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INQUÉRITO SÔBRE ASSISTÊNCIA HOSPITALAR E MORBIDADEHOSPITALAR NO MUNICÍPIO DO SALVADOR (BAHIA), BRASIL (1)

Celso PUGLIESESebastião LOUREIROAntônio Carlos Silva SANTOSHarley Pinheiro PADILHAJoselita Macedo SOUZAInis LESSAGeraldo SERRAJosé CODESCélia Netto DIASJosé Duarte de ARAÚJO

PUGLIESI, C. et al. — Inquérito sôbre assistência hospitalar e morbidadehospitalar no município do Salvador (Bahia), Brasil, Rev. Saúde publ.,S. Paulo, 5:1-16, 1971.

RESUMO — Para suprir a deficiência de dados sôbre a disponibilidade e aefetiva utilização de leitos hospitalares, bem como sôbre a morbidade hospita-lar em nosso meio, procedeu-se a um censo hospitalar no município do Salva-dor, Bahia — Brasil. Em uma data escolhida ao acaso aplicou-se um questio-nário pré-codificado a todos Hospitais e Serviços de Urgência, ou a quaisqueroutras entidades que mantivessem leitos hospitalares na área urbana de Salva-dor. Os questionários foram analisados e com base nos dados obtidos discutiu-se: disponibilidade de leitos e sua efetiva utilização; distribuição dos leitos en-tre as várias especialidades; serviços auxiliares ou complementares e sua ade-quação às necessidades; características das pessoas internadas; formas depagamento da assistência hospitalar; morbidade hospitalar. Conclui-se queestudos desta natureza fornecem valiosos dados para o Planejamento de Saúderecomendando sua realização em maior escala.

UNITERMOS — Assistência hospitalar*; Morbidade hospitalar*; Inquéritohospitalar *.

Recebido para publicação em 30-10-1970.(1) Do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal da Bahia, Salvador,

Bahia — Brasil.

1. I N T R O D U Ç Ã O

É notória em nosso meio a deficiênciade dados sôbre a disponibilidade e a efe-tiva utilização de leitos hospitalares. Nocaso particular da Cidade do Salvador(Bahia) deve ainda ser assinalado o fatodas informações disponíveis apresentarem-se bastante contraditórias. Um estudo

feito em 1969 pela Escola de Enfermagemda UFBa.8, assinalava 5.994 leitos emSalvador, distribuídos em 44 unidadeshospitalares. O IBGE1 apresentava umacifra de 4.828 leitos distribuídos em 25unidades hospitalares, enquanto que a Di-visão Médico Hospitalar da Secretaria da

Saúde Pública estimava em 6.118 o nú-mero de leitos existentes em Salvador2.No que diz respeito à distribuição dos lei-tos pelas várias especialidades, as informa-ções eram ainda mais precárias, e no par-ticular da efetiva utilização dos leitos,eram inexistentes.

Para as autoridades sanitárias, respon-sáveis pelo planejamento da assistênciahospitalar no Estado, tornou-se evidenteque se fazia necessário um estudo que di-rimisse as dúvidas e oferecesse um quadroreal da assistência hospitalar em Salvador.

O Departamento de Medicina Preven-tiva da Universidade Federal da Bahia to-mou então a iniciativa de planejar a exe-cução de um censo hospitalar no municí-pio do Salvador.

Julgaram os autores que esta seria umaoportunidade valiosa para a obtenção dedados sôbre a demanda de serviços hospi-talares e igualmente de informações sôbrea morbidade hospitalar em Salvador.

2 . M E T O D O L O G I A

Objetivando maior facilidade de exe-cução, foi escolhida a forma de um censohospitalar a ser realizado em uma dataescolhida ao acaso, abrangendo todos oshospitais, casas de saúde, serviços de ur-gência, e tôda e qualquer entidade quemantivesse doentes internados na área domunicípio do Salvador. A cada hospitalseria aplicado um questionário pré-codi-ficado contendo perguntas sôbre a formade administração e de manutenção, nú-mero de leitos e sua utilização, serviçosauxiliares existentes, etc. (Anexo I).

Foi aplicado também um questionárioindividual a cada um dos pacientes in-ternados em todos os hospitais da Cidade,nas 24 horas que antecederam à realiza-ção do censo. Êste questionário continhaperguntas sôbre identificação pessoal, da-dos sócio-econômicos, causa do interna-mento e pagamento da hospitalização.(Anexo II).

O censo foi realizado simultâneamente

em todos os hospitais do município doSalvador na manhã do dia 7 de agôstode 1970, uma sexta-feira. A aplicaçãodo questionário em todos os casos foi fei-ta por membros do corpo docente do De-partamento de Medicina Preventiva daUFBa., os quais haviam participado da suaelaboração e do planejamento do traba-lho. Os questionários individuais foramaplicados aos pacientes internados no pe-ríodo entre as 8 horas do dia 06-08-1970e as 8 horas do dia 07-08-1970.

3. R E S U L T A D O S

Na apreciação dos resultados conside-raremos inicialmente os dados referentesaos hospitais e a seguir os dados referen-tes aos pacientes internados.

3.1 — Características da assistênciahospitalar

O censo efetuado verificou existirem,no município do Salvador, em efetivofuncionamento, 34 instituições com servi-ço de internamento hospitalar (Tabela 1).Dessas, 13 são entidades particulares comfinalidade lucrativa, 6 de natureza bene-ficente, e as 15 restantes (44,1%), per-tencentes ao poder público. Todavia,quando procuramos apreciar a distribui-ção dos leitos hospitalares de acôrdo como tipo de entidade mantenedora, verifica-mos que as instituições particulares e asbeneficentes dispõem de 2.240 leitos en-quanto que os hospitais mantidos pelo po-der público dispõem de 3.554 leitos, ouseja, 61,3% do total de 5.794 leitos. Den-tre êstes, predominam os hospitais esta-duais com 37,9% dos leitos. Os hospi-tais federais, incluindo os da PrevidênciaSocial e um Hospital Universitário, dis-põem de 22,5% do total de leitos.

Apreciando os serviços existentes nosvários hospitais (Tabela 2) notamos afalta de serviços importantes, em elevadaproporção. Apenas 29,4% dispõem deBanco de Sangue, 32,4% de Serviço deAnatomia Patológica, 41,2% de ECG, e

44% de sala de parto, etc. A análise daTabela, procurando correlacionar êstes da-dos com a natureza dos hospitais, mostraque as deficiências são mais acentuadas noshospitais particulares, estando mais bemequipados os de entidades beneficentes ouda rêde governamental.

O número total de leitos disponíveis,5.794, nos dá uma taxa de 5,9 leitos pormil habitantes. Contudo, conforme de-monstrado na Tabela 1, apenas 5.040 es-tavam sendo ocupados no dia do inqué-rito. A taxa de leitos efetivamente ocu-pados é de 5,2 por mil.

Na Tabela 1 é também apresentada ataxa de ocupação de acôrdo com a enti-dade mantenedora sendo mais alta noshospitais particulares (95%) e mais bai-xa nos da rêde federal (72%). Em mé-dia, a taxa de ocupação é de 87%.

A distribuição dos leitos entre as di-versas especialidades permite algumasconsiderações interessantes. Assim nota-mos na Tabela 3 que dos 195 leitos desti-nados ao atendimento de urgência, 61,5%são mantidos pelo Estado. Os hospitaisbeneficentes e o hospittal municipal, nãodispõem de leitos de urgência. O núme-

ro de leitos destinados à Pediatria e àMaternidade mostra-se insuficiente paraas necessidades da população. Na Tabe-la 4, fica evidente que dentre os leitosespecializados é muito pequeno o númerodestinado ao atendimento de crianças. Ataxa de leitos destinados a crianças de0-14 anos é de 1,4 por mil indivíduosnaquela faixa etária. O número de lei-tos obstétricos, em função da populaçãogeral, corresponde a uma taxa de 0,48por mil habitantes. Por outro lado, re-lacionando o número de leitos obstétricoscom o número estimado de 34.521 nasci-dos vivos por ano 7 encontramos uma taxade 13,5 por mil.

Ainda na Tabela 4, notamos ser eleva-do o número de leitos destinados à Psi-quiatria em relação às demais especiali-dades, embora seja reduzido o número deleitos de psiquiatria infantil.

A taxa de leitos destinados a Tuber-culose é de 0,7 por mil habitantes, sendode se assinalar que êstes leitos atendem atôda população do Estado, pois não háleitos para Tuberculose no interior.

3.2 — Características das pessoashospitalizadas

Foram consideradas as seguintes carac-terísticas do indivíduo hospitalizado: ida-de, sexo, côr, estado civil, procedência eocupação.

Idade

Foram hospitalizadas em Salvador, noperíodo de 24 horas abrangido pelo pre-sente estudo, 263 pessoas. Na Tabela 5,observa-se a distribuição percentual porgrupos etários dêsses pacientes. Verifi-ca-se que os percentuais de hospitalizaçãoaumentaram gradativamente em relaçãoà idade até o grupo etário de 25 a 34anos para, em seguida, declinarem, con-sideràvelmente, nos demais grupos etários.Cerca de 49,0% dos pacientes internadostinham idade compreendida entre 15 e34 anos, enquanto que 62,0% entre 15e 44 anos de idade.

As crianças com menos de um ano deidade e os indivíduos com 65 anos emais de idade contribuíram, respectiva-

mente, com 3,8% e 3,0% de todos osinternamentos. Do que observamos, aidade do indivíduo constituiu-se comouma importante variável na demanda ahospitalização em Salvador.

Sexo

Na Tabela 5, observa-se a distribuiçãopercentual dos 263 indivíduos hospitali-zados de acordo com a idade e o sexo.As pessoas de sexo feminino contribuiramcom 64,9% de tôdas as hospitalizaçõesocorridas em Salvador, no período de24 horas. Analisando esta Tabela, no-ta-se que as pessoas do sexo feminino,entre 15 e 44 anos de idade, contribui-ram com 74,8% do total das hospitali-zações observadas para esta faixa etária.Parte desta diferença em hospitalizaçãopoderá ser explicada, provavelmente, porum maior número de internamentos de-vido ao parto. Com respeito ao grupoetário com menos de um ano de idadetambém se observa uma diferença a fa-vor do sexo feminino que contribuiucom 80,0% das hospitalizações. Há umapredominância de hospitalizações de pes-soas do sexo masculino, quando conside-ramos os grupos etários de 1 a 4, 55 a64, e 65 e + anos, com percentuais res-pectivamente de 64,7%, 70% e 75%.Devemos destacar, todavia, que os núme-ros a partir dos quais derivamos estasproporções foram pequenos, o que difi-culta sobremodo uma análise do padrãode hospitalização dos grupos etários aci-ma mencionados.

Estado civil

De 173 pessoas, entre 15 a 44 anos,hospitalizadas em Salvador, 75,7% eramdo sexo feminino. O estado civil dêstegrupo estava assim representado: casadas42,7%, solteiras 29,3%, viúvas 0,5%,"outros" 2,8%. A elevada proporção dehospitalizações observadas entre pessoasdo sexo feminino, tanto nas casadas comonas solteiras, provàvelmente está relacio-nada aos problemas de parto. No grupoetário, entre 45 e 64 anos, houve uma

ligeira predominância de hospitalizaçõesentre indivíduos do sexo masculino, ouseja, 56,0%. Dos indivíduos hospitali-zados do sexo masculino, 36,0% eramcasados, 12,0% solteiros e 8% viúvos.Com relação ao grupo etário de 65 anose mais, os números encontrados são bempequenos o que dificulta, sobremodo, ainterpretação dos dados.

Côr e ocupação

Face às dificuldades em definir gruposraciais no Brasil e, sobretudo no Nordes-te, esta característica da pessoa não foitomada em consideração na análise dêsteinquérito. Quanto à ocupação, como senota na Tabela 6, 44,9% das pessoas in-ternadas desenvolviam atividades domés-ticas, enquanto que 56 pacientes, ou21,3%, desenvolviam atividades técnicasde nível médio e terciárias. Convém as-sinalar que 16,3% das pessoas internadaseram menores, e que 5,3% eram estu-dantes.

Procedência

Como se poderá observar na Tabela 7,dos 263 pacientes hospitalizados em Sal-vador, verificou-se que 79,8% residiamna Capital, enquanto que 17,1% provi-nham do interior do Estado. Esta taxa

pode ser interpretada como reflexo dacarência de leitos hospitalares, sobretudode leitos especializados, no interior doEstado. Finalmente, 0,8% das pessoashospitalizadas provinham do exterior, en-quanto em 2,3% dos casos a procedên-cia ficou ignorada.

3.3 — Morbidade hospitalar

Condições Clínicas

Na Tabela 8, consta a distribuiçãodas doenças por grupo de causas e porsexo, bem como a ordem de importância

de cada uma delas. Verifica-se nesta Ta-bela, excluindo-se os problemas médicosrelacionados com o parto (650-662) (1),que as doenças infecciosas e parasitárias(001-136) constituiram-se como a prin-cipal causa de internamento em nossoshospitais. Êste grupo de causas foi res-ponsável por 21,5% dos internamentosentre pessoas do sexo masculino e por5,9% entre pessoas do sexo feminino. Porordem de importância seguem-se as doen-ças do aparelho respiratório (460-519),as quais foram responsáveis por 14% e7,1% dos internamentos respectivamente,para os indivíduos do sexo masculino efeminino. As doenças do aparelho di-gestivo (520-577) ocupam o terceiro lu-

gar, com percentuais de 14% para osexo masculino e 3,5% para o sexo fe-minino.

O número de pessoas hospitalizadascom sintomas e enfermidades mal defi-nidas (780-789-793-794-796), contribuiucom 6,1% das hospitalizações. É im-portante assinalar que 3,5% de tôdas ashospitalizações foram devidas a aciden-tes. Êste percentual nos parece bastanteelevado, quando comparado com os per-centuais obtidos para outros grupos decausas estudadas no presente inquérito.

Como mencionamos acima, excluímosda análise os problemas relacionados como parto. Êste grupo de causas contribuiucom 33,1% de tôdas as hospitalizações.

(1) Codificação da Classificação Internacional5.

Condições Cirúrgicas

Das 263 pessoas hospitalizadas numperíodo de 24 horas nos hospitais de Sal-vador, 35,7% eram portadoras de condi-ções cirúrgicas.

Como se nota na Tabela 9, as condi-ções do trato gastrointestinal, sobretudohemorróidas e hérnias, as hipertrofias dasamígdalas e das adenóides, as condiçõesobstétricas, os problemas cirúrgicos doaparelho urinário e genital masculino,bem como os problemas relacionados aosórgãos genitais femininos ocuparam oprimeiro, o segundo, o terceiro, o quartoe o quinto lugar em ordem de importân-cia e contribuiram, respectivamente, com24,5%, 23,4%, 19,1%, 9,6% e 7,4%dos pacientes que seriam tratados cirùr-gicamente.

3.4 — Forma de pagamento

Na Tabela 10, observa-se a distribui-ção percentual das fontes pagadoras dashospitalizações obtidas pelos 263 pacien-tes internados. Como era de se esperar,a Previdência Social responsabilizou-setotalmente pelo pagamento em 43,0% doscasos e parcialmente em 8,7%. Nota-se que 26,6% das hospitalizações ocor-reram sob a forma de indigência, re-

presentadas em grande parte pelos inter-namentos nos hospitais da rêde da Se-cretaria Estadual da Saúde Pública, e noHospital Universitário. Vale assinalarque somente 2,7% das hospitalizações ti-veram seus custos pagos pelos própriospacientes.

4. D I S C U S S Ã O

Ao analisarmos os resultados obtidoscom êste estudo, é essencial discutir al-guns fatôres reconhecidamente importan-tes em determinar a hospitalização de umindivíduo.

Sabe-se, por exemplo, que certos pro-blemas médicos, fisiológicos ou patológi-cos, preferentemente tratados em hospi-tais, constituem uma característica de de-terminados grupos etários ou de um de-terminado sexo. É possível, portanto, quea idade e o sexo bem como outras carac-terísticas demográficas influenciem nahospitalização do indivíduo. Uma outravariável que também poderia ter estamesma influência, está associada aos pa-drões médicos existentes na comunidade,sobretudo o grau de conhecimento do mé-dico em definir quais as doenças quedevem ser diagnosticadas e tratadas emum hospital. Finalmente, é o conheci-mento da doença e a atitude do indiví-duo em relação a esta doença e à pro-fissão médica que decidem, em um de-terminado ponto no tempo, quando o in-divíduo utilizará os serviços existentes nacomunidade.

Tornou-se evidente, em face dos resul-tados apresentados, que das variáveis de-mográficas estudadas, a idade e o sexoconstituiram-se como as mais importan-tes em determinar a hospitalização dosindivíduos nos hospitais de Salvador.Com o presente inquérito não nos foipossível estabelecer parâmetros para de-finir a atitude do indivíduo em relaçãoà doença. Todavia, consideramos umanecessidade futura desenvolver estudosque objetivem definir certos fatôres quegovernam o reconhecimento da doença

pelo indivíduo, bem como as fôrças cul-turais que atuam sôbre o indivíduo nosentido de utilizar os serviços existentesna comunidade 3.

A morbidade hospitalar representa umdado importante para medir o grau deutilização dos serviços hospitalares, bemcomo permite derivar informações sôbreas doenças mais graves que requeremhospitalização e por cuja causa os indi-víduos são efetivamente hospitalizados6.

Infelizmente, não dispomos, em nossomeio, de estudos prévios sôbre a morbi-dade hospitalar. Por outro lado, os da-dos que ora apresentamos, provàvelmentenão representam no tempo, a morbidadehospitalar para Salvador. Todavia, êlesnos deram índices de alguns dos princi-pais problemas médicos e cirúrgicos exis-tentes na comunidade. É provável, àmedida que informações semelhantes fo-rem sendo acumuladas em relação a ou-tros períodos no tempo, que venhamosdefinir com mais segurança os problemasmédicos existentes, e com isto permitiràs autoridades sanitárias meios para ummelhor planejamento dos leitos hospitala-res em Salvador.

5. COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES

Consideramos que o método utilizadono presente inquérito, o de um censohospitalar instantâneo, oferece, com bai-xo custo, informações de valia sôbre aoferta e a demanda de leitos hospitala-res em uma comunidade. Dos dadosaqui apresentados fica patente que em-bora a cidade do Salvador apresente umataxa satisfatória de leitos hospitalares pormil habitantes, existem ainda deficiênciascujo conhecimento é da maior importân-cia para os planejadores e para os admi-nistradores de saúde.

Destacamos como mais significantes osseguintes pontos:

a) Os hospitais de Salvador atendema uma considerável parcela da população

do interior do Estado, o que se explicapela concentração na Capital, dos hospi-tais especializados. Existe pois, a neces-sidade de desenvolver nos hospitais re-gionais pelo menos algumas das especia-lidades onde há maior demanda.

b) Numerosos hospitais, sobretudo osda rêde particular, apresentam-se semserviços considerados essenciais a umatendimento satisfatório aos seus pacien-tes, por exemplo: Banco de Sangue, de-vendo as autoridades sanitárias tomarmedidas para sanar estas deficiências.

c) No planejamento da expansão darêde hospitalar em Salvador deve ser da-da prioridade aos leitos destinados às es-pecialidades mais carentes, como a obs-tetrícia e a pediatria.

d) Tendo em vista que apenas umapercentagem mínima de pacientes cus-teiam os serviços hospitalares de que ne-cessitam, e sendo o poder público, emseus vários níveis, o responsável pelocusteio dos internamentos, é de todo acon-selhável que haja um planejamento inte-grado de assistência hospitalar por partedos órgãos públicos responsáveis.

f) Considerando a facilidade de apli-cação do método utilizado neste trabalho,recomendamos sua aplicação para o diag-nóstico da assistência hospitalar e para aobtenção de dados de morbidade hospita-lar em outras comunidades.

PUGLIESI, C. et al. — [Survey on hospitalcare and hospitalar morbidity in thecounty of Salvador, Bahia — Brazil].Rev. Saúde públ., S. Paulo, 5:1-16, 1971.

SUMMARY — A hospitalar census wasmade in the City of Salvador to obtainthe necessary data about the availabilityand utilization of hospital beds, and hos-pitalar morbidity. A precoced questiona-ry for every single hospital in Salvadorwas filled out at a randon date. Thequestionaries were analysed and the fol-

lowing was discussed based on a comput-ed data: availability and utilization ofbeds; distribution of beds by specialities;auxiliary services and their adequacy;individual characteristics of patients;payment of hospital services; hospitalarmorbidity. The conclusion is that thiskind of study supplies useful data forhealth planning and its wide applicationwas recommended.

UNITERMS — Hospital care*; Morbidity(hospital) *; Survey (hospital) *.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL, 1969— Rio de Janeiro, IBGE, 1970.

2. ARAÚJO, J. D. de — A saúde pública naBahia. Salvador, Imprensa Oficial daBahia, 1969.

3. BADGLEY, R. F. et al. — Enfermedad yservicios de salud en Colombia. In:

BADGLEY, R. F. ed. — Ciencias socialesy planeacion de la salud. New York, Fun-dación Milbank Memorial, 1968. p. 153-174.

4. CLASSIFICAÇÃO Internacional de Doen-ças; revisão 1965. Washington, D. C., Or-ganização Panamericana da Saúde, 1969.v.1. (Publicações científicas, 190).

5. CLASSIFICAÇÃO Internacional de Doen-ças. Adaptação para índice de Diagnósti-co de Hospitais e Classificação de Opera-ções. Washington, D. C., OrganizaçãoPanamericana da Saúde, 1966. (Publica-ções científicas, 126).

6. Las CONDICIONES de salud en las Ame-ricas (1961-1964). Washington, D.C., Or-ganización Panamericana de la Salud, 1966.

7. ESTATÍSTICAS vitais, Estado da Bahia.Bol. inf. Anual, Bahia, 1969.

8. UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA.Escola de Enfermagem. Saúde e desenvol-vimento. Salvador, Bahia, 1969.

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