/institucional/documentacao_e_informacao/publicaco
es/tematicos/manual-da-farmacia-hospitalar [acedido em 10 de Abril de 2018).
[2] Trofa Saúde Hospital: Unidades. Acessível em:
http://www.trofasaude.pt/unidades/ [acedido em 15 de Abril de 2018]
[3] Trofa Saúde Hospital: Missão, Visão e Valores. Acessível em:
http://www.trofasaude.pt/trofa-saude/missao-visao-e-valores/ [acedido em 15 de Abril de
2018]
[4] Trofa Saúde Hospital: Matosinhos. Acessível em:
http://www.trofasaude.pt/matosinhos/ [acedido em 15 de Abril de 2018]
[5] Trofa Saúde Hospital – Procedimento operacional: Distribuição de
medicamentos e produtos farmacêuticos
[6] Manual de procedimentos dos serviços farmacêuticos Grupo Trofa Saúde
[7] ] INFARMED: Autorização de comercialização (AUE, AUE de lote e SAR).
Acessível em: http://www.infarmed.pt/web/infarmed/entidades/medicamentos-uso-
humano/autorizacao-de-introducao-no-mercado/autorizacao_de_utilizacao_especial
[acedido em 16 de Abril de 2018).
[8] Trofa Saúde Hospital – Procedimento operacional: Receção de medicamentos,
produtos farmacêuticos e dispositivos médicos
[9] Trofa Saúde Hospital – Procedimento operacional: Armazenamento geral de
medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos
[10] Infomed: Exemestano – Resumo das Características do Medicamento.
Acessível em: http://app7.infarmed.pt/infomed/lista.php [acedido em 25 de Abril de 2018].
[11] European Medicines Agency: Enzalutamida (XTANDI®) – Resumo do EPAR
destinado ao público. Acessível em:
http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/medicines/human/medicines/00263
9/human_med_001663.jsp&mid=WC0b01ac058001d124 [acedido em 25 de Abril de
2018]
21
[12] Neves, MJ (2013). Medicamentos derivados do plasma humano. Boletim do
Cim; 107: 65-68.
[13] Trofa Saúde Hospital – Manual de procedimentos: Distribuição de
hemoderivados
[14] INFARMED: Sugamadex – Relatório de avaliação prévia de medicamento
para uso humano em meio hospitalar. Acessível em:
http://www.infarmed.pt/web/infarmed/infarmed [acedido em 22 de Abril de 2018]
[15] Trofa Saúde Hospital – Procedimento operacional: Benzodiazepinas,
psicotrópicos e estupefacientes
[16] INFARMED: Decreto-Lei nº 176/2006, de 30 de Agosto. Acessível em:
https://placotrans.infarmed.pt/documentacao/circulares/035-e_dl_176_2006_9alt.pdf
[acedido em 22 de Abril de 2018]
[17] Trofa Saúde Hospital – Procedimento dos gases medicinais no HPBN
[18] Trofa Saúde Hospital – Procedimento operacional: Receção e distribuição de
preparações de medicamentos antineoplásicos
[19] Akl EA, Kamath G, Yosuico VED, Kim SY, Barba M, Sperati F et al (2007).
Anticoagulation for thrombosis prophylaxis in cancer patients with central venous
catheters. Cochrane Library; 313: 1364-1365
[20] Trofa Saúde Hospital – Procedimento operacional: Fraccionamento e
reembalagem de comprimidos
[21] INFARMED: Infomed – base de dados de medicamentos. Acessível em:
http://app7.infarmed.pt/infomed/inicio.php [acedido em 25 de Abril de 2018]
[22] Nuclear Med (Instituto de Medicina Nuclear]: Cintigrafia de Perfusão do
Miocárdio. Acessível em: http://www.nuclearmed.pt/cintigrafia-perfusao-miocardio/
[acedido em 25 de Abril de 2018]
[23] CUF: Cintigrafia de Perfusão Miocárdica. Acessível em:
https://www.saudecuf.pt/areas-clinicas/exames/cardiologia/cintigrafia-de-perfusao-
miocardica [acedido em 25 de Abril de 2018]
22
[24] European Medicines Agency: Regadenosona (RAPISCAN®) – Resumo do
EPAR destinado ao público. Acessível em:
http://www.ema.europa.eu/ema/index.jsp?curl=pages/medicines/human/medicines/00117
6/human_med_001378.jsp&mid=WC0b01ac058001d124 [acedido em 25 de Abril de
2018]
[25] Bhave NM, Freed BH, Yodwut C, Kolanczyc D, Dill K, Lang RM, Mor-Avi V,
Patel AR (2012). Considerations when measuring myocardial perfusion reverse by
cardiovascular magnetic resonance using regadenoson. Journal of cardiovascular
magnetic resonance; 14: 89-96
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Anexo XI – Formulário de citotóxicos (a) associado ao protocolo de tratamento (b)
Anexo XII – Mapa do cofre da farmácia
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