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Sumário
Definições ................................................................................................. 03
Origem da iniquidade ................................................................................ 04
Contaminação da natureza humana ...................................................... 05
A separação — justiça x iniquidade ........................................................ 07
Prisões/laços de iniquidade .................................................................... 11
Consequências e juízos de Deus .............................................................. 16
A justiça de Deus nos liberta da iniquidade ............................................ 21
Referências Bibliográficas ...................................................................... 29
3
Definições A palavra hebraica para iniquidade é ‘avon [STRONG #5771]:
Maldade, erro, pecado, iniquidade, culpa; enfermidade moral, perversão,
desonestidade. ‘Avon deriva de ‘avah – “inclinar” ou “distorcer”. Assim,
a iniquidade é a “inclinação má” dentro do ser humano, ou a “direção
tortuosa”, ou ainda as “ações deformadas” dos pecadores. É uma das quatro
principais palavras que indicam pecado no AT (onde ocorre mais de 220
vezes). Indica o pecado que é particularmente mau, uma vez que transmite
fortemente a ideia de distorção ou perversão deliberada.
Outra palavra importante na Bíblia é ‘hamartia [STRONG #266]:
Literalmente, “perder o objetivo”, “errar o alvo”; pecado, erro de
caminho ou de alvo, falha, transgressão, culpa. O NT usa a palavra em
sentido genérico para erro concreto (Jo 8.34, 46; 2 Co 11.7; Tg 1.15); como
um princípio e qualidade de ação (Rm 5.12, 13, 20; Hb 3.13); e como ato
pecaminoso (Mt 12.31; At 7.60; 1 Jo 5.16). João nos ensina que “qualquer
que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é
iniquidade” (1 Jo 3.4; ver também 5.17).
A iniquidade se opõe à tsedacá [STRONG #6666]: Justiça, ações retas,
atitudes corretas. A palavra descreve a postura e as ações de Deus, as quais
Ele espera que seu povo também preserve. Ele é inequivocadamente justo;
a justiça é inteiramente sua prerrogativa. Também é sinônima de verdade
ou integridade. Amplamente, a palavra sugere conformidade com a verdade
revelada de Deus em todos os aspectos.
4
Origem As passagens abaixo mostram que a iniquidade se formou
primeiramente no coração de Lúcifer. Sua formosura, resplendor e tesouros
eram tais que, num determinado momento, um pensamento distorcido
encheu-lhe o coração — seu esplendor e riquezas se tornaram mais
importantes para ele do que o próprio Criador. Ele achou que poderia se
tornar semelhante ao Altíssimo!
Este conceito distorcido no coração do arcanjo produziu uma
“substância espiritual” — a iniquidade. Portanto, toda distorção (ou
deformação), tudo que se desvia da perfeita vontade de Deus, é iniquidade.
Ezequiel 28.13–19
Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua
cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira,
carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus
pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Tu eras o querubim,
ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio
das pedras afogueadas andavas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia
em que foste criado, até que se achou iniquidade em ti. Na multiplicação do
teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei,
profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio
das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura,
corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei,
diante dos reis te pus, para que olhem para ti. Pela multidão das tuas
iniquidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários; eu,
pois, fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu e te tornei em cinza sobre
a terra, aos olhos de todos os que te veem. Todos os que te conhecem entre os
povos estão espantados de ti; em grande espanto te tornaste, e nunca mais
subsistirá.
Isaías 14.12–14
Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por
terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao
céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da
congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das
nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.
5
Contaminação da natureza humana Ao desobedecer a Deus no jardim do Éden, o espírito do homem foi
contaminado e corrompido pela iniquidade. A iniquidade passou a
impregnar a natureza humana e, assim, o DNA espiritual da maldade é
transmitido de geração em geração. Todo o legado pecaminoso e distorcido
de cada pessoa é transmitido a seus filhos no momento da concepção.
Assim, a iniquidade inundou o mundo em que vivemos dando origem a um
sistema de vida completamente distorcido em relação aos princípios de
Deus.
A iniquidade está enraizada em nosso espírito e corrompe toda a
estrutura dos nossos pensamentos, desejos e ações. Por meio dela, o
maligno infunde no coração humano todo tipo de desejos perversos e
pecaminosos, descritos na Bíblia como lascívia ou concupiscência. Pode
ser comparada a uma árvore com raízes profundamente arraigadas. Os
frutos desta árvore são os pecados específicos que se manifestam em todas
as áreas da vida humana.
Iniquidade voluntária — Prática voluntária do pecado, com todo o
conhecimento e desejo de praticá-lo.
Iniquidade consciente — Existe um conflito interno (do qual se
tem consciência) que leva à queda ou à prática de um determinado
pecado. São pecados cometidos em algum momento da vida e que
ainda nos incomodam.
Iniquidade inconsciente — Vem de gerações passadas e faz parte
da nossa herança espiritual. Permanece latente, mas é como uma
“bomba-relógio” que, em algum momento, pode vir a se manifestar.
Também pode ser proveniente da cultura na qual fomos criados.
Vejamos alguns textos bíblicos que mostram como a iniquidade foi
implantada no espírito humano, contaminando também a alma e o corpo.
Salmos 51.5
Eis que em iniquidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe.
Eclesiastes 3.16
Vi mais debaixo do sol que no lugar do juízo havia impiedade, e no lugar da
justiça havia iniquidade.
6
Isaías 59.3–7
Porque as vossas mãos estão contaminadas de sangue, e os vossos dedos de
iniquidade; os vossos lábios falam falsidade, a vossa língua pronuncia
perversidade. Ninguém há que clame pela justiça, nem ninguém que
compareça em juízo pela verdade; confiam na vaidade, e falam mentiras;
concebem o mal, e dão à luz a iniquidade. Chocam ovos de basilisco, e
tecem teias de aranha; o que comer dos ovos deles, morrerá; e, quebrando-os,
sairá uma víbora. As suas teias não prestam para vestes nem se poderão cobrir
com as suas obras; as suas obras são obras de iniquidade, e obra de violência
há nas suas mãos. Os seus pés correm para o mal, e se apressam para
derramarem o sangue inocente; os seus pensamentos são pensamentos de
iniquidade; destruição e quebrantamento há nas suas estradas.
Romanos 1.1–32
Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça
dos homens, que detêm a verdade em injustiça... Pois mudaram a verdade
de Deus em mentira [distorção], e honraram e serviram mais a criatura do
que o Criador, que é bendito eternamente. Amém... Estando cheios de toda a
iniquidade, fornicação, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja,
homicídio, contenda, engano, malignidade... Os quais, conhecendo o juízo de
Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as
fazem, mas também consentem aos que as fazem.
Romanos 3.10–18
Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que
entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e
juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A
sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente;
peçonha de áspides está debaixo dos seus lábios; cuja boca está cheia de
maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus
caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não
há temor de Deus diante de seus olhos.
Romanos 7.18–24
Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum;
e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque
não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço
o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. Acho
então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo.
Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos
meus membros outra lei, que batalha contra a lei do meu entendimento, e me
prende debaixo da lei do pecado que está nos meus membros. Miserável
homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?
7
Separação — justiça x iniquidade
A justiça é um atributo do caráter de Deus que alinha todas as coisas à
sua perfeita vontade. A iniquidade é uma força oposta que distorce e
perverte todas as coisas, causando separação entre Deus e a humanidade.
Nela se encontra tudo o que perverte os caminhos de Deus. Tudo o que não
é edificado em Deus é edificado na iniquidade – o material das trevas.
Quando a Palavra de Deus declara que “o salário do pecado é a morte”
(Rm 6.23, ver também Tg 1.15) está falando de uma lei do Universo
poderosíssima (como a lei da gravidade, por exemplo). Assim como um
objeto solto no ar é sempre atraído para o chão pela gravidade da Terra, a
iniquidade sempre atrairá tudo o que tem a ver com a morte e as trevas.
A justiça de Deus não se mistura à iniquidade. Onde quer que se
encontre a iniquidade, encontraremos os juízos de Deus em contínua
operação. Assim como o amor de Deus não pode ser interrompido, sua
justiça também não pode. Os juízos de Deus (em harmonia com sua
essência e perfeita vontade) são enviados para que a justiça seja
estabelecida em nossas vidas. Enquanto a unção nos enche de amor e
alegria, a glória é o fogo consumidor de Deus que queima e destrói tudo
que nos separa dEle.
Êxodo 28.43
E estarão sobre Arão e sobre seus filhos, quando entrarem na tenda da
congregação, ou quando chegarem ao altar para ministrar no santuário, para
que não levem iniquidade e morram; isto será estatuto perpétuo para ele e
para a sua descendência depois dele.
2 Crônicas 19.7
Agora, pois, seja o temor do Senhor convosco; guardai-o, e fazei-o; porque
não há no Senhor nosso Deus iniquidade nem acepção de pessoas, nem
aceitação de suborno.
Salmos 5.4
Porque tu não és um Deus que tenha prazer na iniquidade, nem contigo
habitará o mal.
Salmos 66.18
Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá.
8
Salmos 101.8
Pela manhã destruirei todos os ímpios da terra, para desarraigar da cidade
do Senhor todos os que praticam a iniquidade.
Salmos 119.133
Ordena os meus passos na tua palavra, e não se apodere de mim iniquidade
alguma.
Provérbios 10.29
O caminho do Senhor é fortaleza para os retos, MAS ruína para os que
praticam a iniquidade.
Provérbios 21.15
O fazer justiça é alegria para o justo, MAS destruição para os que praticam
a iniquidade.
Isaías 1.13
Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as
luas novas, e os sábados, e a convocação das assembleias; não posso suportar
iniquidade, nem mesmo a reunião solene.
Isaías 6.7
E com a brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e
a tua iniquidade foi tirada, e expiado o teu pecado.
Isaías 26.10
Ainda que se mostre favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na
terra da retidão ele pratica a iniquidade [!], e não atenta para a majestade
do Senhor.
Isaías 59.1, 2
Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem
agravado o seu ouvido, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades
fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o
seu rosto de vós, para que não vos ouça.
Daniel 9.24
Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa
cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar
a iniquidade, E trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para
ungir o Santíssimo.
9
Sofonias 3.5
O Senhor é justo no meio dela; ele não comete iniquidade; cada manhã traz
o seu juízo à luz; nunca falta; mas o perverso não conhece a vergonha.
Zacarias 3.4
Então respondeu aos que estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe estas vestes
sujas. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua
iniquidade, e te vestirei de vestes finas.
Zacarias 3.9
Porque eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão
sete olhos; eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos Exércitos, e
tirarei a iniquidade desta terra num só dia.
Malaquias 2.6
A lei da verdade esteve na sua boca, e a iniquidade não se achou nos seus
lábios; andou comigo em paz e em retidão, e da iniquidade converteu a
muitos.
Mateus 7.23
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós
que praticais a iniquidade.
Mateus 13.41
Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o
que causa escândalo, e os que cometem iniquidade.
João 1.29
No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo.
Romanos 3.23
Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.
Romanos 6.13
Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos
de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os
vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.
10
Colossenses 1.13
O qual nos tirou da potestade [império] das trevas, e nos transportou para o
reino do Filho do seu amor.
2 Timóteo 2.19
Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece
os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da
iniquidade.
Tito 2.14
O qual se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e
purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras.
Hebreus 1.9
Amaste a justiça e odiaste a iniquidade; por isso Deus, o teu Deus, te ungiu
com óleo de alegria mais do que a teus companheiros.
Apocalipse 22.11
Quem é injusto, seja injusto ainda; e quem é sujo, seja sujo ainda; e quem é
justo, seja justificado ainda; e quem é santo, seja santificado ainda.
11
Prisões/laços de iniquidade
O homem foi criado para morar em Deus (Gn 3.8), refletindo a glória
e o caráter do seu Criador. Quando decidiu seguir o seu próprio caminho,
seu espírito morreu, foi separado de Deus e mergulhou completamente na
escuridão.
Nas palavras de C. S. Lewis: “O pecado original fez com que a criação
se tornasse ‘curvada’”. Esta condição pode ser ilustrada por uma seta
curva: significando que o centro da nossa vida se tornou o nosso
“eu”, em vez de ser Deus que nos criou. O resultado disso foi que todo o
nosso ser ficou contaminado por uma obsessão — queremos seguir o nosso
próprio caminho (Is 53.6)!
A iniquidade então passou a moldar a mente humana, criando
fortalezas que, literalmente, determinam o comportamento humano desde
então. Estas fortalezas são estruturas espirituais, mentais e emocionais a
partir das quais vivemos e tomamos todas as decisões que são contrárias à
vontade de Deus. Elas formam a carne, nossa “casa” como seres caídos.
Por meio dela nossa herança espiritual se manifesta através dos frutos da
iniquidade (pecados).
Essas estruturas formadas na vida do homem o arrastam para prisões
ou laços de iniquidade que se tornam cada vez mais fortes, conforme
ilustrado abaixo.
Prisões de iniquidade
Distorção: princípio da iniquidade...
O ciclo começa..
.
Prisões: paredes cada vez mais grossas; barras cada
vez mais fortes!
12
Esta “curva” ou “gancho” (que é o princípio de distorção) fez com que
o homem se tornasse autorreferencial, vivendo unicamente em função de
obter vantagem pessoal — obter, controlar, possuir. Somos “equipados”
com ele ao nascer, por causa da nossa herança de iniquidade (Sl 51.5). O
único ser humano que nasceu sem este “gancho” foi o Senhor Jesus Cristo,
porque foi concebido pelo Espírito de Deus (Mt 1.23)!
A alma humana tem sido edificada em fortalezas de iniquidade, que
lhe dão forma, personalidade e identidade. São fortalezas de temor, aflição,
enfermidade, pobreza, religião, cultura, incredulidade, orgulho, vícios ou
hábitos destrutivos, rejeição, negligência, etc... O homem é um reflexo das
fortalezas edificadas em sua alma (Pv 23.7). O homem natural pensa, age e
produz frutos segundo uma mente limitada e estruturada na cultura e nas
circunstâncias.
Estas fortalezas precisam ser destruídas pela fé no poder de Deus e a
alma estabelecida nos lugares celestiais. Precisamos edificar as fortalezas
de Deus com o material do céu, proveniente do Espírito de Deus. Para isso,
precisamos submeter nossa vontade à vontade de Deus para que a mentira
seja substituída pela verdade do Senhor (Rm 12.1, 2). Uma alma edificada
nos lugares celestiais pensará, agirá e produzirá frutos segundo Deus.
Alguns tipos de prisões ou laços de iniquidade:
1 Samuel 15.23
Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar [contender
obstinadamente] é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste a
palavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei.
13
Um indivíduo obstinado faz da sua própria opinião um ídolo. Ele
acredita que está sempre com a razão, sempre certo e os outros sempre
errados.
2 Samuel 24.10
E pesou o coração de Davi, depois de haver numerado o povo [vaidade,
soberba]; e disse Davi ao Senhor: Muito pequei no que fiz; porém agora ó
Senhor, peço-te que perdoes a iniquidade do teu servo; porque tenho
procedido mui loucamente.
Jó 6.30
Há porventura iniquidade na minha língua? Ou não poderia o meu paladar
distinguir coisas iníquas?
Isaías 5.18
Ai dos que puxam a iniquidade com cordas de vaidade, e o pecado com
tirantes de carro!
Isaías 57.20
Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e as suas
águas lançam de si lama e lodo.
A iniquidade é como uma fonte, de onde fluem águas lamacentas que
contaminam tudo que tocam. A alma não se aquieta; é mantida em cativeiro
e precisa de libertação.
Miquéias 3.10
Edificando a Sião com sangue, e a Jerusalém com iniquidade.
A iniquidade também pode ser proveniente da cultura. Muitas cidades
foram literalmente edificadas na iniquidade. Atos coletivos de maldade
ficam arraigados na alma e no espírito do povo. Exemplos: genocídios, o
pensamento nacional da nação (corrupção), celebrações (dia dos mortos,
Halloween, páscoa com coelhos e ovos, etc.).
Mateus 23.28
Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas
interiormente estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.
As religiões estão cheias de iniquidade, porque são obra da carne.
Todo sistema religioso em essência é babilônico e se opõe ao único Deus
verdadeiro. É preciso remover a iniquidade que entrou através de rituais ou
tradições religiosas.
14
Atos 8.23
Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade.
Tiago 3.6
A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta
entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da
natureza, e é inflamada pelo inferno (ver Pv 18.21!).
1 Timóteo 6.9, 10
Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas
concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e
ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e
nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com
muitas dores.
Apocalipse 17.5, 18
E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Babilônia, a mãe das
prostituições e abominações da terra... E a mulher que viste é a grande cidade
que reina sobre os reis da terra.
A queda de Satanás está ligada ao comércio e às riquezas (Ez 28.16,
18). É do amor às riquezas que surge a Babilônia, a cidade espiritual de
onde ele governa os reinos do mundo. O esplendor das riquezas que não
provêm de Deus é uma glória que também não provém dEle, e produz um
sentimento de poder e segurança artificiais que, pouco a pouco, toma o
lugar de Deus. Se a iniquidade não for removida das nossas finanças, mais
cedo ou mais tarde trará destruição e ruína.
15
A única coisa que pode libertar o homem de suas prisões de
iniquidade é a Palavra que vem de Deus:
João 6.44
Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou o não trouxer; e eu o
ressuscitarei no último dia.
João 8.32–36
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos
descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis
livres? Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo
aquele que comete pecado é servo do pecado. Ora o servo não fica para
sempre em casa; o Filho fica para sempre. Se, pois, o Filho vos libertar,
verdadeiramente sereis livres.
Mateus 4.4
Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão [materialismo]
viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Isaías 55.10, 11
Porque, assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não tornam,
mas regam a terra, e a fazem produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e
pão ao que come, assim será a minha palavra, que sair da minha boca; ela
não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz, e prosperará naquilo
para que a enviei.
A Palavra que vem de Deus
1. Estou numa prisão de iniquidade...
2. Preciso de uma Palavra de Deus;
3. Deus fala em meio à minha situação;
4. A Palavra que vem de Deus quebra a prisão e
me tira dela.
16
Consequências e juízos de Deus
Conforme vimos, a iniquidade causa separação entre Deus e sua
criação. A justiça divina, sendo parte de sua própria essência, julga tudo
que se opõe à vontade de Deus. Onde existirem caminhos distorcidos, os
juízos de Deus estarão continuamente operando para alinhar todas as coisas
com sua justiça e vontade.
A iniquidade está intimamente ligada ao reino das trevas e é a base
legal que permite ao diabo roubar, matar e destruir o homem (Jo 10.10).
Todo mal, sofrimento, ruína ou destruição presentes na vida humana tem
como raiz a iniquidade. Como vimos, a lei do pecado atrai a morte e as
trevas. O salário do pecado é a morte!
A iniquidade traz consigo maldições que podem ser comparadas a
pássaros voando, procurando um lugar para estabelecer seu ninho e cumprir
seus propósitos. Em Provérbios 26.2 lemos: “Como ao pássaro o vaguear,
como à andorinha o voar, assim a maldição sem causa não virá”. Maldições
são penalidades dadas por Deus a uma pessoa e seus descendentes como
consequência de sua iniquidade (John Eckhardt ).
Em Deuteronômio o Senhor deu ao povo de Israel apenas duas
alternativas: “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, de
que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe pois
a vida, para que vivas, tu e a tua descendência” (Dt 30.19). A consequência
final de edificar a vida e permanecer vivendo em iniquidade será a
condenação eterna.
Êxodo 34.7
Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a
transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a
iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até a terceira e
quarta geração.
Levítico 5.17
E, se alguma pessoa pecar, e fizer, contra algum dos mandamentos do Senhor,
aquilo que não se deve fazer, ainda que o não soubesse, contudo será ela
culpada, e levará a sua iniquidade.
Jó 4.8
Segundo eu tenho visto, os que lavram iniquidade, e semeiam mal, segam o
mesmo.
17
Jó 10.14
Se eu pecar, tu me observas; e da minha iniquidade não me escusarás.
Salmos 31.9, 10
Tem misericórdia de mim, ó Senhor, porque estou angustiado. Consumidos
estão de tristeza os meus olhos, a minha alma e o meu ventre. Porque a minha
vida está gasta de tristeza, e os meus anos de suspiros; a minha força descai
por causa da minha iniquidade, e os meus ossos se consomem.
A iniquidade é a principal causa de doenças. Apesar de ter a sua origem
no espírito humano, atravessa a alma, cria estruturas de comportamento e
atinge o corpo, resultando em manifestações físicas que o destroem.
Salmos 39.11
Quando castigas o homem, com repreensões por causa da iniquidade, fazes
com que a sua beleza se consuma como a traça; assim todo homem é vaidade.
Salmos 89.32
Então visitarei a sua transgressão com a vara, e a sua iniquidade com
açoites.
Salmos 92.7
Quando o ímpio crescer como a erva, e quando florescerem todos os que
praticam a iniquidade, é que serão destruídos perpetuamente.
Salmos 94.23
E trará sobre eles a sua própria iniquidade; e os destruirá na sua própria
malícia; o Senhor nosso Deus os destruirá.
Isaías 13.11
E visitarei sobre o mundo a maldade, e sobre os ímpios a sua iniquidade; e
farei cessar a arrogância dos atrevidos, e abaterei a soberba dos tiranos.
Isaías 26.21
Porque eis que o Senhor sairá do seu lugar, para castigar os moradores da
terra, por causa da sua iniquidade, e a terra descobrirá o seu sangue, e não
encobrirá mais os seus mortos.
Ezequiel 7.13
Porque o que vende não tornará a possuir o que vendeu, ainda que esteja entre
os viventes; porque a visão, sobre toda a sua multidão, não tornará para trás,
nem ninguém fortalecerá a sua vida com a sua iniquidade.
18
Ezequiel 7.16
E escaparão os que fugirem deles, mas estarão pelos montes, como pombas
dos vales, todos gemendo, cada um por causa da sua iniquidade.
Ezequiel 18.20
A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem
o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a
impiedade do ímpio cairá sobre ele.
Ezequiel 33.13, 18
Quando eu disser ao justo que certamente viverá, e ele, confiando na sua
justiça, praticar a iniquidade, não virão à memória todas as suas justiças, mas
na sua iniquidade, que pratica, ele morrerá. Desviando-se o justo da sua
justiça, e praticando iniquidade, morrerá nela.
Atos 1.18
Ora, este adquiriu um campo com o galardão da iniquidade; e, precipitando-
se, rebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram.
Romanos 2.8
Mas a indignação e a ira aos que são contenciosos, desobedientes à verdade
e obedientes à iniquidade.
Gálatas 6.7, 8
Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem
semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne
ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida
eterna.
2 Tessalonicenses 2.12
Para que sejam julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram
prazer na iniquidade.
Judas 10–16
Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente
conhecem, como animais irracionais se corrompem. Ai deles! porque entraram
pelo caminho de Caim, e foram levados pelo engano do prêmio de Balaão,
e pereceram na contradição de Coré. Estes são manchas em vossas festas de
amor, banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor;
são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como
árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas; ondas
impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações; estrelas
errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas.
19
E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis
que é vindo o Senhor com milhares de seus santos; para fazer juízo contra
todos e condenar dentre eles todos os ímpios, por todas as suas obras de
impiedade, que impiamente cometeram, e por todas as duras palavras que
ímpios pecadores disseram contra ele. Estes são murmuradores, queixosos da
sua sorte, andando segundo as suas concupiscências, e cuja boca diz coisas
mui arrogantes, admirando as pessoas por causa do interesse.
Apocalipse 21.8
Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos
homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos
os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a
segunda morte.
Apocalipse 22.15
Mas, ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os
homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira.
Deus estabelece Sua justiça com juízos de misericórdia na vida
daqueles que o temem e o buscam. Por esta razão, é uma grande bênção
arrancar tudo que há de distorcido, ou mal estruturado em nós. Precisamos
aproveitar todas as circunstâncias, palavras ou ensinamentos que nos
permitam ver os nossos erros e endireitar os nossos caminhos.
Uma coisa é ser declarado justo pela graça de Deus e pelo sacrifício de
Cristo, outra é ser estabelecido na justiça de Deus. Todas as bênçãos de
Deus não fluem em nós após o batismo, mas à medida que somos
enraizados e alicerçados em Sua justiça.
Provérbios 8.17-21
Eu amo aos que me amam, e os que cedo me buscarem, me acharão. Riquezas
e honra estão comigo; assim como os bens duráveis e a justiça. Melhor é o
meu fruto do que o ouro, do que o ouro refinado, e os meus ganhos mais do
que a prata escolhida. Faço andar pelo caminho da justiça, no meio das
veredas do juízo. Para que faça herdar bens permanentes aos que me
amam, e eu encha os seus tesouros.
João 15.1, 2
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim,
que não dá fruto, a tira; e limpa [poda] toda aquela que dá fruto, para que
dê mais fruto.
20
1 Coríntios 11.32
Mas, quando somos julgados, somos repreendidos pelo Senhor, para não
sermos condenados com o mundo.
Hebreus 12.5–10
E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho
meu, não desprezes a correção do Senhor, e não desmaies quando por ele fores
repreendido; porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que
recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque,
que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual
todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que,
tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os
reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para
vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam
como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos
participantes da sua santidade.
21
A justiça de Deus nos liberta da iniquidade O Evangelho é o poder de Deus
Nossa salvação é pela graça, por meio da fé. No entanto, esta fé é
capaz de produzir obras poderosas em Deus. A mesma fé que opera
prodígios e milagres de cura, por exemplo, pode transformar
completamente a vida de qualquer pessoa que entregue sua vida a Jesus.
Embora a graça seja um favor imerecido, a única maneira de entrar no
REINO DE DEUS é passando pela CRUZ; esta não é uma opção — é a porta
estreita que conduz à vida (Mt 7.13, 14). A fim de que a cruz exerça seu
poder na vida de uma pessoa, é preciso que ela, de coração arrependido,
renuncie sua velha vida para iniciar uma nova, abandonando a prática do
pecado.
O Evangelho de Cristo tem sido “diluído” nestes últimos dias.
Contudo, o verdadeiro Evangelho é, ao mesmo tempo, confrontador e
transformador. Não é uma simples “oração”, repetida sem convicção de
pecado e sem o desejo de se afastar do mundo e seguir a Cristo. Nas
palavras do apóstolo Paulo, o Evangelho é “o poder de Deus para a
salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16).
Não podemos dizer que cremos em Deus e fazer tudo o que queremos
só porque Deus nos chama “justos” (ver Rm 6.1, 2 e Tg 2.19, 20).
Devemos crer em Deus com o coração, o que implica a determinação de
nos submetermos a Ele e andar em Sua justiça. Em seu livro “O Homem
Espiritual”, Watchmam Nee explica:
“Tudo que pertence ao homem natural, como, por exemplo, o eu do
crente, deve passar pela morte da cruz. Se simplesmente uma ideia ou
conceito disso for apresentado, talvez a mente o aceite, porém, se for
algo que deve ser colocado em prática, a mente imediatamente o
rejeitará... Muitas pessoas se denominam cristãs, mas o que creem é
somente filosofia, ética e doutrinas acerca da verdade, ou alguns
fenômenos sobrenaturais. Crer dessa forma não produz nenhum novo
nascimento, nem lhes dá um novo espírito”.
Precisamos abandonar o antigo estilo de vida pecaminoso. Não
podemos andar na iniquidade e crer levianamente que estamos justificados
(1 Jo 3.6–10). Inevitavelmente, a justiça de Deus julgará a iniquidade. A
semente de Deus e a vida do Espírito não se misturam com a iniquidade e a
prática do pecado.
22
A verdadeira conversão transporta o crente para a vida no Espírito. A
palavra converter (trasladar em algumas versões) implica em uma mudança
de lugar e, portanto, significa que algo não pode estar em dois lugares ao
mesmo tempo. Converter significa mudar de direção — uma volta de 180
graus! Não é possível ficar com o “melhor dos dois reinos”.
Romanos 8.1–9
Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus,
que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do
Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.
Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne,
Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado
condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em nós,
que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são
segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o
Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas
a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é
inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o
pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus. Vós,
porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita
em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele.
Gálatas 5.16
Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
Quando Cristo entra no espírito de alguém, sua vida é radicalmente
transformada. A vida de Cristo em nós é uma realidade espiritual que abala
toda a nossa estrutura interna, fazendo desmoronar todo sistema mundano e
pecaminoso em nossa vida. Começamos a ter fome pelas coisas do alto. O
que o mundo oferece não nos atrai mais. Não conseguimos mais
permanecer no pecado.
Ser guiado por Deus significa ter “temor do Senhor”, seguindo Seus
caminhos e mandamentos. O Evangelho de Cristo é um chamado para o
seguirmos, não uma fórmula ou oração feita na ignorância, sem qualquer
compromisso. A salvação só se estabelece na vida de uma pessoa quando
ela responde ao sacrifício de Cristo; e a transformação ocorre quando ela
rende sua vida a Ele e abandona suas práticas antigas.
23
Alguns seguem a Cristo e experimentam uma mudança de vida radical
por meio de uma simples oração feita de todo o coração. Outros vão se
aproximando dEle pouco a pouco até estarem com o coração totalmente
entregue para receber a salvação. Outros, ainda, têm apenas a chance de orar
no leito da morte e isso é suficiente para que Deus os salve. O tempo e o
coração de cada pessoa são diferentes. Não podemos estabelecer uma
“fórmula” e esperar que todos se encaixem nela.
A salvação não se encontra num único versículo da Bíblia (como, por
exemplo, Romanos 10.8, 9), mas é composta por uma série de verdades que
a complementam. O amor de Deus, e Sua imensa misericórdia, nos
mostram a real condição do nosso coração para que nos reconciliemos com
Ele. Este é o propósito do Evangelho — a nossa reconciliação com Deus.
2 Coríntios 5.17–20
Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram;
eis que tudo se fez novo. E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo
mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava
em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e
pôs em nós a palavra da reconciliação... Rogamos-vos, pois, da parte de Cristo,
que vos reconcilieis com Deus.
A “boa obra” de Deus em nós
Precisamos de salvação, não de religião. A religião é a alternativa que
o diabo oferece para nos fazer acreditar que estamos “quites” com Deus. A
verdadeira salvação começa pelo novo nascimento. O novo nascimento é a
“boa obra” que Deus começa em nós e que Ele deseja aperfeiçoar “até ao
dia de Jesus Cristo” (Fp 1.6).
O novo nascimento é a ressurreição do nosso espírito. Quando isto
acontece, algo novo e real começa a acontecer dentro de nós, algo que não
poderíamos “fabricar” por nós mesmos. Assim como a carne é a estrutura
moldada pelos princípios da natureza corrompida, a nova criatura é a
estrutura espiritual moldada pela natureza divina.
O espírito do homem natural está morto por causa do pecado. Isso
significa que a vida de Deus não se encontra no espírito daquele que ainda
não se reconciliou com Ele. Deus costuma despertar o espírito das pessoas
para que elas se reconciliem com Ele (como no caso de Cornélio). O único
que pode reconciliar o homem com Deus é Jesus Cristo e é somente no
espírito que a ponte entre Deus e o homem é restabelecida. A salvação não
acontece na mente, por uma prática intelectual, mas no espírito que precisa
nascer de Deus.
24
Ezequiel 36.26, 27
E dar-vos-ei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e
tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E
porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e
guardeis os meus juízos, e os observeis.
João 1.12, 13
Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem
da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
João 3.3–7
Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que
não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos:
Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar
no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te
digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no
reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do
Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer
de novo.
1 Pedro 1.23
Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível,
pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.
Estes textos são bastante claros: não é a vontade da carne que produz
o novo nascimento, mas o próprio Deus. A semente de vida do Senhor é
plantada em nosso espírito pela Palavra de Deus (Lc 8.11–15). O Espírito
do Senhor a unge e faz brotar uma nova vida. Isso acontece quando, com
um coração sincero e arrependido, nos rendemos a Ele e somos batizados.
No batismo, o Espírito de Deus e o do homem se fundem para que a
nova criatura espiritual possa crescer à imagem de Deus. A vida de Deus,
que é a vida da ressurreição, agora habita em nosso espírito. A ressurreição
é o poder que dá vida à nova criatura gerada em nós. O verdadeiro batismo
é a decisão de morrer para a nossa vida de pecado e ressuscitar para uma
nova vida. Primeiro a morte, depois a ressurreição.
25
Romanos 6.4–6
De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como
Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim
andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados
juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua
ressurreição; sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado,
para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao
pecado.
Por diversas razões, muitos têm passado pelas águas do batismo
apenas para cumprir um requisito religioso, sem a convicção sincera de
seguir a Cristo de todo o coração. Nesses casos, nem o batismo nem a
concepção da nova criatura aconteceram, porque isto não acontece pela
“vontade da carne”.
Quando a nova criação acontece em nosso espírito somos despertados
para uma realidade espiritual antes desconhecida e começamos a
experimentar um crescimento interior. Coisas que antes nos atraíam, agora
passamos a detestar. Sentimos um distanciamento de ambientes mundanos.
Ouvir palavras torpes nos incomoda. Acima de tudo, detestamos pecar e
entristecer o Espírito Santo.
A nova criatura deseja as coisas do alto e ama a justiça. É cheia do
temor de Deus e de amor pelo próximo. Tudo perde seu valor comparado a
conhecer Jesus e o poder da sua ressurreição (Fp 3.7–10). Ainda podemos
tropeçar e pecar (1 Jo 2.1), mas não podemos continuar amando o mundo e
vivendo na prática do pecado.
Como a justiça de Deus nos liberta
Em Cristo, Deus nos reveste da Sua própria justiça — o manto da
justiça divina é a cobertura perfeita que torna possível nosso
relacionamento com Ele.
Isaías 61.10
Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegrará no meu Deus;
porque me vestiu de roupas de salvação, cobriu-me com o manto de justiça,
como um noivo se adorna com turbante sacerdotal, e como a noiva que se
enfeita com as suas joias.
2 Coríntios 5.21
Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que NELE
fôssemos feitos justiça de Deus.
26
Nossa própria justiça não é mais suficiente para nos cobrir do que uma
pilha de trapos imundos (Is 64.6). O caminho da religião não nos dá acesso
a Deus. Através do Seu manto de justiça, Deus nos vê perfeitos em Cristo
e também nos liberta da iniquidade, conforme ilustrado abaixo.
O manto da justiça divina
Este é um processo de duas faces. Em primeiro lugar, Cristo nos dá
Sua justiça imputada. Este dom ou presente nos é dado na conversão.
Como numa transferência bancária, a justiça de Cristo é transferida para
nossa a conta. Mas isso não é tudo que Ele faz por nós. Ele também nos
transmite continuamente Sua justiça. Esta ação nos dá a esperança de
nos tornarmos semelhantes a Ele.
Gálatas 4.19
Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que
Cristo seja formado em vós.
Gálatas 2.20
Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive
em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de
Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim.
Romanos 5.10
Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela
morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos
salvos pela sua vida.
Fator Adão
Rm 3.23
Revestindo-se do “novo eu” —
Justiça imputada Cl 3.10
Justiça operando em nós a
transformação do Reino Gl 4.19
Sendo moldados à Sua imagem —
Justiça transmitida Rm 8.28-30
27
Como vemos nos textos acima, Cristo vive a vida dEle em nós.
É por isso que temos o potencial de nos tornarmos como Ele. Cristo
nos dá de Sua própria natureza – dia a dia e pouco a pouco – à
medida que nos relacionamos com Ele e passamos tempo em sua
presença.
2 Coríntios 3.18
Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a
glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na
mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.
A justiça de Cristo imputada é o “veículo” no qual fazemos
nossa jornada. A vida de Cristo comunicada a nós é o
“combustível” que necessitamos para a jornada.
Estamos acostumados a pensar na salvação a partir de um ponto de
vista autorreferencial. Mas o processo de salvação tem o propósito de nos
“tirar de nós mesmos” e nos colocar “em Deus”. A transmissão da vida de
Cristo para o cristão é o que chamamos de “processo de santificação”, “ser
conformados à imagem de Cristo”, “Cristo sendo formado em nós”.
Algumas igrejas tratam do assunto de maneira um pouco diferente, mas a
essência é a mesma:
(1) Justiça imputada: o dom de Deus no momento da conversão;
(2) Justiça transmitida: quando a natureza de Deus é transmitida ao
cristão a fim de mudar sua vida prática.
Jesus falou aos discípulos sobre o trabalho do Pai em nos podar e
sobre a nossa necessidade de permanecer nEle:
João 15.1–6
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que
não dá fruto, a tira; e limpa [poda] toda aquela que dá fruto, para que dê mais
fruto. Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado. Estai em mim,
e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na
videira, assim também vós, se não estiverdes em mim. Eu sou a videira, vós as
varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim
nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a
vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
28
Permanecer em Cristo não é “esforçar-se” (tentar agradar a Deus com
as próprias forças). Nossa força de vontade falha quando mais precisamos
dela. Permanecer em Cristo é uma habilidade a ser aprendida —
aprendemos a ficar firmes no manto da justiça de Cristo que está sobre nós
(e operando em nós) sem nos demover na direção de algum caminho
distorcido que, inevitavelmente, nos levará a alguma prisão de iniquidade.
No texto de Efésios 6.10–14, Paulo usa a expressão “ficar firmes” 3 vezes:
“E, havendo feito tudo, ficar firmes” (v. 13). Isto significa permanecer na
vida de Cristo que nos foi transmitida e viver por Sua vida!
Deus sempre teve o melhor para nós. Ele sempre esteve certo, e nós
sempre estivemos errados — desde o início! Desde a queda, o homem tem
achado que é sábio o bastante para seguir o seu próprio caminho. Mas o
mundo em que vivemos é uma prova irrefutável de que isto nunca foi
verdade. Nossa vida simplesmente “não funciona” sem que o Autor da vida
esteja presente e no controle da nossa vida.
“Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10.10b).
Para um estudo mais profundo e detalhado sobre este assunto, leia o livro “Iniquidade” da
apóstola Ana Mendez Ferrell (Editora Propósito Eterno, 2009). No capítulo 7, “Como Tratamos
a Iniquidade”, são dadas listas abrangentes de pecados para um confronto detalhado, a fim de
que possamos tratar a iniquidade de forma específica e eficaz.
As ilustrações contidas neste estudo foram extraídas e adaptadas do livro de Bob Mumford.
29
Referências Bibliográficas
Ana Mendez Ferrell. Iniquidade. Editora Propósito Eterno, 2009.
Bíblia de Estudo Plenitude. Sociedade Bíblica do Brasil, 2001.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico e Grego. CPAD, 2011.
Bob Mumford. The Agape Road: Journey to Intimacy With The
Father. Destiny Image Publishers Inc., 2002/2006.
As citações bíblicas são da versão ACF, da Sociedade Bíblica
Trinitariana do Brasil, 1994/1995/2007.
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