Literatura Popular

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Publicada em 27 de fevereiro de 2010, no Jornal Vale do Aço

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L eonardo Gomes é jor-nalista e escritor. Tododia ele levanta cedo,

toma café, pega a bolsa comalguns exemplares do livro "Ohomem que contraiu crônica",de sua autoria, lançado em2008, e sai. Quase sempre oseu destino é o terminal rodo-viário de Coronel Fabriciano."Geralmente ando de bicicle-ta. Aqui isso é possível, poisas avenidas dão fácil acesso

dos bairros ao centro da cida-de e têm poucos morros. Jáem Ipatinga, isto não funcio-naria tão bem", brinca Leo-nardo.

INCLUSÃO LITERALAo chegar ao seu destino,

Leonardo começa o que nomeoude "Inclusão Literal". Semapoio de leis de incentivo acultura ou empresários, elevende seu livro em locais de

grande circulação de pessoas,a preços populares, reduzindoseu lucro a uma tentativa dedespertar nos outros o prazerpela leitura. "Já que eu fiz olivro de forma independente,e atuo também como distribui-dor e vendedor, eu posso ven-der meu livro a um preço baixo.Quando eu abordo a pessoa eexplico o projeto, elas enten-dem, compram e lêem. Costu-mo dizer que é algo bonito e

barato", afirma o escritor. Quando despertou para sua

vontade de escrever, Léo sabiada realidade da região em rela-ção à leitura. "No Vale doAço, poucos tem o hábito deir a uma livraria e comprarlivros, pouquíssimos. As pes-soas até visitam, olham, massair com um exemplar na mãonão é tão comum. Muitos têmoutras obrigações para cum-prir com o seu dinheiro e, poristo, não podem gastar, ouinvestir em livros. Mas a cincoreais, eles compram e lêem",afirma Leonardo.

SONHO E CRÔNICALeonardo começou a "con-

cretizar" seu sonho literáriodurante os anos de 2003 e 2005,enquanto cursava a faculdadede jornalismo no Centro Uni-versitário do Leste de MinasGerais (UnilesteMG). Foi látambém que conseguiu enten-der sobre o que ele escrevia."Escrever sempre foi uma rea-lidade na minha vida. Eu sem-pre escrevi crônica, mas nãosabia dar um nome àquele for-

mato. Só fui entender isto quan-do entrei na faculdade. Noensino médio e fundamental eujá escrevia sobre o cotidiano,sempre buscando uma formabem-humorada de mostrar osfatos, intercalando com ficção,recheando com metáforas eironias. Isto é a crônica", conta.

"O homem que contraiucrônica", primeiro livro deLeonardo, foi lançado em2008, com uma tiragem demil cópias. Ele fez o padrão,distribuiu pelas livrarias daregião, divulgou para algunsamigos, mas não conseguiuuma boa vendagem. Foi aique ele decidiu colocar seuprojeto de popularização daleitura em prática. "Eu enten-di que tinha que levar o livroaté o leitor. As pessoas nãotêm o hábito de ler, entãoprecisam de um incentivo amais. Vou às escolas e bar-zinhos, além de todo dia estaraqui no Terminal Rodoviá-rio. Este é um ótimo lugar,são muitas pessoas, de diver-sos lugares, e muitas vezesentediadas por ter que espe-rar um ônibus. Neste momen-to eu tento oferecer para elauma nova opção: em vez deficar olhando pro tempo, elapode ler um livro, e tem dadocerto", revela o escritor.

PROJETO MAIS AMPLONo seu projeto, Leonardo

pensa ainda em agregar outrasações a esta que ele faz, tor-nando mais abrangente a"Inclusão Literal". "Preten-do chamar escritores da regiãopara que eles ensinem o quesabem. Oficinas ao ar livre,para quem quiser, sobre poe-sia, contos e crônicas, indotambém às escolas, levandoesta arte às crianças. Mas,tem sido difícil conseguirreunir estas pessoas, a vidaé muito corrida e complica-da. Enquanto isto, eu per-maneço com o meu esforço,tocando o projeto", declarao jornalista.

Segundo Leonardo, o nome"Inclusão Literal" vem danecessidade de proporcionaràs pessoas o prazer de ler,não só ser alfabetizado, masde entender a leitura. "Temosprojetos de inclusão social,Inclusão Digital, ensinamosas pessoas a usarem um com-putador, mas a escola é defa-sada e as crianças não têm

aprendido a ler direito. Nãodigo ser alfabetizado, isso amaioria já é, mas falo sobreaprender a fazer conexões einterpretações de texto, fatormuito importante, sendocobrado em qualquer provaque você faça, seja para notana escola, seja um concursopúblico ou um teste para umemprego. Aquele que lê desen-volve melhor característicasimportantíssimas, como oraciocínio, o vocabulário, agramática, oratória, enfim, acomunicação como um todo.E isto é essencial para a vidaem sociedade", afirma Leo-nardo.

APOIO E RESULTADOSSem ter nenhum apoio

financeiro, seja de empresa,organização, prefeitura oulei de incentivo, Leonardopretende continuar com oprojeto, independente dasdificuldades. Tem uma coisaque para ele é melhor do quea tranqüilidade financeira."As pessoas lêem e depoisvoltam onde eu estou e comen-tam o que acharam, falandose gostaram do livro ou nãoe me apoiando a continuar.Um dia desses, uma faxinei-ra do terminal, chamada Rosa,comprou meu livro. Diasdepois ela voltou para medizer que seu filho havia gos-tado muito de uma das histó-rias e aquilo o havia motiva-do a estudar novamente. Istome deixou muito feliz, e istovale o esforço. Eu conto tam-bém com o apoio da gráficaSaramandaia, que me ajuda,com prazos e preços maisacessíveis, além do Uniles-teMG, que tem me dado espa-ço de divulgação deste tra-balho", diz.

Leonardo já conseguiu,por meio do projeto, vendermais de 1500 livros, sendoque a segunda edição de "Ohomem que contraiu crôni-ca" saiu em março do anopassado, com mais mil exem-plares. "Um amigo uma vezme disse que o artista nãopode ter a pretensão de mudaruma pessoa com a sua arte.Entretanto, eu me consideroum escritor pretensioso, poisespero repassar e se possí-vel mudar o meu leitor, achoque fazê-lo ser um leitor jáé uma mudança", concluiLeonardo.

VITR INE1-A

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C U L T U R A & V A R I E D A D E S 1-A

PROJETO INDEPENDENTE INCENTIVA PESSOAS A NÃO ABANDONAREM O HÁBITO DA LEITURA

COM O PROJETO "INCLUSÃO LITERAL", Leonardo pretende fazeras pessoas lerem mais. "Espero, se possível, mudar o meu leitor, acho que fazê-lo ser um leitor já é uma mudança"

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Literatura PopularVinícius Ferreira

ESTAGIÁRIO

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