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Manual de formação
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Manual
______________________
Cd. e Designao do Referencial de Formao: 3779 Agentes Fsicos
Programa: POPH Programa Operacional Potencial Humano
Projecto: 072810/2012/23/ Local: Moimenta da Beira
Modulo- Agentes Fsicos
Formador- Telmo Castro
Indice: AMOSTRAGEM ........................................................................................................... 4
Grupos de exposio homognea (GEH) ..................................................................... 4
ESTRATGIA DE AMOSTRAGEM ........................................................... 7 Rudo .......................................................................................................................... 11 Vibraes .................................................................................................................... 21
Radiao ..................................................................................................................... 29
O presente manual de formao foi elaborado para a Centro-K-
Consultoria e Formao, SA, como ferramenta de aplicao no curso
modular, com o cdigo e Designao do Referencial de Formao: 3779
Agentes Fsicos.
Foi elaborado pelo formador Telmo Castro e o mesmo no poder ser
reproduzido sem autorizao do mesmo e respetiva entidade formadora.
Tem por objetivo, auxiliar o formando na aquisio de conhecimentos e
competncias de trabalho.
AMOSTRAGEM
Grupos de exposio homognea (GEH)
A seleco dos trabalhadores para a amostragem uma fase da avaliao que no
obedece a uma regra que possa ser definida de forma precisa mas necessrio que o
resultado final desta etapa reflicta uma medio real da exposio do trabalhador ao agente
especfico em causa.
Uma aproximao dividir os trabalhadores em "GEH - grupos de exposio homognea".
O "GEH" pode ser definido como o grupo de trabalhadores que apresentam "a priori"
condies de exposio semelhantes. Assim entende-se que a medida da exposio de
um trabalhador escolhido num "GEH" presumida como representativa das exposies de
todos os trabalhadores desse grupo.
Dentro de um GEH e relativamente a um agente especfico os trabalhadores esto
englobados numa nica exposio. Se no for este o caso, ento dever-se- dividir o
GEH em GEH's mais pequenos para que as exposies sejam homogneas.
O estabelecimento destes GEH's habitualmente uma tarefa morosa e difcil, mas de
grande importncia.
Definio dos GEH's
Entre outras, podem-se sugerir as seguintes formas:
(1) Pelas actividades associadas a um processo e formando grupos de actividades
similares. Esta aproximao tem a desvantagem de o nmero de grupos se poder
tomar muito grande e por isso difcil de manejar;
(2) Pelo agente e actividade, encontrando assim grupos com actividades e agentes
similares.
Utilizando um ou outro processo, o objectivo encontrar grupos de trabalhadores sobre
os quais o higienista tenha a noo exacta de que as exposies so semelhantes.
Aps esta etapa da caracterizao bsica deve-se passar tarefa seguinte, procurando
estimar o risco qualitativamente.
ESTIMATIVA QUALITATIVA DO RISCO E
ESTABELECIMENTO DE PRIORIDADES
A finalidade desta etapa descrever mtodos para estimar as exposies potenciais de
cada GEH. no sentido de orden-los procurando estabelecer prioridades na
medio de exposio ocupacional. Estes mtodos baseiam-se numa reviso dos
componentes de risco. efeitos toxicolgicos na extenso das exposies aos agentes.
Pode-se efectuar uma estimativa preliminar baseada em:
valores de exposies feitos anteriormente;
aplicando modelos existentes;
na experincia pessoal e bom senso (a mais usual na falta das outras)
Deve-se utilizar um esquema de estimativa qualitativa do risco que se adapte
empresa e seja especifico para esta.
Classificao da exposio
Aps terem sido formados os diversos GEH's com exposies homogneas a um dado
nmero de agentes, torna-se necessrio classificar as exposies ao agente dividindo-
as em categorias e frequncia. No quadro seguinte esto patentes classificaes
possveis para as exposies.
AVALIAO QUALITATIVA DA EXPOSIO (*)
CATEGORIAS FREQUNCIA
0 - EXPOSIO INEXISTENTE No h contacto com o agente
1- EXPOSIO FRACA Contactos pouco frequentes com o agente, em concentraes
baixas
2- EXPOSIO MODERADA Contactos frequentes com o agente em concentraes baixas
ou contactos pouco frequentes com o agente em
concentraes elevadas
3 - EXPOSIO ELEVADA Contacto frequente com o agente em concentraes elevadas
4 - EXPOSIO MUITO ELEVADA Contacto frequente com o agente em concentraes muito
elevadas
(*) Exposio atravs de inalao, da pele ou ingesto, no tendo em conta qualquer
proteco individual.
A atribuio da classificao de frequncia depende do Higienista, do local de trabalho e
dos agentes. O importante a consistncia do mtodo.
Poder-se-ia dizer que o pessoal administrativo tem exposio de categoria O e o pessoal
de manuteno tem habitualmente exposio de categoria 2, pelo facto de ter contactos
pouco frequentes com os agentes mas quando estes se verificam, so com altas
concentraes de agentes.
Classificao dos efeitos toxicolgicos
Paralelamente, cada agente deve ser avaliado no mbito dos seus potenciais efeitos para
a sade.
A insero dos agentes nas diversas categorias deve ser conduzida com bom senso,
isto , qualquer agente muito txico ou carcinognico, independentemente de ser
pouco utilizado, deve ser englobado na categoria 4, isto , esta anlise deve ser feita
isoladamente da anterior.
O quadro seguinte apresenta um esquema da classificao em categorias de O a 4
dos agentes no que diz respeito aos seus efeitos.
Note-se que esta classificao no a utilizada em toxicologia, pois estamos a avaliar
os efeitos dos agentes sob o ponto de vista de higiene industrial.
AVALIAO QUALITATIVA DOS EFEITOS NA SADE (*)
CATEGORIAS EFEITOS
o
No so conhecidos efeitos nocivos. suspeito de ser nocivo. Provoca efeitos reversveis de pequena gravidade
1 Efeitos nocivos reversveis
2 Graves efeitos nocivos reversveis
3 Efeitos nocivos irreversveis
4
Perigo de vida, invalidez ou doena
(*) Com base nas propriedades toxicolgicas e, se aplicvel, calcular ndices de risco.
O Higienista Industrial pode ainda, caso a caso, e se possvel, procurar objectivar,
tanto quanto possvel, a estimativa destes efeitos, podendo, por exemplo, presumir
valores aproximados de concentraes, desde que conhea, por exemplo,
caractersticas da ventilao exaustora, etc.
ORDENAO (VALORIZAO) QUALITATIVA DOS RISCOS
Quando existem algumas centenas de agentes e dzias de GEH's, o estabelecimento de
prioridades de medio de exposio dos GEH's face aos riscos a que esto expostos torna-se
difcil.
Por exemplo: Um GEH que tenha classificao de exposio 4 a um agente de
efeito toxicolgico 4, dever pertencer aos primeiros GEHs a ser submetidos a
medies de exposio, e um que tenha estes dois valores de O, no precisa de ser
submetido a medies.
- GEHs com exposio a vrios agentes devem ser objecto de mais ponderao, deve
ser investigado se os efeitos toxicolgicos deles so aditivos ou sinergticos, de
qualquer modo mesmo que estes sejam independentes, os riscos devem ser
classificados separadamente.
ESTRATGIA DE AMOSTRAGEM
Referenciados os GEHs que devem ser objecto de medidas, necessrio decidir se
sero todos os trabalhadores ou s alguns, e neste caso quais, a fazer medies e que tipo
de medies so necessrias para definir a estratgia da amostragem.
Esta fase importante para obter dados consistentes e representativos, pois no
basta "ajustar uma bomba de amostragem a tiracolo do trabalhador". Antes disso preciso
ultrapassar algumas etapas.
Tipos de estratgia de colheita de amostras
Podem realizar-se vrios tipos de colheita de
amostras:
amostra simples cobrindo todo o perodo a que se refere o
valor VLE (8 horas);
amostras consecutivas cobrindo todo aquele perodo;
amostras consecutivas cobrindo parte do perodo de 8 horas,
amostras curtas (menos de 30 min, em geral de alguns minutos), tomadas ao
acaso ao longo das 8 horas.
No h uma estratgia nica e melhor para todas as situaes. Contudo, umas
so melhores do que outras. H que atender a:
Disponibilidade e custo do equipamento de colheita (bombas, filtros, tubos
detectores, medidores de leitura directa, etc);
Disponibilidade e custo das vantagens das amostras para anlise (filtros,
tubos de carvo, etc.); Disponibilidade e custo do pessoal que colhe as
amostras;
Localizao dos trabalhadores;
Variao das exposies (ao longo dos dias e
dentro do prprio dia); Preciso e exactido dos
mtodos de colheita e de anlise;
Nmero de amostras necessrias para se conseguir a exactido requerida na medida da
exposio.
Para obter valores de exposio, normalmente propem-se dois modos de aferio:
1. rea de respirao
Esta por excelncia a medio para obter valores de exposio ocupacional, pois a
nica maneira de estimar, na sua real dimenso, a dose de agente a que o trabalhador est
sujeito. A medio feita normalmente com uma bomba pessoal, que aspira o ar atravs
de um tubo colocado junto rea de respirao do trabalhador.
2. Ambiental (bsica)
normalmente utilizada para aferir valores de contaminao ambiental e no deve
ser utilizada para fins especficos de exposio ocupacional. Esta medio deve ser usada
para avaliaes de fundo (background) ou preliminares em que se estima a existncia de
um agente no ar ambiente de uma rea de trabalho, ou para diagnosticar quais as tarefas
que envolvem maior exposio, como por exemplo durante a caracterizao bsica
NMERO DE MEDIES A EFECTUAR NO GEH
Numa situao ideal, cada trabalhador potencialmente exposto deveria ser
individualmente controlado, o que no realista.
O objectivo desta etapa seleccionar um subgrupo de dimenses adequadas
para que haja uma probabilidade suficientemente elevada de que estes trabalhadores
escolhidos contenham pelo menos um trabalhador com exposio elevada, se este
existir.
TCNICAS ESTATSTICAS:
Para o estabelecimento o mais rigoroso possvel do nmero de amostras a colher
bem como para determinar o grau de confiana dos valores obtidos podem e devem
utilizar-se tcnicas estatsticas adequadas.
O processo seguinte, resulta do tratamento e simplificao de algumas dessas tcnicas, para
obter os resultados esperados.
1. Determinao do nmero de trabalhadores do GEH ou GEHs aos quais se vai fazer a
amostragem atravs da tabela.
GEH (N de trabalhadores) (N)
N. de amostras necessrias (n)
8 7 9 8
10 9
11-12 10
13-14 11
15-17 12
18-20 13
21-24 14
25-29 15
30-37 16
38-49 17
50 18
Esta tabela permite fixar o nmero de amostras, com 90% de confiana
(probabilidade de existir nesta amostra pelo menos um indivduo pertencente
aos 10% do GEH expostos aos valores mais altos) relativamente a um grupo
que varie entre 8 a 50. (Se o GEH for N < 7, considera-se n, no mnimo 6=N-
1).
Existem vrias tabelas que do este tipo de informaes com maiores ou menores intervalos de confiana.
2. Seleccionar aleatoriamente dentro do GEH ou GEH's estes trabalhadores atravs da tabela .
Para tal:
atribui-se um nmero a cada indivduo do GEH, de 1 at N, sendo N o nmero
de indivduos do GEH em causa;
escolhe-se na tabela um ponto de partida arbitrariamente e percorre-se
a coluna no sentido descendente, procurando todos os nmeros
menores que N (excluindo o zero), at perfazer n nmeros. Se for
necessrio, siga para a coluna seguinte e se chegar ao fim da tabela,
deve-se voltar ao incio dela.
Assim, por exemplo, se: GEH = 26 trabalhadores, vem n (N. de amostras) =15
- escolhe-se arbitrariamente o primeiro nmero, por exemplo na coluna 10 da
tabela, e descendo pela coluna escolhem-se os nmeros (menores que 26) seguintes: 11,
20, 8, 1, 14, 13, 25, 23, 7, 22, 18, 19, 9, 10, 3.
A colheita das amostras faz-se ento nos trabalhadores a quem foram atribudos com estes
nmeros.
TEMPO DE AMOSTRAGEM
Conforme o tipo de valor limite a medir VLE - MP ou VLE - CM, tem-se um "perodo"
de tempo padro de 8 horas ou 15 min.
Uma medio de exposio consiste numa ou mais amostras durante o "perodo" de medio.
habitual utilizarem-se quatro mtodos de amostragem.
1. Amostragem nica, cobrindo o perodo completo de trabalho - Consiste em obter
uma amostra do perodo completo (8 horas ou 15 minutos).
2. Amostra sucessivas, cobrindo o perodo completo de trabalho - Consiste em obter
vrias amostras, que na sua totalidade cobrem o perodo completamente. Este o
melhor mtodo, permitindo calcular o valor mdio da exposio ponderada ao longo do
turno de trabalho.
O parcelamento em intervalos de tempo sucessivos, correspondendo a modalidades
diferentes de exposio, deve ser praticada, sempre que possvel.
3 Amostras sucessivas, cobrindo uma parte do perodo de trabalho - Consiste em
amostras obtidas em fraces do perodo completo, para um VLE - MP de 8 horas. Isto
quer dizer que a(s) amostras podem cobrir na totalidade 6 horas, por exemplo.
Aconselha-se que o perodo de colheita cubra, pelo menos, 75% do perodo de 8
horas (6 horas). Os perodos no amostrados, devem ser objecto de exame crtico.
4. Amostras aleatrias pontuais - Usa-se quando h limitaes nos equipamentos
utilizados. Podem fazer-se medies instantneas desde que distribudas aleatoriamente
no perodo a medir (no mnimo, de 8 a 11 amostras).
Rudo
Introduo
O rudo um som desagradvel e indesejvel que perturba o ambiente, contribuindo
para o mal-estar, provocando situaes de risco para a sade do ser humano. Esta
incomodidade depende no s da caracterstica do som, mas tambm da nossa atitude
em cada situao concreta.
O rudo das formas de poluio mais evidentes no meio industrial e no ambiente em geral, e pode
afectar o homem nos planos fsico, psicolgico e social, podendo:
Lesar rgos auditivos;
Perturbar a comunicao
Provocar irritao;
Provocar fadiga;
Diminuir o rendimento do trabalho.
Mas o som fundamental para a nossa vivncia. atravs do som que comunicamos,
que ouvimos msica, obtemos informaes, etc.
O som transmitido de uma fonte sonora, por vibraes, at ao ouvido humano.
As caractersticas do som so:
Intensidade, que define a amplitude das vibraes;
Frequncia, que corresponde velocidade da vibrao.
Som
Definio de som
D-se o nome de som a toda a vibrao mecnica que se propaga num meio elstico,
desde que as frequncias que a compem se encontrem dentro de uma determinada faixa
audvel (produzam uma sensao auditiva).
Vibraes so pequenos movimentos que podem repetir-se com maior ou menor velocidade volta
duma posio mdia de equilbrio.
Frequncia
A frequncia de um fenmeno peridico como uma onda sonora o nmero de vezes que o dito
fenmeno se repete por unidade de tempo. Em acstica pode definir-se como o nmero
de vezes que a presso oscila em tomo da presso atmosfrica, por unidade de tempo.
A unidade de medida da intensidade do rudo o decibel (dB) e a unidade de medida da
frequncia o Hertz (Hz).
Existe rudo com maior intensidade nas baixas frequncias at rudo com maior
intensidade nas altas frequncias.
A margem de frequncia audvel normal para pessoas jovens situa-se entre 20 e 20.000 Hz.
Nas baixas frequncias as partculas de ar vibram lentamente e produzem sons graves
Nas frequncias altas as partculas vibram rapidamente e originam sons agudos.
Perodo
o tempo transcorrido para completar uma oscilao completa ou completar um ciclo. A unidade
de medida o segundo (s). Relaciona-se com a frequncia pela expresso:
T=1/ f
Efeitos do rudo no organismo humano
Os efeitos do rudo podem afectar o ser humano a nvel fsico, psquico e,
consequentemente, social.
A exposio diria dos trabalhadores a nveis sonoros superiores a 30 dB, dependendo
das caractersticas individuais e de outros factores que integram o ambiente de trabalho,
pode causar os seguintes efeitos:
Perturbaes fisiolgicas Contraco dos vasos sanguneos, tenso muscular, etc. Sistema nervoso central Alteraes da memria e do sono. Psquicos Irritabilidade, agravamento da ansiedade e da depresso. Perturbaes da actividade Gerando a fadiga, que um dos factores de acidentes de trabalho, contribuem para uma diminuio de rendimento no trabalho, influenciando
negativamente a produtividade e a qualidade do produto.
Se as exposies pessoais dirias tm nveis superiores a 85 dB(A), podem provocar um
trauma auditivo, provocando a surdez sonotraumtica em que existe uma destruio
progressiva, permanente e irreversvel do nervo coclear, dando origem a uma das
doenas profissionais mais frequentes na nossa indstria: a surdez profissional.
O risco de perda de audio definido segundo a Norma Portuguesa NP 1733, 1981,
baseado em elementos estatsticos e determinado como a diferena entre a percentagem
de pessoas que apresentam diminuio da capacidade auditiva de um grupo exposto ao
rudo e a percentagem num grupo no exposto, mas em condies equivalentes em
todos os outros aspectos. Este risco aumenta no s com a amplitude do nvel sonoro e
com o tempo de exposio, mas tambm depende das caractersticas do som e varia de
indivduo para indivduo.
Tipos de Rudo
As sociedades industriais, no seu desenvolvimento tecnolgico, tm contribudo para o
aumento dos nveis de rudo, sendo um dos principais factores de risco para a sade dos
trabalhadores, devido frequncia nas actividades profissionais e ao elevado nmero de
trabalhadores expostos diariamente.
Geralmente, o rudo produzido em meio industrial constitudo por sons complexos,
com intensidades diversas nas vrias frequncias, isto , o rudo industrial uma
combinao de vrios tipos de rudo:
Uniforme e contnuo Com pequenas flutuaes como um motor elctrico;
Uniforme intermitente Rudo constante que inicia e pra alternadamente, como
uma mquina automtica;
Flutuante Varia mas mantm um valor mdio constante num longo perodo, como
na rebarbagem;
Impulsivo Com a durao menor que um segundo, como a rebitagem.
Assim, para analisar os efeitos dos vrios tipos de rudo perante a exposio de um
trabalhador, criou-se o conceito de Nvel sonoro contnuo equivalente (Leq), expresso
em dB(A), que representa um nvel sonoro constante equivalente aos vrios tipos de
rudo durante o mesmo tempo.
Medidas de Interveno
At a um passado recente, no nosso pas, o rudo nos locais de trabalho era considerado
um dado adquirido, um facto quase normal e que constitua parte integrante da
actividade produtiva; por isso, raramente eram tomadas medidas para o evitar. Hoje, a
atitude perante este problema comea a ser diferente, no s pelo aspecto legislativo e
regulamentar, mas tambm pelo conhecimento e conscincia dos empresrios para as
consequncias na sade dos trabalhadores e as implicaes no rendimento e
consequente produtividade da empresa.
O Dec. Lei n. 182/2006 de 6 de Setembro , define os valores mximos admissveis de
exposio ao rudo e mtodos de medio, assim como, a interveno da Medicina do
Trabalho na preveno surdez profissional, atravs da anlise audiomtrica dos
trabalhadores.
Interessa aqui referenciar dois conceitos, definidos no decreto regulamentar acima
referido e que so:
de aco, devero definir medidas de interveno e controlo do rudo e seus efeitos.
Essas medidas so:
Acompanhamento mdico:
Medio e avaliao da audio
Exposio superior a:
85 dB(A) Anualmente
83 dB(A) 2 em 2 anos
Controlo de rudo: Esta medida abrange as seguintes fases:
Levantamento dos nveis de rudo;
Anlise dos resultados;
Medidas de reduo;
Avaliao dos resultados.
Levantamento dos Nveis de Rudo
O levantamento dos nveis de rudo vai determinar os valores que podem criar leses
auditivas permanentes. Esses valores so: Leq, Dose e MaxLpico.
Para executar estas medies so necessrios os seguintes instrumentos:
Sonmetro Integrador. Instrumento que permite captar o som de modo idntico ao
ouvido humano.
Dosmetro. Tipo de sonmetro integrador especial, para ser usado pelo trabalhador
nas suas tarefas dirias, que mede a exposio ao rudo quaisquer que sejam as
flutuaes.
Com o sonmetro integrador obtm-se os nveis de exposio de rudo numa tarefa fixa;
o dosmetro permite determinar os nveis de exposio de um trabalhador ao rudo
durante um dia de trabalho, incluindo pausas.
No dosmetro, todos os nveis superiores a 80dB(A) so convertidos em dose de rudo
equivalente que acumulado durante as 8 horas de trabalho. Este instrumento est
equipado com um detector do valor Pico, que assinala sempre que este valor ultrapassa
os 140dB(A). O valor indicado em %. A dose de 100% representa que o trabalhador
esteve sujeito, durante 8 horas, a nveis de 90 dB(A), que o valor-limite admissvel.
Antes do incio de qualquer medio, deve verificar-se a carga das baterias e calibrar os
instrumentos com um calibrador.
Anlise de resultados
Dependente dos valores obtidos nas medies e se estes ultrapassam o nvel de aco
[85dB(A)], deve ser feita a anlise em frequncia para conhecer a composio do rudo,
isto , determinar os nveis sonoros de cada frequncia desse rudo.
Na anlise em frequncia utilizam-se filtros de oitava ou 1/3 de oitava ligados base do
sonmetro.
O conhecimento da anlise desse rudo permite-nos seleccionar os protectores
adequados e dimensionar atenuadores.
Obrigaes dos empregadores (Dec. Lei n. 182/2006 de
6 de Setembro)
Exposio diria dB(A)
>85 >87
Valor mx. pico >140 dB
1. Informar os trabalhadores sobre:
a) Riscos potenciais para a segurana e sade X
b) Valor do nvel de aco e valores-limite X
c) Necessidade de serem feitas avaliaes X
d) Obrigatoriedade de vigilncia mdica e audiomtrica
1 De 3 em 3 anos
2 Anual X X
e) Resultados das avaliaes da exposio pessoal diria e
dos valores mximos dos picos.
X
2. Fornecer protectores de ouvido X X
3. Obrigatoriedade de usar protectores de ouvido X
4. Identificar as causas de ultrapassagem X
5. Elaborar e executar plano de diminuio da produo, da
propagao ou da exposio ao rudo
X
6. Delimitar e sinalizar os postos de trabalho X
Medidas de Reduo
Para actuar nas medidas de reduo deve ter-se em conta que o rudo, ao encontrar uma
superfcie, reflecte parte da sua energia e que a frequncia tem influncia nas medidas a
adoptar.
Na reduo de um rudo podemos actuar a vrios nveis:
Na fonte, eliminando ou reduzindo na origem.
Na transmisso, eliminando ou reduzindo na propagao.
Na recepo, utilizando protectores de ouvido e/ou rotao de operadores.
Algumas medidas de reduo na fonte:
Substituir mquinas antigas por outras menos ruidosas;
Actuar a nvel de manuteno, no aperto das peas soltas, evitando o choque entre os
componentes das mquinas;
Blindagem de partes ruidosas de mquinas, utilizando nas paredes internas material
absorvente;
Montar silenciadores nas aberturas de entradas e sadas de ar de refrigerao.
Algumas medidas de reduo na transmisso:
Tratamento de superfcies, como tectos, paredes e pavimentos com materiais
absorventes acsticos;
Afastamento das fontes sonoras das superfcies reflectoras;
Paredes espessas e porosas;
Painis absorventes no tecto.
Algumas medidas de reduo na recepo:
Utilizao de proteces individuais;
Organizao do trabalho com a rotao dos trabalhadores entre tarefas ruidosas e
tarefas no ruidosas.
Avaliao dos Resultados
Aps se terem executado medidas de reduo de rudo, dever-se- realizar medies
para verificar se os objectivos foram atingidos.
Tambm deve ser analisado se as alteraes efectuadas no interferem com a segurana
das mquinas, com a produtividade ou outros factores prejudiciais.
Proteco Individual
Numa indstria ruidosa dever-se- fazer proteco colectiva, isto , procurar, sempre
que possvel, atenuar os nveis do rudo para valores que no prejudiquem a sade dos
trabalhadores. No entanto, nem sempre possvel a adopo de medidas imediatas, ou
porque requer investimentos elevados ou porque tecnicamente invivel uma soluo
de reduo de rudo. Nestes casos, a empresa dever recorrer proteco individual,
distribuindo pelos trabalhadores protectores auriculares. Assim, o empregador deve
fornecer protectores de ouvido aos trabalhadores que se encontrem expostos a valores
de Leq superiores a 85 dB (A) e inferiores a 90 dB(A), cuja utilizao ser facultativa.
Se os valores de Leq forem superiores a 90 dB(A) ou a valores MaxLPICO superiores
a 140 dB, os trabalhadores devero obrigatoriamente usar aqueles protectores.
Existem dois tipos de protectores auditivos:
Abafadores ou tapa-orelhas, que fazem a cobertura de todo o pavilho auditivo;
Tampes auriculares de insero no canal auditivo externo. Estes podem ser de
borracha ou de algodo.
Para a escolha dos protectores necessrio conhecer a anlise de frequncia do rudo,
pois existem tipos de protectores eficientes e especficos para cada gama de frequncia.
Os fabricantes devem fornecer a informao sobre a atenuao do protector em cada
frequncia.
Para que os protectores auriculares sejam eficazes devem ser usados durante todo o
tempo de exposio ao rudo, pelo que no devem impedir a percepo de sinais
exteriores necessrios execuo do trabalho e segurana dos utilizadores.
importante a adaptao do trabalhador a estes equipamentos de modo a sentir-se o mais
confortvel possvel.
Os trabalhadores devem ser informados e sensibilizados para os efeitos negativos do
rudo e das vantagens do uso de protectores em meios ruidosos.
obrigatria a sinalizao das reas ruidosas [com valores acima do nvel de aco
85dB(A)] com o sinal de obrigao do uso de protectores.
Legislao e Normalizao
Decreto Lei n. 292/2000, de 14 de Novembro (Regulamento Geral do Rudo).
Decreto Lei n. 72/92, de 28 de Abril Transpe para o direito interno a Directiva
86/188/CEE, do Conselho, de 12 de Maio, relativa proteco dos trabalhadores contra
os riscos devidos exposio ao rudo durante o trabalho.
Dec. Lei n. 182/2006 de 6 de Setembro.
Norma Portuguesa NP 1730, 1981 Acstica. Grau de reaco humana ao rudo.
Norma Portuguesa NP 1733, 1981 Acstica. Higiene e Segurana no Trabalho.
Estimativa da exposio ao rudo durante o exerccio de uma actividade profissional,
com vista proteco da audio.
Vibraes
As vibraes so efeitos fsicos produzidos por certas mquinas, equipamentos e
ferramentas vibrantes, que actuam por transmisso de energia mecnica, emitindo
oscilaes com amplitudes perceptveis pelos seres humanos.
As vibraes so transmitidas aos trabalhadores por certas mquinas pesadas, mveis
(tractores agrcolas, dumpers, camies, (anexo 5 e 7)) ou fixas (compressores,
britadeiras, etc.), e por mquinas portteis (martelo picador, serras, lixadeiras, etc.), que
podem provocar alteraes no organismo humano, causando desconforto e alteraes
fisiolgicas e afectando o rendimento no trabalho. Caso o tempo de exposio seja
prolongado, podero causar leses permanentes, que so consideradas doenas
profissionais (cdigo 44.01 da lista das doenas profissionais).
Uma vibrao pode ser caracterizada pela amplitude, normalmente expressa pela
acelerao, em m/s, e pela frequncia, expressa em Hertz (Hz).( ver anexo 1,2,3 e 4)
Os movimentos vibratrios podem ser:
Sinusoidais;
Peridicos;
aleatrios.
A avaliao da exposio a vibraes efectuada com o registo de determinados
parmetros (amplitude, frequncia, etc.), utilizando equipamentos de medio
constitudos por um captador (acelermetro), um dispositivo de amplificao e um
registador. (ver anexo 13 e 14)
O mtodo de medio aplica a norma ISO 2631/1:1985 para exposio a vibraes
globais do corpo e a norma ISO 5349:1986 para exposio a vibraes transmitidas s
mos.
Causas e Efeitos das Vibraes
As vibraes normalmente existentes no meio industrial podem ter origem diversa:
Vibraes provenientes do modo de funcionamento dos equipamentos
(mquinas percutantes, compressores alternativos, irregularidades do terreno);
Vibraes provenientes do prprio processo de produo (martelo picador,
britadeiras);
Vibraes devido m manuteno de mquinas e ao funcionamento
deficiente.
Fenmenos naturais
Estas vibraes podem ser transmitidas:
A uma parte do corpo, geralmente membros superiores, no trabalho com
ferramentas vibrantes ou transmitidas na fabricao;
A todo o corpo humano, como no trabalho na vizinhana de grandes mquinas e
vibraes provenientes das mquinas mveis.
O efeito das vibraes depende da frequncia destas. Assim: ( ver anexo 6,8 e 9)
Vibraes elevadas (superiores a 600 Hz) provocam efeitos neuromusculares;
Vibraes superiores a 150 Hz afectam, principalmente, os dedos;
Vibraes entre 70 e 150 Hz chegam at s mos;
Vibraes entre 40 e 125 Hz provocam efeitos vasculares;
Vibraes de baixa frequncia podem provocar leses nos ossos.
As vibraes transmitidas a todo o corpo humano, por baixas e mdias frequncias,
produzem efeitos, sobretudo, ao nvel da coluna vertebral, causando o aparecimento de
hrnias, lombalgias, afeces do aparelho digestivo e do sistema cardiovascular,
perturbao da viso e inibio de reflexos.
Pode-se afirmar que a maioria das afeces causadas pelas vibraes, situa-se entre 4 e
20 Hz.
Quando as vibraes so transmitidas a todo o corpo, este no vibra todo da mesma
forma, mas cada parte reage de maneira diferente, reagindo mais fortemente quando
submetidas a vibraes que se situam na sua prpria frequncia de ressonncia.
A frequncia de ressonncia a mais nociva para o corpo humano, pois, quando o
corpo entra em ressonncia, amplifica a vibrao que recebe.
Parte do corpo Frequncia de ressonncia (Hz)
Cabea 25
Globo ocular 30-80
Trax 60
Antebrao 16-30
Coluna Vertebral 10-12
Pulso 50-200
Perna (rgida) 20
Ombro 4-5
Pulmo 50
Mo Brao 4-8
Abdmen 4-8
Perna (flectida) 2
Frequncia de Ressonncia
Medio das Vibraes
Medio da Exposio a Vibraes Transmitidas ao Corpo
Como j foi referenciado, o mtodo de medio na avaliao da exposio a vibraes
deve ser efectuado de acordo com a norma ISO 2631/1:1985 para as vibraes
transmitidas ao corpo pela superfcie de sustentao, na gama de 1 a 80Hz, e pode
ser aplicado quer a vibraes peridicas, quer a vibraes aleatrias.
Segundo a norma acima referenciada, as vibraes devem ser medidas nas direces de
um sistema de coordenadas rectangulares de eixos x, y e z, cuja a origem o corao.
Direces do Sistema de Coordenadas para Avaliao das Vibraes
ax, ay, az = acelerao nas direces dos eixos x, y e z
eixo x = costas peito
eixo y = lado direito lado esquerdo
eixo z = ps cabea
As medies das vibraes devem ser executadas, tanto quanto possvel, no ponto da
superfcie atravs da qual so transmitidas.
Os parmetros a determinar para anlise das vibraes globais do corpo so: a
amplitude expressa em valor eficaz, frequncia, direco e tempo de exposio s
vibraes.
Segundo a referida norma, podemos verificar, o valor limite de exposio a vibraes a
que os trabalhadores podem estar sujeitos com um mnimo de risco para a sade
(adaptado da ISO 2631). ( ver anexo 10).
- Para as vibraes (az) no sentido longitudinal (eixo z) o corpo humano
mais sensvel na faixa de 4 a 8 Hz;
- Para vibraes (ax, ay), no sentido transversal, perpendiculares ao eixo z
o organismo mais sensvel nas faixas inferiores a 2 Hz;
- Para as muito baixas frequncias a tolerncia s vibraes transversais
menor do que em relao s longitudinais;
- Para frequncias superiores a 2,8 Hz a tolerncia s vibraes
transversais maior do que em relao s vibraes longitudinais;
- O limite de exposio obtm-se multiplicando por 2, os nveis
correspondentes ao limite capacidade reduzida por fadiga..
- O limite ao conforto obtm-se dividindo por 3,15 os nveis
correspondentes ao limite capacidade reduzida por fadiga.
Exposio diria s vibraes
Se a operao tal que a exposio diria total compreende vrias exposies a
diferentes aceleraes ponderadas em frequncia, a acelerao ponderada em frequncia
total pode ser obtida a partir da equao:
(ah,w)eq (T) = { 1/T [(ah,w)eq (ti)]2 ti}
1/2
Exemplo:
Se as aceleraes ponderadas em frequncia para duraes de exposio de 1, 3 e 4
horas so respectivamente 15, 12 e 10 m.s-2
, ento
(ah,w)eq (8) = { 1/8 [ 152 x 1 + 12
2 x 3 + 10
2 x 4]}
1/2 = 11,49 m.s
-2
Medio da Exposio a Vibraes Transmitidas s Mos
Quanto s medidas para a avaliao da exposio a vibraes transmitidas s mos,
geralmente utiliza-se a norma ISO 5349:1986. Esta norma aplica-se s vibraes
peridicas e s vibraes aleatrias.( anexo 11)
As vibraes transmitidas s mos devem ser medidas nas direces de um sistema de
coordenadas, no local da superfcie da mo onde transmitida a energia.
Medidas de Interveno e Controlo
A anlise das vibraes fundamental para determinar as causas e permitir reduzir e/ou
eliminar determinados tipos de vibraes, principalmente aquelas cujo ritmo
corresponde frequncia de ressonncia do corpo.
Para eliminar ou reduzir as vibraes, fundamental conhecer-se o espectro da anlise
da vibrao. No entanto, h certos princpios bsicos que devem ser seguidos:
Reduo das vibraes na origem
Adquirir mquinas e ferramentas que cumpram as normas CE;
Realizar a manuteno peridica aos equipamentos, substituindo peas gastas,
fazendo apertos, alinhamentos, ajustamentos e outras operaes aos rgos
mecnicos, de modo a reduzir no s as vibraes como os rudos;
Diminuir a transmisso das vibraes
Fazer a montagem das mquinas e dos equipamentos em sistemas
antivibratrios, com a utilizao de molas e amortecedores;
Utilizar materiais para isolamento vibratrio (borracha, cortia, feltros, etc.);
Reduo da intensidade das vibraes
Aumentar a inrcia do sistema com a adio de massas, o que permite reduzir a
frequncia da vibrao.
A aplicao de medidas de preveno, quer colectivas quer individuais, torna-se difcil,
pelo que se deve procurar esquemas de organizao do trabalho e das tarefas de forma a
diminuir o tempo de exposio dos trabalhadores s vibraes e contribuir para a
diminuio de doenas profissionais graves.
Todos os trabalhadores expostos s vibraes devem ser informados dos riscos a que
esto sujeitos e dos meios de os evitar.
Radioactividade
A matria constituda por tomos que estabelecem ligaes entre si. Os
constituintes centrais dos tomos so:
O ncleo formado por dois tipos de partculas sub-atmicas,
protes (com carga positiva)
neutres (sem carga elctrica)
Rodeando este ncleo, uma ou mais rbitas onde se encontram os electres (partculas
com carga negativa). A estabilidade de um tomo depende da relao existente entre os
electres, protes e neutres.
As caractersticas qumicas da matria so conferidas pelo nmero e configurao da
rbita dos electres e as propriedades nucleares ficam definidas pelo nmero de protes
e neutres do ncleo.
Dada a proximidade dos tomos, podem ser criadas condies para a migrao de
electres ou de protes, ficando alterada a relao entre as partculas sub-atmicas,
resultando da uma instabilidade do ncleo.
A instabilidade do ncleo manifesta-se com a emisso de partculas e/ou de corpsculos
de energia. Designa-se por radioactividade a capacidade de, espontaneamente, um
elemento emitir energia, transformando-se noutros elementos que se designam por
istopos.
O fenmeno da desintegrao espontnea do ncleo foi descoberto pela primeira vez
em 1896, pelo fsico francs Becquerel, quando observou que o elemento urnio
escurecia uma placa fotogrfica, mesmo quando separado desta por vidro ou papel
escuro.
Estudos sobre radioactividade prosseguiram com Marie e Pierre Curie (1898), que
concluram que a radioactividade era um fenmeno associado aos tomos,
independentemente do seu estado fsico e qumico. Descobriram, tambm, novos
elementos radioactivos polnio, rdio e trio. Em 1899, o qumico francs Andr
Debierne descobriu o actnio. Neste mesmo ano foi descoberto o gs radioactivo
radon pelo britnicos Ernest Rutherford e Frederick Soddy, que o observaram
associado ao trio, actnio e rdio.
As emisses provenientes da desintegrao dos tomos podem tomar a forma de raios
, raios e raios (gama). Os raios so formados por ncleos de hlio, 2 protes e 2
neutres, apresentando, portanto, carga positiva. Por sua vez, os raios so emisses
de electres de alta velocidade, pelo que apresentam carga negativa. Qualquer uma
destas perdas de partculas cria excesso de energia no tomo que tambm libertada
sob a forma de fotes (partculas de energia), constituindo os raios gama.
Radiao
Radiao o processo de transmisso de energia atravs do espao, ou seja, toda a
energia que se propaga (irradiada a partir de um corpo) em forma de ondas e partculas
atravs do espao.
A transmisso de energia pode fazer-se atravs de partculas, em que no necessria a
presena de matria para a sua propagao, e que se designa por radiao corpuscular.
As emisses de partculas pelos elementos radioactivos (raios e os raios ) so
exemplos de radiaes corpusculares. Outro exemplo de radiaes corpusculares so os
raios csmicos, constitudos por partculas sub-atmicas de alta energia que provm do
espao csmico. Os raios csmicos so formados maioritariamente por protes (ncleos
de hidrognio), contendo tambm partculas (ncleos de hlio), pelo que tm carga
positiva.
A energia tambm pode ser transmitida por ondas, como no caso da radiao mecnica
e na radiao electromagntica.
A radiao mecnica consiste em ondas, como as ondas sonoras. Tratando-se da
propagao de energia atravs de um movimento dos tomos, exige a presena de
matria.
Outro tipo de radiao que se transmite por ondas a radiao electromagntica, que
produzida pela oscilao ou acelerao de uma carga elctrica num campo magntico. A
radiao electromagntica tem, portanto, simultaneamente, uma componente elctrica e
uma componente magntica. No caso das radiaes electromagnticas, a propagao da
energia independente da existncia ou no de matria; contudo, a presena desta
influencia os parmetros velocidade, quantidade e direco da energia transmitida.
A radiao por ondas caracteriza-se pela frequncia e comprimento de onda. A
frequncia define-se como o nmero de ondas que passa num dado ponto num segundo.
O comprimento de onda definido como a distncia percorrida entre um pico da onda e
o seguinte. A unidade de medida utilizada , no caso de radiaes de baixo
comprimento de onda, o nanmetro (nm), para as radiaes de comprimentos de onda
elevados, so usadas como unidades de medida o metro (m) ou mesmo o quilmetro
(km).
Frequncia e Comprimento de Onda
A radiao electromagntica organiza-se num espectro que se estende desde ondas de
alta frequncia e pequeno comprimento de onda at ondas de extremamente baixa
frequncia e valores elevados de comprimentos de onda.
O espectro das radiaes contm, portanto, uma gama alargada de comprimentos de
onda, desde os valores mais baixos, que correspondem aos raios csmicos, at aos
valores mais elevados, que podem atingir centenas de quilmetros e que correspondem
a ondas da rdio.( ver anexo)
Nos nveis mais baixos de comprimento de onda encontram-se os raios gama,
aparecendo em seguida os raios X.
Os raios X correspondem a uma forma de radiao electromagntica, com um
comprimento de onda inferior ao da luz, produzida bombardeando um alvo (em geral de
tungstnio) com electres de alta velocidade. Os raios X foram descobertos pelo fsico
alemo Roentgen em 1895. Os raios X tm comprimentos de onda compreendidos entre
0,01 e cerca de 500 nm. Quanto menor for o comprimento de onda, maior o poder
energtico. Os raios X de menor comprimento de onda sobrepem-se, em parte, aos
raios gama, enquanto que os de maior comprimento de onda se fundem na radiao
ultravioleta.
A radiao ultravioleta compreende radiaes de comprimento de onda
compreendidos entre 100 e 400 nm. Na sequncia do espectro encontram-se as ondas
da luz visvel (comprimentos de onda de 400 a 700 nm). No espectro das radiaes
electromagnticas segue-se a radiao dos infravermelhos. Com comprimentos de
onda compreendidos entre 1 mm a 1 m aparecem as radiaes de micro-ondas. Por
fim, na gama superior, encontram-se as ondas de rdio (1 m a 15 Km).
Em qualquer radiao, quando as partculas de energia emitida fotes colidem com
um tomo, a energia transferida para esse tomo e o efeito resultante dependente da
energia do foto.
Quando o foto incidente tem uma energia superior a 12 electres volt, um ou mais
electres orbitais do tomo atingido so expulsos do mesmo, dando origem, por um
lado, a um io (tomo sem um ou mais electres orbitais) com carga elctrica positiva
e, por outro lado, a uma carga elctrica negativa livre (um ou mais electres). As
radiaes que tm esta caracterstica de ionizar os tomos ou molculas so designadas
por radiaes Ionizantes.
Radiaes Ionizantes:
- raios x;
- raios
- partculas
- partculas
No caso de radiaes em que a energia por foto de uma radiao inferior a 12
electres-volt, no existem condies para a ionizao dos tomos da matria com que
colidem, pelo que no existe alterao qumica dos mesmos. Estas radiaes so
designadas por radiaes No - Ionizantes. Encontram-se neste grupo todas as outras
radiaes electromagnticas:
Ultravioleta;
Visvel;
Infravermelho;
Laser;
Microondas;
Radiofrequncia.
Com excepo de uma gama estreita de frequncias, correspondentes ao espectro do
visvel, as radiaes no Ionizantes de baixo nvel energtico no so detectveis pelo
ser humano. Contudo, quando a exposio atinge nveis elevados, podem ser
perceptveis como sensao de calor.
Radiaes Ionizantes
Estas radiaes classificam-se, como j foi referido, em radiaes electromagnticas
(raios gama e raios X), que se caracterizam por valores de comprimento de onda
muito baixos e em radiaes corpusculares (emisso de partculas e , de electres,
de neutres).
Como vimos, as radiaes Ionizantes interagem com a matria, produzindo partculas
carregadas electricamente (ies) ionizao. A ionizao altera quimicamente os
tomos ou molculas que, no caso dos tecidos vivos, provoca alteraes a nvel celular.
Estas caractersticas de interaco com o material com que contacta faz com que as
radiaes Ionizantes constituam um importante factor fsico do ambiente no que diz
respeito relao Ambiente/Sade.
Com o objectivo de avaliar a exposio a radiaes, ou melhor, os seus efeitos
biolgicos, foram definidas algumas grandezas e respectivas unidades. Assim, temos:
Actividade
Definida como o nmero de desintegraes espontneas por segundo. A sua unidade de
medida o Becquerel (Bq) 1 Bq corresponde a uma desintegrao (transio) por
segundo.
Dose absorvida
Quantidade absorvida, de qualquer tipo de radiao, por um determinado meio. A
unidade de medida o Rad ou o Gray (Gy), em que:
1 Gy = 100 Rad = 1 Joule/kg
Dose equivalente
Define-se como a quantidade, seja qual for a radiao, que produziria os mesmos efeitos
que uma unidade de radiao gama ou X. Esta grandeza dose equivalente
calculada pelo produto da dose absorvida pelo factor e qualidade da radiao em causa.
A unidade de medida o Rem ou o Sievert (Sv) e a relao entre estas duas unidades :
1 Sv = 100 Rem
Dose efectiva
a soma ponderada das doses equivalentes que atingem o meio. A unidade de medida
o Sievert (Sv).
Fontes e Utilizao
As radiaes Ionizantes, muitas vezes designadas apenas por radiaes, tm origem em
fontes diversificadas, tanto naturais como produzidas pelo Homem (artificiais).
No estudo da exposio humana a radiaes, verifica-se que cerca de dois teros da
dose que o Homem recebe procedente de fontes naturais (substncias radioactivas
existentes na crusta terrestre), com destaque para as famlias radioactivas do urnio, do
trio e do potssio, e ainda os raios csmicos.
A radiao de fontes naturais varia de local para local, dependendo no s da altitude e
latitude, mas tambm da constituio dos solos.
A altitude e latitude de um local contribuem para uma maior ou menor exposio a raios
csmicos. Assim, enquanto a exposio de Londres e Nova Iorque radiao csmica
de cerca de 1mSv, em Paris o valor mdio 1,2 mSv e em Kerala (ndia) esse valor
atinge os 4 mSv.
Por outro lado, a constituio dos solos tambm um factor que influencia o nvel de
exposio a radiaes. Este nvel vai depender da presena, em maior ou menor
quantidade, de minerais radioactivos.
Designa-se por fundo radioactivo natural as radiaes naturais em cada local da crosta
terrestre, sendo consensual considerar que este fundo responsvel por uma exposio
de 1 a 3 mSv.
As radiaes Ionizantes artificiais so provenientes de tecnologias desenvolvidas
pelo Homem. Como fontes de radiaes Ionizantes artificiais destacam-se:
Os equipamentos e as tcnicas com aplicao de radioistopos. Estas substncias
podem ser utilizadas completamente em circuito fechado (fontes isoladas,
blindadas) ou na forma de marcadores adicionados a um material de estudo
(fonte no isolada;
Produo de energia elctrica por ciso nuclear e, em menor escala;
Produo de imagens de televiso e equipamentos elctricos de alta energia
(aparelhos radiofnicos e aceleradores de partculas).
A deposio no ambiente dos produtos de ciso resultantes das exploses nucleares, na
atmosfera ou subterrneas, so tambm fonte de radiao artificial que contribui para a
exposio humana. Aqueles produtos de ciso so transportados por agentes
meteorolgicos e, portanto, a sua deposio (que se denomina fallout) constitui um
problema de contaminao trans - fronteiria.
Nos nossos dias frequente a utilizao de radiaes Ionizantes artificiais em reas to
diversas como a indstria, a agricultura, a medicina e a investigao.
Entre a diversidade de aplicaes destacam-se os raios X, que so muito utilizados nas
actividades mdicas e paramdicas de diagnstico (radiologia) e na indstria para a
deteco de eventuais defeitos de fabrico, e os radioistopos, utilizados frequentemente
em actividades de investigao (marcadores fontes no isoladas), em actividades
mdicas (diagnstico e terapia) e na esterilizao de material cirrgico, produtos
farmacuticos e alimentares.
De um modo geral, pode-se considerar que a principal componente da exposio
humana a radiaes de origem natural (radon e outros elementos emissores de
radiaes), seguindo-se a utilizao de raios X nas actividades mdicas.
Nos Estados Unidos da Amrica, dados divulgados pelo National Council on Radiation
Protection and Measurements (NCRP), referem que o radon responsvel por mais de
50% da exposio a radiaes da populao.
Exposio Profissional
Os profissionais com maior risco de exposio a radiaes ionizantes so os seguintes:
Trabalhadores das minas e estaes de tratamento de urnio;
Trabalhadores dos reactores nucleares e das centrais atmicas;
Tcnicos de processos radiogrficos industriais, nomeadamente quando se verificam
soldaduras em oleodutos e outras estruturas metlicas;
Tcnicos de radiologia (tcnicos de sade);
Tcnicos ligados produo e manipulao de substncias radioactivas
(radioistopos);
Investigadores que utilizam substncias radioactivas (por exemplo, radioistopos)
como marcadores;
Pintores de painis luminosos, por exemplo, dos relgios e equipamento diverso.
A exposio a radiaes Ionizantes pode ser externa ou interna.
A exposio externa tem origem nas fontes de radiao situadas no exterior do corpo.
Os efeitos na sade dependem do poder de penetrao da radiao. O tecido exterior
tecido cutneo absorve a maior parte das radiaes pouco penetrantes, enquanto que
as radiaes muito penetrantes atingem os tecidos e rgos situados no interior do
corpo.
A existncia de substncias radioactivas no interior do corpo responsvel pela
exposio interna. A principal fonte de entrada daquelas substncias que penetram no
organismo a inalao (poeiras, vapores ou gases radioactivos). Contudo, a ingesto
(alimentos contaminados ou deglutio de poeiras) e a absoro cutnea, principalmente
atravs de ferimentos, podem tambm constituir significativas entradas de radiaes no
organismo.
Radiaes Ionizantes e Sade
A absoro pelos tecidos de radiaes Ionizantes tem efeitos biolgicos nocivos.
A quantidade de energia que absorvida varia com o comprimento de onda da radiao
e respectiva energia e, no caso da radiao corpuscular, do tamanho e da carga das suas
partculas. Os raios gama, os neutres e a faixa de menor comprimento de onda dos
raios X tm capacidade de percorrer longas distncia no ar e de penetrar profundamente
nos tecidos antes de serem absorvidos, ou seja, de transferirem a sua energia para os
meios que atravessam. Os raios X, na gama superior de comprimentos de onda, e as
partculas apenas atravessam alguns milmetros de ar e so absorvidos por uma
estreita camada de matria (poucos milmetros de espessura de tecidos).
Os mecanismos de absoro, distribuio, bio - transformao e excreo dos
radioistopos so anlogos aos seus homlogos no radioactivos. A diferena reside na
durao da excreo que, no caso das substncias radioactivas, depende do metabolismo
e, tambm, do perodo de desintegrao da substncia radioactiva.
Os efeitos adversos da exposio a radiaes Ionizantes podem ser somticos ou
genticos.
Os efeitos somticos verificam-se directamente nas pessoas irradiadas (expostas a
radiaes), enquanto que os efeitos genticos se verificam na descendncia do
irradiado. Considerando que a exposio profissional a radiaes se caracteriza por ser
uma exposio de longa durao a doses no muito elevadas, os efeitos genticos desta
exposio no se consideram, ainda, completamente esclarecidos.
Os efeitos na sade das radiaes podem tambm ser classificados em estocsticos
e no estocsticos.
So designados por efeitos estocsticos aqueles cuja probabilidade, mas no
necessariamente a gravidade, se considera proporcional dose recebida.
Neste caso, no possvel definir limites mnimos para a ocorrncia de efeitos, que
muitas vezes apenas so detectados vrios anos aps a causa. Assim, considera-se que a
um aumento da dose corresponde um aumento na incidncia de efeitos estocsticos na
populao exposta. consensual considerar que os efeitos genticos e
carcinognicos so efeitos estocsticos. O aumento de incidncia dos tumores
malignos com causa na exposio a radiaes Ionizantes constitui o principal risco
somtico estocstico, nomeadamente doenas graves como o cancro da pele,
subsequente a radiodermites crnicas, cancro sseo, carcinoma do pulmo e leucemia.
No caso da leucemia, o tempo mnimo que medeia entre a exposio e o aparecimento
da doena tempo de latncia de cerca de 2 anos. Para os tumores, o tempo de
latncia prolonga-se at 5 ou mais anos.
Definem-se como efeitos no estocsticos aqueles cuja gravidade proporcional
dose, manifestando-se a partir de um determinado nvel. A severidade dos efeitos
depende, portanto, da dose recebida, sendo reduzido o tempo que medeia entre a
exposio e o aparecimento de sintomas. So exemplos de efeitos no estocsticos as
queimaduras cutneas no malignas, a catarata, a inibio da hematopoiese e a alterao
dos gametas que originam uma perda de fertilidade.
Em suma:
Critrio Efeito Biolgico Caractersticas
Dose Estocsticos A probabilidade de no
ocorrncia no depende da
dose recebida
Deterministas
(no estocsticos)
Dependem da dose recebida
Transmisso Hereditrios
(genticos)
Afectam os descendentes
Somticos Afectam o indivduo
irradiado
Medidas de Preveno
Considerando o princpio da optimizao baseado na relao benefcio/custo da
utilizao de radiaes Ionizantes, a proteco humana contra estas radiaes tem como
princpio orientador que as doses recebidas pelas pessoas expostas e o nmero de
indivduos expostos devem ser to baixos quanto possvel. O objectivo principal da
proteco contra a radiao impedir os efeitos no estocsticos e reduzir ao
mximo os efeitos estocsticos.
As normas de preveno/proteco devem ter em considerao a radiao absorvida e,
tambm, o material biolgico exposto, considerando que o impacto nocivo superior
para alguns rgos e sistemas, como, por exemplo, a medula ssea, a tiride, as gnadas
e os seios.
No sentido de reduzir a exposio a radiaes Ionizantes, com origem em fontes
isoladas ou fontes no isoladas, destacam-se as seguintes medidas:
Reduzir o tempo de exposio;
Manter uma distncia de segurana entre o trabalhador e a fonte de emisso da
radiao ionizante, uma vez que a intensidade da radiao varia na razo inversa do
quadrado da distncia fonte;
Isolamento da fonte com materiais absorventes das radiaes Ionizantes (exemplo:
chumbo);
Utilizao de equipamento de proteco individual (luvas, avental);
No caso das fontes no isoladas, existe um risco suplementar de contaminao
interna, pelo que se torna fundamental a aplicao de medidas de higiene e
cumprimento das regras de boas prticas de trabalho, que devem ser regulamentadas
em manual prprio e ser do conhecimento de todo o pessoal envolvido. Estas regras
incluem no s as medidas de ndole geral, mas tambm procedimentos especficos
e adequados s caractersticas do posto de trabalho e tarefas desenvolvidas.
Com o objectivo da proteco da sade contra as radiaes ionizantes, foram elaboradas
normas internacionais por um grupo de peritos constitudo por representantes da
Organizao Internacional do Trabalho (OIT), da Organizao Mundial da Sade
(OMS) e da Agncia Internacional da Energia Atmica (AIEA).
Estas normas versam a exposio humana a radiaes ionizantes, no s quanto aos
aspectos ligados com a sua utilizao (necessidade de justificar o uso de fontes de
radiao, autorizao para a utilizao e procedimentos para o registo dessa utilizao),
mas tambm quanto aos aspectos ligados com a exposio (padro de exposio e
controlo da exposio com a fixao de limites mximos recomendveis).
No sentido de serem prevenidos os efeitos estocsticos das radiaes ionizantes, foi
recomendado o valor de:
50 mSv (5 Rem) para limite equivalente da dose efectiva anual para efeitos
estocsticos.
500 mSv (50 Rem) - para limite equivalente de dose anual - para preveno dos
efeitos no estocsticos.
150 mSv (15 Rem) - para a exposio do globo ocular.
No caso particular da gravidez, a mulher no deve estar sujeita a uma exposio a
radiaes ionizantes anual que exceda 30% dos limites da dose equivalente.
Por outro lado, para a populao em geral recomendado que a dose anual no exceda 5
mSv. A contribuio mdia anual proveniente da componente de radioactividade natural
estimada em cerca de 3 mSv.
As normas atrs referidas tambm fornecem indicaes para outras reas de
interveno, com destaque para as seguintes:
Classificao das reas de trabalho;
Caracterizao dos locais de trabalho e anlise dos postos de trabalho;
Vigilncia mdica dos trabalhadores expostos (exames peridicos e sempre que se
verifique uma exposio acidental);
Registo e manuteno dos relatrios das avaliaes e dos ficheiros mdicos.
O controlo da exposio profissional a radiaes feita por dosimetria fotogrfica ou,
mais recentemente, por dosimetria por termoluminescncia. A periodicidade desta
avaliao pode ser mensal ou trimestral.
Sempre que se s procedam a trabalhos com radiaes ionizantes, as zonas afectadas
devem estar bem delimitadas e sinalizadas, bem como todos os trabalhadores internos e
externos devem estar informados dos riscos.
Radiaes No Ionizantes
Constituem radiaes no ionizantes todas as radiaes do espectro electromagntico
com comprimentos de onda superiores a 100 nm. Esto includas neste grupo as
radiaes:
ultravioleta;
luz visvel;
radiao infravermelha;
microondas;
ondas de rdio.
Neste grupo de radiaes destaca-se tambm um tipo de radiao de desenvolvimento
recente os raios laseres.
Os raios laseres so radiaes no ionizantes, com gamas de comprimento de onda
muito alargada (em especial na zona do visvel e infravermelho), que se caracterizam,
fundamentalmente, pela alta direccionalidade do feixe e, consequentemente, pela
elevada energia incidente por unidade de rea atingida, ou seja, pela densidade de
energia. Estas caractersticas diversificaram as aplicaes desta radiao, que
compreendem tcnicas no s na rea da cincia, em especial na medicina e na
investigao, mas tambm na rea industrial.
Como principais fontes emissoras das diferentes radiaes no ionizantes destacam-se,
respectivamente:
Radiao ultravioleta, visvel e infravermelha
a principal fonte a radiao solar, podendo ser, tambm,
considerados os equipamentos de soldadura por arco, as lmpadas
incandescentes, fluorescentes e de descarga, e os raios laseres.
Microondas e ondas rdio
equipamento de fisioterapia e esterilizao, fornos de aquecimento e
de induo.
Em relao ao impacto das radiaes no ionizantes na Sade, destacam-se os efeitos
das radiaes ultravioleta e dos laseres.
Os principais efeitos biolgicos da radiao ultravioleta incluem a aco:
carcinognea na pele;
queimaduras cutneas;
fotossensibilizao dos tecidos;
inflamao dos tecidos do globo ocular, principalmente da crnea e da
conjuntiva.
As radiaes ultravioletas criam condies para a produo de ozono a partir do
oxignio do ar e, portanto, originam uma potencial exposio ao gs txico ozono.
Relativamente aos efeitos da exposio aos raios laseres, como estes concentram
numa rea pequena uma elevada energia, existem riscos considerveis na observao
directa do feixe ou do feixe reflectido, principalmente de leso grave da retina. Como
regra fundamental de segurana na utilizao dos raios laseres, destaca-se a restrio
da sua utilizao apenas a pessoal qualificado, utilizao de culos de proteco e
ausncia de material reflector na vizinhana do local de manuseamento da radiao.
No que concerne aos efeitos biolgicos das radiaes de elevados comprimentos de
onda, a informao disponvel mais escassa comparando com as outras radiaes.
Mesmo assim, so perfeitamente conhecidos os efeitos trmicos das microondas, que
alis so a principal base das suas aplicaes. Os efeitos nocivos destas radiaes
provm da sua eficiente absoro pelos tecidos, com consequente elevao da
temperatura, com manifestaes na funo cardiovascular e sistema nervoso central.
Medidas Gerais de Proteco contra Radiaes No Ionizantes
- projecto adequado das instalaes
- isolamento, dispositivos de encravamento, aumento de distncias
- recobrimento anti-reflexo das paredes
- sinalizao
- limitao do tempo de exposio
- limitao do acesso a pessoas autorizadas.
- Utilizao de EPIs
- Informao dos riscos aos trabalhadores
Nota: Em Portugal, a responsabilidade da Proteco Contra Radiaes e a Segurana
Radiolgica, na populao em geral e na exposio profissional, cabe ao Ministrio da
Sade, por fora do Decreto-Lei 348/89 de Outubro e do Decreto Regulamentar 9/90, de
19 de Abril, e ao Ministrio do Ambiente atravs do Decreto-Lei 187/93 e 189/93, de 24
de Maio.
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