Lei de Responsabilidade Fiscal

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1. INTRODUO A Lei de Responsabilidade Fiscal oferece uma viso de conjunto quanto ao diploma normativo. Explorar a lei, analisando seus objetivos, valores e principais temas, bem como o contexto socioeconmico e os antecedentes legislativos. As razes da criao da LC 101/2000 e dos antecedentes, observando o momento poltico e econmico deram causa a introduo da referida norma. Os fundamentos constitucionais da Lei de Responsabilidade Fiscal, bem como os princpios fundamentais e os principais temas insertos na mencionada lei so aplicados no texto. Por fim, como a Lei foi assimilada, as alteraes legislativas, os ataques sofridos a sua constitucionalidade e diretrizes jurdicas, ou seja, o que se fez da Lei de Responsabilidade Fiscal ou o que se fez com base nela.

2. Antes da Lei de Responsabilidade Fiscal Criar uma lei ao nacional, fazendo com objetivos especficos e em um contexto determinado, isto , meios e fins norma posta organiza meios vista de finalidades. Verifica-se o contexto e objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal, ao invs da interpretao particular de alguns dispositivos. LC 101/2000 chamada lei moralizadora, a qual regula a conduta dos agentes pblicos. Trs aspectos so tratados para a criao da referida Lei: o poltico, o econmico e o jurdico. O econmico versa sobre a situao econmica vivenciada pelo Brasil antes da aprovao da LC101/2000. O aspecto poltico trata das relaes de poder que induziram a criao da Lei e por ltimo, o jurdico, o qual denota a relao da Lei de Responsabilidade Fiscal com as demais normas do sistema de que faz parte.2.1. Quadro econmico

A queda na inflao e o elevado dficit pblico no contexto econmico impulsionaram a criao da LC101/2000. A inflao foi o instrumento de financiamento de gastos pblicos durante dcadas. A alta inflao ocultava a desproporo entre demandas e receitas, uma vez que se encarregava de fazer o ajuste despesa-receita.

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O desequilbrio oramentrio torna-se evidente no mbito federal. J os Estados e Municpios usavam as receitas financeiras para pagar despesas de natureza diversa, despesa primria. Assim, a queda da inflao e a necessidade de controlar a dvida pblica impem reforar o papel do tributo no padro de custeio das finanas estaduais e estabelecer mecanismos mais eficientes de restrio ao endividamento. Isso ocorre com a criao da Lei de Responsabilidade Fiscal. 2.2. Quadro poltico Culminou com a Constituio Federal de 1988, a qual implicou ainda mais redistribuio de recursos tributrios por meio dos fundos de participao. A tenso entre os interesses regionais e o interesse nacional incorporado na Lei de Responsabilidade Fiscal. 2.3. Quadro legislativo A ausncia de normas referenciais sociais compreendem trs situaes:

a transgresso recorrente das normas, que revela baixa normatividade do

regramento vigente;

o conflito de normas, que impede a adequao do comportamento do

indivduo a um nico padro de agir; a real falta de regras que vinculem a conduta dos indivduos.

Abaixo da CF, a lei nacional mais ampla em matria financeira era a Lei 4.320 de 1964, com objetivos e restries diferentes dos propostos pela LC 101/2000. A Lei 4.320/64 traz normas de gesto oramentria. Logo, repleta de normas constitutivas. No existe na referida lei, diretriz clara de poltica financeira e oramentria que possa ser adotada pelos gestores pblicos, como na Lei de Responsabilidade Fiscal. A Lei 4.320/64 no foi substituda pela LC 101/2000, uma vez que no entraram em conflitos alguns artigos do novo diploma com o antigo e permanecem ainda hoje em vigor. Antes da Lei de Responsabilidade Fiscal, praticar ou no praticar determinada conduta jurdica ou o modo de faz-lo: no era obrigatrio, tampouco proibido.

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A LC 101 veio inserir-se nessa lacuna, contudo, no foi, no e nunca se pretendeu que fosse uma soluo para as fraquezas da Administrao Pblica brasileira; somente promover um padro de conduta para a Administrao Pblica em termos financeiros e oramentrios e confere diretrizes de poltica financeira de longo prazo para todos os entes federativos. 3. Antecedentes Legislativos A Lei de Responsabilidade Fiscal surge no curso de uma sucesso de atos jurdicos voltados a apontar a poltica financeira nacional em duas direes: reduo da dvida pblica e do volume de despesas. H 04 (quatro) antecedentes legislativos: o Programa de Estabilizao Fiscal; a Lei Camata I (LC 82/1995); a Lei Camata II (LC 96/1999); o Programa de Apoio Reestruturao e ao Ajuste Fiscal dos Estados (Lei 9.496/1997). A referida Lei 9.496/97 e a Lei de Responsabilidade Fiscal so peas do mesmo mosaico, onde os esforos dos diversos entes federativos apresentam-se indispensveis para conseguir certos objetivos macroeconmicos. 4. Influncias Estrangeiras No se pode afirmar que alguns diplomas estrangeiros tenham sido pura e simplesmente transplantados para a LC 101/2000, pois esta editada num contexto poltico, econmico e jurdico bastante especfico. 5. Fundamentos Constitucionais So 03 (trs) os fundamentos normativo-constitucionais para a edio da Lei de Responsabilidade Fiscal: os artigos 163, 169 e 250 da Constituio Federal de 1988. O Art. 163 trata da competncia da Unio para edio de normas gerais de direito financeiro. O Art. 169, do limite de gasto com pessoal e o Art. 250, da criao de findo para custeio da previdncia social. A meno literal desses trs artigos feita no texto por duas razes. A primeira que deriva (da aplicao de) de outra norma de superior hierarquia que lhe serve de

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fundamento. Entender os fundamentos jurdicos da lei parte importante da prpria compreenso da lei. A segunda razo refere-se aos argumentos utilizados para atacar a constitucionalidade de LC101/2000. 6. Lei de Responsabilidade Fiscal: temas, sujeitos, objetivos e ferramentas Os objetivos e valores que so incorporados a LC101/2000 so discutidos no texto. Est no plano do dever ser, no no plano do ser, norma. 6.1. Valores, objetivos e ferramentas Os princpios jurdicos, como valores ou objetivos, do sentido s regras da Lei de Responsabilidade Fiscal. So apontados 05 (cinco): equilbrio monetrio; transparncia; controle do gasto pblico; ao fiscal planejada; responsabilidade dos agentes pblicos. Os princpios da LC101/2000 poderiam ser resumidos a trs: equilbrio, planejamento e transparncia fiscal. A transparncia baseada em 02 (dois) pilares: publicidade e participao, pois o conhecimento das contas pblicas pressuposto para participao e para o controle estatal e popular. O planejamento inclui a conscincia de meio, identificao de objetivos e controle de resultados. 6.2. O equilbrio fiscal como princpio fundamental da LC101/2000 possvel visualizar 02 (dois) princpios na Lei de Responsabilidade Fiscal, os quais so planejamento e transparncia. A evidncia contbil da igualdade entre receitas e despesas uma situao fcil de estabelecer, desde que no se considere o tipo ou as fontes dessas receitas. Existiria, assim, equilbrio meramente formal.

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O que deve ficar muito claro que a diretriz de equilbrio escolha poltica, concretizada por meio das leis oramentrias: Plano Plurianual, Lei de Diretrizes Oramentrias e Lei Oramentria Anual. As regras do Art. 14, bem como as dos Arts. 16, 4, 21, 22 e 24 da Lei de Responsabilidade Fiscal so ferramentas estabelecidas a ttulo de concretizar o equilbrio no oramento pblico. 6.3. Sujeitos, agentes e instituies Os sujeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal se ramificam em 02 (dois) nveis de atuao: o nvel dos indivduos e o das instituies. Os agentes fazem referncia a todos os gestores pblicos e a todos os sujeitos que atuam em nome do Estado no exerccio de atividades financeiras. No nvel das instituies esto os entes polticos que compem a federal brasileira: Unio, Estados e Municpios. A funo da LC101/2000 disciplinar as relaes fiscais entre os diversos entes polticos, impondo um padro de conduta financeira uniforme. A responsabilizao dos agentes individualmente considerados uma preocupao apontada no texto. 7. Reforma Legislativa: a LC 131 A LC 131, datada de 2009, alterou a redao do pargrafo nico do Art. 48 e acresceu os Arts. 48-A, 73-A , 73-B e 73-C. A modificao redacional do Art. 48 veio para incluir novos instrumentos, a saber, a transparncia fiscal. O Art. 73-A faculta ao cidado a possibilidade de representar ao Tribunal de Contas e ao Ministrio Pblico nos casos em que haja descumprimento de algumas das disposies da LC 101/2000. O Art. 73-B trata do prazo para implementao das novas medidas pelos entes federativos. E por fim, o Art. 73-C trata das sanes para o caso de inadimplemento. 8. Ataques Lei de Responsabilidade Fiscal

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A LC101/2000 foi objeto de pelo menos 08 (oito) aes diretas de inconstitucionalidade, os quais argumentam aspectos gerais e formais que teriam a capacidade de prejudicar o diploma legislativo, as questes de contedo e pontuais. 8.1. Vcios de Forma Existem 02 (dois) argumentos formais contra a constitucionalidade da LC101/2000, onde um deles ataca o procedimento de sua criao e o outro, sua base constitucional. A criao da lei um dos argumentos trazidos em desfavor da LC 101 versando sua constitucionalidade, onde se alega que teria havido vcio na sua elaborao. A segunda alegao formal que o legislador complementar teria regulado parcialmente o Art. 163 da Constituio Federal de 1988. 8.2. Vcios de Contedo Vrios dispositivos da LC101/2000 foram individualmente questionados em sede de controle de constitucionalidade, como por exemplo, os Arts. 4, 2, II; 9, 3 e 20. 9. CONCLUSO: OS INTERESSES EM CONFLITO Os preceitos legais da Lei de Responsabilidade Fiscal obrigam Unio, Estados e Municpios. A LC101/2000 regula as relaes fiscais entre os diferentes entes federados, estabelecendo diretriz comum de poltica financeira a ser seguida de maneira coordenada por todos. Propunha reunir esforos e oferecer soluo comum para o dficit oramentrio, desconhecimento das contas pblicas, crescimento no sustentado dos gastos com pessoal, ativo e inativo e falta de planejamento.

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10. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

NETO, Celso de Barros Correia. Revista Tributria e de Finanas Pblicas. Edio 95. So Paulo: RT, julho e agosto/2010; pg. 63 - 94.

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