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GUIA DO ESTADO
EMPREENDEDOR
AMAZONAS
Eleições estaduais de 2018
3
2018 – Serviço de Apoio as Micro e Pequenas Empresas do Amazonas – Sebrae/AM Todos os direitos reservados. A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei n 9.610). Presidente do Conselho Deliberativo Estadual José Roberto Tadros Diretora Superintendente Adrianne Antony Gonçalves Diretora Técnica Lamisse Said da Silva Cavalcanti Diretor Administrativo-Financeiro Maurício Aucar Seffair Gerente da Unidade de Articulação Institucional Débora Silva de Oliveira Sales Responsável técnico Maura Miraglia Caxieta – Sebrae/NA Maria do Socorro Corrêa da Silva – Sebrae/Am Fernando Antonio Ferreira Macedo (contratado da UNESC) Informações e contatos Av. Leonardo Malcher, 924 – Centro Central de Relacionamento: 0800 570 0800
Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................ 6
Mensagem do SEBRAE Amazonas ................................................................................................ 7
Mensagem da UNECS ................................................................................................................... 8
Guia do Estado Empreendedor 2018 – Amazonas ..................................................................... 10
Principais Medidas Sugeridas ..................................................................................................... 13
Agenda Estratégica dos Pequenos Negócios ............................................................................... 13
A Cidade da Escala Humana ........................................................................................................ 16
Composição da Agenda Estratégica dos Pequenos Negócios .................................................... 17
Quem são os Pequenos Negócios .............................................................................................. 22
AGENDA ESTRATÉGICA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS .................................................................. 23
1 - Marcos Regulatórios dos Pequenos Negócios ...................................................................... 24
1.1 - Políticas e Práticas Referenciais .......................................................................................... 24
1.2 - Panorama Atual no Amazonas ............................................................................................ 27
1.3 - Políticas Propositivas e Sugestões ....................................................................................... 28
2 - Apoio, Governança e Representação dos Pequenos Negócios ............................................. 30
2.1 - Políticas e Práticas Referenciais ......................................................................................... 30
2.2 - Panorama Atual no Amazonas ............................................................................................ 32
2.3 - Políticas Propositivas e Sugestões ....................................................................................... 33
3 - Desburocratização e Simplificação ........................................................................................ 35
3.1 - Políticas e Práticas Referenciais .......................................................................................... 35
3.2 - Panorama Atual no Amazonas ............................................................................................ 39
3.3 - Políticas Propositivas e Sugestões ....................................................................................... 41
4 - Tratamento Tributário e Fiscal .............................................................................................. 43
4.1 - Políticas e Práticas Referenciais .......................................................................................... 43
4.2 - Panorama Atual no Amazonas ........................................................................................... 47
4.3 - Políticas Propositivas e Sugestões ....................................................................................... 50
5 – Microempreendedor Individual ............................................................................................ 54
5.1 - Políticas e Práticas Referenciais .......................................................................................... 54
5.2 – Panorama Atual no Amazonas............................................................................................ 56
5
5.3 - Políticas Propositivas e Sugestões ....................................................................................... 57
6 - Compras Governamentais ..................................................................................................... 59
6.1 - Políticas e Práticas Referenciais .......................................................................................... 59
6.2 – Panorama Atual no Amazonas............................................................................................ 62
6.3 - Políticas Propositivas e Sugestões ....................................................................................... 64
7 - Crédito e Fomento ................................................................................................................. 68
7.1 - Políticas e Práticas Referenciais .......................................................................................... 68
7.2 – Panorama Atual no Amazonas............................................................................................ 72
7.3 - Políticas Propositivas e Sugestões ....................................................................................... 73
8 - Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade .............................................................................. 76
8.1 - Políticas e Práticas Referenciais .......................................................................................... 76
8.2 - Panorama Atual no Amazonas ............................................................................................ 79
8.3 - Políticas Propositivas e Sugestões ....................................................................................... 80
9 - Desenvolvimento Territorial e Setorial ................................................................................. 83
9.1 - Políticas e Práticas Referenciais .......................................................................................... 83
9.2 - Panorama Atual no Amazonas ............................................................................................ 88
9.3 – Políticas Propositivas e Soluções ........................................................................................ 89
10 – Educação Empreendedora e Profissional ........................................................................... 93
10.1 – Políticas e Práticas Referenciais........................................................................................ 93
10.1 - Panorama Atual no Amazonas .......................................................................................... 95
10.3 - Políticas Propositivas e Sugestões ..................................................................................... 96
A Cidade da Escala Humana ....................................................................................................... 99
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ............................................................................. 101
Conclusões ................................................................................................................................ 103
6
APRESENTAÇÃO
7
Mensagem do SEBRAE Amazonas
A importância do empreendedorismo e das micro e pequenas
empresas para o Amazonas
O Sebrae no Amazonas orgulha-se de entregar para a sociedade, especialmente aos candidatos
eleitos no processo eleitoral 2018, cujo respectivos mandatos iniciam-se em janeiro de 2019, este
Guia do Estado Empreendedor que, na prática, constitui uma agenda de proposições estratégicas
em favor dos pequenos negócios amazonenses. O objetivo é contribuir na construção de uma pauta
de governo (seja executiva ou legislativa) que esteja atenta às necessidades dos pequenos negócios
locais e por consequência dos donos de negócios e seus funcionários. Este Guia busca ainda,
incentivar a proposição de políticas públicas que incentivem o empreendedorismo, pois nós, do
Sebrae em todo o Brasil, acreditamos ser o empreendedorismo um dos caminhos autênticos para
que as pessoas alcancem a felicidade, a realização de sonhos e consequentemente a geração de
empregos, ocupação e renda.
As sugestões aqui apresentadas não se encerram em si, mas abrem possibilidades para discussão
de temas e aprimoramento de ideias que são cruciais para o desenvolvimento e para a
competitividade dos pequenos negócios. Estamos nos referindo a assuntos como acesso a crédito,
inovação, mercado, tributos, registro, licenciamento, entre outros temos através dos quais o poder
governamental pode agir e ser um grande parceiro do empreendedorismo e das micro e pequenas
empresas. Conclui-se que apoiar os pequenos negócios é uma estratégia que deve compor qualquer
plano de governo, dada a capacidade que esse segmento possui para contribuir com a localidade,
promovendo mais justiça sócio-econômica e, sobretudo, distribuição de riqueza.
Outro foco importante diz respeito ao Microempreendedor Individual, o MEI, que hoje somam em
torno de 60 mil negócios no Estado. Dados da Receita Federal mostram que o Amazonas possui um
dos piores índices de inadimplência de tributos do MEI. Soma-se a essa informação o alto índice de
informalidade de negócios. Este cenário nos leva a acreditar que as políticas públicas existentes
ainda não foram suficientes para amenizar as carências e as desvantagens competitivas dos
empresários aqui localizados, sendo portanto imprescindível a manutenção e ampliação de políticas
públicas que criem condições para a criação de negócios formais, sustentáveis, com capacidade de
gerar empregos formais e consequentemente impulsionar o comércio local e contribuir com os
impostos estaduais e municipais.
Adrianne Antony Gonçalves
Diretora Superintendente do SEBRAE Amazonas
8
Mensagem da UNECS
Fundada em 2014, a União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs) atua pela
construção de um Brasil Novo, em que seja mais simples empreender e no qual os cidadãos tenham
mais qualidade de vida. Essa missão passa pelo desenvolvimento e aumento da competitividade do
setor de comércio e serviços, que hoje é responsável por 15% do PIB brasileiro, sendo o maior
empregador no País – 22 milhões de empregos diretos.
Para isso, a Unecs luta pela defesa dos interesses desse setor, acompanhando as pautas legislativas
e tributárias em conjunto com a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e
Empreendedorismo (Frente CSE); colaborando com o poder público como órgão técnico, consultivo
e deliberativo, no estudo e solução de problemas do setor representado; e trabalhando também
junto a indústria fornecedora e à sociedade civil. Nos últimos quatro anos, suas mais notáveis
conquistas foram a criação da Frente CSE; a Reforma Trabalhista e regulamentação do trabalho
intermitente e da terceirização; reconhecimento dos supermercados como atividade essencial;
regulamentação da gorjeta; aprovação do REFIS para micro e pequenas empresas; aprovação da lei
que permite diferenciação de preços; e deságio dos vouchers.
O trabalho continua e entre as prioridades da Unecs estão: enfrentamento aos oligopólios dos
bancos e suas consequências; aprovação do Cadastro Positivo; revisão do critério das cotas de PNE;
simplificação tributária; reforma da previdência; venda de medicamentos nos supermercados;
revisão do Código Comercial.
A Unecs é atualmente formada por oito das principais organizações do comércio e serviços, que
respondem pelo faturamento de R$1 trilhão, 65% das operações de crédito e débito no país, 83,7%
das vendas na indústria de alimentos e bebidas e 100% da venda do setor de alimentação fora do
lar no Brasil. São elas: Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Associação Brasileira de
Atacadistas e Distribuidores (Abad), Associação Brasileira de Automação para o Comércio (Afrac),
Associação Nacional de Materiais de Construção (Anamaco), Confederação das Associações
Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop),
Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL).
9
A crença de que a agenda estratégica para a construção desse “Brasil Novo”, com mais crescimento
econômico e justiça social, necessariamente passa pelo diálogo, levou a Unecs a assumir o
protagonismo desse debate e realizar, em 2018, uma série de eventos com os candidatos ao
governo dos estados.
O “Diálogo Unecs com candidatos ao governo” tem como objetivo apresentar as pautas do setor de
comércio e serviços e ouvir as propostas de cada um deles pela transformação do País. Os
candidatos e eleitos precisam compreender que o desenvolvimento econômico sustentável,
promovido por meio da valorização dos pequenos negócios, que representam a maioria das
empresas em todas as regiões e estados brasileiros, fará crescer os níveis de emprego, renda e
arrecadação, gerando recursos para outras prioridades governamentais.
Esse documento servirá como referência das pautas essenciais para a construção de um País mais
simples para se empreender. O Guia propõe a formulação de estratégias que podem contribuir para
o desenvolvimento sustentável das economias estaduais, por meio da criação de um ambiente mais
favorável aos pequenos negócios. São ações simples, mas de grande impacto para os pequenos
negócios, e que contribuirão efetivamente para um processo de expansão e crescimento da
economia.
Paulo Solmucci
Presidente UNECS
10
Guia do Estado Empreendedor 2018 – Amazonas
O Brasil passará, neste ano, por um dos mais importantes acontecimentos na vida política: as
eleições diretas para os cargos de Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados
Federais e Estaduais.
É o momento oportuno para que a população e as instituições públicas e privadas possam debater
sobre as prioridades a serem adotadas pelo próximo governo para o atendimento às demandas da
sociedade. Este debate faz-se ainda mais essencial tendo em vista as fragilidades que atualmente
se apresentam no ambiente político e econômico brasileiro, bem como a necessidade imperiosa de
se retomar o desenvolvimento.
Também é o momento de se refletir sobre a importância dos pequenos negócios e do papel do
empreendedorismo na economia brasileira.
Desde 2006 (ano em que foi aprovada a Lei Complementar 123 – Estatuto Nacional da Micro e
Pequena Empresa), os pequenos negócios geraram 12,6 milhões de empregos em todo o Brasil,
enquanto as médias e grandes empresas fecharam 985 mil vagas. No mesmo período, os pequenos
negócios geraram 190.198 novos empregos no Amazonas, enquanto as médias e grandes empresas
fecharam -37.528 vagas1. Estes valores explicam-se pelas diferentes naturezas dos
empreendimentos de diferentes portes: enquanto os pequenos negócios são empregadores
intensivos, com forte utilização da mão de obra, as médias e grandes empresas são intensivas no
uso de tecnologia e de automação.
Este potencial para a geração de ocupação e renda dos pequenos negócios precisa ser cada vez mais
estimulado e valorizado, especialmente quando se considera que o Brasil atingiu mais de 13 milhões
de pessoas desocupadas em abril/2018, sendo mais de 253 mil no Amazonas2.
Cumpre ainda lembrar que, de acordo com a Pesquisa de Opinião Pública sobre Assuntos Políticos
e Administrativos CNI/IBOPE, a corrupção e o desemprego foram apontados como os maiores
problemas que o Brasil enfrenta atualmente (respectivamente, 29% e 27%).
Dentro do setor privado não agrícola, em 2016, os pequenos negócios representavam 99% dos
estabelecimentos, 54,5% dos postos de trabalho e 44% da massa de remuneração. O mesmo cenário
é percebido no Amazonas, onde os pequenos negócios representam 98,1% dos estabelecimentos,
42% dos postos de trabalho e 34,6% da massa de remuneração3.
1 Fonte: Ministério do Trabalho / CAGED. Nos últimos 12 anos (até junho/2018) as micro e pequenas empresas geraram 12.577.225 novos empregos, enquanto as médias e grandes empresas fecharam -984.756 vagas. 2 Fonte: IBGE – PNAD Contínua. O número de pessoas de 14 anos ou mais de idade desocupadas no Brasil na PNAD Contínua Trimestral referente ao trimestre de janeiro a março/2018 era de 13.689 mil e no trimestre móvel de fevereiro a abril/2018, de 13.413 mil. 3 Fonte: Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios - 2016
11
O percentual de crescimento da arrecadação do Simples Nacional, desde a sua implantação em
julho/2007, supera a evolução das receitas federais. Enquanto a arrecadação do Simples Nacional
cresceu 114% no período, a evolução das receitas federais foi de 16%. Em julho/2007, o Simples
Nacional equivalia a 3,1% das receitas federais arrecadadas; em abril/2018, este percentual passou
a 5,7%4.
Deve ser destacado que o consumo é a principal base do modelo tributário brasileiro. No bolo
tributário brasileiro, impostos sobre o consumo representam 44% do total arrecadado; impostos
sobre a renda, 21%; contribuições sociais, 26%; outros impostos e impostos sobre a propriedade,
9%5. Assim sendo, ao gerar emprego e renda, viabilizando o consumo das famílias (responsável por
63,4% do PIB em 20176), os pequenos negócios tornam-se os responsáveis não só pelo aumento do
total arrecadado pelo Simples Nacional, mas também pelo crescimento dos impostos e
contribuições incidentes sobre o consumo.
O número de optantes pelo Simples Nacional passou de 2,496 milhões de micro e pequenas
empresas (em 2007) para 11,691 milhões de optantes em abril/2018, sendo 4,868 milhões de micro
e pequenas empresas e 6,823 milhões de microempreendedores individuais. No Amazonas, o
número de optantes saltou de 19.781 (em 2007) para 102.739 em abril/2018, sendo 55.430
microempreendedores individuais e 47.309 micro e pequenas empresas7.
Outro aspecto a ser avaliado criteriosamente pelos atores políticos é a força do empreendedorismo
no Brasil.
Na pesquisa GEM – Global Entrepreneurship Monitor (instituto Brasileiro de Qualidade e
Produtividade – IBQP e SEBRAE) referente a 2017, o Brasil é classificado na 9ª posição entre os países
mais empreendedores entre 53 países avaliados. 36,4% da população brasileira (49,3 milhões de
pessoas de 18 a 64 anos) têm um negócio ou estão envolvidos na criação de um.
A pesquisa ainda identifica que o desejo de ter um negócio próprio é o sexto desejo mais frequente
da população brasileira, superando o desejo de fazer uma carreira em uma empresa8.
Por outro lado, o Brasil é classificado na 125ª posição entre 190 economias avaliadas pelo Banco
Mundial quanto à facilidade de fazer negócios (Pesquisa Doing Business 2018). Esta posição deve-
se especialmente a fatores como alta carga tributária, burocracia, insegurança jurídica e política,
educação e capacitação profissionais precárias, dificuldades para acesso ao crédito e para a solução
de conflitos.
4 Fonte: Receita Federal do Brasil. A arrecadação do Simples Nacional passou de R$15.366 milhões em 2007 para R$78.738 milhões em 2017 (valores corrigidos pelo IPCA). 5 Fonte: Folha de São Paulo, no link goo.gl/pbGSrV 6 Fonte: IBGE 7 Fonte: Receita Federal do Brasil 8 A pesquisa GEM pode ser consultada no link: goo.gl/gdUSHv
12
Em virtude destes fatores, parcela expressiva dos pequenos negócios brasileiros permanece na
informalidade: apenas 42,3% dos pequenos negócios brasileiros ou 18% no Amazonas são
formalizados9.
Com base nos motivos e indicadores apresentados, conclui-se que não há como tratar de um
programa brasileiro ou estadual para o desenvolvimento sustentável sem considerar os pequenos
negócios e o empreendedorismo.
Desta forma, o SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e o Instituto
UNECS – União Nacional das Entidades de Comércio e Serviços apresentam o Guia do Estado
Empreendedor, com o objetivo de apresentar aos candidatos dos principais cargos executivos e
legislativos da Nação, propostas que estimulem a criação, o fortalecimento e a competitividade dos
pequenos negócios.
Trata-se de uma ferramenta de fácil consulta, prática e didática, com conteúdos específicos para
cada Unidade Federativa, que se propõe orientar a implementação de diversas ações em benefício
dos pequenos negócios.
O Guia do Estado Empreendedor apresenta propostas, aderentes aos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ONU), para quase 100 ações que compõem a Agenda Estratégica dos Pequenos
Negócios.
São ações simples, que não esgotam as alternativas para se estimular os pequenos negócios, mas
de grande impacto ao propiciar um ambiente mais favorável para o desenvolvimento e a
competitividade. São ações que levarão a um processo de expansão e crescimento da economia, à
produção e distribuição de renda e ao aumento dos níveis de investimentos, arrecadação e
qualidade de vida da população. São medidas que merecem, sem qualquer sombra de dúvida, um
espaço de destaque nas plataformas de trabalho dos ocupantes dos principais cargos dos Poderes
Executivo e Legislativo eleitos em 2018.
9 Fontes: Receita Federal do Brasil e IBGE. O grau de formalização dos pequenos negócios é auferido através de proxy
relacionando o número de empresas optantes do Simples Nacional e o número de Donos de Negócio (Empregadores +
Conta Própria – PNAD Contínua).
13
Principais Medidas Sugeridas
Agenda Estratégica dos Pequenos Negócios
O primeiro desafio do governante eleito, interessado em promover o desenvolvimento e a geração
de emprego e renda utilizando o potencial dos pequenos negócios, é escolher quais das medidas
propostas podem ser priorizadas e integrá-las ao seu plano de trabalho.
Em um exercício de caráter sugestivo, sem qualquer pretensão de aqui estabelecer as prioridades
governamentais ou qualquer juízo de valor, podem ser indicadas como ações de maior impacto para
os pequenos negócios:
1. Articular a formulação e aprovação de uma Lei Estadual do Microempreendedor Individual, da
Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, aderente à Lei Complementar Federal
123/2006 e suas atualizações.
2. Expandir o protocolo digital da Junta Comercial do Estado do Amazonas para todos os
municípios amazonenses, promovendo a efetiva integração de todos os órgãos envolvidos e
dos processos de análise de viabilidade, registro, alteração, baixa e licenciamento de empresas
3. Adequar a aplicação da Substituição Tributária para os pequenos negócios optantes pelo
Simples Nacional, evitando situações em que estes assumam a qualidade de substituto
tributário; reduzindo obrigações acessórias; reduzindo a pauta de produtos sujeitos a ST;
aplicando a MVA diferenciada para os pequenos negócios; isentando a ST quando o destinatário
for microempreendedor ou pequeno produtor rural; e acatando as determinações da Lei
Complementar Federal nº 123/2006 (Capítulo IV – Dos Tributos e Contribuições).
4. Articular a elaboração, a publicação, execução e avaliação de plano anual integrado de compras
de bens e serviços, discriminando os itens a serem adquiridos por todos os órgãos públicos
estaduais, quantidades e modalidades de licitação; bem como definindo indicadores de
desempenho específicos para cada contratante e metas estabelecidas pelo Governo Estadual.
5. Promover a inclusão de novos atores no sistema de crédito e financeiro, estimulando a criação
de cooperativas de crédito, empresas de crédito direto, start-ups e fintechs, em parceria com
entidades e associações empresariais. Estimular a utilização de capital de risco para apoiar a
constituição e operação de novos atores no sistema de crédito. Constituir ou apoiar a
constituição de outros mecanismos de garantia de crédito, como sociedades de garantia de
crédito ou fundo garantidor estadual.
14
6. Articular e implementar políticas públicas, programas e projetos de inovação no Amazonas,
considerando sua adequação à realidade dos pequenos negócios e promover os ajustes
necessários, como por exemplo, a inclusão da dotação orçamentária para ações de inovação e
assistência técnica; a regionalização e interiorização das ações; o incentivo às ações inovadoras
nos APL; a adequação dos valores das chamadas públicas ao porte das empresas; a isenção ou
redução da incidência de ICMS nas máquinas ou equipamentos que sejam utilizados
prioritariamente nos processos de inovação; o aperfeiçoamento das linhas de crédito
disponíveis na Agência de Fomento do Estado do Amazonas para empresas incubadas e às
inovadoras.
7. Articular e implementar a Lei Estadual de Inovação, seguindo ao capítulo X da Lei
Complementar Federal nº 123/2006, estabelecendo a quota mínima de 20% dos recursos
disponíveis, a ser direcionada para os pequenos negócios pelas entidades estaduais da área de
pesquisa e inovação. Incluir na Lei Estadual outros benefícios conforme Lei Federal nº
11.196/2005 (Lei do Bem).
8. Implementar programa integrado de desenvolvimento econômico territorial e setorial
estadual, incluindo estratégias, políticas, metas e ações para estimular o aprimoramento do
ambiente, a competitividade e evolução dos pequenos negócios em todas as regiões do estado
e nos principais setores de atividades.
9. Instituir uma governança para o programa de desenvolvimento econômico territorial e setorial
estadual, com responsabilidade pela gestão da articulação, relacionamento institucional e
mobilização de lideranças e atores vinculados aos setores público, privado e terceiro setor; pela
formação de parcerias; pelo provisionamento, acompanhamento e controle da aplicação de
recursos; pelo monitoramento da implementação dos projetos e ações; pela avaliação do
cumprimento das metas e ações propostas; pela interação com outras entidades de nível
federal, estadual e municipal; pela garantia do tratamento diferenciado para os pequenos
negócios.
10. Fomentar a criação de consórcios públicos multifinalitários intermunicipais e no âmbito
estadual, com o intuito de viabilizar a solução de problemas comuns entre municípios e entre
estes e o Governo Estadual, ampliar a capacidade de atendimento de serviços públicos e
contribuir para o desenvolvimento territorial e setorial.
11. Incluir a educação empreendedora e profissional nos currículos das instituições de ensino
fundamental, médio e superior, bem como de ensino profissionalizante e nos programas sociais
estaduais, com vistas a formar futuros empreendedores, disseminando o espírito
empreendedor e propiciando uma base sólida de conhecimentos sobre gestão, mercado e
outros aspectos essenciais ao êxito dos negócios.
15
12. Regulamentar e implementar, a nível estadual, as políticas de compliance e combate à
corrupção, aderentes a Lei Federal 12.846/2013, ao Decreto 8.420/2015 e à Portaria
2.279/2015 (editada pela CGU – Controladoria Geral da União e SEMPE – Secretaria da Micro e
Pequena Empresa). Articular a sua adoção pelos órgãos públicos e respectivos fornecedores de
bens e serviços, observando a preferência dos pequenos negócios nas contratações realizadas.
13. Divulgar informações, dados estatísticos, relatórios referentes aos pequenos negócios e
políticas públicas, permitindo a avaliação e mensuração da eficiência das ações e dos projetos
implementados. Divulgar todas as informações pertinentes aos pequenos negócios e políticas
públicas em site oficial do governo, incluindo todas as normas, ações, projetos e resultados
alcançados.
14. Adotar tratamento diferenciado para a cobrança do ICMS dos optantes do Simples Nacional
com receita bruta anual entre R$3,6 e R$4,8 milhões.
15. Instituir programa beneficiado para parcelamento de eventuais débitos do ICMS para os
pequenos negócios (referentes aos valores recolhidos fora do Simples Nacional), com multas
reduzidas, aumento do número de parcelas e possiblidade do parcelamento de débitos
oriundos de substituição tributária.
16. Utilizar o poder de compra governamental para o desenvolvimento de fornecedores
participantes de incubadoras e start-ups instaladas no Amazonas.
17. Criar linha especial de crédito com juros reduzidos e mecanismos de antecipação de recebíveis,
destinados às pequenas empresas que vencerem licitações de modo a atender suas
necessidades de capital de giro enquanto produzem o material/serviço para entregar aos
órgãos públicos.
18. Estimular a aproximação dos pequenos negócios e entidades voltadas para o desenvolvimento
de inovação e tecnologia, como centros tecnológicos, universidades, laboratórios, instituições
do Sistema S, Embrapa, etc., para favorecer a troca de experiências e informações.
19. Estimular a realização de programas para o desenvolvimento e a mobilização das lideranças,
entidades representativas, terceiro setor e sociedade em geral, para buscar a integração, a
construção participativa e a governança de ações em prol do desenvolvimento territorial e
setorial.
20. Fortalecer a parceria com o Tribunal de Contas para fiscalização, orientação e aprimoramento
do tratamento dos pequenos negócios no estado do Amazonas, observando-se todos os
aspectos da Lei Complementar Federal 123/2006 – Estatuto Nacional da Micro e Pequena
Empresa.
16
A Cidade da Escala Humana
Outro ponto que não deve faltar entre as prioridades do Governante eleito é o aprimoramento dos
ambientes urbanos, buscando transformar os municípios em cidades compactas, adequadas às
necessidades da população, onde possam ser reduzidos os investimentos em infraestrutura,
transporte e segurança pelo compartilhamento e racionalização dos espaços.
Para tanto, o Governante eleito pode tomar iniciativas como:
1. Vincular os empréstimos concedidos pelo estado e suas instituições financeiras aos conteúdos
dos planos diretores urbanos.
2. Considerar como ponto número um da agenda estadual da mobilidade urbana o
desenvolvimento de cidades compactas, com mesclas sociais e de usos, reduzindo-se o
transporte individual motorizado.
3. Dar aos conjuntos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida e aos programas estaduais de
habitação uma escala humana, com a multiplicação de menores empreendimentos, ssituando-
os dentro da malha urbana já com infraestrutura e vizinhanças consolidadas;
4. Eleger as concessões privadas no saneamento básico como alavanca para que o estado deixe
de ter metade de seus domicílios sem ligações com as redes de coletas de esgoto;
17
Composição da Agenda Estratégica dos Pequenos
Negócios
Como retomar o desenvolvimento econômico sustentável, gerando ocupação e renda e
aumentando os investimentos, arrecadação e qualidade de vida, a partir do potencial e da
importância dos pequenos negócios brasileiros?
O Guia do Estado Empreendedor procura subsidiar as respostas para esta questão, inspirando e
gerando conhecimento sobre os pequenos negócios para líderes e gestores públicos. Os conteúdos
do Guia podem apoiar a construção de uma Agenda Estratégica Estadual dos Pequenos Negócios,
bem como a formulação e implementação de políticas públicas que efetivamente promovam a
criação, o desenvolvimento e a competitividade dos pequenos negócios.
Os conteúdos do Guia foram elaborados por consultores estaduais, com forte conhecimento da
realidade local de cada UF, apoiados por um time de especialistas em cada um dos temas tratados.
A partir das propostas e diretrizes aqui definidas, gestores poderão elaborar agendas e planos de
governo, detalhando ações, prazos, metas, parceiros e recursos.
São abordados dez temas estruturantes, considerados fundamentais para a evolução dos pequenos
negócios e aprimoramento do seu ambiente:
Marcos Regulatórios dos Pequenos Negócios;
Apoio, Governança e Representação dos Pequenos Negócios;
Desburocratização e Simplificação;
Tratamento Tributário e Fiscal;
Microempreendedor Individual;
Compras Governamentais;
Crédito e Fomento;
Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade;
Desenvolvimento Territorial e Setorial;
Educação Empreendedora e Profissional.
Para cada um destes temas, são apresentados:
Políticas e Práticas Referenciais: refletem a visão de um ambiente ideal dentro de cada um
dos temas tratados. Estas políticas e práticas podem ser implantadas em qualquer Unidade
Federativa e são ilustradas por casos de sucesso, adotados em vários estados brasileiros;
Panorama do Estado: traz o entendimento da situação atual do Estado. Este panorama é
um breve diagnóstico, não exaustivo, sem formação de qualquer juízo de valor, baseado
nas melhores práticas e em levantamentos situacionais realizados pelos SEBRAE/UF;
18
Políticas Propositivas e Sugestões: são as propostas de políticas e ações para valorizar os
pequenos negócios, contribuindo para seu desenvolvimento, competitividade, além do
aprimoramento do seu ambiente. As políticas e ações propostas para cada tema poderão
inspirar ou compor a Agenda Estratégica Estadual dos Pequenos Negócios.
A figura abaixo ajuda a compreensão do tratamento dado a cada um dos Temas Estruturantes
abordados no Guia do Estado Empreendedor.
Apresentação dos Temas Estruturantes
A adoção de políticas públicas e de uma agenda estratégica governamental em prol dos pequenos
negócios irá levar ao círculo virtuoso do desenvolvimento, beneficiando governo e sociedade. A
próxima figura mostra o relacionamento da Agenda Estratégica dos Pequenos Negócios e o Círculo
Virtuoso do Desenvolvimento
19
Agenda Estratégica dos Pequenos Negócios e o Círculo Virtuoso do Desenvolvimento
O desenvolvimento econômico e social sustentável será alcançado através do aprimoramento do ambiente dos pequenos negócios, aumentando sua
competitividade , qualificação , geração de renda e sobrevivência. Para tanto, recomenda-se investir em uma Agenda Estratégica, que contemple
ações em temas ou áreas que afetam diretamente os pequenos negócios.
20
Experiência Exitosa
UF: Mato Grosso do Sul
Título: Programa Estadual de Apoio aos Pequenos Negócios - PROPEQ
Descrição: O Programa Estadual de Apoio aos Pequenos Negócios – PROPEQ foi lançado pelo
Governo do Mato Grosso do Sul, através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente,
Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar – SEMAGRO em junho/2015, com
o objetivo de aumentar a produtividade e competitividade das micro e pequenas empresas do
Estado, promovendo o desenvolvimento regional e local, a geração de oportunidades de
negócios, ocupação e renda e tornando a economia sul-mato-grossense mais forte e resistente
as crises.
Foi a primeira vez que o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul implementou uma política
pública específica para os pequenos negócios, tendo como foco o aumento da competitividade
e o potencial dinamizador que estes podem transbordar para as economias locais.
O programa gerou ambiência para os pequenos negócios no Estado de Mato Grosso do Sul,
tornando-os presentes e prioritários no plano de governo do Estado.
O PROPEQ foi estruturado em dez projetos considerados fundamentais para a evolução do
ambiente dos pequenos negócios:
Lei Geral Estadual da Micro e Pequena Empresa,
Estrutura de Apoio e Governança,
Fórum Estadual Permanente da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte,
Desburocratização e Orientação,
Tratamento Tributário e Fiscal,
Microempreendedor Individual,
Crédito e Fomento,
Inovação, Assistência Técnica e Tecnológica,
Encadeamento Produtivo e Desenvolvimento Regional,
Acesso a Mercados.
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21
Para cada projeto, o Governo do Mato Grosso do Sul foram propostas políticas públicas e ações,
compondo a Agenda Estratégica dos Pequenos Negócios do Mato Grosso do Sul. Foram firmadas
parcerias com entidades públicas e privadas, pactuando a realização da referida Agenda.
O PROPEQ trabalha com os três níveis de competitividade dos pequenos negócios – empresarial,
estrutural e sistêmica.
Entre as ações realizadas através do PROPEQ podem ser destacadas:
A reativação do Fórum Regional Permanente das Microempresas e das Empresas de
Pequeno Porte do Mato Grosso do Sul, contando com 18 membros vinculados ao
segmento dos pequenos negócios. O Fórum foi estruturado com cinco comitês temáticos:
Desburocratização; Ampliação de Mercados e Compras Governamentais; Formação e
Capacitação Empreendedora; Inovação e Crédito; Disseminação, Informação e
Comunicação.
A promoção de seis Rotas do Desenvolvimento, cobrindo todos os municípios do Estado,
onde foram realizados atendimentos, palestras, cursos, consultorias, estudos e diversas
atividades para os pequenos negócios.
A implementação do PROPEQ ADENSA, projeto que visa preparar e capacitar os pequenos
negócios para que possam suprir as demandas de compras e prestação de serviço
provenientes dos grandes investimentos instalados ou que irão se instalar no Estado de
Mato Grosso do Sul. Através do mapeamento de oportunidades, de programas de
qualificação e da realização de rodadas de negócios, o PROPEQ ADENSA conseguiu gerar
expectativas de negócios futuros superiores a R$ 207 milhões.
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Quem são os Pequenos Negócios
O principal objetivo deste Guia é auxiliar a formulação de políticas públicas para apoio à geração,
desenvolvimento, sobrevivência e competitividade dos pequenos negócios, que são um dos
principais sustentáculos da economia brasileira.
A expressão “pequenos negócios” é utilizada com grande frequência no documento.
Pequenos Negócios são empresas formais que se encaixam nos perfis previstos na Lei
Complementar 123/2006 e podem ser resumidos da seguinte forma:
Microempreendedor Individual (MEI): é empresário individual com receita bruta anual
até R$ 81.000,00;
Microempresa (ME): é a empresa com receita bruta anual até R$ 360.000,00;
Empresa de Pequeno Porte (EPP) é a empresa com receita bruta anual até R$
4.800.000,00;
Agricultor Familiar é aquele que pratica as atividades no meio rural e que atenda os
requisitos da Lei 11.326/2006 e que seja detentor da DAP (Declaração de Aptidão ao
PRONAF);
Produtor Rural Pessoa Física é a pessoa que explora atividade agrícola e/ou pecuária nas
quais não sejam alteradas a composição e as características dos produtos “in natura” e
que faturem o valor de até R$ 4.800.000,00 anualmente e possuam inscrição estadual de
produtor, somando a esse grupo os pescadores com registro geral da pesca;
Empreendimento Econômico Solidário é aquele definido pelo Decreto 7.358/2010 e
mencionado na RDC 49/2013 da ANVISA.
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AGENDA ESTRATÉGICA
DOS PEQUENOS
NEGÓCIOS
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1 - Marcos Regulatórios dos Pequenos Negócios
1.1 - Políticas e Práticas Referenciais
O ambiente favorável para o desenvolvimento, sobrevivência e competitividade dos pequenos
negócios inicia-se a partir de políticas públicas adequadas, que reflitam e operacionalizem o
tratamento diferenciado para o segmento, previsto na Constituição Federal (artigos 146, 170 e
179).
É mister que políticas públicas sejam baseadas na Lei Complementar n° 123/2006 – Estatuto
Nacional da Micro e Pequena Empresa no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios.
A maioria dos estados brasileiros possui marcos regulatórios específicos para as micro e
pequenas empresas. É necessário que os marcos estaduais acompanhem as atualizações da
Legislação Federal e plenamente implementados, para que os resultados de melhoria do
ambiente e desenvolvimento dos pequenos negócios sejam alcançados.
Assim, o primeiro passo do Governo Empreendedor será promover a adoção de políticas públicas
de apoio ao desenvolvimento dos pequenos negócios, tanto através da Lei Geral Estadual da
Micro e Pequena Empresa, quanto pela regulamentação e implementação de outros normativos
sobre o tratamento diferenciado para o segmento.
As ações a seguir são referenciais neste tema:
1. Mapear a legislação estadual sobre os pequenos negócios, por meio do levantamento de
todos os marcos regulatórios estaduais já aprovados e relacionados à Lei Complementar
Federal 123/2006 e aos pequenos negócios. Avaliar se estes marcos regulatórios estão
adequados à realidade e vocação econômica do Estado, promovendo ajustes e atualizações
necessárias.
2. Articular a formulação e aprovação da Lei Geral Estadual, caso esta não esteja aprovada, ou
aprovada parcialmente. Se já existir a Lei Geral Estadual, verificar sua atualização face as
mudanças da Lei Complementar 123/2006. Enfatizar o caráter obrigatório e não opcional das
diretrizes e medidas na redação dos artigos da Lei Geral Estadual. Seguir a estrutura da Lei
Complementar Federal 123/2006, adotada pela maioria dos Estados para que os pequenos
negócios tenham facilidade para encontrar as normas de que precisam. Estimular a
harmonização das legislações municipais.
3. Levantar a efetividade da aplicação da legislação estadual em prol dos pequenos negócios.
Identificar os obstáculos que estão comprometendo sua aplicabilidade e elaborar plano de
ação para promover a implementação.
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4. Promover, com o apoio da Procuradoria Geral do Estado e do SEBRAE, o saneamento das
obrigações acessórias burocráticas estaduais que afetam os pequenos negócios e propor
projeto para revogação/atualização das respectivas legislações
5. Promover a ampla divulgação da Lei Geral Estadual atualizada e de outros marcos
regulatórios sobre os pequenos negócios.
6. Regulamentar e implementar, a nível estadual, as políticas de compliance e combate à
corrupção, aderentes a Lei Federal 12.846/2013, ao Decreto 8.420/2015 e à Portaria
2.279/2015 (editada pela CGU – Controladoria Geral da União e SEMPE – Secretaria da Micro
e Pequena Empresa). Articular a sua adoção pelos órgãos públicos e respectivos
fornecedores de bens e serviços, observando a preferência dos pequenos negócios nas
contratações realizadas.
Experiências Exitosas
UF: Minas Gerais
Título: A preocupação constante com os pequenos negócios
Descrição: O cuidado com os pequenos negócios em Minas Gerais vem desde 1995, quando seu
banco de fomento se tornou um os primeiros credenciados do Sebrae a operar com o Fundo de
Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe).
Em 1997 foi sancionada a Lei Estadual 12.708, dispondo sobre o Programa de Fomento ao
Desenvolvimento das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte do Estado de Minas
Gerais - Micro Geraes, estabelecendo tratamento diferenciado e simplificado nos campos
administrativo, tributário, creditício e de desenvolvimento empresarial a elas.
Quando o governo federal implantou o Simples Nacional, não houve dificuldade alguma no
estado em seguir suas determinações pois, em 2005, já havia no Estado o SIMPLES MINAS, com
normas de tributação diferenciada e formas facilitadas de seu recolhimento.
O Fórum Permanente Mineiro das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte funciona desde
2008; antes dele, agentes públicos e privados já se reuniam, sob a orientação do Sebrae MG, em
um Fórum Mineiro das MPEs (Fomimpe).
Em 2013, a Lei Estadual 20.826 instituiu o Estatuto Mineiro da Microempresa e da Empresa de
Pequeno Porte. A Lei 20.826 foi posteriormente atualizada pela 22.295/2018, garantindo a
aderência da legislação mineira à legislação federal. Os principais temas cobertos pela Lei Geral
Estadual são: definição de MPE, beneficiários, tributos, compras governamentais, fiscalização,
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associativismo, cooperativismo, incentivo, crédito, capitalização e inovação tecnológica. A lei
mineira segue todas as determinações do Estatuto Nacional da Micro e Pequena Empresa (Lei
Complementar Federal 123/2006) nas definições sobre pequenos negócios.
UF: Rio de Janeiro e Distrito Federal
Título: Contratação preferencial das Micro e Pequenas Empresas, Compliance e
Combate à Corrupção
Descrição: Pesquisa realizada pela CNI e IBOPE apontou que o enfrentamento da corrupção, com
a devida punição de culpados, deve ser a primeira prioridade do futuro presidente. O brasileiro
está preocupado e sem confiança no seu futuro, devido a tantos escândalos que a cada dia são
reportados na mídia, envolvendo políticos e empresários.
A Lei 12.846/2013 (Lei Anticorrupção), posteriormente regulamentada pelo Decreto Federal
8.420/2015, tem como objetivo a responsabilização objetiva de pessoas jurídicas no âmbito
administrativo e civil pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
A Lei Anticorrupção, ao aliar a punição com a prevenção, inovou no cenário legal brasileiro,
sugerindo a adoção de políticas internas de integridade pelas empresas, inclusive como
atenuante para possíveis punições.
Para disseminar as medidas contra corrupção entre as empresas de qualquer porte, a CGU –
Controladoria Geral da União, com o apoio do SEBRAE, lançou o Programa Empresa Íntegra, do
qual fazem parte a Rede Nacional de Disseminação do Programa Empresa Íntegra – REI e o
Movimento da Empresa Íntegra, esse último atualmente em desenvolvimento e que visa um
portal interativo onde os empresários podem encontrar subsídios para a construção sua política
interna, bem como disseminar suas práticas nas redes sociais como elementos de incentivo para
outras empresas.
A REI, por seu lado, foi iniciada em julho de 2017 e um ano depois conta com 16 estados,
conforme indicado abaixo: Acre, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato
Grosso, AMAZONAS, Pará, Paraíba, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima e
São Paulo.
A parceria entre CGU e SEBRAE visa ainda preparar as empresas para o cumprimento de leis
estaduais que começam a surgir para exigir das empresas fornecedoras dos governos a
comprovação de políticas de integridade.
O Rio de Janeiro e o Distrito Federal foram os primeiros a sancionar as leis próprias – Leis
7.753/2017 e Lei 6.112/2018, respectivamente. Em ambos normativos, fica estabelecida a
exigência de Programa de Integridade para as empresas que celebrarem contrato, consórcio,
convênio, concessão ou parceria público-privado com a administração pública direta, indireta e
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fundacional do governo estadual/distrital, com valores e/ou prazos superiores aos limites
estabelecidos.
Também nos dois normativos, são indicados os parâmetros para avaliação dos Programas de
Integridade, conforme estabelecido no Decreto 8.420/2015. Destaca-se que, na Lei 6.112/2018
(DF) é especificado o tratamento diferenciado para as micro e pequenas empresas.
As Leis do RJ e DF já estão no período de vigência.
1.2 - Panorama Atual no Amazonas
A Constituição Estadual do Amazonas foi promulgada em 1989, atendendo às determinações da
Federal, do ano anterior. Assim, em seu artigo 168, prescreve que o Estado e os Municípios
concederão especial proteção às microempresas e às empresas de pequeno porte, que
receberão tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas
obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou
redução destas por meio de lei.
Após a promulgação da Lei Complementar 123/2006, o Estado manifestou sua adesão
aprovando a Lei Estadual 3151/2007 dispondo sobre a aplicação no estado do Estatuto Nacional
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Apesar de repetir e considerar como válidas
as obrigações do estado prevista na Lei Complementar, em nada modificou, na ocasião, o status
quo da legislação vigente. Faz referências tão somente a tributos e simplificações. Tudo se
remete à uma regulamentação posterior, que ainda não aconteceu.
Não há, na estrutura governamental amazonense, órgão encarregado do apoio aos pequenos
negócios.
Os normativos referentes aos pequenos negócios mais importantes, são:
Decreto 21.182/2008: Criou o Programa Amazonense de Compras Governamentais;
adotando as diretrizes da Lei Complementar 123/2006 visando ao desenvolvimento
econômico e social; planeja e fixa meta anual para participação de MPE nas compras
públicas; especifica nos editais critérios que facilitam o acesso das MPE na concorrência
pública e quais órgãos da administração direta e indireta devem observar o tratamento
favorecido e diferenciado das MPE.
Decreto 24.421/2008: dispõe sobre o Empreendedor Social.
Decretos 28.048/2008 e 30.486/2010: dispõem sobre a aplicação do Simples Nacional no
Amazonas.
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Leis 3.321/2008 e 3.270/2008: dispõem sobre a isenção do ICMS para os optantes do
Simples Nacional.
Lei 81/2010 – Instituiu o Fórum Estadual das Microempresas e das Empresas de Pequeno
Porte do Estado do Amazonas – FAMPEAM. É vinculado à Secretaria de Planejamento para
cuidar dos aspectos não tributários relativos ao tratamento dispensado as ME, EPP e MEIs.
O Fórum não tem ainda regimento interno nem se reúne. Ou seja, é inoperante.
Decreto 29.935/2010 - No mesmo ano, atendendo a dispositivo da Lei Complementar 123,
o governo institui o Subcomitê Estadual para Gestão da Rede Nacional para Simplificação do
Registro e da Legalização de Empresas e Negócios – CGSIM.
Resolução SEFAZ 10/2010: dispõe sobre a inscrição e baixa do Microempreendedor
Individual.
1.3 - Políticas Propositivas e Sugestões
A existência de normativos dispersos confunde o empreendedor e dificulta o desenvolvimento
dos pequenos negócios. Assim, sugerem-se inicialmente as seguintes ações:
1. Articular a formulação e aprovação de uma Lei Estadual do Microempreendedor Individual,
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
Percebe-se a necessidade de inovação, de criação de uma legislação completa e atualizada
em favor dos pequenos negócios amazonenses, que consiga reunir num só diploma legal,
todos os assuntos pertinentes às pequenas empresas, como acontece com na legislação
federal.
Recomenda-se que esta Lei Geral Estadual inclua todas as atualizações da Lei Geral Federal,
introduzidas pela Lei Complementar 147/2014 e 155/2016 especialmente com relação a:
Determinação de que novas obrigações que venham a ser estabelecidas pelo Governo
Estadual e afetarem a micro e pequena empresa somente poderão ser aplicadas se
previsto o tratamento diferenciado para os pequenos negócios, estabelecida no âmbito
federal pela Lei Complementar 147/2014, deve ser incluída na Lei Estadual.
Extensão dos benefícios ao pequeno produtor rural e a agricultura familiar;
Seja estruturada seguindo o modelo da Lei Complementar Federal 123/2006,
contemplando todos os seus temas;
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Englobe todas as leis estaduais referentes aos pequenos negócios. Estas leis precisam
ser remetidas à Lei Geral Estadual, como ocorre com as alterações da Lei Complementar
123/2006, no âmbito federal;
Enfatize, na redação de todos os artigos, o caráter obrigatório das diretrizes e medidas
referentes ao tratamento dos pequenos negócios;
Inclua outros artigos específicos que serão apresentados nos próximos temas deste
Guia.
2. Promover a discussão ampla da nova Lei Geral Estadual da Microempresa e da Empresa de
Pequeno Porte.
Uma proposta de Lei Geral Estadual deve ser discutida na Assembleia Legislativa, com a
participação dos pequenos negócios, para que possam expor sua real situação e seus reais
problemas.
Os órgãos municipais e estaduais de apoio aos pequenos negócios poderiam participar de
forma direta nesta discussão, com vistas a verificar e propor a melhor maneira de atender
este púbico.
3. Verificar o estágio de implementação do tratamento diferenciado para os pequenos
negócios no Estado do Amazonas, levantando os obstáculos que estão comprometendo a
sua efetivação.
O Governo Estadual deve ddeterminar que os diversos órgãos públicos programem ações
para a efetivação do tratamento diferenciado aos pequenos empreendimentos,
principalmente com relação à Desburocratização e às Compras Governamentais, tendo em
vista assegurar o cumprimento das legislações nacional e estadual.
4. Regulamentar e implementar, a nível estadual, as políticas de compliance e combate à
corrupção, aderentes a Lei Federal 12.846/2013, ao Decreto 8.420/2015 e à Portaria
2.279/2015 (editada pela CGU – Controladoria Geral da União e SEMPE – Secretaria da Micro
e Pequena Empresa). Articular a sua adoção pelos órgãos públicos e respectivos
fornecedores de bens e serviços, observando a preferência dos pequenos negócios nas
contratações realizadas.
As legislações do Rio de Janeiro e o Distrito Federal (respectivamente, Leis 7.753/2017 e
6.112/2018), que tratam da exigência do Programa de Integridade para os fornecedores dos
órgãos públicos, podem ser adotadas como modelos.
Recomenda-se também a adesão do Estado do Amazonas ao Programa Empresa Íntegra e à
Rede Nacional de Disseminação do Programa Empresa Íntegra – REI, articulada pela CGU e
SEBRAE, porém ainda não possui legislação própria sobre compliance, combate a corrupção
e contratação preferencial dos pequenos negócios.
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2 - Apoio, Governança e Representação dos Pequenos
Negócios
2.1 - Políticas e Práticas Referenciais
Para agilizar a implementação e garantir a efetividade das políticas públicas de apoio aos
pequenos negócios, é recomendável que o Governo Estadual se preocupe em promover o apoio
e a representação deste segmento, além de buscar uma governança efetiva das ações realizadas.
Neste esforço para o apoio, a governança e a representação dos pequenos negócios devem ser
envolvidos os poderes públicos estaduais, o setor privado, as entidades representativas da micro
e pequena empresa e dos segmentos econômicos e a sociedade em geral.
Neste tema da Agenda Estratégica podem ser apontadas como políticas e práticas referenciais:
1. Construir programa integrado de desenvolvimento econômico estadual, incluindo ações para
o desenvolvimento dos pequenos negócios e para a formação de lideranças
empreendedoras.
2. Analisar o ambiente dos pequenos negócios no estado, levantar pontos críticos que afetam
o segmento, obstaculizando o tratamento diferenciado previsto na Constituição Federal e
definir estratégias para o seu saneamento.
3. Provisionar recursos no PPA Estadual para o programa de desenvolvimento e outras ações
voltadas para os pequenos negócios.
4. Firmar parcerias para a execução de programas e de outras ações que beneficiem os
pequenos negócios, envolvendo representantes dos pequenos negócios, entidades
profissionais e lideranças estaduais. Estabelecer a governança para o monitoramento do
programa de desenvolvimento estadual, bem como para a gestão e acompanhamento de
políticas públicas e outras ações do governo estadual em prol dos pequenos negócios.
5. Disponibilizar, por meio da internet, para entidades públicas e privadas e para a sociedade
em geral, dados, indicadores e informações sobre as ações do Governo do Estado em prol
dos pequenos negócios, como normas específicas, projetos, resultados de políticas públicas,
atendimentos realizados, participação de micro e pequenas empresas em compras públicas,
etc.
6. Construir parcerias com o Governo Federal e os Municípios para a implementação de ações
para melhoria do ambiente dos pequenos negócios.
7. Promover a criação, o fortalecimento e a divulgação do Fórum Estadual Permanente da Micro
e Pequena Empresa, incluindo a aprovação/atualização do seu estatuto, a criação de
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31
secretaria técnica e dos comitês temáticos, a previsão de dotação orçamentária (incluída na
LDO), o incentivo para a participação dos órgãos governamentais e não governamentais, bem
como dos representantes dos pequenos negócios e da sociedade em geral.
8. Incentivar que as discussões de políticas públicas para os pequenos negócios sejam por meio
do Fórum Permanente da Micro e Pequena Empresa. Instituir mecanismo que formalize as
deliberações sobre os temas tratados no Fórum (Instrução Normativa).
9. Participar efetivamente do Fórum Permanente Nacional comparecendo aos seus eventos.
10. Promover a criação, o fortalecimento e a divulgação do Fórum dos Secretários Municipais de
Desenvolvimento.
Experiência Exitosa
UFs: Pernambuco e Mato Grosso do Sul
Título: Fórum Estadual de Secretários e Dirigentes Municipais de Desenvolvimento
Econômico
Descrição: As iniciativas para a construção dos Fóruns Estaduais de Secretários e Dirigentes
Municipais surgiram nos Encontros dos Municípios com o Desenvolvimento Sustentáveis (EMDS),
promovidos bienalmente pela Frente Nacional dos Prefeitos (FNP), com o objetivo de mobilizar
gestores públicos dos três níveis de governo para incluir o tema da sustentabilidade em seus
programas de governo e criar agendas propositivas de desenvolvimento local sustentável. No
último EMDS, realizado em 2017, contou com mais de nove mil participantes representando
municípios, estados e o Governo Federal.
No IV EMDS constatou-se a necessidade de retomar o foco na pauta do desenvolvimento pelas
lideranças municipais, um tema frequentemente preterido em função de outras demandas da
sociedade, como saúde, educação, segurança, etc.
Para tanto, a implementação dos Fóruns Estaduais de Secretários e Dirigentes Municipais de
Desenvolvimento Econômico torna-se uma opção efetiva, ao disponibilizar um espaço de
articulação, capacitação e troca de experiência entre gestores municipais da área de
desenvolvimento econômico.
Os Estados de Pernambuco e Mato Grosso do Sul implementaram os respectivos Fóruns,
valorizando assim o protagonismo de Secretários e Dirigentes, bem como promovendo a
integração entre pastas municipais, SEBRAE e Agentes de Desenvolvimento. Para a
implementação e governança dos Fóruns foram realizadas parcerias entre os Governos Estaduais
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e outras entidades, como a FNP, Tribunais de Contas, SEBRAE e outros representantes dos
pequenos negócios.
A realização das oficinas técnicas e encontros dos participantes dos Fóruns favorecem o melhor
conhecimento dos municípios, suas demandas e forças; do relacionamento dos municípios
dentro de suas regiões; e do relacionamento das regiões com o Governo Estadual. Desta forma,
é possível construir um plano de trabalho voltado para o desenvolvimento territorial, setorial e
estadual.
O sucesso dos Fóruns depende de uma forte rede de relacionamento, envolvendo prefeitos,
secretários, agentes de desenvolvimento e SEBRAE, através da realização de encontros
presenciais e da divulgação de comunicados formais.
Entre os resultados alcançados pelos Fóruns Estaduais devem ser destacados a ampliação do
acesso às esferas decisivas dos municípios; o apoio e a governança das ações para o
desenvolvimento econômico e representação; o aprofundamento do relacionamento entre
gestores das prefeituras e do Sebrae; o aumento da cooperação e confiança intermunicipais; o
reconhecimento da Rede de Secretários como indutor da liderança territorial e agente na busca
e implementação de soluções mais complexas, que afetam uma região ou o Estado; a qualificação
e organização de demandas apresentadas ao Governo do Estado.
2.2 - Panorama Atual no Amazonas
Não há atualmente, na estrutura governamental amazonense, órgão central encarregado do
apoio e da governança de projetos voltados aos pequenos negócios. Entre 2003 a 2015, existia
o Departamento da Micro e Pequena Empresa – DEMPE na estrutura do Governo do Estado do
Amazonas, órgão voltado especialmente para a coordenação, operacionalização e
acompanhamento das políticas públicas de apoio aos pequenos negócios. Também existiu a
Câmara da Micro e Pequena Empresa – órgão de atuação consultiva e propositiva.
O estado do Amazonas adaptou-se às necessidades das micro e pequenas empresas adotando as
seguintes iniciativas:
1. Criado pelo Decreto nº 34.452, de 06 de fevereiro de 2014 o Subcomitê Estadual da REDESIM
implantou o sistema de informações hoje tido como a principal ferramenta para a
formalização de empresas no Amazonas.
2. O Decreto 81/2010, instituiu o Fórum Estadual das Microempresas e das Empresas de
Pequeno Porte do Estado do Amazona - FAMPEAM, vinculado à Secretaria de Planejamento
e Desenvolvimento Econômico, como instância governamental estadual competente para
cuidar dos aspectos não tributários relativos ao tratamento diferenciado e favorecido
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dispensado às microempresas e empresas de pequeno porte. Entretanto, até o presente
momento não foram normatizadas as atribuições desta estrutura, não se permitindo dizer
que exista tal Fórum no Estado do Amazonas.
2.3 - Políticas Propositivas e Sugestões
Como visto na introdução deste Guia, os pequenos negócios geram a maioria dos empregos e
podem ter um papel muito importante no enfrentamento de crises. Mas representam também
um segmento mais frágil, que precisa do apoio governamental para desenvolver e alcançar os
resultados esperados de geração de emprego e renda.
Recomendam-se as seguintes ações:
1. Divulgar informações, dados estatísticos, relatórios referentes aos pequenos negócios, e
políticas públicas, permitindo a avaliação e mensuração da eficiência de ações e projetos
implementados. Divulgar todas as informações pertinentes aos pequenos negócios e
políticas em site oficial do governo, incluindo normas, ações, projetos e resultados
alcançados.
É oportuna a consolidação de dados, indicadores e informações atualizadas sobre os
pequenos negócios do Estado do Amazonas. Dados, indicadores e outras informações são
subsídios indispensáveis para a avaliação das políticas públicas e o direcionamento da
atuação dos órgãos de atendimento.
Iniciativas de outras entidades podem ser compartilhadas para a disponibilização de dados
e indicadores relativos aos pequenos negócios. Por exemplo, o IRB – Instituto Rui Barbosa e
os Tribunais de Contas desenvolveram o IEGM – Índice de Efetividade da Gestão Municipal
e o IEGE – Índice de Efetividade da Gestão Estadual, que incluem o desenvolvimento
econômico local como ponto de avaliação e que podem subsidiar as ações dos governantes
eleitos. Cabe ao Governo Estadual identificar estas iniciativas e articular novas parcerias,
para a geração e disponibilização dos dados e informações.
É recomendável que as ações governamentais relacionadas aos temas tratados neste Guia
do Estado Empreendedor e os resultados alcançados sejam ampla e sistematicamente
divulgados, através da internet e utilizando as ferramentas do Governo Digital.
2. Apoiar a Frente Parlamentar das Micro e Pequenas Empresas
Articular politicamente para o fortalecimento e a interação da Frente Parlamentar da Micro
e Pequena Empresa, com o Fórum Estadual e as próprias estruturas do Governo, de modo a
obtenção de apoio legislativo e técnico nas ações do Governo Estadual e Municipais, para o
desenvolvimento e melhoria do ambiente dos pequenos negócios.
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3. Criar Comissão Intersecretarial para conduzir as ações em prol dos pequenos negócios
Criar um grupo representativo de cada secretaria do estado, de modo que haja sincronia nas
ações voltadas aos pequenos negócios, de modo que ações ou normatizações estejam
sempre alinhadas, sem dubiedade quanto ao entendimento ou à locação de recursos, e
principalmente na transição dessa ação ao empreendedor.
4. Reativar o Fórum Estadual Permanente da Micro e Pequena Empresa
5. Promover a realização de Mutirão Estadual junto aos Municípios – Lei Geral
Orquestrado pelo próprio Governador, realização de um congresso estadual com a presença
dos Prefeitos, para que haja uma sensibilização e demonstração do papel dos pequenos
negócios na economia estadual e municipal, alinhando políticas, apoios e parcerias, para que
o estado caminhe em uma só direção para alcançar o desenvolvimento desejado.
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3 - Desburocratização e Simplificação
3.1 - Políticas e Práticas Referenciais
A burocracia existente nos níveis federal, estadual e municipal representa um dos maiores
entraves para a formalização e o desenvolvimento dos pequenos negócios, com impactos diretos
na dinâmica empresarial, na formalização de empresas e na geração de emprego e renda.
O Doing Business – Relatório 2018, por exemplo, situa o Brasil na 176ª posição entre 190
economias avaliadas, em relação ao indicador “Abertura de Empresas”, e informa que são
necessários 101 dias para se registrar um novo negócio.
Se esta posição do Doing Business trata dos negócios formais, deve ser ressaltado que a
quantidade de empreendimentos informais no país supera com larga margem de diferença a
quantidade das empresas formais. Comparando-se o número de donos de negócios
(Trabalhadores por Conta Própria + Empregadores, conforme informação do IBGE na PNAD –
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), pode ser estimado que apenas 42% dos pequenos
negócios brasileiros são formalizados.
A informalidade leva seus empreendedores a apresentar baixo potencial de crescimento,
comprometendo o nível de emprego formal e afetando a arrecadação estadual, devido a maior
sonegação de impostos.
Deve ser destacado, contudo, que a REDESIMPLES é uma realidade exitosa em todos os estados
brasileiros.
Todas as 27 UFs já aderiram à REDESIMPLES e utilizam sistemas integradores que compartilham
processos e cadastros entre as Juntas Comerciais, Secretarias de Receita, órgãos de
licenciamento e prefeituras. A integração não está ainda completa em alguns estados e, em
outros, alguns municípios ainda não estão completamente interligados, coexistindo processos
digitais e manuais.
As ações relacionadas a seguir podem ser consideradas como referência para reduzir a burocracia
no Estado e contribuir para o aumento dos índices de formalização dos pequenos negócios:
1. Apoiar a REDESIMPLES, atraindo novos parceiros para a REDESIMPLES e expandindo ações de
integração dos órgãos envolvidos.
2. Estabelecer um canal para formalizar parcerias entre o SEBRAE e Agentes de Fomento
Empresarial do Estado, visando a capacitação dos pequenos negócios em gestão empresarial
e empreendedorismo.
3. Promover a simplificação sistemática do registro, alteração e baixa de empresas, por meio da
otimização dos processos nos órgãos estaduais envolvidos.
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36
4. Adotar a depuração periódica do cadastro de empresas da Junta Comercial Estadual, por
meio do recadastramento a cargo das empresas, com prazos pré-estabelecidos, tendo em
vista assegurar a qualidade e veracidade dos dados.
5. Determinar que os órgãos responsáveis pelos processos de registro, alteração e baixa de
empresas disponibilizem orientações prévias, claras e atualizadas na internet, bem como
informações sobre os processos de registro, alteração e baixa de empresas, como quantidade
de processos realizados, prazos médios, etc.
6. Adotar o número único para a empresa (CNPJ) para todos os cadastros em todos os níveis de
governo.
7. Dispensar a comprovação de adimplência junto ao governo e apresentação de documentos
cujo depositário for o próprio governo.
8. Flexibilizar meios de pagamento (Cartão de Crédito, celular) para os pequenos negócios.
9. Adotar a classificação das atividades por grau de risco e definir processos simplificados para
o licenciamento das atividades de baixo risco, como a eliminação de vistoria prévia, a
utilização da autodeclaração ou a revisão dos critérios do licenciamento ambiental com foco
em baixo impacto ambiental.
10. Estabelecer a obrigatoriedade da fiscalização orientadora referente aos aspectos trabalhista,
metrológico, sanitário, ambiental, de segurança, de relações de consumo e de uso e ocupação
do solo, baseada no princípio da dupla visita, para os pequenos negócios.
11. Investir em capacitação e ações de educação sobre meio ambiente, segurança alimentar e
contra incêndio.
12. Dispensar a cobrança ou conceder descontos sobre taxas de licenciamento para as micro e
pequenas empresas.
13. Fomentar consórcio entre o Estado e Municípios com o Sistema Único de Atenção à Sanidade
Agropecuária (SUASA).
14. Adotar, no âmbito estadual, os seguintes normativos:
Resolução CGSIM nº 29, que trata da integração do processo de licenciamento pelos
Corpos de Bombeiros Militares à REDESIMPLES;
Resolução ANVISA RDC nº 49, que regulariza o exercício de atividades que sejam objeto
de fiscalização pela vigilância sanitária, pelo microempreendedor individual, pelo
empreendimento familiar rural e pelo empreendimento econômico solidário.
15. Articular a criação de juizados especiais para os pequenos negócios e câmaras de conciliação
e arbitragem em todo o território estadual.
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16. Adotar cláusula arbitral e promover a conciliação e mediação de conflitos que envolverem
órgãos estaduais.
17. Estruturar Comitê Temático sobre racionalização legal e burocrática no Fórum Estadual
Permanente da Micro e Pequena Empresa.
18. Construir parcerias com os órgãos estaduais representativos do segmento contábil (CRC,
SESCON, SESCAP) para promover o apoio e a orientação aos pequenos negócios no seu
registro, licenciamento e cumprimento das obrigações fiscais, tributárias, trabalhistas, etc.
Promover a realização de programas para capacitação de contadores sobre o sistema
integrador estadual.
Experiências Exitosas
UF: Acre, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul e Roraima
Título: Projeto Junta Digital
Descrição: O Projeto Junta Digital ousou promover uma revolução nas Juntas Comerciais com o
desafio de implantar uma Junta Comercial sem papel, menos burocrática, com serviços pela
internet, agilidade para o empreendedor e segurança jurídica.
As Juntas Comerciais dos estados do Acre, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,
Rio Grande do Sul, Roraima e do Distrito Federal estabeleceram parceria por meio de acordo de
cooperação técnica para utilização e gestão compartilhada da solução pública de registro e
formalização de empresa digital, denominada Junta Digital.
Desenvolvida pela Junta Comercial do estado de Minas Gerais (JUCEMG), a solução possibilitou
a modernização dos processos de formalização por meio do registro digital e da melhoria de
integrações entre órgãos federais, estaduais e municipais.
Os sistemas públicos garantem segurança para a guarda dos dados de empresas e cidadãos, e
autonomia à Junta Comercial, que permanece detentora do seu banco de dados e da solução
tecnológica.
A Junta Comercial de Roraima - JUCERR abraçou fortemente a causa do projeto e em menos de
um ano tornou-se 100% digital, oferecendo todos seus serviços pela internet, 07 dias na semana
e 24 horas por dia. A JUCERR simplificou todo o processo de abertura e formalização de
empresas, reduziu distâncias e agilizou a vida dos empresários e empreendedores, já que agora
podem realizar os serviços sem sair de casa, por meio da internet. Com esses avanços a JUCERR
conseguiu reduzir o prazo para registrar uma empresa de 2 dias para apenas 03 horas.
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A Junta Comercial do Ceará - JUCEC também tem revolucionado sua prestação de serviços com
a implantação do Projeto Junta Digital. Além de também oferecer todos os serviços pela internet,
a JUCEC tem promovido uma revolução na esfera pública ao colocar todo o seu banco de dados
em nuvem. Num trabalho inspirador e que merece ser replicado para outros estados como forma
de posicionamento tecnológico, a JUCEC foi a primeira Junta Comercial do país a utilizar a
tecnologia blockchain, garantindo a segurança dos dados das empresas e dos empresários
cearenses. Com o blockchain a Junta do Ceará fortalece seu sistema de segurança e sua prestação
de serviços, dando ao usuário a garantia de total imutabilidade dos documentos registrados e
arquivados em seu banco de dados. Toda essa revolução digital garante maior confiabilidade e
longevidade dos dados arquivados, pois com as redes descentralizadas, o blockchain não tem um
ponto central de falha e, assim, se torna mais resistente a ataques maliciosos.
UF: Minas Gerais
Título: Sala Mineira do Empreendedor
Minas Gerais sempre foi estado pioneiro na integração dos processos de registro e legalização
de empresas e na implantação da Junta 100% Digital, integrando as Secretarias da Receita, do
Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e da Saúde, Vigilância Sanitária, Corpo de
Bombeiros Militar de Minas Gerais e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
– SEBRAE MINAS.
Em 2004, foi lançado o programa estruturante Minas Fácil, em parceria entre a Junta Comercial
de Minas Gerais, Secretaria Estadual da Fazenda, Receita Federal e órgãos de licenciamento. Este
programa tinha o objetivo de simplificar e desburocratizar as relações entre o Estado e as
empresas, criando um ambiente favorável para a abertura, alteração, baixa e licenciamento de
empresas. O Minas Fácil alcançou a marca de 120 municípios.
A partir de 2017, o Estado avança mais na desburocratização e simplificação dos processos de
registro e legalização de empresas e, ainda, no atendimento e orientação aos pequenos negócios,
com a implantação do projeto Sala Mineira do Empreendedor.
Este projeto, desenvolvido em parceria entre a Junta Comercial do Estado de Minas Gerais –
JUCEMG e o SEBRAE/MG, disponibiliza espaço único nos municípios onde o empreendedor,
independentemente do seu porte, pode contatar poder público e entidades de apoio, a fim de
formalizar e licenciar o seu empreendimento em todos os níveis, obter informações e
orientações, buscar conhecimento para seu desenvolvimento profissional e de seu negócio,
cumprir obrigações tributárias e acessórias, solicitar/receber outros serviços.
Com a Sala Mineira do Empreendedor, multiplicam-se os pontos de atendimento ao empresário,
contribuindo para a rápida e desburocratizada solução de suas demandas.
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Atualmente 301 municípios já assinaram Termo de Adesão ao projeto, visando a instalação de
novas unidades da Sala Mineira do Empreendedor. Foram inauguradas 113 Salas, que trabalham
seguindo processos padronizados e simplificados.
A adoção da Sala Mineira do Empreendedor traz benefícios para a Administração Municipal, ao
favorecer o aumento da arrecadação, a melhoria da imagem da prefeitura, o uso mais eficiente
dos recursos disponíveis.
Os resultados apresentados são relevantes: entre junho/2017 e julho/2018, 81% das
formalizações de novas empresas em Minas Gerais foram efetuadas em municípios que aderiram
à Sala Mineira do Empreendedor.
Por outro lado, a população e, especialmente, o empresariado é beneficiado, uma vez que poderá
formalizar e licenciar o empreendimento se dirigindo a apenas um local, ter acesso a informação,
conhecimento gerencial e administrativo para o empreendimento, receber serviços públicos
preparados para atende-lo e não apenas para cumprir normas burocráticas. Todos estes fatores
irão contribuir para a melhoria das condições de competitividade das empresas locais, gerando
aumento de ocupação, renda, consumo, arrecadação e qualidade de vida para toda a população.
3.2 - Panorama Atual no Amazonas
Os empreendedores amazonenses contam com o portal Empresa Super Fácil
(www.empresasuperfacil.am.gov.br), integrado à Redesimples, que realiza os processos de
registro, alteração e baixa de empresas. É uma ferramenta que faz a integração entre os dados
cadastrais da Receita Federal do Brasil e os diversos órgãos Estaduais e Municipais que participam
do processo de abertura, alteração e baixa de empresas e as disponibiliza na rede mundial de
computadores – Internet em um ambiente integrado, interativo e de fácil acesso. A Redesimples
é uma parceria com Governo do Estado do Amazonas, JUCEA – Junta Comercial do Estado do
Amazonas (www.jucea.am.gov.br), AAM - Associação Amazonense de Municípios e o SEBRAE AM
– Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas.
A Junta Comercial do Estado do Amazonas – JUCEA também é 100% digital. No interior do estado
em parceria com as Salas do Empreendedor oferece o serviço de protocolo digital, reduzindo
custos e tempo para registro de qualquer documento nesse órgão
Todos os municípios do Amazonas estão integrados à Redesimples. Os processos de formalização
são realizados através do portal Empresa Super Fácil.
Processos de formalização de empresas observam a classificação por grau de risco das atividades.
Uma empresa de baixo risco terá sua formalização concluída em 48 horas.
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Devem ser destacados os seguintes pontos quanto ao tema Desburocratização e Simplificação
no Estado do Amazonas:
1. Subcomitê Estadual para Gestão da Redesimples
O Governo do Estado do Amazonas, pelo Decreto n° 29.935 de 14.5.2010, instituiu o
Subcomitê Estadual para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da
Legalização de Empresas e Negócios – CGSIM, cujo objetivo é implantar a Rede Nacional para
a Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios – Redesimples, no
âmbito do Estado do Amazonas, para permitir que o cidadão abra ou regularize o seu negócio
de forma simplificada e sem burocracia. Este Subcomitê é presidido pelo Secretário de
Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico – SEPLAN e a Coordenadoria
Executiva pela presidente da Junta Comercial do Estado do Amazonas – JUCEA.
2. Adesão a Redesimples
O Estado do Amazonas implantou o sistema SIGFACIL para a integração dos órgãos e
processos relacionados ao registro, licenciamento, alteração e baixa de empresas.
Todo o processo de formalização de empresas é efetuado por meio da Redesimples, já
implantada em todos os municípios do Amazonas.
Os prazos são seguidos de acordo com o porte da empresa, dependem da atividade seguida
por esta. Alto risco - Depende da atividade; Baixo Risco – 48H.
Os custos para registro são informados no site dos órgãos envolvidos, são eles: JUCEA, SEFAZ,
Corpo de Bombeiros, IMPLURB
As informações de risco estão disponíveis no site: www.empresasuperfacil.am.gov.br. O
risco depende do segmento, por isso é necessário a consulta ao site.
O Alvará não é pago e é válido por 6 meses. A renovação é feita anualmente e está a cargo
da empresa manter vigente o licenciamento.
A REDESIMPLES já está em pleno funcionamento em todos os Municípios do Estado do
Amazonas. Os órgãos envolvidos com a implementação são: JUCEA, Receita Federal,
Prefeituras, SEFAZ, IPAAM, Bombeiros. Todas as exigências feitas para a legalização das
empresas são previstas por lei.
3. Pesquisa Prévia de Nome e Localização
As consultas prévias de localização são realizadas através do portal Empresa Superfácil, que
também disponibiliza as orientações sobre o processo.
A pesquisa prévia precisa ser realizada antes do cadastro dos dados da nova empresa pela
Junta Comercial.
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3.3 - Políticas Propositivas e Sugestões
O Estado do Amazonas já conta com todos os municípios integrados a Redesimples, e a
formalização é feita em até 48 horas para as empresas de baixo risco de atividades.
Para completar a implementação da Redesimples e promover o constante aperfeiçoamento e
simplificação dos processos de registro, licenciamento e baixa de empresas, recomenda-se:
1. Expandir o protocolo digital da Junta Comercial do Estado do Amazonas para todos os
municípios amazonenses, promovendo a efetiva integração de todos os órgãos envolvidos e
dos processos de análise de viabilidade, registro, alteração, baixa e licenciamento de
empresas.
O Estado do Amazonas aderiu a REDESIM desde a formação do Subcomitê Estadual de
Gestão da REDESIM e da implantação do sistema integrador SIGFACIL.
2. Dar suporte aos municípios e órgãos de licenciamento para disponibilização de recursos
tecnológicos, materiais e capacitação funcional, tendo em vista a otimização dos processos
de registro, alteração e baixa de empresas.
3. Promover a simplificação sistemática do registro, licenciamento, alteração e baixa de
empresas, através da otimização dos processos nos órgãos estaduais envolvidos.
A otimização de processos permitirá o cumprimento das diretrizes da REDESIM. Para tanto,
devem ser observadas as diretrizes da Lei Complementar Federal 147/2014, a saber:
Instituição da entrada única de dados e documentos;
Compartilhamento integral das bases de dados pelos órgãos envolvidos nos processos
de registro, licenciamento, alteração e baixa de empresas;
Adoção do CNPJ como único número de cadastro das empresas;
Sequenciamento das atividades de registro e licenciamento de empresas, conforme
previsto na Lei Complementar Federal 147/2014;
Classificação do grau de risco das atividades, por CNAE, com base no modelo federal e
incluindo como exceções apenas os casos justificados pelas especificidades locais;
Emissão de alvará de funcionamento mesmo em áreas sem regularidade fundiária ou
sem habite-se;
Proibição de novas exigências que não tenham sido previstas em lei.
Inserção, na pesquisa de viabilidade, da consulta de marca e domínio na internet.
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4. Reduzir ou isentar as micro e pequenas empresas das taxas de registro, licenciamento,
fiscalização e emissão de alvarás.
5. Adotar a fiscalização orientadora, baseada no princípio da dupla visita, para os pequenos
negócios, prevendo a invalidação de exigências e atos, caso não respeitados estes dois
procedimentos. A fiscalização orientadora abarcará os aspectos metrológico, sanitário,
ambiental e de segurança.
6. Adotar a depuração periódica do cadastro de empresas da Junta Comercial Estadual, através
do recadastramento a cargo das empresas, com prazos pré-estabelecidos, tendo em vista
assegurar a qualidade e veracidade dos dados.
A realização de recadastramentos simplificados e periódicos das empresas ativas permitirá
assegurar maior fidelidade às estatísticas de quantidade de empresas existentes no Estado.
7. Disponibilizar, por meio da internet, podendo ser no próprio site da JUCEA ou no Portal
Empresa Superfácil, dados e informações de registros, alterações de baixas de empresas,
custos, diferenciação dos processos realizados dentro e fora da REDESIM, entre outros.
8. Promover a padronização dos critérios para estabelecimento do grau de risco de atividades,
evitando exigências desnecessárias por parte dos órgãos de controle.
Conforme previsto na Lei Complementar Federal 147/2014, estados e municípios que não
possuírem a classificação do grau de risco das atividades devem adotar a classificação
federal, aceitando-se exceções apenas nos casos justificados devido a especificidades locais.
9. Investir em capacitação dos servidores públicos e empreendedores.
A partir da ampliação dos espaços para orientação ao empreendedor, é imprescindível a
realização de capacitações de servidores que irão fazer parte dessas estruturas. Além disso,
a melhor forma para que a legislação seja cumprida, é orientar e capacitar de maneira
preventiva os empresários dos pequenos negócios nos temas sobre meio ambiente,
segurança alimentar, contra incêndio, entre outros.
10. Criar os juizados especiais para os pequenos negócios em todo o território amazonense.
A justiça é um dos órgãos mais burocráticos e lentos que temos no Brasil e muitas vezes, o
pequeno empresário desiste de buscar os seus direitos devido a esta burocracia e custos.
Recomenda-se criar juizados especiais para tratar de pendências envolvendo os pequenos
negócios, com tratamento desonerado e simplificado. O juizado especial itinerante pode ser
também uma excelente oportunidade para os empreendedores que estiverem distantes das
unidades físicas.
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4 - Tratamento Tributário e Fiscal
4.1 - Políticas e Práticas Referenciais
Apesar de previsto pela Constituição Federal e regulamentado pela a Lei Complementar Federal
nº 123/2006, o tratamento diferenciado, favorecido e simplificado para os pequenos negócios
não é aplicado pela maioria dos estados brasileiros.
Isto se observa especialmente no campo tributário, onde a aplicação de instrumentos para a
majoração do ICMS não distingue os pequenos negócios das grandes e médias empresas.
A Lei Complementar 155/2016 atualizou as tabelas do Simples Nacional, aumentando o teto da
receita bruta anual para R$ 4,8 milhões. Contudo, para os optantes que tiverem a receita bruta
entre R$ 3,6 a R$ 4,8 milhões, o recolhimento do ICMS e do ISS deve ser efetuado fora do Simples
Nacional, ou seja, seguindo os mesmos critérios das médias e grandes empresas.
O SEBRAE monitora o comportamento do ICMS e seus impactos no ambiente dos pequenos
negócios, através de levantamentos realizados pela IOB/SAGE, considerando os segmentos
econômicos com maior representação dos optantes pelo Simples Nacional. No primeiro trimestre
de 2018, os resultados do monitoramento levaram às seguintes constatações (ver gráficos
abaixo):
Para os optantes com receita bruta anual até R$ 3,6 milhões (ICMS recolhido dentro do
Simples Nacional), o recolhimento do ICMS chega até 216% do valor estimado pela Lei
Complementar Federal nº 123/2006 (considerando a média ponderada do ICMS a ser
recolhido dentro do DAS – Documento de Arrecadação do Simples Nacional).
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Fonte: Elaboração Sebrae, com dados do Monitoramento da Carga Tributária IOB/SAGE
Para os optantes com receita bruta anual até R$ 4,8 milhões, o recolhimento do ICMS chega
a 224% do valor previsto na Lei Complementar 123/2006.
Fonte: Elaboração Sebrae, com dados do Monitoramento da Carga Tributária IOB/SAGE
A variação do ICMS entre os dois limites de receita bruta anual (R$ 3,6 e R$ 4,8 milhões)
chega a 183%.
Fonte: Elaboração Sebrae, com dados do Monitoramento da Carga Tributária IOB/SAGE
Comparando-se a carga do ICMS com outros indicadores socioeconômicos, observa-se uma
correlação, onde os estados com menor carga tributária geram mais empregos, tem maiores
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taxas de formalização dos pequenos negócios, menores taxas de desocupação, de
subutilização da mão de obra e de desalento. Ainda geram maiores rendimentos médios
para os trabalhadores. É uma situação inversa à encontrada nos estados com maior carga
tributária.
Outro ponto que deve merecer a atenção dos governantes é a complexidade do sistema
tributário e das obrigações acessórias exigidas dos pequenos negócios e dos contribuintes em
geral.
Dados do Doing Business classificam o Brasil na 184ª posição entre 190 economias avaliadas, no
quesito Pagamento de Impostos. São necessárias 1.958 horas de trabalho anuais para efetuar o
pagamento de impostos (na América Latina, este número cai para 332 horas, nos países da OCDE,
para 160 e, na Estônia, que é o país com melhor desempenho no quesito, para 50 horas).
Ainda de acordo com o Doing Business, a carga tributária consome 68% dos lucros empresariais
(46% na América Latina, 40% nos países da OCDE e 18,5% em 32 economias classificadas em
primeiro lugar).
Esta situação compromete a competitividade e o desenvolvimento dos empreendimentos de
menor porte.
Para adequar a carga tributária estadual à realidade dos pequenos negócios recomendam-se as
ações a seguir:
1. Promover estudos detalhados sobre a arrecadação de tributos estaduais e obrigações
acessórias dos pequenos negócios, com o intuito de subsidiar ações governamentais para a
adequação da carga tributária e simplificação das obrigações acessórias para esses
segmentos empresariais. Avaliar a viabilidade da isenção ou redução do ICMS para os
pequenos negócios.
2. Definir tratamento diferenciado e beneficiado para a cobrança do ICMS dos optantes do
Simples Nacional com receita bruta anual entre R$3,6 e R$4,8 milhões.
3. Promover a revisão e retirada de produtos da pauta de Substituição Tributária (ST),
considerando critérios de produção concentrada, distribuição pulverizada e relevância
tributária. Observar as restrições definidas pela Lei Complementar 123 e Convênio ICMS nº
52/2017 para a aplicação da ST para os optantes do Simples Nacional.
4. Adotar o teto do Simples Nacional em substituição ao sublimite, para simplificação da
burocracia, redução da carga tributária e aumento da competitividade dos pequenos
negócios.
5. Ajustar a aplicação da antecipação tributária, retirando optantes do Simples, além da não
tributação do estoque gerado até a entrada do produto no regime da ST.
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6. Instituir programa beneficiado para parcelamento dos débitos do ICMS para os pequenos
negócios (referentes aos valores recolhidos fora do Simples Nacional), com multas reduzidas,
aumento do número de parcelas e possiblidade do parcelamento de débitos oriundos de
substituição tributária.
7. Adotar a concessão de prazo de pagamento diferenciado do ICMS para os optantes do
Simples Nacional.
8. Possibilitar que os optantes do Simples Nacional tenham acesso aos mesmos incentivos
fiscais estaduais concedidos às empresas de maior porte.
9. Dar aos pequenos negócios o mesmo tratamento concedido às médias e grandes empresas
em programas de estímulo à emissão de nota fiscal, especialmente quanto à concessão de
créditos para pessoas físicas que adquirirem produtos ou serviços desses segmentos
empresariais de menor porte.
10. Conceder desconto do ICMS devido para aquisição de ECF - Equipamentos Emissores de
Cupom Fiscal e isenção de ICMS para aquisição de máquinas e equipamentos para produção
que sejam incorporados ao ativo imobilizado da empresa.
11. Reduzir, unificar e simplificar as obrigações acessórias, livros e documentos fiscais.
12. Disponibilizar, por meio de um único site na internet, informações e orientações claras e
atualizadas sobre as obrigações fiscais e tributárias. Incluir no portal fazendário o número de
MEI, ME e EPP do Estado, além de disponibilizar os dados de arrecadação como o portal da
transparência do Paraná
13. Criar uma instância para a gestão dos Tributos Estaduais, que teria entre suas atribuições
garantir o tratamento tributário diferenciado para os pequenos negócios no Estado, além de
articular junto às prefeituras a adoção de políticas municipais tributárias adequadas aos
pequenos negócios.
Experiências Exitosas
UF: Santa Catarina
Título: Tratamento Diferenciado do ICMS devido pelos Pequenos Negócios Descrição: O Estado de Santa Catarina vai retirar a maioria dos produtos da sistemática da
substituição tributária, até então eficiente ferramenta de controle da arrecadação, que
concentra o recolhimento do ICMS na indústria ou importador. A saída será gradativa e deve ser
finalizada ainda em 2018.
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A decisão decorre do novo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) que, ao julgar o
Recurso Extraordinário n° 593849, decidiu que o contribuinte deve receber a diferença do
imposto nos casos em que o valor de venda do produto for menor que o presumido.
Até a saída definitiva da sistemática, que hoje abrange 70% dos produtos, Santa Catarina vai
tanto ressarcir o contribuinte da diferença como também cobrá-la quando o preço final do
produto for maior que o presumido. O mecanismo permanecerá apenas nos setores tradicionais
- entre eles, combustíveis, cigarros, bebidas e automóveis.
Observa-se que Santa Catarina é, desde o início do Monitoramento da Carga Tributária
SEBRAE/IOB, em setembro/2012, um dos estados brasileiros com menor carga do ICMS para os
optantes do Simples Nacional. Este histórico reflete-se no ambiente dos pequenos negócios, com
resultados referentes a geração de empregos, formalização de negócios, desocupação da mão
de obra e rendimento médio superiores aos demais estados.
O Ranking de Eficiência dos Estados da Folha de São Paulo também aponta Santa Catarina como
o Estado brasileiro mais eficiente. Este ranking quantifica o cumprimento, pelos governos
estaduais, de funções básicas e previstas em lei, segundo os seus recursos financeiros. Aparecem
mais bem posicionados os estados que gastam menos para ter mais jovens nas escolas, médicos
e leitos nos hospitais, redes de água e esgoto, melhores rodovias e menores índices de violência.
Os estados que mantêm ou ampliaram sua base industrial e de serviços na composição do PIB,
com impacto positivo na arrecadação, tendem a ser mais eficientes. Já os que têm a agricultura,
a administração pública e os repasses da União como principais fontes de receita se saem pior10.
Em Santa Catarina, o melhor ambiente de negócios relacionado com a menor carga tributária e
refletido em baixos índices de mortalidade infantil e violência, contribui efetivamente para o
aumento de investimentos, bem como do incremento da base industrial e serviços na
composição do PIB, qualificando o estado como o mais eficiente no Brasil.
4.2 - Panorama Atual no Amazonas
De acordo com Monitoramento da Carga do ICMS realizado pelo SEBRAE e IOB, Amazonas é o
quarto estado com maior carga para os optantes do Simples Nacional, destacando-se o peso
representado pela Substituição Tributária.
10 Fonte: Folha de São Paulo e Datafolha – link do REE-F: goo.gl/mCcVhA
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Amazonas oferece tratamento diferenciado para as empresas instaladas na Zona Franca de
Manaus, com benefícios superiores aos concedidos no regime do Simples Nacional, mas não
aplica medidas de impacto para reduzir os tributos estaduais para os pequenos negócios.
Devem ser destacados os seguintes pontos:
1. Simples Nacional X Zona Franca de Manaus
A Zona Franca de Manaus oferece tratamento diferenciado às empresas ali instaladas, com
benefícios que superam os benefícios do Simples Nacional e da Lei Complementar Federal
123/2006.
Entre os benefícios fiscais oferecidos pela Zona Franca de Manaus devem ser destacados a
redução em até 88% do Imposto de Importação; a isenção do IPI e do PIS/COFINS (em
operações internas); redução de 75% do IRPJ; restituição total ou parcial do ICMS, variando
entre 55% a 100% de acordo com a natureza do projeto.
O Simples Nacional inclui oito impostos, pagos em uma única guia com alíquotas
diferenciadas, mas os percentuais de redução são menores do que os percentuais aplicados
na Zona Franca de Manaus.
Outra distorção no tratamento dos optantes pelo Simples Nacional é que este não possui
qualquer benefício fiscal ao vender para a Zona Franca de Manaus, enquanto empresas
optantes pelo lucro presumido ou pelo lucro real possuem. Quando o optante do Simples
Nacional compra produtos de empresa situada na Zona Franca de Manaus, optante pelo
lucro real, o ICMS sobre a aquisição será superior ao pago nas vendas para pessoas jurídicas
que tributarem o Imposto de Rena pelo lucro real ou que apurarem o PIS/COFINS pelo
regime da não cumulatividade.
Ou seja, ao se analisar os incentivos dados às empresas instaladas na Zona Franca de
Manaus, percebe-se que o tratamento diferenciado previsto na Constituição para os
pequenos negócios é inexistente, apesar de ser mais vantajoso para os Governos Federal e
Estadual.
2. Expansão da Substituição Tributária
Conforme levantamento realizado pela Fundação Getúlio Vargas, no período de 2008 a 2015,
enquanto as receitas totais dos pequenos negócios do Amazonas cresceram 166%, as receitas
sujeitas a Substituição Tributária cresceram 558%.
Este crescimento deve-se especialmente a expansão da pauta de produtos sujeitos a
Substituição Tributária, a partir de 2012.
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Fonte: Elaboração SEBRAE, com dados da FGV
Como já é de conhecimento geral, a substituição tributária, se aplicada conforme os
conceitos técnicos, restrita a itens de produção concentrada, distribuição pulverizada e
tributariamente relevantes, não seria um empecilho para o desenvolvimento dos pequenos
negócios. Contudo, a sua adoção, baseada exclusivamente no aumento de arrecadação do
ICMS e para se contrapor ao Simples Nacional, tem afetado dramaticamente os pequenos
negócios, que não possuem escala para suportar a majoração tributária e nem a
complexidade do sistema.
As margens de valor agregado fixadas pelo CONFAZ beneficiam as grandes empresas, porque
na maioria dos casos são inferiores às efetivamente praticadas. Por outro lado, os pequenos
negócios trabalham com reduzidas margens reais de lucros, pagam o ICMS ST sobre as
mesmas bases dos grandes varejistas e suportam as alíquotas normais do imposto.
Concluindo, a expansão da Substituição Tributária compromete a competitividade dos
pequenos negócios, exigindo maior capital de giro, reduzindo margens de lucro, e
aumentando obrigações acessórias e procedimentos burocráticos.
O Estado do Amazonas não adota tratamento diferenciado para os pequenos negócios
referente a Substituição Tributária, nem quanto a pauta de produtos e nem quanto a aplicação
da MVA – Margem de valor agregado.
3. Tratamento tributário dos pequenos negócios
O Estado do Amazonas adota algumas medidas tributárias que aliviam os pequenos
negócios, apesar de não compensarem a expansão da Substituição Tributária. Devem ser
destacados:
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Isenção do ICMS para optantes do Simples Nacional, com receita bruta anual de até
R$180.000,00;
Isenção do diferencial de alíquota para as compras interestaduais realizadas por
microempreendedor individual;
Regulamentação do Empreendedor Social, com receita de até R$ 36.000, isentando o
recolhimento do ICMS incidente sobre as operações de saída e simplificando as
obrigações acessórias.
4. Utilização da Nota Fiscal pelos pequenos negócios
As micro e pequenas empresas são obrigadas a emissão da Nota Fiscal Eletrônica.
A única exceção é para o Microempreendedor Individual, que é dispensado da Nota Fiscal
Eletrônica, mas pode emitir a Nota Fiscal Eletrônica Avulsa quando for necessário.
4.3 - Políticas Propositivas e Sugestões
Para oferecer aos pequenos negócios melhores condições para cumprir suas obrigações
tributárias e acessórias e, assim, contribuir para o seu desenvolvimento e competitividade, o
Estado do Amazonas pode executar ações como as propostas a seguir:
1. Adequar a aplicação da Substituição Tributária para os pequenos negócios optantes pelo
Simples Nacional.
Apesar do Estado do Amazonas adotar algumas práticas tributárias consideradas favoráveis
aos pequenos negócios, estes continuam sujeitos à Substituição Tributária na produção e
comercialização de vários produtos.
A rigor, a substituição tributária como sistema de arrecadação antecipada que é, não poderia
alterar as alíquotas do Simples Nacional previstas em Lei Complementar, cujo ICMS salta, na
primeira faixa do Anexo I, de 1,25% para 18%. A cobrança reverte em custo para as empresas
optantes do Simples Nacional, pois não gera crédito e nenhum tipo de abatimento no DAS –
Documento de Arrecadação do Simples Nacional, refletindo diretamente no preço da
mercadoria vendida e na redução da competitividade dos pequenos negócios em relação às
grandes redes. Tal cobrança reflete também na liquidez dos pequenos negócios, pois esse
pagamento antes da venda da mercadoria e realização da receita aumenta a necessidade de
capital de giro.
Provavelmente a solução mais adequada deva partir do Congresso Nacional de forma a
harmonizar suas regras em todo o território nacional. A este respeito, deve ser ressaltada a
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aprovação da Lei Complementar Federal 147/2014, que disciplinou a aplicação da ST a
produtos de produção concentrada, distribuição pulverizada e tributariamente relevantes.
Contudo, o Estado do Amazonas pode dar o exemplo e promover alguma alteração efetiva
que retire esse ônus dos pequenos negócios, como:
Redução da pauta de produtos sujeitos à Substituição Tributária;
Eliminação de situações onde a responsabilidade pelo recolhimento do ICMS/ST seja
atribuída aos pequenos negócios, isto é, onde os pequenos negócios sejam enquadrados
como substitutos tributários;
Aplicação de MVA diferenciada para os pequenos negócios;
Isenção da Substituição Tributária quando o destinatário for microempreendedor ou
pequeno produtor rural;
Eliminação das obrigações acessórias não previstas no regime do Simples Nacional e
regulamentadas através da Lei Complementar Federal 123/2006 (Capítulo IV – Dos
Tributos e Contribuições / Seção VII – Das Obrigações Fiscais Acessórias);
Aplicação das determinações da Lei Complementar 123/2006 quanto a cobrança da
Substituição Tributária dos pequenos negócios.
2. Reduzir a pauta de produtos sujeitos a Antecipação Tributária (Antecipação de Fronteira),
especialmente quando o destinatário for microempreendedor individual.
3. Constituir um Comitê Estadual (ou instância similar) para avaliar a arrecadação tributária,
obrigações acessórias dos pequenos negócios e a concessão de benefícios e incentivos fiscais
para os optantes do Simples Nacional.
Este Comitê deve ser formado por entidades representativas de contabilistas, empresários,
representantes de pequenos negócios, Comitê Gestor do Simples Nacional, Fórum Estadual
da Micro e Pequena Empresa do Amazonas, Frente Parlamentar da Micro e Pequena
Empresa e SEFAZ no sentido de avaliar a arrecadação tributária advinda dos pequenos
negócios do Amazonas, bem como as atuais obrigações fiscais e acessórias, com intuito de
adequar a carga dos pequenos negócios e eliminar exigências cujas informações possam ser
identificadas pelo próprio estado e não pelo contribuinte. Caberá a este Comitê:
Simplificar e consolidar a legislação tributária estadual no que se refere aos tributos e
às obrigações assessórias para os pequenos negócios.
Antecipar as discussões e os projetos de lei em âmbito estadual para os ajustes previstos
na Lei Complementar Federal 147/2014;
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Facilitar o acesso dos pequenos negócios aos dados (conta corrente) dos impostos
recolhidos e facilitar o processo de compensação/ressarcimento no caso de
recolhimento indevido;
Aprimorar a prática de fiscalização preventiva e a possibilidade de regularização antes
da autuação fiscal nos casos menos graves;
Simplificar e/ou unificar documentos e livros fiscais exigidos dos pequenos negócios.
4. Vetar a criação de obrigações estaduais acessórias para os optantes do Simples Nacional,
que não tenham sido aprovadas pelo Comitê Gestor do Simples Nacional, em conformidade
com a Lei Complementar Federal 147/2014.
5. Instituir um setor de orientação fiscal ao contribuinte, mantendo atendimento presencial
com técnicos da Secretaria Estadual da Fazenda.
O ICMS é o imposto mais complexo e oneroso de todo o sistema tributário brasileiro. Apesar
disto, o contribuinte não tem acesso facilitado à orientação.
Neste sentido, sugere-se que a Secretaria da Fazenda crie um setor/departamento específico
para orientação fiscal ao contribuinte, sobretudo para prestar esclarecimentos sobre débitos
tributários, parcelamentos e principalmente orientar o cumprimento das obrigações
principais e acessórias.
Os atendimentos presenciais devem ser disponíveis nos Postos da Secretaria da Fazenda do
Estado ou nas Salas do Empreendedor. Os atendimentos deverão ser realizados por técnicos
funcionários da SEFAZ, devidamente capacitados e qualificados para atender do caso mais
simples ao mais complexo de maneira ágil e segura.
6. Adotar tratamento diferenciado para a cobrança do ICMS dos optantes do Simples Nacional
com receita bruta anual entre R$3,6 e R$4,8 milhões.
A Lei Complementar 155/2016, que reformulou as tabelas do Simples Nacional, estabeleceu
o novo teto para os tributos federais de R$ 4,8 milhões. Contudo, para os optantes com
receita bruta anual entre R$ 3,6 e R$ 4,8 milhões, o recolhimento do ICMS e do ISS é efetuado
fora do Simples Nacional, estando sujeito aos mesmos critérios de tributação aplicáveis às
médias e grandes empresas.
Com isto, ocorre um aumento significativo da carga do ICMS para os optantes do Simples
Nacional. No Amazonas, o aumento do ICMS para os optantes do Simples, nesta faixa de
receita bruta anual supera 95%.
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7. Instituir programa beneficiado para o parcelamento de eventuais débitos do ICMS para os
pequenos negócios (referentes aos valores recolhidos fora do Simples Nacional), com multas
reduzidas, aumento do número de parcelas e possiblidade do parcelamento de débitos
oriundos de substituição tributária.
8. Possibilitar que os optantes do Simples Nacional tenham acesso aos mesmos incentivos
fiscais concedidos às empresas de maior porte, ou optantes por outros regimes de
tributação, especialmente com relação a operações realizadas com empresas da Zona Franca
de Manaus. Equalizar os benefícios concedidos às empresas optantes do Simples e os
benefícios concedidos para as empresas instaladas na Zona Franca de Manaus.
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5 – Microempreendedor Individual
5.1 - Políticas e Práticas Referenciais
O Microempreendedor Individual é uma das políticas de inclusão produtiva, combate à
informalidade e aumento da arrecadação de maior impacto no mundo – atualmente, quase 7
milhões de pessoas são registradas como MEI, cobrindo todos os estados e municípios
brasileiros.
Criar condições favoráveis e estimular a formalização, qualificação e desenvolvimento dos MEIs
deve ser uma preocupação dos governos estaduais. Implementar políticas para este segmento
amplia as oportunidades de acesso, crescimento e inclusão previdenciária, dinamiza a economia
e gera ocupação e renda.
Entre as ações que podem ser promovidas pelo Governo Estadual em prol dos
Microempreendedores Individuais, destacam-se como principais referências:
1. Aprovar marco regulatório estadual, que contemple todas as determinações da Lei
Complementar 123/2006, Resoluções do CGSIM e CGSN e outros normativos que afetem o
MEI, promovendo a eliminação de procedimentos burocráticos, a concessão simplificada de
alvarás de funcionamento, a isenção de taxas, a desobrigação de obrigações acessórias não
previstas na Lei 123/2006, o tratamento diferenciado junto aos órgãos públicos, etc.
Assegurar a implementação efetiva do normativo, a nível estadual e municipal.
2. Incluir, no programa de desenvolvimento estadual, ações para estimular a formalização,
capacitação e desenvolvimento do MEI, bem como para sua inserção nas cadeias de
produção do estado.
3. Fomentar a inclusão produtiva com segurança sanitária dos microempreendedores
individuais, estimulando a adoção da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº 49/2013
editada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
4. Realizar parcerias para a realização e governança das ações voltadas para o MEI.
5. Regulamentar a fiscalização orientadora do MEI, baseada no princípio da dupla visita, para
todos os órgãos do governo estadual.
6. Disponibilizar a Nota Fiscal Avulsa (preferencialmente eletrônica) para o MEI sem burocracia
e gratuita.
7. Estimular a participação do MEI nas aquisições governamentais de produtos e serviços,
trabalhando a dispensa de licitação no âmbito estadual.
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8. Estimular, junto aos bancos estaduais, a criação e/ou ampliação de programas de
microcrédito e de serviços financeiros específicos para o MEI.
9. Reconhecer a Declaração eletrônica do MEI, emitida no ato da formalização, como
documento suficiente para a dispensa da obtenção de alvará, nos casos de atividades de
baixo risco.
10. Simplificar as exigências e documentos exigidos para o trânsito de mercadorias de MEI
oriundas de outras UF, obrigando a apresentação apenas da Nota Fiscal Eletrônica.
11. Articular assistência jurídica gratuita para o MEI por meio de câmaras de arbitragem e
juizado especial. Estimular a atuação da Defensoria Pública específica para o atendimento
aos microempreendedores individuais.
12. Divulgar os direitos e deveres dos MEI, junto a sociedade em geral e aos órgãos públicos
estaduais, ressaltando a importância do tratamento diferenciado.
Experiência Exitosa
UF: Distrito Federal
Título: Credenciamento de Microempreendedores Individuais pelo Governo do
Distrito Federal
Descrição: O Governo do Distrito Federal, em parceria com a Secretaria de Economia e
Desenvolvimento Sustentável e a Secretaria de Educação, publicou edital para o credenciamento
de Microempreendedores Individuais - MEI interessados em prestar serviços de pequenos
reparos nos prédios públicos na Região de São Sebastião.
O Edital publicado em setembro/2016 relaciona os serviços de eletricista, bombeiro hidráulico,
pintor, pedreiro, chaveiro, jardineiro, serralheiro, técnico em informática e técnico de
eletrodomésticos.
Os MEIs credenciados são incluídos em cadastro específico de prestadores de serviços de São
Sebastião, em igualdade de condições. O cadastro é ordenado de acordo com a data de
habilitação e credenciamento e as contratações, por atividades econômicas, são distribuídas por
ordem cronológica e rodízio.
O Edital determina a avaliação dos serviços prestados pela Unidade Demandante e os critérios a
serem utilizados. Se o MEI obtém nota igual ou superior 80 (oitenta pontos) retornará para o
rodízio e poderá ser contratado novamente pelas Unidades Demandantes. Por outro lado, se a
nota for inferior a 80 (oitenta pontos), o MEI será indicado para participar de curso de
capacitação técnica.
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5.2 – Panorama Atual no Amazonas
O Estado do Amazonas concede alguns tratamentos diferenciados e favorecidos para o
Microempreendedor Individual:
O Estado do Amazonas concede a Inscrição Estadual (SEFAZ) para o MEI, mediante a
apresentação da Ficha Eletrônica de Solicitação de Cadastramento de Contribuinte do ICMS
do Estado do Amazonas – FSCC e de cópia do Certificado da Condição de MEI (CCMEI).
O MEI pode emitir a Nota Fiscal Eletrônica Avulsa (NF-e Avulsa) para acobertar a venda de
mercadorias destinadas a toda pessoa jurídica contribuinte ou não do ICMS.
Em Manaus, o MEI é isento do pagamento de taxas de registro e licenciamento ou emissão
de nota fiscal eletrônica. É dispensado o alvará de funcionamento para as atividades de baixo
risco.
O MEI é isento do pagamento da Antecipação Tributária, nas aquisições interestaduais.
O MEI pode usufruir dos benefícios da Superintendência da Zona Franca de Manaus
(SUFRAMA) para itens de importação.
Há facilidade para crédito pela Agência de Fomento do Amazonas para os
Microempreendedor Individual.
O Certificado da Condição de Microempreendedor Individual, emitido no momento da
formalização é considerado como documento suficiente para dispensa de alvará nos casos
de atividades de baixo risco.
Não há impostos para o MEI além daqueles estabelecidos na Lei 123/2006 e pagos com o
DAS.
Não há obrigações acessórias para MEI no Estado do Amazonas, além das previstas na Lei
Complementar 123/2006.
A grande maioria dos municípios do Amazonas já possuem suas Salas para atendimento ao
Microempreendedor sob a gerência das prefeituras.
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5.3 - Políticas Propositivas e Sugestões
O apoio à formalização e fortalecimento do Microempreendedor Individual é uma política
pública com fins econômicos e sociais. Para a melhoria do ambiente de negócios e
desenvolvimento dos microempreendedores individuais do Amazonas, podem ser executadas as
seguintes ações:
1. Regulamentar para o MEI, em nível de estado, as seguintes determinações da Lei
Complementar Federal nº 123/2006
Definir a obrigatoriedade do tratamento diferenciado para o Microempreendedor
Individual nas licitações públicas, dispensando a apresentação de documentos não
prescritos pela Lei Complementar Federal 123/2006.
Eliminar outros procedimentos burocráticos.
2. Simplificar a fiscalização e licenciamento para o Microempreendedor Individual
O cidadão empreendedor, em sua maioria, inicia o seu negócio na sua própria residência.
Com a facilidade da formalização como Microempreendedor Individual, a sua residência
continuou sendo a sede do seu negócio, agora legalizado.
Recomenda-se ainda que a fiscalização seja orientadora, baseada no princípio da dupla
visita, nos moldes estabelecidos pela Lei Complementar Federal 123/2006. Ou seja, a
primeira visita é de orientação, depois é estabelecido um prazo para adequação compatível
com exigência e só na segunda visita, caso não tenha cumprido a adequação, é que o
Microempreendedor Individual seria passivo de penalidades. Acrescente-se ainda que a Lei
Complementar Federal 147/2006 reforça a aplicação da fiscalização orientadora e da dupla
visita, prevendo a invalidação de exigências e atos que não respeitarem estes princípios.
3. Ampliar os espaços de atendimento ao Microempreendedor Individual
Sugere-se nesses espaços a disponibilização de assistência contábil, tributária e jurídica
gratuita para o MEI, este último utilizando e/ou transformando em câmaras de arbitragem e
juizado especial.
Outra sugestão seria credenciar associações, organizações sem fins lucrativos e lan houses
para prestar atendimento e orientação a este público.
4. Apoiar a formação de APLs, incubadoras e de associações e cooperativas, constituídas
primordialmente por MEI, utilizando-se de orientação do SEBRAE-AM, das Universidades e
outros órgãos afins.
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5. Promover a realização de mutirões para estimular a formalização e qualificação dos
Microempreendedores Individuais
O Estado do Amazonas deve estimular a realização de mutirões, a exemplo da “Semana do
Empreendedor”, com a participação de parceiros como SEBRAE e outras entidades públicas
e privadas de apoio e representação dos pequenos negócios, tendo em vista o aumento das
formalizações, a regularização dos empreendedores já cadastrados e a divulgação de
informações e orientações.
A formalização dos empreendedores informais é de suma importância para o seu
crescimento. Pesquisa realizada pelo SEBRAE constatou que, após a formalização, 68% dos
MEI aumentaram suas vendas, 77% melhoraram suas condições de compra e,
consequentemente, 93% indicam a formalização.
6. Dispensar os MEI da apresentação de requerimento para isenção da taxa no valor de R$
50,00 cobrada para cada nota fiscal de produtos comprados em outras Unidades da
Federação e entregues no Amazonas pelos Correios.
7. Simplificar as exigências e documentos exigidos para o trânsito de mercadorias de MEI
oriundas de outras UF, obrigando a apresentação apenas da Nota Fiscal Eletrônica.
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6 - Compras Governamentais
6.1 - Políticas e Práticas Referenciais
Uma das estratégias mais eficientes para dinamizar a economia do Estado por meio do
desenvolvimento dos pequenos negócios é priorizar, orientar e estimular a participação destes
nas compras governamentais.
O desenvolvimento de fornecedores locais reduz a informalidade e aumenta a geração de
empregos, renda, consumo e arrecadação.
Para estimular a participação dos pequenos negócios nas compras públicas, o Governo Estadual
pode executar ações tais como:
1. Incluir, no programa de desenvolvimento estadual, a obrigatoriedade do tratamento
diferenciado para os pequenos negócios nas compras públicas estaduais e do planejamento
das aquisições pelos órgãos públicos.
2. Adotar, em todas as licitações realizadas pelos órgãos públicos estaduais, a aplicação de
todos os benefícios (obrigatórios e facultativos) aos pequenos negócios previstos na Lei
Complementar Federal 123/2006, como licitações exclusivas de até R$ 80 mil,
subcontratação de micro ou pequena empresa, reserva de cotas de até 25% em compras de
bens de natureza divisíveis, pagamento de até 10% a mais do que o melhor preço válido
ofertado, para empresas sediadas localmente, empate ficto, etc.
3. Descentralizar as compras realizadas pelos órgãos públicos estaduais.
4. Articular a elaboração, divulgação, execução e acompanhamento de planos anuais de
compras de bens e serviços para os órgãos da administração pública, especificando as
modalidades de contratação e identificando bens e serviços a serem adquiridos de pequenos
negócios e os indicadores de desempenho específicos para cada órgão contratante e a metas
estabelecidas pelo Governo Estadual.
5. Determinar que as compras governamentais de alimentos sejam realizadas,
preferencialmente, junto a pequenos produtores rurais e a agricultura familiar, cumprindo as
políticas nacionais do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e do PNAE (Programa
Nacional de Alimentação Escolar), que obriga que 30% dos recursos enviados pelo FNDE para
aquisição de alimentos para a merenda escolar sejam adquiridos de agricultores familiares;
bem como instituir políticas estaduais próprias.
6. Articular a criação de cadastro único de fornecedores de bens e serviços, integrado com o
cadastro da Junta Comercial Estadual.
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7. Estimular a realização de compras públicas junto a empresas instaladas no Estado.
8. Promover a reestruturação dos departamentos de compras dos órgãos da administração
direta e indireta, padronizando procedimentos e editais com foco nos pequenos negócios e
incorporando o conceito de que compras governamentais desses segmentos empresariais de
menor porte são um poderoso instrumento de desenvolvimento econômico estadual.
9. Publicar Decreto ou incluir nos editais de licitação a previsão de pagar os pequenos negócios
com menores prazos e em dia, instituindo penalidade financeira para o Estado, pelo atraso
injustificado no pagamento.
10. Criar programas de formação de fornecedores, tanto para melhorar o desempenho dos
pequenos negócios locais, quanto para estimulá-los produzir bens e serviços adquiridos pelo
governo fora do estado.
11. Criar, em parceria com o SEBRAE Estadual, programas de formação de gestores de compras
públicas, para que estes apliquem o tratamento diferenciado dos pequenos negócios nas
licitações realizadas, bem como programas de capacitação para proprietários de pequenos
negócios tornarem-se fornecedores do governo do estado.
12. Promover, com o apoio do SEBRAE Estadual, os eventos FOMENTA (realizados pelo SEBRAE),
com o objetivo de integrar atores envolvidos nas compras públicas (pequenos negócios e
órgãos públicos) e captar novos fornecedores para os órgãos da administração pública.
13. Realizar parceria com os Tribunais de Contas para dar maior transparência aos processos
licitatórios de pequenos negócios
14. Regulamentar as normas do Governo Federal que também podem ser editadas pelo Governo
Estadual Exemplos: IN 02/2016-MP/SEGES (possibilidade de alteração da ordem cronológica
de pagamento quando o fornecedor for uma pequena empresa); IN 01/2018-MP/SEGES
(obrigatoriedade de publicação de Plano Anual de Compras)
15. Disponibilizar no Portal da Transparência e demais Portais de Acesso ao Público os dados de
Execução Orçamentária para acompanhamento dos resultados das compras públicas de bens
e serviços.
16. Estabelecer em nível estadual marco regulatório de compras sustentáveis, com a
possibilidade de comprar dos pequenos negócios locais.
17. Assegurar a implantação de mecanismos e espaço de controle social quanto a transparência
e qualidade da aplicação dos recursos públicos em aquisição de produtos e serviços.
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Experiências Exitosas
UF: Alagoas
Título: Compras da Agricultura Familiar
Descrição: Em 2005, o Governo do Estado de Alagoas criou a Agência de Serviços Administrativos
do Estado de Alagoas – AGESA, com competência para realizar as atividades de execução,
acompanhamento e controle referentes a compras de materiais e contratação de serviços da
Administração Pública Direta, Autárquica, Fundacional, Entidades Gestoras de Fundos Especiais,
Empresas Estatais Dependentes e demais Entidades controladas pelo Estado no âmbito do Poder
Executivo Estadual (Lei Delegada 6.582/2005).
A AGESA foi posteriormente transformada em Agência de Modernização da Gestão de Processos
(AMGESP), por meio da Lei Estadual 6952/2008, alterando sua estrutura e competências e
passando a responder também pela gestão das políticas públicas do Estado de Alagoas.
Para o desenvolvimento de suas atribuições, a AMGESP incorporou as diretrizes do PAA –
Programa de Aquisição de Alimentos, valorizando as compras da agricultura familiar. Em 2017, o
Governo de Alagoas realizou, através da AMGESP e da Secretaria de Desenvolvimento Social, a
primeira chamada pública para aquisição de produtos da agricultura familiar, na importância de
20 milhões de reais.
O esforço pela valorização da agricultura familiar foi reconhecido pelo Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS) ao atribuir à AMGESP o Prêmio Destaque 2017, na modalidade
Compra Institucional do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA-CI).
Atualmente, o Estado de Alagoas é o segundo maior comprador de alimentos da agricultura
familiar no Brasil, perdendo apenas para o Ministério da Defesa. O governador Renan Filho
assumiu o compromisso de comprar os produtos da agricultura familiar para abastecer o sistema
prisional e para suprir as necessidades das merendas escolares
Esta ação fortalece os pequenos produtores rurais e a economia local, colabora ainda para a
geração de renda e emprego no campo, além de melhorar o nível de sustentabilidade das
atividades no setor agrícola.
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UF: Paraná
Título: Escritório Virtual de Compras Públicas
Descrição: Com o objetivo de impulsionar a participação de empresas de micro e pequeno porte
e microempreendedores individuais em licitações públicas, está no ar o portal do Escritório
Virtual de Compras Públicas, com abrangência na região dos Campos Gerais e Centro do Estado.
Por meio da ferramenta, é possível divulgar editais e processos licitatórios de órgãos públicos,
como também cadastrar empresas interessadas em fornecer seus produtos ou serviços para
entidades.
A iniciativa foi realizada em parceria entre Fecomércio PR, Faciap e Fórum Permanente da Micro
e Pequena Empresa (Fopeme) e SEBRAE/PR.
O Escritório faz a integração entre as instituições públicas que demandam produtos e serviços
para suas atividades e os empresários que podem ser fornecedores do setor público. As empresas
interessadas podem se cadastrar gratuitamente no site http://centro.comprapr.com.br/ e devem
informar o código de atividade. Da mesma forma, os órgãos públicos interessados poderão
disponibilizar seus editais e processos licitatórios no endereço eletrônico. Com estes dados, o
site seleciona automaticamente as empresas que atendem os requisitos do comprador e dispara
um e-mail avisando o empresário que ele tem o perfil para participar do processo.
A expectativa da implantação do Escritório Virtual de Compras estimula a concorrência de
empresas nos processos licitatórios e pregões, fomentando a competividade entre elas.
A criação da ferramenta integra o Projeto Compras Paraná, que visa estimular a participação de
micro e pequenas empresas em processos de licitação e compras públicas e governamentais.
6.2 – Panorama Atual no Amazonas
1. Regulamentação
As compras públicas no Estado do Amazonas são regulamentadas pelos seguintes
normativos:
Constituição Estadual – artigo 168: dispõe sobre o tratamento das micro e pequenas
empresas nas compras governamentais do Estado e Municípios do Amazonas,
Anteriormente este artigo estabelecia que 20% das compras realizadas pelos órgãos
públicos amazonenses deveria ser realizada junto às micro e pequenas empresas, porém
este percentual foi suprimido com a Emenda Constitucional 78/2013).
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Decreto 28.182/2008: dispõe sobre a participação das micro e pequenas empresas nas
compras governamentais do Estado;
Decreto Lei 24.052: dispõe sobre o Sistema de Registro de Preços;
Decreto Lei 24.818: dispõe sobre a realização de pregões eletrônicos;
Decretos 25.373 e 25.374: dispõem sobre o cadastro da Central de Fornecedores e
institui o Sistema de Gestão de Compras no estado.
2. Participação dos pequenos negócios nas compras públicas
O Estado do Amazonas aplica o tratamento diferenciado para os pequenos negócios nas
licitações públicas, especialmente com relação aos benefícios da regularização tardia; das
licitações exclusivas e da preferência em caso de empate.
A aplicação deste tratamento diferenciado foi favorecida pela aproximação entre o SEBRAE-
AM e governo estadual através da formalização de Termo de Cooperação e Acordo de
Resultados, com a Comissão Geral de Licitação - CGL/AM, órgão responsável pelas compras
estaduais, para desmistificação do tema e observância das prerrogativas das ME e EPP e dos
EI e da agricultura familiar nos processos licitatórios.
A parceria tem se desdobrado por outros importantes parceiros, como a Associação
Amazonense de Municípios – AAM, atuando na mobilização e sensibilização das prefeituras
do estado para adesão aos produtos e serviços oferecidos pelo SEBRAE/AM; a Frente
Parlamentar da Micro e Pequena Empresa do Amazonas-FREMPEEI, atuando no ambiente
legislativo a fim de possibilitar a aprovação de leis que venham a beneficiar o segmento; e
com o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, na busca de dar pleno curso a
implementação da Lei Geral no âmbito estadual e municipal e mais especificamente, fazer
valer o texto contido no capítulo V da referida legislação, no qual se insere as Compras
Públicas.
O volume de compras anuais do Governo do Estado circunda a R$ 5 bilhões. Deste total,
estima-se que cerca de 23% sejam fornecidos pelas micro e pequenas empresas,
microempreendedores individuais e pela agricultura familiar. As compras nas instâncias
municipais apontam para um volume financeiro anual na casa dos R$ 1,2 bilhões, e a
participação dos pequenos negócios e da agricultura familiar nas localidades perfaz 25% do
total (Fonte CGLAM). O percentual de participação dos pequenos negócios em processos
licitatórios no Amazonas, chega a 93% em pregões eletrônicos.
Os valores adjudicados em 2018 pelo Governo do Amazonas totalizam até o presente
momento R$ 636,2 milhões em pregão eletrônico, R$ 338 milhões em dispensa de licitação;
R$ 52 milhões em dispensa de licitação; e R$ 87,5 milhões em outras modalidades, R$ 1,114
bilhão.
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Estes valores indicam que, tanto no nível estadual quanto no nível municipal, é possível o
crescimento da participação dos pequenos negócios nas compras públicas amazonenses.
3. Portal de Compras
No Estado do Amazonas, é utilizado o Portal de Compras do Estado do Amazonas, e-
Compras.AM para os processos de divulgação e realização de licitações públicas.
O cadastramento de fornecedores é realizado através do SICAF – Sistema de Cadastramento
Unificado de Fornecedores
4. Realização dos Fomentas
Os Seminários Fomenta - Compras Governamentais, promovidos pelo SEBRAE com a parceria
do Governo Estadual, são encontros de oportunidades para os pequenos negócios, onde
grandes compradores interagem com os pequenos fornecedores. Além disto, os Fomentas
capacitam os empresários que passam pelo evento, ensinando-os a vender para o governo.
Desde 2009, já foram realizados 37 Fomentas no Estado do Amazonas, em diversos
municípios do Estado, capacitando cerca de 7.000 pessoas, entre gestores públicos e
empresários.
5. Compras de alimentos dos pequenos produtores rurais
O Governo do Amazonas, priorizando os pequenos negócios rurais, implementou o
Programa de Regionalização da Merenda Escolar (Preme) em 2004. Atualmente beneficia,
diretamente, cerca de três mil famílias de produtores rurais.
A base deste programa é de substituição de gêneros alimentícios na merenda escolar por
produtos típicos da região, estimulando não somente a valorização da cultura local mas,
sobretudo, o desenvolvimento sustentável, os pequenos produtores rurais e a agricultura
familiar.
Cerca de 546 escolas estaduais de todo Estado estão inseridas no programa, representando
mais de 530 mil alunos do ensino fundamental e médio atendidos. Atualmente, com o apoio
da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) e do município de Manaus, o valor das compras
do programa representa R$ 25 milhões anuais.
6.3 - Políticas Propositivas e Sugestões
Dentre as ações para aperfeiçoar as licitações públicas do Amazonas, estimulando a participação
dos pequenos negócios, são feitas as seguintes sugestões:
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1. Assegurar o tratamento diferenciado aos pequenos negócios em todas as licitações
realizadas pelos órgãos públicos.
Com a aprovação da Lei Complementar Federal 147/2014, o tratamento diferenciado dos
pequenos negócios nas compras governamentais deixa de ser uma opção dos órgãos
públicos e passa a ser obrigatório.
Cabe ao Governo do Estado do Amazonas tomar as iniciativas necessárias para a aplicação
deste tratamento.
2. Implementar programa único de compras governamentais, integrado em âmbito estadual,
tendo em vista estimular o desenvolvimento regional e as cadeias produtivas.
O programa de compras governamentais, a exemplo dos programas adotados por outros
estados, deve garantir o tratamento diferenciado e favorecido para os pequenos negócios.
Para a implementação deste programa, faz-se necessária a implementação de ações como:
Criação de ambiente específico para promover certames utilizando os incentivos da Lei
Complementar Federal 123/2006, favorecendo que os órgãos licitantes possam realizar
as licitações especiais conforme marcos legais;
Padronização dos itens a serem comprados pelos órgãos públicos amazonense e a
modalidade de processo de compra a ser adotada;
Consolidação do Cadastro de Fornecedores, incluindo informações sobre o porte da
empresa;
Definição de metas e indicadores de compras de pequenos negócios;
Ajuste do Portal de Compras Governamentais se necessário, para atender ao programa,
garantindo a sua simplificação, de forma a estimular sua utilização pelos pequenos
negócios.
Capacitações para os pequenos negócios sobre a participação nas licitações públicas e
atendimento às demandas dos órgãos governamentais;
Capacitações para os gestores de compras públicas para que apliquem o tratamento
diferenciado e jurídico para os pequenos negócios com maior segurança técnica e
jurídica.
3. Articular a elaboração, divulgação, execução e acompanhamento do plano único de compras
governamentais integrado de âmbito estadual, prevendo o tratamento diferenciado para os
pequenos negócios e estimulando o desenvolvimento regional e as cadeias produtivas.
O plano de compras determina quais materiais e serviços cada órgão público pretende
contratar no período de um ano, quais as modalidades de aquisição serão adotadas e deve
ser devidamente divulgado.
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Este instrumento permite que os pequenos negócios fornecedores se preparem com
antecedência para participar das licitações, tanto com relação às questões burocráticas
quanto produtivas e comerciais.
4. Promover a integração do cadastro de fornecedores ao cadastro da Junta Comercial do
Estado do Amazonas para que as empresas interessadas em fornecer para a administração
pública federal, estadual e municipal possam se inscrever no momento de realizar a sua
formalização e licenciamento, de forma simples e automática, evitando a duplicidade de
exigências e de apresentação de documentos.
É importante que informações sobre porte e localização dos fornecedores sejam incluídas
no cadastro de fornecedores.
5. Disponibilizar, no site do Governo Estadual, programas, metas, planos, informações,
resultados e indicadores sobre as compras públicas programadas e realizadas, incluindo por
exemplo, o número de fornecedores cadastrados por porte, número de licitações realizadas,
modalidade das licitações, número e classificação dos itens comprados, valores adquiridos
por porte de fornecedores, etc.
Muitas informações estão disponíveis do Portal de Compras do Estado do Amazonas, mas
faltam indicadores sobre a participação dos pequenos negócios.
6. Determinar a análise de viabilidade do fracionamento das licitações realizadas.
Quando as compras são feitas em grandes lotes, a competitividade dos pequenos negócios
diminui. Assim, deve-se analisar, sempre que possível, a viabilidade de se fazer
fracionamento dos fornecimentos, viabilizando que um número maior de pequenos
negócios participe das licitações.
7. Ajustar a norma estadual, no sentido de dispensar expressamente o microempreendedor
individual das certidões e documentos que não lhe são exigidos por lei, especialmente para
efeito de contratação direta por dispensa em razão do valor, onde surge a maior
oportunidade de contratações de MEI.
8. Determinar a obrigatoriedade da subcontratação nas licitações vencidas por médias e
grandes empresas, criando mecanismos para seu acompanhamento e controle.
Um passo importante e de vanguarda em relação a diversos estados seria efetivamente
viabilizar a subcontratação, ou seja: nas licitações vencidas por médias e grandes empresas,
nacionais ou de capital estrangeiro, um percentual do fornecimento deverá ser proveniente
de pequenos negócios locais.
9. Incentivar os fornecimentos coletivos por meio de Sociedade de Propósito Específico,
conforme previsto nas Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas.
10. Determinar o desenvolvimento de mecanismos que permitam diminuir o prazo de
pagamento das licitações vencidas pelos pequenos negócios ou ainda que facilitem a
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67
antecipação de recebíveis provenientes das vendas ao Poder Público junto às instituições
financeiras públicas ou privadas.
11. Estender ao pequeno produtor rural os benefícios previstos para o microempreendedor
individual.
O pagamento deve ser imediato, ou seja, contra entrega do produto ou obedecer aos prazos
máximos mencionados no item. O cadastro deve ser simplificado e rápido,
preferencialmente assistido por técnico qualificado. A Declaração de Aptidão ao Pronaf
(DAP) é o documento essencial para que o pequeno produtor rural possa se candidatar a
fornecer alimentos de sua produção aos programas federais e estadual, portanto sua
concessão deveria ser facilitada.
12. Determinar que as compras governamentais de alimentos sejam realizadas,
preferencialmente, junto a pequenos produtores rurais e a agricultura familiar, cumprindo
as políticas nacionais do PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e do PNAE (Programa
Nacional de Alimentação Escolar) bem como instituir políticas estaduais próprias.
13. Estimular a realização de compras públicas junto a empresas integrantes de APL (Arranjo
Produtivo Local).
14. Realizar, nas regiões do Estado, eventos de divulgação de oportunidades de fornecimento
de bens e serviços para os órgãos da administração pública e captação de novos
fornecedores.
Estes eventos podem seguir o formato dos Fomentas Estaduais e Regionais, promovidos em
parceria com o SEBRAE.
15. Promover programas de integridade empresarial, em parceria com a CGU – Controladoria
Geral da União e órgãos de controle externo, envolvendo grandes empresas, cadeias de
produção e suprimento, pequenos negócios, incubadoras e sociedade em geral.
16. Assegurar a implantação de mecanismos e espaço de controle social quanto a transparência
e qualidade da aplicação dos recursos públicos em aquisição de produtos e serviços.
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7 - Crédito e Fomento
7.1 - Políticas e Práticas Referenciais
O acesso ao crédito e a demais serviços e produtos financeiros ainda é um desafio para os
pequenos negócios. Desde as operações mais simples como antecipação de recebíveis ou crédito
para capital de giro, passando por financiamento de máquinas, equipamento ou projetos de
investimentos até o crédito para pesquisa, desenvolvimento e inovação o empresário encontra
vários obstáculos. Em muitos casos, simplesmente o crédito é inviabilizado ou concedido em
condições muito pouco favoráveis para o tomador, onerando os empreendimentos e diminuindo
sua capacidade de geração de bons resultados.
Segundo pesquisa realizada periodicamente pelo SEBRAE, os empresários ainda recorrem às
linhas menos saudáveis de empréstimo/financiamento tais como cheque especial, cartão de
crédito e compras a prazo com fornecedores. A pesquisa indicou também que, na opinião dos
empresários de pequenos empreendimentos, as altas taxas de juros e as exigências de garantias
constituíram os maiores obstáculos para a efetivação das operações, gerando um aumento da
aversão ao crédito bancário.
Pelo gráfico abaixo, pode-se perceber que houve pouca alteração nos itens que dificultam o
acesso ao crédito nos últimos anos. Deve-se salientar que não se trata de um problema somente
no Brasil, mas um desafio global que alguns outros países enfrentam com políticas públicas neste
sentido.
Mais detalhadamente, a pesquisa também mostra as causas dos dois maiores desafios: as
elevadas taxas de juros e a exigência de garantias reais, como se vê na tabela a seguir.
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Dificuldade Origem
Alta taxa de juros
Funding não direcionado
Custo operacional de uma operação com baixo ticket
Desconhecimento das linhas direcionadas
Desconhecimento do limite de crédito
Risco de crédito
Desvio da finalidade
Alta inadimplência
Assimetria de informações
Controle contábeis escassos
Ausência de garantias
Garantias pessoais (fidejussórias) e alto custo de alienação fiduciária
Patrimônio da empresa se cofunde com o do empresário
Recebíveis em banco diferente daquele de relacionamento
A disponibilidade de recursos financeiros, com custos acessíveis, é um fator crítico para o
crescimento e para a competitividade dos pequenos negócios, com reflexos imediatos na
sobrevivência do empreendimento e na geração de emprego, renda, consumo e arrecadação.
Assim, um estado que se pretende ser empreendedor pode adotar várias medidas para estimular
a criação e o desenvolvimento dos pequenos negócios por meio de um acesso ao crédito de
forma facilitada e simplificada, tais como:
1. Criar agência estadual de fomento, caso o Estado ainda não tenha, por meio de Lei Estadual
e mediante a aprovação do Banco Central.
2. Estabelecer um canal para formalizar parcerias entre o SEBRAE e Agentes de Fomento
Empresarial do Estado, visando a capacitação dos pequenos negócios em gestão empresarial
e empreendedorismo.
3. Promover a inclusão de novos atores no sistema financeiro, estimulando a criação de
cooperativas de crédito, empresas de crédito direto, start-ups e fintechs. Constituir ou apoiar
a constituição de outros mecanismos de garantia de crédito, como sociedades de garantia de
crédito ou fundo garantidor estadual.
4. Instituir, regulamentar e/ou ampliar linhas de crédito favorecidas e garantir o acesso
desburocratizado e simplificado dos pequenos empreendedores.
5. Instituir mecanismo de antecipação de recebíveis nas compras governamentais realizadas
junto aos pequenos negócios (cédula simples de crédito).
6. Promover a realização de convênio para a criação de correspondentes bancários para garantir
a capilaridade do atendimento aos pequenos negócios.
7. Estimular a criação e operação das plataformas colaborativas de capital financeiro
(crowdfunding, crowdequity etc).
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8. Criar programa que permita aos pequenos negócios adquirirem seus imóveis comerciais com
juros reduzidos.
9. Criar linhas específicas para as características dos pequenos negócios participantes de APL e
Encadeamentos Produtivos.
10. Aumentar o acesso dos pequenos negócios ao crédito a partir da divulgação de informações
e orientações sobre linhas de crédito e aval disponíveis, bem como da ampliação dos canais
de atendimento aos pequenos empresários interessados na contratação de um
financiamento.
11. Estabelecer e divulgar planos, metas, resultados e indicadores sobre a concessão, pelas
instituições estaduais, de crédito e aval para os pequenos negócios.
12. Articular campanhas periódicas para a renegociação de dívidas fiscais, mercantis e bancárias
dos pequenos negócios, de forma a regularizar contribuintes inadimplentes e reduzir passivos
em aberto de credores.
Experiências Exitosas
UF: Paraná
Título: PROCRED - Programa de Apoio às Cooperativas de Crédito
Descrição: Trata-se de um programa de apoio financeiro (repasses e funding) para as Singulares
de empresários e empreendedores, exceto rurais e Centrais, localizadas no Estado do Paraná.
São beneficiários finais: micro e pequenas empresas cooperadas dos ramos industrial, comercial
e de serviço
Saiba mais: www.cidadao.pr.gov.br
UF: Minas Gerais
Título: Correspondente Bancário BDMG
Descrição: O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S/A (BDMG) não possui agências.
Somente a matriz. Para aumentar a sua capilaridade e facilitar o acesso ao crédito desenvolveu
um sistema de simulação, consulta e aprovação das operações de crédito pelo site. Mesmo assim,
credenciou como Correspondentes Bancários mais de 70 cooperativas e entidades
representantes de classe, mediante remuneração, para atender aos clientes, fazer uma triagem
71
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cadastral, prestar informações básicas sobre a necessidade do crédito e as linhas disponíveis e
contratar a operação.
Saiba mais: www.bdmg.mg.gov.br
UF: São Paulo
Título: FDA – Fundo de Aval
Descrição: O FDA, instituído pela Lei 10.016/1998 e alterado pelas Leis 12.187/2006 e
16.371/2017, garante, com recursos do tesouro estadual, os riscos do crédito contraído e elimina
a exigência de contra garantias pelo Programa ME Competitiva, da Desenvolve SP, que visa
liberar empréstimos a juros subsidiados, facilitando o acesso ao crédito para as MPE paulistas.
O fundo cobre até 100% do valor do financiamento e a operação deve estar classificada entre
“AA” e “E” na tabela de risco conforme resolução 2.682/99 do CMN.
Saiba mais: http://www.desenvolvesp.com.br
UF: Sergipe
Título: Antecipação de recebíveis de Compras Governamentais
Descrição: Antecipação dos créditos para as MPE que vencem licitações ou participam de
processos de compras governamentais. Tratam-se de duas linhas operadas pelo próprio Banese:
Credi-Recebíveis Empresarial Banese: Linha de crédito destinada às empresas que
possuem contratos de prestação de serviços, celebrados com os órgãos municipais e
estaduais da administração direta e indireta;
Credi-Compras governamentais Banese: Linha de crédito para capital de giro
destinada às Micro e Pequenas Empresas Sergipanas, de acordo com a Lei nº 6.206/07,
que ganharem as licitações públicas estaduais (Estado de Sergipe), com o objetivo de
atender ao Contrato firmado com o órgão para cumprimento do fornecimento dos
produtos e serviços licitados. A linha destina-se às MPE (Ltda ou firma individual) que
possuem contrato/convênio de prestação de serviço com o Estado de Sergipe e que
ganharem a licitação pública. A antecipação é de até 80% da nota fiscal faturada,
limitada a 60 dias
Saiba mais: www.banese.com.br
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7.2 – Panorama Atual no Amazonas
1. Agência de Fomento do Estado do Amazonas
A Agência de Fomento do Estado do Amazonas, criada em 1998, possui a missão de
promover o desenvolvimento sócio-econômico do Estado do Amazonas, através de ações de
apoio técnico e creditício que propiciem a geração de emprego, renda e a melhoria da
qualidade de vida do povo amazonense.
A AFEAM disponibiliza financiamentos destinados a Micro e Pequenas Empresas, apoiando
as atividades industriais, comerciais, e de serviços em consonância com o plano estadual de
desenvolvimento.
As linhas de financiamento, cujo os beneficiários são os pequenos negócios são direcionadas
de acordo com a demanda do empreendedor. Os financiamentos são destinados a aquisição
de máquinas, equipamentos e/ou capital de giro ou investimento misto.
A AFEAM possui ainda, um Convênio de Cooperação Técnica com o SEBRAE/AM para as
ações itinerantes de crédito, onde levam oportunidades de financiamentos aos 62
municípios do nosso Estado.
A AFEAM disponibiliza também linhas de financiamentos com recursos próprios, voltadas
para Indústria, Comércio e Serviços. Os valores de financiamento variam entre R$
300.000,00 até R$1.500.000,00, dependendo do tipo de cliente e da finalidade do
financiamento.
A dotação orçamentária para estas ações é de cerca de R$ 120.000.000,00
Desde sua criação a AFEAM já beneficiou cerca de 100 mil empresas, com recursos
disponibilizados de cerca de R$ 800.000.000,00.
2. Cooperativismo de Crédito
O Governo do Amazonas atua no apoio as iniciativas nacionais referentes a incentivo a
cooperativismo de crédito.
É desenvolvido o programa FORMACRED, cujo objetivo é oferecer formação de qualidade a
conselheiros de Administração e Fiscal, contribuindo para o processo de desenvolvimento,
profissionalização e aumento da competitividade desses empreendimentos frente ao
sistema financeiro nacional. Este curso integra o Programa Nacional de Educação do Crédito
Cooperativo (Educred).
A implantação do Programa Nacional de Acompanhamento da Gestão Cooperativista – PAGC
- junto a cooperativas do Estado do Amazonas é prioridade dentre os programas 2014, uma
vez que destina-se a organizar e padronizar a gestão dessas cooperativas, como forma de
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torná-las competitivas e capazes de oferecer diferenciais positivos, tanto para os cooperados
quanto para os usuários.
O Programa Nacional de Desenvolvimento da Gestão Cooperativista – PDGC – visa orientar
e incentivar a adoção de boas práticas de gestão e governança nas cooperativas.
No Amazonas existem cerca de 07 cooperativas de crédito.
3. Programas Estaduais de Microcréditos
O Governo do Amazonas apoia os programas estaduais de microcréditos:
Programa Oportunidade e Renda, realizado pela Agencia de Fomento do Estado do
Amazonas AFEAM, vem contribuir, por meio de apoio financeiro, para o
desenvolvimento econômico e social do Estado do Amazonas, propiciando
oportunidades para que os trabalhadores autônomos tenham condições de iniciar ou
expandir os negócios, de modo que, em consonância com o Plano de Desenvolvimento
do Estado os seus efeitos multiplicadores promovam a geração de oportunidades de
empregos, a melhoria de renda e da qualidade de vida da população amazonense.
Destinado a trabalhadores autônomos de baixa renda, empreendedores e
microempreendedores individuais que estejam em atividade ou que comprovam
experiência na mesma através de Cursos de Capacitação Técnica. Os valores destinados
a pessoa física variam de R$ 3.000,000 à R$ 7,500,00, e para os Empreendedores
Individuais varias de R$ 3.000,00 a R$ 20.000,00. Este recursos são disponibilizados do
Fundo de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e ao Desenvolvimento Social do Estado
do Amazonas - FMPES, com dotação orçamentária de cerca de R$ 106.000.000,00
4. Fundos Estaduais de apoio aos pequenos negócios
O Governo do Amazonas possui ainda, o Fundo de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e
ao Desenvolvimento Social do Estado do Amazonas – FMPES, criado em 1996, é constituído
por repasses efetuados pelas empresas beneficiárias de incentivos fiscais. 6% do estímulo
das empresas beneficiadas com incentivo fiscal 3% são destinados a financiamentos.
7.3 - Políticas Propositivas e Sugestões
O Governo do Amazonas apoia e incentiva os pequenos negócios através da disponibilização de
linhas de crédito, do apoio a iniciativas nacionais referentes ao cooperativismo de crédito,
programas estaduais de microcréditos, e de fundos estaduais para apoio aos pequenos negócios.
Muitas destas iniciativas são desconhecidas pelo micro e pequeno empreendedor. Para garantir
a efetividade destas conquistas e melhorar a comunicação com os pequenos negócios são
recomendadas algumas sugestões de ações:
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1. Estabelecer e divulgar planos, metas, resultados e indicadores sobre a concessão, pelas
instituições estaduais, de crédito e aval para os pequenos negócios.
Embora os sites das instituições financeiras apresentem as linhas de crédito, público-alvo,
taxas de juros, entre outros, carece de informações mais detalhadas que possam ser
disponibilizadas para a sociedade. Neste sentido, sugere-se a divulgação de dados,
estatísticas, volumes de crédito, percentuais de recursos contratados por porte de
empresas/categoria jurídica, contribuindo para a ampliação e facilidade no acesso ás
informações.
2. Promover a inclusão de novos atores no sistema de crédito e financeiro, estimulando a
criação de cooperativas de crédito, empresas de crédito direto, start-ups e fintechs, em
parceria com entidades e associações empresariais. Estimular a utilização de capital de risco
para apoiar a constituição e operação de novos atores no sistema de crédito.
3. Criar linha especial de crédito com juros reduzidos e mecanismos de antecipação de
recebíveis, destinados às pequenas empresas que vencerem licitações de modo a atender
suas necessidades de capital de giro enquanto produzem o material/serviço para entregar
aos órgãos públicos.
Criar a linha de crédito para os fornecedores do Estado, com taxas de juros diferenciadas, a
ser disponibilizada para pequenos negócios vencedores de licitações públicas, para que
possam custear a formação de estoque/produção visando atender ao objeto licitado.
Sugere-se também a criação de mecanismos de antecipação dos recebíveis nas compras
realizadas pelo Estado, sem a cobrança de juros do fornecedor.
Estes dois mecanismos devem ser divulgados por meio de palestras, seminários, cartilhas,
etc, incluídos nas capacitações de fornecedores realizadas pelo Governo Estadual.
4. Simplificar os processos de contratação de empréstimos e solicitação de garantias utilizados
pelas instituições públicas, especialmente pela Agência de Fomento do Estado do Amazonas.
Na pesquisa realizada pelo SEBRAE no Estado do Amazonas, o excesso de burocracia e a
obrigatoriedade da apresentação de avalista foram apontados como principais obstáculos
para o acesso de pequenos negócios ao crédito estadual, inclusive inviabilizando a maioria
das operações.
5. Criar programa que permita aos pequenos negócios adquirirem seus imóveis comerciais com
juros reduzidos.
A existência de linhas de crédito voltadas para os pequenos negócios a título de capital de
giro, máquinas e equipamentos, instalações, insumos, entre outros já é tradicional nas
operações de crédito dos bancos e agências.
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No entanto, os pequenos negócios carecem de política de crédito voltada à aquisição de
imóveis comerciais e tornam-se, muitas vezes, reféns de alugueis com preços exorbitantes.
Neste sentido, sugere-se a criação de uma política de crédito voltada para a aquisição desses
imóveis comerciais.
6. Aumentar o acesso dos pequenos negócios ao crédito a partir da ampliação dos canais de
atendimento ao pequeno empresário interessado na contratação de um financiamento.
Quanto maior a capilaridade e a facilidade no acesso às informações, maior a possibilidade
dos empreendedores em tomar crédito.
Neste sentido, sugere-se a ampliação de espaços para atendimento e orientação ao pequeno
empreendedor, por meio da disponibilização de atendimento financeiro presencial nas Salas
do Empreendedor, da realização de convênios com associações de micro e pequenas
empresas, entre outros.
Os funcionários responsáveis pelo atendimento devem ser continuamente capacitados para
que possam diagnosticar as reais necessidades das empresas e indicar as melhores opções
entre as linhas de crédito e fundos de avais disponíveis.
7. Criar linhas específicas para as características dos APL e Encadeamentos Produtivos.
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8 - Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade
8.1 - Políticas e Práticas Referenciais
Conforme a Pesquisa GEM (Global Entrepeneurship Monitor) 2017, apenas 1,4% dos
empreendimentos iniciais e 0,3% dos empreendimentos já estabelecidos atuam suportados por
tecnologias mais atuais ou sofisticadas. 75% dos empreendedores reconhecerem que atuam com
produtos e serviços que não trazem inovações para o mercado em que estão inseridos.
A Lei Complementar Federal nº 123/2006 (Estatuto Nacional da Micro e Pequena Empresa)
determina que a União, os Estados e os Municípios e respectivas entidades de fomento e
inovação devem dedicar 20% de seu orçamento na manutenção de projetos e programas
específicos para apoio aos micro e pequenos negócios.
Contudo, na maioria dos estados brasileiros, os resultados referentes ao acesso à inovação e
tecnologia pelos segmentos empresariais de menor porte ficam aquém do estabelecido pela Lei
123/2006.
Para estimular o acesso dos pequenos negócios à inovação, tecnologia e sustentabilidade,
contribuindo para o seu desenvolvimento, sobrevivência e competitividade, o Governo Estadual
pode executar ações como:
1. Incluir, no programa de desenvolvimento estadual, ações para estimular a inovação de
processos, produtos, gestão e marketing, bem como a sustentabilidade social, ambiental e
econômica com foco nos pequenos negócios.
2. Regulamentar o Capitulo X da Lei Geral, criando e implementando uma lei estadual de apoio
à inovação voltada para pequenos negócios com o objetivo de garantir o acesso dos mesmos
aos centros de conhecimento, linhas especiais de financiamento e demais programas de
apoio.
3. Regulamentar e implementar políticas públicas que assegurem a sustentabilidade
ambiental, abordando a preservação e melhoria do meio ambiente, licenciamento
ambiental, saneamento básico, tratamento de resíduos, etc e prevendo o tratamento
diferenciado para os pequenos negócios.
4. Apoiar incubadoras de empresas com foco em ciência, tecnologia e inovação, bem como o
surgimento de novas incubadoras em áreas não cobertas pelas existentes e a criação de
condomínios empresariais tecnológicos no Estado.
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5. Estimular a aproximação dos pequenos negócios e entidades voltadas para o
desenvolvimento de inovação e tecnologia, como centros tecnológicos, universidades,
laboratórios, instituições do Sistema S, Embrapa, etc, para favorecer a troca de experiências
e informações.
6. Incentivar o apoio de grandes e médias empresas aos projetos de incubação de pequenos
negócios inovadores.
7. Incentivar a criação e operação de fundos de investimentos públicos, privados e mistos
dedicados a financiar e/ou capitalizar empresas com foco em ciência, tecnologia, inovação e
sustentabilidade.
8. Criar incentivos fiscais para pequenos negócios que aplicam em ciência, tecnologia, inovação
e sustentabilidade – Lei Estadual do Bem.
9. Estimular parcerias entre o Governo Estadual e instituições com potencial de apoio a
pequenos negócios com foco em ciência, tecnologia, inovação e sustentabilidade, com
destaque para universidades e centros de pesquisa.
10. Estimular o incremento quantitativo e qualitativo de pesquisadores, professores e
infraestrutura com foco em ciência e tecnologia.
11. Garantir a representatividade dos pequenos negócios nos Conselhos e Comitês Estaduais
responsáveis pela definição de políticas e taxas sobre aspectos ambientais importantes.
12. Adotar a prática de compras sustentáveis.
13. Simplificar, desburocratizar e desonerar o licenciamento ambiental dos pequenos negócios.
14. Divulgar, por meio da internet, planos, metas, resultados, indicadores e outras informações
sobre ações e programas do Governo Estadual para o estímulo da inovação e
sustentabilidade nos pequenos negócios.
15. Utilizar o poder de compra governamental para desenvolvimento de fornecedores
participantes de incubadoras e start-ups instaladas no Estado.
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Experiência Exitosa
UF: São Paulo
Título: Interiorização dos Programas de Inovação em Pequenas Empresas
Descrição: Eventos realizados nas cidades do interior de São Paulo e organizados pela Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pela Desenvolve SP, em parceria com
a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação e Informação e a Frente Parlamentar do
Empreendedorismo, ambas da Assembleia Legislativa de São Paulo estão permitindo maior
participação dos pequenos negócios do interior do Estado em programas de inovação.
O Programa Inovação em Pequenas Empresas (Pipe), da FAPESP, está completando 20 anos de
existência. Nesse período, houve 1.921 auxílios contratados, e também 2.959 bolsas concedidas,
vinculadas a esses auxílios. Foram contemplados projetos de quase 1.200 micro e pequenas
empresas do estado de São Paulo, totalizando cerca de R$ 400 milhões em desembolsos.
Criado com o objetivo de estimular a inovação tecnológica e contribuir para a valorização da
pesquisa na empresa, o Pipe tem apoiado empreendedores que desejam transformar
conhecimento em novos produtos ou serviços.
Os eventos realizados pela FAPESP e Desenvolve SP permitem que os empreendedores
interessados em inscrever projetos esclareçam suas dúvidas e tenham contato direto com os
coordenadores e também com outros empreendedores que já participaram do programa.
São apresentados esclarecimentos sobre os recursos disponíveis (fase I até R$ 200 mil, fase II até
R$ 1 milhão), as modalidades, duração, fases, formulários, regras, critérios de avaliação, e
procedimentos necessários para a inscrição de Propostas.
Segundo representantes da Frente Parlamentar, eventos como esse aproximam as agências de
fomento dos micro e pequenos empreendedores, apoiando a pesquisa de chão de fábrica,
interiorizando a inovação e levando recursos para todas as regiões do Estado. Para os
representantes das organizações apoiadoras do evento, como a Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (FIESP), o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), o Serviço
Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e o Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e
das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas no Estado de São Paulo
(SESCON), a inovação é o caminho para estimular a produtividade e a competitividade nos
pequenos negócios.
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Segundo a FAPESP, o investimento nesse segmento visa criar uma cultura de inovação no Estado
de São Paulo. A inovação das micro e pequenas empresas é considerada uma forma mais efetiva
para a renovação da indústria paulista é pelo apoio às pequenas empresas. Levantamento
apresentado pela Desenvolve SP mostra que as empresas inovadoras, em relação às não
inovadoras, crescem 16% a mais, são 31% mais produtivas, pagam salários 28% acima e exportam
12% mais valor.
8.2 - Panorama Atual no Amazonas
No panorama de Inovação, Tecnologia e Sustentabilidade do Estado do Amazonas, destacam-se
os seguintes pontos:
1. Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas - FAPEAM
A FAPEAM foi criada em 2001 e é a principal instituição do Governo do Amazonas na área de
pesquisa, desenvolvimento e inovação. Sua finalidade exclusiva é o amparo à pesquisa
científica básica e aplicada e ao desenvolvimento tecnológico experimental, no Estado do
Amazonas, nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências Biológicas, Ciências
da Saúde, Ciências Agrárias e Ciências Humanas e Sociais, com o objetivo de aumentar o
estoque de conhecimentos científicos e tecnológicos, assim como sua aplicação, no interesse
do desenvolvimento econômico e social do Estado..
2. Programa Pró-incubadora
Programa lançado pelo Governo do Estado através da Fundação e Amparo a pesquisas no
Estado do Amazonas – FAPEAM, com o objetivo de apoiar as incubadoras de empresas.
O programa foi lançado via edital, com recursos disponíveis no valor de R$ 1.700.000,00
milhão, destinado para o incentivo e apoio a novos projetos, e para incubadoras já
existentes. O Amazonas tem hoje nove incubadoras e outras três devem ser criadas no
interior do Estado.
3. Incentivos Fiscais para Pequenos Negócios Inovadores
Para programas de incentivo fiscal para pequenos negócios inovadores, o Governo Federal
dispõe da Lei do Bem (11.196/05). Esta lei oferece incentivos fiscais às empresas que
realizam pesquisas tecnológicas e de inovação.
Para se utilizar da lei, é necessário instalar na empresa um programa de inovação com
projetos eficazes. As empresas grandes chegam a desenvolver 400 projetos de inovação por
ano. Na lista de beneficiárias, há empresas de setores e portes variados, desde uma pequena
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fábrica de calçados até gigantes como Ambev e Alcoa. Do setor de serviços, um exemplo é a
Contax, do segmento de call center.
8.3 - Políticas Propositivas e Sugestões
No Estado do Amazonas, alguns fatores ainda dificultam a inovação nos pequenos negócios.
Podem ser destacados neste sentido, a falta de políticas de incentivos para os pequenos negócios
inovadores; o excesso de burocracia ainda existente na abertura de empresas; a dificuldade de
obtenção de informações sobre instituições e iniciativas de inovação e os respectivos resultados.
A inovação é um pré-requisito para o desenvolvimento dos pequenos negócios, favorecendo a
geração de emprego e renda e a melhoria da qualidade de vida da população. Ao estimular a
inovação dos pequenos negócios, o Governo Estadual está contribuindo, de forma efetiva, para
o desenvolvimento socioeconômico do Amazonas.
Para estimular a inovação dos pequenos negócios, são propostas as seguintes ações:
1. Desenvolver e implementar políticas públicas, programas e projetos de inovação no
Amazonas, considerando sua adequação a realidade dos pequenos negócios e promover os
ajustes necessários, como por exemplo:
Inclusão da dotação orçamentária para ações de inovação e assistência técnica;
Regionalização e interiorização das ações;
Incentivo às ações inovadoras nos APL, que apresentam maior capacidade de irradiar as
novas tecnologias rapidamente entre as empresas do mesmo ramo;
Adequação dos valores das chamadas públicas ao porte das empresas. Em muitos casos,
as chamadas têm valores mínimos elevados o que inviabiliza a participação de empresas
menores;
Aperfeiçoamento das linhas de crédito disponíveis na Agência de Fomento do Estado do
Amazonas, com condições diferenciadas de análise de crédito, decisão, garantias, juros
e prazos às empresas incubadas e às inovadoras.
2. Desenvolver a Lei Estadual de Inovação, seguindo ao capítulo X da Lei Complementar Federal
nº 123/2006, estabelecendo a quota mínima de 20% dos recursos disponíveis, a ser
direcionada para os pequenos negócios pelas entidades estaduais da área de pesquisa e
inovação.
A lei estadual deve tornar obrigatória a aplicação de 20% dos recursos das entidades
estaduais de ciência, tecnologia e inovação em projetos voltados para o desenvolvimento da
inovação dos pequenos negócios. Este percentual, apesar de previsto na Lei Complementar
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Federal 123/2006 e na Lei Estadual 618/2012, não é abordado na Lei Estadual de Inovação
do Amazonas mas deve ser considerado em todos os programas desenvolvidos.
Sugere-se ainda que sejam incluídos outros benefícios, em nível de estado, conforme Lei
Federal nº 11.196/2005 (Lei do Bem).
3. Assegurar que sejam disponibilizados os recursos estaduais para a inovação dos pequenos
negócios, a serem aplicados pelas entidades públicas de inovação.
O Governo Estadual precisa garantir que os recursos de inovação sejam disponibilizados de
acordo com o estabelecido na Lei Complementar Federal 123/2006, ou seja, 20% dos
recursos das entidades estaduais de inovação devem ser aplicados em projetos direcionados
para os pequenos negócios, conforme já mencionado no item anterior.
Este benefício para os pequenos negócios deve ser incorporado a todos os programas
estaduais de ciência, tecnologia e inovação.
5. Divulgar, em um único ambiente virtual ou físico, planos, metas, resultados, indicadores e
outras informações sobre entidades e programas do Governo Amazonense para a inovação
dos pequenos negócios.
Os órgãos e instituições de ciência e tecnologia estaduais deverão divulgar informações,
planos, metas e resultados seguindo uma padronização estabelecida pelo Poder Executivo,
no sentido de tornar público e de maneira transparente dados como:
valores e percentuais dos recursos das entidades efetivamente destinados a inovação
dos pequenos negócios em cada ano;
novas soluções tecnológicas e de inovação desenvolvidas pelas entidades de forma que
outros pequenos negócios possam pesquisar e ter acesso aos benefícios.
6. Estimular o fortalecimento do modelo de incubação de empresas para desenvolver e apoiar
as startups pelas incubadoras estaduais, incluindo a expansão dos ramos de atividades das
empresas selecionadas para integrar as incubadoras.
7. Incentivar o apoio de grandes e médias empresas aos projetos de incubação de pequenos
negócios inovadores.
As grandes e médias empresas devem ser incentivadas a formarem incubadoras de
pequenos negócios inovadores para atenderem às suas demandas.
8. Incentivar a criação e operação de fundos de investimentos públicos, privados e mistos
dedicados a financiar e/ou capitalizar empresas com foco em ciência, tecnologia e inovação.
É necessário que estes fundos dediquem pelo menos 20% dos recursos aos pequenos
negócios.
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9. Estimular as instituições de ensino, públicas e privadas, a manterem centros de pesquisas e
promoverem estudos e feiras de tecnologia e inovação voltadas para os pequenos negócios
mediante premiação.
10. Construir novas parcerias com instituições tecnológicas.
A inovação e tecnologia são fatores determinantes para o fortalecimento dos pequenos
negócios. Nesse sentido faz-se necessário que o Estado firme parcerias com essas entidades
no sentido de estimular novos programas que possam transformar os pequenos negócios
em médias e grandes empresas.
11. Promover programas para formação e capacitação de pesquisadores e professores.
Esses profissionais são estratégicos para o estado brasileiro, portanto, é preciso que o
Governo Amazonense estimule a formação e qualificação de pesquisadores e professores
em universidades estaduais públicas com apoio financeiro.
12. Utilizar o poder de compra governamental para o desenvolvimento de fornecedores
participantes de incubadoras e start-ups instaladas no Estado.
13. Implementar a Agenda Ambiental na Administração Pública - A3P.
A Agenda A3P é um programa que visa implementar a gestão socioambiental sustentável
das atividades administrativas e operacionais do Governo. A A3P tem como princípios a
inserção dos critérios ambientais, que vão desde uma mudança nos investimentos, compras
e contratação de serviços pelo governo até uma gestão adequada dos resíduos gerados e
dos recursos naturais utilizados tendo como principal objetivo a melhoria na qualidade de
vida no ambiente de trabalho.
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9 - Desenvolvimento Territorial e Setorial
9.1 - Políticas e Práticas Referenciais
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde a grande maioria dos municípios é
de pequeno porte e apresenta realidades e demandas específicas, não basta adotar uma única
estratégia para o desenvolvimento.
Programas e ações do Governo Estadual precisam ser integrados e planejados, mas também
flexíveis o suficiente para se ajustarem de acordo com as características dos territórios e dos
setores de atividade para assim obterem a maior efetividade.
Um Governo Federal, Estadual ou Municipal não pode deixar de incluir o desenvolvimento entre
as suas prioridades – é o único caminho para que deixe de ser refém das urgências e passe a ser
o protagonista do avanço. O desenvolvimento é uma questão transversal, mas que precisa ser
compartilhada entre governo, empresariado, entidades representativas e a sociedade em geral.
Ações para a saúde, educação, infraestrutura e segurança precisam estar articuladas em prol de
um projeto para desenvolver os territórios e as cadeias produtivas.
A atuação com foco no Desenvolvimento Territorial e Setorial cria condições favoráveis ao
empreendedorismo, à geração de renda, consumo e arrecadação; eleva os indicadores de
qualidade de vida; e incrementa a produção de conhecimento e informações.
Para o direcionamento das ações em prol do Desenvolvimento Territorial e Setorial, o Governo
Estadual pode tomar iniciativas como as seguintes:
1. Implementar programa integrado de desenvolvimento econômico territorial e setorial
estadual, incluindo estratégias, políticas, metas e ações para estimular o aprimoramento do
ambiente, a competitividade e a evolução dos pequenos negócios em todas as regiões do
estado e nos principais setores de atividades.
2. Instituir uma governança para o programa de desenvolvimento econômico territorial e
setorial estadual, com responsabilidade pela gestão da articulação, relacionamento
institucional e mobilização de lideranças e atores vinculados aos setores público, privado e
terceiro setor; pela formação de parcerias; pelo provisionamento, acompanhamento e
controle da aplicação de recursos; pelo monitoramento da implementação dos projetos e
ações; pela avaliação do cumprimento das metas e ações propostas; pela interação com
outras entidades de nível federal, estadual e municipal; pela garantia do tratamento
diferenciado para os pequenos negócios.
3. Apoiar a realização de programas voltados para a capacitação e coalizão de lideranças locais
como atores do desenvolvimento territorial e setorial.
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4. Incentivar a criação de Agências de Desenvolvimento Local, bem como de Distritos
Industriais no estado.
5. Incentivar Parcerias Público Privadas - PPP como instrumentos para a prestação de serviços
públicos, desenvolvimento de infraestrutura, desenvolvimento de fornecedores e
distribuidores, etc, promovendo a integração de grandes empresas com os pequenos
negócios.
6. Fomentar a criação de consórcios públicos multifinalitários intermunicipais e no âmbito
estadual, com o intuito de viabilizar a solução de problemas comuns entre os municípios e
entre estes e o Governo Estadual, ampliar a capacidade de atendimento de serviços públicos
e contribuir para o desenvolvimento territorial e setorial.
7. Promover a criação de incentivos e realização de esforços para atrair grandes empresas e
construir encadeamentos produtivos e tecnológicos em regiões do estado deprimidas
economicamente.
8. Divulgar, por meio do portal do Governo Estadual, informações sobre planos, metas,
resultados e ações de desenvolvimento territorial e setorial.
Experiência Exitosa
UF: Acre, Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão,
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio
de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe, São Paulo
Título: Programa Líder – Liderança para o Desenvolvimento Regional
Descrição: O Programa Líder – Liderança para o Desenvolvimento Regional é uma metodologia
aprovada como instrumento de mobilização, qualificação e integração de lideranças, para a
criação de um ambiente favorável aos pequenos negócios, adotada pelo Sistema Sebrae em
parceria com entidades públicas, privadas e do terceiro setor como uma estratégia para a
promoção do desenvolvimento territorial e setorial.
O Programa Líder trabalha as três dimensões da competitividade: a sistêmica (abordando ações
voltadas para o ambiente de negócios, como por exemplo a adoção de legislação favorável e
legislação justa); a estrutural (ações voltadas para o coletivo empresarial e grupos específicos de
empresas, como por exemplo o estímulo ao associativismo e o desenvolvimento de cadeias de
produção); e a empresarial (ações voltadas para o ambiente interno de cada empresa, como
melhoria da gestão e redução de custos).
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Através do Programa Líder, as lideranças e representantes da sociedade local assumem o seu
papel de protagonistas, compartilham o planejamento e realização de projetos voltados para o
desenvolvimento local e melhoria da qualidade de vida da população.
O Programa Líder foi adotado em 18 estados brasileiros. Já foram desenvolvidos 34 projetos,
envolvendo 418 municípios com resultados significativos, o que demonstra a eficácia da
metodologia e a importância do protagonismo das lideranças locais para se alcançar o
desenvolvimento.
São apresentados a seguir os históricos de dois Programas Líder, realizados no Paraná, Santa
Catarina e Minas Gerais.
Título: Consórcio Intermunicipal da Fronteira – CIF
UF: Paraná e Santa Catarina (Brasil) e Província de Missiones (Argentina)
Descrição: Os consórcios públicos intermunicipais foram tratados na Constituição Federal de
2008 como uma alternativa para os municípios brasileiros de atuarem de forma conjunta na
solução de seus problemas sociais, culturais e econômicos. A Constituição define, em seu artigo
241 que a União, Estados e Municípios disciplinarão os consórcios públicos entre os entes
federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total
ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços
transferidos.
O Consórcio Intermunicipal da Fronteira – CIF é uma associação pública, de direito público, criado
em 2009, quando quatro municípios vizinhos (Barracão – PR, Bom Jesus do Sul – PR, Dionísio
Cerqueira – SC e Bernardo de Irigoyen/Missiones / Argentina) buscaram na integração um meio
para dinamizar processo de desenvolvimento econômico e social. Estes municípios protagonizam
uma situação única no mundo em termos de fronteira seca: são três cidades, três estados e dois
países que se fundem num único conglomerado urbano, cujas divisas são apenas ruas.
O desenvolvimento através das ações integradas com economia de escala para gerar melhores
condições de vida a esta população foi o intuito que motivou a formação do Consórcio
Intermunicipal da Fronteira. Uma ação de cooperação entre os municípios de Dionísio Cerqueira-
SC, Barracão- PR, Bom Jesus do Sul-PR e Bernardo de Irigoyen – Argentina, para que juntos
pudessem transformar o conceito de limite territorial em um lugar ainda melhor para se viver.
O CIF buscou parceria com o SEBRAE que desenvolveu o Programa LIDER para o Desenvolvimento
Regional, reunindo os setores público, privado e terceiro setor, de 39 municípios da região de
fronteira Brasil / Argentina. Assim, com a participação das lideranças e sociedade local, foram
definidos os quatro eixos de desenvolvimento: Educação, Turismo, Agroecologia e Produtos
Locais. Para cada eixo foram definidas as metas e projetos a serem realizados em parceria.
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Os resultados positivos da união dos municípios refletiram na qualidade de vida da população e
no desenvolvimento econômico local. Entre as ações integradas, promovidas pelo Consórcio,
destacam-se os investimentos na saúde com um novo hospital; no turismo o Parque Turístico
Ambiental de Integração, o Centro de Atendimento ao Turista; o Projeto Urbanístico integrado
na Rua Divisor; a construção de casas populares. Outras ações a serem mencionadas são o
programa de Coleta Seletiva de Lixo com Usina de Reciclagem, a Patrulha Rodoviária, a instalação
da agencia do INSS, a nova aduana integrada de cargas, a valorização do produto local; os
projetos de federalização da Faculdade da Fronteira; a implementação do programa JEPP –
Jovem Empreendedor Primeiros Passos na FAF, o projeto da construção de ferrovia até a Tríplice
Fronteira.
A troca de experiências e conhecimentos, a participação e amadurecimento da equipe e a
internalização da visão de desenvolvimento como região, propiciadas através do Programa Líder,
contribuíram de forma efetiva para o sucesso do projeto. A facilidade na obtenção de recursos
por ser um grupo.
O sucesso do Consórcio garantiu a continuidade das suas ações. Transcorridos quase 10 anos
após a criação do CIF, ele continua atuante, com novos projetos para a melhoria da qualidade de
vida da população e desenvolvimento econômico, como a implantação do Canal de
Comunicação/Integração de Forças de Segurança.
Título: Programa Líder Sudoeste de Minas Gerais
UF: Minas Gerais
A região Sudoeste de Minas Gerais tem localização privilegiada e abriga três importantes
conjuntos de riquezas naturais: a Serra da Canastra, onde está a nascente do Rio São Francisco;
a Bacia do Médio Rio Grande, onde está instalada a Usina de Furnas; e o Lago de Furnas, o
chamado “mar doce de Minas”. Contudo, apesar de todas estas riquezas, o desenvolvimento da
região mostrava-se estagnado, sem o aproveitamento das oportunidades locais.
Em 2015, foi implantado o Programa Líder - Liderança para o Desenvolvimento Regional,
seguindo a metodologia do Sebrae, com apoio do Instituto Votorantim, da Votorantim Metais,
da Votorantim Cimentos, da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB) e da
Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Rio Grande (AMEG).
O Programa Líder busca resgatar o protagonismo do desenvolvimento para representantes
locais, através da sua sensibilização e desenvolvimento de competências para liderança,
articulação, mobilização, planejamento e governança.
Na Região Sudeste de Minas Gerais, durante dois anos o Programa Líder envolveu e capacitou
representantes de órgãos públicos, empresas privadas e comunidade. O grupo de participantes
elaborou, sob a orientação de consultores especializados na metodologia Líder, um mapa
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estratégico baseado nos seguintes eixos de desenvolvimento: Agronegócio, Turismo, Educação e
Tecnologia.
As propostas desenvolvidas através do Programa Líder contribuíram para melhorar
expressivamente a articulação entre Poder Público, Iniciativa Privada e Sociedade Civil. Tais
propostas subsidiaram, por exemplo, o plano de governo municipal da gestão iniciada em 2017.
Em 2017, o Programa Líder foi concluído e os seus participantes criaram o movimento voluntário
Conexão Sudoeste de Minas. Em agosto de 2018, o movimento Conexão Sudoeste de Minas
conta com representantes voluntários de nove municípios: Capitólio, Delfinópolis, Fortaleza de
Minas, Itaú de Minas, Passos, Piumhi, Pratápolis, São João Batista do Glória e São Roque de
Minas.
No setor da Educação, o Programa Líder e o movimento Conexão abraçaram a bandeira da
educação cooperativista, financeira e empreendedora, que já havia sido implantada em toda a
rede de ensino dos municípios de São Roque de Minas, Vargem Bonita, Medeiros e São João
Batista do Gloria. O grupo articulou e levou esse modelo de educação para mais cidades:
Delfinópolis, Cássia, Passos, Bambuí e Capitólio, entre outros. A meta é, até 2025, levar a
educação cooperativista, financeira e empreendedora para todos os municípios do Sudoeste
Mineiro, com apoio do Sebrae e de instituições parceiras, especialmente a cooperativa de crédito
Sicoob Saromcredi.
No Agronegócio, o programa Líder proporcionou o fomento à fruticultura e a aceleração na
implantação do Serviço Municipal de Inspeção (SIM) e Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos
de Origem Animal (SISBI). Também fomentou projetos de compras governamentais, com
aquisição de produtos da agricultura familiar local e regional, especialmente para o uso na
alimentação escolar. Entre 2015 e 2017, o município de Capitólio aumentou em 90% o valor de
itens comprados localmente para a merenda nas escolas, fazendo o dinheiro circular na própria
cidade, com sustentação para os produtores locais.
Outra importante mobilização do Sudoeste de Minas está na busca de certificação de indicação
geográfica de sua produção regional, a exemplo do Queijo Canastra, o que favorece os
empreendimentos rurais, agrega valor aos produtos e ainda potencializa o turismo regional. Em
processo avançado, está o desenvolvimento da bananicultura em Delfinópolis, que já ocupa o
posto de 2º maior produtor do Estado.
No eixo do Turismo, as cidades se integraram para buscar organização e normatização para a
atividade, a fim de dar sustentabilidade ambiental e econômica para os empreendimentos e
municípios nas áreas da Serra da Canastra e Lago de Furnas.
Pela frente, o movimento Conexão Sudoeste de Minas, fruto do Líder, tem a tarefa de fazer
cumprir sua declaração de visão, definida em 2015: “Ser a melhor região do Estado para se viver”.
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9.2 - Panorama Atual no Amazonas
1. Programas Estaduais de Encadeamento Produtivo
O Estado do Amazonas, através da Agencia de Desenvolvimento Sustentável - ADS do Estado
do Amazonas possui dois programas estaduais de encadeamento produtivo, são eles:
Programa de Incentivo a Juta Malva - A juta e malva é uma atividade de grande valor
para o contexto do setor primário no Amazonas. A meta é consolidar as atividades da
produção ao processo industrial, uma vez que quatro das indústrias de processamentos
da fibra no Brasil estão aqui no Amazonas.
O Programa foi construído através da parceria entre a Companhia Nacional de
Abastecimento – CONAB, Secretaria Estadual de Fazenda, Secretaria de Produção Rural,
Agência de Agronegócios do Estado do Amazonas, Instituto de Desenvolvimento
Agropecuário do Estado do Amazonas – IDAM e Organizações de Produtores Rurais.
Dentro das ações programadas, os produtores recebem assistência técnica,
financiamento a juros reduzidos por meio da Agência de Fomento do Estado do
Amazonas (Afeam), apoio à produção com a distribuição de sementes e incentivo à
instalação de indústrias de processamento. O Governo do Amazonas, por meio da
Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), vai destinar R$ 2.660.221,49 em
subsídio para os produtores de malva e juta de dez municípios do Amazonas:
Manacapuru, Anamã, Anori, Beruri, Coari, Careiro da Várzea, Codajás, Caapiranga,
Iranduba e Manaquiri, sendo beneficiadas 1.036 famílias.
Programa de Fortalecimento da Cadeia Produtiva da Borracha – dentre os 62
municípios do Estado do Amazonas, 14 recebem subvenção estadual e 06 municípios
recebem subvenção estadual e municipal: Carauari, Manicoré, Humaitá, Lábrea, Boca
do Acre, Borba, Pauini, Eirunepé, Canutama, Itacoatiara, Nova Olinda do Norte .
2. Desenvolvimento dos Pequenos Negócios como fornecedores
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é uma das alternativas para o agricultor
familiar participar do mercado institucional de comercialização. Criado em 2003, prevê
a possibilidade de aquisição de alimentos produzidos por agricultores familiares para
atender pessoas beneficiadas por programas sociais do Governo Federal em virtude de
insegurança alimentar ou risco nutricional. Por meio do PAA, os produtos da agricultura
familiar também podem ser adquiridos para a formação de estoques estratégicos do
Governo Federal. Atualmente, envolve 513 famílias e o valor da comercialização é
R$420.000,00.
Programa de Regionalização da Merenda Escolar – PREME: objetiva a substituição de
gêneros alimentícios importados por produtos regionais, contribuindo para a
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interiorização do desenvolvimento e o resgate de hábitos alimentares saudáveis. São
atendidos 62 municípios, 61 cooperativas e associações, 13.534 produtores. O valor dos
recursos envolvidos é R$ 9.800.000,00
Feiras de Produtos regionais: uma parceira entre a ADS e o Exército Brasileiro, ocorre
aos domingos quinzenalmente. Os recursos movimentados alcançam R$ 2.737.471,
envolvendo público visitante superior a 65 mil e 90 cooperativas / associações. São
beneficiadas 3.575 famílias.
3. Incentivos para o desenvolvimento de cadeias produtivas
O Governo do Estado do Amazonas atua também na disponibilidade de garantir incentivos
e benefícios aos representantes das cadeias produtivas. Estes incentivos e benefícios são
baseados no pagamento da subvenção estadual para municípios que possuem quantidades
significativas de produtos como o caso da Juta, malva e borracha.
4. Agência de Fomento do Estado do Amazonas – AFEAM
A Agencia de Fomento do Estado do Amazonas – AFEAM, possui o programa AFEAM RURAL,
cujos beneficiários são pequenos produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas); cooperativas
de produtores rurais, com pelo menos 70% do seu quadro social formado de pequenos
produtores rurais; associações de produtores rurais devidamente formalizadas. O
programa financia os beneficiários, até o limite R$50.000,00
9.3 – Políticas Propositivas e Soluções
A distância entre os municípios e comunidades é uma das maiores dificuldades para o
desenvolvimento no Estado do Amazonas, bem como a existência de cheias e secas. Nestes
períodos, é difícil chegar até às propriedades e comunidades dos produtores; o trajeto pode levar
mais de 12 horas.
O Governo do Amazonas com estes incentivos e benefícios vem contribuindo com o produtor
local para que permaneça no seu local de origem e comunidades, pois muito pela dificuldade
procuram a sede dos municípios e ficam sem condições de moradia e alimentação.
Recomenda-se que sejam executadas as ações seguintes:
1. Desenvolver e implementar programa integrado de desenvolvimento econômico territorial
e setorial estadual, incluindo estratégias, políticas, metas e ações para estimular o
aprimoramento do ambiente, a competitividade e evolução dos pequenos negócios em
todas as regiões do estado e nos principais setores de atividades.
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Uma política eficiente de desenvolvimento regional pressupõe o mapeamento das aptidões
de negócios no Estado e a análise das informações dos principais setores de arranjos e
cadeias de produção do Estado.
Com base nestas informações, o Amazonas poderá promover programas para ampliar as
possibilidades de formação de novos consórcios municipais, novas cadeias e arranjos
produtivos, bem como integrar novas atividades e empreendimentos em projetos regionais
de encadeamento produtivo.
A elaboração do plano de desenvolvimento regional deve contar com a participação efetiva
de entidades de representação das micro e pequenas empresas, órgãos de fomento,
instituições financeiras, universidades, entre outros.
É imprescindível considerar, neste plano de desenvolvimento, as questões de infraestrutura.
2. Instituir uma governança para o programa de desenvolvimento econômico territorial e
setorial estadual, com responsabilidade pela gestão da articulação, relacionamento
institucional e mobilização de lideranças e atores vinculados aos setores público, privado e
terceiro setor; pela formação de parcerias; pelo provisionamento, acompanhamento e
controle da aplicação de recursos; pelo monitoramento da implementação dos projetos e
ações; pela avaliação do cumprimento das metas e ações propostas; pela interação com
outras entidades de nível federal, estadual e municipal; pela garantia do tratamento
diferenciado para os pequenos negócios.
3. Estimular a realização de programas para desenvolvimento e mobilização das lideranças,
entidades representativas, terceiro setor e sociedade em geral, para buscar a integração,
construção participativa e governança de ações em prol do desenvolvimento territorial e
setorial.
Estes programas podem ser realizados em parceria com o Sebrae, aplicando a Metodologia
Líder.
No Amazonas, o Líder se desenvolve na Região do Alto Solimões. Existe proposta para
execução do Líder em Humaitá e entorno e Região de Tefé, com previsão para 2019.
4. Fomentar a criação e investimentos em consórcios intermunicipais de desenvolvimento
regional.
Os consórcios intermunicipais possuem enorme capacidade para desenvolver os pequenos
negócios regionais. Podem organizá-los em APL, formar incubadoras, fornecer cursos de
capacitação, organizar rodadas de negócios, promover as empresas em site regional,
prepara-las para o comércio exterior e estimular a participação destas empresas em
licitações.
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A título de exemplo, deve ser citado o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, de São Paulo,
que reúne sete municípios do Grande ABC para o planejamento, articulação e definição de
ações de caráter regional.
5. Gerar oportunidade para o produtor rural do campo, priorizando seu conhecimento
tradicional e fazendo com que a partir daí possam melhorar a tecnologia utilizada hoje.
6. Capacitar produtores rurais em suas próprias comunidades.
7. Estabelecer contato direto entre as comunidades de produtores rurais, as grandes e médias
empresas.
8. Incentivar as grandes empresas a desenvolver programas locais de fornecedores ou ainda
que os pequenos negócios amazonenses sejam fornecedores de seus principais
fornecedores.
Na prática, uma das melhores maneiras de induzir esse processo é por meio dos incentivos
tributários. O diferimento de imposto, por exemplo, fortalece a cadeia produtiva ao reduzir
os custos durante o processo e deixar para exigi-lo somente das grandes empresas com os
produtos de maior valor agregado. Portanto, sugere-se um regime tributário especial para
os negócios participantes de encadeamentos produtivos ou de um mesmo Arranjo Produtivo
Local.
9. Fomentar a criação e o desenvolvimento de Distritos Industriais para os pequenos negócios.
O Governo Estadual, em parceria com os municípios, deve disponibilizar infraestrutura
adequada, em especial, atendimento à demanda de energia elétrica, estrutura viária e de
logística, licenciamento ambiental simplificado e segurança.
Ressalte-se que o poder de barganha dos pequenos negócios para negociar essas questões
com o Estado é muito pequeno individualmente.
10. Criar um comitê ou grupo de trabalho no Fórum Estadual Permanente da Micro e Pequena
Empresa para discutir e propor iniciativas de encadeamento produtivo e desenvolvimento
regional.
Uma forma de proporcionar o desenvolvimento do estado do Amazonas é interagir com os
diversos setores da economia. Neste sentido, por estar consolidado e reunir diversas
entidades ligadas ao universo empresarial de maneira representativa, sugere-se a criação de
um comitê ou grupo de trabalho, dentro do Fórum Estadual que discuta ações e projetos de
encadeamento produtivo e desenvolvimento regional.
11. Apoiar a criação e estruturação de associações e cooperativas de micro e pequenas
empresas como mecanismos de organização social e produtiva.
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Uma das formas de organizar os pequenos negócios, em seus mais variados ramos de
atividade, é por meio do associativismo e cooperativismo. Neste sentido, tornar uma política
pública o apoio à criação e estruturação desses importantes mecanismos de organização
empresarial.
12. Destinar percentual de incentivos fiscais para a instalação de micro e pequenas empresas
relacionadas à cadeia produtiva das empresas de maior porte, nos territórios considerados
como distritos industriais ou parques industriais que receberem este benefício.
Para ampliar a geração de renda, empregabilidade e inclusão socioeconômica, dentro desse
território, é recomendável estabelecer um percentual de incentivo fiscal para a instalação
de micro e pequenas empresas onde as atividades se relacionem com as médias e grandes
empresas.
13. Incentivar ações de treinamento e capacitação técnica e empresarial nos APL, considerando-
se a similaridade de processos e até mesmo dos desafios de gestão.
Sugere-se que o Governo Estadual celebre convênios com instituições de ensino públicas e
privadas, entidades de classe, sindicatos e grandes e médias empresas tendo em vista a
realização destas ações de treinamento e capacitação.
14. Criar programa de incentivos fiscais e creditícios para as micro e pequenas empresas
instaladas em polos industriais e comerciais, optante ou não pelo Simples Nacional.
15. Estabelecer parcerias para realização de eventos e rodadas de negócios entre grandes
empresas e micro e pequenas empresas.
Com o objetivo de ampliar o acesso a novos mercados, sugere-se a realização de eventos,
integrando médias e grandes empresas no esforço de gerar uma relação comercial,
reduzindo a evasão de divisas e promovendo a geração de riqueza para o estado.
16. Fomentar a criação de consórcios públicos multifinalitários intermunicipais e no âmbito
estadual, com o intuito de viabilizar a solução de problemas comuns entre municípios e entre
estes e o Governo Estadual, ampliar a capacidade de atendimento de serviços públicos e
contribuir para o desenvolvimento territorial e setorial.
17. Criar linhas de crédito administradas pela Agência de Fomento do Estado do Amazonas
específicas para empresas instaladas em APL.
18. Divulgar, via web, metas, resultados, programas e ações do Governo Estadual referentes ao
desenvolvimento regional e encadeamento produtivo, promovendo o acesso facilitado às
informações.
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10 – Educação Empreendedora e Profissional
10.1 – Políticas e Práticas Referenciais
Pesquisas demonstram que potenciais empreendedores apresentam características e
habilidades que se manifestam desde os primeiros anos de formação do indivíduo. São aptidões
como a propensão ao risco, a orientação para resultados, o desejo de autonomia e o otimismo,
que precisam ser estimuladas e ensinadas por meio de cursos regulares ou específicos.
Quando este indivíduo com o “pensar empreendedor” encontra oportunidades em um ambiente
favorável e tem o suporte social necessário, são criadas as condições ideais para a construção de
novos negócios.
A Educação Empreendedora é, portanto, uma ação que contribui para a criação de novos
negócios, bem como para a geração de valor para a comunidade e indivíduos. Ao estimular a
Educação Empreendedora, os governantes induzem o desenvolvimento.
Por outro lado, ao se estimular o surgimento de novas empresas há que se pensar na formação
profissional, que possibilite oferecer mão de obra qualificada e em quantidades adequadas, que
assegurem altos níveis de produtividade e competitividade aos pequenos negócios nascentes.
Para tanto, podem ser realizadas ações tais como as elencadas a seguir.
1. Incluir a educação empreendedora e profissional nos currículos das instituições de ensino
fundamental, médio e superior, bem como de ensino profissionalizante e nos programas
sociais estaduais, com vistas a formar futuros empreendedores, disseminando o espírito
empreendedor e propiciando uma base sólida de conhecimentos sobre gestão, mercado e
outros aspectos essenciais ao êxito dos negócios.
2. Investir na formação de docentes na temática do empreendedorismo.
3. Promover a inserção da Educação Empreendedora na Lei de Diretrizes e Bases.
4. Disseminar o potencial econômico da região e dos produtores locais, através da inclusão
deste tema no currículo de matérias sobre a Educação Empreendedora.
5. Estimular a veiculação de conteúdos sobre empreendedorismo nas mídias locais (ex.: rádios
comunitárias) e nos centros de documentação e informação (ex.: bibliotecas).
6. Promover a identificação, premiação e disseminação de boas práticas sobre o
empreendedorismo local, educação empreendedora e alimentação escolar.
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7. Ampliar a oferta de cursos técnicos e profissionalizantes, na Capital e Interior do Estado, com
currículos voltados para as necessidades dos pequenos negócios de todos os setores da
economia, como forma de profissionalizar a população e estimular o empreendedorismo.
8. Promover Acordos de Cooperação Técnico-Financeira com o Sistema S para a formação de
profissionais demandados por pequenos negócios.
9. Incentivar empresas a formarem profissionais em suas áreas de atuação.
Experiência Exitosa
UF: São Paulo
Título: Plano Estadual de Educação Empreendedora
Descrição: A Lei Estadual 15.693/2015, sancionada em março/2015, instituiu o Plano Estadual de
Educação Empreendedora, vinculado à Secretaria da Educação do Estado e ao Centro Estadual
de Educação Tecnológica Paula Souza com o objetivo de promover a inserção do
empreendedorismo no ensino formal, nas escolas de ensino médio e nas escolas técnicas.
Após a aprovação da Lei, em agosto/2017 foi lançado o primeiro Plano Estadual de Educação
Empreendedora (PEEE) para escolas de nível Fundamental e Médio. O documento atualmente
norteia o ensino de mais de 3,7 milhões de estudantes das 5 mil unidades da Secretaria da
Educação e 221 escolas técnicas do Centro Paula Souza.
O PEEE é composto por 11 metas e reúne uma base comum de conceitos, objetivos e habilidades
para elaboração de curso e atividades. O Plano foi elaborado pela Secretaria da Educação e
membros da Frente Parlamentar do Empreendedorismo – FREPEM, responsável pela autoria da
Lei 15.693/2015.
Ao valorizar o empreendedorismo e a educação empreendedora, o PEEE contribui para que
alunos e docentes assumam o protagonismo do seu desenvolvimento profissional e pessoal.
Além das atividades transdisciplinares em sala de aula, outras atividades também são previstas
na Lei 15.693 e no PEEE, como a Feira do Jovem Empreendedor, o Clube do Jovem Empreendedor
e o Centro de Educação Empreendedora, com a missão de disseminar a cultura empreendedora,
por meio de ações educativas focadas no desenvolvimento de competências e no fortalecimento
de princípios éticos.
As despesas decorrentes da aplicação do PEEE são suportadas por dotações orçamentárias
próprias, suplementadas se necessário.
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Participam da concepção e implementação desse programa representantes e especialistas da
Secretaria da Educação, da Frente Parlamentar do Empreendedorismo da Assembleia Legislativa
do Estado de São Paulo e várias instituições com experiências na área, tais como: Centro Paula
Souza, SEBRAE-SP, SENAC, SENAI, SESI, USP, UFABC, Mackenzie, Aliança Empreendedora,
Manacá Atitude Empreendedora, Desop-Educação Financeira, SESCON-SP e Empreende-IFA.
O texto integral do Plano Estadual de Educação Empreendedora pode ser consultado no link:
https://www.al.sp.gov.br/repositorio/frentesParlamentares/161/Relatorio_FP161SEQ2_26042
018_1319.pdf
10.1 - Panorama Atual no Amazonas
Educação empreendedora é um grande desafio a ser superado com várias ações em vários níveis
do processo de ensino, ou seja: as ações devem ser desde o ensino fundamental até os níveis de
pós-graduação.
O Estado do Amazonas possui algumas iniciativas de educação empreendedora na rede escolar
estadual. Devem ser destacadas:
1. Iniciativas no 1º e 2º graus em parceria com o SEBRAE
Jovem Empreendedor Primeiros Passos – JEPP: destinado a alunos da 1º série ao 9º ano
do ensino fundamental.
Crescendo e Empreendendo: com o público alvo destinado a alunos da 1º ao 3º ano do
ensino médio.
2. Ensino Técnico
Pronatec Empreendedor, parceria do Governo do Estado e SENAC. O Programa Pronatec
abrange todo o território brasileiro, Possui como Programas Estadual e parceria firmada
pelo Governo Estadual e já possui cerca de 8 milhões de pessoas matriculadas, de idade
entre 17 a 29 anos.
3. Ensino Superior
A Universidade Federal do Amazonas implantou, desde 2014, a disciplina
Empreendedorismo na sua grade curricular.
A Instituição de Ensino Superior – IES firmou convênio com a Universidade Federal do
Amazonas- UFAM e encontra-se em processo de recebimento de documentos com o
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Instituto federal do Amazonas - IFAM, para a implantação de programas de
empreendedorismo na grade curricular.
Com o mesmo objetivo, a Universidade Estadual do Amazonas – UEA, está com processo em
andamento, na etapa de assinatura dos documentos para celebração dos convênios.
4. Parcerias com Sistema S
Pronatec Empreendedor: citado acima
Barco Samaúma: parceria do Governo do Estado com o SENAI. O barco escola Samaúna
é uma embarcação moderna, equipada com oficinas de Marcenaria, Panificação e
Confeitaria, Mecânica de Motor de Popa e de Motores Marítimos, além das salas de
aulas tradicionais e de Informática. O barco percorre cinco municípios cada ano, ficando
aportado em cada município durante dois meses. Em 30 anos, as ações realizadas no
barco Samaúma, já certificaram mais de 33 mil alunos e em 43 dos 62 municípios
amazonenses.
10.3 - Políticas Propositivas e Sugestões
O Amazonas possui importantes iniciativas de educação empreendedora e profissional, que
cobrem todos os níveis escolares e adaptadas ao contexto regional, como o Barco Escola
Samaúma.
Contudo ainda não são suficientes para atender a demanda. A grande deficiência dos
empreendedores é a falta de informação. Existem muitos conteúdos disponíveis, porém,
dispersos em várias fontes, tais como: entidades, sites, livrarias e bibliotecas. É preciso que o
Estado organize essas informações e as disponibilize num só ambiente oficial, ou seja, em site do
Estado. Esta ação é prejudicada pela falta de infraestrutura de comunicação, pois muitos
municípios têm dificuldades de acesso à internet e telefone.
São propostas as seguintes ações:
1. Incluir a educação empreendedora, cooperativista, associativista e profissional nos
currículos das instituições de ensino fundamental, médio e superior, bem como de ensino
profissionalizante e nos programas sociais estaduais, com vistas a formar futuros
empreendedores, disseminando o espírito empreendedor e propiciando uma base sólida de
conhecimentos sobre gestão, mercado e outros aspectos essenciais ao êxito dos negócios.
Um dos primeiros passos neste sentido é capacitar o corpo docente sobre o assunto por
meio de cursos, seminários, workshops etc.
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Também é necessário promover a inserção do empreendedorismo na Lei de Diretrizes e
Bases Educacionais.
Ainda se recomenda incluir o Programa “Empreendedorismo” nos convênios firmados com
o Governo Federal.
Além da disciplina especifica de empreendedorismo, um avanço importante em termos
metodológicos seria incluir o tema de forma transversal nas outras disciplinas. Neste sentido,
poder-se-á exigir nos requisitos de conteúdo de livros didáticos casos, exemplos e exercícios
que envolvam o empreendedorismo conjuntamente com as respectivas disciplinas.
2. Promover a Educação Empreendedora por meio de convênios com entidades de classe,
sindicatos e o próprio SEBRAE/AM.
3. Estimular o acesso diferenciado a linhas de crédito em função da capacidade gerencial, o que
geralmente é evidenciado por meio de uma ou mais capacitações.
4. Criar, ampliar e/ou fazer parcerias com órgãos reguladores e normativos para ofertar às
micro e pequenas empresas noções práticas referentes às exigências dessas instituições.
Grande parte dos pequenos negócios iniciam suas atividades sem o mínimo de
conhecimento das exigências técnicas em algumas áreas e atividades. Neste sentido, agindo
de maneira educativa e preventiva, recomenda-se a criação, ampliação e a realização de
parcerias com instituições como a Anvisa, ABNT, IPEM, Corpo de Bombeiros contra incêndio,
Segurança e Saúde no Trabalho, entre outros.
5. Promover a identificação, premiação e disseminação de boas práticas locais de
empreendedorismo. Expor casos de sucesso de empreendedores que se destacaram em
suas cidades no Amazonas.
6. Realizar ações como “semana do empreendedorismo”, nas universidades, faculdades,
escolas apresentando casos de sucesso, boas práticas e troca de experiências. Enfatizar o
empreendedorismo jovem, a inserção das mulheres, entre outros.
7. Construir parcerias para a capacitação de agentes de desenvolvimento.
O SEBRAE/AM em parceria com a Associação Amazonense de Municípios – AAM e Governo
do Estado já fazem este trabalho, mas é preciso chegar em todos os municípios.
8. Criar programa de assistência técnica continuada para os pequenos negócios.
Observa-se que boa parte da mortalidade das micro e pequenas empresas advêm de falhas
na gestão do negócio e que muitas vezes, uma capacitação não é suficiente. Com isso, se
torna fundamental a criação de um programa de assistência técnica continuada dirigida a
esse público de maneira individualizada, em parceria com o SEBRAE e instituições de ensino,
contendo no seu arcabouço ações de capacitação em gestão, consultorias, suporte
tecnológico, entre outros.
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9. Ampliar a oferta de cursos profissionalizantes, com currículos voltados para as necessidades
dos pequenos negócios de todos os setores da economia. Estimular e apoiar a continuidade
dos programas já adotados no Amazonas, provendo recursos para aumentar o número de
pessoas atendidas.
10. Implantar mais Escolas Técnicas no interior do Estado.
11. Promover Acordos de Cooperação Técnico-Financeira com o Sistema S para a formação de
profissionais demandados por pequenos negócios.
12. Incentivar empresas a formarem profissionais em suas áreas de atuação.
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A Cidade da Escala Humana
As cidades compactas são as que mesclam moradia, comércio, educação, trabalho e lazer.
Cidades de parques e praças. Cidades do transporte público de qualidade. O maior adensamento
de habitantes dá escala e consequente redução aos custos da infraestrutura de transportes,
iluminação, saneamento básico, educação e saúde.
As cidades em que o trabalho é mais próximo de casa, e a casa mais perto do estudo e do
divertimento, possibilitam caminhadas rotineiras, que fazem bem à saúde, arejam a mente,
distraem os olhos. Quando as pessoas moram mais perto de onde trabalham, divertem-se e
estudam mais perto de onde moram; alimentam-se nos restaurantes vizinhos ao escritório;
encontram-se com os amigos no barzinho logo ali na esquina; e, assim, a acessibilidade ganha
dimensão e qualidade.
Nos itinerários de rotina, as pessoas deixam de lado a chave do carro. Com menos automóveis,
o trânsito fica mais à disposição do transporte coletivo. As palavras acessibilidade e mobilidade
tornam-se sinônimo. Cidades com ruas movimentadas por pessoas são bem mais seguras. A
maior vigilância que se pode oferecer a um lugar são os olhares dos transeuntes, é o vai e vem,
é o balé das calçadas.
Mesmo quando o comércio em geral encerra o expediente, às seis da tarde, os bares, os cafés e
os restaurantes permanecem abertos até à noitinha, criando pontos de iluminação e movimento
de gente nas ruas. Por isso, as ruas dos bares, cafés e restaurantes são mais seguras. Os marginais
preferem ruas vazias.
A presença de pessoas atrai outras pessoas. Gente gosta de gente. A movimentação de gente é
um requisito básico de segurança. O vai e vem é fundamental para que se mantenha a civilidade
nas ruas. As ruas vazias emparedam e encarceram as famílias nas residências muradas e
equipadas com guaritas.
A insegurança, a desagregação da vida urbana e os excessivos deslocamentos motorizados são
os impagáveis preços de uma cidade espalhada, descompactada, sem usos mistos, na qual mora-
se em um lugar e trabalha-se em outro, bem distante.
Um estudo da USP mostra que 70% das viagens urbanas são feitas para que se vá do trabalho à
escola, e vice-versa. São os longos movimentos pendulares das cidades espraiadas que arruínam
a mobilidade e a acessibilidade. As vias expressas passam a encabeçar uma inútil agenda de
prioridades. E as calçadas ficam esquecidas. As calçadas são as passarelas das ruas. Uma cidade
espalhada, em que se mora acolá, trabalha-se alhures, diverte-se nos shoppings e em locais
fechados, prescinde das calçadas.
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A principal causa dos engarrafamentos tem de ser atacada: a cidade espalhada e segmentada
conduz à inarredável armadilha do transporte público caro e de baixa qualidade. O transporte
público ruim e insuficiente leva a população a tirar os carros das garagens.
Nas cidades voltadas para o automóvel, e não para o transporte público, há a compulsão por
elevados, túneis e vias expressas. Os bairros são cortados ao meio, apartados pelas largas pistas
de trânsito rápido, que separam comunidades antes interligadas. Com passarelas distantes umas
das outras, os pedestres aventuram-se em travessias de alto risco.
As cidades espalham-se, horizontalizam-se, alargam-se territorialmente, cada vez mais.
Os de maior renda vão para os condomínios. Os de menor renda, para as periferias desprovidas
de infraestrutura. Multiplica-se o movimento pendular por toda a geografia urbana, das bordas
em direção ao centro da cidade, e vice-versa.
A dispersão faz com que, em geral, a densidade urbana das cidades brasileiras seja muito baixa.
São Paulo tem 7.300 habitantes por quilômetro quadrado. Belo Horizonte tem 7.200. O Rio de
Janeiro, 5.200.
Paris, com densidade de 21.000 habitantes por km², tem o jeito Abrasel de ser: ruas
movimentadas, em meio a um cenário de cafés, bares, restaurantes, galerias de arte, floricultura,
lojas diversas, livrarias, escolas, museus, teatros, hotéis, parques e praças.
Em Barcelona, considerada o mais recente paradigma das transformações urbanas, a densidade
é de 17.500 habitantes por km². Barcelona é uma cidade, como dizem os americanos, com ruas
completas e vivas (complete e living streets), no jeito Abrasel de ser.
Para que o governante eleito estimule a criação e fortalecimento das cidades compactas,
assegurando a qualidade de vida e segurança da população, pode tomar iniciativas como:
1. Vincular os empréstimos concedidos pelo estado e suas instituições financeiras aos
conteúdos dos planos diretores urbanos.
2. Considerar como ponto número um da agenda estadual da mobilidade urbana o
desenvolvimento de cidades compactas, com mesclas sociais e de usos, reduzindo-se o
transporte individual motorizado.
3. Dar aos conjuntos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida e aos programas estaduais de
habitação uma escala humana, com a multiplicação de menores empreendimentos,
situando-os dentro da malha urbana já com infraestrutura e vizinhanças consolidadas;
4. Eleger as concessões privadas no saneamento básico como alavanca para que o estado deixe
de ter metade de seus domicílios sem ligações com as redes de coletas de esgoto.
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Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Em setembro/2015, na Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, foi
consolidada a adoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Processo iniciado
em 2013, seguindo mandato emanado da Conferência Rio+20, os ODS deverão orientar as
políticas nacionais e as atividades de cooperação internacional nos próximos quinze anos,
sucedendo e atualizando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
O Brasil participou de todas as sessões da negociação intergovernamental. Chegou-se a um
acordo que contempla 17 Objetivos e 169 metas, envolvendo temáticas diversificadas, como
erradicação da pobreza, segurança alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de
gênero, redução das desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de
produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e uso sustentável
dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento econômico inclusivo, infraestrutura e
industrialização, governança, e meios de implementação.
Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são relacionados a seguir:
1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares.
2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a
agricultura sustentável.
3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
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4. Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de
aprendizagem ao longo da vida para todos.
5. Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas.
6. Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e o saneamento para todos.
7. Assegurar a todos o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia.
8. Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e
produtivo e trabalho decente para todos.
9. Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e
fomentar a inovação.
10. Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e
sustentáveis.
12. Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis.
13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e os seus impactos.
14. Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o
desenvolvimento sustentável.
15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de
forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da
terra e deter a perda de biodiversidade.
16. Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e
inclusivas em todos os níveis.
17. Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento
sustentável.
Ações e políticas públicas recomendadas neste Guia são aderentes aos Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável e podem, direta ou indiretamente, favorecer o seu alcance, pois
seus impactos no ambiente de negócios irão contribuir para o desenvolvimento econômico, a
geração de ocupação, emprego e renda, o aumento da confiança, consumo, arrecadação e
qualidade de vida.
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Conclusões
O objetivo deste Guia é apresentar propostas que estimulem a criação, o fortalecimento e a
competividade dos pequenos negócios do Estado do Amazonas, bem como o aprimoramento
dos ambientes urbanos, com a criação de cidades compactas, voltadas para o atendimento das
necessidades da população e melhoria da qualidade de vida.
As propostas apresentadas, aderentes aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, são
sintetizadas abaixo:
1. Articular a formulação e aprovação de uma Lei Estadual do Microempreendedor Individual,
da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte.
2. Expandir o protocolo digital da Junta Comercial do Estado do Amazonas para todos os
municípios amazonenses, promovendo a efetiva integração de todos os órgãos envolvidos e
dos processos de análise de viabilidade, registro, alteração, baixa e licenciamento de
empresas
3. Adequar a aplicação da Substituição Tributária para os pequenos negócios optantes pelo
Simples Nacional.
4. Articular a elaboração, a publicação, execução e avaliação de plano anual integrado de
compras de bens e serviços.
5. Promover a inclusão de novos atores no sistema de crédito e financeiro.
6. Articular e implementar políticas públicas, programas e projetos de inovação no Amazonas.
7. Articular e implementar a Lei Estadual de Inovação.
8. Implementar programa integrado de desenvolvimento econômico territorial e setorial
estadual.
9. Instituir uma governança para o programa de desenvolvimento econômico territorial e
setorial estadual.
10. Fomentar a criação de consórcios públicos multifinalitários intermunicipais e no âmbito
estadual.
11. Incluir a educação empreendedora e profissional nos currículos das instituições de ensino
fundamental, médio e superior, bem como de ensino profissionalizante e nos programas
sociais estaduais.
12. Regulamentar e implementar, a nível estadual, as políticas de compliance e combate à
corrupção.
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13. Divulgar informações, dados estatísticos, relatórios referentes aos pequenos negócios e
políticas públicas.
14. Adotar tratamento diferenciado para a cobrança do ICMS dos optantes do Simples Nacional
com receita bruta anual entre R$3,6 e R$4,8 milhões.
15. Instituir programa beneficiado para parcelamento de eventuais débitos do ICMS para os
pequenos negócios.
16. Utilizar o poder de compra governamental para desenvolvimento de fornecedores
participantes de incubadoras e start-ups instaladas no Amazonas.
17. Criar linha especial de crédito com juros reduzidos e mecanismos de antecipação de
recebíveis, destinados às pequenas empresas que vencerem licitações.
18. Estimular a aproximação dos pequenos negócios e entidades voltadas para o
desenvolvimento de inovação e tecnologia, como centros tecnológicos, universidades,
laboratórios, instituições do Sistema S, Embrapa, etc, para favorecer a troca de experiências
e informações.
19. Estimular a realização de programas para o desenvolvimento e a mobilização das lideranças,
entidades representativas, terceiro setor e sociedade em geral.
20. Fortalecer a parceria com o Tribunal de Contas para a fiscalização, a orientação e o
aprimoramento do tratamento dos pequenos negócios no estado do Amazonas.
21. Vincular os empréstimos concedidos pelo estado e suas instituições financeiras aos
conteúdos dos planos diretores urbanos.
22. Priorizar o desenvolvimento de cidades compactas dentro da agenda estadual da mobilidade
urbana.
23. Dar aos conjuntos habitacionais do Minha Casa, Minha Vida e aos programas estaduais de
habitação uma escala humana.
24. Eleger as concessões privadas no saneamento básico como alavanca para que o estado deixe
de ter metade de seus domicílios sem ligações com as redes de coletas de esgoto;
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