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INSTITUTO SUPERIOR DE CINCIAS DA SADE
EGAS MONIZ
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTRIA
CASO CLNICO- REABILITAO ORAL NUM PACIENTE
GERITRICO
Trabalho submetido por
Yuliya Solovyova
para a obteno do grau de Mestre em Medicina Dentria
Junho de 2016
INSTITUTO SUPERIOR DE CINCIAS DA SADE
EGAS MONIZ
MESTRADO INTEGRADO EM MEDICINA DENTRIA
CASO CLNICO- REABILITAO ORAL EM PACIENTE
GERITRICO
Trabalho submetido por
Yuliya Solovyova
para a obteno do grau de Mestre em Medicina Dentria
Trabalho orientado por
Prof. Doutora Eduarda Carvalho Marques da Silva
Junho de 2016
Agradecimentos
A concretizao deste mestrado integrado significa a finalizao de uma etapa da minha
vida e a realizao de um grande sonho e s foi possvel devido a um grande apoio das
pessoas a minha volta s quais eu gostava de agradecer.
Em primeiro lugar quero agradecer a minha orientadora Prof. Doutora Maria Eduarda
Silva e ao meu coorientador Prof. Doutor Vtor Tavares pelo seu envolvimento,
orientao, acessibilidade e tempo disponibilizado.
Ao Prof. Doutor Paulo Maurcio que sempre esteve disponvel para me auxiliar nas
questes da minha tese.
minha me pela confiana e fora que depositou em mim desde sempre e
principalmente durante esses 5 anos. Aos meus amigos que so os grandes pilares da
minha vida: Jorge Rocha, Maria Afonso e Marta Amorim que sempre estiveram ao meu
lado. Sinto uma enorme gratido por vos ter na minha vida, obrigada do fundo do meu
corao.
5
Resumo
O tratamento em pacientes geritricos mais desafiador e complexo que em
pacientes mais jovens devido a vrias alteraes orais associadas com a idade, como a
diminuio de saliva, aspetos relacionados com a falta de dentes, incapacidade motora,
reduo mastigatria entre outros.
Este caso clnico sobre um paciente geritrico tendo como objetivo final a sua
reabilitao oral. O tratamento abrange vrias reas da Medicina Dentria sendo estas
reas a Periodontologia, Dentisteria Restauradora, Cirurgia, Reabilitao Oral e claro a
Geriatria.
Todas as consultas foram descritas nesse trabalho bem como o registo
fotogrfico de cada etapa, desde a primeira que foi a Triagem at a consulta final.
Este trabalho divide-se em trs partes, comeando pela Introduo Terica,
prosseguindo com a Apresentao do Caso Clnico e finalizando com o Relatrio Final.
Palavras-chave: paciente geritrico, odontogeriatria, reabilitao oral, periodontologia
7
Abstract
Geriatric Patients Treatment is more challenging and complex than the same
treatment in younger patients due to oral modifications occurred with age like the
decrease in the amount of saliva, missing teeth, motor disability, masticatory reduction,
etc.
The main purpose of this case report is to discuss the oral rehabilitation of a
geriatric patient. This treatment covers Dentistry areas such as Periodontology,
Restorative Dentistry, Surgery, Oral Rehabilitation and Geriatrics.
All the consultations and photographic records of each stage were included in
this report, starting with the screening until the last consultation.
This thesis is divided in three parts: the theoretical introduction, the case report
presentation and the final report.
Keywords: Geriatric Patient, Geriatrics, Oral Rehabilitation, Periodontology
8
ndice Geral
I - Introduo .......................................................................................................................... 11
1. Envelhecimento - Alteraes fisiolgica e patolgicas ................................................ 111
2. Geriatria e Odontegeriatria ......................................................................................... 12
2.1. Polimedicao .......................................................................................................... 12
2.2. Xerostomia ............................................................................................................... 13
3. Doenas orais mais comuns num paciente Geritrico .................................................. 13
3.1. Cries ....................................................................................................................... 13
3.2. Doena periodontal .................................................................................................. 14
3.3. Leses orais .............................................................................................................. 15
3.4. Desgaste dentrio...................................................................................................... 16
II- Apresentao do caso clinico .............................................................................................. 17
1. 1 e 2 Consultas de Periodontologia Diagnstico e Status Radiogrfico ........................ 23
2. 1 Consulta de Cirurgia Exodontia do 36 e 37................................................................ 25
3. 3 Consulta de Periodontologia Consulta de Alisamento radicular do 1 e 2 quadrante
........................................................................................................................................... 27
4. 1 Consulta de Dentisteria Restauradora Plano de tratamento ..................................... 27
5. 1 Consulta de Reabilitao Oral Histria Clnica e Impresses Preliminares ................ 28
6. 4 Consulta de Periodontologia Consulta de Alisamento Radicular de 3 e 4 quadrante
........................................................................................................................................... 30
7. 2 Consulta de Reabilitao Oral Impresses Definitivas ............................................... 30
8. 3 Consulta de Reabilitao Oral Registo Intermaxilar ................................................... 31
9. 4 Consulta de Reabilitao Oral Prova de Dentes ........................................................ 33
10. 5 Consulta de Periodontologia - Reavaliao ................................................................ 35
11. 5 Consulta de Reabilitao Oral Entrega da Prtese .................................................. 37
12. Resultado final .............................................................................................................. 40
13. Consultas Agendadas..................................................................................................... 44
III - Relatrio do caso clinico .................................................................................................... 46
1. Triagem ....................................................................................................................... 46
2. Periodontologia ........................................................................................................... 46
3. Cirurgia ....................................................................................................................... 52
4. Dentisteria Operatria.................................................................................................. 53
5. Reabilitio oral .......................................................................................................... 54
6. Consideraes finais59
IV Referncias Bibliograficas ................................................................................................ 62
9
ndice de Figuras
Figura 1- Fotografia extra-oral frontal normal ......................................................................... 17
Figura 2 - Fotografia extra-oral frontal a sorrir ........................................................................ 18
Figura 3 - Fotografia extra-oral de perfil direito ....................................................................... 18
Figura 4 - Fotografia extra-oral de perfil esquerdo .................................................................. 19
Figura 5 - Ortopantomografia de dia 15/11/2015 .................................................................... 19
Figura 6 - Fotografia intra-oral vista frontal ............................................................................. 20
Figura 7 - Fotografia intra-oral vista frontal direita .................................................................. 20
Figura 8 - Fotografia intra-oral vista frontal esquerda .............................................................. 21
Figura 9 - Fotografia intra-oral vista oclusal superior ............................................................... 21
Figura 10 - Fotografia intra-oral vista oclusal inferior .............................................................. 22
Figura 11 - Ficha Dentria Internacional .................................................................................. 22
Figura 12 - Destartarizao...................................................................................................... 23
Figura 13 - Periodontograma inicial da arcada superior ........................................................... 24
Figura 14 - Periodontograma inicial da arcada inferior ............................................................ 24
Figura 15 - Status Radiogrfico ................................................................................................ 25
Figura 16 - Antes da exodontia do 36 e 37. .............................................................................. 26
Figura 17 - Dente 36 aps exodontia ....................................................................................... 26
Figura 18 - Dente 37 aps exodontia ....................................................................................... 27
Figura 19 - Restaurao a resina composta da Classe V do 41 .................................................. 28
Figura 20 - Impresses preliminares ........................................................................................ 29
Figura 21 - Impresses preliminares vazados a gesso tipo III.................................................... 29
Figura 22 - Alisamento Radicular do 3 Quadrante ................................................................... 30
Figura 23 Moldeiras individuais perfuradas .......................................................................... 31
Figura 24 - Bloco de mordida para o Registo Intermaxilar ..................................................... 31
Figura 25 - Registo Intermaxilar vista frontal ........................................................................... 32
Figura 26 - Registo Intermaxilar vista lateral direita ................................................................. 32
Figura 27 - Registo Intermaxilar vista lateral esquerda ............................................................ 33
Figura 28 - Prova de Dentes vista frontal (a direita) e oclusal (a esquerda) .............................. 33
Figura 29 - Prova de Dentes vista lateral direita....................................................................... 34
Figura 30 - Prova de Dentes vista lateral esquerda .................................................................. 34
Figura 31 - Periodontograma de Reavaliao das arcadas superior e inferior ........................... 36
Figura 32 - Prtese superior e inferior vista frontal.................................................................. 37
Figura 33 - Prtese superior vista lateral direita ...................................................................... 38
Figura 34 - Prtese superior vista lateral esquerda .................................................................. 38
Figura 35 - Prtese inferior vista lateral direita ........................................................................ 38
Figura 36 - Prtese inferior vista lateral esquerda ................................................................... 39
Figura 37 - Prtese superior colocada em boca vista oclusal .................................................... 39
Figura 38 - Prtese superior colocada em boca vista oclusal .................................................... 40
Figura 39 - Prteses superior e inferior em boca (vista frontal) ................................................ 40
Figura 40 - Prteses superior e inferior em boca (vista lateral direita) ..................................... 41
Figura 41 - Prteses superior e inferior em boca (vista lateral esquerda) ................................... 41
Figura 42 - Fotografia extra-oral frontal normal final ............................................................... 42
file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563220file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563226file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563229file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563231file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563232file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563235file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563236file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563237file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563238file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563239file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563240file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563241file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563242file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563243file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563244file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563245file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563246file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563247file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563248file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563249file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563250file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563251file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563252file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563253file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563254file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563255file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563256file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563257file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563258file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563259file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563260file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563261
10
Figura 43 - Fotografia extra-oral frontal a sorrir final ............................................................... 42
Figura 44 - Fotografia extra-oral de perfil esquerdo a sorrir final ............................................. 43
Figura 45 - Fotografia extra-oral de perfil direito a sorrir final ................................................. 44
Figura 46 - Fotopolimerizao da restaurao classe V do dente 32 ........................................ 54
ndice de Tabelas
Tabela 1 - Guidelines para a determinao da Severidade de Periodontite. ............................. 47
file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563262file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563263file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563264file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/tese-finalV3.docx%23_Toc454563265
11
Introduo
11
I - Introduo
Neste trabalho apresento um caso clinico multidisciplinar de um paciente
geritrico que apareceu na minha consulta e achei o caso bastante completo e
interessante. Vou comear por abordar vrias reas de medicina dentria que se
relacionam entre si e complementam o tratamento no mbito de geriatria.
A Organizao Mundial de Sade (1999) estabeleceu o incio da terceira idade
aos sessenta anos nos pases em desenvolvimento e 65 nos pases desenvolvidos. Apesar
do nosso paciente ter 61, sendo reformado e devido ao seu nvel socioeconmico neste
contexto pode ser inserido e caracterizado como paciente geritrico.
1. Envelhecimento - Alteraes fisiolgica e patolgicas
O corpo envelhece e sofre vrias transformaes reproduzindo assim as
condies de vida e de trabalho que as pessoas perpassaram durante toda a sua vida. A
cavidade oral no a exceo, mas sim o espelho que reflete, na velhice, as condies
em que as pessoas viveram, trabalharam e foram cuidadas. O processo de
envelhecimento de uma pessoa no um processo homogneo, mas sim uma interao
entre os fatores fsicos, psicolgicos, sociais, econmicos e culturais. Envelhecer por
um lado um processo individual e por outro marcado pelos padres socioculturais de
uma poca. (Dias, 2006)
A pele dos idosos torna-se enrugada devido a perda de elasticidade, h
diminuio do tnus muscular. A avulso dos elementos dentrios e a abraso dos
dentes remanescentes alteram a dimenso vertical podendo proporcionar a queilite
angular e a aproximao do pice nasal ao mento. A diminuio do volume salivar est
associada com a atrofia glandular que se estabelece com a idade, para alm de que a
toma de certos medicamentos pode afetar a funo de glndulas salivares
proporcionando o aparecimento de xerostomia. A ausncia de saliva ou a sua
diminuio pode provocar o aparecimento de cries de rampante, candidase, disfagia e
desconforto em mastigar e em usar a prtese. (Dias, 2006)
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
12
2. Geriatria e Odontegeriatria
Ahmed et al (2014) verificou o aumento de percentagem de idosos. Neste
momento mais de 60% de populao mundial constituda por idosos. Estima-se que
existem 841 milhes de pessoas idosas no mundo. Com as melhorias de cuidados de
sade aumentou-se a esperana mdia de vida, o que por sua vez aumentou o nmero de
doenas cronicas. Por isso muitas vezes estes pacientes geritricos so polimedicados.
Lamster et al (2008) afirma que cuidados de sade orais em pacientes geritricos
so mais complexos que em pessoas mais novas. Isso deve-se ao facto das alteraes
orais associadas com a idade, como a diminuio de saliva ou incapacidade de fornecer
cuidados adequados a si prprios, incapacidade motora, aspetos relacionados com falta
de dentes, doena periodontal, reduo de capacidade mastigatria entre outras. Pelo
que a promoo de sade oral nesses pacientes seja um desafio maior.
2.1. Polimedicao
O aumento da esperana mdia de vida levou ao aparecimento de diversas
patologias relacionadas com a idade e uma maior prevalncia das patologias crnicas.
Assim sendo surge o conceito de polimedicao. (Sousa e Pires, 2011)
Mdicos Dentistas devem informar-se constantemente sobre os medicamentos
recm-comercializados e os que so usados com frequncia nos pacientes geritricos
bem como as implicaes dentrias desses medicamentos. fundamental a formao
especializada em odontogeriatria e consultas literatura cientfica para a correta
prescrio e gesto de todos os medicamentos usados pelo paciente geritrico (Aubertin,
2010). Polimedicao uma grande preocupao no cuidado dos pacientes geritricos.
Existem vrios fatores que contribuem para este problema sendo que a identificao
destes mesmos fatores constituem o primeiro passo para a abordagem do problema. A
identificao dos indivduos em risco de medicao, bem como a implementao de
estratgias especficas para reduzir o problema vai possibilitar que a Indstria
Farmacutica desenvolva medicamentos seguros e baseados em evidncia cientfica,
minimizando assim o risco de reaes adversas. O sucesso de tratamento em pacientes
geritricos no necessariamente encontrar um determinado nmero de medicamentos e
tentar ficar abaixo dele, mas sim encontrar o medicamento certo, na dosagem certa e
Introduo
13
durante o perodo mais curto possvel, observando sempre cada caso. O tratamento
atravs desta abordagem individualizada ira proporcionar uma maior segurana e
eficcia na prtica dentria, melhorando significativamente a qualidade de vida destes
pacientes conforme afirmam os autores Planton e Edlund (2010).
2.2. Xerostomia
A Xerostomia ou a sensao de boca seca frequentemente descrita como
sintoma na populao idosa no entanto no uma consequncia direta do processo de
envelhecimento. (National Institute of Dental and Craniofacial Research, 2014)
No caso da polifarmcia os medicamentos que mais causam a xerostomia
pertencem ao grupo farmacolgico dos antidepressivos, ansiolticos, sedativos,
hipnticos, anti psicticos, neurolpticos, anti parkinsonianos, anti-hipertensivos,
diurticos e antiemticos. (Brunetti-Montenegro, 2013)
3. Doenas orais mais comuns num paciente Geritrico
Num paciente geritrico a sade geral est mais comprometida e associada a
hbitos pouco saudveis tais como o tabagismo, consumo de bebidas alcolicas,
consumo de acar e higiene oral inadequada e a diversos fatores ambientais como
baixo nvel educacional, incapacidade financeira e acesso inadequado aos cuidados de
sade predispem ao aumento da prevalncia das doenas orais em idade avanada.
(Brunetti-Montenegro, 2013) A perda dentria pode ser o resultado de crie, de doena
periodontal, trauma, extraes para tratamentos ortodnticos ou protsicos. (Lamster,
2008).
3.1. Cries
Lamster et al. 2008 afirma que a crie dentria uma doena infeciosa que
requer a presena de bactrias (Streptococcus mutans, Lactobacillus) o substrato e a
suscetibilidade do hospedeiro. Os produtos resultantes de metabolismo bacteriano
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
14
podem provocar desmineralizao do esmalte e da dentina e se o processo de
desmineralizao for superior ao processo de remineralizao resulta a crie dentria.
Idosos com mais de 65 anos continuam a ter dentes com cavitaes tanto nas
coroas como nas razes por tratar. A crie dentria continua a ser a causa maioritria de
perda de dentes nos idosos. No entanto a prevalncia desta doena infeciosa diminuiu
em pases industrializados, mas no em idosos economicamente desfavorecidos. (Tirth e
Kumar, 2012)
Segundo Thomson (2013) as pessoas idosas com a crie ativa aumentam em
mdia uma superfcie cariada por ano, no havendo diferena significativa nesse
aumento entre a crie da coroa e a crie da raiz.
Snchez-Garca (2010) no estudo realizado para identificar os fatores
associados com o desenvolvimento da crie radicular na populao idosa num perodo
de 12 meses concluram que existe um aumento de prevalncia da doena periodontal e
isso implica um aumento da exposio da superfcie radicular a nveis elevados de
micro-organismos associados crie radicular (Streptococcus Mutans e Lactobacilos).
Os indivduos que tm limitaes nas tarefas bsicas dirias, os que fumam e os que no
fazem bochechos com colutrios desinfetantes tiveram uma maior ocorrncia de crie
radicular. Verificou-se uma associao positiva entre a experiencia da crie no passado
com a atividade cariognica na idade avanada. A concluso desse estudo realizado na
populao idosa Mexicana foi que quanto maior numero de superfcies expostas maior a
probabilidade de desenvolver crie radicular.
3.2. Doena periodontal
Segundo o Christoph e Ramseier (2009) a doena periodontal a causa principal
de perda de dentes em adultos. Esta doena iniciada pelas bactrias residentes no
biofilm gengival provocando uma resposta do hospedeiro, ocorrendo assim a
inflamao dos tecidos moles e perda de osso de suporte.
O Biofilm bacteriano constitudo por vrias espcies no entanto apenas um
nmero limitado de agentes patognicos foi associado a etiologia da periodontite,
podendo estas bactrias atuar isoladamente ou em combinao. Tais espcies incluem:
Actinobacillus actinomycetemcomitans, Bacteroides forsythus, Campilobacter rectus,
Eubacterium nodatum, Fusobacterium nucleatum, Peptostreptococcus micros,
Introduo
15
Porphyromonas gingivalis, Provotella intermedia, Prevotella nigrescens, Streptococcus
intermedius e Treponema sp. (Dias, 2006)
A Gengivite e a Doena Periodontal esto associadas a uma pobre higiene oral
embora algumas doenas sistmicas, comuns na populao idosa, como a Diabetes
podem aumentar o risco de desenvolver a Doena Periodontal. Na deficiente eliminao
da placa bacteriana desenvolve-se a gengivite, tendo esta como sinais clnicos a
inflamao e o sangramento, provoca tambm desconforto e mau hlito. A correta
tcnica de escovagem, a limpeza interdentria com ajuda do fio dentrio e escovilhes
pode inverter a gengivite, promovendo assim as gengivas saudveis. Quando esta no
tratada pode progredir para a periodontite onde ocorre a destruio dos tecidos de
suporte. Ocorre a receo gengival com exposio da raiz dentria, mobilidade e numa
fase mais avanada pode ocorrer a perda das peas dentrias afetadas. A gengivite e
periodontite no so consequncias inevitveis do envelhecimento e podem ser
prevenidas atravs de boa higiene oral. (Daly e Smith, 2015)
3.3. Leses orais
Na idade avanada a mucosa torna-se mais frivel, as prteses mal adaptadas e
os dentes partidos podem facilmente provocar lceras. O paciente pode no se queixar
da lcera, no entanto o dentista pode suspeitar o seu aparecimento pelo facto do doente
se recusar a comer, de tirar as prteses para comer ou mastigar apenas de um lado. A
candidase tambm comum nos pacientes idosos que usam uma ou duas prteses
dentrias associada a inadequada higiene oral. Apresenta-se como pequenas manchas
brancas na mucosa junta das prteses e na lngua. (Daly e Smith, 2015)
Cancro oral o sexto cancro mais comum, com uma taxa anual de incidncia
300 mil casos dos quais 62 por cento surge nos pases em desenvolvimento. Cancro oral
pode aparecer na lngua, na mucosa jugal, no lbio e na faringe. A maior preocupao
abrange os idosos com 65 anos ou mais, uma vez que estes tm 7 vezes maior
probabilidade de apresentar cancro oral do que os idosos at 65 anos de idade. H uma
significativa diferena na incidncia do cancro oral em diferentes regies do mundo. As
taxas de cancro oral podem variar de 20% na ndia, a 10% no Reino Unido e menos de
2% no Mdio Oriente. Em comparao com a populao do Reino Unido onde o cancro
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
16
oral manifesta a forma maligna em 3%, na ndia esse valor sobe para os 30% de todos
os cancros. (Tirth e Kumar, 2012)
3.4. Desgaste dentrio
comum na populao idosa como um efeito cumulativo de vrios fatores
relacionados com a idade, tais como a perda de vrias peas dentrias a qual leva a um
aumento da carga funcional sobre os dentes remanescentes, hbitos de morder objetos,
refluxo gstrico, incorreto hbito de escovagem e dieta rica em componentes cidos.
Num estudo realizado pelo National Survey of Adult Oral Health na Austrlia o
desgaste dentrio foi comum nos pacientes idosos: 44,1% nas idades compreendias
entre 55 e 74 anos, e 50,5% para os que possuam 75 anos ou mais. Os valores para o
desgaste severo deram 7,8% e 12% respetivamente. Na pesquisa dada a cabo por Adult
Dental Health Survey de 2009, no Reino Unido foi observado o desgaste dentrio nas
trs superfcies nos seis dentes anteriores (vestibular, palatina e inscisal) e o resultado
obtido dos seis dentes anteriores inferiores foi: algum desgaste, desgaste moderado e
desgaste severo com exposio de dentina secundria ou polpa, respetivamente.
Noventa e dois por cento dos dentados com idades compreendidas entre 65 e 74 tinham
algum desgaste, 44% tinham desgaste moderado e 6% apresentavam desgaste severo.
(Brunetti-Montenegro, 2013)
Apresentao do caso clnico
17
II- Apresentao do caso clinico
O nosso paciente C.R de 61 anos de idade, do sexo masculino reformado e
com um bom estado geral de sade, porm 5 anos atrs foi-lhe efetuada uma
lobectomia, e desde a tem feito visitas peridicas ao IPO. O motivo da primeira
consulta foi para ver o estado dos meus dentes (sic). No toma nenhum medicamento
de momento, um paciente motivado e assduo s consultas. Escova os dentes duas
vezes por dia. Tem uma configurao craniofacial dolicofacial, sem assimetrias faciais e
com a dimenso vertical diminuda e nunca usou qualquer tipo de prtese dentria. Na
primeira consulta de triagem foi elaborada a histria clinica e o plano de tratamento,
ortopantomografia (figura 5) e as fotografias extra-orais (figuras 1, 2, 3 e 4) e
fotografias intra-orais (figuras 6, 7, 8, 9 e 10). Foi feita a palpao da articulao
temporomandibular e a palpao dos msculos no referindo o paciente qualquer tipo de
sintomatologia dolorosa.
Figura 1- Fotografia extra-oral frontal normal
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
18
Figura 2 - Fotografia extra-oral frontal a sorrir
Figura 3 - Fotografia extra-oral de perfil direito
Apresentao do caso clnico
19
Figura 4 - Fotografia extra-oral de perfil esquerdo
Figura 5 - Ortopantomografia de dia 15/11/2015
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
20
Figura 6 - Fotografia intra-oral vista frontal
Figura 7 - Fotografia intra-oral vista frontal direita
Apresentao do caso clnico
21
Figura 8 - Fotografia intra-oral vista frontal esquerda
Figura 9 - Fotografia intra-oral vista oclusal superior
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
22
Figura 11 - Ficha Dentria Internacional
Como se pode ver na FDI (figura 11) o paciente desdentado parcial superior e
inferior. Apresenta hemorragia gengival, mobilidade dentria de Grau I e II. Sem
alteraes de tecidos moles e as seguintes alteraes das estruturas dentrias: abraso,
eroso e leses de abfrao. Verificou-se a existncia de algumas leses de cries e
mltiplas leses de abfrao (classe V) e portador de doena periodontal. O plano de
tratamento proposto foi: consulta em Medicina Dentria Preventiva, em cirurgia onde
efetuou-se exodontia do 36 e 37, em periodontologia, em dentisterias, em reabilitao
oral e em implantologia. Na consulta de triagem para alm do plano de tratamento
optou-se por fazer logo a destartarizao (figura12).
Figura 10 - Fotografia intra-oral vista oclusal inferior
Apresentao do caso clnico
23
1. 1 e 2 Consultas de Periodontologia Diagnstico e Status Radiogrfico
Nesta consulta efetuou-se o diagnstico periodontal, sondagem com sonda
periodontal, clculo de ndice de placa que deu igual a 30% e ndice hemorragia
gengival igual a 15% e posterior elaborao do periodontograma (figura 13 e 14). Foi
instrudo ao paciente a correta tcnica de escovagem, uso de fio dentrio e de
escovilho.
Figura 12 - Destartarizao
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
24
Figura 14 - Periodontograma inicial da arcada inferior
Figura 13 - Periodontograma inicial da arcada superior
Apresentao do caso clnico
25
Na consulta de status radiogrfico o paciente apresentava IP de 15,78% e IG de
5,26%, valores significativamente menores em relao a primeira consulta. Foram
realizadas nove radiografias periapicais como podemos ver na figura 15.
Figura 15 - Status Radiogrfico
Diagnstico dado foi Periodontite Crnica Severa Generalizada. Remarcou-se o
paciente para a prxima consulta de periodontologia para avanar com os alisamentos
radiculares.
2. 1 Consulta de Cirurgia Exodontia do 36 e 37
O paciente compareceu na consulta no dia seguinte consulta de periodontologia,
para efetuar exodontia dos dentes 36 e 37.
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
26
Exodontia do 36 e 37 (figuras 17 e 18) com administrao de 1 anestubo
(1,8mL) de lidocana a 2% com vasoconstrictor (epinefrina 1:80.000), e sutura com fio
de seda 3/0 com ponto cruzado no alvolo do 36 e 37. Ficou combinado com o paciente
para vir passado uma semana para remover os pontos e ver a cicatrizao.
Figura 16 - Antes da exodontia do 36 e 37.
Figura 17 - Dente 36 aps exodontia
Apresentao do caso clnico
27
3. 3 Consulta de Periodontologia Consulta de Alisamento radicular do 1 e 2
quadrante
O paciente compareceu na consulta de alisamento radicular e apresentava ndice
de Placa de 13,8% e ndice Gengival de 0,5%. De seguida foram realizados alisamentos
radiculares do 1 e 2 quadrantes.
4. 1 Consulta de Dentisteria Restauradora Plano de tratamento
Nesta consulta foi elaborado o plano de tratamento em Dentisteria Restauradora
de acordo com as prioridades dos dentes a tratar e com a ajuda de Bitewings. Foram
propostas 13 restauraes que incluem classe II, III e V, sendo estas ltimas, leses de
abrao, presentes em maioria (figura 19).
Foram marcadas vrias consultas de Dentisteria Restauradora intercaladas com
as consultas de outras especialidades.
A cor escolhida foi A4, a resina usada foi Filtek z250 e o sistema adesivo
Scotchbond Universal.
Figura 18 - Dente 37 aps exodontia
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
28
5. 1 Consulta de Reabilitao Oral Histria Clnica e Impresses Preliminares
Na primeira consulta preencheu-se a histria clnica de reabilitao oral e fez-se
impresses preliminares das arcadas superior e inferior em alginato com moldeiras
universais (figura 20). De seguida efetuou-se vazamento a gesso tipo III (figura 21) para
confeo de modelos de estudo e moldeiras individuais. O paciente apresentava classe II
superior (modificao 1) e classe I inferior (sem modificao) de Kennedy. Em relao a
classificao de Angle apresentava classe I direita e esquerda. Na avaliao das partes
duras o maxilar superior apresentava a reabsoro do rebordo no sentido mesio-distal
plano, no sentido cervico-oclusal mdio, com forma arredondada, regular e tamanho da
arcada grande e forma arredondada, sem presena de tors. Na avaliao de partes moles
o maxilar superior apresentava-se firme com freios de tamanho e insero normais e sem
alteraes da mucosa. Na avaliao de partes duras e moles da mandibula estas tinham
caractersticas semelhantes com a exceo da forma do rebordo em que este triangular e
na avaliao de partes moles a mucosa resiliente. Na avaliao de parmetros oclusais
observou-se a extruso do dente 26, facetas de desgaste no 5 sextante, sem disfuno
TemporoMandibular, guias incisiva e canina presentes.
Na fase pr-prottica ficou definido fazer dentisterias restauradoras aos dentes
propostos na consulta de plano de tratamento a dentisteria. Na fase prottica optou-se por
fazer prtese parcial acrlica superior de cinco elementos com gancho no dente 26 e
Figura 19 - Restaurao a resina composta da Classe V do 41
Apresentao do caso clnico
29
Figura 21 - Impresses preliminares vazados a gesso tipo III
prtese parcial acrlica inferior de cinco elementos com ganchos nos dentes 34 e 44. A
sequncia das consultas: 1 Historia Clinica e impresses preliminares, 2impresses
definitivas, 3registo de mordida, 4 prova de dentes e 5 entrega das prteses.
Figura 20 - Impresses preliminares
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
30
6. 4 Consulta de Periodontologia Consulta de Alisamento Radicular de 3 e 4
quadrante
O paciente compareceu na consulta de alisamento radicular e apresentava ndice
de Placa de 15% e ndice Gengival de 0%. De seguida foram realizados alisamentos
radiculares do 3 e 4 quadrante como podemos observar na figura 22.
7. 2 Consulta de Reabilitao Oral Impresses Definitivas
O paciente compareceu nesta consulta para efetuar as impresses definitivas
superior e inferior com alginato, desta vez com moldeiras individuais perfuradas (figura
23). Os modelos foram vazados com gesso tipo III e confeccionados os modelos de
trabalho, foi pedido ao laboratrio a elaborao dos blocos de mordida em cera para
posterior registo de mordida.
Figura 22 - Alisamento Radicular do 3 Quadrante
Apresentao do caso clnico
31
8. 3 Consulta de Reabilitao Oral Registo Intermaxilar
Aps uma semana da ltima consulta de reabilitao oral, foi efetuado o registo
intermaxilar com blocos de mordida em cera elaborados no laboratrio interno da
faculdade (figuras 24, 25, 26 e 27). A cor escolhida foi A4 com o consentimento do
paciente, e pediu-se ao laboratrio a prova de dentes para a prxima consulta.
Figura 23 Moldeiras individuais perfuradas
Figura 24 - Bloco de mordida para o Registo Intermaxilar
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
32
Figura 25 - Registo Intermaxilar vista frontal
Figura 26 - Registo Intermaxilar vista lateral direita
Apresentao do caso clnico
33
9. 4 Consulta de Reabilitao Oral Prova de Dentes
Na consulta anterior de reabilitao oral pediu-se ao laboratrio a prova de
dentes sendo a cor escolhida A4 (figuras 28, 29 e 30)
Figura 27 - Registo Intermaxilar vista lateral esquerda
Figura 28 - Prova de Dentes vista frontal (a direita) e oclusal (a esquerda)
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
34
Figura 29 - Prova de Dentes vista lateral direita
Figura 30 - Prova de Dentes vista lateral esquerda
Apresentao do caso clnico
35
Nesta consulta verificar a cor, a forma e o posicionamento dos dentes artificiais
sendo o ponto de referncia os dentes remanescentes. Teve-se em conta a relao
intermaxilar determinada anteriormente. Verificou-se a inexistncia de interferncias
dos dentes artificiais com os remanescentes. Pediu-se ao laboratrio a acrilizao das
prteses.
10. 5 Consulta de Periodontologia - Reavaliao
Passadas 8 semanas aps ltima consulta de periodontologia o paciente
compareceu na consulta e foi observada a resposta dos tecidos ao alisamento radicular.
Como em todas as consultas de periodontologia foi mais uma vez calculado ndice de
Placa (16%) e ndice Gengival (7%). de salientar que tanto o ndice de Placa bem
como o ndice Gengival melhorou bastante desde a primeira consulta de
Periodontologia, passando os valores para metade. Foi realizada a sondagem de todos os
dentes e os resultados encontram-se na figura 31.
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
36
Figura 31 - Periodontograma de Reavaliao das arcadas superior e inferior
Apresentao do caso clnico
37
Verificou-se que alguns dentes superiores e inferiores continuam a apresentar
um certo grau de mobilidade, no entanto os dentes que apresentavam grau II na consulta
inicial passaram a apresentar grau I. Praticamente todas as bolsas diminuram a
profundidade de sondagem, assim sendo o paciente foi remarcado daqui a 8 semanas
para a consulta de Suporte Periodontal.
11. 5 Consulta de Reabilitao Oral Entrega da Prtese
Para esta consulta o laboratrio enviou-nos as prteses acrilizadas (figuras 32,
33, 34, 35 e 36), foram feitos os ajustes necessrios, verificao da ocluso em boca e a
sua colocao. Foram tiradas fotografias intra-orais com as prteses em boca como
podemos ver nas figuras 37 e 38.
Figura 32 - Prtese superior e inferior vista frontal
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
38
Figura 33 - Prtese superior vista lateral direita
Figura 34 - Prtese superior vista lateral esquerda
Figura 35 - Prtese inferior vista lateral direita
Apresentao do caso clnico
39
Figura 36 - Prtese inferior vista lateral esquerda
Figura 37 - Prtese superior colocada em boca vista oclusal
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
40
12. Resultado final
Para vermos a evoluo dos tratamentos e comparar o resultado final aps todas
as consultas realizadas com o inicial, foram tiradas fotografias finais intra-orais (figuras
39,40 e 41) e extra-orais (figuras 42,43,44 e 45).
O paciente ficou muito satisfeito com o resultado final obtido, tanto a nvel de
esttica como a nvel da funo mastigatria.
Figura 38 - Prtese superior colocada em boca vista oclusal
Figura 39 - Prteses superior e inferior em boca (vista frontal)
Apresentao do caso clnico
41
Figura 40 - Prteses superior e inferior em boca (vista lateral direita)
Figura 41 - Prteses superior e inferior em boca (vista lateral esquerda)
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
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Figura 42 - Fotografia extra-oral frontal normal final
Figura 43 - Fotografia extra-oral frontal a sorrir final
Apresentao do caso clnico
43
Figura 44 - Fotografia extra-oral de perfil esquerdo a sorrir final
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
44
13. Consultas Agendadas
Ficou agendada a consulta de periodontologia para fazer Terapia Periodontal de
Suporte passado 8 semanas aps a reavaliao. Aps uma semana a consulta da entrega
da prtese o paciente ficou de vir para efetuar uma consulta de controlo e avaliar se h a
necessidade de fazer algum ajuste a prtese.
Figura 45 - Fotografia extra-oral de perfil direito a sorrir final
Apresentao do caso clnico
45
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
46
III - Relatrio do caso clinico
1. Triagem
Na primeira consulta foi feita uma triagem em que se executou minuciosamente
o exame extra-oral e intra-oral com auxilio de exames complementares de diagnstico
(ortopantomografia), histria clinica e fez-se o diagnostico do paciente. O paciente
apresentava a dimenso vertical diminuda devido as regies edntulas posteriores,
leses de abfraao, eroso e abraso nas estruturas dentarias, mltiplas leses de cries,
dois dentes com mobilidade indicados para a extrao e doena periodontal.
2. Periodontologia
A gengivite e a periodontite so condies inflamatrias cronicas que afetam
cerca de 80% da populao adulta sendo considerada uma das doenas com maior
prevalncia no mundo (Kim e Kim, 2013), doena periodontal quando no tratada
passa para uma situao inflamatria crnica da a necessidade de ser diagnostica e
tratada o mais rpido possvel.
Segundo o autor Highfield et al. (2009) a doena periodontal tem sido
reconhecida e tratada durante pelo menos cinco mil anos. Assim que o paciente foi
diagnosticado na consulta de Triagem com a doena periodontal foi logo
reencaminhado para o departamento de Periodontologia, para realizar o diagnstico
preciso dessa doena e comear o respetivo tratamento com base na evidncia cientfica.
A Periodontite uma doena inflamatria e infeciosa que afeta o tecido
conjuntivo, o epitlio sulcular e o tecido de suporte que envolve os dentes, o ligamento
periodontal e o osso alveolar e que dependendo do grau de comprometimento pode
levar a perda total dos tecidos de suporte dos dentes. A sua etiologia principalmente
infeciosa e a persistncia do biofilme formado sobre a superfcie dentria sobregengival
e subgengival, induz assim uma resposta imunitria do hospedeiro para controlar os
micro-organismos. No incio os sinais clnicos da inflamao no so visveis ao olho
nu, mas medida que o processo inflamatrio progride ocorre a degradao dos tecidos
de suporte, resultando na formao de bolsa periodontal que so caractersticas da
periodontite. A periodontite tambm caracterizada pelo aprofundamento do sulco
Relatrio do caso clnico
47
gengival sendo na prtica clinica considerado a partir de 4 mm e deve apresentar
hemorragia a sondagem, perda de insero e perda ssea radiogrfica. O tratamento
concentra-se principalmente em controlar a infeo e reduo da inflamao. (Botero e
Bedoya, 2010; Moreno e Contreras, 2013)
Segundo a American Academy of Periodontology a periodontite pode ser
classificada com base na perda de insero clinica como ligeira, moderada e severa
como podemos ver resumido na Tabela 1 retirada do Journal of Periodontology, 2015
Ligeira Moderada Severa
Profundidade de
sondagem
>3 e 30% ou >5 mm
Perda de insero 1 a 2 mm 3 a 4 mm 5 mm
Tabela 1 - Guidelines para a determinao da Severidade de Periodontite
Os sistemas de classificao de doena periodontal surgiram para permitir que os
Mdicos Dentistas consigam identificar a doena em relao sua etiologia, patognese
e o respetivo tratamento, sendo isso apenas possvel com uma sistemtica classificao
corretamente aplicada. Estes sistemas de classificao permitem tambm que os clnicos
e os investigadores de todo o mundo consigam comunicar com uma linguagem
universal. O sistema de classificao mais aceite o da American Academy of
Periodontology. Aps o seu diagnstico e identificao da etiologia possvel definir
um plano de tratamento adequado para cada doente. O diagnstico clnico da doena
periodontal feito pelo reconhecimento de vrios sinais e sintomas dos tecidos
periodontais e exige um bom conhecimento por parte do mdico dentista da sade
periodontal. Como tal numa situao de sade periodontal esta caracterizada pela
gengiva rosa plida, podendo ter o efeito de casca da laranja stippling, firme e com
margem gengival bem definida, presena de sulco gengival entre 1 a 3 mm de
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
48
profundidade e ausncia de hemorragia. (Highfield, 2009)
American Academy of Periodontology classificou a Periodontite Cronica como
sendo prevalente nos adultos, podendo ocorrer tambm em crianas e adolescentes, com
grau de destruio consistente com os fatores locais, associada a diversos padres
bacterianos, com uma taxa de progresso de doena lenta a moderada podendo registar
perodos de progresso rpida, com clculo subgengival frequentemente presente,
podendo ser classificada com base de extenso e severidade, associada com fatores
predisponentes (fatores iatrognicos), podendo ser modificada por ou associada a
doenas sistmicas (HIV, Diabetes, infees) e podendo ser modificada por fatores
como stress ou tabaco. (Journal of Periodontology, 2015)
Segundo o Highfield et al. (2009) a periodontite cronica resulta da inflamao
das estruturas de suporte dos dentes, progressiva perda de osso alveolar e ligamento
periodontal. caracterizada com a formao de bolsa e/ou receo gengival. Esta
reconhecida como a forma mais frequente da periodontite. Ainda de acordo com este
autor a Periodontite Crnica pode ser localizada ou generalizada, dependendo do
nmero de locais afetados. Assim, classifica-se como Periodontite localizada quando
verifica-se menos de 30 por cento de locais afetados e generalizada quando so mais de
30 por cento de locais afetados.
As caractersticas da Periodontite Agressiva so a rpida perda de aderncia,
destruio ssea e tendncia familiar. As caractersticas secundrias que esto
geralmente presentes mas no universais so a quantidade de depsitos bacterianos que
so inconsistentes com a gravidade da destruio dos tecidos periodontais, elevadas
quantidades de Aggregatibacter actinomycetemcomitans e Porphyromonas gingivalis,
alteraes funcionais dos neutrfilos e resposta deficiente dos anticorpos aos agentes
agressores. (Journal of Periodontology, 2015)
A periodontite Agressiva ainda pode ser localizada ou generalizada. Tendo como
a designao localizada quando afeta primeiros molares e incisivos, e generalizada
quando afeta primeiros molares, incisivos e pelo menos mais trs dentes permanentes
afirma Highfield et al. (2009).
A hemorragia sondagem pode ser considerada um preditor da Doena
Periodontal e juntamente com os sinais da inflamao clnica como indicador de
inflamao periodontal. Em relao a mobilidade dentria, como os dentes no esto em
contacto direto com o osso alveolar estes tm mobilidade fisiolgica devido a presena
do ligamento periodontal. A mobilidade dentria patolgica pode ser o resultado da
Relatrio do caso clnico
49
doena periodontal, porm existem outras causas como o trauma oclusal e os
movimentos ortodnticos que devem ser tidos em conta uma vez que provocam o
aumento da mobilidade dentria. Ao contrrio das duas causas anteriormente referidas a
mobilidade causada pela periodontite aumenta com o tempo e no reversvel para uma
mobilidade fisiolgica. A mobilidade dentria mede-se com 2 cabos de instrumentos
metlicos e aplicando uma presso no sentido vestbulo-lingual sendo que Grau 0:
mobilidade fisiolgica 0,1-0,2 mm horizontalmente; Grau 1: 1mm horizontalmente;
Grau 2: > 1 mm horizontalmente; Grau 3: movimento horizontal e vertical. (Botero e
Bedoya, 2010)
O nvel de insero mede-se com recurso de uma sonda graduada desde a juno
amelo-cementria at ao fundo do sulco gengival ou bolsa, conseguindo assim avaliar a
perda de insero.(Lindhe, 2005)
As radiografias peri-apicais permitem ver a altura do osso alveolar, perda de
continuidade (radiopacidade), defeitos sseos, aumento do espao do ligamento
periodontal, o contorno da crista ssea, possibilitando assim ao clinico avaliar a
extenso da perda ssea. Do-nos tambm a informao da altura e da configurao do
osso alveolar inter-proximal. Na cavidade oral os dentes e os tecidos sseos muitas
vezes dificultam a visualizao do contorno da crista ssea. Sendo as radiografias peri-
apicais uma ferramenta secundria no diagnstico da periodontite, foi realizado ao
paciente o status radiogrfico para confirmar o diagnstico. (Lindhe, 2005; Botero e
Bedoya, 2010)
O paciente foi diagnosticado com a Periodontite Crnica Severa Generalizada. O
tratamento dessa doena passa pela eliminao da placa subgengival e sobregengival. O
resultado vai depender muito da habilidade do clinico na execuo dos alisamentos
radiculares e na capacidade da motivao do paciente para a higiene oral diria. A
suscetibilidade do paciente pode influenciar o resultado do tratamento bem como os
fatores de risco locais e sistmicos que podem influenciar a microbiologia que por sua
vez tambm pode desafiar a resposta do hospedeiro a estes microrganismos. (Lindhe,
2005)
Assim que foi feito o diagnstico ao paciente, o tratamento vai processar-se em
3 fases, sendo a primeira fase designada pela terapia inicial (associada causa) em que
vai ocorrer o controlo e a eliminao da placa bacteriana e trtaro atravs de alisamentos
radiculares efetuados com as curetas. Foi administrada anestesia ao paciente para este
procedimento tal como recomendado na bibliografia do autor a baixo referenciado.
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
50
Nesta fase tambm so eliminados os fatores retentivos da placa bacteriana, como as
restauraes debordantes, coroas mal adaptadas e remoo de leses de cries ativas.
Para controlar eficazmente a placa bacteriana nesta consulta o clinico tem que motivar o
paciente para a higiene oral e exemplificar a correta tcnica de escovagem, uso de fio
dentrio e de escovilhes caso seja necessrio. A fase seguinte que toma o nome de fase
corretiva vai depender muito do resultado obtido da primeira fase, esta engloba a
reabilitao oral, endodontia, exodontia e implantologia. Caso esta fase falhe pode haver
a necessidade de se fazer a cirurgia periodontal. E por ultimo a terceira fase que se
designa terapia periodontal de manuteno que tem como objetivo a preveno da
recorrncia da doena e uma apertada vigilncia no controlo da placa e manuteno de
sade oral. (Lindhe, 2005)
Ainda de acordo com este autor foram efetuados vrios estudos acerca do
resultado da primeira fase de tratamento em pacientes que adotaram adequada higiene
oral e os resultados foram coesos em que houve uma resposta positiva aps tratamento
no cirrgico passados cerca de 3-6 meses, com diminuio significativa da hemorragia
sondagem, aumento de tecido de suporte e diminuio de profundidade de sondagem.
Passado 8 semanas aps a realizao de alisamentos radiculares o paciente veio
consulta para fazer a reavaliao. Foi medido com ajuda de sonda periodontal a
profundidade de sondagem, as mobilidades dos dentes, calculou-se o ndice de Placa e
ndice Gengival registando-se tudo no periodontograma.
O intervalo de tempo entre as consultas de tratamento periodontal de suporte
devem ser adequadas para cada paciente de acordo com as suas necessidades, pelo que o
intervalo de 6 meses possa no ser suficiente em determinados casos. Nestas consultas o
clinico deve executar um minucioso exame a cavidade oral dando especial ateno aos
sinais da inflamao gengival, verificar se o intervalo das consultas adequado atravs
de monitorizao do nvel clinico de insero, avaliar a higiene oral e remoo completa
de placa subgengival e sobregengival. Como o paciente tem uma razovel higiene oral
marcou-se para fazer a consulta de tratamento periodontal de suporte passado 8 semanas
aps a reavaliao. (Armitage e Xenoudi, 2016)
Botero e Bedoya, (2010) afirmam que aps o tratamento periodontal a
mobilidade dentria reduzida, mas continua a haver uma mobilidade residual a qual
pode ser controlada pelo meio de aplicao de frulas.
Como tem sido referido anteriormente e com elevada evidencia cientifica acerca
da persistncia do biofilm sobre a superfcie dentria com a doena periodontal de
Relatrio do caso clnico
51
extrema importncia a remoo eficaz da mesma. Assim o paciente recebeu adequada
motivao para higiene oral em todas as consultas de periodontologia, foi explicado a
correta tcnica de escovagem e higienizao interdentria. Os mtodos fisiolgicos e
naturais (ao da lngua, das bochechas e do fluxo salivar) no so suficientes para a sua
eficaz remoo porem os mtodos de remoo de placa mecnicos interrompem
eficazmente o desenvolvimento do biofilm. Existem vrios tipos de escovas no
mercado, mas as mais aceitas so as flexveis, com as pontas arredondadas e cerdas
macias. de salientar que a escovagem apenas elimina a placa dentria das superfcies
livres, sendo que o fio dentrio usado para efetuar a limpeza interdentria. Os
escovilhes dentrios devem ser usados nos diastemas, uma vez que o paciente
apresentava alguns diastemas foi tambm recomendado o seu uso. Os utenslios de
remoo mecnica de placa bacteriana devem ser personalizados de acordo com a
destreza do operador e capacidades de cada paciente. Este autor ainda afirma que aps a
higienizao com os dispositivos mecnicos acima referidos 67% das superfcies
intraorais no so alcanadas e podem ser colonizadas por microrganismos. (Botero e
Bedoya, 2010)
Embora evidencia clinica demostra que o controlo da placa bacteriana atravs da
remoo mecnica fundamental para prevenir e controlar a doena periodontal, de
salientar que o controlo ideal no alcanado pela maioria dos pacientes. Este facto
pode dever-se a falta da motivao ou destreza manual. O nvel socioeconmico, a
compreenso de todo o processo da doena periodontal e das suas consequncias pode
igualmente afetar a qualidade da higiene oral. A utilizao adjuvante de agentes
qumicos tem sido investigada como forma de ultrapassar a inadequada remoo
mecnica da placa bacteriana, uma vez que reduzem a formao da placa e inflamao,
influenciando positivamente a sade periodontal. Assim o clinico deve avaliar os
critrios para selecionar os agentes teraputicos em relao a sua eficcia, em relao s
preferncias individuais e caractersticas dos pacientes. Os bochechos recomendados
so aqueles que tm evidncia cientfica em relao a sua de eficcia, segurana e efeito
significativo tanto a curto como a longo prazo contra o biofilm e gengivite. Deve
tambm demostrar eficcia contra uma ampla variedade de bactrias Gram + e Gram -.
Ainda de acordo com este autor as limitaes na populao idosa devido a vrias
doenas (Parkinson, limitaes fsicas, artrite) e a sua aceitao e adeso aos diferentes
procedimentos de higiene oral sugere a implementao de anti-spticos orais para
melhorar as medidas de controlo mecnico de biofilm. (Botero e Bedoya, 2010)
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
52
Ainda de acordo com os mesmos autores os objetivos do tratamento periodontal
incluem a reduo ou a sesso da gengivite, reduo da profundidade das bolsas,
eliminao da exposio de furcas em dentes multirradiculares e satisfao individual
com o restabelecimento da funo e esttica.
3. Cirurgia
As cirurgias que foram efetuadas foram a extrao do dente 36 e 37. Os
materiais utilizados foram o sindesmtomo para desinserir as fibras gengivais que
circundam o dente, a alavanca para efetuar a luxao do dente dentro do alvolo e por
fim o botico apropriado para cada dente, neste caso o botico para molares inferiores.
Aps a extrao foi usada uma cureta para limpar os alvolos. (Boyce e Kirpalani,
2016)
Perante a ansiedade do paciente antes da anestesia local na literatura aconselha-
se a aplicao de anestesia tpica, esta diminui o medo do paciente, eliminando e
controlando a dor deixando o paciente menos ansioso. (Boyce e Kirpalani, 2016)
Peterson et al. 2005 afirma que existem limites da quantidade de anestsico local
que podem ser usados em cada paciente. Para fornecer uma anestesia adequada para
extrao de mltiplos dentes pode ser necessria administrao de vrios anestubos.
Administrou-se anestsico local (1 anestubo) com vasoconstrictor (Lidocana a 2% com
epinefrina a 1:80.000, em anestubos de 1,8 mL) por meio de anestesia troncular, uma
vez que se tratava de molares inferiores.
Ainda de acordo com o mesmo autor, na literatura aconselha-se uma avaliao
clnica dos dentes a serem extrados, fatores como acesso ao dente, mobilidade,
condio da coroa foram tidos em conta. A presena de grandes restauraes a
amlgama provoca fragilidade na coroa e as restauraes tendem fraturar durante a
extrao, como aconteceu com o dente 37.
Tanto o dente 36 como o 37 apresentavam acumulao de clculos, por isso
antes da cirurgia foi efetuada destartarizao a fim de evitar a possibilidade de
contaminao dos alevolos pelos clculos. (Peterson, 2005)
No final da cirurgia e aps terem sido verificados os alvolos a fim de no deixar
nenhum resto radicular efetuou-se a sutura com dois pontos simples e instruiu-se o
paciente para os cuidados ps-operatrios. Ficou combinado o paciente vir retirar os
pontos e observar a cicatrizao passado uma semana.
Relatrio do caso clnico
53
4. Dentisteria Operatria
Roberson et al. (2006) caracteriza a dentisteria operatria como um ramo de
medicina dentria que abrange o diagnstico, o tratamento e o prognstico dos defeitos
dos dentes mas que no abrange a total cobertura do dente pela restaurao. O
tratamento passa pela execuo de uma restaurao com forma, funo e esttica
apropriadas mantendo assim uma relao harmoniosa com os tecidos a sua volta.
Feito o plano de tratamento dentisteria verificou-se que o paciente tinha vrias
leses de abfrao na cavidade oral, um tipo de leso cervical no cariosa
caracterizada pela perda de tecidos dentrios com diferentes aparncias clinicas e de
etiologia multifatorial. So mais prevalentes na populao adulta, com a crescente
incidncia de 3% a 17% entre 20 e 70 anos de idade. As leses de abrao podem
ocorrer como um resultado da funo normal e anormal dos dentes e pode ser
acompanhada por desgastes patolgicos como o caso da abraso e da eroso. Esse tipo
de leses ainda comprometem a integridade estrutural, promove a reteno de placa
bacteriana, sensibilidade dentria, vitalidade pulpar e esttica. Estas leses podem
observar-se nas faces vestibulares dos dentes, so leses em cunha ou em forma de V
com ngulos externos e internos bem definidos afirma Nascimento e Dilbone et al. 2015
Ainda de acordo com os mesmos autores com a idade o grau de desgaste
oclusais e cervicais aumenta e, por isso, devem ser considerados como processos
fisiolgicos naturais. As facetas de desgaste fisiolgico podem ser encontradas no
esmalte, na dentina primria, na dentina secundria e na dentina reparadora
(esclertica). Como mecanismos de defesa do dente perante o desgaste, ocorre a
formao de dentina reacional e reparadora e tambm a obstruo dos tbulos
dentinrios pelos depsitos minerais.
Como intervenes preventivas temos o aconselhamento na mudana dos
hbitos do paciente tais como a dieta, tcnica de escovagem, uso de goteiras de
relaxamento em casos de bruxismo e uso de pastilhas para estimular o fluxo salivar.
Outras opes de tratamento so a monitorizao da progresso da leso, ajustes
oclusais, alvio de sensibilidade, colocao de restauraes e a cobertura da exposio
radicular atravs de procedimentos cirrgicos combinada com as restauraes. A
deciso clnica para restaurar as leses de abfrao pode basear-se na necessidade de se
substituir a forma e a funo ou para aliviar a hipersensibilidade dos dentes
comprometidos ou ainda por razes estticas. Todas as classes V foram devidamente
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
54
restauradas, nas leses de abfraao justa gengivais ou infra gengivais foi usado fio de
retrao, a resina usada foi Filtek Z250 e sistema adesivo Scotchbond Universal.
(Nascimento e Dilbone, 2015)
Figura 46 - Fotopolimerizao da restaurao classe V do dente 32
5. Reabilitio oral
Moreira Carneiro et al. 2013 define a desdentao parcial como ausncia de
algumas peas dentrias nas arcadas dentrias e est associada crie dentria e
periodontite. Outros fatores podem estar associados como o nvel socioeconmico,
assiduidade s consultas de medicina dentria, a atitude do paciente e a atitude do
mdico dentista. Com as melhorias nos cuidados de sade e melhor acessibilidade as
mesmas notrio um decrscimo na prevalncia da desdentao em todos os grupos
etrios nos pases industrializados. Com objetivo de facilitar a troca de informaes e
dados clnicos entre clnicos e investigadores a desdentao parcial na cavidade oral tem
sido alvo de diversas classificaes. Tendo um destaque maior a classificao de
Kennedy que se baseia na distribuio topogrfica dos dentes perdidos e remanescentes,
dividindo-se em quatro classes: Classe I desdentado posterior bilateral, Classe II
desdentado posterior unilateral, Classe III desdentado intercalar e Classe IV
desdentado anterior.
Relatrio do caso clnico
55
Num estudo conduzido pela Clnica Universitria da Faculdade de Medicina
Dentria da Universidade do Porto quanto ao tipo de reabilitao com prtese parcial
removvel a mais confecionada foi PPR acrlica tanto na maxila (32,6%) como na
mandibula (23,2%) em relao a prtese parcial removvel esqueltica na maxila
(15,2%) e na mandbula (17,7%). Ainda de acordo com o mesmo estudo verificou-se
que a percentagem maior dos dentes ausentes dos molares inferiores seguidos de
molares superiores, pr-molares superiores, incisivos superiores, pr-molares inferiores,
incisivos inferiores, caninos superiores e caninos inferiores. Relativamente Classe de
Kennedy a classe III mais frequente na maxila e classe I mais frequente na
mandibula, que vai de acordo com a situao do nosso paciente. (Moreira Carneiro,
2013)
A reabilitao oral de arcos parcialmente edntulos umas das situaes mais
desafiantes que o Mdico Dentista pode ter que lidar (Prasad e Hegde 2012)
A reabilitao oral em pacientes desdentados parciais envolve diversas tcnicas
para cada paciente. importante ter em conta as espectativas do paciente, o estado dos
dentes remanescentes e a relao destes com a anatomia dos tecidos orais. Seja qual for
o tratamento proposto o resultado final deve ser a melhor soluo possvel para o
paciente em questo afirma Patel (2014).
Foram apresentadas vrias opes de tratamento ao paciente incluindo a
reabilitao oral com Implantes, com Prtese Combinada, com Prtese Esqueltica, com
Prtese Flexvel e com Prtese acrlica.
Cooper et al. 2008 afirma que a colocao de implante pode prevenir a
reabsoro contnua do osso. E a prtese retida por implantes oferece muitas vantagens
em comparao com a prtese convencional.
No entanto o paciente preferiu a reabilitao oral com a prtese parcial
removvel acrlica. Este tipo de prtese distingue-se das outras prteses parciais
removveis pelo facto de possuir uma base em acrlico que suportada pelas regies
desdentadas das arcadas dentrias e ainda no maxilar superior pelo palato duro. Este
tipo de prtese quando comparado com as outras prteses parciais removveis tem a
vantagem de ser mais econmica, mais esttica, facilidade de acrescentar os dentes caso
seja necessrio e de fcil ajuste. Porm tem como desvantagens elevado risco de
ocorrncia de crie dentria, gengivite, doena periodontal, estomatite dentria,
reabsoro do osso alveolar, migrao dentria, pode desencadear o reflexo de vmito e
facilmente pode ser danificada. Hoje em dia so indicadas para carter temporrio ou
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
56
paliativo ou pelos fatores econmicos, como o caso do nosso paciente que devido aos
fatores socioeconmicos optou por este tipo de prtese. A resina acrlica deste tipo de
prteses pode ser reforada por fios ou fibras de metal. (Baat e Witter 2011)
Uma prtese parcial removvel quando bem confecionada tem uma integrao
perfeita ao rgo mastigatrio e por isso o portador a maior parte das vezes esquece que
a tem na boca. Isso apenas ocorre nas prteses bem planeadas, baseadas em princpios
mecnicos e biomecnicos rigorosos. (Kliemann e Oliveira, 2006)
Os objetivos da colocao de uma prtese parcial removvel so o
restabelecimento da funo mastigatria e fontica. No entanto como um trabalho
removvel o seu controle fundamental, e a preservao dos tecidos remanescentes s
ocorre se a prtese apresentar um comportamento satisfatrio em funo. Outro objetivo
devolver a esttica ao paciente atravs da reposio de dentes ausentes, permitindo
assim melhorar o autoestima, uma vez que a sociedade moderna d cada vez mais
importncia a uma boa aparncia fsica. E por fim tem que proporcionar conforto ao
paciente porque se esta for incmoda o paciente no vai us-la. Na literatura ainda de
acordo com os mesmos autores estabelecido que cerca de 50% das prteses parciais
removveis realizadas no so utilizadas porque o paciente no se habitua as mesmas.
Na primeira consulta de Reabilitao Oral foi efetuada uma histria clinica
pormenorizada, e segundo a classificao de Kennedy o paciente apresentava Classe II
(desdentados posterior unilateral) modificao 1 superior e Classe I (desdentado
posterior bilateral) inferior, sem modificao. (Volpato e Garbelotto, 2012; Kliemann e
Oliveira, 2006). Os dentes 36 e 37 estavam em mau estado e devido a mobilidade que
apresentavam tinham mau prognostico para serem dentes pilares da prtese, assim
sendo optou-se pela extrao de ambas peas dentrias. Optou-se por fazer prtese
parcial superior e inferior acrlica de acordo com as preferncias do paciente. Passado
mais de um ms aps as exodontias dos dentes 36 e 37, em que ocorreu a reabsoro
ssea e a cicatrizao adequada dessa zona efetuaram-se os modelos de estudo pois
servem de um meio de anlise e so importantes no planeamento de uma prtese. As
impresses foram feitas em alginato e vazados de imediato, com gesso tipo III. De
seguida foram pedidas ao laboratrio as moldeiras individuais para uma impresso mais
fidedigna da rea que ir ser reabilitada, na consulta seguinte foi efetuado registo
intermaxilar com os blocos de mordida provenientes do laboratrio, nesta consulta
tambm escolheu-se a cor dos dentes a colocar na prtese. A seleo da cor foi realizada
por comparao, ou seja, com ajuda de uma escala observou-se a boca do paciente e a
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=de%20Baat%20C%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=21319416http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=Witter%20DJ%5BAuthor%5D&cauthor=true&cauthor_uid=21319416
Relatrio do caso clnico
57
cor que mais se aproximou foi escolhida, neste caso A4 da escala Vita. Pediu-se a prova
de dentes e por fim a acrilizao da prtese. (Kliemann e Oliveira, 2006).
Nas impresses definitivas foram usadas moldeiras individuais provenientes do
laboratrio, com alginato, sendo um dos materiais mais utilizados em prtese parcial
removvel. O vazamento dos moldes foi feito de imediato uma vez que o hidroclide
irreversvel pode sofrer alteraes dimensionais, alterando a impresso afirma Kliemann
e Oliveira et al. 2006.
Ainda de acordo com o mesmo autor o registo correto das relaes
intermaxilares um passo de extrema importncia para a montagem correta dos dentes,
exigindo pacincia e tempo.
Na prova de dentes deve-se verificar a cor, forma e o posicionamento dos dentes
artificiais sendo o ponto de referncia os dentes remanescentes, deve-se ter em ateno a
relao intermaxilar anteriormente determinada. No deve haver interferncia dos
dentes artificiais com os remanescentes, a forma e a posio dos dentes artificiais vai
influenciar a fontica uma vez que vo ser nessas superfcies que as palavras so
pronunciadas. A opinio do paciente um fator a ter em conta, o conceito esttico
muito subjetivo, o que para o clnico esttico pode no ser para o paciente. Assim
sendo tanto a cor como a prova dos dentes foram realizadas com o consentimento do
paciente. (Kliemann e Oliveira, 2006)
Aps a entrega da prtese foram dadas as instrues especficas ao paciente para
garantir uma boa manuteno e harmonia na cavidade oral. Kliemann e Oliveira, (2006)
afirmam que estes pacientes precisam de ter uma atitude positiva uma vez que vo
passar por um perodo de adaptao emocional e fsica. Cada paciente um caso, e as
suas condies fsicas e mentais e da cavidade oral so individuais, por isso no devem
estar a comparar o seu progresso na adaptao nova prtese com a espectativas de
outras pessoas. O que pode ser doloroso para um paciente no quer dizer que seja para
outro. O paciente tem que ser informado que se usar a prtese corretamente os dentes
sero preservados e que uma das funes da prtese sustentar os tecidos orais (lbios,
bochechas) permitindo assim um perfil facial mais equilibrado, atua tambm como
mantedor de espao e mantm os dentes em posio. Com a prtese posta o paciente vai
sentir conforto e facilidade no ato de mastigao. importante que os alimentos sejam
bem mastigados para facilitar a digesto e promover a sade do sistema digestivo.
Existem vrias letras do alfabeto que necessitam o auxlio dos dentes para formarem os
seus sons. Uma vez colocada a prtese os problemas da fala podem ser recuperados.
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
58
Assim, na consulta da colocao da prtese o paciente foi corretamente instrudo para o
uso das mesmas e alertado para os fatores a cima referidos. Foi informado tambm que
a prtese deveria ser retirada durante a noite, para os tecidos remanescentes
descansarem e serem humedecidos pela saliva. As Guidelines baseadas na evidncia
cientfica no que toca a manuteno das prteses afirmam que estas no devem ser
usadas 24 horas por dia na tentativa de reduzir ou minimizar a estomatite prottica,
nunca devem ser colocadas em gua a ferver, as prteses devem ser higienizadas
diariamente com pastas especificas no abrasivas e fora da cavidade oral, no devem ser
imersas por perodos mais de 10 minutos em solues que contenham hipoclorito de
sdio, no sentido de no provocar danos a prtese e devem ser imersas em gua aps a
sua limpeza nos perodos em que o paciente no vai usar para no se entortarem, e ainda
a baixa evidncia sugere que as prteses devem ser higienizadas anualmente pelo
clinico usando como produto de limpeza ultra-sons no sentido de minimizar a
acumulao de biofilm ao longo do tempo. A maioria dos pacientes que usam as
prteses parciais removveis perdem os seus dentes devido a falta destes
esclarecimentos e/ou falta de motivao. Por isso temos que redobrar o nosso esforo no
sentido de conseguir por parte do paciente uma correta e adequada higienizao tanto
das prteses como da cavidade oral e consultas de controlo peridicas, promovendo
assim uma longevidade da prtese. (Kliemann e Oliveira, 2006; Felton, 2011)
Volpato e Garbelotto (2012) afirmam que a relao sade/doena de extrema
importncia, e que muitas vezes os mdicos dentistas esquecem e indicam trabalhos
protticos em condies de doena. As consequncias so graves e resultam em
agravamento da doena j existente. Por isso nas nossas consultas o paciente primeiro
foi seguido em periodontologia e s depois de a doena periodontal estar bem
controlada e vigiada iniciou-se o processo de confeo de prtese.
Noutro estudo conduzido pelo Vaccarezza et al (2010) confirmou-se a
associao entre as leses orais recorrentes causados por prteses mal ajustadas com
leses pr-cancergenas (carcinoma de clulas escamosas). Esta observao est de
acordo com a hiptese de que a irritao fsica crnica da mucosa contribui para o efeito
cancergeno tpico de tabaco na cavidade oral. Este autor ainda sugere que os
indivduos afetados de forma recorrente por lceras orais podem ter um risco maior de
infeo por Cndida albicans, e que as enzimas desenvolvidas por estas leveduras so
capazes de produzir carcinogneos qumicos. O planeamento de consultas regulares de
controlo de prtese dentria representam uma atitude no negligencivel para a
Relatrio do caso clnico
59
preveno do cancro oral.
Num estudo realizado no Brasil, no estado do Rio Grande do Norte, que teve
como objetivo mostrar a relao da prtese dentria com a incidncia e o tipo de leses
bucais, bem como o tipo de prtese que est mais relacionado verificou-se que 70,9%
dos pacientes com alguma leso existente relacionavam-se com a necessidade de
confeo de uma nova prtese. Da mesma amostra 54,5% relacionava-se com o tempo
de uso das prteses superior a 5 anos. As leses mais prevalentes relacionadas com o
uso da prtese dentria foram a candidase e hiperplasia fibrosa inflamatria. Conclui-se
com este estudo que as prteses dentrias que apresentaram a relao direta com as
leses orais possua mais de 5 anos de uso e tinham a indicao de troca, este facto
indica a importncia de conscientizarmos os nossos pacientes de que as prteses
dentrias no so definitivas e que os pacientes tm que comparecer nas consultas de
rotina. (Conceio Dantas de Medeiros, 2015)
Estomatite prottica uma condio patolgica, caracterizada por um processo
inflamatrio que agride a mucosa oral, de etiologia multifatorial e comum em
pacientes portadores de prtese dentria. So observadas alteraes teciduais, sendo
visvel uma rea de eritema por baixo da prtese, principalmente nas prteses
superiores. Os pacientes normalmente referem os seguintes sintomas: dor, inchao,
xerostomia, halitose e hemorragia, sendo esses sintomas na maioria dos casos
impossibilitam o uso da prtese. A remoo diria e eficiente do biofilm presente tanto
na cavidade oral como na prtese essencial para minimizar a estomatite prottica e
promovendo assim uma boa sade oral. Em cerca de 67% de pacientes portadores de
prtese dentria com estomatite prottica pensa-se existir associao com Cndida
albicans. Vrios estudos foram realizados para ver o papel dessa bactria na patognese
na estomatite prottica e verificou-se mltiplas estirpes de Cndida presentes nos
tecidos orais e na base da prtese. A erradicao desta doena requer o tratamento tanto
dos tecidos orais como a sua eliminao das prteses. (Felton, 2011; Melo e Guerra,
2014)
O Kliemann e Oliveira, 2006 afirmam que o insucesso no da prtese mas sim
do dentista, uma vez que a prtese vai depender dos bons resultados obtidos dos
tratamentos. Os insucessos ocorrem quando a prtese altera o funcionamento do sistema
mastigatrio, quando lesa os tecidos remanescentes, quando destri os dentes pilares
(mobilidade, trauma) ou ainda se provocar alguma reao indesejada como o caso da
disfuno temperomandibular.
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
60
O tratamento periodontal de suporte nos pacientes que passaram a ser portadores
de prtese parcial removvel tem um efeito benfico na preservao dos dentes pilares.
recomendado o tratamento periodontal de suporte a cada 3 a 6 meses. (Tada e Allen,
2015)
Consideraes finais
Depois de todos tratamentos efetuados tiramos as seguintes consideraes:
O doente geritrico necessita de um planeamento diferenciado das outras faixas etrias
para um tratamento eficaz.
importante haver dissertaes no mbito de casos clnicos atualizados sobre o estado
da arte em cada uma das especialidades de medicina dentria, dando a oportunidade aos
outros mdicos dentistas informarem-se acerca dos melhores tratamentos para os seus
pacientes baseados na evidncia cientfica.
O nosso paciente apesar de ter 61 anos foi inserido e descrito como paciente geritrico
devido ao facto de ser reformado e da sua condio socioeconmica. A falta de dentes
nos segmentos posteriores das arcadas dentrias e a consecutiva perda de dimenso
vertical influenciava a capacidade mastigatria do paciente, refletindo-se negativamente
no estado geral de sade.
Os resultados foram bastante positivos e superaram as espectativas do paciente.
Verificou-se uma grande melhoria e a crescente preocupao no que toca a higiene oral
por parte do paciente, sempre ciente do facto que as consultas de rotina tm que ser
realizadas. A compreenso da doena periodontal e as suas consequncias ajudaram
positivamente na preservao da sade oral. O objetivo principal era a reabilitao oral
do paciente, aps a doena periodontal estar estabilizada e controlada, atravs de prtese
parcial acrlica superior e inferior, restabelecendo assim a funo mastigatria e
devolvendo a esttica ao paciente. Os hbitos alimentares estavam comprometidos
devido a ausncia de vrias peas dentrias, tendo-se o problema resolvido com a
colocao das prteses dentrias que devolveram ao paciente a capacidade mastigatria
at a perdida. O paciente sentiu a melhoria de sade tanto ao nvel oral como ao nvel
geral.
Outros casos clnicos sobre doentes geritricos com outras temticas podem ser
ralizados.
Relatrio do caso clnico
61
Caso Clnico Reabilitao Oral num Paciente Geritrico
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