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Legislação e tributação comercial
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7. IMPOSTO
Instituível pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, conforme a
partilha constante dos artigos 153 e 154 (União), 155 (Estados e Distrito Federal) e 156
(Municípios e também o Distrito Federal – art. 147).
Nos termos do artigo 16 do CTN: Imposto é o tributo cuja obrigação tem
por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica,
relativa ao contribuinte.
O fato gerador do imposto é uma situação (por exemplo, aquisição de
renda, prestação de serviço etc.) que não supõe, nem se conecta com nenhuma atividade
do Estado especificamente dirigida ao contribuinte. Ou seja, para exigir imposto de certo
individuo, não é preciso que o Estado lhe preste algo determinado. A atuação do Estado
dirigida a prover o bem comum beneficia o contribuinte, mas este frui das utilidades.
7.1. IMPOSTOS FEDERAIS
A União possui competência ordinária para instituir os sete impostos
previstos no artigo 153 da Constituição Federal, quais sejam: I - importação de produtos
estrangeiros; II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; III -
renda e proventos de qualquer natureza; IV - produtos industrializados; V - operações de
crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários; VI - propriedade
territorial rural; VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.
De tais competências, a União somente não exerceu a relativa ao
imposto sobre grandes fortunas.
Relevante recordar que, além da competência ordinária, a União possui
competência residual e extraordinária para instituir e cobrar tributos conforme previsto
nos incisos I e II, do artigo 154 da Constituição Federal, confira-se: A União poderá
instituir: I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde
que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos
discriminados nesta Constituição; II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos
extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão
suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
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7.1.1. Imposto De Importação De Produtos Estrangeiros
7.1.1.1. Competência
Também conhecido como ‘tarifa aduaneira’, ‘direitos de importação’,
‘tarifas de alfândega’, ‘direitos aduaneiros’, é de competência da União Federal, pois que,
gera implicações no relacionamento do País com o exterior.
7.1.1.2. Função
Possui função extrafiscal, pois funciona como instrumento de proteção
da indústria nacional. Se não existisse, a maioria das indústrias nacionais não teria como
sobreviver, ante o preço ofertado por seus pares no mercado exterior.
Foi justamente em decorrência da finalidade extrafiscal do tributo que o
legislador constituinte, pensando em conferir celeridade às decisões que o governo tomar
com relação ao imposto, livrou-o das amarras da legalidade estrita quanto à alteração de
alíquotas, desde que obedecidos os limites legais (CF, 153, § 1º), e dos princípios da
anterioridade e da noventena, de forma que os aumentos do imposto podem gerar efeitos
imediatos (CF, 150, § 1º).
7.1.1.3. Fato gerador
Diz o artigo 19 do CTN que o imposto, de competência da União, sobre a
importação de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no Território
Nacional’.
O regulamento aduaneiro (Decreto nº 4.543/02), em seu artigo 72,
afirma que o fato gerador do imposto de importação é a entrada de mercadoria estrangeira
no território aduaneiro.
Como o território aduaneiro compreende todo o território nacional a
disposição regulamentar encontra perfeitamente dentro dos ditames legais.
Importar, portanto, e ao contrário do que muitos pensam, não é comprar
mercadoria estrangeira. É fazê-la entrar no território nacional. Não é relevante a que título
uma mercadoria alienígena entrou no território aduaneiro; o que é relevante é que tenha
efetivamente entrado.
7.1.1.4. Alíquotas
Existem duas espécies. Uma é conhecida como alíquota específica, que é
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expressa por uma quantia determinada, em função da unidade de quantificação dos bens
importados, ou seja, diz-se que o imposto corresponderá a tantos reais por cada metro,
quilo ou unidade qualquer de medida. Como exemplo, pode-se imaginar uma alíquota de
imposto de importação de uma determinada mercadoria com o valor de R$ 100/tonelada
(cem reais por tonelada). Nesta situação, a base de cálculo não pode ser fixada em moeda,
mas sim em toneladas (mesma unidade de medida usada na definição da alíquota).
Portanto, na importação de dez toneladas de tal mercadoria, o tributo a ser pago seria de
mil reais (R$ 100/ton x 10 ton.).
A outra alíquota é a ad valorem, indicada em porcentagem a ser calculada
sobre o valor do bem. Ou seja, é aquela que incide sobre o valor, ou seja, é aquele
percentual a ser multiplicado por uma grandeza especificada em moeda a ser pago. É,
portanto, o que normalmente se imagina ao deparar com o vocábulo alíquota, ou seja, um
percentual a ser aplicado sobre o valor do bem, ou da renda, ou do negócio jurídico etc.
Hoje em dia, seguindo a redação que o Decreto-lei n° 2.472/88, deu ao
Decreto-lei nº 37/1966, O Regulamento Aduaneiro prevê que a base de cálculo do imposto,
quando a alíquota for ad valorem, é o valor aduaneiro apurando segundo as normas do art.
7º do Acordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio – GATT.
7.1.1.5. Base de cálculo
Pelo CTN a alíquota poderá ser especifica, sendo a base de cálculo a
unidade de medida adotada pela lei para o caso. Quando a alíquota for ad valorem, a base de
cálculo é o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da
importação, em uma venda em condições de livre concorrência, para entrega no porto ou
lugar da entrada do produto no País (CTN, 20, II). Finalmente se tratando de produto
apreendido ou abandonado, levado a leilão, a base de cálculo é o preço da arrematação.
Nos termos do Decreto n. 1.355, da 30.12.1994, tem-se a base de cálculo
do II, em princípio o valor comercial dos produtos importados, constante da respectiva
fatura ou documento equivalente, com os ajustamentos determinados no referido tratado
internacional.
7.1.1.6. Contribuinte
Segundo o artigo 22 do CTN, contribuinte do imposto de importação é:
Contribuinte do imposto é: I - o importador ou quem a lei a ele equiparar; II - o
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arrematante de produtos apreendidos ou abandonados.
Já o artigo 31 do Regulamento Aduaneiro, prevê como contribuinte: É
contribuinte do imposto: I - o importador, assim considerada qualquer pessoa que promova
a entrada de mercadoria estrangeira no Território Nacional; II - o destinatário de remessa
postal internacional indicado pelo respectivo remetente; III - o adquirente de mercadoria
entrepostada.
7.1.1.7. Lançamento
É o procedimento administrativo pelo qual a autoridade constitui o
crédito tributário. Assim, verificada a ocorrência do fato gerador, que no caso é a entrada
de produtos no território nacional, a autoridade administrativa pratica uma série de atos
tendo em vista determinar o valor do imposto devido, identificar o sujeito passivo da
obrigação e, se for o caso, aplicar a penalidade cabível, tornando a final liquida e certa a
quantia devida ao fisco.
O imposto de importação é, em regra, lançado por homologação, pois são
de competência do importador o cálculo do montante do imposto devido e o seu
recolhimento antecipado. Para o cálculo, o importador elabora a declaração de importação
– DI e registra no SISCOMEX (Sistema Integrado de Comércio Exterior). No momento do
registro, o próprio sistema informatizado se encarrega de retirar da conta corrente do
importador o montante do imposto devido.
Posteriormente, caberá a um Auditor-fiscal da Receita Federal do Brasil
homologar o procedimento do contribuinte, praticando o ato denominado ‘desembaraço
aduaneiro’ da mercadoria importada.
No caso de importação de bens que se enquadrem no conceito de
bagagem acompanhada, mas ultrapassem o limite de isenção, o lançamento do imposto
será feito com base em declaração formulada pelo viajante (DBA – Declaração de Bagagem
Acompanhada). Em tal hipótese, pode-se afirmar que o imposto é lançado por declaração.
Registre-se que, como todo tributo, o imposto de importação vir a ser
lançado de ofício quando, por exemplo, a autoridade administrativa perceber que o sujeito
passivo não antecipou o valor correto do tributo devido, sempre respeitado o prazo
decadencial.
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7.1.1.8. Considerações especiais
Por sua grande importância, a União possui órgão especializado para
gerenciamento deste imposto. Possui muito mais função extrafiscal do que instrumento
de arrecadação de recursos financeiros.
7.1.2. Imposto De Exportação
7.1.2.1. Competência
Compete a União instituir e cobrar o imposto sobre exportação, para o
exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (CF, 153, II).
7.1.2.2. Função
Tem função predominantemente extrafiscal. Presta-se mais como
instrumento de política econômica do que como fonte de recursos financeiros para a
União. A Lei n. 5.072/66 indica expressamente que o IE é de caráter exclusivamente
monetário e cambial e tem por finalidade disciplinar os efeitos monetários decorrentes da
variação de preços no exterior e preservar as receitas de exportação.
Pelas mesmas razões do imposto de importação, o legislador constituinte
optou por excluir o imposto de exportação da legalidade estrita quanto à alteração de
alíquotas, desde que obedecidos os limites legais, e dos princípios da anterioridade e
noventena, de forma que os aumentos do imposto podem gerar efeitos imediatos.
7.1.2.3. Fato gerador
Seu âmbito de atuação é a exportação, para o estrangeiro, de produtos
nacionais ou nacionalizados, que se configura com a saída destes do Território Nacional,
nos termos do que dispõe o artigo 23 do CTN.
Contudo, na mesma forma que o imposto de importação, a legislação
tributária optou por considerar, para efeito de cálculo, um outro momento como fato
gerador do tributo, qual seja, a data do registro da exportação no Sistema Integrado de
Comércio Exterior – SISCOMEX.
De se relatar, que há uma lista de produtos, a qual foi criada pelo Poder
Executivo informa sobre quais produtos incide este imposto (Decreto n. 1.578/77). Se o
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produto que sai para o Exterior não consta da lista, não é caso de incidência tributária.
7.1.2.4. Alíquotas
Pode ser específica ou ad valorem. O Poder Executivo pode, nos limites
fixados em lei, alterar as alíquotas do imposto em função dos objetivos da política cambial
e do comércio exterior (CTN, 26). A alíquota ad valorem é de 30% facultado ao Poder
Executivo reduzi-la ou aumenta-la, para atender aos objetivos de política cambial e do
comércio exterior (Lei n. 9.716/98). A alíquota máxima não pode ultrapassar os 150%.
7.1.2.5. Base de cálculo
Segundo o artigo 24 do CTN: A base de cálculo do imposto é: I - quando a
alíquota seja específica, a unidade de medida adotada pela lei tributária; II - quando a
alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao
tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência. Parágrafo único.
Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega como efetuada no porto ou lugar da
saída do produto, deduzidos os tributos diretamente incidentes sobre a operação de
exportação e, nas vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado
internacional o custo do financiamento.
O regulamento aduaneiro trata da base de cálculo em seu artigo 214 nos
seguintes termos: A base de cálculo do imposto é o preço normal que a mercadoria, ou sua
similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre
concorrência no mercado internacional, observadas as normas expedidas pela Câmara de
Comércio Exterior (Decreto-Lei no 1.578, de 1977, art. 2o, caput, com a redação dada pela
Medida Provisória no 2.158-35, de 2001, art. 51). § 1o Quando o preço da mercadoria for
de difícil apuração ou for suscetível de oscilações bruscas no mercado internacional, a
Câmara de Comércio Exterior fixará critérios específicos ou estabelecerá pauta de valor
mínimo, para apuração da base de cálculo (Decreto-Lei no 1.578, de 1977, art. 2o, § 2o,
com a redação dada pela Medida Provisória no 2.158-35, de 2001, art. 51). § 2o Para
efeito de determinação da base de cálculo do imposto, o preço de venda das mercadorias
exportadas não poderá ser inferior ao seu custo de aquisição ou de produção, acrescido dos
impostos e das contribuições incidentes e da margem de lucro de quinze por cento sobre a
soma dos custos, mais impostos e contribuições (Decreto-Lei no 1.578, de 1977, art. 2o,
§ 3o, com a redação dada pela Lei no 9.716, de 1998, art. 1o).
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É, em se tratando de produtos sujeito a alíquota especifica, a unidade de
medida adotada pela lei, e, em se tratando de produto sujeito a alíquota ad valorem, o preço
normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda
em condições de livre concorrência (CTN, 24). Compete ao Conselho Monetário Nacional
expedir normas sobre a determinação da base de cálculo do imposto e fixar critérios
específicos, ou estabelecer pauta de valor mínimo.
7.1.2.6. Contribuinte
É o exportador ou quem a lei a ele equiparar (CTN, 27). Exportador é
aquele que remete a mercadoria, a qual título, para o exterior, ou a leva consigo. Não é
necessário que seja comerciante, industrial ou produtor, vale dizer, não é necessário que
seja empresário, pois a exportação, como fato gerador do imposto em causa, pode ser
eventual e sem intuito de lucro.
7.1.2.7. Lançamento
Nas raríssimas hipóteses em que há a incidência do imposto de
exportação com alíquota diferente de zero, o tributo é lançado por homologação.
Cabe ao exportador elaborar e registrar no SISCOMEX a declaração de
exportação, bem como fornecer à Alfândega os documentos necessários à instrução do
despacho, entre eles, na hipótese de haver crédito de IE, o documento de arrecadação de
receitas federais - DARF comprovando o recolhimento antecipado do tributo.
Posteriormente, caberá a um Auditor-fiscal da Receita Federal verificar a
exatidão dos dados declarados pelo exportador em relação às mercadorias, aos documentos
apresentados e à legislação específica, com vistas a seu desembaraço e a sua saída para o
exterior. O ato de desembaraço corresponde, portanto, à homologação expressa do
procedimento do contribuinte, o que caracteriza a modalidade de lançamento do imposto
de exportação.
7.1.2.8. Considerações especiais
Somente é aplicado diante de situações ocasionais, pois que, como fonte
de receita permanente seria extremamente prejudicial à economia do País, que precisa
aumentar sua venda ao exterior. Só é aplicável diante de situações como a elevação de
preço, no mercado externo, de produtos brasileiros exportáveis, ou da necessidade de
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garantir o abastecimento do mercado interno.
7.1.3. Imposto Sobre A Renda E Proventos De Qualquer Natureza
7.1.3.1. Competência
Também conhecido como imposto de renda é de competência da União.
Justifica-se como sendo da União, pois somente assim pode ser utilizado como
instrumento de redistribuição de renda, buscando manter em equilíbrio o
desenvolvimento econômico das diversas regiões.
7.1.3.2. Função
De enorme importância no orçamento da União. Figura como a principal
fonte de receita tributária. Tem, portanto, função nitidamente fiscal.
Como a incidência do imposto é mais gravosa sobre os maiores
rendimentos, obtém-se o efeito de redistribuição de renda, pois aqueles que menos (ou
nada) contribuem são, em regra, os que mais utilizam alguns dos serviços públicos (saúde,
educação, moradia e etc).
Nos termos constitucionais, o imposto de renda não incide apenas sobre a
renda, mas também sobre os proventos de qualquer natureza (CF, 153, III).
O conceito de renda compreende o produto do capital (como os
rendimentos obtidos com uma aplicação financeira), do trabalho (como o salário recebido
do empregado) ou da combinação de ambos (como o pró-labore recebido pelos sócios de
uma sociedade empresária).
Já o conceito de proventos é definido por exclusão, compreendendo todos
os acréscimos patrimoniais não enquadráveis no conceito legal de renda. A título de
exemplo, podem-se citar os acréscimos patrimoniais decorrentes de atividade criminosa.
7.1.3.3. Fato gerador
É a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim
entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; e de proventos de
qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no
conceito de renda. Neste sentido é o artigo 43 do CTN: O imposto, de competência da União,
sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da
disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do
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trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim
entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A
incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da
localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de
percepção. § 2º Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei
estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de
incidência do imposto referido neste artigo.
A disponibilidade jurídica significa a possibilidade de utilizar a renda ou
os proventos de qualquer natureza que tenham sido obtidos em consonância com o
direito, como ocorre no recebimento de vencimentos, honorários e lucros de
investimentos financeiros.
A disponibilidade econômica decorre de fato irrelevante ao direito, como
os ganhos obtidos com jogos, ou até mesmo, com atividades ilícitas, mas que resultam em
aumento patrimonial (tráfico de drogas, prática da usura).
7.1.3.4. Alíquotas
As pessoas jurídicas pagarão alíquota de 15% nos termos do artigo 3º da
Lei nº 9.249, de 26.12.1995. Quanto às pessoas físicas estas possuem alíquotas de isento
(até R$ 1.499,15), 7,5% (De R$ 1.499,16 até R$ 2.246,75), 15% (De R$ 2.246,76 até R$
2.995,70), 22,5% (De R$ 2.995,71 até R$ 3.743,19) e 27,5% (Acima de R$ 3.743,19)
sobre o valor restante.
7.1.3.5. Base de cálculo
É o montante real, arbitrado ou presumido da renda ou dos proventos
tributáveis. A forma de determinação da base de cálculo varia de acordo com o tipo de
contribuinte. No caso de pessoa jurídica, a base de cálculo é o lucro, que pode ser,
conforme o critério de determinação, simples, real, arbitrado ou presumido. Quanto à
pessoa física, a base de cálculo é o rendimento.
7.1.3.5.1. Lucro real
Pode ser entendido como o acréscimo real do patrimônio da empresa, em
determinado período. Nos termos do artigo 6º do Decreto-lei n 1.598/77, lucro real é o
lucro liquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou
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autorizadas pela legislação tributária, ou seja, é determinado mediante a escrituração
contábil de todos os fatos com implicações patrimoniais, todas as receitas e todos os
custos e despesas, observando-se, em tudo isto, as regras da legislação pertinente. No caso
de opção pelo Simples, as alíquotas aplicáveis são de 0,00% a 0,54%, incidente sobre a
receita bruta (LCP 123/2006).
7.1.3.5.2. Lucro presumido
As firmas individuais e as pessoas jurídicas cuja receita bruta seja
inferior a determinado montante a que atendam, ainda, a outras exigências da lei ficam
dispensadas de fazer a escrituração contábil de suas transações e o imposto de renda,
nestes casos, é calculado sobre o lucro presumido, que é determinado pela aplicação de
coeficientes legalmente definidos, sobre a receita bruta anual, conforme a natureza da
atividade, obtendo-se como resultado um montante que se presume ser seu lucro.
7.1.3.5.3. Lucro arbitrado
A regra é o lucro real, contudo, poderá ocorrer lucro arbitrado quando a
empresa, não dispõe de escrituração, deixa de cumprir as obrigações acessórias, recusa-se
a apresentar os livros à autoridade tributária, a escrituração contém vícios, erros ou
deficiências ou o contribuinte opta por essa forma (Art. 529 do RIR/99). Ou seja, é
aplicado quando não é possível o cálculo preciso do lucro real e o contribuinte não cumpre
os requisitos para a tributação com base no lucro presumido. Diante deste quadro,
compete à autoridade tributária fixar determinado percentual que pode ser 1,6% a 32%
dependendo da atividade.
7.1.3.5.4. Pessoas físicas
No que concerne ao IRPF, à determinação da base de cálculo é feita por
meio da regra constante do artigo 83 do RIR/99. Em síntese, a base de cálculo será a
diferença positiva entre as seguintes somas: I - de todos os rendimentos percebidos durante
o ano-calendário, exceto os isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na
fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II - das deduções relativas ao somatório dos
valores de que tratam os arts. 74, 75, 78 a 81, e 82, e da quantia de um mil e oitenta reais
por dependente.
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7.1.3.6. Contribuintes
A definição deste se encontra no artigo 45 do CTN, conforme abaixo
transcrito: Art. 45. Contribuinte do imposto é o titular da disponibilidade a que se refere o
artigo 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição ao possuidor, a qualquer título, dos
bens produtores de renda ou dos proventos tributáveis. Parágrafo único. A lei pode atribuir
à fonte pagadora da renda ou dos proventos tributáveis a condição de responsável pelo
imposto cuja retenção e recolhimento lhe caibam.
7.1.3.7. Lançamento
É feito por homologação, onde o contribuinte declara e aguarda a devida e
regular homologação do fisco.
7.1.3.8. Considerações especiais
É a mais complexa das legislações. Tal complexidade visa tornar o
imposto mais justo, vale dizer, mais pessoal, além de ensejar sua utilização como
instrumento eficiente de política tributária.
7.1.4. Imposto Sobre Produtos Industrializados
7.1.4.1. Competência
Exclusiva da União, sendo antes conhecido como imposto de consumo.
7.1.4.2. Função
Embora utilizado como instrumento de função extrafiscal, sendo, como é
por força de dispositivo constitucional, um imposto seletivo em função da essencialidade
do produto.
Durante muito tempo, a doutrina se referiu ao IPI como um tributo
precipuamente fiscal. Contudo, na mesma esteira do II, IE e IOF, o legislador constituinte
optou por possibilitar ao Poder Executivo alterar as alíquotas do IPI, atendidas as
condições e os limites estabelecidos em lei, sem necessidade de obediência ao princípio da
anterioridade para a cobrança, em havendo majoração.
No entanto, a arrecadação do IPI é a segunda entre os impostos federais,
o que demonstra que a finalidade fiscal ganhou grande relevância, justificando o pleito de
que se estendesse ao tributo alguma garantia que protegesse o contribuinte contra a
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elevação repentina do imposto.
Ao editar a Emenda Constitucional nº 42/2003, o legislador constituinte
derivado atendeu aos pleitos dos contribuintes, estendendo a noventena aos tributos em
geral e inclusive ao IPI.
7.1.4.2.1. Seletividade
Suas alíquotas devem ser fixadas de acordo com a essencialidade do
produto, sendo menores para os gêneros considerados essenciais e maiores para os
supérfluos (CF, 153, § 3º, I).
O objetivo final do princípio é conseguir, de maneira indireta, graduar a
carga tributária do imposto de acordo com a capacidade contributiva dos consumidores,
uma vez que os produtos essenciais são consumidos por todas as classes sociais, devendo,
justamente por isso, estar sujeitos a uma suave ou inexistente carga tributária. Já os
gêneros supérfluos são presumidamente consumidos apenas pelas pessoas das classes
sociais mais privilegiadas, devendo ser tributados de uma maneira mais gravosa.
7.1.4.2.2. Não-cumulatividade
Outro princípio a ser obrigatoriamente observado pelo IPI é o da não-
cumulatividade, permitindo-se a compensação do que for devido em cada operação com o
montante cobrado nas anteriores (CF, 153, § 3º, II).
A não-cumulatividade é técnica que tem por objetivo limitar a incidência
tributária nas cadeias de produção e circulação mais extensas, fazendo com que, a cada
etapa da cadeia, o imposto somente incida sobre o valor adicionado nessa etapa. Assim, ao
final da cadeia, o tributo cobrado jamais será maior que o valor da maior alíquota,
multiplicado pelo valor final da mercadoria.
A sistemática, portanto, funciona mediante o sistema de débitos e
créditos.
7.1.4.2.3. Imunidades
Como é de conhecimento amplo, a política é exportar mercadorias, não
impostos. Diante disto, o legislador constituinte resolveu imunizar as exportações de
produtos industrializados à incidência do IPI (CF, 153, § 3º, III).
São ainda imunes ao IPI: os livros, jornais, periódicos e o papel
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destinados à sua impressão (CF, 150, IV, d); o ouro, quando definido em lei como ativo
financeiro ou instrumento cambial (CF, 153, § 5º); energia elétrica, derivados de petróleo,
combustíveis e minerais do País (CF, 155, § 3º).
7.1.4.3. Fato gerador
Nos termos do artigo 46 do CTN temos que este tem por fato gerador: a)
seu desembaraço aduaneiro, quando de procedência estrangeira; b) a saída destes do
estabelecimento do contribuinte; e c) sua arrematação, quando apreendidos e levados a
leilão.
O Decreto n° 4.544/2002 (Regulamento do IPI – RIPI) define o fato
gerador do IPI da seguinte forma: Art. 34. Fato gerador do imposto é (Lei nº 4.502, de
1964, art. 2º): I - o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira; ou II -
a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.
Importante ainda são os conceitos trazidos pelo decreto nos artigos 2º a
4º, confira-se: O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros,
obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos
Industrializados - TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e Decreto-lei nº 34,
de 18 de novembro de 1966, art. 1º). Parágrafo único. O campo de incidência do imposto
abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas
as disposições contidas nas respectivas notas complementares, excluídos aqueles a que
corresponde a notação "NT" (não-tributado).
Pelos termos do artigo 3º, tem-se: Produto industrializado é o resultante
de qualquer operação definida neste Regulamento como industrialização, mesmo
incompleta, parcial ou intermediária. E ainda, pelo artigo 4º: Caracteriza industrialização
qualquer operação que modifique a natureza, o funcionamento, o acabamento, a
apresentação ou a finalidade do produto, ou o aperfeiçoe para consumo, tal como (Lei nº
4.502, de 1964, art. 3º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 46,
parágrafo único): I - a que, exercida sobre matérias-primas ou produtos intermediários,
importe na obtenção de espécie nova (transformação); II - a que importe em modificar,
aperfeiçoar ou, de qualquer forma, alterar o funcionamento, a utilização, o acabamento ou
a aparência do produto (beneficiamento); III - a que consista na reunião de produtos, peças
ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma
classificação fiscal (montagem); IV - a que importe em alterar a apresentação do produto,
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pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a
embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria (acondicionamento ou
reacondicionamento); ou V - a que, exercida sobre produto usado ou parte remanescente de
produto deteriorado ou inutilizado, renove ou restaure o produto para utilização
(renovação ou recondicionamento). Parágrafo único. São irrelevantes, para caracterizar a
operação como industrialização, o processo utilizado para obtenção do produto e a
localização e condições das instalações ou equipamentos empregados.
7.1.4.4. Alíquotas
As mais diversas diante da seletividade. Assim, a legislação adotou uma
tabela de classificação dos produtos, denominada TIPI, onde estão previstas alíquotas desde
zero (TIPI, 64).
A alíquota zero representa uma solução encontrada pelas autoridades
fazendárias no sentido de excluir o ônus do tributo sobre certos produtos,
temporariamente sem os isentar, pois que, a isenção só pode ser concedida por lei.
7.1.4.5. Base de cálculo
Nos termos do artigo 47 do CTN: A base de cálculo do imposto é: I - no caso
do inciso I do artigo anterior, o preço normal, como definido no inciso II do artigo 20,
acrescido do montante: a) do imposto sobre a importação; b) das taxas exigidas para
entrada do produto no País; c) dos encargos cambiais efetivamente pagos pelo importador
ou dele exigíveis; II - no caso do inciso II do artigo anterior: a) o valor da operação de que
decorrer a saída da mercadoria; b) na falta do valor a que se refere a alínea anterior, o
preço corrente da mercadoria, ou sua similar, no mercado atacadista da praça do
remetente; III - no caso do inciso III do artigo anterior, o preço da arrematação.
Nos termos Decreto nº 2.637, de 25.06.1998, que regulamenta o IPI,
existem variadas alíquotas.
7.1.4.6. Contribuintes
É o importador ou quem a ele a lei equiparar; o industrial ou quem a ele a
lei equiparar; o comerciante de produtos sujeito ao imposto, que os forneça aos
industriais ou aos a estes equiparados; o arrematante de produtos apreendidos ou
abandonados, levados a leilão (CTN, 51).
Legislação e tributação comercial
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7.1.4.7. Lançamento
Por homologação, nos termos do CTN, 150, pois é o próprio sujeito
passivo que, a cada período de tempo determinado na lei, respeitando a sistemática de
débitos e créditos, calcula o valor do imposto devido e antecipa o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa, cabendo a esta verificar a correção do procedimento
e, se for o caso, homologá-lo, podendo, ainda, lançar de ofício as diferenças porventura
devidas.
7.1.5. Imp. Sobre Op. De Crédito, Câmbio E Seguro E Sobre Op.
Relativas A Títulos E Valores Mobiliários
7.1.5.1. Competência
É privativa da União, a teor do artigo 153, V da CF.
7.1.5.2. Função
Predominantemente extrafiscal, sendo mais um instrumento de
manipulação da política de crédito, câmbio e seguros, assim como de títulos e valores
mobiliários, do que um simples meio de obtenção de receitas, embora sua arrecadação
seja considerável.
Possibilita à União intervir no funcionamento do mercado financeiro
‘aquecendo-o’ ou ‘esfriando-o’, de acordo com a necessidade.
Se, a título de exemplo, o excesso de demanda está gerando um surto
inflacionário, uma das alternativas viáveis é o aumento da alíquota do IOF incidente sobre
as operações de crédito. O acesso a financiamentos se tornará mais oneroso, e a
tendência passa a ser a desaceleração do consumo.
Diante da agilidade necessária, o legislador excluiu o IOF do principio da
legalidade, no tocante à alteração das alíquotas, e dos princípios da anterioridade e
noventena.
7.1.5.3 Fato gerador
Nos termos do artigo 63 do CTN é fato gerador do IOF: I - quanto às
operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor
Legislação e tributação comercial
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que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; II -
quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou
estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do
interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à
disposição por este; III - quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da
apólice ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da lei aplicável;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão, transmissão,
pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável. Parágrafo único. A incidência
definida no inciso I exclui a definida no inciso IV, e reciprocamente, quanto à emissão, ao
pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma operação de crédito.
7.1.5.4. Alíquotas
A alteração pode ocorrer por ato do Poder Executivo. Contudo, deve
sempre constar de lei a alíquota limite.
7.1.5.5. Base de cálculo
Nos termos do artigo 64 do CTN a base de cálculo é: I - quanto às
operações de crédito, o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros; II -
quanto às operações de câmbio, o respectivo montante em moeda nacional, recebido,
entregue ou posto à disposição; III - quanto às operações de seguro, o montante do prêmio;
IV - quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários: a) na emissão, o valor
nominal mais o ágio, se houver; b) na transmissão, o preço ou o valor nominal, ou o valor da
cotação em Bolsa, como determinar a lei; c) no pagamento ou resgate, o preço.
7.1.5.6. Contribuintes
Pode ser qualquer das partes na operação tributada, ficando a critério do
legislador ordinário essa indicação. Via de princípio o contribuinte é o tomador de crédito
ou do seguro, sendo responsável à instituição em logística que conceder o crédito.
7.1.5.7. Lançamento
É feito por homologação, nos termos do artigo 150 do CTN. O
responsável vale dizer, a instituição em logística ou o segurador, efetua o recolhimento do
valor respectivo independentemente de qualquer exame ou verificações por parte da
Legislação e tributação comercial
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Secretaria da Receita Federal.
7.1.6. Imposto Sobre A Propriedade Territorial Rural
7.1.6.1 Competência
Privativa da União, conforme constante do artigo 153, VI da CF.
7.1.6.2. Função
É extrafiscal, pois, nos termos do artigo 153, § 5º, I da CF, suas alíquotas
serão fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas,
funcionando assim como instrumento auxiliar no disciplinamento estatal da propriedade
rural.
É considerado importante instrumento no combate aos latifúndios
improdutivos. Diante disto, instituiu a Lei nº 9.393/96 alíquotas progressivas em função
da área do imóvel e do grau de sua utilização. As alíquotas não são fixadas, portanto, de
modo a otimizar a arrecadação. O que se quer é tributar de uma maneira mais gravosa as
propriedades menos produtivas, de forma a desestimular a manutenção da situação.
Na prática, a legislação do ITR cria alíquotas inversamente proporcionais
ao grau de utilização de cada imóvel rural, conforme apontado na tabela abaixo, constante
do artigo 11 da Lei n° 9.393/96:
Área total do imóvel
(em hectares) GRAU DE UTILIZAÇÃO - GU (EM %)
Maior que
80
Maior que
65 até 80
Maior que
50 até 65
Maior que
30 até 50 Até 30
Até 50 0,03 0,20 0,40 0,70 1,00
Maior que 50 até 200 0,07 0,40 0,80 1,40 2,00
Maior que 200 até 500 0,10 0,60 1,30 2,30 3,30
Maior que 500 até 1.000 0,15 0,85 1,90 3,30 4,70
Maior que 1.000 até 5.000 0,30 1,60 3,40 6,00 8,60
Acima de 5.000 0,45 3,00 6,40 12,00 20,00
Como a base de cálculo é o valor da terra nua, grandeza que não varia
com o aumento do grau de utilização da terra, a consequência é que quem mais produz
paga menos, o que é um estímulo ao cumprimento da função social da propriedade.
Legislação e tributação comercial
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O ITR está sujeito às amarras da legalidade, da noventena, da
anterioridade e de todas as demais limitações ao poder de tributar.
7.1.6.3. Progressividade
Conforme afirma o artigo 153, § 4º, I da CF, o ITR é progressivo. Na
prática, o aumento da alíquota toma como critério a área do imóvel.
7.1.6.4. Imunidade das pequenas glebas
Em homenagem ao princípio da função social da propriedade, o legislador
optou por imunizar o ITR das pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore
o proprietário que não possua outro imóvel.
A definição de pequena gleba consta da Lei 9.393/96, nos seguintes
termos: Art. 2º Nos termos do art. 153, § 4º, in fine, da Constituição, o imposto não incide
sobre pequenas glebas rurais, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que
não possua outro imóvel. Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, pequenas glebas
rurais são os imóveis com área igual ou inferior a: I - 100 ha, se localizado em município
compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-mato-
grossense; II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou
na Amazônia Oriental; III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município.
Ainda, de se citar os casos de isenção, contidos no artigo 3º da citada lei:
Art. 3º São isentos do imposto: I - o imóvel rural compreendido em programa oficial de
reforma agrária, caracterizado pelas autoridades competentes como assentamento, que,
cumulativamente, atenda aos seguintes requisitos: a) seja explorado por associação ou
cooperativa de produção; b) a fração ideal por família assentada não ultrapasse os limites
estabelecidos no artigo anterior; c) o assentado não possua outro imóvel. II - o conjunto de
imóveis rurais de um mesmo proprietário, cuja área total observe os limites fixados no
parágrafo único do artigo anterior, desde que, cumulativamente, o proprietário: a) o
explore só ou com sua família, admitida ajuda eventual de terceiros; b) não possua imóvel
urbano.
7.1.6.5. Possibilidade de delegação da fiscalização e cobrança
A emenda constitucional nº 42/2003 trouxe importante inovação, ao
possibilitar que o ITR seja fiscalizado e cobrado pelos municípios que assim optarem, na
Legislação e tributação comercial
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forma da lei, desde que não implique redução do imposto ou qualquer outra forma de
renúncia fiscal.
Caso faça a opção, o Município será titular de toda a arrecadação do ITR
incidente sobre os imóveis situados em seu território; caso contrário, a União repassará à
municipalidade metade do valor que arrecadar com a cobrança do tributo sobre os imóveis
na mesma situação. A previsão consta do artigo 158, II da CF: Pertencem aos Municípios:
(...) II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a
propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade
na hipótese da opção a que se refere o art. 153, § 4º, III;
7.1.6.6. Fato gerador
Nos termos do artigo 29 do CTN: O imposto, de competência da União,
sobre a propriedade territorial rural tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil
ou a posse de imóvel por natureza, como definido na lei civil, localização fora da zona
urbana do Município.
7.1.6.7. Alíquota
Conforme já visto nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.393/96, varia de
0,03% a 20% em função da área do imóvel e do grau de sua utilização.
7.1.6.8. Base de cálculo
É o valor fundiário do imóvel (CTN, 30), sendo este o valor da terra nua,
isto é, sem qualquer benfeitoria. Pois que, o valor fundiário é o valor da terra nua
tributável, que é o valor do imóvel excluídos os valores relativos a: a) construções,
instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas
e melhoradas; d) florestas plantadas (Lei n° 9.393/96, § 1º, I).
7.1.6.9. Contribuintes
É o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu
possuidor a qualquer título, conforme expressa o artigo 31 do CTN.
7.1.6.10. Lançamento
É feito por homologação, posto que, nos termos da lei, a apuração e o
Legislação e tributação comercial
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pagamento do imposto devem ser feitos pelo contribuinte, independentemente de prévio
procedimento da Administração Tributária.
7.1.7. Imposto Sobre Grandes Fortunas
O artigo 153, VII da CF atribui à União a competência para instituir
imposto sobre grandes fortunas, nos termos de lei complementar. A União não utilizou tal
competência, de forma que o tributo não foi efetivamente instituído.
Legislação e tributação comercial
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7.2. IMPOSTOS ESTADUAIS
7.2.1 Imposto Sobre A Transmissão Causa Mortis e Doação
7.2.1.1 Competência
É da competência dos Estados e do Distrito Federal instituir imposto
sobre a transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos (CF, 155, I).
7.2.1.2 Função
Fiscal, ou seja, tem finalidade de gerar recursos financeiros para os
Estados e DF, contudo, não incide sobre as transmissões originárias, como por usucapião
ou por acessão.
7.2.1.3 Fato gerador
Nos termos da Lei Estadual Paranaense n. 8.927, de 28.12.1988, é fato
gerador: I – a transmissão causa mortis ou por doação de direitos e da propriedade, posse
ou domínio de quaisquer bens ou direitos; II – a transmissão, por uma das modalidades
previstas no inciso anterior, de direitos reais sobre quaisquer bens inclusive os de garantia;
III – a cessão, a desistência ou renúncia por ato gratuito, de direitos relativos às
transmissões referidas nos incisos I e II.
7.2.1.4 Alíquotas
Este terá suas alíquotas máximas fixadas pelo Senado, a teor do art. 153,
§ 1º, inc. IV da CF, que atualmente é de 8%, conforme constante da Resolução n° 09/1992.
No Paraná a alíquota é de 4% para qualquer das operações.
7.2.1.5 Base de cálculo
No Paraná, é o valor venal dos bens ou direitos ou o valor do título ou
crédito, transmitidos ou doados, apurados mediante avaliação procedida pela Fazenda
Pública Estadual. No mesmo sentido é o artigo 38 do CTN.
7.2.1.6 Contribuinte
É contribuinte, nas transmissões causa mortis o herdeiro ou legatário e
Legislação e tributação comercial
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nas transmissões por doação o adquirente dos bens ou direitos.
7.2.1.7 Lançamento
Na sistemática de lançamento do ITCMD, a autoridade administrativa
constitui o crédito tributário com base em informações prestadas pelo próprio sujeito
passivo (quando este declara o valor do bem transferido) ou por terceiro (quando, por
exemplo, é usado o valor decorrente de avaliação judicial).
Dito isto, a hipótese se subsume, à definição constante no artigo 147 do
CTN, demonstrando que o tributo é lançado por declaração, o que não impede, respeitado o
prazo decadencial, o lançamento de ofício de valores não pagos quando, por exemplo, fatos
geradores ocorrerem e forem omitidos da autoridade fiscal.
7.2.1.8 Definição de Estado (ou Distrito Federal) competente para a
cobrança
A Constituição Federal criou diferentes regras de fixação de competência,
levando em consideração para tanto, a natureza do objeto a ser transmitido.
Neste sentido, em se tratando de bem imóvel e seus respectivos direitos,
a competência é do Estado da situação do bem, pois que, os imóveis por sua própria
natureza, não podem ter sua localização alterada, sem alteração de sua substância ou da
destinação econômico-social (CF, art. 155, § 1º, I).
Quando a transmissão é de bens móveis, títulos e créditos, é necessário
fazer uma distinção. Se transmissão é decorrente de sucessão causa mortis, o ITCMD
compete ao Estado (ou Distrito Federal) em que se processar o inventário ou arrolamento.
Já se a transmissão decorrer de doação, competente será o Estado (ou Distrito Federal) em
que tiver domicílio o doador (CF, art. 155, § 1º, II).
Segundo o art. 155, § 1º, III da CF, o imposto terá competência para sua
instituição regulada por lei complementar se o doador tiver domicilio ou residência no
exterior ou se o de cujus possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve o seu
inventário processado no exterior. Como a lei complementar reclamada pelo dispositivo
ainda não foi editada, os Estados têm se utilizado da autorização do art. 24, § 3º da CF e
exercido a competência legislativa plena, disciplinando a situação por lei própria.
Legislação e tributação comercial
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7.2.2 Imposto Sobre À Circulação De Mercadorias E Prestações De
Serviços
7.2.2.1 Competência
Dos Estados e do DF, em que se verifica a sua hipótese de incidência. No
que tange às mercadorias importadas, a competência para cobrar o ICMS é do Estado em
que está situado o estabelecimento importador e não aquele em que a mercadoria ingressa
no território nacional. O ICMS é o imposto de maior arrecadação no Brasil.
7.2.2.2 Função
Predominantemente fiscal, sendo fonte de receita bastante expressiva
para os Estados e para o Distrito Federal.
Permite a Constituição que seja ele seletivo, em função da essencialidade
das mercadorias e serviços (CF, art. 155, § 2º, III), faculdade que, se utilizada,
proporcionaria visíveis notas de extrafiscalidade ao tributo, pois sua incidência seria mais
elevada sobre as mercadorias e serviços consumidos pelas pessoas de maior capacidade
contributiva, de forma a redistribuir a renda.
7.2.2.3 Fato gerador
É descrito na lei estadual que o instituir, contudo, a União por aplicação do
artigo 146, III da CF, editou normas gerais para a cobrança de tal imposto. Assim, a regra
base é a contida na Lei Complementar n. 87, de 13.9.1996, onde consta no artigo 2º: O
imposto incide sobre: I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o
fornecimento de alimentação e bebidas em bares, restaurantes e estabelecimentos similares;
II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via, de
pessoas, bens, mercadorias ou valores; III - prestações onerosas de serviços de comunicação,
por qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a
retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza; IV -
fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não compreendidos na
competência tributária dos Municípios; V - fornecimento de mercadorias com prestação de
serviços sujeitos ao imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei
complementar aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual. § 1º O
imposto incide também: I – sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior,
Legislação e tributação comercial
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por pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto, qualquer
que seja a sua finalidade; II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha
iniciado no exterior; III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo,
inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica,
quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes de operações
interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizado o adquirente. § 2º A
caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da operação que o constitua.
Neste ponto, de bom tom esclarecer que, o fato gerador do ICMS decorre
de um título jurídico, e não apenas de uma situação de fato, isto é, a circulação deve ser
jurídica, implicando transferência da propriedade. Nos casos em que o título jurídico não
implica a transferência de propriedade, como nos casos de locação ou comodato, não há
fato gerador do ICMS.
7.2.2.3.1 Conceito de mercadoria
Compreende os bens móveis que estão no mundo dos negócios com
finalidade comercial, isto é, o bem móvel, que está sujeito à mercancia, porque foi
introduzido no processo circulatório econômico. Tanto que o caracteriza, sob certos
aspectos, a mercadoria é a destinação, porque aquilo que é mercadoria, no momento que
se introduz no ativo fixo da empresa, perde esta característica de mercadoria, podendo ser
reintroduzido no processo circulatório, voltando a adquirir, conseqüentemente, essa
conotação de mercadoria.
Cabe demonstrar que, para incidência do ICMS é necessário habitualidade
no exercício da atividade mercantil para que se reconheça a finalidade comercial na
operação. Ora, se determinada empresa que comercializa gêneros alimentícios, visando a
atualizar-se tecnologicamente, resolve adquirir novos computadores e alienar os antigos,
não haverá incidência do ICMS sobre essa venda esporádica, pois não se trata da atividade-
fim da entidade. A empresa se equipara a um alienante comum. No mesmo sentido, é caso
do particular que resolve alienar seu veículo, com o objetivo de adquirir outro. Neste caso
não haverá incidência do ICMS, pois não há habitualidade na atividade. O particular é um
alienante comum. Para ele, o bem não é exatamente uma mercadoria.
7.2.2.3.2 Os serviços tributados pelo ICMS
Em regra, a prestação de serviços é manifestação de riqueza tributada
Legislação e tributação comercial
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pelos Municípios por intermédio do imposto sobre serviços de qualquer natureza – ISS.
Entretanto, após a Constituição Federal de 1988, dois serviços foram
incluídos no âmbito de incidência do ICMS: os de transporte interestadual e intermunicipal
e os de comunicação. O motivo da inclusão é o fato de a prestação desses serviços
normalmente ultrapassar as fronteiras físicas dos Municípios, o que poderia gerar graves
problemas com tributação baseada em milhares de legislações diferentes. Ressalte-se,
nessa linha, que o serviço de transporte intramunicipal, ou seja, que não transponha as
fronteiras do Município, se insere na competência do Município, isto é, do ISS.
Assim, se o ônibus coletivo urbano percorre o trajeto que liga o
Município de Toledo ao de Cascavel, é possível a incidência do ICMS estadual. Já se a linha
resume-se a circular nos limites do Município de Toledo, somente é possível a incidência
do ISS municipal (cuja alíquota é, de regra, muito menor).
No caso da tributação do serviço de comunicação, a incidência recai
sobre o prestador de serviços, ou seja, a pessoa que proporciona os meios para a
comunicação entre os interlocutores, como ocorre com as empresas de telefonia fixa ou
móvel. Aqui, compete demonstrar que após muita discussão em nossos tribunais, chegou-
se ao consenso de que os serviços de internet não são serviços de comunicação, e sim
serviços de valor adicionado, conforme definidos pelo art. 61 da Lei n° 9.472/97, hoje
descrito na Súmula 334 do STJ, na qual consta: O ICMS não incide no serviço dos provedores
de acesso à internet.
Por fim, no que pertine ao serviço de telecomunicação, é de se esclarecer
que, somente a transmissão onerosa está sujeita ao ICMS, isto é, as chamadas rádios e
TV’s abertas possuem expressa regra imunizante na Constituição Federal (aliena d do
inciso X do § 2º do art. 155). Os serviços de comunicação que estão sujeitos à tributação
pelo ICMS são aqueles explorados por TV a cabo. O ICMS por sua vez, neste caso, não
incidirá sobre os serviços preparatórios e acessórios àquela transmissão, tais como a
adesão, habilitação e instalação de equipamentos.
7.2.2.4 Seletividade
O artigo 155, § 2º, III da Constituição, permitiu a seletividade do ICMS,
enquanto que relativamente ao IPI a tornou obrigatória. Deste modo, caso o legislador
estadual opte por adotar a seletividade, as alíquotas deverão ser fixadas de acordo com a
essencialidade do produto, sendo menores para os gêneros considerados essenciais e
Legislação e tributação comercial
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maiores para os supérfluos, de forma a gravar de maneira mais onerosa os bens
consumidos principalmente pelas pessoas de maior capacidade contributiva, desonerando
os bens essenciais, consumidos por pessoas integrantes de todas as classes sociais.
7.2.2.5 Não-cumulatividade
Por expressa disposição constitucional é não cumulativo, compensando-
se o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de
serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou pelo outro Estado ou pelo
Distrito Federal (CF, 155, § 2º, inc. I).
7.2.2.6 O ICMS nas operações interestaduais
Decidido que o ICMS seria um imposto estadual, a polêmica subseqüente
seria com relação às operações interestaduais. Na operação realizada entre contribuintes
situados em Estados diferentes, a quem deveria caber o produto da arrecadação? Ao
Estado que produziu a mercadoria (alienante) ou àquele em que vai ocorrer o consumo
(adquirente)?
A primeira solução, favorável aos Estados produtores, premia os Estados
mais industrializados, mais desenvolvidos, os que mais produzem mercadorias. A segunda
solução, favorável aos Estados consumidores, propicia um incremento na arrecadação dos
Estados menos desenvolvidos, contribuindo para a diminuição das desigualdades regionais,
um dos objetivos da República Federativa do Brasil.
Nas discussões ocorridas na Assembléia Nacional Constituinte,
venceram os Estados produtores (mais desenvolvidos), mas em contrapartida foram
criadas regras que garantem que nas operações interestaduais realizadas entre
contribuintes, boa parte da arrecadação da cadeia produtiva ficará com o Estado em que
irá ocorrer o consumo.
Para uma perfeita compreensão das regras será utilizado um exemplo,
dividido entre três situações hipotéticas, todas envolvendo a venda de uma mercadoria por
uma empresa domiciliada em São Paulo a um adquirente domiciliado no Paraná. Para a
análise dos casos, supunham-se, as seguintes alíquotas como aplicáveis à mercadoria
objeto da operação.
Alíquota Interestadual (SP-PR) = 8%
Alíquota interna de São Paulo = 18%
Legislação e tributação comercial
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Alíquota interna do Paraná = 17%
Três situações são possíveis quanto à operação.
No primeiro caso, o destinatário no Paraná não é contribuinte do ICMS
(não é comerciante) e adquire a mercadoria como consumidor final. É o caso, por
exemplo, da pessoa física que adquire uma mercadoria por meio de pedido via internet ou
por ligação telefônica para comerciante domiciliado em outro estado.
Perceba-se que não há motivo de fato ou de direito para se aplicar a
alíquota interestadual (8%) no caso. Não há diferença relevante entre a operação relatada
e aquela em que o adquirente, de passagem por São Paulo, adquire a mercadoria no balcão
da empresa comerciante. Em ambos os casos, será aplicável a alíquota interna de São
Paulo (18%).
No segundo caso, o adquirente é contribuinte (comerciante) e, portanto,
possui logística para recolher tributos no Estado do Paraná. Entretanto, apesar de
comerciante, está adquirindo a mercadoria como consumidor final, não havendo objetivo
de comercializá-la. É o caso da empresa comercial que compra computadores para
integrar o seu ativo permanente.
Nesta situação optou o legislador constituinte por dividir a arrecadação
entre o Estado de origem (SP) e o de destino da mercadoria (PR). Assim, no exemplo citado,
o Estado de São Paulo recebe o montante equivalente à alíquota interestadual (8%) e o
Estado do Paraná recebe a diferença entre a alíquota interestadual e a sua alíquota interna
(17% - 8% = 9%).
No terceiro e último caso, tem a situação mais corriqueira, resolvida pela
simples aplicação do mecanismo de débitos e créditos característicos do regime da não-
cumulatividade. O adquirente no Paraná é comerciante e tem o objetivo de revender a
mercadoria no âmbito de sua atividade principal. É o caso da loja de informática que
adquire computadores para revenda a seus clientes.
Nessa situação, o estado de origem (SP) receberá o equivalente à alíquota
interestadual (8%). O adquirente no Paraná terá direito ao crédito decorrente do valor
pago na aquisição e compensará tal valor em vendas futuras. Imagine-se que a
mercadoria, adquirida por R$ 100,00, seja revendida a R$ 200,00. São Paulo receberá R$
8,00, decorrente da aplicação da alíquota interestadual sobre a venda. No Paraná haverá
incidência do ICMS no valor de R$ 34,00, decorrentes da aplicação da alíquota interna do
Estado (17%) sobre o valor da revenda interna (R$ 200,00). O sujeito passivo abaterá do
Legislação e tributação comercial
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valor a pagar o crédito que adquiriu na compra feita ao fornecedor em São Paulo,
resultando num valor a recolher no Paraná de R$ 26,00.
7.2.2.7 Alíquotas
Nos termos do artigo 14 da Lei Estadual nº 11.580, de 26.01.2006: As
alíquotas internas são seletivas em função da essencialidade dos produtos ou serviços, assim
distribuídas: I - alíquota de 7%; II - alíquota de 12%; III - alíquota de 25%; IV - alíquota de
28%; V - alíquota de 29%; VI - alíquota de 18%.
Consta do artigo 15 que: As alíquotas para operações e prestações
interestaduais são: I - 12% (doze por cento) para as operações e prestações interestaduais
que destinem bens, mercadorias e serviços a contribuintes estabelecidos nos Estados de
Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo; II - 7% (sete por
cento) para as operações e prestações interestaduais que destinem bens, mercadorias ou
serviços a contribuintes estabelecidos no Distrito Federal, e nos demais Estados não
relacionados no inciso anterior. III - 4% (quatro por cento) na prestação serviço de
transporte aéreo interestadual de passageiro, carga e mala postal (Resolução do Senado n.
95/96).
7.2.2.8 Base de cálculo
Regra geral é o valor da operação relativa à circulação de mercadoria, ou
o preço do serviço respectivo. Isto é, a base de cálculo do ICMS compreende o próprio
montante do tributo.
Dessa forma, a alíquota efetiva do ICMS acaba por ser maior que a
nominal, uma vez que o tributo incide sobre seu próprio valor.
A título de exemplo, se uma mercadoria foi vendida ao valor de R$
10.000,00, com uma alíquota de ICMS de 20%, o valor do tributo é de R$ 2.000,00, já
embutidos no preço (imposto ‘por dentro’). Por conseguinte, é correto afirmar que o
ICMS incidiu sobre a soma do valor pertencente ao comerciante (R$ 8.000,00) com o
montante do próprio tributo (R$ 2.000,00). Repare-se que, se o tributo fosse calculado
exclusivamente sobre o ‘custo’, seria de apenas R$ 1.600,00 (20% x R$ 8.000,00). Assim, a
alíquota nominal de 20% corresponde um percentual efetivo de 25% (25% x R$ 8.000,00
= R$ 2.000,00).
Segundo o art. 155, § 2º, XI da Constituição, o ICMS não compreenderá,
Legislação e tributação comercial
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em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a
operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização
ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos.
Quando uma alienação é feita por uma indústria para um comerciante
(operação entre contribuintes do ICMS), ocorre o fato gerador do ICMS e do IPI. Nesse
caso, a base de cálculo do ICMS não compreende o montante do IPI.
A título de exemplo, se o valor do produto é de R$ 20.000,00 e a alíquota
do IPI é de 10%, montante cobrado do adquirente será de R$ 22.000,00, pois, ao contrário
do ICMS, o IPI é calculado ‘por fora’, não estando embutido no preço. Como a operação é
entre contribuintes do ICMS, a base de cálculo do imposto não incluirá o montante do IPI,
de forma que o ICMS, supondo-se a alíquota de 20%, será de R$ 4.000,00, já incluídos no
preço pago.
Quando o adquirente não é contribuinte do ICMS (consumidor final ou
empresa exclusivamente prestadora de serviços, por exemplo), o IPI faz parte da base de
cálculo do ICMS. Mantidos os valores do exemplo anterior, o ICMS compreenderia, na sua
base de cálculo, o montante do IPI, de forma que o valor a ser recolhido seria de R$
4.400,00 (20% x R$ 22.000,00).
7.2.2.9 Contribuintes
A Lei Complementar Federal nº 87, de 13.9.1996, estabelece no artigo 4º
quem vem a ser contribuinte do ICMS, nos seguintes termos: Art. 4º Contribuinte é
qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com habitualidade ou em volume que
caracterize intuito comercial, operações de circulação de mercadoria ou prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior. Parágrafo único. É também contribuinte a
pessoa física ou jurídica que, mesmo sem habitualidade ou intuito comercial: I – importe
mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua finalidade; II - seja destinatária de
serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior; III – adquira
em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou abandonados; IV – adquira lubrificantes e
combustíveis líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro
Estado, quando não destinados à comercialização ou à industrialização.
Conforme já estudado, é necessária a habitualidade ou a realização de
operações em volume que caracterize intuito comercial para que os bens sejam
Legislação e tributação comercial
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considerados mercadorias e, por conseguinte, o alienante seja considerado contribuinte do
imposto. Caso contrário, a alienação será considerada esporádica, e o vendedor será tido
por alienante comum, não contribuinte do imposto, como no exemplo do particular que
aliena seu veículo com o intuído de comprar um outro.
7.2.2.10 Lançamento
É lançado por homologação. Cada contribuinte registra suas operações,
escritura seus livros de entradas e saídas e de apuração do imposto, recolhendo o
montante respectivo de cada mês, independentemente de exame de seus cálculos pela
autoridade administrativa.
7.2.3 Imposto Sobre A Propriedade De Veículos Automotores
7.2.3.1 Competência
Cabe aos Estados e ao Distrito Federal, conforme artigo 155, inciso III da
Constituição Federal.
7.2.3.2 Função
Predominantemente possui função fiscal. Tem, todavia, função
extrafiscal, quando discrimina, por exemplo, em função do combustível utilizado, a alíquota
a ser aplicada para o veículo.
Neste ponto, cabe ponderar que as alíquotas podem ser estipuladas de
forma diferenciada para veículos utilitários e de passeio (variação quanto ao tipo), bem
como, podem ser criadas alíquotas menores para veículos de aluguel (táxi) e de transporte
escolar, e maiores para veículos particulares (variação quanto à utilização).
No entanto, não se pode adotar alíquota diferente quanto ao fato de ser o
veículo nacional ou importado, pois que, agrediria o princípio da não-discriminação em
razão da origem ou procedência (CF, 152).
7.2.3.3 Fato gerador
É a propriedade do veículo automotor na data em que a lei considera
efetivamente verificado o fato gerador do tributo (normalmente o dia 1º de janeiro de cada
exercício financeiro).
Legislação e tributação comercial
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Grandes debates surgiram acerca da possibilidade de considerar o fato
gerador do tributo a propriedade de embarcações e aeronaves, dada a expressão genérica
utilizada pelo texto constitucional. Coube ao STF decidir que o campo de incidência do
IPVA não inclui embarcações e aeronaves.
7.2.3.4 Alíquota
Conforme constante da emenda constitucional nº 42/2003, passou-se a
estabelecer alíquotas mínimas para este imposto, as quais são fixadas pelo Senado Federal
(CF, art. 155, § 6º, I).
No Paraná a alíquota é fixa, conforme consta do artigo 4º da Lei n.
14.260, de 22.12.2003: As alíquotas do IPVA são: I - 1% (um por cento) para: a) ônibus,
caminhões e quaisquer outros veículos automotores registrados no Departamento de
Trânsito do Paraná - Detran/PR, ou cadastrados na Secretaria da Fazenda do Estado do
Paraná - SEFA/PR, na categoria aluguel ou espécie carga; b) veículos automotores
destinados à locação, de propriedade de empresas locadoras ou cuja posse estas detenham
em decorrência de contrato de arrendamento mercantil; c) veículos automotores que
utilizem o Gás Natural Veicular (GNV). II - 2,5% (dois e meio por cento) para os demais
veículos automotores registrados no DETRAN/PR ou cadastrados na SEFA/PR, inclusive
caminhonete ou camioneta com capacidade para cinco passageiros ou mais.
7.2.3.5 Base de cálculo
A base de cálculo do imposto necessariamente deve quantificar o fato
gerador, podendo ser definida como o valor venal do veículo. Suas alterações não estão
sujeitas ao princípio da noventena, consoante dispõe o art. 150, § 1º da Constituição.
Seguindo esta trilha, no Paraná a base de cálculo do IPVA é o valor venal do
veículo automotor.
7.2.3.6 Contribuinte
É o proprietário do veículo automotor, pois que, é a única pessoa que
possui relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador, presumindo-se
neste caso, como tal a pessoa, aquele em que cujo nome o veículo esteja licenciado pela
repartição competente.
Legislação e tributação comercial
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7.2.3.7 Lançamento
É de ofício, a repartição competente para o licenciamento envia para a
Secretaria da Fazenda as informações necessárias e esta emite o documento com o qual o
proprietário do veículo é notificado para fazer o pagamento.
Legislação e tributação comercial
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7.3 IMPOSTOS MUNICIPAIS
A teor do que dispõe o artigo 156 da Constituição Federal: Compete aos
Municípios instituir impostos sobre: I - propriedade predial e territorial urbana; II -
transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza
ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão
de direitos a sua aquisição; III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art.
155, II, definidos em lei complementar.
Ressalvada a hipótese de emenda à Constituição, não há qualquer
possibilidade de os Municípios instituírem quaisquer impostos além dos três que lhes
foram deferidos pela Carta Magna. Assim, ao contrário da União, que possui competência
residual e extraordinária, a lista de impostos municipais é exaustiva.
7.3.1 Imposto Sobre A Propriedade Predial E Territorial Urbana
7.3.1.1 Competência
Dos Municípios (CF, 156, I e CTN, 32). O imposto é sobre a propriedade
imóvel, que abrange o terreno e as edificações no mesmo existentes.
7.3.1.2 Função
É tipicamente fiscal, sendo seu objetivo primordial a obtenção de
recursos financeiros aos municípios. Revela-se como importante fonte de arrecadação
municipal. Assume caráter extrafiscal, quando instituído de forma progressiva.
7.3.1.3 Fato gerador
Segundo o artigo 32 do CTN, o IPTU tem como fato gerador a
propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física,
como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.
Para compreensão do que vem a ser zona urbana deve-se considerar os
critérios dispostos no § 1º do artigo 32 do CTN, isto é: § 1º Para os efeitos deste imposto,
entende-se como zona urbana a definida em lei municipal; observado o requisito mínimo
da existência de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos seguintes,
construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização
de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede
Legislação e tributação comercial
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de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola
primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel
considerado. § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de
expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes,
destinados à habitação, à indústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas
definidas nos termos do parágrafo anterior.
3.3.1.4 Alíquotas
No Município de Toledo, nos termos do artigo 17 da Lei Municipal n.
1.931, de 26.05.2006: O IPTU será calculado mediante a aplicação sobre o valor venal dos
imóveis das seguintes alíquotas: I - imóveis edificados: cinco décimos por cento; II - imóveis
não edificados: dois por cento; III - imóveis em construção: um por cento; IV - imóveis não
parcelados, localizados no perímetro urbano, que sejam utilizados para exploração vegetal,
agrícola, pecuária ou agroindustrial, desde que a exploração atenda as exigências do Código
de Posturas, da Vigilância Sanitária, da legislação ambiental e demais legislação vigente:
cinco décimos por cento. § 1º - A alíquota de que trata o inciso III do caput deste artigo terá
validade pelo prazo de até dois anos, a contar da expedição do alvará de construção. § 2º -
Não concedido o "habite-se" até o prazo previsto no parágrafo anterior, aplicar-se-á a
alíquota prevista no inciso II do caput deste artigo.
3.3.1.5 Base de cálculo
É o valor venal do imóvel, este por sua vez é aquele que o bem alcançaria
se fosse posto à venda, em condições normais. O preço, neste caso, deve ser o
correspondente a uma venda à vista, vale dizer, sem incluir qualquer encargo relativo a
financiamento. Há direito ao contraditório por parte do contribuinte quanto ao valor do
imóvel.
3.3.1.6 Contribuinte
Nos termos do artigo 34 do CTN, é o proprietário do imóvel, o titular de
seu domínio útil ou o seu possuidor a qualquer título.
Proprietário é quem possui título de domínio devidamente registrado no
Cartório de Registro de Imóveis, por sua vez, a titular do domínio útil, é a pessoa que
recebeu do proprietário o direito de usar, gozar e dispor da propriedade, conservando o
Legislação e tributação comercial
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domínio direto. É o caso do enfiteuta. Por fim, possuidor conforme disposição do artigo
1.196 do Código Civil é todo aquele que tem de fato o exercício pleno ou não, de alguns dos
poderes inerentes à propriedade.
3.3.1.7 Lançamento
É feito de ofício, pois que, as entidades da Administração tributária,
dispõem do cadastro de imóveis e com base neste efetuam, anualmente, o lançamento do
tributo, notificando os respectivos contribuintes para o seu pagamento.
7.3.2 Imposto Sobre A Transmissão Inter Vivos De Bens Imóveis E
Direitos A Eles Relativos
7.3.2.1 Competência
É de competência dos Municípios (CF, 156, II). Foi disposto ao Município
pois que este possui o cadastro de imóveis, sendo muito mais conveniente e econômico a
ele arrecadar.
7.3.2.2 Função
É predominantemente fiscal, vale dizer, visa a obtenção de recursos
financeiros para o município que o cobra.
7.3.2.3 Fato gerador
A transmissão inter vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens
imóveis, exceto os de garantia, bem como a cessão de direitos à sua aquisição. É o que
consta do artigo 57 do Código Tributário Municipal de Toledo: I - a transmissão, a qualquer
título, da propriedade ou do domínio útil de bens imóveis por natureza ou por acessão física,
conforme definido no Código Civil; II - a transmissão, a qualquer título, de direitos reais
sobre imóveis, exceto os direitos reais de garantia; III - a cessão de direitos relativos às
transmissões referidas nos incisos anteriores.
7.3.2.4 Alíquotas
É fixada em percentual. Em Toledo, consta do artigo 60 do CTM: O imposto
será calculado aplicando-se sobre o valor estabelecido como base de cálculo as seguintes
Legislação e tributação comercial
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alíquotas: I - transmissões compreendidas no sistema financeiro da habitação, em relação à
parcela financiada: cinco décimos por cento; II - demais transmissões: dois por cento.
7.3.2.5 Base de cálculo
O artigo 38 do CTN dispõe que a base de cálculo do imposto é o valor
venal dos bens ou direitos transmitidos. Valor venal é o valor de mercado do bem imóvel
por natureza ou acessão física, excluindo-se tudo quanto no imóvel o proprietário
mantiver intencionalmente empregado em sua exploração industrial, aformoseamento ou
comodidade, que, por serem bens imóveis por acessão intelectual, estão
constitucionalmente fora do campo de incidência do tributo. Aliás, consta do artigo 59 do
CTM: A base de cálculo do ITBI é o valor pactuado no negócio jurídico ou o valor venal
atribuído ao imóvel ou ao direito transmitido, atualizado pelo Município, se este for maior. §
1º - Na arrematação ou leilão e na adjudicação de bens imóveis, a base de cálculo será o
valor estabelecido pela avaliação judicial ou administrativa, ou o preço pago, se este for
maior. § 2º - Nas tornas ou reposições, a base de cálculo será o valor da fração ideal. § 3º -
Na instituição de fideicomisso, a base de cálculo será o valor do negócio jurídico ou setenta
por cento do valor venal do imóvel ou do direito transmitido, se maior. § 4º - Na concessão
real de uso, a base de cálculo será o valor do negócio jurídico ou quarenta por cento do valor
venal do bem imóvel, se maior. § 5º - No caso de cessão de direitos de usufruto, a base de
cálculo será o valor do negócio jurídico ou cinqüenta por cento do valor do bem imóvel, se
maior. § 6º - No caso de acessão física, a base de cálculo será o valor da indenização, ou o
valor venal da fração ou acréscimo transferido, se maior. § 7º - Quando a fixação do valor
venal do bem imóvel ou direito transmitido tiver por base o valor da terra nua estabelecido
pelo órgão federal competente, poderá o Município atualizá-lo monetariamente. § 8º - A
impugnação do valor fixado como base de cálculo do imposto será endereçada à repartição
municipal que efetuar o cálculo, acompanhada de laudo técnico de avaliação do imóvel ou
direito transmitido.
7.3.2.6 Contribuinte
Nos termos do artigo 42 do CTN, contribuinte do imposto é qualquer das
partes na operação tributada, como dispuser a lei.
Deve-se entender que o legislador municipal tem autonomia para a
definição legal do contribuinte do ITBI, desde que a indicação recaia sobre uma das partes
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da operação tributada, pois, nos termos do artigo 121, parágrafo único, I, do CTN, o
contribuinte deve possuir relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato
gerador da obrigação.
No Município de Toledo, por implicação do artigo 66 do CTM: O imposto é
devido pelo adquirente ou cessionário do bem imóvel ou do direito a ele relativo. § 1º - Nas
transmissões que se efetuarem sem o pagamento do imposto devido, ficam solidariamente
responsáveis por esse pagamento o transmitente e o cedente, conforme o caso. § 2º - Os
tabeliães, escrivães, notários, oficiais de registro de imóveis e demais serventuários de ofício
são solidariamente responsáveis pelo cumprimento da obrigação tributária principal devida
sobre os atos por eles praticados em razão de seu ofício, ficando solidariamente responsáveis
por esse pagamento nas transmissões que se efetuarem sem o pagamento do imposto
devido.
7.3.2.7. Lançamento
Mediante declaração do contribuinte, pois que, a autoridade
administrativa constitui o crédito tributário com base em informações prestadas pelo
próprio sujeito passivo ou por terceiro. Pode ser lançado de ofício quando constatada a
ocorrência de seu fato gerador sem que o respectivo pagamento tenha sido efetuado.
7.3.3 Imposto Sobre Serviços De Qualquer Natureza
Ressalvados os serviços constitucionalmente colocados sobre o campo de
incidência do ICMS (comunicação e transporte interestadual e intermunicipal), qualquer
serviço pode ser tributado pelos Municípios, desde que definidos em lei complementar.
7.3.3.1 Competência
Por disposição do artigo 156, inciso III da Constituição Federal, este
imposto compete aos Municípios.
7.3.3.2 Função
Possui nítida finalidade arrecadatória, constituindo-se em importante
fonte de recursos para o desempenho da atividade financeira dos municípios, deste modo é
predominantemente fiscal.
Legislação e tributação comercial
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7.3.3.3 Fato gerador
Compreende os serviços de qualquer natureza não compreendidos na
competência tributária estadual, definidos em lei complementar da União. Este se encontra
definido no artigo 1º da Lei Complementar nº 116/2003: O Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Distrito Federal, tem como fato
gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que esses não se
constituam como atividade preponderante do prestador. § 1o O imposto incide também
sobre o serviço proveniente do exterior do País ou cuja prestação se tenha iniciado no
exterior do País. § 2o Ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela
mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de
Mercadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias. § 3o
O imposto de que trata esta Lei Complementar incide ainda sobre os serviços prestados
mediante a utilização de bens e serviços públicos explorados economicamente mediante
autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo
usuário final do serviço. § 4o A incidência do imposto não depende da denominação dada
ao serviço prestado.
7.3.3.4 Alíquotas e Base de Cálculo
Os municípios gozam de autonomia para fixar as alíquotas do ISS,
contudo poderá a União limitar tais alíquotas por lei complementar.
Quanto à base de cálculo, está é o preço do serviço, conforme definido pelo
artigo 7º da Lei Complementar nº 116/2003. Em Toledo consta do CTM: A base de cálculo
do ISS é o preço do serviço, sendo que o imposto será calculado mediante a aplicação das
seguintes alíquotas: I - serviços previstos nos itens 12, 15, 18, 19, 21, 22, 26 e 28, e seus
respectivos subitens, do ANEXO I desta Lei: 5% (cinco por cento); II - serviços previstos nos
subitens 6.01 e 6.02 e 14.04 do ANEXO I desta Lei: 2% (dois por cento); III - outros serviços:
3% (três por cento).
7.3.3.5 Contribuinte
Nos termos do artigo 5º da Lei Complementar nº 116/2003, contribuinte
é a empresa ou trabalhador autônomo que presta serviço tributável.
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7.3.3.6 Lançamento
O ISS é lançado por homologação, pois é o próprio sujeito passivo que, a
cada fato gerador, calcula o montante do tributo devido e antecipa o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa, cabendo a esta verificar a correção do procedimento
e, se for o caso, homologá-lo, podendo, ainda, lançar de ofício as diferenças porventura
devidas.
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