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5/12/2018 Loures Elevou a Concelho a 22 de Julho de 1886 Pelo Decreto Real - slidepdf.com
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Loures contem 25 freguesias com um total de aproximadamente 323 120 habitantes e elevou a
concelho a 22 de Julho de 1886 pelo Decreto Real, devido ao seu desenvolvimento económico devido ao seu
património edificado, património natural, relação quotidiana com lisboa e pelo crescimento populacional
devido ao terramoto de 1755 e a peste que houve em Lisboa.
Até 1886, Loures era um lugar do concelho dos Olivais. Com a publicação em Diário do Governo de
26 de Julho de 1886, foi criado o novo Concelho de loures. No entanto, só a partir de 2 de Janeiro de 1887 é
que viria a iniciar a sua plena actividade, data em que se realizou a primeira sessão de instalação do novo
concelho onde foi eleito o seu primeiro presidente, Anselmo Braamcamp Freire. Como refere o documento,
as modificações derivam de questões financeira, uma vez que a sua importância e a sua posição central
assim o recomendavam. Em 1886, loures era a área do distrito de Lisboa que apresenta o maior rendimento
colectável, constituindo-se assim no seu maior contribuinte. Á data da sua elevação, o sector de actividade
preponderante era o sector agrícola, embora a indústria ocupasse já uma certa posição, como por exemplo a
Fábrica da loiça de Sacavém e a de papel em São Julião do Tojal, na Quinta da abelheira.
O ar puro, a excelente qualidade das águas e a fertilidade dos solos foram condições propícias para odesenvolvimento da actividade agrícola, sendo o principal meio de sustento da grande maioria da população
do concelho até meados do séc. XX.
As Lezírias e o rio Trancão eram uma referência bastante importante, pois permitiam fazer o
transporte de produtos agrícolas tais como: hortaliças, batatas, frutas, cereais, azeite, leite, pipas de vinho,
para o rio Tejo, local onde se fazia a comunicação e dava seguimento aos produtos para outros locais.
Era em Loures que existiam moinhos onde era fabricada a farinha que posteriormente seguia para
Lisboa, como abastecimento da região. Outro forte rendimento da população era a fábrica de loiça e a
fábrica de papel, como já referido anteriormente.
A fábrica de loiça foi fundada em 1856 e produzia loiça com matéria-prima estrangeira á excepção
do barro que vinha de Leiria. O horário de expediente variava entre as 10 e as 12 horas por dia, e apenas
uma pequena percentagem dos operários dominava a leitura e a escrita. Com capital administração inglesa,
a fábrica queixava-se das deficientes vias de comunicação de Lisboa ao porto que encareciam a venda de
louça para o Norte, referindo igualmente que nas colónias os produtos chegavam mais baratos do que os
que partiam de Portugal, como faiança de Sacavém. Ainda em Sacavém foram construídas pequenas
fábricas, tomando partido do rio Tejo e dos caminhos-de-ferro recentemente construídos.
Quanto á fábrica de papel da Abelheira, esta situava-se na freguesia de S. João do Tojal e foi fundada
e explorada até 1836 pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho do Mosteiro de S. Vicente de Fora de
Lisboa o conde do Tojal comprou e dotou a Fábrica de novas maquinarias e instalações, e deste modo aprodução de papel de qualidade ganhou o reconhecimento da indústria estrangeira com William Astley
Campell Smith. Em 1899 esta fábrica passa a ser propriedade da Firms W. Graham Júnior e Companhia, da
Escócia. Estes industriais desenvolveram esta importante indústria durante 60 anos, levando a produção de
papéis de qualidade de Loures a todo o Portugal. Os horários de expediente rondavam entre as 10 e as 12
horas de trabalho contudo, apesar da boa qualidade da produção a fábrica atravessa períodos de crise, pois
países como França, Bélgica e Alemanha competem com os preços do papel português fabricando-o pelo
mesmo processo.
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Mas não só de operários se fazia o povo de Loures, esta região ficou marcada pelos saloios e pelas
lavadeiras. As lavadeiras eram uma das figuras mais emblemáticas da região, de saia redonda e de trouxa na
cabeça, reflectiam as principais características do concelho, pois eram quem lavava a roupa das senhoras da
cidade. A mais típica era a lavadeira de Caneças, que vivia grande parte da fama das águas locais que atraíam
muita gente da capital. As águas de Caneças seguiam para Lisboa em bilhas de barro transportadas por
burros enquanto os banhos da Póvoa de Santo Adrião, Santa Iria e Unhos, ofereciam curas para diversasenfermidades.
Também as feiras desempenharam um papel importante na mercantilização, comutação e
distribuição de géneros, gados e artefactos. A elas concorriam as populações vizinhas, mas também os
lavradores de fora para trocarem os seus animais, comercializarem as colheitas e proverem-se de
utensilagem agrícola. Constituíam também um importante momento de convívio, onde tudo se destinava á
exibição de mercadorias, rebanhos e até as pessoas se expunham, com os seus fatos vistosos, adereços
luzentes e ainda a sua alegria festiva. No concelho realizavam-se várias feiras, onde se destacam a de Loures,
Sacavém e Odivelas.
A feira de Loures, criada oficialmente a 31 de Maio de 1758 por D. José, em honra de Santa Ana, era
uma das feiras saloias mais importantes dos arredores de Lisboa. Em Odivelas, a feira realizava-se
inicialmente junto ao monumento do Senhor Roubado, onde se vendiam burros, vacas, cavalos, criação
diversa e roupa. Mas tarde fora transferida para a zona do silvado. Em Sacavém, a feira mais importante
realizava-se ao Domingo do Espirito Santo. A par com o negócio do gado, a venda de cerâmica ocupava
também um lugar de destaque.
Em suma podemos dizer que o retrato económico-social do concelho de Loures mostra-nos um
potencial bastante significativo, pois reuniam-se condições que levariam ao derrube da monarquia. A base
social que iria apoiar o ideal republicano existia de forma mais ou menos consciente dessa situação, e
proliferava pelas diversas zonas do concelho. Agricultura, comércio e indústria distribuía-se pela
heterogeneidade de um espaço que vivia em grande parte da sua proximidade com Lisboa. O pequeno-
burguês, o pequeno comerciante, o operariado crescente e cada vez mais interveniente, todos os tipos
sociais que mais tarde reclamaram pela República em Lisboa, encontravam-se de forma mais ou menos
latente, no concelho de Loures.
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Ano seguinte á implantação da república
Com uma área superior a cento e noventa quilómetros quadrados, o concelho de Loures possuía,
segundo o censo de 1911, uma população de 26 274 habitantes, distribuídos por 15 freguesias resultantes
da divisão administrativa de 28 de Fevereiro de 1895. Se analisarmos percentualmente e evolução
populacional do concelho ao longo de quatro décadas, temos que, para os primeiros trinta anos houve um
crescimento superior a 17%, o que significa que esta zona geográfica aumentou geograficamente devido ás
migrações populacionais através de deslocações periódicas, ou definitivas, para a procura de trabalho numa
zona essencialmente agrícola paralela a uma outra que funcionava como pólo atractivo: Lisboa e as suas
zonas industriais. o concelho de Loures, pela sua localização ás portas de Lisboa, encostado ao Tejo, que lhe
servia como meio de transporte e comunicação, participará geograficamente nas diferentes ocupações
humanas do espaço físico, tano através do seu aproveitamento para a actividade principal, a agricultura e a
progressiva instalação industrial, como a consequente actividade comercial.
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