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DIREITO DO TRABALHO
Lesões Acidentárias.
Prof. Antero Arantes Martins(01, 06 e 08/06)
Lesões Acidentárias. Direito do Trabalho x Direito Previdenciário
• Embora estejam intimamente ligados em suas raízeshistóricas, Direito do Trabalho e Direito Previdenciáriosão ramos absolutamente diferentes da ciência dodireito, que, por vezes, se “tocam”, mas, por certo, nãose confundem.
• Por vezes, normas de direito previdenciário geramefeitos no contrato de trabalho, como, por exemplo:– a) O acidente do trabalho e/ou doença profissional geram
garantia de emprego – art. 118, Lei 8.213/91;– b) A concessão de aposentadoria por invalidez gera
suspensão do contrato de trabalho (art. 475, CLT);– c) A concessão de benefício previdenciário importa em
suspensão do contrato de trabalho (art. 476, CLT), altera e/oufaz desaparecer o direito às férias (art. 133, IV, CLT), entreoutros.
Lesões Acidentárias. Acidente do Trabalho. Definição.
• O art. 19 da Lei 8.213/91 define acidente dotrabalho como sendo:
– Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre peloexercício do trabalho a serviço da empresa ou peloexercício do trabalho dos segurados referidos noinciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesãocorporal ou perturbação funcional que cause amorte ou a perda ou redução, permanente outemporária, da capacidade para o trabalho.
Lesões Acidentárias. Acidente do Trabalho. Elementos.
• O que caracteriza o acidente do trabalho é:– a) Um evento único (traumático);– b) No trabalho ou em função deste (percurso e intervalo
intrajornada);• Os artigos subseqüentes equiparam a acidente do
trabalho a doença profissional (veremos adiante) etambém aqueles eventos ali relacionados e ocorridosno horário de trabalho. Equipara a acidente de trabalhoaquele ocorrido no percurso da residência ao trabalhoe seu retorno.
• O art. 22 obriga a empresa a comunicar à PrevidênciaSocial a ocorrência do acidente no primeiro dia útilimediato ao fato.
Doença Profissional.
• Doença: mal que afeta a saúde do trabalhador;
• Doença Profissional: Há nexo causal entre o malde saúde e o trabalho;
• Doença do Trabalho: Há nexo causal entre o malde saúde e o ambiente de trabalho.
• Nexo Causal: relação entre o modus operandi daexecução de serviços e o mal de saúde de quesofre o trabalhador.
• NTEP é aplicável nas ações indenizatórias?
Indenização. Conceito.
• Consiste na obrigação que tem o ofensor dereparar o dano causado ao ofendido, visandorestituir este último ao status quo ante existentequando do evento danoso.
• Regra Geral: Responsabilidade Subjetiva;
• Elementos da responsabilidade subjetiva:– a) Ato ilícito;
– b) Dano;
– c) nexo causal.
• Exceção: Responsabilidade Objetiva. (Riscoinerente à atividade do empregador)
Ato Ilícito.
• Art. 186 CC: Ação ou omissão, dolosa ouculposa.
• Culpa lato sensu envolve o dolo (vontade livre econsciente de alcançar o resultado) e a culpastricto sensu.
• A culpa pode ser caracterizada por imprudência(falta de atenção ou percepção no que tange às conseqüências
do ato ou da omissão), negligência (desídia na observânciaquanto ao cumprimento das cautelas exigíveis diante da
situação) ou imperícia (relativa à falta de habilidade que seexige daquele que tem, por dever de profissão, obrigação de
possuí-la).
Ato Ilícito. Continuação.
• Art. 187 CC: Agasalhou a teoria do abuso no exercício de um direito.
• Nenhum direito é ilimitado, por mais amplo que seja.
• O dispositivo legal em comento estabelece os limitesdo exercício de um direito:– a) Ao seu fim econômico;
– b) Ao seu fim Social;
– c) À boa-fé. Lembrando-se aqui que o Código Civil de 2.002adota a teoria da boa-fé objetiva, ou seja, como agiria ochamado “homem médio” diante da circunstância e não aboa-fé subjetiva, ou seja, o que pretendia o agente em seuforo íntimo.
– d) aos bons costumes.
Responsabilidade objetiva.
• O art. 927, parágrafo único do Código CivilTrata da matéria:
• Nestes casos não se questiona a culpa oudolo, mas apenas a existência dos elementosrelativos ao “dano’’ e ao “nexo causal”.
Responsabilidade subjetiva x objetiva.
• Nos casos de acidente de trabalho e/ou doençaprofissional é aplicável a responsabilidadesubjetiva ou a objetiva?
Responsabilidade subjetiva x objetiva.
RESPONSABILIDADE
OBJETIVA
RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA
Teoria da Responsabilidade
Contratual
Teoria da Responsabilidade
Extracontratual
Teoria do Risco Criado Teoria do Risco Proveito
X
Ocorre o Acidente do Trabalho (dano)
Discute Culpa do
empregador?
Não (Art 927
CC)
Sim (art. 7º,
XXVIII CF)
Responsabilidade
Objetiva
Empregador
Paga o Dano
Culpa Presumida?
SIM
NÃO
Ônus da Prova
do Empregado
Ônus da Prova
do Empregador
Empregador não
Paga o DanoProvou?
Deixou de
Provar?
Não
Sim
Dano.
• “Dano”, genericamente considerado,
corresponde à uma lesão que provoca
uma diminuição ao patrimônio do
ofendido. Pode ser material ou
extrapatrimonial (moral).
• Dano Material: Caracteriza-se pelas
“perdas e danos” (redução de patrimônio
existente) e “lucros cessantes” (aquilo que
deixou de ganhar).
Dano Moral.
– “É aquele que atinge bens incorpóreos como aalta estima, a honra, a privacidade, a imagem, onome, a dor, o espanto, a emoção, a vergonha,etc. Firma residência em sede psíquica esensorial da vítima.” (Francisco Antonio deOliveira)
– “... apenas a moral, ou seja, a perturbaçãopsíquica, na tranquilidade, nos sentimentos deuma pessoa.” (Floriano Vaz da Silva).
– “aquela espécie de agravo constituída pelaviolação de algum dos direitos inerentes àpersonalidade” (Roberto Brebbia)
Dano Moral. Continuação.
• Espécies:
– a) dano estético;
– b) dano à intimidade;
– c) dano à vida de relação (honra, dignidade,honestidade, imagem, nome, liberdade);
– d) o dano biológico (vida/integridade física);
– e) o dano psíquico.
• Mero aborrecimento não gera dano moral.
• Simples descumprimento de normastrabalhistas gera reparação material e nãomoral.
Dano Moral. Continuação.
• Em 11/08/2010 foi arquivado pelo Plenário
da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei
(PL) 7.124/2002 que definia o dano moral,
estabelecia seu objeto e fixava parâmetros
de indenização.
• Prevalece, assim, a regra do arbitramento
judicial do valor devido.
Responsabilidade do empregador.
• Por ato próprio: Regra geral dá-se pela culpa
aquiliana, está no art. 927, caput do Código
Civil. Neste caso, discute-se a culpa do
agente. Vimos que no caso de doença
profissional esta culpa é presumida, mas
admite prova em contrário.
• Por ato de Terceiro: Prevê o art. 932, III do
Código Civil que o empregador responde por
ato de seus empregados e prepostos. O art.
933 prevê que esta responsabilidade é
objetiva, ou seja, não se discute a culpa do
empregador.
Fixação do Dano.
• Por dano material: A vítima é ressarcida pelo exatomontante do dano que sofreu e daquilo que deixou deganhar. Este ressarcimento é acompanhado decorreção monetária (reposição do poder aquisitivo damoeda) e de juros de mora (a partir da citação).
• O parágrafo único do art. 404 traz a novidade dosjuros compensatórios, quando os juros legais nãoforem suficientes para cobrir o dano e não houvecláusula penal no contrato.
• Nos casos de acidente de trabalho e doençaprofissional utiliza-se o art. 950 do Código Civil.
• A pensão mensal correspondente ao percentual deperda de capacidade laborativa.
Fixação do Dano moral.
• O Brasil não adota o sistema de indenização tarifada e sim de indenização arbitrada.
• O Juiz deve levar em conta:
a) Extensão do dano;
b) Condição da Vítima;
c) Condição do Agente;
d) Efeito didático ou pedagógico dacondenação.
• O PL 7124/2006 trazia previsão deindenização tarifada
Fixação do Dano moral. Continuação.
• Art. 7º Ao apreciar o pedido, o juiz considerará o teor do bem jurídico tutelado,os reflexos pessoais e sociais da ação ou omissão, a possibilidade desuperação física ou psicológica, assim como a extensão e duração dos efeitosda ofensa.
• § 1º Se julgar procedente o pedido, o juiz fixará a indenização a ser paga, acada um dos ofendidos, em um dos seguintes níveis:
• I – ofensa de natureza leve: até R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
• II – ofensa de natureza média: de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) a R$90.000,00 (noventa mil reais);
• III – ofensa de natureza grave: de R$ 90.000,00 (noventa mil reais) a R$180.000,00 (cento e oitenta mil reais).
• § 2º Na fixação do valor da indenização, o juiz levará em conta, ainda, asituação social, política e econômica das pessoas envolvidas, as condiçõesem que ocorreu a ofensa ou o prejuízo moral, a intensidade do sofrimento ouhumilhação, o grau de dolo ou culpa, a existência de retratação espontânea, oesforço efetivo para minimizar a ofensa ou lesão e o perdão, tácito ouexpresso.
• § 3º A capacidade financeira do causador do dano, por si só, não autoriza afixação da indenização em valor que propicie o enriquecimento sem causa, oudesproporcional, da vítima ou de terceiro interessado.
• § 4º Na reincidência, ou diante da indiferença do ofensor, o juiz poderá elevarao triplo o valor da indenização.
Prescrição.
• Prescrição é a perda do direito de ação pelainércia continuada de seu titular por umdeterminado lapso de tempo, desde queausentes causas impeditivas, interruptivas oususpensivas de sua contagem.
• Actio nata é o termo inicial de contagem doprazo prescricional. Significa “nascimento daação”, ou seja, nascimento do direito de ação.Enquanto não houver direito de ação não sepode falar em prescrição.
Prescrição. Continuação.
• Com o advento da EC 45/2004 acirrou-se a
discussão a respeito do prazo prescricional
a ser aplicado nestas ações.
• Surgiram três correntes:
• Prescrição Trabalhista
• Prescrição Civil
• Transição. Civil antes de 01/01/2005 e
trabalhista depois de 01/01/2005
Prescrição. Continuação.
• Art. 7º, XXIX, CF
– XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o
limite de dois anos após a extinção do contrato de
trabalho;
• Art. 205, “caput” do Código Civil.
– Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, quando a lei
não lhe haja fixado prazo menor.
• Art. 206, § 3º, V do Código Civil:
– Art. 206. Prescreve:
• § 3o Em três anos:
• V - a pretensão de reparação civil;
FIM
RESPONSABILIDADE OBJETIVA• EMENTA: ACIDENTE DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE DO
EMPREGADOR. No próprio direito do trabalho se encontra o
fundamento a ser utilizado para a responsabilização objetiva do
empregador em todas as hipóteses de dano à saúde, ou à vida do
trabalhador. É um dos princípios fundamentais do direito do trabalho, o da
responsabilidade objetiva do empregador para com os haveres do
trabalhador , por ser ele quem assume os riscos da atividade econômica,
característica tão importante que integra o conceito de empregador, nos
termos do artigo 2º, caput, da CLT. Se o acidente do trabalho, como
gênero, trata-se da mais grave violação do direito à saúde do trabalhador,
o sistema jurídico deve proporcionar resposta adequada a este fato. Daí
porque se impõe que a responsabilidade do empregador, pelos danos
decorrentes de acidente do trabalho, seja objetiva, em quaisquer casos,
de acidentes típicos, ou de doenças ocupacionais. Recurso da reclamada
não provido.
Art 927, parágrafo único
• Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar
o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados em lei, ou quando a
atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza,
risco para os direitos de outrem.
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Responsabilidade Objetiva – Teoria do Risco Criado
ACIDENTE DO TRABALHO - RESPONSABILIDADE OBJETIVA – A
responsabilidade objetiva, também chamada teoria do risco, consagrada
no art. 927, parágrafo único, do novo CCB não tem aplicação ampla e
irrestrita a todos os casos de acidente do trabalho. Ela tem espaço
quando as atividades normalmente desenvolvidas pela empresa colocam o
empregado em situação de risco além do normal já sofrido por qualquer
cidadão. Por exemplo, com a violência urbana, hoje em dia, pode-se dizer
que todos nós estamos sujeitos a ser vítimas de assaltos. Porém, uma
empresa que tem como objeto o transporte de valores acaba colocando
seus empregados em situação de risco mais elevada. Assim, o simples
desenvolvimento dessa atividade autoriza a aplicação da teoria da
responsabilidade objetiva. É diferente, contudo, a situação de um
professor que sofre queda na escola em que leciona. Todos nós estamos
sujeitos a uma queda, tropeção, escorregão, etc, nas mais diversas
atividades que desenvolvemos em nosso dia a dia. Porém, a atividade
escolar não coloca o professor em situação de risco mais elevado, de modo
que esteja mais propenso a sofrer quedas. Assim, não tem lugar a aplicação
da teoria do risco, sendo necessário demonstrar que o empregador
contribuiu com culpa [...] (Proc. Nº 01163-2007-055-03-00-6 – Des. Rel.
Jorge Berg de Mendonça – Sexta Turma do TRT 3ª Região – p. 13-12-2008)
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Responsabilidade Objetiva – Teoria do Risco Proveito
EMENTA: ACIDENTE DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE DO
EMPREGADOR. No próprio direito do trabalho se encontra o
fundamento a ser utilizado para a responsabilização objetiva do
empregador em todas as hipóteses de dano à saúde, ou à vida do
trabalhador. É um dos princípios fundamentais do direito do trabalho, o da
responsabilidade objetiva do empregador para com os haveres do
trabalhador , por ser ele quem assume os riscos da atividade econômica,
característica tão importante que integra o conceito de empregador, nos
termos do artigo 2º, caput, da CLT. Se o acidente do trabalho, como
gênero, trata-se da mais grave violação do direito à saúde do trabalhador,
o sistema jurídico deve proporcionar resposta adequada a este fato. Daí
porque se impõe que a responsabilidade do empregador, pelos danos
decorrentes de acidente do trabalho, seja objetiva, em quaisquer casos,
de acidentes típicos, ou de doenças ocupacionais. Recurso da reclamada
não provido.(Proc. Nº 0039600-15.2009.5.04.0733 – Des. Rel. Maria
Madalena Telesca – Oitava Turma do TRT 4ª Região – p. 16-06-2011)
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Responsabilidade Subjetiva – Teoria da Responsabilidade Contratual
É incontroverso o fato de que a reclamante sofreu uma queda quando,
ao passar sobre um piso molhado, escorregou, vindo a cair e fraturar o
punho direito, ocasionando seqüelas com cicatriz e perda da força de
apreensão em grau médio (Laudo pericial, f. 148, e laudo do assistente
técnico da reclamada, f. 160), salientando ainda o Perito Oficial que a
lesão sofrida pela autora deixou uma seqüela permanente, que se
encontra consolidada (f. 150, resposta ao quesito 2), com redução
funcional da ordem de 20% na mão direita, devido à lesão proveniente
da fratura (resposta ao quesito 3).
E a culpa, na hipótese, é perfeitamente presumível. Com efeito, ao
estabelecer o nexo causal entre o dano sofrido e o acidente do
trabalho, nada mais se fez do que concluir que a reclamada não
proporcionou à reclamante um ambiente de trabalho seguro, em
condições adequadas, pois, do contrário, certamente, nenhum
acidente teria sofrido a autora.) (Proc nº01154-2006-024-03-00-6 – Des.
Rel. Júlio Bernardo do Carmo – Quarta Turma do TRT 3ª Região –
19/12/2007)
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Responsabilidade Subjetiva – Teoria da Responsabilidade Extracontratual
EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL E
MATERIAL. ACIDENTE DO TRABALHO. AUSÊNCIA DE DANO E DE
CULPA DA RECLAMADA. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA.
A indenização por doença ocupacional ou acidente de trabalho
garantida ao trabalhador no inciso XXVIII do art. 7º da CF só é devida
pelo empregador no caso de haver concomitantemente nexo causal
entre a atividade profissional do trabalhador e o acidente ou a doença,
a incapacidade para o trabalho decorrente da doença ou do acidente,
além de culpa ou dolo do empregador. Não provados os danos
decorrentes do infortúnio e nem a culpa do empregador, que será
sempre subjetiva, conforme dispõe a Constituição Federal, não há que
se falar em indenização por danos morais ou materiais, eis que
ausentes pilares da responsabilidade civil, nesta situação (Proc
nº00886-2008-463-02-00-1 – Des. Rel. Marcelo Freire Gonçalves – Décima
Segunda Turma do TRT 2ª Região)
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