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GÊNEROS MULTIMODAIS, LETRAMENTOS MÚLTIPLOS E
ESCOLARIZAÇÃO
GUSSO, Angela Mari1 - PUCPR
SANTOS, Karina Pacheco dos2 - PUCPR
SILVA, Fernanda de Souza da3 - PUCPR
Grupo de Trabalho - Cultura, Currículo e Saberes
Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo Apresentamos, nesta comunicação, os dados de uma pesquisa em andamento que investiga se e como os livros didáticos do Ensino Médio vêm orientando os usos dos textos multimodais, com vistas à promoção de letramentos múltiplos dos estudantes. Como fundamentação teórica são tomados os estudos sobre gêneros de Bronckart (2007), as contribuições da área da semiótica discursiva, em especial os trabalhos de Kress e van Leeuwen (2006), além de estudos relativos aos multiletramentos. O propósito é trazer alguma forma de contribuição para construção de uma ponte que inter-relacione os conhecimentos produzidos pela área da semiótica social e o ensino-aprendizagem de leitura e escrita, particularmente de textos multimodais. Essa vertente da semiótica trouxe categorias que permitem análise mais consistente da relação entre o verbal e o não verbal. Portanto, a transposição didática desse referencial teórico poderá apontar caminhos profícuos para o trabalho didático com leitura e produção textual, uma vez que a imagem não pode ser considerada mera ilustração, pois fundindo-se com o verbal geram novos sentidos discursivos. Três coleções didáticas aprovadas no PNLD/2012 foram tomadas como amostra. No primeiro momento, efetuou-se uma seleção dos textos multimodais para constituir o corpus, haja vista a multissemiose ser característica recorrente na quase totalidade dos exemplares que compõem as coleções sob análise. A forma como tais textos são apresentados e abordados na sua exploração foi o passo seguinte do estudo. Os resultados revelam presença significativa de gêneros multimodais, oriundos de diferentes mídias e suportes. Porém, a exploração da função retórica que os recursos utilizados na construção dos gêneros textuais exercem na construção de sentidos dos textos ainda está aquém do desejável a fim de a escola contribuir mais eficazmente para a promoção dos letramentos exigidos pela sociedade contemporânea. Palavras-chave: Multimodalidade. Multiletramento. Livro didático.
1 Doutora em Estudos Linguísticos pela UFPR. Professora Adjunta da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). Integra o grupo de pesquisa “Teorias e análises da linguagem e da linguística aplicada”, registrado no CNPq. E-mail: angela.mari@pucpr.br. 2 Graduanda em Letras - Português e aluna de Iniciação Científica do programa PIBIC, com bolsa PUCPR. E-mail: karina.pacheco@pucpr.com.br. 3 Graduanda em Letras - Português/Inglês e aluna de Iniciação Científica do programa PIBIC, com bolsa PUCPR. E-mail: souza.fernanda@pucpr.br.
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Introdução
Virou lugar comum afirmar que o país enfrenta sérias dificuldades no que se refere à
leitura, e não sem razão. Vejamos alguns fatos: ainda temos um elevado número de pessoas
com mais de 15 anos na condição de analfabetos; dados recentes alarmam com a quantidade
de alunos que, apesar de terem frequentado escola por três, quatro, cinco ou até mais anos,
não aprenderam o funcionamento básico do sistema de escrita, ou seja, não estão
alfabetizados, no sentido estrito do termo. Há vários anos, as estatísticas denunciam o fraco
desempenho dos estudantes em avaliações de leitura, tais como Saeb, Enem ou Pisa, cujo
objetivo é avaliar capacidades leitoras que vão além da mera decifração do código verbal.
Porém, a solução se agrava ainda mais pelo fato de os textos da contemporaneidade
determinarem novas exigências aos leitores. À medida que as novas tecnologias de produção
e divulgação de textos vêm se desenvolvendo – e isso tem acontecido em larga escala neste
início de século – a combinação de linguagens tornou-se recurso cada vez mais frequente nos
diferentes gêneros textuais. Note-se que nos jornais impressos a escrita se combina com fotos,
gráficos, mapas, desenhos; as charges disponíveis na web se valem de som, cor, movimento
associados à palavra; as capas de revista combinam diferentes fontes e cores de letras no
registro da linguagem verbal que se associa a fotos, além de outros recursos de imagem,
dispostos estrategicamente no papel. Diante dessa realidade, não basta apenas o domínio da
linguagem verbal, impõe-se a necessidade de perceber o texto como semioticamente
multimodal, isto é, produzido com a combinação de diferentes linguagens.
Assim como a língua escrita oferece múltiplas possibilidades para um autor produzir o
seu dizer, também o não verbal organiza-se em função das condições sociodiscursivas, ou
seja, manipulam-se imagens na construção de significados: omissão ou explicitação de
determinados detalhes ao produzir imagens não se dão de modo aleatório, mas estão
diretamente relacionados a implicações ideológicas. Isso acontece porque o autor de qualquer
texto está inserido em um espaço cultural e social, portanto seus valores, crenças, aspirações,
frustrações permeiam os textos que produz.
Por essa razão, à escola cabe não apenas desenvolver a competência leitora dos alunos
em relação aos textos verbais, mas também aos textos multimodais, pois essa competência
tornou-se uma exigência da vida cidadã contemporânea para que os sujeitos possam participar
das várias práticas sociais que se utilizam da leitura e escrita (letramentos) de maneira ética,
crítica e democrática, como defende Rojo (2009).
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Neste estudo apresentamos dados de uma pesquisa que investigou se e como os livros
didáticos vêm orientando os usos dos textos multimodais, com vistas à promoção de
letramentos múltiplos dos estudantes. Como fundamentação teórica são tomados os estudos
sobre gêneros discursivos de Bakhtin (1997), de Bronckart (2007), as contribuições da área da
semiótica discursiva, em especial os trabalhos de Kress e van Leeuwen (2006), além de
estudos relativos aos letramentos. O propósito é trazer alguma forma de contribuição para
construção de uma ponte que inter-relacione os conhecimentos produzidos pela área da
semiótica social e o ensino-aprendizagem de leitura e escrita, particularmente de textos
multimodais. Essa vertente da semiótica trouxe categorias que permitem análise mais
consistente da relação entre o verbal e o não verbal.
A transposição didática desse referencial teórico poderá apontar caminhos profícuos
para o trabalho didático com leitura e produção textual, uma vez que a imagem não pode ser
considerada mera ilustração, mas como texto visual que, tal como acontece em relação ao
verbal, exige posicionamento crítico do leitor. Três coleções didáticas aprovadas no
PNLD/2012 foram tomadas como amostra. No primeiro momento, efetuou-se uma seleção
dos textos multimodais para constituir o corpus, haja vista a multissemiose ser característica
recorrente na quase totalidade dos exemplares que compõem as coleções sob análise. Neste
estudo, optamos por investigar como o cartaz e o anúncio publicitário são abordados em uma
das coleções.
O artigo está organizado em três blocos. O primeiro contempla a questão dos
letramentos, enfatizando os letramentos multissemióticos, a partir de uma discussão sobre a
importância de se valorizar uma forma crítica de percepção dos elementos não verbais, do
mesmo modo como deve ocorrer com os verbais; em seguida, apresenta-se a base conceitual
que orientará a análise dos textos que compõem o corpus deste artigo. No segundo bloco,
inicialmente, há uma caracterização dos gêneros textuais cartaz e anúncio publicitário,
selecionados para realizar a investigação sobre o modo como são explorados na coleção
didática analisada neste estudo, e na sequência, são apresentadas os comentários sobre a
abordagem dada a esses gêneros pelos autores da obra. Na parte final, apresentamos algumas
considerações destacando a relevância da incorporação de aspectos da gramática do visual no
currículo escolar, bem como das implicações dos letramentos multissemiótico e crítico em
sala de aula.
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A base teórica que embasa este trabalho são os novos estudos do letramento,
divulgados no Brasil, especialmente, por Kleiman (1995) e que orientam as pesquisas de Rojo
(2009), em relação ao papel da escola na promoção dos níveis de letramento da população.
Como ferramenta metodológica básica, recorremos a Gramática do Design Visual proposta
por Kress e van Leeuwen (2006), na qual os autores propõem um conjunto de categorias para
a análise da “sintaxe” das imagens, ou seja, da forma como os vários elementos de uma
representação imagética se combinam para formar um todo coerente.
A obra didática escolhida para ser apresentada neste estudo é Linguagens, composta
por três volumes e direcionada a alunos do Ensino Médio. Trata-se de uma coleção aprovada
pelo PNLD 2012, e avaliada como positiva em relação ao trabalho com leitura e excelente em
relação ao modo como encaminha o ensino de produção escrita. Buscamos avaliar se os textos
multimodais são objetos de estudo nessa obra e, em caso afirmativo, que aspectos da
linguagem visual são, efetivamente, tomados como objeto de reflexão sistematizada
favorecendo aos alunos a percepção de que as imagens também reproduzem relações sociais,
comunicam eventos ou questões, além de interagirem com o leitor com força semelhante à do
texto linear, tal como defendem Kress e van Leeuwen (op. cit).
Letramentos múltiplos e escola/ Letramento visual
Apesar do uso intensivo da imagem fora do ambiente escolar, ainda é incipiente um
trabalho sistematizado para desenvolver com o aluno a compreensão de que o conceito de
texto vai além do linear para, consequentemente, haver uma abrangência do conceito de
leitura, por parte dele. As concepções de texto e de leitura atuais contrariam a visão
tradicional de que para ser leitor basta atribuir sentido denotativo ao texto por, meramente,
decodificá-lo. Sem dúvida, uma condição para leitura é a decifração, a identificação do dito,
porém, não menos importante é a realização de inferências para se buscar os implícitos,
diferenciar informação relevante das secundárias, levantar e testar hipóteses a respeito do
conteúdo do texto, perceber o que foi omitido bem como as razões para tal, estabelecer
relações intertextuais, tirar conclusões, enfim, atuar cooperativamente na interpretação e na
reconstrução dos sentidos e interpretações pretendidos pelo autor.
Observe-se tratar-se essa de uma atitude desejável tanto na leitura de textos
monomodais como na de multimodais, no caso deste último, levando em conta, além dos
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elementos linguísticos, as marcas topológicas, pictográficas, tipográficas, as cores, sons,
movimento...
Rojo (2009, p. 107) defende que à escola cabe favorecer condições para os alunos
poderem “participar das várias práticas sociais que se utilizam da leitura e da escrita
(letramentos) na vida da cidade, de maneira ética, crítica e democrática.” (ênfase da autora).
Para tanto, segundo a pesquisadora, é necessário que a educação linguística contemple os
letramentos multissemióticos, visto que o letramento tradicional (materiais impressos, letras)
é insuficiente para as exigências da sociedade contemporânea.
Nesse sentido, há que se levar em conta a necessidade de a escola - em todas as áreas
do conhecimento - ampliar o universo de gêneros textuais com os quais trabalha, para
contemplar textos publicados em suportes variados, oriundos de diferentes esferas sociais de
modo que, além de trazer para objeto de estudo as produções próprias das culturas
valorizadas, contemple também aquelas provindas das culturas locais.
Para tanto, na formação de professores (de base ou na continuada) será essencial
abordar conteúdos relacionados à área de estudos dos letramentos, a fim de que os docentes se
apropriem dos subsídios teóricos necessários para poderem selecionar e abordar de modo
eficaz os textos pertencentes a diferentes gêneros textuais, provindos de diferentes mídias e
culturas. Apoiado em bases teóricas sólidas, o docente encontrará caminhos mais produtivos
para desenvolver a competência linguística dos alunos, no sentido e se tornarem
multiculturais em sua cultura e poliglotas em sua própria língua, conforme postula Rojo
(op.cit). No caso dos textos multimodais, é necessário algum conhecimento sobre o uso de
regras e procedimentos relacionados à(s) modalidade(s) de linguagem(ns) empregadas nesses
textos.
Um material bastante útil para subsidiar o desenvolvimento de habilidades e
competências requeridas para produzir e ler criticamente textos multimodais (gráficos,
infográficos, anúncios, cartazes, tiras, entre outros) é a gramática do design visual, por ela
explicitar um conjunto de recursos auxiliares na interpretação de imagens.
A gramática do design visual como instrumento de análise de textos multimodais
Com o acelerado desenvolvimento tecnológico, cada vez mais a linguagem escrita
vem cedendo espaço para a imagem que, de modo similar à linguagem verbal,
(re)cria/reproduz/propaga valores, crenças, ideologias. Em uma “sociedade cada vez mais
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visual” (Dionísio, 2005, p 160), imagem e palavra vêm se relacionando de maneira mais
integrada, pois as novas tecnologias permitem, no cotidiano, a combinação de modos de
representação tais como palavra e elementos tipográficos, palavra e animação, palavra e som.
Sendo assim, houve também a necessidade de se compreender o uso de recursos
semióticos na mídia impressa ou digital. Para tanto, Kress e van Leeuwen (2006) propuseram
uma forma diferenciada de se analisar imagens, focando a “gramática”, a “sintaxe” das
imagens, ou seja, elaboraram uma ferramenta que nos permite analisar criticamente a forma
como os elementos de uma representação imagética ou multimodal se combinam para formar
um todo coerente. Antes disso, a análise centrava-se no que seria o “léxico” das imagens, ou
seja, apenas no aspecto conotativo ou denotativo dos elementos representados.
Esses autores construíram categorias de análise semiótica que podem ser úteis tanto
para as situações de produção de textos quanto para o leitor interpretar imagens. De acordo
com eles, “Analisar a comunicação visual é, ou deveria ser, uma parte importante das
disciplinas ‘críticas’. (...) vemos todo tipo de imagem como inteiramente inerente ao campo
das realizações e instanciações da ideologia, como meio - sempre – para a articulação de
posições ideológicas.” (KRESS &VAN LEEUWEN, 2006, p.14).
Nesse sentido, pode-se dizer que as imagens são manipuladas para a obtenção de
determinados efeitos: omissão ou explicitação de certos detalhes na apresentação de uma
imagem não se dá de modo aleatório, mas está diretamente relacionada a implicações
ideológicas. Isso acontece porque o autor de qualquer texto encontra-se inserido em um
espaço cultural e social, portanto seus valores, crenças, aspirações, frustrações permeiam suas
produções, quer em linguagem verbal, quer em forma de imagem ou de texto multimodal.
Kress e van Leeuwen (op. cit), a partir da perspectiva de uma semiótica social que
adotam, advogam que imagem conecta-se com o verbal, mas entre ambas não há relação de
dependência. Sendo autônoma em seu significado, uma imagem pode ser metafórica,
desencadear humor, apontar tendenciosidade ou preconceito, entre outras possibilidades.
A Gramática do design visual (KRESS &VAN LEEUWEN, 2006) se organiza em três
níveis recursivos; a fim de explicitar os conceitos que orientarão a análise dos textos que
compõem o corpus deste artigo, tomamos emprestado o Quadro 1, elaborado por Santos-
Costa (2008), com pequenas alterações, para apresentar de modo conciso as categorias de
análise que permitem a realização de uma análise crítica de textos multimodais.
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Metafunção ideacional
Representação das experiências de mundo por meio da linguagem
Representação Estrutura narrativa (Ação transacional, Ação não-transacional, Reação transacional, Reação não-transacional, Processo mental, Processo verbal) Estrutura conceitual (Processo classificacional, Processo analítico e Processo simbólico)
Metafunção interpessoal
Estratégias de aproximação /afastamento para com o leitor
Interação Contato (Demanda ou oferta) Distância Social (Social, pessoal, íntimo) Atitude (Objetividade ou subjetividade) Modalidade (Confiabilidade da imagem)
Metafunção textual:
Modos de organização do texto
Composição Valor de Informação (Ideal-Real, Dado-Novo) Saliência (destaque mínimo ou máximo para elementos da imagem) Moldura (recursos para conectar ou isolar elementos na leitura da imagem)
Quadro 1 – Estrutura básica da gramática do design visual Fonte: Adaptado de Santos-Costa, 2008.
Esse aparato que reúne categorias funcionais para a elaboração de significados tem se
mostrado ferramenta útil na interpretação de imagem, pois no momento da leitura não basta
apenas um olhar intuitivo para se chegar a uma análise crítica. Se no momento da produção, o
autor manipula imagens na construção de significados, o leitor, por sua vez, precisará valer-se
de ferramentas capazes de lhes permitir desvelar as intenções subjacentes, as opacidades
discursivas.
A seguir, será apresentada a caracterização dos gêneros anúncio publicitário e cartaz,
empregando categorias apresentadas no quadro acima para abordagem da representação
imagética de ambos os exemplares tomados como referência.
O gênero anúncio publicitário
O gênero anúncio publicitário, como ferramenta de exploração de desejos e consumo,
exerce importante papel persuasivo nas sociedades altamente capitalistas e competitivas. Para
atingir seus objetivos, há necessidade de o apelo publicitário persuasivo investir em uma
gama de recursos semióticos para convencer seu público-alvo.
Segundo Karwoski e Costa (2011, p. 114), “Os principais elementos constitutivos do
anúncio publicitário são: título, texto, linha de assinatura, slogan, imagens e ilustrações”. Esse
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gênero vale-se de imagens, cores, diferentes formatações, uso de adjetivos, comparações,
figuras de linguagem, repetições, ambiguidade, verbos no imperativo, entre outros recursos,
para que o produto anunciado chame a atenção do leitor. De acordo com os autores, o gênero
tem por objetivos: “[...] vender serviços ou produtos, criar uma disposição, estimular um
desejo de posse ou para divulgar e tornar conhecido algo novo e interessar a massa, ou um de
seus setores”. (SANTANNA, 1998, p. 77 apud KARWOSKI; COSTA, 2011, p. 114).
O texto publicitário pode ser veiculado em rádios, televisão, internet, outdoors,
revistas, jornais e em cartazes colados em estabelecimentos comerciais. Esse é um termo que
abriga uma diversidade de subgêneros: a) comercial - visa promover uma marca ou vender um
produto anunciado por determinada empresa; b) postal - são pequenos anúncios impressos,
nos quais podem ser divulgadas marcas, produtos, empresas e até pontos turísticos; c)
classificado - consiste em anúncios publicados em seções específicas dos jornais ou até
mesmo fixados em pontos públicos, nos quais se visa anunciar a venda, troca, aluguel e até
procura de determinado produto ou serviço; d) publicidade governamental ou institucional -
visa promover uma campanha governamental, que pode ter por objetivo informar ou
conscientizar as pessoas sobre determinado assunto. A imagem 1 servirá de exemplificação
para uma caracterização do gênero textual anúncio comercial.
Imagem 1 – anúncio comercial da empresa de telefonia Claro
Fonte: Blog Portfólio Vanessa R., 2011.
No anúncio acima, o título é constituído por uma pergunta convidativa, a proposta de
falar gratuitamente no telefone celular, que apresenta como resposta sua realização a partir da
oferta da empresa: “Na Claro, é só continuar falando”. O texto localizado abaixo do título
exemplifica o proposto pela campanha da anunciante. Na parte não verbal, a imagem
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composta por um balão de fala com reticências dialoga com o texto verbal, pois indica de
forma imagética que ao adquirir o produto ofertado o cliente poderá falar muito mais, posto
que as reticências se contrapõem nesse sentido ao ponto final, dando ideia de continuidade.
Um aparelho telefônico complementa a parte não verbal, promovendo o produto gratuito
ofertado pela empresa.
A logomarca da empresa está posicionada no canto inferior direito e abaixo dela
encontra-se o slogan da companhia telefônica - “Escolha” - palavra no imperativo indicando
uma ordem. Por fim, na parte inferior do anúncio, constam, em letras de tamanho reduzido,
informações específicas sobre o produto anunciado e o endereço eletrônico da empresa. As
cores predominantes do anúncio são compostas por tons de vermelho, cor chamativa, utilizada
reiteradamente na logo e anúncios da empresa. Todas as partes do anúncio se inter-relacionam
para alcançar seu objetivo: convencer o consumidor sobre as vantagens de adquirir os
produtos e serviços da anunciante.
É importante ressaltar que o anúncio publicitário, tal como acontece com os demais
gêneros, é relativamente estável, pois não se caracteriza de forma única e imutável. Há os que
são constituídos apenas por título, texto não verbal e logo da empresa, entre outras
configurações.
Como esse gênero se vale largamente de estratégias de persuasão, usadas consciente
ou inconscientemente pelo produtor-anunciante no intuito de seduzir o leitor-consumidor, é
importante analisar os aspectos relativos à metafunção interacional da linguagem (Kress e van
Leeuwen, 2006). Assim, as categorias de análise propostas na Gramática do design visual -
Contato, Distância Social, Atitude/Subjetividade, Modalidade - serão observadas no anúncio
publicitário representado na imagem 2, buscando explicitar os sentidos das escolhas feitas
com relação às imagens que o constituem.
Imagem 2 – campanha publicitária da Empresa Unilever
Fonte: Unilever. Anúncio da Campanha Dove pela Real Beleza, 2004.
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Na campanha publicitária da empresa Unilever, que comercializa produtos da marca
Dove, são veiculados anúncios que abordam uma pluralidade de “belezas” femininas em
detrimento de um padrão de beleza pré-estabelecido, no qual as mulheres são representadas
por modelos cujos corpos estão distantes dos padrões reais da sociedade. Em busca de
conquistar uma diversidade de consumidoras, o anúncio não dá destaque a um produto em
específico, mas em mulheres que evidenciam a heterogeneidade estética da sociedade,
aproximando-se das mulheres comuns, e não de uma minoria, consideradas e convencionadas
esteticamente pelo mercado publicitário como padrão ideal a ser seguido.
No caso do anúncio, de acordo com a categoria “demanda”, da Gramática do Design
Visual, a participante representada olha diretamente para as participantes interativas,
esperando delas uma identificação; o mesmo ocorre em relação à escolha do ângulo e do
plano em que foi retratada: ângulo frontal e plano fechado (corte na altura dos ombros)
sugerem relação de proximidade entre os participantes. Observe-se que a participante é o
destaque do anúncio, os detalhes de sua fisionomia são ressaltados pelo brilho dado à
imagem. O texto verbal tem pouco destaque, apenas confirma a ideia central do anúncio, a de
que a real beleza não está em padrões pré-estabelecidos, mas na diversidade, incentivando as
consumidoras a pensarem da mesma forma. Tais estratégias adotadas pela anunciante
caracterizam o objetivo da empresa: que diferentes tipos de consumidoras se identifiquem
com o padrão de beleza representado pela participante e, a partir dessa identificação, utilizem
os produtos de uma marca que se “preocupa” com a heterogeneidade estética e o universo
feminino.
O gênero cartaz
Cartaz é um gênero textual cuja função é expor algo, a fim de informar e/ou persuadir
seu interlocutor por meio de apelos visuais e verbais que buscam sensibilizá-lo ou convencê-
lo daquilo que encerra em si. Geralmente, compõe-se por linguagem verbal e visual, o que o
caracteriza como um gênero multissemiótico. A parte verbal, que tende a ser concisa e
esclarecedora, normalmente, é composta por letras grandes e coloridas para que a atenção do
leitor seja atraída, mas isso não constitui uma regra, diferentemente do que postula a maioria
das descrições disponíveis sobre esse gênero.
O cartaz é muito usado em campanhas governamentais, por ser um meio eficaz de
alcançar a população em geral, já que seu formato facilita sua exposição nas mais diversas
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repartições e locais públicos, e, também, devido a poder ser multiplicado em suportes
elaborados com materiais de baixo custo, oferecendo, assim, uma excelente opção de
disseminação de informações. A publicidade também se utiliza desse gênero, fazendo com
que, muitas vezes, “cartaz” e “anúncio” se confundam. Ocorre que o cartaz pode ser também
suporte para o gênero anúncio, fenômeno citado por Koch e Elias (2008) como
intertextualidade intergêneros ou hibridização.
Notamos que quando o cartaz é usado para a publicidade, a intencionalidade do autor é
persuadir, convencer o leitor, enquanto que para outros fins, ele tem uma função mais
expositiva e informativa. Nesse caso, assim como ocorre com a carta, gênero e suporte
possuem o mesmo nome, sendo chamados de cartaz. Observem-se os exemplos apresentados
nas imagens 3 e 4.
Imagem 3 – Cartaz do governo de Minas Gerais em campanha de vacinação: características mais informativas.
Fonte: Agência Inovate, 2013.
Imagem 4 – Cartaz da Coca-Cola para época de Copa do Mundo: características persuasivas. Fonte: TERRA, Thiago. In: Mundo Marketing, 2009.
A parte imagética do cartaz apresenta grande flexibilidade, porém é desejável que ela
tenha relação direta com a linguagem verbal. Apesar disso, pode estabelecer outras inúmeras
formas de relação, visando proporcionar diferentes reações no leitor. Devido à estrutura e
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propósito desse gênero, o autor busca concentrar o máximo de informações possíveis sem,
contudo, utilizar texto verbal extenso, o que confere ao cartaz um grande teor multissemiótico
passível de inferências, deduções e outros processos cognitivos em sua leitura.
Elaborado de forma mais simples, esse gênero também pode ser usado para
manifestações como passeatas, protestos e acontecimentos públicos que visem reivindicar ou
se expressar de forma concisa e objetiva, mostrando-se versátil e de grande valor informativo.
O tratamento dado aos gêneros cartaz e anúncio na coleção
A coleção didática de Língua Portuguesa Português: Linguagens (2012), é subdividida
em quatro sessões: literatura, produção de textos, língua: uso e reflexão e interpretação de
textos. Em cada uma, encontram-se subseções, por exemplo: literatura comparada, leitura,
para quem quer mais, etc., além de outros norteadores, como boxes e aberturas das unidades.
Para comentar a abordagem dada aos textos multimodais na coleção, foram
selecionados um exemplar do gênero anúncio e outro do gênero cartaz, escolhidos devido ao
fato de serem os únicos utilizados pela coleção para explicitar a funcionalidade dos gêneros
em questão; frequentemente no livro os gêneros anúncio e cartaz foram abordados, porém,
com propósitos não relevantes a esta pesquisa, tais como pretexto para estudo de elementos
gramaticais do texto, na sessão “língua: uso e reflexão”. Na análise, primeiramente, serão
comentados aspectos relacionados à abordagem da coleção didática na proposta das atividades
relacionadas os gêneros; em seguida, serão feitas considerações, referentes às propostas de
análise de textos multimodais, com base na Gramática do Design Visual, de Kress e van
Leeuwen (2006).
Dos três livros da coleção, o único a abordar de forma direta o gênero textual cartaz é
o volume 2. Na seção “Produção de Texto”, o capítulo 2, intitulado “O cartaz e o anúncio
publicitário”, apresenta ambos os conteúdos, o que nos leva a inferir a estreita relação entre
esses gêneros que, não raro, se apresentam como intergêneros.
Cereja e Magalhães (2012) começam o capítulo apresentando o gênero cartaz com um
exemplar veiculador de uma campanha antidrogas, produzida pelo Senac, apresentado na
imagem 5.
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Imagem 5 – Cartaz antidrogas.
Fonte: Cereja e Magalhães, 2012.
Não há nenhuma consideração prévia sobre o gênero ou tema que o texto aborda, as
definições estão presentes em exercícios de análise de um exemplar, para que o aluno explore
o gênero antes de partir para a produção. Nos exercícios, o gênero cartaz é definido como:
Um gênero textual que tem a finalidade de informar as pessoas, sensibilizá-las, convencê-las ou conscientizá-las sobre determinado assunto [...] Os cartazes geralmente afixados em lugares públicos [...] Apresentam linguagem verbal e linguagem visual (CEREJA E MAGALHÃES, 2012, p. 25).
Todos os exercícios do capítulo se baseiam no cartaz apresentado, não há nenhum
outro modelo para comparação; de um total de cinco exercícios, apenas um aborda a questão
da imagem: pergunta-se a “relação entre o texto verbal e a imagem”, porém, não há um
aprofundamento maior em relação à leitura da imagem. O exercício seguinte sugere uma
produção de cartaz com temas sugeridos; nele, há várias recomendações sobre como deve ser
o texto, alertando que a linguagem verbal a ser utilizada deve obedecer ao gênero: “linguagem
simples e direta, de acordo com a norma padrão e adequada ao público a que se destina”.
Sobre o não verbal, apenas recomenda-se que “disponham o texto verbal e imagens (fotos,
ilustrações, colagens) que sirvam de apoio e estímulo à sua leitura”.
A figura humana do cartaz em questão é extremamente simples, porém trata-se de uma
imagem carregada de simbolismos, pois, apesar de possuir características humanas, apresenta-
se também como um vaso de flores que representam os pensamentos e atitudes.
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Analisando-se o cartaz a partir das categorias da Gramática do Design Visual, temos a
imagem como representação de uma estrutura narrativa: o rosto da foto é o sensor, do qual
parte um pensamento simbólico, com as flores representando pensamentos saudáveis, livres
de drogas, uma “cabeça feita” de forma positiva. A imagem, apesar de abstrata, interage
olhando diretamente para quem a observa; essa característica é descrita, na parte da
Metafunção Interpessoal, como demanda, ou seja, o participante representado (que olha)
exige do participante interativo (o leitor) algum tipo de atitude, impele-o a pensar de
determinada maneira, nesse caso, a pensar na importância da recusa às drogas. O personagem
é representado dos ombros para cima, o que caracteriza interação de distância social de
proximidade com o leitor. O texto é simples e objetivo, relaciona-se, de modo direto, com a
imagem pela expressão “fazer a cabeça”.
Uma análise levando em consideração os itens presentes na Gramática do Design
Visual permitiria ao aluno apreender as dimensões e possibilidades do trabalho com imagens
bem como o auxiliaria no entendimento de dizeres subjetivos possivelmente presentes. Nesse
caso, a simplicidade do cartaz escolhido pelos autores do livro “Linguagens”, não permite
exploração ampla do gênero, portanto seriam necessários mais exemplos diferenciados para o
aluno poder apreender a estrutura e possibilidades de produção e leitura.
Para a abordagem do gênero anúncio, a coleção didática seleciona o exemplar
reproduzido na imagem 6.
Imagem 6 – Anúncio da empresa Greenpece
Fonte: Cereja e Magalhães, 2012.
Assim como no gênero cartaz, o livro não faz uma consideração prévia sobre tema e
gênero. Nas atividades referentes ao anúncio, que totalizam oito questões, prioriza-se análise
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da funcionalidade e estrutura do gênero, para servir como base para a produção textual
solicitada em seguida. Apesar de comentar, em uma das questões, que o anúncio não
apresenta uma estrutura rígida e de apresentar mais um exemplo, ele não é explorado;
portanto, a análise limita-se a apenas um anúncio.
Nas oito questões, contemplam-se finalidade, locutor, estratégias de persuasão,
linguagem e temática do gênero. Apenas duas delas priorizam o diálogo entre o verbal e o não
verbal. Na primeira, pergunta-se: “que relação há entre a imagem e o enunciado verbal do
anúncio?” Espera-se que o aluno infira que imagem e palavras são complementares, uma vez
que o texto verbal sugere a necessidade de controlar o aquecimento global, e a imagem
apresentar uma consequência do aquecimento global, o desnível do mar. Na segunda
atividade, pergunta-se: “Na parte visual, qual recurso foi empregado no anúncio: o exagero, a
parte pelo todo ou o contraste?”. Espera-se que o aluno responda “o contraste entre dois
momentos, para mostrar o aumento gradual do nível do mar”. Porém, não são previamente
explorados esses dois momentos sinalizados pela imagem.
Na análise das atividades propostas, percebeu-se que duas das oito questões referem-se
à linguagem visual do anúncio, mostrando-se esta uma abordagem breve e superficial. Na
última questão da atividade, na qual os alunos devem apontar as principais características do
gênero anúncio publicitário, não há menção à presença da imagem no enunciado da questão,
nem na sugestão de resposta dada ao professor. Portanto, o foco de atenção centrou-se apenas
no teor linguístico do texto.
Do mesmo modo, na proposta de produção do gênero anúncio, não há uma abordagem
significativa do texto não verbal, a única menção feita é a seguinte: “Criem ou pesquisem uma
imagem que possa dar sustentação ao texto verbal.” Percebe-se, assim, que a imagem é tratada
apenas como suporte para o verbal, e não como um elemento constitutivo do gênero, com
carga semântica relacionada, porém autônoma em seu significado.
Ao analisarmos a imagem mais a fundo, a partir da Metafunção textual, da Gramática
do Design Visual, é possível perceber que o enfoque da imagem não está no objeto
representado (no caso o barco do pescador), mas sim no mar que, no caso, representa a
natureza como um todo; o brilho e o contraste de cores estão centrados nesse elemento, que
então deve ser analisado com maior atenção pelo interlocutor. No enquadramento, ao dividir a
imagem ao meio, a anunciante revela dois planos e situações distintas, que devem ser
analisadas, em um primeiro momento, separadamente, depois em conjunto, para constituir o
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sentido do anúncio. No primeiro plano, apresentado na esquerda da imagem, mostra-se o
dado, o nível do mar controlado, tal como se apresenta no momento. Na parte direita, mostra-
se o novo, o nível do mar descontrolado, sugerindo que as ações humanas podem causar esse
efeito. Questões relacionadas ao enquadramento, divisão de planos e linhas, brilho e contraste
poderiam ter sido exploradas nessa imagem, pois constituem papel fundamental para a
atribuição de sentidos ao anúncio.
Considerações Finais
Os resultados da análise da coleção apresentada neste trabalho revelam haver presença
significativa de gêneros multimodais, oriundos de diferentes mídias e suportes. Porém, a
exploração da função retórica que os recursos utilizados na construção desses gêneros textuais
exercem na produção de sentidos dos textos ainda está aquém do desejável para a escola
contribuir mais eficazmente para a promoção dos letramentos exigidos pela sociedade
contemporânea. Em relação às orientações aos alunos sobre a composição textual envolvendo
diferentes semioses, elas se restringem aos aspectos linguísticos, desconsiderando-se o papel
efetivo da imagem como recurso para representar os significados pretendidos pelo autor nos
gêneros multimodais.
Isso aponta para a necessidade de o professor, na sua formação acadêmica e/ou
continuada, se apropriar dos elementos que compõem uma “gramática visual” para, lançando
mão desse subsídio teórico, desenvolver estratégias apropriadas para interpretar recursos
visuais dos textos e, ao mesmo tempo, lhe permitir sistematizar a leitura de imagens em
ambientes escolares, bem como orientar a produção textual levando em conta os recursos e
regras característicos da(s) linguagem(ns) que compõem a totalidade da estrutura
composicional do gênero que estiver em foco nas aulas, um saber ainda bastante incipiente no
âmbito escolar.
As considerações aqui apresentadas podem ser vistas como uma contribuição para o
trabalho docente dos professores de todas as áreas do conhecimento, no sentido de se ter
colocado em destaque a mudança sofrida pelos modos discursivos de o texto significar, o que
coloca a necessidade de se dar às imagens a mesma atenção dispensada aos elementos
linguísticos presentes nos textos que produzimos e consumimos na sociedade.
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