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Indicadores de Emprego e de Mobilização de Recursos Humanos: um subsídio às políticas públicas
Elton Eustaquio Casagrande1
Thais da Silva Pereira2 Gisele Pereira3
INTRODUÇÃO
A gestão adequada na dimensão de organizações públicas no espaço das
municipalidades tem sido pautada pela busca mais freqüente por uma base
informacional capaz de permitir o acompanhamento das situações econômicas e sociais.
Os incentivos por essa busca são variados. Partimos do pressuposto de que a Lei
de Responsabilidade Fiscal aprovado no ano de 2000 no Brasil impôs uma nova
dinâmica as esferas governamentais em termos de planejamento, de execução
orçamentária, de cumprimento de metas, de esforço de arrecadação de tributos, de
parâmetros para despesas correntes, com seguridade, com dívida e endividamento.
Essa nova dinâmica trouxe maior transparência e controle das contas públicas e
ressaltou a condição financeira dos municípios como um dos determinantes do
desenvolvimento local. Dependente do nível da renda interna bruta o setor público, que
pela ótica da demanda também contribui para a geração do produto, tem o poder de,
através da intervenção, incentivar atividades econômicas e ou seu redirecionamentos.
Dependente do dinamismo econômico para incrementar a capacidade de gasto e
das demandas que necessita atender, o setor público e a sua gestão passou a depender de
indicadores econômicos e sociais para elaborar os relatórios e procedimentos que a
legislação impôs e o seu próprio planejamento.
O setor público, capaz de afetar as escolhas, necessita de uma leitura de suas
interferências e do dinamismo que em última instância é co-participante, dado o volume
e qualidade dos bens públicos que proporciona.
A questão que se coloca é quais os indicadores capazes de oferecer o referencial
necessário segundo as exigências da Lei e da perspectiva política que o leva a idealizar
uma intervenção dentro do horizonte político estipulado (médio prazo)?
Utilizamos o cenário de médio prazo, entendido como aquele de dois a dez
anos. Segundo Robert Solow (2000) no curto prazo, até dois anos, vigora políticas
1 Do Departamento de Economia da FCL, UNESP – Araraquara. 2 Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Economia, FCL, UNESP - Araraquara. 3 Graduada em Ciências Econômicas – FCL, UNESP – Araraquara.
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intervencionistas que tem por objetivo atuar frente às flutuações econômicas e de
emprego. Acima de dez anos vigoram modelos, muitas vezes, abstratos preocupados
com o crescimento econômico. No período intermediário, de dois a dez anos encontram-
se as possibilidades mais propícias às políticas de intervenção para regulação e
planejamento, porque não se referem aos estabilizadores automáticos de demanda de
curto prazo nem a políticas com resultados muito distantes do ciclo político.
Além do mais, no cenário de médio prazo é possível gerar séries históricas e
promover alterações das políticas púbicas com efetividade. Finalmente, nesse intervalo
ocorrem muitas das mudanças na atividade econômica, o que exige redefinição das
intervenções.
Em suma, o referencial de tempo é importante para a proposta de indicadores em
função de seu papel como instrumento para a ação do setor público e como um meio de
mensurar a eficiência da política.
Nos países em desenvolvimento e de transição política a intervenção das
políticas governamentais tem sido reavaliada. Grindle (2001 p.345) discutiu as
evidências a partir de um conjunto de questões que colaboram com a proposta de
eleição de indicadores para nortear a decisão em termos de intervenção. Em primeiro
lugar, o autor se propôs a entender as razões que levam os governos a selecionar e
manter políticas claramente ineficientes para o desenvolvimento econômico e porque
alteram as políticas de desenvolvimento e outros adotam estratégias destrutivas.
A análise é conduzida pela interpretação das instituições e de suas mudanças.
Depois da crise financeira asiática, ganhou relevância a administração da
macroeconomia e a escolha de políticas dentro do horizonte político realizável ou do
ciclo político. A redefinição das instituições e a atuação dos governos requerem
objetivos explícitos e coordenação das ações.
Observamos da visão de Grindle (2001) que as alternâncias institucionais e a
trajetória pouco constante das intervenções dos governos podem ser explicadas em parte
pela ausência metas claras com objetivos definidos em termos de medidas de
desenvolvimento.
A partir dos estudos Cepalinos para o Brasil é possível ilustrar a alternância que
Grindle se refere. A industrialização promovida a partir de 1948 até os anos 60 foi
marcada pela deterioração dos termos de intercâmbio, desequilíbrio estrutural do
balanço de pagamentos. A industrialização substitutiva acabou por gerar tendências de
especialização setorial. Em remos macroeconômicos foi um período de inflação e
3
desemprego. O Estado tinha como meta liderar e conduzir o processo de
industrialização.
Nos anos 60 os governos enfrentaram a necessidade de reformas. As condições
estruturais para o crescimento faziam da reforma agrária e da distribuição de renda pré-
condições ao desenvolvimento. No entanto, a ação estatal concentrou-se na reforma do
sistema financeiro, deixando incompleta a preparação das condições estruturais. Nos
anos 70 a dependência do endividamento externo, a insuficiente condição exportadora e
a necessidade de completar os departamentos produtivos da economia levaram a ação
estatal a se concentrar a completar o processo de substituição das importações.
Nos anos 80, a asfixia financeira predominou e foi necessário iniciar um
processo de ajuste da economia frente ao segundo choque do petróleo, aumento dos
juros americanos, moratória mexicana e inflação alta persistente. A ação estatal
concentrou-se nesse período na renegociação das dívidas.
A crise do modelo desenvolvimentista iniciada na década anterior só vai ser
efetivamente enfrentada nos anos 90, quando o governo decide adotar medidas que vão
introduzir transformações significativas no marco regulatório da economia brasileira, a
começar pela abertura comercial. A abertura tornou-se programa oficial em junho de
1990, através das “Diretrizes Gerais da Política Industrial e de Comércio Exterior”
(PICE). Foram abolidas as restrições quantitativas referentes às importações, com
calendário prevendo reduções de alíquotas até dezembro de 1994.
O Plano Real de Estabilização, formalmente iniciado em junho de 1993 elegeu o
controle dos preços, através da valorização cambial, e de políticas de privatização e de
reestruturação do setor bancário.
“No Brasil, a liberalização do comércio exterior, o Programa de Qualidade e Produtividade, o processo de privatização, a desregulamentação da economia e a difusão de novas técnicas gerenciais deslancharam um vigoroso movimento de elevação da produtividade industrial. A retomada dos ganhos de produtividade nesta década, após cerca de 10 anos de estagnação, tem inicialmente como base uma reação à recessão do começo da década, que veio acompanhada de uma forte modernização das técnicas produtivas e gerenciais. Essa modernização defensiva teve um caráter mais permanente, pois representou o início da incorporação de novos paradigmas da reestruturação industrial existentes na esfera internacional. Houve uma mudança nos métodos de gestão e administração na indústria, além da introdução de tecnologias poupadoras de trabalho”.(Bonelli, 1999, p.95-96).
Diante dessas transformações, a economia brasileira e, principalmente as
empresas necessitavam de uma adequação à nova realidade em que há concorrência
4
direta entre produtores nacionais e estrangeiros, isto é, mercado externo. Esse novo
ambiente exigia, portanto, mudanças na base produtiva do país, através da introdução de
novas tecnologias e progresso técnico.
Para seus formuladores, a mudança no marco regulatório da economia deveria
produzir a expansão do produto e retomada do crescimento econômico. Para isso,
porém, dois são os pré-requisitos: a necessidade de investimentos e ganhos de
produtividade. Sabe-se que a decisão de investimento constitui uma das mais
importantes decisões econômicas, se for considerado que ela define, em nível agregado,
o desempenho da economia. É também fonte da acumulação de capital e, portanto, a
maior determinante da capacidade de crescimento da economia no longo prazo. É,
porém, o componente mais instável da demanda agregada e natural responsável pelas
variações na renda e no emprego.
Nos primeiros anos da década de 2000 o Brasil reduziu a vulnerabilidade
externa, produziu saldos positivos em transações correntes, aumentou de maneira
marcante o volume de reservas internacionais. A ação estatal se fixou mais em construir
a regulação da economia, através do regime de metas instituído pelo Banco Central e
pela busca do equilíbrio das contas públicas. O equilíbrio orçamentário no âmbito fiscal
enfraqueceu a postura de intervenção.
Porém, a desigualdade se manteve e as dimensões regionais ganharam maior
relevância. Diante da ação do governo federal em concentrar a ação na regulação da
economia e no equilíbrio fiscal, levou as instâncias estaduais e municipais a elaborarem
suas próprias perspectivas de intervenção.
Com o objetivo de discutir e ilustrar uma prática possível de intervenção partir
de indicadores partimos para situar, na seção um, os indicadores de desenvolvimento.
Na seção dois, nos dedicamos a explicitar uma abordagem a partir da desagregação do
produto per capita, que enfatiza a produtividade e o grau de mobilização de recursos
como variáveis cruciais para a escolha de políticas de intervenção. Na seção três
apresentamos uma ilustração dos indicadores do produto desagregado. Finalmente,
destacamos nas observações finais os principais aspectos da análise.
5
INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento econômico no Brasil apresenta duas características básicas:
sempre dependeu da liderança estatal e produziu desigualdade, seja pessoal ou regional,
de riqueza ou de oportunidades.
O grau de pobreza e desigualdade foi determinado ao correr do tempo por uma complexa interação entre o crescimento da renda propriamente dito e toda uma gama de diferentes fatores. Estes compreendiam estruturas políticas, sociais, econômicas e as instituições delas resultantes. (THORP, 1999, p. 31).
Nos termos propostos por Sen (2000), a desigualdade impede o pleno
desenvolvimento ao restringir as liberdades individuais. Diante das questões teóricas
pode-se explorar o contra-senso entre as noções de desenvolvimento e desigualdade.
Uma forma de fazê-lo é investigar empiricamente a questão localizando regiões e
períodos. A mensuração exige, por sua vez, a definição de indicadores pertinentes com
atributos capazes de revelar a complexidade que se deseja explorar. Além disso, o uso
de instrumental estatístico e fontes de dados confiáveis são decisivos para avaliar o
comportamento das variáveis selecionadas para um estudo.
Para os que identificam desenvolvimento como crescimento econômico, o
produto seria a melhor medida de desenvolvimento. Embora se reconheça sua grande
importância, dado que ele é uma medida de riqueza da região, o desenvolvimento
envolve outras questões e variáveis, como educação, saúde, violência, produtividade,
emprego, entre outras.
A elaboração de indicadores de desenvolvimento deve contribuir para o
entendimento de como regiões e/ou localidades reagem às mudanças de cenários
econômicos. Os indicadores devem ter como características a clareza, a abrangência, a
comparabilidade e a facilidade com que são entendidos.
Os indicadores são empregados, principalmente, como forma de mensurar o grau
de atendimento de objetivos e o nível de realização de atividades. Em meio a fenômenos
complexos e, portanto, de difícil entendimento, o uso de indicadores adequados pode ser
elucidativo, tornando o estudo mais sistemático e organizado.
6
Segundo Durkheim (1999), um indicador busca acompanhar uma determinada
realidade a partir de uma medida; logo, ele deve ser ao mesmo tempo adequado ao
estudo do conceito e mensurável.
O fato de um indicador ser condicionado por um conceito implica na
dependência de um modelo teórico aceito para descrever tal fenômeno. Um índice de
desigualdade de renda, por exemplo, é o resultado da concepção teórica que explicita
relações consideradas relevantes para compreensão do fenômeno da disparidade de
renda.
É raro encontrar um indicador que represente totalmente um conceito, pois,
quanto mais complexo o conceito, mais difícil será sua representação via um único
indicador. Assim, faz-se necessário o emprego de diversos indicadores, cada um voltado
para a descrição de uma dimensão particular do conceito em questão. Isso só é eficiente
quando as várias dimensões do conceito são cobertas.
Dado que um indicador é condicionado a um conceito e, portanto, depende de
uma teoria, os fatores que influenciam o desenvolvimento variarão de visão para visão,
assim como os indicadores propostos. Dessa forma, para os autores que identificam
desenvolvimento como crescimento econômico, o produto e suas variações, como
produto per capita, bastariam para a mensuração do desenvolvimento.
A Tabela 1 extraída do Relatório de Desenvolvimento Humano de 2005
apresenta a taxa de crescimento do per capita, para as regiões do planeta.
Dos 177 países selecionados, 41 apresentaram decréscimo de renda per capita,
60 cresceram menos de 2% a.a. e 76 cresceram mais de 2% a.a. Logo, 57,06% dos
países ou tiveram crescimento negativo ou cresceram até 2% a.a. Esses países possuem
2,184 bilhões de pessoas (35,15% da população).
Tabela 1 – Taxa anual de Crescimento do Produto Interno Bruto per capita
1990-2003
Negativo 0%-1% 1%-2% Mais do que 2%
Estados Árabes Países 5 4 2 5 População (em milhões) 34 70 19 139 Ásia Oriental e Pacífico Países 4 1 3 13 População (em milhões) 3 6 81 1.814 América Latina e Caribe
7
Países 4 8 9 12 População (em milhões) 43 74 345 79 Ásia Meridional Países 0 0 1 7 População (em milhões) 0 0 152 1.324 África Subsaariana Países 18 8 8 11 População (em milhões) 319 108 171 76 Europa Central e Oriental e CEI
Países 10 5 1 11 População (em milhões) 253 58 10 85 OCDE Países 0 2 6 15 População (em milhões) 0 135 224 510 Mundo Países 41 28 32 76 População (em milhões) 653 450 1.081 4.030
Fonte: Relatório de Desenvolvimento Humano 2005.
Mesmo na OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), região detentora das maiores rendas, apenas 8 países cresceram mais de
2% a.a., perfazendo 41,13% da população da região. Os países asiáticos foram os que
apresentaram o melhor desempenho por número de países e por população, enquanto o
pior desempenho foi o dos países africanos e das nações árabes, seguidos pela América
Latina e Caribe.
Na América Latina e Caribe, mais especificamente, a maioria dos países (17)
cresceram menos de 2% a.a. e 4 decresceram, perfazendo 85,40% da população da
região (462 milhões de pessoas encontram-se nos países com baixíssimo crescimento).
Se por um lado, a riqueza não cresceu, por outro suas previsões quanto à
desigualdade foram confirmadas. Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano
(2005), além da maioria dos países que eram pobres no início da década de 1990
permanecerem como tal, houve um incremento na distância em relação aos ditos ricos.
O coeficiente de Gini do mundo seria, em 2003, de 0,67.
Curiosamente, as menores taxas de crescimento do comércio internacional
pertencem aos países da OCDE. Assim, embora tais países recomendassem políticas de
maior abertura comercial, não as adotaram. Alguns poderiam argumentar que tais países
já apresentam um elevado grau de internacionalização de suas economias; porém, em
um contexto em que todas as regiões estariam mais interligadas, admira-se tal
8
desempenho. Ademais, as crescentes disputas no âmbito da OMC (Organização
Mundial do Comércio), nas quais os países em desenvolvimento contestam as medidas
comerciais adotadas pelos países desenvolvidos, apontam para o contrário.
Apesar de serem indicadores amplamente difundidos, o PIB e sua relação com a
população total de um país estão longe de serem medidas ideais de desenvolvimento,
uma vez que desconsideram diversas outras variáveis importantes, como educação,
saúde e emprego. Além disso, tais indicadores não representam um fator muito ligado
ao desenvolvimento: as desigualdades existentes, tanto entre pessoas e regiões, e os
elementos que a causam.
Para preencher tal lacuna, indicadores de desigualdade de renda/rendimento
como os Índices de Gini, Theil e Sen, dentre outros, também são usados na análise de
desenvolvimento. Para efeitos de ilustração utilizamos a figura abaixo do Relatório do
Desenvolvimento Humano.
9
Fonte: RDH (2005). Figura 1: Desigualdade de renda no mundo - Índice de Gini, 2003.
Como é possível perceber na figura acima, a desigualdade no mundo é
preocupante. Dentro das regiões, a África Subsaariana é região mais desigual, com
índice de Gini de 72,2, seguida pela América Latina e Caribe, com um índice de
57,1. No que diz respeito à desigualdade dentro dos países, o Brasil apresenta um dos
maiores índices (59,3).
A análise de um tema de tamanha complexidade requer o uso de diversos
indicadores que atinjam o maior número possível de dimensões do conceito. Diante
disso, estudiosos das Nações Unidas desenvolveram o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), constituído por indicadores de renda (renda per capita), de condição
10
de saúde (expectativa de vida) e de condições de educação (média ponderada da taxa
de alfabetização de adultos e a taxa combinada de matrícula nos ensinos
fundamental, médio e superior). Por trás dessa combinação está a idéia de que o
crescimento material de um país, refletido na renda per capita, deve vir
acompanhado de um aumento na esperança de vida de seus habitantes e de uma
expansão nas condições de educação, de modo a tornar efetivamente universal esse
crescimento.
Embora o surgimento de um índice como o IDH seja um avanço na análise do
desenvolvimento, ele não esgota a questão, uma vez que algumas outras variáveis,
como produtividade e mobilização de recursos humanos fornecem informações mais
precisas sobre a condição de uma região dentro da dinâmica econômica. Além disso,
produtividade e mobilização de recursos constam no cômputo do grau de
desenvolvimento.
EMPREGO, PRODUTIVIDADE E RENDA
A reflexão sobre a tendência do desenvolvimento em função da taxa de
crescimento econômico implica em explorar com certa profundidade os elementos
teóricos que suportam esta relação. Em primeiro lugar, a expansão do PIB e sua relação
com a população estão longe de indicar desenvolvimento. Embora a medida seja uma
proxy internacionalmente comparável, sabemos que se pode criar sua antítese, através
da oposição entre a renda apropriada pelos mais ricos e pelos mais pobres. Em segundo
lugar, há uma ampla aceitação de que a escolaridade, produtividade e salário real
“andam juntos”. Todavia, devemos ponderar a relação em vista da existência de pelo
menos duas categorias do trabalho: qualificado e desqualificado. Para o primeiro, esta
relação é aplicável, enquanto para o segundo não é. Não é verossímil a relação para a
unidade trabalho.
Dunford (1996) trabalhou com estas duas dimensões, da renda per capita e do
trabalho, ou seja de sua produtividade. Preocupado com o comportamento das
disparidades regionais na Europa unificada, destacou duas relações fundamentais da
relação desenvolvimento-crescimento: a primeira, a razão entre produto e população
ocupada, ou seja, a produtividade; e a segunda, a razão entre população ocupada e a
população total residente, que denominou de potencial de utilização de recursos
humanos. Nesta segunda está a medida de operacionalização do desenvolvimento social
11
que estaria sendo alcançado junto com ganhos de produtividade, e não às custas destes.
Desta forma, o autor efetua uma decomposição do indicador clássico de renda per
capita, tornando-o mais acurado para identificar faixas de maior ou menor
desenvolvimento medido a partir do emprego entre regiões, ou seja, a partir da demanda
e não da oferta. Tecnicamente, a relação
população
pib é expressa pela multiplicação da produtividade,
mpregadapopulaçãoe
pibpela taxa de ocupação
população
mpregadapopulaçãoe. Assim,
população
pib =
empregadapop
pib
. x
população
empregadapop.. (1)
(a) (b) (c)
Com esta simples decomposição dos fatores que constituem o produto per
capita, Dunford criou um instrumento para avaliar quanto da população total é
mobilizada para a produção de riqueza, em paralelo à dimensão da produtividade
decorrente desta mobilização. Implícito nesta decomposição está o argumento de que
ganhos de produtividade são essenciais, sim, para o crescimento econômico, mas são
insuficientes como parâmetro para o desenvolvimento, podendo promover relevantes
disparidades de renda interpessoais (à medida que não se comprometa com a taxa de
desemprego) e interregionais (em vista dos conhecidos padrões regionais de
especialização setorial).
Apesar da objetividade dos cálculos, muitos são os fatores que interferem nos
dois quocientes que produzem o produto per capita. No que tange ao cálculo de
produtividade, há o espectro de preços relativos, tecnologia adotada,. os métodos de
gestão e de qualidade, os salários pagos, as mudanças no perfil da demanda por
formação e qualificação profissional, concorrência e capacidade de inovação
tecnológica.
A taxa de emprego, por sua vez, depende do crescimento populacional, das
convenções que regulam as relações capital-trabalho, o mercado de trabalho e proteção
social, das características etárias e de gênero da população, além da escolaridade e
qualificação profissional.
A produtividade e as condições que a determinam são, contudo, cruciais ao
crescimento econômico. A variação do produto depende especialmente da
produtividade, enquanto o nível do produto depende dos gastos, especialmente, dos
12
investimentos. Considerando esta importância, fazemos uso da expressão abaixo que
denota a variação do produto, Y∆ , que é dada por:
Y∆ /Y= NNanKKakAA /// ∆+∆+∆ (2)
(a) (b) (c)
As variáveis K, N, A, ak e an são, respectivamente, capital fixo, emprego,
produtividade, elasticidade do produto com respeito ao capital e elasticidade do produto
com respeito ao trabalho. A equação (2) é conhecida como a equação contábil do
crescimento. O ganho de produtividade da economia é o resíduo da diferença entre:
NNanKKkAA //a-Y/Y // ∆−∆∆=∆ (3)
Fatores microeconômicos definem o componente (b) da equação (2). O mercado
de trabalho define (c), estabelecendo os salários. Retomando a equação (1), a expressão
de valores pela relação PIB/população ocupada é uma síntese de decisões empresariais
em função do meio competitivo e das condições de organização da relação capital-
trabalho.
O emprego, por outro lado, representa a capacidade da economia mobilizar os
recursos disponíveis. Seu oposto, o desemprego, tornou-se um dos principais males
mundiais, não apenas para as nações em desenvolvimento quanto em países
desenvolvidos. Mesmo nos países que possuem eficientes sistemas de garantias sociais,
como os da União Européia, o desemprego mostra-se um grave problema, pois
permanece a grande insatisfação depois de resolvida a questão material, visto que uma
parcela substancial da população se vê excluída do processo de reprodução social e os
jovens não vislumbram qualquer perspectiva para suas vidas.
Com tal desagregação, Dunford incluiu importantes variáveis que ficam ocultas
na relação PIB per capita, como preços relativos, produção física e lucratividade —
todas relacionadas à produtividade — e crescimento da população, tudo que regula a
relação capital/trabalho, mercado de trabalho e mecanismos de proteção social,
escolaridade, qualificação profissional — no que tange à parcela da população
empregada.
Dessa forma, Dunford (1996) explicitou importantes fatores envolvidos no
conceito de Produto, assim como indicado por Moldau (1998), possibilitando uma
melhor caracterização do desenvolvimento. Além disso, com tal desagregação, o autor
transformou um conceito derivado da noção de utilidade em um de bem-estar.
13
Ao considerarmos que no Brasil, a noção de população empregada guarda
diferenças cruciais com as medidas dos países em desenvolvimento, promovemos
alguns ajustes na decomposição de Dunford (1996).
A partir de dados disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), ampliamos as relações iniciais propostas em (1):
).(*).
(*).
.(*)
.(
e
PT
PEA
d
PEA
OcupP
c
OcupP
EmpP
b
EmpP
PIB
a
PT
PIB= (2)
Em que:
=PIB Produto Interno Bruto
=PT População Total
=EmpP. População Empregada (formal + informal)
=OcupP. População Ocupada
=PEA População Economicamente Ativa
)a =PT
PIBPIB per capita
)b =EmpP
PIB
.Produtividade do emprego
)c =OcupP
EmpP
.
. Grau de mobilização de recursos humanos
)d =PEA
OcupP. Taxa de ocupação
)e =PT
PEA Participação da população economicamente ativa na população total ou
População potencialmente capaz de gerar riqueza
Para facilitar o entendimento, o Quadro 1 abaixo possui a definição dos
conceitos de cada uma dessas variáveis.
Quadro 1 - Definição das variáveis utilizadas
Variável Definição Fonte
PIB – Produto Valor Agregado de todos os bens e serviços finais produzidos IPEA
14
Interno Bruto dentro do Território econômico do país, independente da nacionalidade dos proprietários das unidades produtoras desses bens e serviços.
População Total População existente naquele local no período de referência (365 dias).
IBGE – PNAD
População Economicamente Ativa (PEA)
Parcela da população, com mais de 10 anos de idade, que está ocupada ou busca ocupação durante o período de referência (365 dias).
É essa parcela da população que pode gerar riqueza. Parte dela realmente o faz (população Ocupada) e outra parte procura uma forma de fazê-lo (população desocupada).
PEA = Pop. Ocupada + Pop. Desocupada
IBGE – PNAD
População Ocupada É a parcela da população que realmente gera riqueza.
As pessoas ocupadas são divididas pelo IBGE em 8 categorias. São elas: Empregado, Trabalhador doméstico, Trabalhador por Conta Própria, Empregador, Trabalhador não remunerado membro da unidade familiar (que trabalha pelo menos uma hora para ajudar algum membro da família), Outro Trabalhador não remunerado (aprendiz, estagiário, por exemplo), Trabalhador na produção para consumo próprio (subsistência), Trabalhador na construção para uso próprio (trabalhador que construía edifícios e casas para uso próprio ou de familiar).
Pop. Ocupada = Empregados + Empregadores + Conta Própria + Trabalhador doméstico + Trabalhadores não remunerados + Trabalhador para consumo e construção própria.
IBGE – PNAD
População Empregada
Parcela da população que trabalha para um empregador, cumprindo uma jornada de trabalho e recebendo em contrapartida uma remuneração em dinheiro, mercadoria, produtos ou benefícios (moradia, alimentação, etc.). Os empregados foram classificados em: com carteira de trabalho assinada, militares e funcionários públicos e sem carteira assinada.
População Empregada = Emprego com carteira assinada + Emprego sem carteira assinada + Militares e Funcionários Públicos.
IBGE – PNAD
PIB per capita Relação entre o PIB e a população total do país. É o produto por habitante. É um indicador de desempenho econômico.
Elaboração Própria
Produtividade do emprego
Relação entre PIB e população empregada. Importante indicador de eficiência econômica, mostra quanto cada empregado geraria do PIB por ano.
Elaboração Própria
Grau de mobilização de recursos com emprego
Participação da população empregada na população ocupada. Mede quanto da população que gera riqueza o faz por meio do emprego, seja ele formal ou informal.
Elaboração Própria
Taxa de Ocupação ou Grau de mobilização de recursos disponíveis
É a relação entre a população Ocupada e a PEA. Mostra quanto da população que pode gerar riqueza realmente o faz. Ou seja, mostra de que forma a economia está aproveitando os recursos disponíveis.
Elaboração Própria
15
População potencialmente capaz de gerar riqueza
Relação entre PEA e a População Total. Como o próprio nome diz, mostra quanto da população pode gerar riqueza.
Elaboração Própria
Essa equação pode ser interpretada como a desagregação do PIB per capita em
produtividade, parcela dos recursos mobilizados com o trabalho, capacidade de
mobilizar recursos disponíveis e parcela da população potencialmente capaz de gerar
riqueza. Embora a desagregação seja semelhante à de Dunford, ambos resultam em
indicadores de produtividade e grau de mobilização de recursos. A PEA e a População
Ocupada foram incluídas na análise devido às mudanças ocorridas no Brasil.
A análise de Dunford (1996) foi feita para a economia européia, cujo perfil
populacional difere do brasileiro — ainda existe uma parcela considerável da população
brasileira que não tem idade para ser economicamente ativa, o que não ocorre na
Europa. Por outro lado, com a redução da taxa de natalidade e elevação da expectativa
de vida, a população brasileira deixou de ser constituída principalmente por crianças e
adolescentes para ser formada basicamente por adultos, pessoas essas aptas a gerar
riqueza. Isso também leva à análise de como as instituições brasileiras reagiram a tal
mudança.
A População Ocupada, por sua vez, permite observar a capacidade da economia
mobilizar os recursos disponíveis; em outras palavras, é a parcela da população capaz de
gerar riqueza que realmente o faz. Ora, se a economia mundial, embora mais produtiva,
não foi capaz de absorver a população que poderia estar empregada, a analise da
população ocupada permite observar se essa população passou a ocupar-se de outras
atividades que não o emprego.
A População Empregada, variável já usada por Dunford (1996), permite analisar
detidamente o mercado de trabalho. O cálculo do coeficiente OcupP
EmpP
.
. expressa a
parcela da população ocupada que está empregada. Diante das mudanças ocorridas na
última década na economia nacional, no mercado de trabalho, nas empresas, essa
variável permitirá observar se a capacidade de mobilizar recursos com o trabalho
mudou.
O reconhecimento das limitações do uso do PIB per capita como indicador de
desenvolvimento contribuiu para seu desmembramento em um produto de indicadores
de produtividade e mobilização de recursos humanos.
16
APLICAÇÕES DOS INDICADORES: uma ilustração
Os dados tratados oferecem uma perspectiva comparativa para três dimensões
geográficas: i) do país; ii) do Sudeste; iii) do Estado de São Paulo.
a) PIB per capita
A primeira relação da equação, entre o Produto Interno Bruto e a População
Total, refere-se ao Produto Interno Bruto per capita, o qual contribui para o
conhecimento do grau de desenvolvimento de uma determinada região.
Tabela 2 – Produto Interno Bruto per capita (em R$ de 2006) – 1995-2004 BRASIL SUDESTE Estado de São Paulo
1995 11.624,14 8.710 10.344 1996 11.721,35 8.738 10.311 1997 11.979,81 8.969 10.635 1998 11.824,67 8.803 10.484 1999 11.699,14 8.772 10.259 2001 11.604,98 8.570 9.779 2002 11.736,20 8.494 9.558 2003 11.695,65 8.248 9.243 2004 11.951,36 8.494 9.295
Fonte: Elaboração própria
O PIB per capita brasileiro apresentou um crescimento de cerca de 3% para o
período analisado, como mostra os dados da Tabela 2. A região Sudeste permaneceu
praticamente estável, enquanto o Estado de São Paulo registrou uma queda significativa
de 10%, evidenciando uma instabilidade quanto ao desenvolvimento dessa região.
Mesmo com essa queda no Estado de São Paulo, a região Sudeste continua sendo a
região que possui o maior PIB per capita, mas também é a região mais instável, pois
apresentou uma das menores taxas de crescimento devido às crises do fim da década de
1980.
b) Produtividade
A segunda relação da equação, entre o Produto Interno Bruto e a População
Empregada, refere-se à Produtividade do Emprego. Entretanto, veremos primeiramente
a relação entre o produto Interno Bruto e a População Ocupada, no qual se refere à
Produtividade Total.
Tabela 3 – Produtividade Total (em R$ de 2006) – 1995-2004 BRASIL SUDESTE Estado de São Paulo
1995 25.438,16 19.310,76 23.085,45
17
1996 26.591,83 19.837,61 23.501,14 1997 26.977,40 20.534,17 24.598,41 1998 26.743,30 20.446,63 24.445,31 1999 26.170,45 20.104,43 23.924,33 2001 26.048,74 19.351,61 22.006,07 2002 25.772,36 18.805,00 21.261,08 2003 25.676,15 18.314,45 20.672,92 2004 25.720,58 18.567,82 20.448,07
Fonte: Elaboração própria
A produtividade, um indicador bastante utilizado nas análises de crescimento
econômico, expressa a utilização eficiente dos recursos produtivos, tendo em vista
alcançar a máxima produção na menor unidade de tempo e com os menores custos. De
fato, devido à abertura comercial e incorporação do progresso técnico, houve um
crescimento da produtividade total no Brasil4. Porém, a região Sudeste e principalmente
o Estado de São Paulo, em virtude de sua reduzida taxa de crescimento no período
analisado, apresentaram uma queda na Produtividade Total.
Tabela 4 – Produtividade do Emprego (em R$ de 2006) – 1995-2004
BRASIL SUDESTE Estado de São Paulo 1995 49.661,48 32.248,55 36.320,09 1996 50.152,79 32.327,94 36.138,02 1997 51.747,92 33.894,40 38.221,59 1998 50.963,81 33.810,49 38.218,84 1999 50.964,84 33.821,81 37.784,29 2001 48.007,65 31.572,98 33.831,46 2002 47.495,96 30.682,58 37.724,35 2003 47.207,08 29.779,44 31.752,91 2004 46.592,45 29.276,39 30.378,72
Fonte: Elaboração própria
A Produtividade do Emprego representa quanto de cada empregado gera de
Produto Interno Bruto por ano. O aumento da produtividade do trabalho com o emprego
de novos equipamentos e especialização do trabalhador corresponde a um aumento da
exploração da mão-de-obra, isto é, o trabalhador produz em menor tempo o suficiente
para reproduzir o valor de sua força de trabalho, deixando ao empresário um maior
excedente de produção. A Produtividade do Emprego no país como um todo registrou
4 Esse crescimento da produtividade ocorreu de forma mais acentuada no início da década de 1990.
18
uma queda, sendo acompanhado, pelo mesmo ritmo, a região Sudeste e também o
Estado de São Paulo.
Diante destas três tabelas expostas até o momento, pode-se observar que o ritmo
de crescimento, em termos de produtividade, tanto do Brasil, como da região Sudeste e
Estado de São Paulo, é interrompido a partir de 1999, ano de crise e recessão econômica
do país.
c) Grau de Mobilização de Recursos com o Trabalho
A terceira relação da equação, entre População Empregada e População
Ocupada, refere-se ao Grau de Mobilização de Recursos com o Trabalho, que
corresponde à medida de quanto da população gera riqueza através do emprego, seja ele
formal ou informal.
Tabela 5 – Grau de Mobilização de Recursos com o Trabalho (em %) 1995-2004
BRASIL SUDESTE Estado de São Paulo SÃO PAULO 1995 51,22 59,88 63,56 66,11 1996 53,02 61,36 65,03 68,07 1997 52,14 60,58 64,36 67,60 1998 52,48 60,47 63,96 66,44 1999 51,35 59,44 63,32 65,81 2001 54,26 61,29 65,05 67,43 2002 54,26 61,29 64,97 65,62 2003 54,39 61,50 65,11 67,03 2004 55,20 63,42 67,31 68,37
Fonte: Elaboração própria
Analisando a tabela acima, constata-se que, para todas as regiões estudadas no
período em questão, mais da metade da população que gera riqueza é através do
emprego, sendo que no Estado de São Paulo esse número chega a 67% da população.
Para a população total do Brasil, houve um crescimento de 8% desse índice.
d) Taxa de Ocupação
A quarta relação, entre População Ocupada e População Economicamente Ativa,
refere-se à Taxa de Ocupação, também denominada como Grau de Mobilização de
Recursos Disponíveis.
19
Tabela 6 – Taxa de Ocupação (em %) – 1995-2004 BRASIL SUDESTE Estado de São Paulo SÃO PAULO
1995 93,92 93,25 92,30 91,61 1996 93,05 92,17 91,25 90,32 1997 92,18 91,03 89,67 87,44 1998 91,00 89,18 87,56 85,12 1999 90,37 88,81 87,36 84,19 2001 90,65 89,15 88,78 86,94 2002 90,84 89,17 88,47 86,54 2003 90,27 88,51 87,63 85,40 2004 91,10 89,46 88,75 85,99
Fonte: Elaboração própria
Podemos observar, através de uma análise da tabela acima é que, a maior parte
dos recursos está de fato sendo utilizada, isto é, mais de 90% da população ocupada, o
que significa dizer que a economia conseguiu absorver a maioria da População
Economicamente Ativa. Entretanto, observa-se também que houve uma redução dessa
absorção ao longo do período analisado para as quatro regiões estudadas. Uma
explicação para tal declínio foi o aumento contínuo da População Economicamente
Ativa e a incapacidade da economia acompanhar essa evolução tão rapidamente,
representando, portanto, um aumento na população desocupada no país como um todo.
e) População Potencialmente Capaz de Gerar Riqueza
A quinta e última relação, entre a População Economicamente Ativa e a
População Total, refere-se à População Potencialmente Capaz de Gerar Riqueza, que
mostra exatamente o quanto da população que pode realmente gerar riqueza, esteja ela
ocupada ou não.
Tabela 7 – População Potencialmente Capaz de Gerar Riqueza (em %) 1995-2004
BRASIL SUDESTE Estado de São Paulo SÃO PAULO 1995 48,66 48,37 48,55 48,11 1996 47,37 47,79 48,08 47,58 1997 48,17 47,98 48,21 48,18 1998 48,59 48,27 48,98 50,31 1999 49,47 49,13 49,09 49,23 2001 49,15 49,68 50,05 50,35 2002 50,13 50,66 50,81 51,92 2003 50,46 50,88 51,02 51,26 2004 51,01 51,14 51,22 51,55
Fonte: Elaboração própria
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Como se pode observar na tabela acima, houve uma elevação do número de
pessoas que são potencialmente capazes de gerar riqueza, tanto no Brasil como na
Região Sudeste, o Estado de São Paulo e também a sua capital, São Paulo. Isso se deve
ao fato de ter ocorrido uma modificação no perfil da população brasileira, que devido à
queda na taxa de natalidade e aumento da expectativa de vida, aumentou o número de
pessoas aptas a trabalhar, isto é, capazes de gerar riqueza. De qualquer forma, este
índice apresenta valores pequenos, em torno de 50%, e ainda sim, não são todas as
pessoas que estão ocupadas. Logo, o aumento gradativo desse índice significa que a
economia precisa encontrar alguma maneira de absorver tal contingente, em um
ambiente no qual o uso da mão-de-obra está cada vez mais escasso.
OBSERVAÇÕES FINAIS
A aplicação dos indicadores acima pode ser feita por regiões menores como
municípios e aglomerados populacionais. As preocupações com as inovações
tecnológicas e adaptação dos recursos humanos destacam a importância da
produtividade. Tendo-a como foco, as políticas educacionais por um lado, e de
qualificação, treinamento e adaptação por outro, dentro de uma região, passam a contar
com uma referência mais apropriada.
As medidas de mobilização de recursos humanos podem ser combinadas com as
faixas de rendimentos, o que permitiria uma observação detalhada da tipologia de oferta
de recursos humanos e sua inserção dentro de uma dinâmica econômica.
Esse grupo de indicadores fomenta a discussão sobre desenvolvimento e seus
determinantes. Apesar da abrangência desses indicadores eles são comparáveis entre
regiões do Brasil, possuem clareza, são de fácil obtenção e comparáveis
internacionalmente.
As dimensões das variáveis em cada região devem ser comparadas com
ponderações. Entendemos, por este estudo, que uma dimensão do desenvolvimento
relacionada ao grau de mobilização de recursos e a produtividade fornece as condições
necessárias para a elaboração de um diagnóstico e permite que sejam internalizados no
processo de decisão na administração pública, dentro do horizonte temporal relevante.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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