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Juventude e Protagonismo juvenil
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UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO
Luana Rodrigues
JUVENTUDE E PARTICIPAO SOCIAL:
ESPAO DE LUTAS E CONQUISTAS
Passo Fundo
2014
Luana Rodrigues
JUVENTUDE E PARTICIPAO SOCIAL: ESPAO
DE LUTAS E CONQUISTAS
Trabalho de Concluso de Curso apresentado na
Faculdade de Educao da Universidade de Passo
Fundo, como pr-requisito para obteno do ttulo
de bacharel em Servio Social sob a orientao da
prof. M. Angela Diana Hechler.
Passo Fundo
2014
Luana Rodrigues
JUVENTUDE E PARTICIPAO SOCIAL:
ESPAO DE LUTAS E CONQUISTAS
Trabalho de Concluso de Curso apresentado na
Faculdade de Educao da Universidade de Passo
Fundo, como pr-requisito para obteno do ttulo
de bacharel em Servio Social sob a orientao da
prof.M. Angela Diana Hechler.
Aprovado em 12 de dezembro de 2014.
Banca Examinadora
______________________________________
Prof. M. Angela Diana Hechler UPF
______________________________________
Prof. Me. Frederico dos Santos - UPF
_________________________________________
Prof. M. Lizandra H. Passamani - UPF
AGRADECIMENTOS
Agradeo primeiramente a Deus,
por estar comigo todas as horas me protegendo.
Faculdade de Educao da UPF,
pela oportunidade de encontros e aprendizagens.
Aos colegas de faculdade,
principalmente os colegas Juliana, Pmella e Maikon
por todas as ajudas, companheirismo e apoio.
Aos professores,
principalmente minha professora orientadora Angela D. Hechler, por acreditar em
possibilidades... por me fazer pensar o Servio Social a partir de outros olhares!
Ao meu primo amado Luciano Rodrigues, in memria,
por ter sido meu irmo, por ter me proporcionado muitas alegrias enquanto esteve aqui.
minha amada v Dica, in memria,
por ter dispensado todo o amor e carinho, apoio e compreenso e que eu irei amar
eternamente.
Ao Advan,
companheiro de todas as horas que me faz ir alm, pensar, sonhar e
querer...
Aos meus amados pais,
por no medirem esforos para que eu pudesse estar realizando esse
sonho. A eles o meu amor!
Muito Obrigado!
Dedico esse trabalho aos jovens que com sua garra,
e seus questionamentos, e desejo de mudana,
instigaram em mim, o desejo de pesquisar sobre o
protagonismo juvenil e a todos que de uma maneira
ou de outra contriburam para o meu
desenvolvimento pessoal e profissional.
RESUMO
O trabalho de concluso de curso apresentado sustenta-se nas discusses referentes a
renovao das formas de participao social dos jovens principalmente atravs do
protagonismo juvenil que aponta para a atuao dos jovens como sendo agentes principais de
um processo de mudana societria por meio de uma participao social construtiva, baseada
nos princpios da cidadania. Com relao ao tema de pesquisa este parte de investigaes que
procuraram compreender de que maneira o protagonismo juvenil mobilizado por meio das
experincias de jovens relatadas por autores poderia estar contribuindo pra o enfretamento das
desigualdades sociais. Os objetivos perseguidos tiveram a finalidade de identificar que
influncias essas representaes podem trazer para esses jovens, no intuito de contribuir para
uma mudana em seu entorno social. A pesquisa nasce da experincia de estgio que se deu
com um grupo de adolescentes participantes dos programas da Assistncia Social Diocesana
Leo XII, do municpio de Passo Fundo - RS, com relao ao percurso metodolgico esse
caracterizou-se por ser uma pesquisa de cunho bibliogrfico, com abordagem qualitativa e
carter exploratrio descritivo, analisada pela tcnica de anlise de contedo. O mtodo
utilizado foi o dialtico crtico onde so consideradas a historicidade, contradio e totalidade
que so fundamentais para investigar e refletir as relaes que permeiam o contexto social
desses adolescentes. Os dados obtidos foram analisados atravs de quatro categorias de
anlise: Participao social, direitos humanos, construo coletiva e incluso social. As
categorias analisadas apontam para o protagonismo juvenil como possibilidade de
enfrentamento das desigualdades sociais atravs da participao social coletiva dos jovens,
onde os mesmos aprendero valores e princpios que reafirmam e fortalecem a prtica dos
direitos humanos, possibilitando sua incluso social e exerccio da cidadania. Apresenta-se a
partir disso, as consideraes finais que indicam a efetivao da participao social dos jovens
atravs de prticas de protagonismo juvenil. Contudo, essas prticas s sero construdas por
meio de um processo de aprendizado lento e gradativo, aliado a essa discusso a contribuio
que o Servio Social poder proporcionar, dialogando e intervindo junto a juventude por meio
do protagonismo juvenil.
Palavras chave: Protagonismo Juvenil, Participao Social, Cidadania, Direitos humanos,
Incluso Social, Servio Social.
SUMRIO
INTRODUO ........................................................................................................................ 8
1 JUVENTUDE E PARTICIPAO SOCIAL ............................................................ 10
1.1 A Categoria Juventude e sua contribuio para a participao social .................... 10
1.2 A juventude como Categoria Social: Breves notas conceituais ................................. 10
1.3 Resgate Histrico da Participao Social da Juventude a partir da dcada
de 60. ............................................................................................................................... 12
1.4 Juventude e Participao Social: Mudanas a partir da dcada de 90. ................... 16
1.5 Juventude e Participao Social: Marcos Legais e Aes Governamentais
relacionadas Juventude a partir da dcada de 1990. .............................................. 18
1.6 Protagonismo juvenil e Participao social: Percursos e definies ........................ 21
1.7 Protagonismo Juvenil: Experincias com Jovens do Centro de Juventude Jos
Alexandre Zachia-PF/RS .............................................................................................. 24
2 ASPECTOS METODOLGICOS DA PESQUISA .................................................. 34
2.1 A importncia do Protagonismo Juvenil no enfrentamento das desigualdades
sociais .............................................................................................................................. 34
2.2 Percursos Metodolgicos da Pesquisa ......................................................................... 34
2.3 Coleta de dados .............................................................................................................. 38
2.4 Anlise de dados coletados na Pesquisa ...................................................................... 40
2.5 Espaos de Efetiva Participao Social ....................................................................... 42
2.6 Fortalecimento dos Direitos Humanos ........................................................................ 45
2.7 Construo Coletiva ...................................................................................................... 51
2.8 Incluso Social ............................................................................................................... 61
3 CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 66
4 REFERNCIAS ............................................................................................................ 70
ANEXOS.................................................................................................................................. 79
8
INTRODUO
Esse trabalho de concluso de curso, se constitui em um estudo sobre a renovada
modalidade de participao social da juventude baseada no Protagonismo Juvenil, que nasce
das consideraes de Antnio Carlos Gomes da Costa, pedagogo e principal autor a tratar
desse assunto, buscando preparar o jovem para exercer sua cidadania, desenvolvendo-os
pessoal e socialmente, por meio de prticas educativas onde sero estabelecidos dilogos e
onde exercida a democracia. Partindo dessa premissa, o jovem pode exercitar sua atuao
poltica medida que se insere em seus grupos, comunidades participando, opinando,
apresentando solues em prol daquele espao no qual fazem parte.
Nessa perspectiva, iniciaremos nossa discusso no primeiro captulo, tecendo algumas
consideraes sobre a temtica da juventude e elencando algumas definies a respeito desse
segmento da populao, buscando evidenciar a juventude no apenas como uma fase da vida,
e sim, como categoria social, alm de fazermos uma breve contextualizao histrica sobre
sua participao social em meados da dcada de 60 onde enfatizamos sua importncia no
processo de luta pela garantia de direitos coibidos pelo regime opressor da Ditadura Militar.
Posteriormente, iremos discorrer sobre as mudanas na participao da juventude
nesse cenrio a partir da dcada de 90, aps o processo de redemocratizao do pas, alm de
tratar dos marcos legais que vieram a contribuir para efetivar os direitos da juventude,
principalmente no campo das polticas pblicas. E para melhor compreendermos sobre os
termos participao social e de protagonismo juvenil, iremos trazer alguns conceitos
considerando que os referidos termos so complementares e que esto diretamente
relacionados, e para finalizar o captulo trataremos de experincias durante o processo de
estgio curricular, que se deu na Assistncia Social Diocesana Leo XIII, no municpio de
Passo Fundo.
No segundo captulo, ser apresentado o tema pesquisado com vistas a compreender,
de que maneira o Protagonismo Juvenil poder contribuir para o enfrentamento das
desigualdades sociais vivenciadas pelos jovens, por meio de um estudo exploratrio-
descritivo caracterizado por ser uma pesquisa bibliogrfica, de abordagem qualitativa, o
mtodo empregado foi o dialtico crtico possibilitando analisar, conhecer e refletir sobre as
formas de participao atravs das prticas do protagonismo juvenil e quais as possibilidades
de mudana no contexto social dos jovens.
Para efeito da coleta e anlise dos dados, foram considerados os relatos dos autores
sobre as experincias de participao dos jovens na perspectiva do protagonismo juvenil,
9
igualmente as experincias no campo de estgio, bem como a metodologia de trabalho
adotada para tal finalidade. Por fim, identificamos que as formas de participao relatadas se
efetivam e caracterizam-se como prticas de protagonismo juvenil, reconhecendo as
potencialidades dos jovens como verdadeiros protagonistas, que esto dispostos a lutar pelos
seus direitos.
Essa construo se d, medida que so oportunizados aos jovens estar dentro dos
espaos pblicos formais e informais (grupos, escola, programas, projetos e polticas
pblicas) dessa forma, possvel promover a incluso social dos jovens, a fim de contribuir
para uma efetiva mudana na sua perspectiva de vida. Contudo, essa construo se constitui
de maneira lenta e gradativa, por meio de muito esforo e dedicao por parte de todos os
envolvidos nesse processo.
Partindo dessa compreenso, entendemos que essa seria uma possibilidade do
profissional Assistente Social estar intervindo, nesses espaos, principalmente no mbito
escolar onde h maiores possibilidades de se efetivarem experincias de protagonismo
juvenil,pelo fato de o protagonismo juvenil surgir das consideraes do pedagogo (Costa) e
por seguirmos suas consideraes acreditando que atravs da escola o jovem ir aprender
valores, crenas e desenvolver aes que iro contribuir para formar pessoas com maior
autonomia, solidrias que iro respeitar as diferenas, que tero uma conscincia crtica sobre
o seu entorno social e que podero superar a segmentao social a qual esto submetidas.
Nesse sentido, o Assistente Social tendo como aliado o protagonismo juvenil, poder
desmistificar o olhar de que a escola um lugar exclusivo de professores, pois
compreendemos que a prtica do Assistente Social parte de um vis educativo. Dessa forma o
Assistente Social estaria realizando um trabalho interdisciplinar juntamente com os
professores trabalhando questes relacionadas no apenas a educao em si, mas a educao
voltada para o ser cidado.
Por fim, o protagonismo juvenil surge como possibilidade de interveno em uma
dada realidade e no como soluo para todos os problemas, pois a soluo depende da
contribuio de todos, inclusive dos Assistentes Sociais que estaro assumindo um
compromisso tico-poltico estimulando nos jovens o desejo de participar, de maneira crtica e
consciente, conhecendo as questes polticas e sociais tanto de sua comunidade, cidade,
estado e pas.
10
1 JUVENTUDE E PARTICIPAO SOCIAL
1.1 A Categoria Juventude e sua Contribuio para a Participao Social
No presente captulo, iremos explanar sobre a temtica relacionada juventude
enquanto categoria social. Parte-se do discurso que o senso comum tem sobre a juventude,
como apenas uma fase da vida ou faixa etria. Em oposio a essa idia, autores como
Groppo(2000), Souza(2004),Oliveira(2009),afirmam que a juventude deve ser definida como
categoria socialmente construda, o que significa dizer que a juventude deve ser vista alm da
tica relacionada a apenas uma faixa etria ou grupo.
Nesse sentido os jovens acabam por ser atingidos por fatores histricos, estruturais e
conjunturais que determinam as vulnerabilidades e as potencialidades das juventudes
(NOVAES, 2007,p.2). Dividimos a contextualizao histrica da participao social dos
jovens em dois momentos: o da participao social da juventude a partir da dcada de 60 que
a caracteriza por representar a revolta contra o regime opressor da ditadura militar e por
ganhar notoriedade por contribuir para as mudanas sociais naquela poca e a segunda a partir
da dcada de 90 considerando as mudanas e por representar o perodo de efetivao da
democracia, com o fim da ditadura militar. Cabe salientar, entretanto, que em nosso estudo
no faremos comparaes relacionadas ao engajamento dos jovens da dcada de 60 e a
juventude atual, mas sim, entre os diferentes contextos histricos em que foram construdos.
Posteriormente iremos contextualizar historicamente os marcos legais que configuram
os parmetros de tratamento destinados aos jovens pelo Estado e sociedade. Em seguida
faremos uma breve discusso sobre os temas protagonismo juvenil e participao
considerando a relao entre eles, e por fim, sero feitas algumas consideraes a respeito da
experincia vivenciada com os jovens durante o processo de estgio e o desejo de pesquisar
sobre o tema protagonismo juvenil.
1.2 A juventude como Categoria Social: Breves notas conceituais
Dando incio a nossa discusso pertinente que faamos uma sucinta contextualizao
a fim de compreender alguns aspectos importantes que caracterizam a juventude e que iro
nortear o nosso estudo.
11
A juventude uma classe de idade, no sentido de que est presente em todas as classes sociais, mas que transitria, ou seja, se renova perpetuamente, j que os
indivduos s sero jovens durante algum tempo. Alm disso, a cultura juvenil, ao
mesmo tempo em que refora o carter individualizante de seus smbolos e valores,
tambm promove a solidariedade e alimenta um sentimento de grupo. (MORIN,
2006)
Nesse sentido o primeiro aspecto est relacionado concepo que a sociedade tem
sobre a juventude, ao mesmo tempo em que a juventude vista como categoria social,
tambm se depara com paradigmas que visualizam a juventude causadora de problemas.
Constata-se que essas concepes acabam por descredibilizar e reduzir a capacidade do jovem
de ser agente responsvel na conduo de sua prpria vida.
Outro aspecto est relacionado s ideias recorrentes de que a juventude apenas uma
faixa etria, entretanto a juventude, no deve ser simplesmente resumida idade, como afirma
Souza (2004, p.49) a idade no , ento, somente um conjunto de anos que se vai agregando
num processo linear, mas determina expectativas e comportamentos[...]. Deve-se pensar a
juventude como um processo de experincia e de formao de valores que iro possibilitar ao
jovem construir a sua prpria identidade.
Quando nos referimos faixa etria podemos observar que de acordo com o pargrafo
1 da Lei n 12.852, de 05 de agosto de 2013 que institui o Estatuto da Juventude, considera-
se jovem as pessoas entre 15 e 29 anos de idade, j na Lei n8.069, de 1990 que institui o
Estatuto da Criana e do Adolescente considera adolescente (jovem) os indivduos entre 12 e
18 anos, no entanto, esses critrios de idade no so o suficiente para definir um segmento da
populao que embora seja uma fase da vida marcada por caractersticas universais, a forma
como cada grupo social representa e convive com essas caractersticas muito
diversificada.(PNJ,2011,p.83)
Para Abad (2003 apud OLIVEIRA,2009,p.35) no podemos tratar a juventude como
um segmento homogneo, segundo os autores seria um equvoco na medida em que
vislumbra, para isso, problemas comuns, relacionados a uma fase especfica da vida, ou
quando a realidade demonstra que as condies sociais e culturais, bem como as relaes de
gnero influem na maneira como cada sociedade representa e lida com esse grupo
etrio.(PERALVA,1997 apud OLIVEIRA,2009,p.35)
Existe tambm a questo da juventude ser vista apenas como uma fase da vida da
passagem da criana/adolescente/adulto. No entanto, a juventude se caracteriza tambm por
outros processos onde o sujeito ir construir um equilbrio emocional maior e adquirindo
12
experincias de vida, construo da sua autonomia perante a famlia e a sociedade, alm da
construo de valores e afirmao de sua identidade.
Para o jovem, a busca da idade adulta exemplifica essa tenso entre o auto-
reconhecimento e o ser reconhecido, no esquecendo, [...] a necessidade que se tem
de afirmar a diferena enquanto indivduo ou grupo.[ ],Considerando quatro plos
de nossa identidade: a identificao que ns operamos, a identificao por parte dos
outros, a diferena como ns afirmamos e a diferena como nos reconhecida pelos
outros. Assim, ningum constri sua identidade sozinho, independente do olhar do
outro. A identidade , antes de tudo, uma aprendizagem constante que liga
continuidade e mudana, estabelecendo entre ambas um processo relacional que
distingue e une o indivduo. (MELUCCI ,1992 apud SOUZA, 2004,p.55-56)
A desnaturalizao do olhar para alm da palavra juventude, faz-se necessrio para
facilitar a clara percepo da realidade,
Esse era o treino que gostaria de propor que a juventude fosse principalmente olhada
em torno de dois eixos semnticos: como aparente unidade (quando referida a uma
fase de vida) e como diversidade (quando esto em jogo diferentes atributos sociais
que fazem distinguir os jovens uns dos outros). De fato, quando falamos de jovens
das classes mdias ou de jovens operrios, de jovens rurais ou urbanos, de jovens
estudantes ou trabalhadores, de jovens solteiros ou casados, estamos a falar de
juventudes em sentido completamente diferente do da juventude enquanto referida a
uma fase de vida. (PAIS, 1990,p.164).
Sendo assim necessrio que possamos analisar a juventude, buscando no se limitar
apenas a determinados pontos que venham caracterizar o que seria juventude, mas sim,
consider-la como categoria social, considerando que as diferentes formas de insero dos
jovens dependem das origens histricas, sociais, bem como as de classe, s assim possvel a
compreenso acerca das diferentes construes relacionadas juventude e como elas se
manifestam nos dias atuais.
Dessa forma importante que faamos algumas consideraes sobre a importncia da
historicidade da juventude que serviro de base para essa construo e sero apresentados a
seguir.
1.3 Resgate Histrico da Participao Social da Juventude a partir da dcada de 60.
A participao social dos jovens foi ao longo dos anos sendo construda por meio de
lutas e conquistas, sendo assim pertinente que faamos uma breve retrospectiva dos fatos,
visando entender como se deu a construo histrica das conquistas da juventude neste
cenrio partindo da dcada de 60 at os dias atuais.
13
A partir da dcada de 60 e 70 podemos afirmar uma decisiva participao dos jovens
brasileiros nos movimentos estudantis que insatisfeitos com a maneira pela qual o pas estava
sendo conduzido uniram foras para reivindicar seus direitos principalmente por meio da
Unio Nacional dos Estudantes.1
No Brasil, a importncia do movimento estudantil acompanha a trajetria de sua
entidade mxima, a UNE. Da luta contra o Estado Novo campanha pelo petrleo,
atuao cultural, ao enfrentamento da ditadura militar e participao na fase de
consolidao democrtica, a UNE esteve sempre presente na poltica brasileira.
(ARAJO, 2007,p.18)
Os movimentos juvenis tiveram destaque no apenas em nosso pas, mas em todo o
mundo, fazendo com que a dcada de 60 fosse considerada um marco de transformaes
sociais e culturais, ganhando lugar na histria. Nessa poca a participao juvenil se
intensificou para lutar contra o regime opressor da Ditadura Militar defendendo mudanas
sociais profundas em nosso pas.
No Brasil, particularmente neste momento que a questo da juventude ganha maior
visibilidade, exatamente pelo engajamento de jovens de classe mdia, do ensino
secundrio e universitrio, na luta contra o regime autoritrio, atravs de
mobilizaes de entidades estudantis e do engajamento nos partidos de esquerda;
mas tambm pelos movimentos culturais que questionavam os padres de
comportamento. (ABRAMO,2007,p.82)
Durante esse perodo a participao dos jovens se estendia aos movimentos sociais e
polticos em especial os considerados como de esquerda2.
A imagem do jovem foi moldada sob a ptica do idealismo, da generosidade,
criatividade ousando sonhar e se comprometer com uma mudana social.
(ABRAMO,2007,p.82). No entanto, nem todas as juventudes estavam envolvidas aos
movimentos ou mesmo estavam comprometidas com as causas sociais e polticas do pas,
muitos eram conservadores e permaneciam indiferentes diante dessas lutas.
1A UNE foi fundada em 1937, estando presente nos principais acontecimentos polticos e sociais do Brasil.
Desde a luta de desenvolvimento nacional, a exemplo da campanha do petrleo, lutando contra o regime
opressor da Ditadura Militar at as Diretas J e o impeachment do presidente Collor. 2 O uso das categorias esquerda e direita para indicar preferncias polticas remonta Revoluo Francesa a
reunio dos Estados Gerais, no final do sculo XVIII. Delegados identificados com igualitarismo e reforma
social sentavam-se esquerda do rei; delegados identificados com aristocracia e conservadorismo, direita. A
distino original entre defesa da ordem ou da mudana correspondia a uma disposio espacial e ao longo do
sculo XIX na Europa a distino entre esquerda e direita passa a ser associada com a distino entre liberalismo
e conservadorismo.Com a expanso do movimento operrio e a difuso da perspectiva marxista o contedo da
posio de esquerda passa a incorporar a defesa dos interesses da classe proletria. Com os debates da social-
democracia no final do sculo XIX e a revoluo russa de 1917, a defesa do capitalismo desloca a burguesia para
a direita. Disponvel em:.
Acesso em: 02 set. 2014.
14
O ano de 1968 foi marcado por grandes transformaes em nosso pas e a juventude
mais uma vez teve papel principal nesse processo, ficando conhecida como a Gerao 68
destacando-se pelo seu carter reivindicativo, tornando-se protagonista de uma insatisfao
nacional. A Gerao 68 ficou sendo conhecida como tal pelas marcas, atitudes e vises de
mundo da juventude naquele momento. (COELHO;SANTANA,2010,p.289).
Ainda nesse mesmo ano ocorreu uma passeata fnebre fruto da indignao pelo
assassinato de dois estudantes3 no Rio de Janeiro e posteriormente ocorreu a Marcha dos 100
mil.4
Conforme j mencionado o pas passava por um momento de represso causada pela
Ditadura Militar. Consequentemente a sociedade civil descontente reivindicava pelos seus
direitos, partindo disso, que surgem as organizaes tendo como lderes, participantes e
militantes pessoas muito jovens.
As mudanas na esfera social, econmica e poltica que foram decorrentes desse
movimento histrico conforme Cardoso (2005,p.94) caracterizaram-se pela transgresso aos
padres e valores estabelecidos na poca, padres que eram baseados na violncia e valores
que conservavam o funcionamento do sistema. Entretanto, a autora enfatiza que essa
transgresso no foi negativa, pois caracterizou-se por ser um movimento que nega valores
estabelecidos mas que na sua face positiva se lana no risco da afirmao de novos valores.
Ainda a mesma autora expe que o termo movimento seria a projeo para um dado
futuro, projetando ideias de liberdade e que tinham em comum o questionamento da situao
presente e o objetivo de uma transformao social.
Compartilham da mesma opinio Abramo(2007 apud HELMER;CALIARI;
MANFROI, 2008,p.4) quando afirmam que a juventude era considerada rebelde, contudo essa
rebeldia fora transformada e assimilada de forma positiva.
No entanto, no incio da dcada de 80 com a transio de um governo opressor e
autoritrio para um governo democrtico, a mesma juventude que fora considerada smbolo
3 No dia 28 de maro de 1968, o estudante paraense Edson Lus, com apenas 18 anos, era assassinado pelo
regime militar no restaurante estudantil Calabouo, no Rio de Janeiro. Na poca, os estudantes organizavam
uma passeata para protestar contra o alto preo e a m qualidade da comida servida no restaurante. A Polcia
Militar, que outras vezes j havia reprimido os estudantes no local, chegou ao restaurante com muita
represso. Na invaso, cinco jovens ficaram feridos e dois foram mortos. Um foi Benedito Frazo Dutra, que
morreu no hospital, o outro foi Edson, que levou um tiro covarde no peito, queima-roupa, de uma arma
calibre 45. Disponvel em: . Acesso em: 02 de
set.2014. 4 Realizada no dia 26 de junho de 1968no Rio de Janeiro, constituiu o ponto mais alto do processo de luta de
massas desencadeado trs meses antes, ao influxo da indignao provocada pela truculncia assassina da
represso policial. Disponvel em: . Acesso em: 02 set. 2014.
15
de transformao social, passa nesse momento a ser taxada de aptica, segundo os autores,
desaparecendo da cena pblica.
[...] apesar da juventude estudantil ter tido,[...] destacada presena em prol dos
processos de democratizao e combate s estruturas conservadoras [...] houve a
partir dos anos 80 o enfraquecimento desses atores estudantis [...] levando ao
desaparecimento da juventude da cena poltica, erigindo aquelas formas de atuao
antes suspeitas a modelos ideais de atuao, frente aos quais todas as outras
manifestaes juvenis aparecem como desqualificadas para a poltica.
(ABRAMO,2007, p.27)
Em oposio ideia de apatia Butler e Princeswal (2012) apontam para alguns
motivos que acabaram por dificultar a participao dos jovens,
A aparente apatia dos jovens e sua falta de participao normalmente esto ligadas a
uma compreenso bem restrita do termo poltico. Enfatiza-se a viso negativa do jovem a respeito da poltica e sua baixa insero em mecanismos institucionais,
como organizaes polticas tradicionais ou o prprio processo eleitoral. (BUTLER;
PRINCESWAL, 2012,p.112)
E essa situao no ocorreu somente em nosso pas, mas no mundo todo, de acordo
com estudos realizados com jovens franceses o distanciamento poltico de uma parte
significativa de jovens, pois,
Os jovens justificam-no pela rejeio s brigas politiqueiras que despojam a poltica
de seus contedos e ao jogo de alianas e oportunismos. Repudiam a ausncia de
controle sobre as decises dos governantes, e constatam a falncia da ideia de
eficcia dos projetos polticos. (BOGHOSSIAN; MINAYO, 2009, p.419)
Vemos com isso, que a participao social da juventude foi enfraquecida por algumas
questes, todavia ganhou notoriedade no contexto histrico dos movimentos sociais das
dcadas aqui citadas. Essa participao ainda que menos evidente, permanece at os dias
atuais, no entanto, deve ser compreendida conforme as mudanas e transformaes da
sociedade.
Esse resgate histrico de extrema importncia para o conhecimento de como se
deram as formas de protagonismo juvenil dos movimentos sociais juvenis daquela poca,
servindo como base para a formao de novos movimentos juvenis na atualidade.
A seguir discutiremos as mudanas na participao social juvenil considerando
algumas diferenas entre a forma de participao social da juventude da dcada de 60 em que
a juventude foi caracterizada pelo seu esprito revolucionrio e de engajamento e a juventude
16
da dcada de 90 que representou o perodo de efetiva democratizao no pas aps o fim da
ditadura militar.
1.4 Juventude e Participao Social: Mudanas a partir da dcada de 90.
A partir dos anos de 1990 surgem novas formas de reivindicao dos jovens
brasileiros atravs do movimento Caras Pintadas ocorrido no ano de 1992 onde o nosso pas
passava por uma grave crise econmica e o ento Presidente da Repblica Fernando Collor de
Mello era acusado de corrupo.
Em meados de agosto de 1992, a imagem do Presidente estava to desgastada
perante a opinio pblica que, contrariando o seu pedido de apoio, milhares de
pessoas majoritariamente estudantes secundaristas e universitrios saram s ruas vestidos com alguma roupa preta e de rostos pintados de preto, e sob o grito de
ordem Fora Collor!... aquele domingo, 16 de agosto de 1992, foi conhecido como domingo negro.(OLIVEIRA, 2012,p.65)
At ento, no havia nada que diferenciasse os jovens da dcada de 60, com os jovens
contemporneos, ambos lutavam pelos seus direitos, no entanto, conforme o autor
supracitado,
Nos diversos movimentos estudantis que se seguiram, a cor preta que simbolizava o
luto poltico foi, aos poucos, sendo substituda pelas cores verde e amarela de
esperana e cidadania... os estudantes, em consonncia com inmeras instituies da sociedade civil organizada, estavam mobilizados e determinados a destiturem,
pelo direito, o Presidente indigno do cargo. (OLIVEIRA, 2012, p.65)
Durante os protestos contra a ditadura militar houve inmeros atos de violncia, como
tortura e assassinatos, e que agora do lugar aos protestos com menor teor de agressividade,
sem contar, que no existem relatos de atos ou atentados contra a vida.
Podemos observar essas mudanas com o relato do Deputado Federal Alfredo Sirkis
(PV-RJ), que participou da guerrilha urbana contra o regime, tambm fez uma contribuio
importante apontando diferenas entre os dois perodos. "Naquela poca, havia um grau de
opresso muito maior, as foras de ordem utilizavam balas reais, e no de borracha.
(SIRKIS,2013)
Outra mudana importante na participao social da juventude foi forma como os
jovens organizavam-se para realizar os protestos antigamente e que no dispunham de
nenhuma tecnologia para tal fim. Com relao a esse assunto Eliete Ferrer que foi exilada ao
lado de companheiros durante a ditadura militar e organizadora do livro "68: a gerao que
17
queria mudar o mundo" tece algumas consideraes a respeito. "Isto algo incrvel. Os
manifestantes hoje tm a internet, instrumento que no tnhamos. Alm disso, existem
celulares, filmadoras e cmeras de ruas que registram tudo. (FERRER,2013)
Em recente entrevista ao Departamento de Comunicao Social da PUC-RJ, ex-lderes
tambm comentam as mobilizaes sociais na atualidade, como Itamar Silva diretor do
Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e Econmicas (Ibase) que participou de movimentos
sociais desde a dcada de 70 e afirma que h uma grande variedade de representaes que se
constitui na maior diferena em relao as de antigamente, alm disso, destaca esquerda e
direita protestando juntas:
O movimento das Diretas J tinha uma nica bandeira. Tinha todo o espectro da
esquerda e defendia a democracia. Hoje as manifestaes tm demandas de mais
direitos para as minorias, da reforma poltica, do esclarecimento de gastos na Copa e
nas Olimpadas, do investimento em sade, educao e transporte. Essa
multiplicidade de bandeiras a grande diferena entre os movimentos. Pela primeira
vez vejo pessoas de direita e esquerda, com bandeiras diferenciadas e percepes de
mundo diferentes, protestando juntas .(SILVA, 2013)
Da mesma forma Abramo(1997) lembra que a juventude contempornea
consideravelmente muito mais diversificada com relao a face social dos jovens que se
mobilizavam nos anos 70. Eram jovens estudantes de classes mdias, hoje, vrias dessas
formas de movimentao que vemos surgir se fazem entre jovens de diversos setores sociais.
Outro fato que diferencia a juventude contempornea da gerao de 1960, por sua
forma de organizao atravs de redes mais dispersas de socializao, formadas nas escolas
pblicas e particulares, nos lugares de trabalho, nos shopping centers, nos bairros e ruas, e em
outros espaos de lazer, cultura e sociabilidade. (ABRAMO, 1992; COSTA, 1993; SPOSITO,
1994).
As novas formas de representao social, tambm so lembradas atravs dos
movimentos musicais da juventude urbana pobre, que com seus estilos baseados no rap, funk
e hip-hop, ganham destaque nos meios de comunicao e indstria fonogrfica a partir dcada
de 90,
Os jovens vm encontrando, sem dvida, nas representaes associadas a estes
universos musicais e sociabilidade que eles promovem, o estabelecimento de
novas formas de representao social que no s permitem expressar seu
descontentamento, mas tambm se opor tese de que o Brasil seria uma nao
diversa mas no conflitual. (HERSCHMANN, 1995 apud NETO;QUIROGA,
2000,p.2).
18
As autoras colocam ainda, que por meio dessas letras musicais esses jovens expunham
os problemas sociais que enfrentavam e que ainda enfrentam nos dias de hoje no quotidiano
de suas vidas em favelas e bairros perifricos, onde so destacados os preconceitos, estigmas
e segregaes dos quais so vtimas.(NETO;QUIROGA,2000,p.2)
Durante a dcada de 60 existia uma espcie de arte engajada que se colocava
disposio das causas do movimento estudantil, das lutas sindicais e polticas, hoje os
chamados grupos culturais levam suas expresses artsticas diretamente ao espao pblico
provocando repercusses polticas. (NOVAES, 2008, p.13)
Partindo dessas consideraes constatamos que a participao social da juventude na
contemporaneidade adquire novas formas de atuao.
[...] a participao juvenil na atualidade caracteriza-se pela diversidade e disperso
dos contedos e das formas de atuar, o que determina que a participao juvenil seja
vista como um processo em constante transformao, pois os grupos, redes,
movimentos, organizaes nascem e morrem, renascem com novos nomes e
propostas e esse contnuo recriar parece ir constituindo os jovens como atores
sociais. (SERNA, 1997apud GIL, 2012, p.96)
Assim, devemos levar em considerao que as transformaes ocorridas na
participao social da juventude so frutos de uma construo scio-histrica a qual est
sempre em constante transformao. Logo aps, iremos tratar das significativas modificaes
nas legislaes e polticas pblicas relacionadas rea da juventude.
1.5 Juventude e Participao Social: Marcos Legais e Aes Governamentais
relacionadas Juventude a partir da dcada de 1990.
Somente na dcada de 1990 que as discusses consideravelmente mais significativas
relacionadas populao jovem comeam a ganhar nfase com a Conveno Internacional
dos Direitos das Crianas da ONU, onde o Brasil assumiu o compromisso de assegurar as
crianas e adolescentes os direitos sobrevivncia, ao desenvolvimento, proteo e
participao. Ainda no mesmo ano, foi criado o Estatuto da Criana e do Adolescente, Lei
n8.069/90 que veio para regulamentar a norma constitucional e assegurar que crianas e
adolescentes adquirissem a condio de sujeitos de direitos e de deveres.
Todavia, percebemos a ausncia dos termos jovem e juventude tanto no que foi tratado
na conveno quanto nos artigos do ECA no qual aparece apenas a categoria adolescentes,
incluindo somente a faixa etria dos 15 aos 18 anos incompletos, esses instrumentos serviram
19
de suporte para o estabelecimento de condies legais na reformulao das polticas pblicas
em favor da infncia e da juventude (LOPES;SILVA;MALFITANO,2006,p.119).
importante salientar que, mesmo atendendo s a uma parcela da populao jovem, a criao
do ECA, ampliou as discusses a respeito de espaos de incluso dos jovens, assegurando-
lhes a participao social nas discusses e deliberaes de polticas pblicas.
Em 1993 o ento presidente do Brasil Itamar Franco institua a Semana Nacional do
Jovem5, sendo comemorada anualmente no ms de setembro. Nessa mesma poca a ONU
discutia planos de ao que iriam nortear as polticas pblicas destinadas a atender a
populao juvenil em diversos pases, destaca-se a Conferncia Internacional de Populao e
Desenvolvimento que ocorreu em 1994 no Egito, no qual os governos foram encarregados de
buscar o envolvimento dos jovens em todos os processos de planejamento e implantao de
projetos que tivessem impacto direto sobre suas vidas.
O Frum Mundial da Juventude da ONU, realizado em 1998, em Portugal aprovou o
Plano de Ao para a Juventude que teve como objetivo promover a participao dos jovens e
seu desenvolvimento humano.
No intuito de fortalecer o Plano de Ao para a Juventude, no ano de 2001, realizou-se
a quarta sesso do Frum Mundial da Juventude6 da ONU, onde foram discutidas formas de
empoderamento dos jovens em todo o mundo.
No Brasil, governo e sociedade civil implementaram as recomendaes contidas nos
documentos, buscando mobilizar e empoderar os jovens, essas aes possibilitaram
importantes avanos nas novas concepes sobre polticas para a juventude, alm disso, esses
avanos demonstram a necessidade de construo de novas formas de trabalho com os
adolescentes permitindo que eles, hoje, representem a maior fatia dentre os cidados
interessados em assuntos relacionados participao, elaborao e discusso de polticas
pblicas.(ANDI,2004)
No ano de 2003 foi aprovada a Proposta de Emenda Constitucional (PEC n138/2003),
conhecida como a PEC da Juventude, foi uma grande conquista que ocorreu at esse momento
na institucionalizao das Polticas de Juventude.
5A Semana Nacional da Jovem foi instituda pela lei 8.680 de 13 de julho de 1993.Disponvel
em:. Acesso em: 10 ago.
2014. 6 As recomendaes contidas no Frum Mundial da Juventude em 2001 propunham formas de autonomizao dos jovens abrangem as preocupaes dos jovens nas 10 reas analisadas por grupos de trabalho, nomeadamente, educao e tecnologia da informao e das comunicaes, emprego, sade e populao, fome,
pobreza e dvida, ambiente e povoamentos humanos, integrao social, cultura e paz, poltica, participao e
direitos da juventude, mulheres jovens, e juventude, desportos e atividades de lazer. Disponvel em:
Acesso em: 10 ago. 2014.
20
A aprovao dessa PEC insere o termo "jovem" na Constituio Federal, no captulo
dos Direitos e Garantias Fundamentais, permutando o captulo VII do Ttulo VIII da
Constituio, pelo substitutivo, passando a chamar-se "Da Famlia, da Criana, do
Adolescente, do Jovem e do Idoso" - ou seja, o jovem includo na denominao do
captulo. (CONJUVE, 2011, p. 99)
Em 2004, foi criado o Projeto de Lei n. 4530, integrando a ideia da criao do Plano
Nacional da Juventude (PNJ), que tem como objetivos,
[...] incorporar integralmente os jovens ao desenvolvimento do pas, por meio de
uma poltica nacional de juventude voltada aos aspectos humanos, sociais, culturais,
educacionais, econmicos, desportivos, religiosos familiares(BRASIL,PL n.
4530/04).
Posteriormente no ano de 2005, o governo apresenta as primeiras aes para a
construo de secretarias, conselhos e programas de incluso juvenil.
[...] a criao da Secretaria Nacional de juventude, do Conselho Nacional de
Juventude e do Programa Nacional de Incluso de Jovens - Projovem. Vale destacar
que todos os pases da Amrica Latina, com exceo de Brasil e Honduras, j
contavam, em 2003, com organismos governamentais para tratar das questes
juvenis. (CONJUVE,2011,p.21-22)
A primeira Conferncia Nacional da Juventude no Brasil, se deu por meio de um
amplo processo de dilogo com o Governo Federal e a sociedade, com debates nas escolas,
universidades, grupos juvenis, e etapas municipais e estaduais que se iniciaram em setembro
de 2007, culminando numa grande reunio em Braslia, entre os dias 27 e 30 de abril de
2008. (CONFERNCIA NACIONAL DA JUVENTUDE,2008,p.5)
A referida Conferncia contou. com a presena de 400 mil participantes em todos os
estados, e elegeu 22 propostas para a poltica nacional de juventude. Como fruto desse
processo, o CONJUVE7apoiou a criao do Frum Nacional de Secretrios e Gestores
Municipais de Polticas Pblicas de Juventude por ocasio da Reunio Anual da Frente
Nacional de Prefeitos, realizada em Fortaleza/CE. (CONJUVE,2011,p.22)
Podemos observar com isso, que o crescimento de grupos e movimentos sociais
relacionados participao juvenil notrio em nosso pas, inspirado nas conferncias,
legislaes e polticas pblicas na rea da juventude, todavia,
7 Criado pela lei 11.129/2005 e regulamentado pelo Decreto Presidencial n 5.490 de 14 de julho de 2005, o
Conselho Nacional de Juventude (Conjuve) iniciou suas atividades em 02 de agosto do mesmo ano, ocasio
do evento de posse realizado no Palcio do Planalto, em Braslia. Disponvel em:
http:. Acesso em: 10 ago. 2014.
21
[...] esses espaos pblicos de interlocuo com a juventude no foram concedidos
deliberadamente: foram anos de lutas e de mobilizaes da juventude brasileira
partidria, do movimento estudantil, dos movimentos sociais, dos trabalhadores de
diversas reas que enfrentam a falta de recursos e de programas destinados s
juventudes, dos prprios partidos polticos, enfim. (CALIARI,2009,p.21)
Nesse sentido, vemos que esse perodo caracterizou-se por grandes conquistas
relacionadas aos marcos legais que configuram os parmetros de tratamento destinados aos
jovens pelo Estado e pela sociedade. Posteriormente iremos discorrer sobre os conceitos de
protagonismo e participao social considerando as relaes existentes entre os mesmos.
1.6 Protagonismo Juvenil e Participao Social: Percursos e Definies
Podemos observar que protagonismo juvenil e participao social so conceitos
complementares, porm, o conceito de protagonismo juvenil comea a ser utilizado em
meados da dcada de 90 surgindo num contexto de renovao da ideia de participao [...]
esse termo comeou a ser explicitado em documentos oficiais e sua apropriao foi ampliada
para os mais variados espaos. (BOGHOSSIAN; MINAYO,2009,p.416)
Devido a diversas situaes nas quais existe a violao de direitos dos jovens o
protagonismo juvenil abre espao para diversas formas de expresso e reflexo juvenil,
tornando-se uma das mais significativas formas de desenvolvimento da cidadania, que prima
pela construo de uma sociedade mais justa e igualitria.
Partindo de estudos e discusses sobre experincias de trabalho com adolescentes na
Fundao Odebrecht8, um dos precursores do protagonismo juvenil foi o pedagogo Antnio
Carlos Gomes da Costa9. Nesse sentido o autor afirma que a palavra protagonismo
originria do grego e possu a seguinte significncia:
8 Instituio Social Privada, sem fins lucrativos, fundada em 1965, na Bahia. Atua na educao de Jovens,
visando a formao de cidados responsveis, conscientes, produtivos, participativos e solidrios. A juventude
convidada a participar como sujeito ativo, coautor e agente multiplicador de aes sociais. A part ir dos jovens, a
Fundao Odebrecht alcana toda a famlia, transformando a realidade de Comunidades de regies com baixo
ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Atuando na zona rural, cria condies para os jovens permanecerem
no campo, por meio do incremento da produtividade e do protagonismo juvenil em seus prprios destinos.
http://www.odebrecht.com/pt-br/sustentabilidade/iniciativas/fundacao-odebrecht. Acesso em: 10 de ago. 2014.
9 Autor de diversos livros e artigos em prol da promoo e defesa dos direitos do pblico infanto-juvenil,
publicados no Brasil e no exterior, Antnio Carlos participou intensamente do grupo que redigiu o ECA e que
tambm atuou junto ao Congresso Nacional para sua aprovao e, logo depois, sano presidencial, feito que,
segundo ele, foi sua maior realizao, como cidado e educador. Disponvel em:
. Acesso
em: 10 de ago.2014.
22
[...] proto, que significa: o primeiro, o principal; agon, que significa luta. Ago-nistes, por sua vez, significa lutador. Protagonista quer dizer, ento, o lutador principal, personagem principal, ator principal ou mesmo agente de uma ao, seja
ele um jovem, adulto, um ente da sociedade civil ou do estado, uma pessoa, um
grupo, uma instituio ou um movimento social. (COSTA, 2000,p.150)
Sendo assim, para que o jovem torne-se um protagonista de sua histria deve
primeiramente compreender a sua realidade, percebendo contradies sociais e tornando-se
sujeito do processo de decises e aes. Por isso, as formas de participao juvenil
possibilitam a atuao dos jovens em espaos polticos, educacionais e sociais no como
espectadores, mas sim como atores principais, decidindo, planejando, executando e avaliando
suas aes. (OLIVEIRA, 2009,p.100)
Dessa forma a concepo acerca do protagonismo juvenil foi elaborada segundo
Costa(2000) a partir da valorizao da participao social da juventude em processos de
superao de dificuldades onde os prprios sujeitos sejam os agentes das aes que definiro
as suas vidas, bem como em coletivo.
Assim o jovem protagonista lembrado como ator principal dentro da lgica da
atuao social tomando a noo da participao, luz da construo do que seria a cidadania.
O protagonismo juvenil parte de um mtodo de educao para a cidadania que
prima pelo desenvolvimento de atividades em que o jovem ocupa uma posio de
centralidade, e sua opinio e participao so valorizadas em todos os momentos.
(ABRAMOVAY et al, 2002,p.67)
Na viso de Stamato (2008,p.81) o protagonismo juvenil possibilita a transformao
do jovem e do mundo, numa relao dialtica, favorecendo a formao de jovens conscientes
de seu papel de agentes de uma mudana social.
Ainda a mesma autora afirma que o protagonismo juvenil um conceito que necessita
de ajustes, por se materializar nas interaes sociais, ele adapta-se a diferentes referenciais
tericos, metodolgicos e ideolgicos. Para a autora dependendo da maneira como
empregado pode ser utilizado de forma equivocada ao seu real significado de emancipao.
Compartilham da mesma opinio Ferreti (2004 apud BOGHOSSIAN;MINAYO,2009,
p.417) quando questionam o trato genrico que conferido ao termo alertando para o risco,
[...] de que suas prticas assumam carter mais adaptativo do que problematizador,
despolitizando o olhar sobre as determinaes da pobreza e sua manuteno. Essas
prticas e concepes podem inadvertidamente transferir para adolescentes e jovens
a responsabilidade exclusiva pela superao das adversidades, deslocando- se do
campo poltico para o das aes individuais, ou at coletivas, mas de carter pontual.
23
Da mesma forma, Carrano (2012) aponta para o risco de uma interpretao errnea
voltada para a pedagogizao da participao de jovens na direo do controle social e do
ajustamento e tambm para a naturalizao do termo protagonismo juvenil. possvel dizer
que nem sempre essa assuno do termo se d com a necessria conscincia do sentido
ideolgico ou prtico da ao protagonista. H, dessa forma, uma naturalizao do uso da
referida expresso no campo das prticas juvenis.(CARRANO,2012,p.18)
Para Souza (2008) na tentativa de romper com paradigmas que so atribudos aos
jovens como rebeldes e alienados, o protagonismo juvenil associa-se ao discurso neoliberal e
a imagens de jovens envolvidos em aes sociais. Constata-se na viso dos autores que essas
aes acontecem de forma isolada, sendo forjadoras de um consenso que no foi acordado
pelos jovens, mas para os jovens.10 (BORGES,2012,p.29)
No entanto, acredita-se que o protagonismo juvenil, entendido a partir de uma viso
scio-histrica, possa vir a contribuir para que os jovens tornem-se sujeitos mais
comprometidos e mais integrados em sua vida comunitria.
De acordo com Sobrinho (2003,p.12) o protagonismo juvenil est diretamente
relacionado ao termo participao social como possibilidade de consolidar a democracia e
contribuir na resoluo de problemas que envolvam as comunidades, ou qualquer espao que
envolva pessoa ou grupo, pautado primeiro, no desejo.
Ainda relacionado participao social dos adolescentes, Ricci(2002)faz algumas
consideraes:
Qualquer projeto, que tenha por objetivo incentivar ou promover o protagonismo
juvenil parte do princpio de que o adolescente ou jovem possu a capacidade
poltica de cidado. A cidadania pressupe direitos universais, de onde emerge um
ser poltico, que decide sobre o seu destino e o de sua coletividade.
(RICCI,2002,p.1)
Conforme Bordenave (1994) existem diversas formas de participao. O autor no
atribui esta classificao especificamente ao protagonismo juvenil, mas podemos aproximar
as reflexes do autor participao juvenil. Sendo assim, iremos citar os tipos de participao
que relacionam-se ao conceito de protagonismo juvenil.
Para o autor a participao de fato acontece em um nvel primrio relacionado a
famlia e aes ligadas a autorrealizao. A participao espontnea feita pela afinidade e
10
Cabe destacar que no se pretende nesse estudo levar em pauta a discusso referente a possibilidade de que
tais prticas realmente aconteam, sendo assim, esse assunto poder vir a ser abordado em uma outra
oportunidade.
24
pela necessidade de pertencimento a um grupo, seja ele de vizinhos, de amigos entre outros e
a participao voluntria a que consiste em aes decididas pelos prprios participantes.
Nesse sentido, torna-se oportuno voltar a refletirmos sobre os tipos de participao
citadas por Costa (2000),
1 Participao planejadora e operacional: os jovens participam do planejamento e da execuo de uma ao.
2 Participao decisria, planejadora e operacional: os jovens participam da deciso de se fazer algo ou no, do planejamento e da execuo de uma ao.
3 Participao decisria, planejadora, operacional e avaliadora: os jovens participam da deciso, do planejamento, da execuo e da avaliao dos resultados.
4 Participao colaborativa plena: os jovens participam da deciso, do planejamento, da execuo, da avaliao e da apropriao dos resultados.
5 Participao plenamente autnoma: Os jovens realizam todas as etapas. 16 Participao condutora: Os jovens, alm de realizar todas as etapas, orientam a participao dos adultos.(COSTA,2000,p.180-181)
Podemos observar com isso, que as reflexes de tipos de participao dos dois autores
apontam para uma participao onde o protagonismo pode,
[...] num primeiro nvel, ocorrer em espao prprio, espontneo, onde os jovens
atuam livremente em seus grupos de pares, sem interferncia de adultos; e num
segundo nvel, num ambiente criado pelos adultos junto aos jovens, para garantir sua
voz e interferncia nas relaes com a sociedade e nas decises que lhes dizem
respeito. (BORGES,2012,p.33-34)
Sendo assim por meio da construo de nveis de participao os jovens podem
realizar aes na perspectiva do protagonismo juvenil, todavia, essa construo deve levar em
considerao que as dinmicas da participao so sempre produes histricas que
dependem das normas de sociabilidade, de formas de organizao social, de inovaes
tecnolgicas, e dos especficos contextos culturais que incluem valores e ideais, crenas,
smbolos e rituais. (BUTLER; PRINCESWAL, 2012,p.106)
A seguir faremos uma breve explanao das experincias vivenciada com os jovens
durante o processo de estgio, da mesma forma, iremos fazer uma elucidao enfatizando de
onde surgiu o desejo em pesquisar sobre o tema protagonismo juvenil.
1.7 Protagonismo Juvenil: Experincias com Jovens do Centro de Juventude Jos
Alexandre Zachia-PF/RS
Refletir as experincias vivenciadas, durante o processo de estgio que se deu na
Assistncia Social Diocesana Leo XIII-Centro de Juventude Jos Alexandre Zachia poder
25
avaliar cada passo das transformaes sociais do mundo contemporneo, poder pensar
possibilidades de um fazer profissional que possa vir a contribuir de maneira significativa
com essas j mencionadas transformaes. Dessa forma, de extrema importncia que o
profissional sempre reveja suas praticas, observando os impactos e mudanas que essa
reflexo produz na pratica profissional.
A Assistncia Social Leo XIII com sede no municpio de Passo Fundo caracteriza-se
por ser uma organizao social sem fins econmicos, criada h 54 anos por D. Cludio
Colling, primeiro bispo de Passo Fundo, e um grupo de catlicos. uma Obra Social da
Diocese de Passo Fundo. Inicialmente, dedicou-se s famlias em situao de pobreza,
auxiliando-as com alimentos e oferecendo cursos profissionalizantes. Atualmente, desenvolve
programas sociais de para crianas, adolescentes, jovens e adultos que residem em reas de
alta vulnerabilidade social.
Dentre os programas desenvolvidos pela instituio destaca-se o Programa Servio de
Convivncia e Fortalecimento de Vnculos que so considerados Servios de Proteo Bsica
previstos na Poltica Nacional de Assistncia Social (PNAS) o qual abrange as atividades
desenvolvidas pelo Centro de Juventude Jos Alexandre Zachia que est localizado no bairro
Jos Alexandre Zachia no municpio de Passo Fundo. Segundo publicao de Gerson Urguim
(2012) do Jornal o Nacional sobre indicativos de criminalidade da Secretaria de Segurana
Pblica do Estado aponta que o referido bairro est em segundo lugar no ndice de violncia
do municpio, consequentemente os jovens pertencentes a essa comunidade so obrigados a
conviver com essa dura realidade.
Os jovens do Centro de Juventude Jos Alexandre Zachia, possuem faixa etria de 12
14 anos de idade. Sendo que, a grande maioria vem de famlias com baixo, ou nenhum
poder aquisitivo, consequentemente sofrendo processos de excluso social ocasionada no
apenas pela condio socioeconmica, mas tambm, por inmeros outros fatores. Segundo
Pozzo e Furini (2010,p.87) as desigualdades e os processos sociais excludentes vinculam-se
ao temrio geral do conceito de excluso social.
Nesse sentindo, buscar maneiras que possibilitassem o desenvolvimento de aes de
enfrentamento expresso da questo social em questo, reconhecendo o jovem como tendo
papel principal neste processo estava posto como um grande desafio.
Desafio esse, que cada vez mais despertava a vontade e determinao em alcanar o
objetivo que era de fazer com que aqueles jovens pudessem olhar para si mesmos e perceber
suas potencialidades. Aps pesquisa e estudo sobre diversos temas relacionados a juventude,
foi constatado que o tema protagonismo juvenil vinha ao encontro da ideia de valorizao do
26
jovem como fonte de iniciativa, de participao efetiva e construtiva e que poderia contribuir
significativamente para que esses jovens fossem capazes de obter um melhor
desenvolvimento pessoal e social como ser humano.
Seguindo as consideraes de Costa (2000) quando afirma que o protagonismo juvenil
deve ser trabalhado atravs da compreenso que o jovem deve ter de sua realidade,
percebendo contradies sociais e tornando-se sujeito do processo de decises e aes,
buscou-se intervir por meio de uma metodologia planejada de maneira que os jovens
pudessem fazer um exerccio reflexivo com o objetivo de fomentar o protagonismo juvenil, a
fim de, estarem preparados para enfrentar as diversas situaes e lutarem pelos seus
direitos.Seguindo o processo interventivo foram eleitos os seguintes objetivos especficos:
Promover atividades de socializao e sensibilizao entre os jovens para a
compreenso sobre o Protagonismo Juvenil.
Envolver os jovens na construo coletiva das aes do projeto voltadas para o
enfrentamento da violncia no intuito de fortalecer seu protagonismo,identidade e
autonomia.
Desenvolver processos educativos e informativos que possibilitem aos adolescentes
compreender quais so seus direitos e deveres dentro do centro de juventude.
Promover prticas artsticas que contribuam para tornar o centro de juventude um
lugar de conhecimento, cultura, de sociabilidade e de exerccio democrtico de
cidadania e dos direitos humanos. (PROJETO JOVEM EM AO,2014)
Como suporte metodolgico foi utilizado o instrumental tcnico operativo
caracterizado como oficina que contou com atividades de rodas de discusso, dinmicas com
temas relacionados ao protagonismo juvenil, a cidadania, participao social, autonomia,
identidade, preconceito, trabalho, educao, direitos e deveres, bem como, exposio de
vdeos, dramatizaes com temticas relacionadas ao Protagonismo Juvenil, violncia
(bullyng).
Analisar e refletir a sua realidade com maior profundidade oportunizou-os a perceber
as mudanas significativas s quais podem chegar, tanto em sua prtica social e individual,
quanto em sua prtica poltica. Tais mudanas transformam esses adolescentes criando e re-
criando novos valores e aes.
Por meio dessas reflexes os jovens puderam descobrir-se como sujeitos de direito,
alm de desenvolver um sentimento de pertencimento ao grupo, a famlia, Centro de
Juventude, comunidade, pas. Compreender a si mesmo remete ideia do que ser cidado,
de pertencimento a um grupo social que, como tal, apresenta seus direitos e deveres, para que
possa exercer plenamente a cidadania. (GONALVES,2007,p.70)
27
Atravs das atividades buscou-se que os jovens construssem um conhecimento a
partir de um processo de ao, reao, interveno, concesso, experimentao, resistncia,
revelao, dilogos e estabelecimento de vnculos.
assim, na perspectiva do conhecimento e apropriao da realidade que os jovens
desenvolvem habilidades, a fim de que possam realizar intervenes dentro dos seus espaos
de convivncia, ou seja, o sentido do protagonismo juvenil est em atuar nas vivenciais
cotidianas.
Ao trmino do processo interventivo, foram elaborados indicadores sociais que tem
como objetivo avaliar as aes realizadas, sendo possvel verificar os resultados dessas aes.
O indicador social um recurso metodolgico, empiricamente referido, que informa algo
sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanas que esto se processando na mesma.
(JANNUZZI,2012,p.21), no entanto, iremos discorrer apenas sobre o indicador de resultado:
Protagonismo Juvenil que consideravelmente o de maior relevncia para o nosso estudo. O
indicador de resultado Protagonismo Juvenil ser analisado primeiramente a partir da
definio de Protagonismo Juvenil.
O termo Protagonismo Juvenil, enquanto modalidade de ao, a criao de espaos
e condies capazes de possibilitar aos jovens envolverem-se em atividades
direcionadas soluo de problemas reais, atuando como fonte de iniciativa,
liberdade e compromisso. [...]O cerne do protagonismo, portanto, a participao
ativa e construtiva do jovem na vida da escola, da comunidade ou da sociedade mais
ampla. (COSTA,2001,p.179).
Partindo disso, o protagonismo juvenil possibilita que o jovem seja o ator principal em
seu processo de desenvolvimento, adquirindo e ampliando a sua capacidade de interferir de
forma ativa no contexto social em que vive. O termo protagonismo juvenil, em seu sentido
atual, indica o ator principal, ou seja, o agente de uma ao, seja ele um jovem ou um adulto,
um ente da sociedade civil ou do estado, uma pessoa, um grupo, uma instituio ou um
movimento social.(COSTA,2000,p.2)
IND
ICA
DO
R
DE
RE
SU
LT
AD
O INDICADOR MEIOS DE VERIFICAO
Protagonismo Juvenil Materiais construdos (cartazes)
Falas dos participantes
Atividades desenvolvidas
AT
IVID
AD
E
FO
ME
NT
O A
O
PR
OT
AG
ON
ISM
O J
UV
EN
IL
-Discusso, dinmica e exposio de cartazes com o objetivo de analisar o que os adolescentes
entendem por Protagonismo Juvenil.
-Realizao de atividades coordenadas pelos adolescentes no intuito de incentivar a liderana,
protagonismo e cuidado com o Centro de Juventude.
-Discusso e problematizao de questes relacionadas as desigualdades sociais, diversos tipos de
violncia, bullyng e as formas de enfrentamento por meio do Protagonismo Juvenil.
28
Percebemos que o Protagonismo Juvenil supe-se uma educao para a cidadania, na
luta pelos direitos e na participao da tomada de decises em sua vida, em seu grupo,
comunidade, pas.
Nesse sentido foi possvel mostrar aos jovens o sentido de empoderar-se e ser
protagonista de suas vidas atuando em sua famlia, escola, comunidade e principalmente
dentro do Centro de Juventude.
Atravs da dinmica adolescncia e protagonismo identificou-se que os participantes
tem a percepo a respeito do que significa ser protagonista juvenil, tendo a conscincia de
que atravs do coletivo podero superar as formas de dependncia social, e isso ir contribuir
para o processo de mudana tanto em suas vidas quanto em suas relaes sociais.
Por meio da atividade onde eles deveriam criar atravs de desenhos, um jovem
protagonista e uma jovem protagonista, de acordo com suas concepes, os mesmos
demonstraram o real entendimento do sentido de exercer o protagonismo.
Nas figuras a seguir sero expostos os desenhos que os adolescentes fizeram de
acordo com o seu entendimento do que ser protagonista juvenil.
Figura 1
29
Figura 2
De acordo com a figura -1, podemos verificar que eles desenharam a bandeira do
Brasil e escreveram, palavras como protagonismo, justia, e frases como: ns somos
protagonistas de nossas histrias, podemos mudar nosso futuro, s querer, vamos
pensar no nosso futuro, s depende de ns para mudar nosso futuro etc...
Posteriormente, na figura-2, os adolescentes fizeram uma bandeira na mo da jovem
que desenharam e escreveram protagonismo e frases como: lutar pelos nossos direitos,
juntos podemos fazer a diferena, etc.
Analisando as falas dos participantes que tiveram seus nomes preservados, dessa
forma, foram utilizados nomes fictcios para os mesmos. Aps terem realizado essa atividade
percebo que os mesmos estavam construindo eles mesmos, como gostariam que fossem, com
seus direitos garantidos e materializados.
Pr! Esse desenho feito por ns, eu me vejo nele! ( Sofia)
Se todos ns lutarmos pelos nossos direitos, nosso Brasil ser menos desigual, n?(Andr).(DIRIO DE CAMPO,2014)
Por meio das falas possvel identificar que os adolescentes apresentaram um
sentimento de empoderamento quando tiveram a percepo de que podem tornar-se sujeitos
transformadores de uma realidade.
De acordo com Stamato(2009 apud SEMICHECHE;HIGA;CABREIRA,2012,p.31),
por meio do empoderamento do jovem possvel haver modificaes das relaes dos
jovens com a sociedade, bem como, vencer concepes estereotipadas e preconceituosas,
deixando transparecer a alteridade presente nas diferentes juventudes[...]
30
Quanto anlise qualitativa relacionada participao, podemos dizer que esta ir
partir de discusses relacionadas ao tema protagonismo juvenil em que os adolescentes
puderam conhecer, refletir, sensibilizar-se sobre o referido tema.
[...] participar tomar parte ativa em cada uma das distintas fases que afetam o
funcionamento de grupos desde a sua constituio inicial, passando pela sua estruturao, a tomada de decises, pr em prtica as mesmas e a avaliao dos
resultados, assumindo parte do poder ou do exerccio do mesmo. Nesta perspectiva,
a cultura de participao implica a integrao coletiva num grupo, com o objetivo de
realizar determinados objetivos. (PALACIOS, 1994, p. 11, apud, OLIVEIRA, s./a.,
s/p.)
Por meio das discusses abordando temticas como: participao social, direitos e
deveres, cidadania, percebemos que aos poucos os adolescentes iam familiarizando-se com o
conceito e apresentando interesse e sensibilizao pelo tema.
Pr, aqui dentro do Centro de Juventude, os professores trabalham as mesmas coisas sempre, eu no sabia sobre esse assunto de protagonismo e participao,
legal aprender atravs das brincadeiras. (dinmicas) (Tati )
Eu no ia participar, mas as brincadeiras so diferentes, e fazem a gente pensar bastante sobre a gente. (dinmicas) (Vini)
Pr! Eu vim participar porque, eu gosto de aprender coisas novas (Andria) Esse o nosso projeto, n? Pr? (DIRIO DE CAMPO,2014)
Vemos que a questo motivacional tambm teve uma grande contribuio para o
processo de participao e desenvolvimento das atividades propostas. Para Ammann (1977
apud MORAIS,2011,p.3) o sujeito deve sentir-se motivado a participar. A motivao
apresenta-se como requisito bsico para a participao dos indivduos e a prpria ao
transformadora da sociedade no contexto das relaes sociais Nesse sentido, percebe-se que
a motivao essencial para uma participao efetiva dos sujeitos.
Pr! T gostando do projeto, aprende a s protagonista!(Maria) Nossa, Pr! Voc bota a gente l em cima!( Pedro) (DIRIO DE CAMPO,2014)
Esse processo de integrao e participao nas atividades desempenhadas pelo jovens
de extrema relevncia para uma efetivo processo de interveno do Assistente Social, visto
que, quando h essa aproximao inicia-se um processo de criao de vnculos com os
usurios, pois a questo do estabelecimento de vnculos, de um ambiente de confiana e
respeito pelos sujeitos necessria para que o processo possa se constituir, para que se
estabeleam o dilogo e a reflexo (PRATES,p.04 2003), essa troca entre o usurio e o
31
Assistente Social possui um carter de cumplicidade dando legitimidade ao processo
interventivo
A seguir arquivos fotogrficos (F3 e F4) da atividade que teve como finalidade a
participao, pertencimento e cuidado com o Centro de Juventude.
Figura 3
Figura 4
O teatro de fantoches que foi elaborado por eles, o qual tratava sobre questes como
preconceito e bullyng que foram apresentados as crianas e todas essas atividades citadas,
32
possibilitaram a materializao do exerccio da participao, criatividade, autonomia e
protagonismo dos adolescentes constatando que as atividades atingiram o objetivo de
promover a socializao e sensibilizao entre os jovens para a compreenso sobre o
Protagonismo Juvenil. A seguir o arquivo fotogrfico (F5) da atividade.
Figura 5
Dessa forma essa atividade proporcionou aos adolescentes construir uma conscincia
de que o protagonismo juvenil deve servir como empoderamento para que os mesmos possam
tornar-se sujeitos com um comportamento mais propositivo diante da sociedade.
Analisando e interpretando em conjunto com esses jovens a realidade da qual fazem
parte, constituiu um processo interventivo muito rico, j que a partir de uma anlise conjunta
que novas possibilidades surgem para o enfrentamento das dificuldades.
Somente a partir uma anlise conjunta podemos ressignificar espaos, pensar
coletivamente alternativas de enfrentamento, redescobrir potencialidades, associar
experincias, buscar identificaes, dar visibilidade s fragilidades para tentar
super-las, desvendar bloqueios, processos de alienao, revigorar energias,
vnculos, potencial organizativo, reconhecer espaos de pertencimento (PRATES,
2003,p.2).
Desse modo, pensar na importncia da ao enquanto articulador do trip Reflexo/
Ao/ Transformao, oportunizou refletir com o grupo sobre os problemas sociais e a forma
de enfrent-los desencadeando um processo em que os mesmos pudessem transformar-se a si
33
mesmos e contribuir para a re-significao do mundo a sua volta,tendo como ponto inicial a
mudana de atitude diante do mundo.
Esse processo interventivo, com os jovens possibilitou um aprendizado que foi de
extrema relevncia para o processo de desenvolvimento profissional, bem como pessoal, visto
que pode-se estabelecer uma relao no apenas entre profissional e usurio, mas uma relao
onde foi construdo um sentimento de amizade e companheirismo.
Da mesma forma, essa experincia contribuiu para a o reconhecimento como futura
assistente social, ou seja, pela primeira vez enfrentando o desafio de intervir em um contexto
social onde a desigualdade, a violncia e a excluso social ganham maior evidncia.
O processo interventivo possibilitou estabelecer uma relao terico- prtica que se
consolida em todas as suas especificidades, a operacionalidade traz elementos concretos para
a reflexo, com certeza algo muito rico no processo de aprendizagem, sem duvidas,
oportunizando o amadurecimento, tanto como ser humano, quanto como profissional
ampliando a viso de homem e de mundo.
Sendo assim, vemos a construo de uma interveno social tendo como pressuposto a
prtica educativa e politizada, se faz necessrio considerar que no estamos lidando com
pessoas estticas, mas ao contrrio, com sujeitos que possuem uma grande potncia
constituinte e, capaz de romper com ideias e prticas j constitudas.
Nesse sentido, reafirmamos a importncia do assistente social na conduo de prticas
que conduziro os jovens as aes voltadas para a cidadania tendo em vista ser este o
profissional que possui competncia tcnica para realizar articulao com a rede local,
reflexo sobre os temas propostos e sua interlocuo com outros temas, desmistificao da
condio de pobreza, apropriao do cotidiano vivenciado por esses jovens e para estmulo ao
protagonismo juvenil e maior participao comunitria, viabilizando maior conhecimento e
acesso aos direito a eles pertencentes. Essa experincia proporcionou o enriquecimento dos
jovens, em relao ao que expusemos e enquanto futura assistente social, pelo desafio de
realizar um trabalho qualitativo em um Projeto emergente e inovador. "O cotidiano
inesgotvel. O desafio est aberto para sacudir a acomodao (Faleiros).
Posteriormente iremos tratar da linha de pesquisa proposta nesse estudo, referente ao
tema protagonismo juvenil que partiu de inquietaes recorrentes do trabalho realizado com
os jovens, durante o processo interventivo relatado anteriormente, nesse sentido investigar
sobre o referido tema ser de grande relevncia, pois possibilitar encontrar subsdios para
trabalhar nessa perspectiva e que iro embasar esse trabalho de concluso de curso que ser
apresentado em seguida.
34
2 ASPECTOS METODOLGICOS DA PESQUISA
2.1 A importncia do Protagonismo Juvenil no Enfrentamento das Desigualdades
Sociais
Iniciamos esse captulo, com uma explanao referente aos percursos metodolgicos
que embasaram o presente estudo, buscamos expor de que forma surge o desejo de pesquisar
sobre o tema, partindo das inquietaes da autora referentes ao seu processo de estgio.
Sero apresentados o problema de pesquisa que objetiva, a compreenso acerca da
contribuio do protagonismo juvenil para o enfrentamento das desigualdades sociais, da
mesma forma seus objetivos, alm da contribuio da pesquisa na rea do servio social,
agregando-se a esse assunto traremos a caracterizao da pesquisa quanto ao tipo e
abordagem. Posteriormente, ser tratado sobre os procedimentos e tcnicas que embasaram a
coleta de dados, o qual possibilitou atravs de diferentes fases de leitura localizar os materiais
e selecion-los para que pudessem contribuir com os objetivos da pesquisa.
Finalizando o captulo a anlise dos dados, que possibilitou responder ao que havia
sido proposto no estudo e as consideraes finais onde conclumos que e o protagonismo
juvenil deve ser visto como um mecanismo de interveno no contexto social dos jovens,
apontando que por meio das prticas do protagonismo juvenil possvel contribuir para uma
nova perspectiva de vida dos mesmos.
2.2 Percurso Metodolgico da Pesquisa
A metodologia a ser aplicada na presente pesquisa perpassa as perspectivas de
investigar, conhecer e refletir sobre as questes referentes ao Protagonismo Juvenil como
fenmeno e sua contribuio para o enfrentamento das desigualdades sociais vivenciadas
pelos jovens. Nesse sentido, sero apresentados os percursos metodolgicos que iro embas-
la e permitiro desenvolv-la. Segundo Minayo (2008 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009),
definem metodologia como,
[...]a) como a discusso epistemolgica sobre o caminho do pensamento que o tema ou o objeto de investigao requer; b) como a apresentao adequada de
instrumentos operativos que devem ser utilizados para as buscas relativas s
indagaes da investigao; c) e como a criatividade do pesquisador, ou seja, sua marca pessoal e especfica na forma de articular teoria, mtodos, achados
35
experimentais, observacionais ou de qualquer outro tipo especfico de resposta s
indagaes especficas. (MINAYO, 2008 apud GERHARDT; SILVEIRA, 2009,
p.13)
A metodologia reflete uma viso do mundo, alm das crenas do pesquisador sobre
determinada realidade que so de certa forma, influenciadas pelo imaginrio social da poca,
as questes metodolgicas apresentam implicaes de veracidade, de pertinncia, de
relevncia e de validao da pesquisa, exigidas pela comunidade cientfica que se define no
tempo e no espao. (WADT,2009,p.98).
O enfrentamento da desigualdade social que explica, em boa medida as causas das
diversas formas de violncia sofridas pelos adolescentes e a possibilidade de reduo dessas
causas por meio do fomento ao protagonismo juvenil, tornou-se inquietante durante o
processo de estgio, pois diante dessa temtica, discusses acerca desse assunto fizeram-se
necessrias, para que houvesse uma melhor forma de compreenso, diante do contexto ao qual
esto inseridos.
Nessa perspectiva, surge a necessidade de identificar e investigar de que maneira o
protagonismo juvenil poder estar contribuindo para que o jovem exera sua,
[...] democracia participativa em que se atente para os desafios [...] na educao,
construo de valores ticos, exerccio da crtica social contra excluses a fim de lidar com a vulnerabilidade social de forma inovadora, tendo como referncia o
capital cultural e social relacionado ao protagonismo juvenil. (ABRAMOVAY et al, 2002, p.78)
Articulado com o projeto de interveno a pesquisa teve como problema: De que
maneira o protagonismo juvenil ir contribuir para o enfrentamento das desigualdades
sociais vivenciadas pelos jovens?
A pesquisa teve como objetivo geral, a compreenso acerca da contribuio do
protagonismo juvenil para o enfrentamento das desigualdades sociais no intuito de apontar
estratgias que possibilitem desenvolver a capacidade de enfrentamento dos jovens, alm
disso, foram eleitos como objetivos especficos:
36
A investigao proposta sobre o protagonismo juvenil como parmetro de
enfrentamento as desigualdades sociais vivenciadas pelos jovens, possibilitou o levantamento
de informaes tericas sobre o tema proposto, e nota-se que no um trabalho que se encerra
por si mesmo, mas deixa espao para outras informaes.
Para tanto, essa pesquisa apresenta-se relevante para o servio social, bem como para a
sociedade, visto que esse estudo trouxe contribuies importantes para as relaes no campo
das compreenses acerca de alternativas mais consistentes de efetiva valorizao da
capacidade juvenil, em buscar solues que possibilitem uma proposta de transformao
social.
A pesquisa de cunho exploratrio, oportuniza maior proximidade do problema com
vistas a torn-lo mais explcito [...] (GIL,2007,p.27). Este mtodo objetiva, acrescentar outros
conhecimentos sobre o assunto, inclusive, com produo de materiais que auxiliaro outros
trabalhos de pesquisa, a fim de obter dados atravs de levantamento bibliogrfico
Compreender de que maneira o protagonismo juvenil poder contribuir para o enfrentamento das desigualdades sociais no intuito de problematizar formas de desenvolver a
capacidade de enfrentamento nos jovens
Analisar qual a relao entre o protagonismo
juvenil e a construo do exerccio da
cidadania
Discutir os princpios
norteadores do protagonismo
juvenil
Conhecer como se d as experincias
e resultados de Protagonismo
Juvenil dos jovens
Analisar a relao entre exerccio do
protagonismo e o enfrentamento da
desigualdade social
37
(Embasamento Terico) artigos, teses, dissertaes, materiais online que abordem sobre os
temas propostos.
Devemos ressaltar, que devido quantia relativamente baixa de materiais,
principalmente livros que falem do protagonismo juvenil, foi utilizado todo o material
encontrado relativo ao tema.
No que refere-se abordagem, este estudo se caracteriza por ser uma pesquisa
qualitativa, considerando que aqui, percorri um caminho guiado por um conjunto de
princpios metodolgicos permitindo o meu conhecimento acerca dos acontecimentos, e a
partir da, tive a oportunidade de avaliar a questo da complexidade que se apresenta diante
dos assuntos pesquisados. O mtodo utilizado foi o dialtico crtico, considerando que os
temas elencados so um tanto complexos, entendemos que deveriam ser investigados atravs
da anlise do contexto social, vemos que o desenvolvimento da abordagem qualitativa foi de
fato a melhor maneira para desvelar o que est implcito em cada um deles, tendo em vista, a
compreenso da totalidade do fenmeno.
De acordo com Richardson (1999,p.79), a abordagem qualitativa fica a critrio do
investigador, e justifica-se por proporcionar uma forma adequada de entendimento sobre a
natureza de um fenmeno social e expe que a utilizao de abordagens quantitativa em
alguns casos, apresenta algumas limitaes ao tentar explicar problemas complexos.
Com relao ao tipo de pesquisa esta bibliogrfica, partindo de um levantamento de
referenciais tericos j analisados em documentos variados. Para Manzo (1971 apud
MARCONI;LAKATUS,2010,p.57), a bibliografia pertinente oferece meios para definir,
resolver, no somente problemas j conhecidos, como tambm explorar novas reas onde os
problemas no se cristalizaram suficientemente.
Qualquer trabalho cientfico inicia-se com uma pesquisa bibliogrfica, que permite
ao pesquisador conhecer o que j se estudou sobre o assunto. Existem porm
pesquisas cientficas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliogrfica,
procurando referncias tericas publicadas com o objetivo de recolher informaes
ou conhecimentos prvios sobre o problema a respeito do qual se procura a
resposta.(FONSECA,2002,p.32)
Optou-se pela pesquisa bibliogrfica, por esta possuir a vantagem de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenmenos muito mais ampla do que aquela que
poderia pesquisar diretamente. (GIL,2007,p.30)
38
2.3 Coleta de dados
Para dar incio coleta de dados, primeiramente foi realizada a leitura de
reconhecimento do material bibliogrfico, onde possibilitou localizar os materiais que
poderiam servir de norte para a pesquisa, em seguida houve a leitura exploratria do material
que segundo Lima e Mioto (2007,p.41-42) consiste em uma leitura rpida cujo objetivo
verificar se as informaes e/ou dados selecionados interessam de fato para o estudo. [...] e
posteriormente a leitura interpretativa objetivando relacionar as ideias expressas na obra com
o problema para o qual se busca resposta., seguindo nessa linha houve a leitura seletiva
buscando os materiais que relacionam-se direto com os objetivos da pesquisa, aps foi
realizada a leitura reflexiva onde buscou-se responder atravs dos materiais os referidos
objetivos e por fim a leitura interpretativa que implica na interpretao das ideias do autor,
acompanhada de uma interrelao destas com o propsito do pesquisador.
Logo abaixo podemos visualizar a esquematizao dos procedimentos metodolgicos
que embasaram a pesquisa bibliogrfica em questo.
Leitura de
reconhecimento
do material
Leitura
exploratria
Leitura reflexiva
Leitura seletiva
Leitura
interpretativa
39
Quadro 1 - Leitura de reconhecimento de material e leitura exploratria
AUTOR OBRA ANO TIPO/CLASSIFICAO
ABRAMOVAY, Miriam et al. Juventude, Violncia e Vulnerabilidade
Social a Amrica Latina: Desafios para
Polticas Pblicas. UNESCO
2002 Artigo
ALMEIDA, Nadja Rinelle Oliveira de. Juventude e suas Manifestaes
Socioculturais: a Escola a Comunidade.
2010 Artigo
BUENO,Marina et al. O servio social na execuo do
Projovem: a experincia do Rio de janeiro
2006 Artigo
Conselho Nacional da
Juventude(CONJUVE)
Reflexes sobre a Poltica Nacional de
Juventude
2011 Cartilha/Documento
GROPPO, Lus A. Condio juvenil e modelos
contemporneos de anlise Sociolgica
das juventudes
2010 Artigo
GONZALES, ZuleikaKhler Protagonismo: Formas de Governo da
Populao Juvenil-PUCRS
2007 Dissertao de Mestrado
HENRIQUE, Ricardo;SILVA ,Jailson
S.;BARBOSA ,Jorge L.
Polticas Pblicas no Territrio das
Juventudes. Coleo Grandes Temas do Conexo de Saberes-
2006 Livro
ISBN85-89669-23-8
KLEIN, Bianca Larissa Protagonismo juvenil e cidadania: uma proposta pedaggica burguesa -UFPR
2004 Dissertao Mestrado
LEME, Samira El Ghoz; NORONHA, Maria G. R.C. e S.; VIANA, Luiz
Henrique
Protagonismo Juvenil e Educao Ambiental por meio de atividades
ldicas-PUCPR
2009 Artigo
LIMA, Ana M.A. Incluso Digital e Protagonismo Juvenil:
Um estudo em dois Centros de
Tecnologia Comunitria.
2005 Dissertao Mestrado
LBO, Karla Rossana G.;
NASCIMENTO, Vernica Salgueiro
do,
Juventude e Identidade: Um Estudo sobre
a Construo Histrica de Pertencimento
em Jovens-UFC
2011 Artigo
MENDONA, Rita de Cssia Arajo
A.
Protagonismo Juvenil:Um estudo da
Participao social dos adolescentes nos Programas de Sade Sexual e
Reprodutiva em Natal- UFRN
2005 Dissertao Mestrado
MUOZ, Manuel Alfonso Daz Protagonismo juvenil e cidadania
Mapeamento de experincias com
adolescentes na regio metropolitana de
BH
2010 Pesquisa
NETO, Ana Maria Q. F.; QUIROGA,
Consuelo
Juventude urbana pobre: Manifestaes
pblicas e leituras sociais
2000 Artigo
NOVAES, Regina Juventude, Juventudes - Jovens das
classes C e D frente aos dilemas de sua gerao
2008 Artigo
OLIVEIRA ,Altemir O protagonismo Juvenil em uma escola da Rede municipal de ensino de Porto
Alegre-UFRGS
2011 Dissertao Mestrado
PIZZOL Gustavo Dal Protagonismo Juvenil: Significaes
Atribudas por Alunos de Ensino Mdio
do Meio-Oeste Catarinense
2005 Dissertao Mestrado
SANTOS, Pedro Paulo; OLIVEIRA
,Ana L.C.
Protagonismo Juvenil e a Participao
Poltica na Construo da Cidadania VI Colquio Internacional, educao e
contemporaneidade-SE-UFAL
2012 Artigo
Secretaria Geral da Presidncia da
Repblica
Guia de Polticas Pblicas para a
Juventude
2006 Cartilha/Documento
SILVA, Thais Gama. Protagonismo na Adolescncia: A escola
como espao e lugar de desenvolvimento
humano
2009 Dissertao
Recommended