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8/3/2019 homeopatia Doencas Epidemiologicas
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DOENAS EPIDMICAS: Uma Abordagem Luz da Teoria e da Prtica
Homeoptica
Amigos DIRETORES e amigas DIRETORAS da AMHB:
VISANDO ATENDER A UM GRANDE DEBATE E AO MESMO TEMPO A UMA GRANDEDEMANDA DA HOMEOPATIA, finalmente conclumos uma proposta inicial de documento paradebates e aperfeioamento, no sentido de indicar caminhos para ESTUDOS, PESQUISAS EPROTOCOLOS SOBRE DOENAS EPIDMICAS, A PARTIR DA PRTICA E DA TEORIAHOMEOPTICA.Pretendemos com isso, abrir um vasto caminho para a homeopatia, caso se confirmem, comoesperamos que vai se verificar, os conhecimentos aqui indicados. As tarefas so gigantescas.Espero que todos leiam e vamos fazer o possvel para opinarmos e cumprirmos o prazo de 15 dias,
para concluirmos esta nova fase, para que passemos fase seguinte, a mais importante, que serabrir este debate com todo o coletivo da homeopatia brasileira.Em caso de dvidas, estou disposio, como tambm todos devemos estar disposio, para nosajudarmos mutuamente para os esclarecimentos devidos.Gostaria que todos confirmassem o recebimento. Informamos ainda que as mensagens enviadas aesta diretoria esto disponveis em nosso site, inclusive esta, que o estar a partir de amanh.O meu abrao fraterno a todos.
Vitria, 07 de julho de 2009.Dr. Carlos Alberto Fiorot.Presidente da AMHB.
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DOENAS EPIDMICAS: Uma Abordagem Luz da Teoria e da Prtica
Homeoptica
O objetivo deste trabalho, fazer uma ampla
reviso literria em HOMEOPATIA, no que
tange a abordagem do tratamento das doenas
epidmicas, visando estabelecer condies parao desenvolvimento de projetos de pesquisa e
protocolos teraputicos a partir do uso dos
referidos conhecimentos.
I) INTRODUO:
1 - A HOMEOPATIA uma cincia mdica desenvolvida pelo Dr. Samuel Hahnemann,
desde 1796. Como tcnica de tratamento, tem sido utilizada e indicada tanto para
tratamentos individuais quanto coletivos, de forma curativa ou preventiva.
Exemplos de sua indicao para tratamentos coletivos so os casos de doenas epidmicas.
O prprio mdico criador da homeopatia foi o primeiro a fazer sua utilizao prtica para
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estas situaes, assim como tendo ele tambm teorizado sobre o seu uso para as referidas
doenas, deixando um grande legado humanidade, neste sentido, aps persistentes estudos
acerca das mesmas, principalmente registrados em sua principal obra literria, o ORGANON
DA ARTE DE CURAR, que ser instrumento para orientao de estudos e anlises com o
objetivo de indicar diretrizes de ordem prticas, tericas e de pesquisas, na abordagem das
doenas coletivas.
2 - Os agentes causadores das doenas epidmicas, infecciosas ou no, no afetam de forma
igual nem incondicional s pessoas expostas aos mesmos. Razes fisiolgicas,
fisiopatolgicas, idade, sexo, susceptibilidades individuais ou mesmo de determinados
grupos, condies de vida ambientais, fsicas, qumicas ou de impactos mentais, entre outros
fatores, podem influenciar nos ndices de morbidade, e seguramente nos ndices demortalidade dos indivduos expostos e ou afetados, mesmo a despeito da causa ou das causas
estabelecidas. Por estas razes, entre outras, se torna pertinente a necessidade de se
agregar conhecimentos mais amplos na abordagem das populaes sob risco ou mesmo
afetadas, diversificando e ampliando as armas e os conhecimentos disponveis no combate s
referidas doenas epidmicas, um mal que cada vez mais desafia os conhecimentos e as
tecnologias disponveis. Os avanos nos conhecimentos mdicos nos ltimos sculos, com a
identificao de fatores causais de doenas, como as bactrias, os vrus, os fungos, alm deoutros microorganismos, incluindo-se as descobertas das vacinas, dos antibiticos, dos
antifngicos, dos vermfugos, parecia encerrar uma poca de preocupaes e sofrimentos da
humanidade, em relao s doenas infecto-contagiosas e parasitrias, crendo que destas
ltimas dcadas para diante, estaramos mais preocupados com o controle das doenas
crnico-degenerativas. No entanto, a realidade se mostra to dialtica e mutante quanto a
prpria natureza, onde novas infeces emergem, como a SIDA, a gripe de H1N1 (gripe
suna); outras mudam de comportamento, como a tuberculose; outras reemergem, como a
DENGUE; sem contar as inmeras manifestaes decorrentes dos modernos hbitos de vida,
intoxicaes crnicas por produtos qumicos, e o recente alerta sobre a temerria nova
possvel EPIDEMIA DO SCULO XXI, a insuficincia renal crnica, o aumento da
incidncia do cncer de bexiga em funo possivelmente de aminas aromticas presentes nos
cigarros e nos alimentos industrializados, entre outros fatores. O saber linear e o saber
contemporneo so desafiados pelas novas epidemias, que prometem no parar por a.
3 - Neste sentido, se torna imprescindvel um profundo estudo e compreenso de trs
vertentes do conhecimento para ns, HOMEOPATAS:
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A) a primeira diz respeito compreenso das doenas epidmicas e seu significado
epidemiolgico de forma geral, onde a observao dos fatores CAUSAIS so importantes,
pelas razes do diagnstico, da preveno e da remoo de impedimentos cura, quando
estes se fizerem necessrios e possveis.
B) a segunda, diz respeito a uma profunda compreenso da teoria HOMEOPTICA
referente s DOENAS EPIDMICAS, para que seja elaborada uma boa conduta prtica,
correspondente s necessidades de cada doena, onde podemos aliar o tratamento a todos os
outros cuidados com o afastamento dos possveis fatores causais, nos casos em que este
procedimento for possvel preventivamente ou no prprio curso do tratamento, quando
falhou a preveno. Mesmo quando a doena no mais puder ser evitada ou se apresentar
como risco iminente numa coletividade, quando os fatores causais esto fora do controle
preventivo, podemos usar a HOMEOPATIA COMO MEDICAMENTO no sentidopreventivo tanto da morbidade quanto da mortalidade, ou ainda no sentido do resguardo da
sade do paciente e desta mesma coletividade, buscando prevenir suas formas de
manifestaes mais graves, assim como a sua recuperao e manuteno da qualidade de
vida no curso da manifestao da doena. Devemos tambm considerar a medicina como um
todo, e a possibilidade da HOMEOPATIA estar associada a outras abordagens do paciente,
como complemento ou como tratamento principal, conforme o que objetivamente seja cada
situao em questo.C) Por ltimo e em terceiro lugar, traarmos a compreenso profunda de cada doena
em foco, especificamente, no sentido de podermos compreend-la luz dos conhecimentos
gerais, e em particular, luz da sua identificao atravs dos sinais e sintomas
caractersticos, o que propiciar ento uma boa interveno teraputica dentro dos preceitos
da HOMEOPATIA. Para tal compreenso, devemos recorrer a todas as formas de
conhecimentos possveis sobre a referida doena, de forma extensiva, no sentido de
convertermos o mximo de informaes em linguagem repertorial, e chegarmos ao melhor
tratamento possvel. Somente assim poderemos estabelecer diretrizes seguras para orientar
protocolos e tratamentos das doenas epidmicas com os conhecimentos e as tcnicas
homeopticas.
II) DOENAS EPIDMICAS: CONCEITO E CLASSIFICAO:
4 - A histria das teorias e prticas envolvendo a medicina sempre foi ligada s concepes e
oscilaes entre os tratamentos individuais e coletivos; entre a preveno e a cura; entre o
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tratamento do indivduo como um todo, interligado ao seu meio, ou apenas ao indivduo ou o
sub-indivduo, um fragmento, como um rgo ou uma disfuno, por exemplo. E as causas
do adoecer oscilavam entre os motivos individuais ou coletivos, da diferenciando tambm
as formas de sua abordagem curativa e ou preventiva.
5 - No perodo clssico da Grcia antiga, vamos ver o mito de Panacia e Higia, filhas do
Deus da Sade, ASCLPIO, em que Panacia era dedicada compreenso e defesa da
teoria do tratamento individual, curativo, baseando sua interveno em cada indivduo j
doente. HIGIA considerava o adoecer como explicao coletiva, onde a sade era
resultante do equilbrio e da harmonia entre o homem e seu ambiente, que deviam manter o
equilbrio orgnico dos quatro elementos, fogo, ar, terra e gua; e seu desequilbrio seria o
responsvel pelas doenas. Portando havia um plano geral que pudesse tanto tratar comoevitar as doenas, sendo a mesma teoria do tratamento j a preveno, tanto do indivduo
quanto de toda a coletividade que seguisse o mesmo plano, de onde ento se deriva o termo
HIGIENE. Promover o equilbrio dos quatro elementos seria a cura, e o mesmo equilbrio
mantido antes do adoecer, a preveno.
6 - Se observarmos tambm as teorias da medicina chinesa, j bem anterior medicina
grega, vamos ver de forma semelhante, a teoria dual das energias YING-YANG, onde o seuequilbrio representa sempre a sade, podendo caber ento tanto um plano individual quanto
coletivo, CURATIVO ou PREVENTIVO, em relao s doenas, UMA VEZ QUE SE
estabelecem CAUSAS conhecidas e controlveis. Esta concepo, em que pese diferenas
tericas e prticas, no difere em muito da mesma teoria de HIGIA, na sua essncia.
7 - Com HIPOCRATES de CS, o pai da medicina, temos fortes noes de um adoecer
mais extensivo, ligado a diversos fatores, que vo desde fatores polticos, emocionais, modo
de vida, possveis contaminaes, apresentando tambm fatores coletivos de adoecer, uma
vez que no os indivduos, mas o conjunto dos indivduos coabitam o mesmo espao e
estavam susceptveis aos mesmos fatores ambientais, podendo apresentar doenas por
motivos semelhantes. Aps o clssico perodo da Grcia antiga, veio o perodo Helenstico, e
a fuso de sua cultura com a cultura rabe, que continuou desenvolvendo bem estes
conceitos, atingindo o pice do conhecimento com AVISCENA (considerado o maior
mdico da idade mdia, tendo vivido na transio do sculo IX para o X dc, na regio hoje
do AFEGANISTO) e AVERROIS (que viveu em Crdoba, no sculo XI dc), os dois
maiores mdicos do expoente mundo rabe. Estes conceitos tambm permearam o caminho
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das diversas formas de medicina desenvolvidas por diferentes culturas de que se tm
notcias.
8 - Tais fatos marcariam o desenvolvimento da MEDICINA CIENTFICA, desde o seu
nascimento como tal, com HIPOCRATES, at os dias atuais, acumulando ao longo desse
tempo compreenses e acertos, assim como incompreenses e erros, permanecendo viva,
como veremos, a necessidade de continuarmos evoluindo na incansvel busca de mais
conhecimentos nesta rea.
9 - Podemos entender como doenas epidmicas, aquelas que visitam ou se abatem sobre o
povo, como definio de Hipocrates, numa viso quantitativa de significado para tal, num
grupo afetado em que os indivduos guardem alguma relao entre si, num determinadotempo, podendo ser este fator: uma faixa etria, uma etnia, um grupo de risco, um local
(espao), uma famlia ou regio de origem (gentica), o sedentarismo, um hbito alimentar,
um fator CAUSAL, etc.
10 - As doenas epidmicas podem ser classificadas como: de causas infecciosas (exemplos:
sarampo, dengue, SIDA); de causas no infecciosas (exemplos: diabetes, cardiopatias, bcio,
depresso, intoxicaes qumicas); e por agravos integridade fsica (exemplos: acidentes,homicdios, suicdios, violncias). Uma variante da abordagem das doenas epidmicas
numa avaliao do indivduo e no docoletivo a medicina de evidncias que busca avaliar
principalmente eficcias teraputicas
III) DOENAS EPIDMICAS: HISTRIA MAIS RECENTE:
11 - Os sculos XVIII e XIX, sculos em que Hahnemann viveu, foi um perodo de intensos
e calorosos debates mdicos na Europa e de grandes descobertas para a cincia de maneira
geral, e para a medicina, em particular. Estas descobertas continuaram no sculo seguinte, e
foram determinantes para a evoluo da medicina ocidental, comandada principalmente pela
Inglaterra, Frana e Alemanha. A Revoluo Industrial na Inglaterra e a Revoluo Burguesa
na Frana j haviam acontecido e estavam em fase de franca consolidao quando surgiu a
homeopatia. A situao dos povos, dos conflitos blicos, assim como a desagregao da vida
dos trabalhadores urbanos, estavam no centro dos debates sociais e polticos. O livro de
Friedrich Engels, que no era mdico, intitulado As Condies da Classe Trabalhadora da
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Inglaterra publicado em 1844 aponta para a deteriorizao acelerada da sade coletiva desta
classe social, tendo se constitudo num marco decisivo para a formulao e o
desenvolvimento da epidemiologia cientfica. Os estudos da agravao da sade e da
qualidade de vida dos trabalhadores urbanos se expressaram na luta poltica das diversas
correntes dos jovens mdicos defensores da medicina social dos anos 1830 a 1850, quando
eclodiu a famosa barricada de Berlin, tendo como um dos lderes, RUDOLF VIRCHOW,
principal nome da PATOLOGIA MODERNA, apenas para entendermos a animosidade dos
debates e confrontos. Tal publicao tambm influenciou na histrica Comuna de Paris,
assim como influenciou fortemente as diversas correntes dos socialistas utpicos, dos quais,
um dos seguidores de uma dessas correntes, JULES BENOIT MURE, veio para o Brasil,
aqui introduzindo a homeopatia e criando o Falanstrio do Sahy, que propunha uma nova
organizao industrial, diferente daquela conhecida no mundo Europeu, em condies maishumanas. Estes dados histricos so fundamentais, para compreendermos os rumos que a
medicina tomou at os dias de hoje, alm de entendermos os rumos da prpria
epidemiologia, fortemente influenciados pelos acontecimentos na Alemanha, na Frana e na
Inglaterra.
12 - Neste contexto de lutas e debates em que a doena era abordada considerando a
totalidade e a integralidade do doente e da coletividade, interligados ao seu meio, seutrabalho, seu modo de vida, sobrecargas emocionais, guerras e contaminaes qumicas,
entre outras, idias estas compartilhadas pelas teorias de Hahnemann e dos homeopatas,
criaram grandes problemas de ordem poltica e ideolgica, com terrveis perseguies.
13 - As descobertas que se seguiram, da microbiologia e das bactrias, da fisiologia, da
patologia e da gentica foram uma salvao poltica para a burguesia recm instaurada no
poder: ao invs das doenas estarem ligadas a todas as condies de vida, trabalho, guerras,
somatria das condies sociais, alimentares, ligadas ao todo do organismo e sua
coletividade com seu meio, elas estariam ligadas a uma causa especfica, como uma bactria,
ou a um fragmento do organismo, ou numa disfuno fisiolgica ou num gen, ou at mesmo
numa molcula. Assim a soluo das doenas no plano coletivo seria dada pelas vacinas,
pelos antibiticos, pelos antifngicos e pelos vermfugos, por exemplo, pois as doenas
estariam reduzidas a estas causas e no s condies sociais e polticas. Ou ento as doenas
estariam ligadas a um fragmento do organismo como um rgo, uma disfuno ou uma
deficincia enzimtica, por exemplo. A soluo para as doenas estaria ento ligada a causas
naturais, do organismo, de parte do mesmo ou ento por fatores externos, biolgicos, e no
sociais, polticas, econmicas, ou dequalidade de vida, etc.
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14 - Por convenincia poltica, portanto, o desenvolvimento da medicina desde ento seguiu
fortemente o caminho de fragmentao do doente, chegando s especialidades da medicina, e
at s ultra-especialidades, como podemos observar, com modernos equipamentos para
diagnstico da doena e a farmacologia moderna, para os tratamentos individuais ou sub-
individuais ou sintomticos. Para tratamentos coletivos, as vacinaes em massa, as
erradicaes de hospedeiros e vetores, e o aperfeioamento de servios bsicos de infra-
estrutura, como os tratamentos de gua e esgoto, por exemplo. Ou seja, uma medicina
fragmentria, assentada nos conceitos CAUSA-EFEITO de forma quase mecnica, onde o
efeito seria a doena ou seus sintomas, muito embora as causas nem sempre identificadas,
apontando para uma abordagem empobrecida. Grandes avanos foram conquistados no
campo das cincias mdicas, incorporando conhecimentos da fsica, da engenharia e daqumica principalmente, desde ento. No colocamos isto em debate nem apresentamos
dvidas quanto aos valores destas conquistas. Basta ver o desenvolvimento dos diagnsticos
de vrias doenas de evoluo grave, que podem ser tratadas a tempo pelo diagnstico
precoce, ou os avanos no campo da cirurgia, ou da anestesia e do controle das dores.
Tambm no temos a pretenso de querer sermos injustos com nenhum outro campo do
conhecimento no citado, pois apenas nos referimos a alguns exemplos, reforando tambm
a compreenso de que a medicina no est apenas ligada ao conceito de cura. Colocamos odebate para compreendermos que h muito que se fazer, pois um grande vazio foi deixado
para trs, pela desconsiderao de outras abordagens propeduticas e teraputicas, por razes
meramente histricas e polticas, e injustas com as necessidades das cincias mdicas e da
humanidade.
15 - Por entender que a HOMEOPATIA apresenta reservas de conhecimentos que podem ser
importantes para a medicina como um todo, por entender que estes conhecimentos podem
ser submetidos a novas experincias e possveis novos avanos em mais conhecimentos, por
entender que a prpria OMS, reconhecendo a importncia e a necessidade destes
conhecimentos serem incorporados aos sistemas sanitrios de seus pases membros, que os
HOMEOPATAS BRASILEIROS SO CHAMADOS AO PRESENTE DEBATE, SOB A
LIDERANA DE SUA ENTIDADE MXIMA, A ASSOCIAAO MDICA
HOMEOPTICA BRASILEIRA.
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IV- DOENAS EPIDMICAS: HAHNEMANN, SUA PRTICA E SUA TEORIA:
16 - Oficialmente o mdico alemo Dr. Samuel Hahnemann criou a homeopatia em 1796.
No entanto suas pesquisas e experincias com a tcnica da lei dos semelhantes j haviam
sido iniciadas seis anos antes. O primeiro registro histrico da indicao da pesquisa sobre a
Lei dos Semelhantes de autoria do grego Democrito de Abdera, autor da teoria atmica,
que viveu no sculo V a.c, contemporneo de Hipocrates a quem Democrito escreveu a
seguinte carta: o helleboro obscurece a mente das pessoas com juzo, logo, poderia ser
experimentado para tratar as pessoas loucas. Hahnemann passou todos os anos seguintes a
1796, enquanto viveu, dedicado a desenvolver a PRTICA e a TEORIA DA
HOMEOPATIA, onde ele nos deixa um grande legado literrio, sendo o principal, oORGANON DA ARTE DE CURAR, em que relata suas principais experincias e
concluses. Grandes obras literrias foram escritas depois disso e por outros autores, mas
nenhuma SUPLANTA OU SUBSTITUI a principal obra do criador da HOMEOPATIA, e
por isso, a principal literatura na qual vamos nos basear neste trabalho.
17 - No ano de 1797, Hahnemann, seguindo sua nova teoria de tratamento, ao cuidar de
pacientes, percebeu que os mesmos ficavam mais imunes s doenas epidmicas de sua
poca, despertando o interesse em estudar a homeopatia no sentido preventivo, e percebendo
tambm neste sentido seus resultados. Em 1797 h relatos de tratamento de trs epidemias,
feitas por HAHNEMANN, com resultados que lhe despertou mais ainda a curiosidade
cientfica sobre o assunto. Em 1801 usou belladonna preventivamente na escarlatina e
acnito para prpura miliaris. Em 1813 tratou tifo exantemtico em campos de batalhas e
hospitais. Em 1831, percebendo a ameaa que pairava sobre a EUROPA, prescreveu
tratamento profiltico da clera, tendo neste mesmo ano tratado a epidemia da mesma que se
abatera sobre a Alemanha. Em 1834 participou do tratamento da epidemia de clera na
Europa, e em 1836, pelos resultados do tratamento da clera pela homeopatia, caiu a
proibio da prtica homeoptica em VIENA, onde inclusive se abriu caminho para
tratamento hospitalar com homeopatia. Mesmo aps a morte de HAHNEMANN, em 1854 os
homeopatas participaram do tratamento da clera na Inglaterra e em toda a Europa. Em
todos os relatos que nos chegaram, a homeopatia ofereceu resultados amplamente favorveis
sobre outras tcnicas, numa poca muito difcil. Vale ressaltar que vamos observar grandeshiatos de tempo, entre as menes dos tratamentos homeopticos por HAHNEMANN, mas o
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trabalho dele foi permanente, persistente, criterioso, e conclumos que o maior volume de
seu trabalho, por razes diversas, no nos chegou. Mas o principal, a elaborao do Organon,
onde ele descreveu sua tcnica e sua teoria, e o que passamos a observar agora, como fator
importante na abordagem das doenas epidmicas, e assinalamos os pargrafos seguintes,
que consideramos de suma importncia na nossa orientao: 15, 73, 100, 101, 102,
103, 118, 165, 233, 241, que passamos a descrever de forma resumidamente
comentada, extrados respectivamente do ORGANON DA ARTE DE CURAR, em escritos
menores (Dr. Francisco Eratstenes da Silva) e ORGANON DA ARTE DE CURAR, edio
trilingue da 6 ed. Alem (traduo baseada na de Edma M. Villela e Izao C. Soares, Robe,
1996; e secundariamente na do Grupo Benoit Mure, 1984.)15. O organismo animado pela fora vital e esta no existe
sem o organismo, constituindo uma unidade, embora em
pensamento, ns a separemos em dois conceitos, a fim de facilitar sua
compreenso.
15 O sofrimento da "Dynamis" de tipo imaterial (fora vital),
animadora de nosso corpo, afetada morbidamente no interior invisvel e
o conjunto dos sintomas exteriormente observveis e por ela dispostos
no organismo e representando o mal existente, constituem um todo, so
uma nica e mesma realidade. Sendo, porm, o organismo o
instrumento material da vida, ele tampouco concebvel sem a
animao pela "Dynamis" instintiva, sua sensora e regularizadora,
tanto quanto a fora vital sem o organismo; conseqentemente, ambos
constituem uma unidade, embora, em pensamento, ns a separemos em
dois conceitos, a fim de facilitar sua compreenso.
18 - Destacamos este pargrafo, para indicar a considerao da unidade entre o doente e a
doena, entre o organismo e sua energia, entre tudo isso e os SINAIS E SINTOMAS.
73. As doenas agudas podem atingir o homem individualmente,
atravs de etiologias a que estava predisposto. Na realidade, as doenas
agudas so geralmente apenas uma exploso passageira de Psora
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latente, que volta espontaneamente a seu estado latente se as molstias
no foram de carter demasiado violento e foram logo dissipadas.
Podem em certos casos atacar esporadicamente varias pessoas ao
mesmo tempo (epidemicamente), quando essas so susceptveis.
Surge febre, em cada caso de natureza peculiar, e por terem a
mesma origem, possuem um quadro clinico idntico, que se no
forem tratados evoluem em pouco tempo para a morte ou para o
restabelecimento. Podem ser os miasmas agudos peculiares que
retornam da mesma maneira e atacam as pessoas apenas uma vez na
vida ou os que reaparecem frequentemente de modo muito semelhante.
Em 1801 ocorreu uma espcie de prpura miliaris, de natureza
espordica e que foi tratada com Acnito; com sintomas semelhantes
ocorreu a febre escarlate, de natureza epidmica e que foi tratada com
Beladona. Depois surgiu uma febre eruptiva onde nenhum dos dois
remdios foi adequado.
73 Em relao s doenas, diremos que elas so, por um lado, doenas
que atacam os Homens individualmente, atravs de influncias
prejudiciais s quais, precisamente esse indivduo j se expusera
especificamente. Excessos na alimentao ou sua deficincia,
impresses fsicas intensas, resfriamentos ou aquecimentos, fadigas,
esforos etc., ou excitaes psquicas, emoes etc., so causas de tais
febres agudas; no fundo, porm, so, na maioria das vezes, somente a
exploso passageira da psora latente que retorna espontaneamente ao
seu estado de adormecimento se as doenas agudas no foram muito
violentas e se foram prontamente afastadas. Por outro lado, so de tal
espcie que atacam diversas pessoas ao mesmo tempo, aqui e ali
(esporadicamente), por ocasio de influncias metericas ou telricas e
agentes nocivos, sendo que, somente alguns so suscetveis de ser por
elas afetados ao mesmo tempo; prximas a estas, esto aquelas que
atacam epidemicamente muitas pessoas por semelhantes causas
e com padecimentos muito semelhantes, habitualmente se
tornando contagiosas quando envolvem massas humanas
compactas. Assim, surgem febres de natureza peculiar em cada
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caso e, devido identidade da sua origem, colocam sempre os
doentes em um processo mrbido idntico que, abandonado a si
mesmo, num espao de tempo relativamente curto, opta pela
morte ou pelo restabelecimento. As calamidades da guerra, as
inundaes e a fome, no raro as provocam e so sua origem. Por outro
lado, os miasmas agudos peculiares que retornam sempre da mesma
forma (da serem conhecidos por algum nome tradicional) so aqueles
que, ou atacam os Homens apenas uma vez na vida, como a varola, o
sarampo, a coqueluche, a antiga febre escarlate lisa de Sydenham, a
caxumba etc., ou podem voltar freqentemente de maneira bastante
semelhante, como a peste do Levante, a febre amarela do litoral, a
clera asitica etc..
19 - Destacamos neste pargrafo a considerao da doena epidmica, como algo a ser
tratado coletivamente, da mesma forma, pois suas peculiaridades estabelece semelhanas
entre si e semelhanas, portanto, ao mesmo procedimento teraputico a ser adotado.
100. Na investigao das doenas epidmicas ou espordicas, no
to importante saber se j existiram doenas com o mesmo nome. O
mdico deve analisar o quadro puro da doena atual, como se fosse
algo novo e investig-la completamente, sem jamais conjecturar. Deve
examinar todas as suas fases, pois cada doena , em muitos aspectos,
exclusiva, diferente das epidemias anteriores, com exceo das
epidemias contagiantes.
100 Na investigao do conjunto caracterstico dos sintomas das
doenas epidmicas ou espordicas, indiferente que tenha ocorrido
algo semelhante no mundo, sob este ou aquele nome. A novidade ou a
peculiaridade de uma tal epidemia no faz diferena, quer no exame,
quer no tratamento, visto que o mdico, mesmo assim, deve pressupor o
quadro puro de cada doena atual dominante como algo novo e
desconhecido e investig-lo pela base, se pretender ser um genuno e
criterioso artista da cura, no podendo nunca colocar a suposio nolugar da observao, nem supor, total ou parcialmente, conhecido um
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caso de doena que estiver encarregado de tratar, sem explorar
cuidadosamente todas as suas manifestaes, tanto mais que, em muitos
aspectos, cada doena dominante um fenmeno com suas prprias
caractersticas e, num exame meticuloso, identificado como
completamente diferente de todas as epidemias anteriores,
erroneamente documentadas sob certos nomes, excetuando-se as
epidemias resultantes do princpio contagioso, que sempre o
mesmo, como a varola, o sarampo etc..
20 - Aqui mais uma vez o reforo considerao de que doena epidmica deve ser tratada
coletivamente, com procedimento semelhante, diferente das doenas individuais.
101. No primeiro caso de uma epidemia, pode-se no ter um quadro
completo da doena. O exame cuidadoso dos casos seguintes poder
fornecer as informaes necessrias para a escolha do remdio
adequado.
101 bem provvel, ao se lhe apresentar o primeiro caso de um mal
epidmico, que o mdico no obtenha, de imediato, o quadro completo
do mesmo, visto que cada uma dessas doenas coletivas apresenta
o conjunto caracterstico de seus sintomas e sinais somente ao
longo de uma observao precisa de vrios casos.No entanto, o
mdico investigador criterioso, logo no primeiro ou segundo doente,
pode chegar, muitas vezes, to perto de sua verdadeira situao que
apreende da um quadro caracterstico - e encontra logo um
medicamento adequado e homeopaticamente conveniente.
21 - Na considerao de doenas epidmicas, levantar o CONJUNTO CARACTERSTICO
DE SEUS SINTOMAS E SINAIS requer um estudo do comportamento da doena em vrios
dos seus diferentes aspectos de apresentao, em indivduos e em fases diferentes, assim
como em suas diferentes formas de apresentao. Esta um dos pargrafos mais importantes
para ser interpretado, na prtica. Enfim, estudar sempre a doena de forma EXTENSIVA.
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102. O acompanhamento de diversos casos fornecer os sintomas
globais da epidemia; os sintomas gerais ficam mais definidos e os
sintomas peculiares destacam-se, caracterizando o quadro completo da
doena. A totalidade sintomtica somente ser obtida com o
exame dos pacientes de constituies diferentes.
102 Ao tomar nota dos sintomas de diversos casos dessa espcie, o
esboo da doena se torna cada vez mais completo, no no sentido de
extenso ou riqueza de vocabulrio, porm se torna mais significativo
(mais caracterstico), abrangendo mais particularidades de tal doena
coletiva. Os sintomas gerais (p.ex. perda de apetite, insnia etc..)
encontram suas prprias e exatas definies; por outro lado, surgem os
sintomas mais notveis e especiais que so peculiares somente a poucas
doenas e mais raros - ao menos nessa combinao - e formam o
quadro caracterstico dessa epidemia*. certamente de uma
mesma fonte que provm, conseqentemente, a mesma doena
de todos aqueles que contraram a epidemia em curso, mas toda
a extenso de tal epidemia e a totalidade de seus sintomas (cujo
conhecimento faz parte da viso de conjunto do quadro completo
da doena, a fim de permitir a escolha do meio de cura
homeoptico mais adequado para esse conjunto caracterstico de
sintomas) no pode ser percebida num nico doente
isoladamente, mas, ao contrrio, somente ser perfeitamente
deduzida e descoberta (abstrada) atravs dos sofrimentos de
vrios doentes de diferentes constituies fsicas.
22 - Uma continuidade das observaes quanto ao diagnstico medicamentoso das doenas
epidmicas, reforando o pargrafo anterior, quando a coleta de sinais e sintomas deve ser
EXTENSIVA no tocante doena e aos doentes, para formar ento o quadro caracterstico
da mesma.
103. Os casos crnicos devem ser investigados quanto totalidade dossintomas, de forma mais detalhada do que nos casos agudos. Os
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sintomas da doena crnica miasmtica, especialmente a Psora, sero
obtidos aps o exame de diversos casos semelhantes, a fim de se achar o
remdio antipsrico adequado.
103 Da mesma forma como foi ensinado aqui a respeito dos males
epidmicos, geralmente de carter agudo, os males miasmticos
crnicos, que sempre permanecem os mesmos - principal e
especialmente a psora - tiveram que ser averiguados por mim, quanto
amplitude de seus sintomas, muito mais detalhadamente do que at
ento.Enquanto um doente portador de apenas uma parte dos
sintomas, um segundo, um terceiro etc., apresentam alguns
outros dados que so, igualmente, apenas uma parte como que
fragmentada da totalidade dos sintomas que constituem toda a
extenso da nica e mesma doena, de modo que o conjunto
caracterstico de todos esses sintomas que pertencem a tais
doenas crnicas pode ser averiguado, isoladamente , em
numerosos doentes portadores da mesma doena crnica, sem cuja
completa viso de conjunto e um quadro integral no possvel
descobrir os medicamentos capazes de curar homeopaticamente todo o
mal (isto , antipsricos) e que so, ao mesmo tempo, os verdadeiros
meios de cura dos doentes que sofrem individualmente desse mesmo mal
crnico.
23 - Apesar deste pargrafo se dedicar anlise da doena crnica, sua comparaao com o
diagnstico medicamentoso se assemelha doena aguda quando epidmica, ou seja,
coletiva, EXTENSIVA, no individualizada. Importante observar que as doenas epidmicas
podem ter carter agudo ou crnico.
104. Quando conseguimos a totalidade sintomtica de qualquer
doena, teremos completado a parte mais difcil do trabalho
mdico e um guia a seguir durante o tratamento, para saber qual
o efeito do medicamento e as mudanas ocorridas no estado do
paciente. Em um novo exame do paciente ele s precisar riscar da
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relao os sintomas que apresentaram melhora, marcar os que
permanecem e acrescentar os novos que possam haver surgido.
104 Uma vez registrada de modo preciso a totalidade dos
sintomas que caracterizam e distinguem especialmente o caso da
doena, ou, em outras palavras, o quadro de uma doena
qualquer*, est concluda a parte mais difcil do trabalho. O
artista da cura tem, ento, a imagem da doena sempre diante de si
durante o tratamento, especialmente quando se tratar de uma doena
crnica, podendo descobri-la em todas as suas partes e salientar os
sinais caractersticos, a fim de lhes opor, isto , contra o prprio mal,
uma potncia morbfica artificial muito semelhante, escolhida
homeopaticamente na relao de sintomas de todos os medicamentos
cujos efeitos puros ele conhece. E, quando, durante o tratamento, ele
deseja averiguar qual foi o efeito do medicamento e quais alteraes
ocorreram no estado do doente, basta apenas retirar de seu manual, por
ocasio de um novo exame, os sintomas que, entre os anteriormente
anotados do grupo original, apresentam melhora, colocando a os que
ainda persistem e outros novos eventuais sintomas que possam haver
surgido.
24 - Uma complementao do raciocnio dos pargrafos anteriores, quanto ao diagnstico de
doena coletiva, que segue uma idia diferente do diagnstico individual, pois nas doenas
coletivas, o mesmo medicamento ser indicado para todos os pacientes. Mesmo que
apresentem diferentes constituies e sintomas, exceto nos casos em que no responderem
ou no responderem satisfatoriamente, o que pode exigir anlise de limites individuais suacura, ou ento que a medicao escolhida ainda no representa a totalidade caracterstica
desejada e exigida para a referida doena, podendo exigir tanto avaliao individual deste ou
destes doentes quanto reavaliao do protocolo concludo sobre a referida doena.
165. Quando no houver nenhum sintoma que se assemelhe com
preciso aos sintomas caractersticos do caso da doena , e se o
medicamento corresponde doena apenas nos estados gerais,vagamente descritos, indefinidos (nuseas, debilidade, dor de
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cabea, e assim por diante), e se no houver entre os
medicamentos conhecidos nenhum mais homeopaticamente
apropriado, nesse caso o mdico no pode se comprometer a
obter qualquer resultado favorvel imediato com o emprego deste
medicamento no-homeoptico.
165 Se, porm, no houver exata semelhana entre os sintomas do
medicamento escolhido e os sintomas distintivos (caractersticos),
singulares, incomuns do caso de doena e se o medicamento,
apenas corresponde doena nos seus estados gerais, no
exatamente descritos e indefinidos (nusea, debilidade, dor decabea etc.) e se no houver, entre os medicamentos conhecidos,
nenhum homeopaticamente apropriado, o artista da cura no deve
esperar, ento, nenhum resultado imediatamente favorvel no
emprego desse medicamento homeoptico.
25 - Quando medicamos considerando apenas parte dos sintomas, ou sintomas gerais, o
resultado ser tambm parcial e menos satisfatrio, pela falta do princpio da semelhana
com o todo.
233. As molstias peridicas tpicas so aquelas em que um estado
mrbido de carter invarivel retorna em perodos mais ou menos
iguais, enquanto o paciente est, aparentemente, gozando de perfeita
sade, e cessam em um perodo igualmente mais ou menos fixo; isto se
observa nos estados mrbidos aparentemente no febris que surgem e
desaparecem de modo peridico, bem nos de carter febril, quais sejam,
as inmeras variedades de febres intermitentes.
233 As doenas intermitentes tpicas so aquelas em que um estado
mrbido de carter invarivel retorna em perodos relativamente
determinados enquanto o doente goza aparentemente de boa sade,
desaparecendo em um perodo igualmente determinado; isso se
observa, no somente no grande nmero de febres intermitentes, mas
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tambm naqueles tpicos estados mrbidos aparentemente no febris,
que vm e novamente se vo (em determinados perodos).
241. As epidemias de febre intermitente, sob condies em que
nenhuma endmica, so da natureza das doenas crnicas, compostas
de uma nica crise aguda; cada epidemia de carter peculiar,
uniforme, comum a todos os indivduos atacados, e quando este
carter se encontra na totalidade dos sintomas comuns a todos,
leva-nos descoberta do remdio (especfico) homeoptico
adequado para todos os casos, que quase universalmente
utilizvel nos pacientes de sade mediana antes da epidemia, isto
, que no sofriam crnicamente de Psora desenvolvida.
241 As epidemias de febre intermitente em lugares em que no so
endmicas, so da natureza das doenas crnicas e compostas de crises
agudas isoladas; cada epidemia isolada de carter peculiar, uniforme
e particular comum a todos os indivduos afetados e, quando esse
carter se encontra no conjunto caracterstico dos sintomas comuns a
todos, aponta-nos o caminho para a descoberta do medicamento
homeoptico (especfico) adequado para todos os casos, o qual, ento,
praticamente eficaz em todos os doentes que gozavam de sade razovel
antes da epidemia, isto , que no sofriam cronicamente de psora
desenvolvida.
26 Nestes pargrafos, mais uma vez observamos referncia possibilidade de indicao de
medicamento especfico homeoptico, adequado a todos os casos de pacientes com a mesma
enfermidade, mesmo que estes mesmos pacientes possam apresentar diferentes constituies.
No entanto, segue a tcnica de prescrio a PARTIR DA DEFINIO DOS SINTOMAS
CARACTERSTICOS DA ENFERMIDADE, e no dos sintomas comuns das mesmas nem
tampouco sintomas comuns dos prprios pacientes. Aqui, temos um paralelo da tcnica de
identificao sintomtica tanto para as doenas epidmicas agudas quanto para a definio
de tratamento das doenas crnicas.
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27 - Com base nos estudos dos pargrafos anteriores, procuramos ento ENCONTRAR OS
SINTOMAS CARACTERSTICOS DE UMA DOENA EPIDMICA, E NO OS
SINTOMAS COMUNS, pois os sintomas e sinais CARACTERSTICOS SO
INDIVIDUALIZANTES DESTA EPIDEMIA, que a DIFERENCIA DAS OUTRAS, AS
IDENTIFICA EM SUAS PARTICULARIDADES E PECULIARIDADES, ao passo que os
sintomas comuns as confundem com outras enfermidades e doenas, levando prescrio de
medicamento tambm comum a vrias doenas, e no especfico, mais semelhante aquela
que queremos tratar.
28 - Segundo HAHNEMANN, esta a principal e mais difcil tarefa do homeopata, para ter
confiana no maior sucesso do tratamento. Portanto, preciso estudar exaustivamente cada
doena em foco, com os diversos grupos de doentes e as diversas constituies dosindivduos afetados, utilizando todos os possveis mtodos para identificar sintomas e sinais
que as caracterizem, pois somente assim vo nos dar o carter de um tratamento seguro do
ponto de vista HOMEOPTICO. Para esta etapa, no basta estudar protocolos com sintomas
comuns, mas buscar estudar e descobrir sintomas PARA que INDIVIDUALIZEMOS A
DOENA EM FOCO, E TRANSFORMEMOS ESTES SINAIS E SINTOMAS EM
LINGUAGEM REPERTORIAL. EIS O MAIS DIFCIL E O PRINCIPAL. O mesmo
medicamento, como se aplica a todas as fases da doena, ento, naturalmente ser usadopreventivamente, antes da doena se instalar, ou quando a mesma seja iminente, para j estar
o paciente sob efeito do medicamento imediatamente ao se contaminar, pois teremos a ao
do medicamento em curso antecipadamente, preparando o organismo para lidar com a
mesma, caso ela acontea. Mesmo em caso de doena fatal ou de leso tecidual, se foram
leses caractersticas da doena e puderem ser convertidos em sintomas repertoriais, devero
fazer parte da anlise da mesma e devemos acrescent-lo (s) TOTALIDADE
SINTOMTICA CARACTERSTICA, pois sero representativos de uma fase da doena,
mesmo que de seus instantes finais.
V ESTUDO DA DOENA EPIDMICA EM FOCO:
29 - Podemos observar ento que a EPIDEMIOLOGIA uma cincia mdica bsica da
sade coletiva, cujo objetivo melhorar a sade das populaes, seja num determinado
ambiente geogrfico onde todos esto sob risco, ou num determinado grupo populacional
especfico, destacando o grupo de indivduos que esto sob determinado risco. Procura
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seguir metodologia emprico-lgico no estudo da distribuio das doenas e suas causas, em
forma de anlise de grupos. Com seu mtodo de investigao lgica procura determinar a
causa ou a origem das doenas, para propor formas de se evit-las. Neste aspecto, a
HOMEOPATIA COMBINA e confirma tambm ser um instrumento afinado como grande
apoio ao trabalho epidemiolgico, e j definimos um exemplo de projeto que podemos
elaborar, sem que estejamos ligados ao pensamento CURA MEDICAMENTO, MAS AO
PENSAMENTO ORIGINAL DA HIGIENE, tomando como referncia HANEMMAN, nos
pargrafos 2 e 4 de seu ORGANON DA ARTE DE CURAR:
2. O ideal mximo da cura o restabelecimento rpido, suave e
duradouro da sade, ou a remoo da doena em toda a sua extenso,
da maneira mais curta, mais segura e menos nociva, agindo porprincpios facilmente compreensveis.
2 O mais alto ideal da cura o restabelecimento rpido, suave e
duradouro da sade ou a remoo e destruio integral da doena pelo
caminho mais curto, mais seguro e menos prejudicial, segundo
fundamentos nitidamente compreensveis.
4. Ele igualmente um conservador da sade, se conhece as coisas
que a perturbam, causam e mantm a doena, e sabe afast-las do
homem so.
4 Ao mesmo tempo, ele um conservador da sade se conhecer os
fatores que a perturbam e que provocam e sustentam a doena, e souber
afast-los das pessoas sadias.
30 - Baseado nestas afirmaes, podemos tomar como exemplo o grupo de maior risco para
acidentes de trnsito, por constiturem uma grande e grave preocupao da medicina
preventiva, uma vez que o trabalho curativo dos acidentes de propores imensurveis,
seja do ponto de vista fsico do acidentado, seja do ponto de vista psicolgico dos seus
familiares e amigos, seja do ponto de vista econmico pelos custos de suas conseqncias,
seja porque evitando os acidentes, liberamos um grande nmero de leitos hospitalares e
cirrgicos para outras necessidades da populao. Enfim, argumentos no faltam para
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reforar a importncia de se trabalhar tanto a EDUCAAO NO TRANSITO QUANTO
AJUDAR A ELABORAR A PROPAGANDA dirigida principalmente aos jovens, as
principais vtimas. Se analisarmos o perfil temperamental e psicolgico dos envolvidos nos
acidentes individualmente, podemos perceber que os impulsivos, por exemplo, podem
predominar sobre os cautelosos. Portanto, a propaganda dirigida igualmente a todas as
pessoas, como se fossem todos iguais apresenta uma diluio em seu objetivo de alerta.
Ajudando a identificar estes fatores, com sua tcnica INDIDUALIZANTE de anlise de cada
doente ou pessoa, tal qual a homeopatia faz, podemos elaborar projetos de propaganda
alertando mais especificamente aos grupos de maior risco, concentrando as mensagens e
atingindo mais especificamente os seus objetivos na preveno. Podemos observar que o
pargrafo 4 acima, assim como vrios outros pargrafos do ORGANON, que podemos
destacar, no sentido de fazer pensar na preveno, apresenta vrias COINCIDNCIAS COMAS PREOCUPAES DA EPIDEMIOLOGIA MODERNA, o que para ns,
HOMEOPATAS, no so novidades.
31 - Ainda em relao s doenas epidmicas, quando a CAUSA no se pode ou no se
consegue evitar, e se instala a doena ou a mesma iminente em uma populao, ento
passamos fase DO TRATAMENTO ou DA PREVENO com o medicamento
homeoptico. Para a escolha do melhor ou dos melhores medicamentos para se tratar umadoena coletiva, aplicamos uma variante da tcnica de individualizao do paciente, que a
individualizao da doena epidmica em foco, identificando A MANIFESTAAO DA
DOENA em toda a sua extenso, e destacando os sintomas CARACTERSTICOS da
mesma, a partir de uma anlise criteriosa e cuidadosa em suas diversas formas de
manifestao, no sentido de compreendermos, atravs de vrios pacientes com constituies
distintas e com fases diferentes da doena, com o objetivo de se chegar totalidade
caracterstica da mesma. O objetivo central determinar a TOTALIDADE
CARACTERSTICA DA DOENA, para que o medicamento escolhido possa ser capaz de
interferir em qualquer fase da doena com eficcia, desde o incio da doena, quando
exposto ao contato, at os instantes finais da mesma, inclusive na morte, quando tal fato
possa ocorrer por conseqncia da mesma. Neste caso, o paciente que de alguma forma
possa no contrair a doena mesmo exposto causa, esta sua resistncia pode ser reforado
com o medicamento de escolha para a referida doena, donde podemos indic-lo
possivelmente tambm para sua preveno, quando em situao de epidemia IMINENTE
OU EM CURSO, devido ao fato do medicamento agir em sua fase mais inicial, ou
estimulando o organismo previamente sua defesa, aumentando a resistncia em
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desenvolver a doena, no obstante, possa ser exposto causa. Devemos tambm estudar a
manifestao da doena em diversas condies e tipos constitucionais, afim de que o
medicamento aja em todos os indivduos mesmo com suas particularidades individuais.
ENFIM, DEVE O MEDICAMENTO ESCOLHIDO REPRESENTAR A DOENA EM
TODA A SUA EXTENSO, desde o instante imediato de sua instalao at os instantes
finais da mesma, com a cura, com leses residuais ou com a morte. E OS INDIVDUOS
DOENTES EM TODAS AS FORMAS DE TEMPERAMENTOS POSSVEIS, inclusive em
ambientes geogrficos distintos. S assim cobriremos sua totalidade.
VI CONCLUSO:
32 - O presente trabalho, elaborado inicialmente pela DIRETORIA DA ASSOCIAO
MDICA HOMEOPTICA BRASILEIRA, tem como objetivo principal estudar e destacar
os potenciais da HOMEOPATIA na abordagem e luta contra as doenas epidmicas,
SERVINDO AINDA DE PARMETRO PARA ELABORAO DE PROTOCOLOS DE
TRATAMENTO E PESQUISA. Para tanto, a DIRETORIA DA AMHB o publica e ao
mesmo tempo convoca a todos para, de forma transparente, democrtica, ampla e coletiva
contriburem para sua compreenso, discusso, enriquecimento, modificao, correo oucrtica. Para tal, a diretoria da AMHB o tornar pblico, atravs de divulgao prpria e no
seu SITE, imediatamente aps a sua aprovao, passando a ficar disposio de todas as
INSTITUIOES E LIDERANAS DA REA MDICA, DO BRASIL E DO MUNDO,
mas particularmente disposio das INSTITUIOES HOMEOPTICAS E DOS
HOMEOPATAS BRASILEIROS, onde todos tero espaos para enviarem suas sugestes e
propostas pelo prprio SITE ou de outra forma que desejarem, mas sempre POR ESCRITO e
com identificao, para tecermos os crditos a quem participar dos debates e para aqueles
que contriburem com a elaborao final do mesmo, alm de que tambm possamos fazer
esclarecimentos pelas menes feitas que no forem compreendidas de forma clara por esta
diretoria. Mesmo depois de concludo esta fase dos trabalhos, novas avaliaes do
desenvolvimento de sua aplicao sero feitas de forma continua, para atualizaes e
confirmaes ou no de condutas elaboradas inicialmente, num permanente esprito crtico.
Enfim, este um trabalho coletivo e nossa pretenso mant-lo cada vez mais assim. Desta
forma propomos o seguinte calendrio, os seguintes princpios e as seguintes possveis aes
iniciais:
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A) Que esta diretoria procure ler e discutir este documento, cumprindo o prazo de 15
dias para tal, findo os quais, dever proceder votao deste documento ou do
mesmo com as devidas modificaes propostas e entendidas como pertinentes por
este coletivo dirigente, para que o mesmo seja imediatamente publicado, caso
venha a ser aprovado.
B) Que aps PUBLICAAO DO DOCUMENTO APROVADO POR ESTA
DIRETORIA, o mesmo seja colocado em debate junto a toda a comunidade
homeoptica brasileira conforme item abaixo, por um perodo de 45 dias, quando
ento se encerra este prazo de debates e apresentao de propostas.
C) Findo este prazo, uma comisso de SISTEMATIZAAO das propostas enviadas
discutir as mesmas, suas pertinncias ou no para com os objetivos propostos,
para enriquecimento do documento final, que ter um prazo mximo at meadosde OUTRUBRO/2009, quando esta diretoria, depois de amplo, extenso e novo
debate, ter plenas condies e tranqilidade para aprovar a redao final deste
DOCUMENTO. Faremos todos os esforos para que esta reunio possa ser
presencial, de toda a diretoria e talvez em evento da AMHB para todos os
HOMEOPATAS, a acontecer em uma cidade do ESTADO DO ESPRITO
SANTO, ainda no ms de outubro deste ano.
D) A AMHB poder firmar convnios ou parcerias institucionais ou profissionais,no sentido de melhor desenvolver e aprimorar este trabalho, tanto terico, quanto
prtico ou mesmo experimental, visando prioritariamente desenvolver o
conhecimento sobre as doenas epidmicas e suas formas preventivas e
teraputicas.
E) A AMHB zelar para que as aes sejam acompanhadas e orientadas por
profissionais da rea epidemiolgica, no sentido de resguardar a qualificao
cientfica das mesmas, atravs de aferio de valores quali-quantitativos na
anlise de seus resultados, servindo de instrumento crtico de constante
aperfeioamento de suas diretrizes e prticas.
F) A AMHB zelar para que as aes sejam tambm acompanhadas e orientadas por
outros profissionais das especialidades mdicas no homeopticas, em interface
com outras reas afim, necessrias compreenso das doenas epidmicas em
foco e suas abordagens, alm de auxiliarem na pesquisa para a compreenso das
caractersticas das mesmas, entre outras que se fizerem necessrias.
G) Que todo o possvel conhecimento desenvolvido e confirmado por este trabalho,
INCLUSIVE OS PROTOCOLOS DE TRATAMENTOS E EXPERIENCIAS,
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sejam colocados de forma democrtica, pblica e generosa, a servio de toda a
humanidade, com a nica restrio de mencionarem os crditos de sua elaborao
inicial AMHB, sendo sua publicao apenas condicionada a este critrio,
estando o mesmo disposio de todos os povos.
VITRIA, julho de 2009.
DR. CARLOS ALBERTO FIOROT
PRESIDENTE DA ASSOCIAO MDICA HOMEOPTICA BRASILEIRA
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