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GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DO
SERVIÇO DA SAÚDE: ESTUDO DE CASO
NO CENTRO CLÍNICO DA AFURN -
ASSOCIAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO
GRANDE DO NORTE
Ilane Mayara Palhares de Oliveira (UFRN)
mayara.palhares@yahoo.com
SUANNY DANTAS BRANDAO SOARES (UFRN)
SUANNY1234@HOTMAIL.COM
Ciliana Regina Colombo (ufrn)
cilianacolombo@gmail.com
Cristina de Souza Bispo (ufrn)
cristinasouzabispo@yahoo.com.br
Ana Clara Cachina Saraiva (ufrn)
anaclaracachina@hotmail.com
Um dos grandes desafios da sociedade atual seja ela poder público,
sociedade ou empresas de pequeno, médio ou grande porte é a gestão
adequada dos resíduos produzidos diariamente. A falta de compromisso
por parte desses atores acaba por proovocar danos ao meio ambiente,
como a contaminação de mananciais, e à saúde pública, devido à
proliferação de patógenos que elevam a incidência de doenças. Dentre os
mais variados tipos de resíduos existentes, um dos que se destacam e
merecem atenção integral dos tomadores de decisões do nosso país é o
Resíduo de Serviço de Saúde - RSS, principalmente devido aos potenciais
riscos à saúde humana caso não seja gerenciado de maneira adequada
conforme exigido pela legislação vigente. Diante desse contexto, a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA e o Conselho
Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, resolveram tornar uniforme o
gerenciamento desse tipo de resíduo, estabelecendo então uma série de
resoluções voltadas à segregação, acondicionamento e destinação final
dos resíduos de serviços de saúde gerados no Brasil. O presente estudo de
caso tem como objetivos realizar uma análise da situação atual do
gerenciamento dos Resíduos do Serviço de Saúde do Centro Clínico da
AFURN, que funciona na Universidade Federal do Rio Grande do Norte
em Natal/RN, assim como contribuir para a elaboração de um futuro
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviço de Saúde - PGRSS. A
metodologia do estudo é do tipo quali-quantitativa, com realização de
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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visitas in loco para a coleta de dados e observação do processo de
gerenciamento dos resíduos gerado no referido centro clínico. As
fundamentações teóricas foram feitas com o auxilio de artigos, livros,
guias e legislação acerca do assunto de interesse. Com base na
metodologia utilizada foi possível constatar que os resíduos gerados no
Centro Clínico da AFURN são separação de destinados de forma
parcialmente correta, no entanto, existem algumas inadequações; e que a
implantação de um PGRSS é necessária, no entanto, deve-se aliar
educação e treinamento dos profissionais de saúde, além do
esclarecimento dos geradores, resultando em preservação do meio
ambiente e garantindo, assim, a qualidade de vida.
Palavras-chaves: Gerenciamento, Resíduos, Saúde.
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1. Introdução
Embora a geração de resíduos oriundos das atividades humanas faça parte da própria história do
homem, é a partir da segunda metade do século XX, com os novos padrões de consumo da
sociedade industrial, que essa geração cresce em ritmo superior à capacidade de absorção pela
natureza. Aliado a isso, apesar do avanço tecnológico das últimas décadas ter possibilitado
conquistas surpreendentes no campo das ciências, também contribuiu para o aumento da
diversidade de produtos formados por componentes de difícil degradação e maior toxicidade
(RIBEIRO; MORELLI, 2009).
Em virtude desse contexto, a gestão dos resíduos constituí-se um desafios à sustentabilidade e
houve a necessidade de criar especificações que lidassem com cada tipo, destacando-se, devido às
suas peculiaridades, os Resíduos de Serviço de Saúde – RSS. Com relação esse tipo de resíduo, é
importante salientar que do total de resíduos sólidos urbanos gerados diariamente apenas uma
fração inferior de cerca de 3% (BRASIL, 2006) é composta por RSS. Portanto, a implantação de
processos de segregação dos diferentes tipos de resíduos em sua fonte e no momento de sua
geração conduz certamente à minimização de resíduos, em especial àqueles que requerem um
tratamento prévio à disposição final.
Diante dessa necessidade, o presente trabalho visa descrever o gerenciamento dos Resíduos de
Serviços de Saúde – RSS realizada em um Centro Clínico da AFURN – Associação dos
Funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, localizado em Natal/RN, isto é,
as ações relativas ao manejo dos resíduos gerados, observadas suas características, levando em
conta os aspectos referentes à Geração, Segregação, Acondicionamento, Coleta, Armazenamento,
Transporte, Tratamento, Destinação Final e, principalmente, proteção à saúde pública do
município.
Através disso, o trabalho se justifica pelo fato de que até o presente momento, muitas empresas
do ramo hospitalar não tem ideia de onde dispor seus resíduos gerados, mesmo já havendo
legislação que define onde e como destinar tais rejeitos. Assim, avaliou-se a situação atual do
gerenciamento de resíduos no Centro Clínico supracitado para então propor a implantação de um
Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde para o local.
2. Fundamentação Teórica
2.1 Resíduos dos serviços de saúde: panorama nacional, legislação e classificação
Os resíduos de serviços de saúde são parte importante do total de resíduos sólidos produzidos nos
centros urbanos brasileiros, não necessariamente pela quantidade gerada, cerca de 1% a 3% do
total (BRASIL; SANTOS, 2004), mas pelo potencial de risco que representam à saúde e ao meio
ambiente, os quais serão descritos posteriormente nesse artigo. Assim, o gerenciamento dos
Resíduos dos Serviços de Saúde torna-se imprescindível, ou seja, como forma de, de acordo com
a RDC N°306/2004 ANVISA, “minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos
gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, a
preservação da saúde pública, dos recursos naturais e do meio ambiente”.
Conforme a Resolução CONAMA Nº 358/05, os RSS são definidos como aqueles originados de,
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Serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os
serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de
produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de
embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal;
drogarias e farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e
pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos
farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para
diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura;
serviços de tatuagem, entre outros similares. (BRASIL, 2005, p.01)
A legislação federal atribui aos geradores a responsabilidade pelo tratamento e destinação final
dos Resíduos de Serviços de Saúde – RSS, no entanto, a Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE (2010) afirma que “a coleta realizada pela
maior parte dos municípios brasileiros é parcial”, contribuindo de maneira significativa para a
não obtenção da situação real acerca da quantidade de resíduos gerados, assim como da
destinação final dos RSS no Brasil, questão esta que deve ser tratada com a máxima seriedade
pelos tomadores de decisão do país, pois esse tipo de resíduo configura-se como um aspecto da
saúde pública, haja vista apresentar um grande potencial de contaminação ao meio ambiente,
referente ao potencial de contaminação do solo, das águas superficiais e subterrâneas (pelo
lançamento de RSS em lixões ou aterros controlados) e aos seres humanos, estes vinculados aos
acidentes que ocorrem devido às falhas no acondicionamento e segregação dos materiais perfuro-
cortantes sem utilização de proteção mecânica, além da ingestão de alimentos contaminados, ou
aspiração de material particulado contaminado em suspensão (BRASIL, 2006).
No tocante à coleta dos RSS produzidos no país, ao se realizar um comparativo entre os anos de
2009 e 2010, com base nos dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da ABRELPE
(2010), a quantidade de RSS coletada no país teve um ínfimo aumento (3%) passando de 221.270
t/ano para 228.067 t/ano, destacando-se no ano de 2010 as regiões sudeste (157.113 t/ano) e
nordeste (33.455 t/ano), responsáveis pela coleta de 190.568 t/ano, ou seja, mais de 80% desse
tipo de resíduo.
Quanto ao tratamento e à destinação final dos Resíduos de Serviços de Saúde, os municípios
brasileiros que promovem a coleta desse material realizam o seu tratamento e a sua disposição de
diversas formas (Figura 1), são elas: incineração; aterro; autoclave; vala séptica; microondas; e,
apesar da existência de legislação federal que estabelece os tipos adequados de
tratamento/destinação de acordo com as classes de resíduos da saúde, esses ainda são despejados
em lixões à céu aberto, sendo esta a maneira totalmente inadequada para disposição desse e de
qualquer outro tipo de resíduo, devido aos riscos à população e ao ambiente já citados em tópicos
anteriores desse artigo.
Além disso, o Brasil possui capacidade instalada de tratamento de apenas 92% (210.459 t/ano)
embora sejam coletados 228.067 t/ano. No Nordeste essa capacidade de tratamento comporta
apenas 65,8% do total de resíduos coletados, com destaque para o estado do Rio Grande do Norte
que possui competência para tratar 2.839 t/ano, ficando atrás dos estados de Pernambuco e Piauí,
que são capazes de tratar 5304 t/ano e 2.964 t/ano, respectivamente (ABRELPE, 2010).
Atualmente no Brasil existe legislação específica relacionada aos Resíduos de Serviço de Saúde,
composta pelas Normas Regulamentadoras da Associação Brasileira de Normas Técnicas –
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ABNT, representadas pelas NBR 12.807/93, 12.808/93, 12.809/93 e 12.810/93, que versam
acerca de aspectos que vão desde a terminologia própria utilizada na área da saúde até aos
procedimentos de coleta desse tipo tão peculiar de resíduo. Além dessas, outras normas são a
resolução N° 358/05 do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, referente ao
tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde; e a resolução Nº 306/04 da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, a qual trata do regulamento técnico para o
gerenciamento dos RSS.
Figura 1 – Formas de destinação final dos Resíduos de Serviços de Saúde nos municípios brasileiros. Fonte:
Adaptado de ABRELPE (2010)
A classificação dos RSS vem sofrendo um processo de evolução contínuo, na medida em que são
introduzidos novos tipos de resíduos nas unidades de saúde e como resultado do conhecimento do
comportamento destes perante o meio ambiente e a saúde, como forma de estabelecer uma gestão
segura com base nos princípios da avaliação e gerenciamento dos riscos envolvidos na sua
manipulação. Entretanto, atualmente no Brasil, para fins de classificação dos RSS adotam-se as
supracitadas resoluções do CONAMA e da ANVISA, sendo os resíduos em questão classificados
em cinco grupos distintos, são eles:
GRUPO A: Resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas características
de maior virulência (patogênese) ou concentração, podem apresentar risco de infecção.
Exemplos: placas e lâminas de laboratório, carcaças, peças anatômicas (membros), tecidos, entre
outras.
GRUPO B: Resíduos contendo substancias químicas que podem apresentar riscos à saúde
pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade,
corrosividade, reatividade e toxicidade. Exemplos: medicamentos, reagentes de laboratório e
resíduos contendo metais pesados, como chumbo e mercúrio.
GRUPO C: Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que contenham
radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados nas normas
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da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) e para os quais a reutilização é imprópria
ou não prevista. Exemplos: serviço de medicina nuclear e radioterapia.
GRUPO D: Resíduos que não apresentam lixo biológico, químico ou radiológico à nossa saúde
ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos resíduos domiciliares.
GRUPO E: Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: lâminas de barbear,
agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas endodônticas, pontas diamantadas, lâminas
de bisturi, lancetas; tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os
utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta sanguínea e placas de
Petri) e outros similares.
2.2 Aspectos técnico-operacionais de manejo, tratamento e disposição
Outro aspecto fundamental do gerenciamento de resíduos e que será abordado nesse estudo de
caso é a destinação final, sendo necessárias as seguintes etapas anteriores: acondicionamento e
tratamento, em conformidade com a classificação descrita na seção anterior. De acordo com a
RDC N°306/2004 ANVISA e com o Manual de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Saúde, as etapas da gestão de resíduos são:
Acondicionamento: ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes que
evitem vazamento e resistam às ações de punctura e ruptura, observando a capacidade dos
recipientes e preenchendo-os até 2/3 de seu volume;
Existem dois tipo de armazenamento:
o Armazenamento temporário: guarda temporária dos recipientes (sacos ou caixas
com identificação adequada) contendo os resíduos já acondicionados, em local
próximo aos pontos de geração. Esse armazenamento pode ser dispensado caso o
local gerador seja próximo do armazenamento externo. O armazenamento não
poderá ser realizado com a disposição direta dos sacos sobre o piso, sendo
obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de acondicionamento. Não é
permitida a retirada de sacos de resíduos de dentro dos recipientes coletores ali
estacionado;
o Armazenamento externo: acondicionar os resíduos em recipientes coletores
adequados (tambores ou bobonas), em ambiente exclusivo com acesso facilitado
para os veículos coletores. Deve haver um ambiente exclusivo construído em
alvenaria, piso e paredes revestidos com material liso, lavável, impermeável,
resistente ao tráfego e impacto, fechado, com abertura apenas para ventilação e
com telas de proteção contra roedores e vetores e separado para os diferentes
grupos. Porta com, largura adequada à passagem dos carros coletores. Símbolo de
identificação de fácil visualização e área de higienização dos recipientes coletores.
Disposição ou destinação final: locais de disposição definitiva, normalmente, preparados
para acomodá-los. Existem 4 locais para a disposição dos RSS:
o Aterros sanitários: disposição de resíduos sólidos no solo de forma segura e
controlada, garantindo a preservação ambiental e a saúde pública;
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o Lixões ou Vazadores: simples descarga de resíduos sobre o solo, sem quaisquer
medidas de proteção ao meio ambiente e à saúde (método inadequeado de
disposição);
o Aterros controlados: resíduos são descarregados no solo, com recobrimento de
camada de material inerte, diariamente, sendo carente de sistemas de drenagem,
tratamento de líquidos, gases e impermeabilização (menos poluentes que os
anteriores);
o Valas sépticas: preenchimento das valas escavadas impermeabilizadas, com
largura e profundidade proporcionais à quantidade de lixo aterrada.
Todas essas características estão presentes no Manual de Gerenciamento de RSS e são
ultilizadas em todo o território nacional, uma vez que, a cada dia observa-se aumento
considerável desse tipo de resíduo no país.
3. Metodologia
Para alcançar os objetivos traçados no presente estudo utilizou-se os procedimentos
metodológicos apresentados sucintamente a seguir: um levantamento bibliográfico/documental
para a obtenção do referencial teórico junto à literatura realacionada ao tema; análise da
legislação nacional referente à temática dos resíduos de saúde; visitas in loco, entrevistas,
tabulação e análise dos dados obtidos; e por fim as conclusões.
O presente artigo caracteriza-se, segundo o procedimento técnico, como um estudo de caso que
apresenta uma abordagem qualitativa (MIGUEL, 2010). Quanto aos fins, a pesquisa em questão é
do tipo descritiva/exploratória (VERGARA, 2006; GIL, 1991), e observacional já que não haverá
interferência na coleta de informações por parte dos pesquisadores. No que diz respeito aos meios
de investigação (VERGARA, 2006) utilizados para o desenvolvimento dessa pesquisa, foram
eles: levantamentos bibliográficos, pois em toda a fundamentação teórica foram analisados livros,
revistas especializadas, bases de dados, entre outras, buscando sistematizar os conceitos e teorias
relacionados com o tema; além de visitas periódicas in loco.
A área de estudo escolhida foi o Centro Clínico da AFURN – Associação dos Funcionários da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte com o objetivo de descrever como funciona o
gerenciamento (identificação, quantificação, coleta e disposição final) dos resíduos de serviço de
saúde produzidos no local e propor a implantação de um PGRSS e para tal foram realizadas
inúmeras visitas, durante um período de 3 (três) meses do ano de 2011, haja vista as observações
serem importantes para a comprovação dos dados coletados, sendo possível o registro com fotos;
para a coleta de dados foram utilizadas técnicas de entrevistas e questionários (MARCONI E
LAKATOS, 2010) com auxílio de gravadores; além de relatos dos geradores (funcionários,
colaboradores e pacientes).
Em seguida, os supracitados dados foram analisados mediante a construção de quadros e
gráficos; sendo feitas posteriormente inferências e proposições de melhorias em relação aos
resultados apresentados.
4. Estudo de Caso
4.1 Análise da situação atual: Identificação, Segregação e Acondicionamento
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Após a realização de diversas visitas no Centro Clínico AFURN para observação in loco e
aplicação de questionários e entrevistas, foi possível entender o gerenciamento de resíduos do
local. Com base na resolução CONAMA N° 358/05, identificou-se os grupos de RSS gerados, os
quais pertencem aos Grupos A, B, C e D, excetuando-se o Grupo E (materiais perfurocortantes
ou escarificantes). Quanto ao armazenamento temporário/externo, o centro clínico foi separado
por grupos de classificação, analisando-se também o tipo de revestimento das paredes e pisos
onde os resíduos ficam acondicionados, verificando-se que a maior parte dos resíduos fica
armazenada em locais com pisos de cerâmica, e os outros em locais com piso de concreto e
portas com identificação, além da existência de ponto de água, ventilação e iluminação
adequadas.
No que diz respeito à coleta interna da associação, esta é feita diariamente por um funcionário
totalmente equipado com luvas, botas e máscaras. Os resíduos são armazenados em sacos
plásticos de 10 e 20 litros, e em caixas de papelão. Após esta coleta, os resíduos são armazenados
em tambores e bombonas, as quais posteriormente são levadas para a área externa da associação.
Em relação ao tratamento interno, classificaram-se os resíduos por grupos, considerando-se sua
descrição, quantidade e gerenciamento (Figura 2), verificando-se que para quaisquer grupos não
existe tratamento interno que fica a cargo da prefeitura ou de empresa privada.
Figura 2 – Tratamento interno dos RSS, conforme a classificação por grupos. Fonte: Elaboração própria
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Quanto à destinação final dos RSS, observou-se no Centro Clínico AFURN, conforme a
classificação por grupos os tipos de resíduos, recipientes utilizados, frequência de coleta de lixo,
e os responsáveis pela coleta (Figura 3). Em Natal, assim como em outros Municípios, como
Recife, optou-se pela incineração, método de eliminação estabelecido na Lei Orgânica de
Limpeza Pública e Código do Meio Ambiente do Município.
A partir dos dados coletados pode-se afirmar que as formas de armazenamento dos RSS do centro
clínico realizam-se a contento, atendendo as especificações de segurança e saúde e, portanto, não
promove impacto negativo ao meio ambiente. No tocante à coleta, observou-se que esta é
realizada repetidas vezes ao dia, para que não se acumulem na fonte geradora e que o transporte
dos resíduos não representa risco aos funcionários que os manipulam (fazendo o uso adequado de
equipamentos de segurança como botas e luvas, e sacos plásticos diferenciados por cores de
acordo com o resíduo, em conformidade com a legislação vigente), estando dentro das normas de
segurança exigidas, as quais impedem o contato direto com os resíduos.
Além disso, verificou-se a possibilidade de ser realizada a geração de materiais potencialmente
recicláveis, sendo possível a sua segregação por meio do sistema de coleta seletiva, sendo essa
uma atividade interna da empresa, já que a mesma não realiza tratamento interno de resíduos,
podendo assim auxiliar nesse processo.
Figura 3 – Destinação final dos RSS, conforme a classificação por grupos. Fonte: Elaboração própria
Uma avaliação preliminar dos riscos foi realizada no centro clínico, permitindo identificar os
tipos de riscos de cada setor do local e quais desses setores necessitam de atividades especiais na
separação dos seus resíduos, tanto no quesito segurança dos funcionários, quanto das pessoas que
entram em contato com os resíduos fora da AFURN; o que facilitou e a elaboração de estratégias
de controle desses riscos. Os riscos foram divididos em três classes (Figura 4): biológicos,
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químicos, e acidentes; sendo descritos os seguintes aspectos: tipos de riscos e atividades que o
geram (O QUÊ?), indivíduos expostos a esses riscos (QUEM?), forma de exposição aos riscos
(COMO?), e descrição da forma de controle de riscos (AÇÃO?).
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Figura 4 – Mapeamento de riscos dos ambientes do centro clínico. Fonte: Elaboração própria
A partir da análise realizada foi possível perceber que em quase todos os casos que contem riscos
biológicos, químicos e de acidentes são sugeridas ações de segregação correta e
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acondicionamento em recipientes específicos para cada tipo de resíduo, pois assim não há
colocam a segurança ou saúde dos funcionários em ameaça.
5. Proposições para implantação de um PGRSS - Plano de Gerenciamento dos Resíduos dos
Serviços de Saúde
5.1 Plano de Ação
Uma vez descrito e analisado o panorama da situação atual do local em estudo, através do
preenchimento de formulários com informações acerca da segregação, acondicionamento e
destinação final de todos os resíduos de serviços de saúde gerados, foi possível montar um plano
de ação para corrigir inadequações encontradas, bem como possibilitar a implantação de
possíveis melhorias.
Nesta etapa foram elaboradas recomendações (Figura 5) com vistas a auxiliar na elaboração de
um futuro Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde, ou seja, ações/atividades
a serem realizadas (O QUÊ?), os riscos a serem eliminados com a execução das ações (POR
QUÊ?), o local onde serão aplicadas as ações (ONDE?), os responsáveis pelas garantias de
execução (QUEM?), a forma de procedimento da ação (COMO?) e o custo envolvido para a
realização das ações (QUANTO?).
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Figura 5 – Plano de ação. Fonte: Elaboração própria
5.2 Ações de suporte aos 3 Rs (Reutilizar, Reciclar, Reduzir)
A Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS, instituída pela Lei 12.305 de 2 de agosto de
2010, propõe que o governo assuma um compromisso de tomar consciência sobre o papel
ambiental, político, econômico e social que cada cidadão desempenha na comunidade em que
vive, exigindo a integração e conscientização de todos com relação aos resíduos gerados
procurando usar formas sustentáveis de produção e consumo, adotando o conceito dos 3 Rs
(reduzir, reciclar e reutilizar).
Na maioria dos casos esse conceito pode ser usado sem acarretar nenhum custo para a empresa
e/ou residências. Assim, foram elaboradas as seguintes ações de suporte, levando em
consideração os resíduos que podem fazer parte:
▪ Reduzir: Informatizar os processos de documentação relacionados aos pacientes, nos setores de
recursos humanos e recepção, para reduzir a o número de impressões e, por conseguinte, a
quantidade de papéis utilizados;
▪ Reutilizar: Utilizar os papéis como forma de rascunho ou bloco de notas, principalmente nos
setores de recursos humanos e recepção;
▪ Reciclar: Separar adequadamente cada tipo de resíduo, principalmente os classificados como
do grupo D (Resolução CONAMA N° 358/05 e ANVISA Nº 306/04), em todos os consultórios,
nos recursos humanos e recepção.
5.3 Acompanhamento: Indicadores, Metas e Ações a serem Implementadas
Após a realização de todas as análises anteriormente descritas, foi possível desenvolver um
instrumento de avaliação e controle, através da elaboração de indicadores e formulação de metas
e ações, autoexplicativos, de forma que permitam acompanhar todos os processos geradores de
RSS (Figura 6) e, consequentemente, eficácia do PGRSS.
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Figura 6 – Indicadores e metas. Fonte: Elaboração própria
6. Considerações Finais
Por volta da década de 90 deu-se início a elaboração de legislação voltada para a gestão dos
resíduos de serviços de saúde, sendo a partir de então possível observar no Brasil a crescente
preocupação por parte do poder público em relação à destinação correta dos resíduos originários
das unidades de saúde dos mais variados tipos; preocupação essa, bastante contundente devido
aos potenciais riscos (biológicos, químicos e radioativos) de contaminações do ambiente e dos
seres humanos, acarretados pela disposição inadequada (em lixões ou vazadouros) dos mesmos.
Diante desse contexto, a realização do presente estudo de caso configurou-se bastante importante,
como forma de verificar de maneira pontual (no Centro clínico da AFURN – Associação dos
Funcionários da Universidade Federal do Rio Grande do Norte) como funciona o gerenciamento
dos RSS no município de Natal/RN. No referido estudo foi possível, com base na legislação
vigente, identificar os tipos de RSS gerados no local; analisar e avaliar os potenciais riscos;
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verificar a adequação da destinação final; assim como propor melhorias para o gerenciamento dos
RSS tentando conciliar as ações fornecidas com o sistema 3R’s (reciclar, reutilizar e reduzir),
com vistas à futura implantação de um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de
Saúde – PGRSS. A análise do Centro clínico da AFURN permitiu, ainda, verificar que a
administração do local segue as legislações vigentes da ANVISA e CONAMA, podendo ser
melhorado em alguns aspectos de maneira a padronizar os procedimentos internos e externos, ou
seja, desde a fonte geradora até a disposição final de todos os resíduos gerados.
Foram sugeridas, ainda, ações de melhoria com o intuito de reduzir a geração de resíduos, como a
reutilização de papeis, redução de copos descartáveis e a criação de um sistema de compostagem
com o objetivo de degradar de forma natural os resíduos orgânicos gerados, com vistas à
promoção da sustentabilidade.
Referências
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais. Panorama dos
resíduos sólidos no Brasil. São Paulo: ABRELPE, 2010. Disponível em:
<http://www.abrelpe.org.br/download_panorama_2010.php>. Acesso em: 25 abr. 2012.
BRASIL, A. M.; SANTOS, F. Equilíbrio ambiental e resíduos na sociedade moderna. São
Paulo: FAARTE, 2004.
BRASIL. Manual de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Ministério da Saúde,
Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
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