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LUIZ ANTONIO AGUIAR
UMA GAROTA BONITA Lúcia é uma das meninas mais bonitas da escola.
E também uma das mais escandalosas. Ela e seu namorado, Daniel, se gostam bastante, mas agora que estão lendo Luc’ola, ela resolve brigar quan-do o garoto diz que as prostitutas são mulheres de “vida fácil”. O que Lúcia e Daniel nem imaginam é que esse preconceito que paira sobre as prostitutas não é ficção do século passado: Camélia, a mãe de Lúcia, foi prostituta quando jovem – e agora é chantageada por uma mulher que ameaça alar-dear sua história aos quatro ventos.Será que Lúcia aceitaria a verdade? Como todos tratariam Camélia se soubessem? No meio desse complexo dilema, as palavras de José de Alencar vão ajudar Camélia e Lúcia a refletirem sobre suas vidas e de tantas outras mulheres.
Os costumes da sociedade brasileira do século XIX são pano de fundo para o romance entre a mais famosa corte-sã do Rio de Janeiro e um rapaz recém-chegado à cidade. Em Luc’ola, José de Alencar criou uma heroína que desa-fiou a moral burguesa e os preconceitos da época.
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UMA LEITURA DE
JOSÉ DE ALENCAR
LUCÍOLA
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LUIZ ANTONIO AGUIAR
Nasceu no Rio de Janeiro. Desen volve múltiplas atividades, todas elas ligadas às palavras. Para começar, publicou mais de noventa livros, entre infantis e juvenis, muitos dos quais premiados. Além disso, é redator, tradutor, roteirista de quadrinhos (adaptou obras consagradas para a coleção Clássicos Brasileiros em HQ da Ática) e professor em oficinas de criação literária. Mestre em literatura brasileira pela PUCRJ, estuda a obra de Machado de Assis, sobre o qual tem vários artigos publicados. Luiz Antonio faz parte da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil.
Joana M
illiet
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UMA GAROTA
BONITALUIZ ANTONIO AGUIAR
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Uma garota bonita© Luiz Antonio Aguiar, 2007
Conforme a nova ortografi a da língua portuguesa
Gerente editorial Claudia MoralesEditor Fabricio WaltrickEditor assistente Emílio Satoshi HamayaEstagiária Ana Luiza CandidoColaboradora Malu RangelPreparador Agnaldo HolandaSeção “Outros olhares” Juliana de Souza TopanCoordenadora de revisão Ivany Picasso BatistaRevisora Alessandra Miranda de Sá
ARTEEditor Vinicius Rossignol FelipeDiagramadora Thatiana KalaesEditoração eletrônica Studio 3 e Iris PolachiniPesquisa iconográfi ca Sílvio Kligin (coord.) Ilustrações Rogério Soud Samuel Casal (caricatura)
ISBN 978 85 08 13471-7 (aluno)Código da obra CL 737335 CAE: 262107
20172a edição4a impressãoImpressão e acabamento:
Todos os direitos reservados pela Editora Ática S.A.Avenida das Nações Unidas, 7221Pinheiros – São Paulo – SP – CEP 05425-902Atendimento ao cliente: (0xx11) 4003-3061 – atendimento@aticascipione.com.brwww.aticascipione.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
A23g2.ed.
Aguiar, Luiz Antonio, 1955- Uma garota bonita / Luiz Antonio Aguiar; [ilustrações Rogério Soud]. - 2.ed. - São Paulo : Ática, 2010. 136p. : il. - (Descobrindo os Clássicos)
Contém suplemento de leitura Inclui apêndice ISBN 978-85-08-13471-7
1. Família - Literatura infantojuvenil. 2. Maturidade - Literatura infantojuvenil. 3. Novela infantojuvenil brasileira. I. Soud, Rogério, 1967-. II. Título. III. Série.
10-2010. CDD: 869.93 CDU: 821.1343(81)-3
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O PRECONCEITO ATRAVÉS DOS SÉCULOS
Lúcia é uma garota de 16 anos que ganhou o apelido de
“escandalosa” na escola onde estuda. E não à toa: ao com-
pletar três meses de namoro, ela se joga em cima de Daniel,
enchendo-o de beijos na frente de todo mundo. Peninha,
amigo do garoto, acha que ela é muito atirada e bonita até
demais. E seu Donato, pai de Daniel, que já não gosta de
Camélia, mãe de Lúcia, acha a menina “uma assanhada”. Mais
que isso, pensa que Camélia e Lúcia estão interessadas na po-
sição de Daniel; afinal, seu Donato é dono da padaria do
bairro. Já dona Carmem, mãe do garoto, acredita que Camé-
lia é uma ótima pessoa. Mas não tem coragem de rebater as
opiniões do marido e cala-se, submissa...
Portanto, não é todo mundo que parece querer a felicidade
do casal; mas Lúcia não está preocupada com isso. Já o com-
portamento estranho de sua mãe, a quem Lúcia surpreende
olhando fixamente para a capa de Lucíola, com uma lágrima
escorrendo pelo rosto, a preocupa de verdade. Lúcia nem
desconfia que a mãe guarda um grande segredo: quando
jovem, ela foi prostituta. Só que um encontro inesperado
com Dalva, outra prostituta, traz à tona o inferno que Camé-
lia gostaria de esquecer. Mas Dalva não quer deixar nada no
esquecimento: chantageia Camélia, ameaçando contar seu
passado para todos.
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O livro em que Camélia fixa desesperadamente o olhar, Lucíola, está sendo lido por sua filha. A narrativa escrita por José de Alencar em 1862 continua atual. É isso que o pro-fessor José Henrique mostra aos alunos: eles conversam sobre como a prostituição era abordada no século XIX e refle-tem como ela é tratada agora. Lúcia percebe que, na época de Alencar, as prostitutas eram indignas de amar, ser amadas e ser felizes. E as coisas não parecem ter mudado tanto... ou mudaram?
Camélia, por sua vez, sente-se perdida, sem rumo. Mas, depois de relembrar toda a luta para mudar de vida, ela decide ligar para Dalva e dizer que não vai pagar por seu silêncio.
Você deve estar se perguntando se Lúcia aceitará o passado da mãe. E como Donato e Carmem tratarão Camélia. E se o namoro de Lúcia e Daniel vai resistir.
Mas não vamos estragar sua surpresa, contando agora. É só virar a página e, de quebra, se encantar com a saga da per-sonagem Lucíola, protagonista do livro de José de Alencar, tão tocante, romântica e reflexiva como só as boas personagens sabem ser.
Os editores
Os trechos de Lucíola foram extraídos da edição publicada pela Ática na série Bom Livro, 26a edição (cotejada com a edição crítica do Instituto Nacional do Livro).
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SUMÁRIO
1 O lampiro noturno .................................................. 11
2 Que raivem os moralistas! ....................................... 17
3 Escandalosa .............................................................. 22
4 Um perfil de mulher ................................................ 26
5 O labirinto do passado ............................................ 34
6 Sem reticências ........................................................ 38
7 Mulher da vida ......................................................... 53
8 Um sorriso no deserto da existência ...................... 58
9 “Os outros não deixam...” ....................................... 67
10 Românticas ............................................................... 70
11 Perdida ..................................................................... 85
12 Lúcia, a falecida ....................................................... 89
13 Anjos do lodo .......................................................... 101
14 Sobre a possibilidade da bem-aventurança na Terra 115
15 “Recebe-me...!” ......................................................... 119
Outros olhares sobre Lucíola ................................... 125
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– Quem é esta senhora? perguntei a Sá.
A resposta foi o sorriso inexprimível, mistura de sar-
casmo, de bonomia e fatuidade (...)
– Não é uma senhora, Paulo! É uma mulher bonita.
Queres conhecê-la?...
Lucíola, de José de Alencar
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• 1 •
O lampiro noturno
O despertador na mesinha ao lado da cama de Lúcia já es-
tava no quarto estágio do toque de despertar. O primeiro equiva-
lia a alguma coisa do tipo Bom dia, querida. Vamos acordar?. O
segundo era algo como Ei, eu disse... BOM DIA! Levanta!. O ter-
ceiro, já impaciente, era do tipo Garota! Não adianta me ignorar!
Abra os olhos!. E o quarto era o Ah, é? Foi você quem pediu!...!!!.
Ainda havia os estágios cinco, seis e sete.
Até o sétimo, ela jamais havia resistido.
Diziam as lendas que era de doer! Malvado de verdade!
Mas, naquela manhã, o estágio quatro fora o bastante
para Lúcia abrir os olhos de repente, bem brilhantes. Isso por-
que uma lembrança de que dia era aquele conseguiu passar
pelo bloqueio de sonolentas nuvens e penetrar em seus pen-
samentos logo no primeiro instante de retorno dos sonhos.
Era o dia em que ela e Daniel faziam três meses de namoro.
E, ainda mais numa história de namoro como a deles, isso
tinha de ser bem comemorado.
Lúcia esticou a mão, apertou a tecla no topo do desperta-
dor (“Cala a boca, chato!”) e o bicho-bravo-saltitante imediata-
mente se aquietou. Com um sorriso malandro no rosto, Lúcia
agarrou o celular de cima da mesinha e o abriu.
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