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Manual dos dJ@@@@
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Il~~1 NOVA CULTURAL
Publi cado pela Editora Nova Cultural Ltda. Av. Brig. Faria Lima, 2000, Torre Norte, 3.',
CEP 01452, So Paulo - SP Copyright 1988, The Walt Disney Company
Todos os direitos reservados
Os doze trabalhos de Hrcules
Depois de realizar faanhas incrveis, ele recebeu de Zeus o dom da imortalidade.
As Olimpadas come-aram h muito, muito tempo atrs . Sabe quando? Bem antes de Cristo. To antes que h srias dvidas sobre a data exata de seu incio.
Por causa dessas dvi-das, surgiram algumas lendas. A mais famosa tem Hrcules como per-sonagem principal. Voc 2
j ouviu falar dele? Pois Hrcules foi um dos he-ris da mitologia grega, cujo deus supremo, Zeus, era justamente seu pai.
Sendo seu filho , ele nasceu com muita fora e muitos poderes. Para mostrar que no viera ao mundo para brincadei-ras, ainda no bero, em vez de ficar mamando
como todo beb, sabe o que ele fez? Estrangulou duas serpentes que sua tia Hera , uma- mulher muito ciumenta e per-versa, colocara no bero para mat-lo .
Se era assim peque-nmo, Imagme depois , quando cresceu. Mas a culpada de tudo deve ter sido a Hera, que no sos-segou enquanto no o apanhou de jeito. Um dia, usando de seus feiti-os mgicos, conseguiu enlouquecer o sobrinho que, fora de si , matou a prpria mulher e tam-bm os filhos.
Passado o encanto, Hrcules viu o que fizera e ficou desesperado. De-cidiu ento procurar o rei Euristeu.
- O que devo fazer para pagar pelos meus pecados? - perguntou-lhe H rcules. O rei Euris-teu era sbio. J naquele tempo ele sabia que o es-porte o melhor remdio para os males do esprito. E deu a soluo:
- Hrcules, s h um caminho.
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- Deixar o Olimpo para sempre ... -confor-mou-se Hrcules.
O Olimpo, montanha inacessvel. era o lugar onde vivi a m os deuses
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gregos. Abaixo do Olim-po, ficava Olmpia, na antiga lida , margem direita do rio Alfeu.
- No tra nqili-zou-o o rei. - Para puri-ficar seus pecados, voc ter que executar doze trabalhos .
Hrcu les logo concor-dou. Mas nem de longe poderia imaginar o que o esperava. Os .doze trabalhos eram mesmo s para um Hr-cules agentar. Veja s:
1. Matar o terrvel leo de Nemia (Esse ele matou logo e de sua pele fez um belo manto com o qual passou a se vestir. Mas a dureza mal come-ara ).
2. Matar a no menos
terrvel hidra de Lema, de nove cabeas .
3. Capturar, vivinho, o javali de Erimanto .
4. Capturar, tambm viva , a espertssima cora de Cernia. Ela era um verdadeiro tesouro: tinha chifres de ouro e ps de bronze.
5. Matar os medonhos pssaros carnvoros do lago Estnfale.
6. Limpar as cavalari-as gigantescas do rei ugias, da lida. Foi dose cavalar: estavam to mal-cheirosas que, para fazer uma limpeza
completa, Hrcules pre-cisou desviar o curso dos rios Alfeu e Peneu.
7. Capturar o touro branco de Creta . Animal incontrolvel, ele vinha devastando as colheitas de toda a rea . A essa al-tura, por sinal, Hrcules j devia estar meio can-sado. No era para me-nos. Mas os seus traba-lhos ainda no haviam terminado.
8. Capturar os cavalos carnvoros de Diomedes, rei da Trcia .
9. Roubar o cinto m-gico de Hiplita, rainha
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das Amazonas . Como to dos sabem, as Amazonas cavalgam muito bem. Para alcan-las Hrcu-les deve ter batido o pri-meiro recorde da histria das corridas de cavalo.
10. Capturar os hois
do gigante Gerio . Com a prtica que adquirira em caar cavalos carnvoros , touros brancos e coras de chifres de ouro, at que Hrcules se desin-cumbiu dessa tarefa com relativa facilidade.
11. Colher os pomos de ouro das Hesprides. Eram frutos mgicos de valor incalculvel. Di-ziam que no tinham um gosto to bom assim, mas quem os provava tornava-se imortal.
12 . Finalmente - ufa! - , o pior de tudo: descer ao Inferno e raptar de l seu guardio, o assusta-dor co Crbero.
E no que Hrcules fez tudo o que o rei man-
dara? Como recompensa , teve seus pecados per-doados e Zeus o chamou de volta ao Olimpo, con-cedendo ao superfi lho o dom da imortalidade.
Cumpridos os desafios, Hrcules tratou de des-cansar - pois mesmo os deuses e heris da mito-logia no so de ferro. Apesar disso, ele no es-tava satisfeito com as re-compensas que recebera. E resolveu criar os Jogos Olmpicos para homena-gear Zeus e a si mesmo.
A partir da , d iz a lenda , os gregos ant igos comearam a disput-los de quatro em quatro anos, em honra no s de
Zeus e de Hrcules mas de todos os deuses do Olimpo.
S que - como vocs j devem ter calculado -nunca mais apareceu no mundo um atleta como Hrcu les.
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Para que a lida no foss e destruda p ela pes te,
os Jogos Olmpicos tiveram de voltar.
A histria de Hrcules e de suas proezas per-tence mitologia. A ver-dadeira Histria das Olimpadas muito mais recente : tem apenas uns 2500 anos!
E est envolta na aura de lenda que sempre cerca os grandes aconte-
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cimentos esportivos ou as faanhas de seus heris. Segundo se conta, du-rante muito tempo os Jo-gos Olmpicos deixaram de ser disputados. Vai ver que os gregos ficaram decepcionados s porque ningum era capaz de ter , nos velhos estdios,
um desempenho compa-rvel ao de Hrcules nos seus doze trabalhos .
Mas, no ano 884 a.C. (a.C. quer dizer "antes de Cristo", pois nosso ca-lendrio comeou a ser contado aps seu nasci-mento), algo de muito grave ocorreu na regio grega da lida. Uma peste assolava toda a rea. Desesperado com o que estava acontecendo, o rei fi to foi consultar a sacerdotisa Ptia . a que a lenda novamente se confunde com a nossa histria .
- Os deuses s faro
cessar a peste - anun-ciou a Ptia, muito se-gura de si - se voltarem os Jogos Olmpicos.
Ento, os jogos volta-ram e a passaram a ser
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realizados regularmente , como agora, de quatro em quatro anos. Oficial-mente, porm, eles se contam a partir de 776 a.C. , quand se iniciou o registro dos nomes dos campees.
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E como eram as Olim-padas naqueles tempos? Muito diferentes das atuais. Duravam cinco dias e havia provas para adultos e para efebos - o nome grego para adoles-centes. Veja s como era a programao:
Primciro dia - Sacrif-cios e cerimnias de aber-tura.
Scgundo dia - Provas especiais para efebos: "dramas" (uma corrida em volta do estdio), lu-tas e pentatlo (uma cor-rida, lanamentos de disco e dardo, salto em distncia e luta).
Terceiro dia - Provas para adultos: "dramas", "diaulo" (semelhante ao "dramas", mas conS1S-
tindo de duas voltas em torno do estdio) e lutas.
Quarto dia - . Provas eqestres, pentatlo e cor-ridas com armas.
Quinto dia - Cerim-nias de encerramento, proclamao dos heris e novos sacrifCios.
As Olimpadas muda-ram bastante, no? bem verdade, entre-tanto, que algumas coi-sas ficaram. Por exem-plo: os campees de cada modalidade j recebiam trofus de valor simb-lico. S que, no lugar das medalhas de hoje , ganha-vam uma coroa feita de ramos de oliveira. De-
pois, participavam de grandes festanas, com banquetes, vinhos e pre-sentes. Transformavam-se em autnticos heris e eram conduzidos s suas cidades em carros puxa-dos por quatro imponen-tes cavalos.
Quase sempre, os cam-pees tinham regalias pelo resto de suas vidas. que os gregos acredita-vam que deviam a eles a extino da peste terr-vel, pois seus feitos acal-mavam a ira dos deuses do Olimpo.
Viu como a lenda, ou-tra vez , se confunde com a Histria?
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Os jogos acaba0 ...
As coisas boas um dia se acabam. Chato, no ? Com as Olimpadas da Grcia Antiga tambm foi assim. L pelo sculo II a.C. a Grcia foi ane-xada pela provncia da Macednia e, aos poucos, seus usos e costumes en-traram em decadncia . Entre eles, claro, esta-vam os j famosos Jogos Olmpicos.
Naquela a ltura , os ro-manos, com um imprio muito grande e poderoso, j dominavam o mundo.
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Quando eles comearam a incorporar sua cul-tura as tradies que os gregos vinham perdendo, os jogos mudaram de ce-nrio .
Mas , infelizmente, no duraram. Sabe por qu? que os dois povos ti-nham duas idias bem di-ferentes a respeito do es-porte. Para os gregos, era participao - isto , qualquer pessoa com sade e disposio pode-ria correr ou arremessar discos , mesmo que no
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fosse uma campe. Para os romanos, entretanto, o mais importante era o es-petculo em si - quer di-zer, o esporte valia mais como uma festa para se assistir.
Foi desse conceito que nasceu o circo romano. Uma espcie de estdio fechado (as runas de muitos deles existem at hoje), no circo eram reali-zadas lutas de gladiado-res ou o sacrifcio de cris-tos e escravos, entre-gues ao apetite dos lees. Apesar de toda a cruel-dade, o povo se divertia muito com isso.
E os Jogos Olmpicos
foram ento, lentamente, sendo esquecidos - at porque, em Roma, eles no tinham qualquer se-riedade. Os prprios im-peradores, de vez em quando, tomavam parte
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em algumas provas para satisfazer sua vaidade. E ganhavam de qualquer jeito. Foi o que aconteceu com Nero.
Voc j deve ter ouvido falar de Nero, no mesmo? Nero era um im-perador que ficou louco e um dia decidiu tocar fogo em Roma s para ver o incndio do alto de uma torre . Antes de fazer isso, ele decidiu entrar nos Jo-gos Olmpicos. Competiu numa corrida de carros puxados por dez cavalos . Meio desastrado, levou um tombo no meio do percurso e no conseguiu terminar a prova. Mas, como era o nico compe-
tidor, foi logo procla-mado campeo.
Desse jeito, os jogos no poderiam mesmo du-rar. E, l pelo ano de 390 de nossa era, foram extin -tos por causa da conver-so ao cristianismo do imperador Teodsio I, que resolveu acabar com todas as festas de origem pag, entre elas as Olim-padas.
No se ouviu mais fa-lar de Jogos Olmpicos por scu los e sculos. Mas, da mesma forma que as coisas boas aca-bam , as coisas ruins no duram para sempre. Por isso , um dia as Olimpa-das teriam que voltar.
... Evoltam!
E um dia , no fim do s-culo passado, as Olim-padas voltaram . Demo-rou muito: quase 1 500 anos! Mas valeu a pena, porque elas nunca mais deixaram de ser rea liza-das e se tornaram cada vez mais importantes .
Quem teve a boa idia de ressuscit-las foi o ba-ro de Coubertin. O ba-ro, que era um nobre francs dedicado edu-cao de jovens, achava que os rapazes de seu tempo precisavam de uma distrao mais sria do que andar a cavalo nas horas de folga .
Naquela poca, poucas pessoas praticavam es-porte. Alis , isso era at meio difcil, porque no existiam muitos tipos de jogos atlticos .
que o ' esporte para dis-trair a juventude. Assim, em 1892, quando ele su-geriu a volta dos Jogos Olmpicos , no faltou quem se entusiasmasse. Dois anos depois , du-rante um congresso pro-movido pela Sorbonne -a famosa universidade francesa - , ficou deci-dido que as Olimpadas renasceriam em 1896.
Onde? Ora , em seu bero de origem : em Ate-nas, capital da Grcia.
Isso teria que acabar, pois muitos educadores, como o baro, j estavam percebendo que no existe nada melhor do '\"o-"'"' .-u.~ -"-A. "J>-'
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o heri da l\'laratona
A maratona a mais longa, mais difcil e mais emocionante corrida que existe. No d para qual-quer um participar da prova, no. O atleta pre-cisa ter a resistncia de um leo e o flego de sete gatos para conseguir che-gar at o fim.
Seu percurso - nor-malmente por ruas e es-tradas - equivale a uma distncia de 42 quilme-tros , que hoje so cober-tos em mais ou menos 2 horas e 10 minutos. E isso correndo sem parar .
Voc sabe como tudo comeou? Faz muito , muito tempo. No ano de 490 a.C. soldados gregos e persas travaram uma 16
batalha, que se desenro-lou entre a cidade de Ma-ratona e o mar Egeu .
Para os gregos, a luta estava difcil. Comanda-dos por Dario, os persas avanavam seu exrcito em direo a Maratona, que pretendiam conquis-tar . Foi ento que Mil-cades, o comandante grego, resolveu pedir re -foro de tropas. E incum-bi u dessa misso um de seus valentes soldados -o Fidpides.
Fidpides , que era um timo corredor, levou o apelo de Milcades de ci-dade em cidade at che-gar a Atenas. Ele voltou com 10 mil soldados e os gregos venceram a bata-
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lha, matando em com-bate 6 400 persas .
Mas a misso de Fid-pides ainda no termi-nara . Entusiasmado com sua proeza, Milcades or-denou que ele fosse cor-rendo outra vez at Ate-nas para informar aos gregos que a batalha es-tava ganha .
E l se foi Fidpides, correndo sem parar. Quando chegou ao seu destino, s pde dizer uma palavra:
- Vencemos! E caiu morto . Muito mais tarde
em 1896, durante os I Jo-gos Olmpicos da era mo-derna -, Fidpides seria homenageado com a cria-
o da prova. No co-meo, o trajeto da cor-rida tinha os mesmos 40 quilmetros que separa-vam a cidade de Mara-tona de Atenas. Depois, houve algumas altera-es e, a partir de 1924, foi fixado como percurso oficial a distncia de 42 ,195 quilmetros.
o nosso baro
Sempre que voc for ler , ouvir e ver alguma coisa relacionada com as Olimpadas Ira cruzar com um nome inevitvel: o baro. Mas afinal, quem foi o baro?
O baro - baro de Coubertin - , na verdade chamava-se Pierre de Fredy e nasceu em Paris no dia 1.0 de janeiro de 1863. Ele tornou -se famo-so e importante na hist-ria do esporte por ter criado os Jogos Olmpi-cos da era moderna.
Engraado que o ba-ro jamais praticouespor-teso Na juventude, prefe-riu dedicar -se edu-cao dos jovens. Devido a esse interesse, ele to-mou conhecimento das idias do educador ingls Thomas Arnold. Para Arnold, o esporte era a melhor forma de levar os jovens a gastarem suas energias de modo mais saudvel.
A partir da, o baro comeou a alimentar um sonho: promover uma 18
grande festa internacio-nal do esporte .
- Quero uma festa que faa inveja aos deu-ses do Olimpo - imagi-nava o nosso baro.
O resultado foram os Jogos Olmpicos, que re-nasceram em Atenas, em 1896.
Pierre de Fredy, o ba-ro de Coubertin, morreu no dia 2 de setembro de 1937, em Genebra, na Sua. Seu corpo, lacra-do numa urna de bronze, est agora sepultado em Olmpia, junto ao templo erguido para os deuses gregos.
Atenas, 1896 I Jogos Olmpicos
Umas 80 mil pessoas lotavam o Estdio de Atenas naquela tarde de 6 de abril de 1896. Eram pessoas muito diferentes das que voc v hoje nas arquibancadas de um campo de futebol : mulhe-res de vestidos compri-dos e grandes chapus, homens de gravata e al-guns senhores de cartola. A data entraria para a histria do esporte, por-que naquele momento re-nasciam oficialmente os Jogos Olmpicos.
No gramado, estavam presentes 285 atletas de 13 pases. Muito pouco, em comparao com os milhares de participan-tes das ltimas Olimpa-das. Mas voc deve lem-brar que , em 1896, um navio a vapor levava dias e dias para ir da Amrica Europa , atravessando o oceano Atlntico.
Alm do mais, essas eram apenas as primei-ras Olimpadas moder o
nas. Por isso mesmo, nem todos os atletas es-tavam bem preparados e os resultados que obtive-ram foram at engraa-dos se a gente observar as marcas que so alcana-das hoje em dia. Na cor-rida de 100 metros , por exemplo , o campeo Thomas Burke, dos Es-tados Unidos , alcanou o tempo de 12 segundos -atualmente, muitos cor-redores fazem essa prova em menos de 10 segundos.
Mas ningum ligou. O importante que as Olimpadas haviam vol-tado. Para ficar.
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At as ovelhas aplaudiram
Spiridon Loues era um pastor grego de ovelhas. Passava com elas os dias e as noites , ao som de seus suaves balidos .
Mas ele tinha um obje-tivo na vida : ainda seria um heri como Fidpi-des , o grande soldado grego que correra de Ma-ratona a Atenas para anunciar a derrota dos invasores persas .
Spiridon conhecia bem a histria de Fidpides e tambm as faanhas de
todos aqueles campees das Olimpadas da Gr-cia Antiga . E vivia pen-sando nisso enquanto conduzia suas ovelhas en-tre as colinas de Marou-si , onde vivia.
- Por que tambm eu no posso ser um heri? - perguntava Spiridon s ovelhas.
As ovelhas no respon-diam e continuavam a pastar , pois elas no en-tendem de heris ou de campees. Mas gosta-vam de Spiridon, seu so-litrio e sonhador amigo de todas as horas.
- Pois fiquem saben-do que vou ser um heri _ . dizia-lhes baixinho.
Um dia, em 1896 -portanto, 2386 anos de-pois dos feitos de seu do-lo Fidpides -, Spiridon deixou suas ovelhas com outro pastor e viajou pa-ra Atenas, onde seriam realizados os Jogos Olm-picos. Inscreveu-se logo na prova mais difcil: a maratona, que teria 40 quilmetros.
r:::::--..... . ~. Antes de correr, Spiri-r don ajoelhou-se e rezou
para os antigos deuses gregos, nos quais acredi-tava, pedindo que no deixassem de proteg-lo . Ficou tanto tempo ajoe-lhado que um outro cor-redor foi lhe perguntar se, daquele jeito, no se cansaria antes da hora . O pastor sorriu:
- Cansei meu corpo para poder fortalecer minha alma - disse-lhe Spiridon .
E saiu correndo. Feito um louco? Como um pas-tor? No, igual a um campeo. Chegou na frente de todos, depois de um percurso que durou quase 3 horas (mais pre-
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cisamente: 2h58m50s,( tempo que s seria melho-rado doze anos depois).
Ento, como sonhava, '7 Spiridon Loues transfor- I mou-se num heri. Por is- " so, ofereceram-lhe mui-tos prmios, alm da me-dalha de ouro. Poderia almoar e jantar de graa num dos melhores restau-rantes de Atenas sem pa-gar nada pelo resto da vi-da. Um alfaiate se disps a confeccionar todas as suas roupas , sem cobrar nada. E, ainda de graa, um barbeiro cortaria sua barba e seus cabelos sempre que ele quisesse.
Mas Spiridon, o pas-tor que afinal igualaria o feito do grande Fidpi-
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des, no aceitou nada disso. Recebeu a meda-lha das mos de George I , o rei da Grcia, pendu-rou-a no peito suado, acenou para a multido que o aclamava e foi-se embora para suas coli-nas. Quando finalmente
chegou, anunciou orgu-lhoso para as ovelhinhas:
- Viram? Eu agora tambm sou um heri.
Dizem que, nesse dia, elas compreenderam. E nunca se ouviram tantos " 'ms" to cheios de alegria.
Paris,1900 U JogoS Olmpicos
Paris j era uma cida-de importante, cheia de vida e de agitao, mas em 1900 tornou-se ainda mais alegre e movimen-tada. S que isso no aconteceu exatamente por causa da realizao,
na capital francesa , dos II Jogos Olmpicos .
que, junto com as Olimpadas, estava sen-do promovida em Paris a Exposio Universal -mostrando o que havia de mais moderno e sensa-
cionaI na poca , como os primeiros automveis de quatro rodas.
Desse jeito, os Jogos Olmpicos acabaram fi-cando em segundo plano e pouca gente foi ver as provas de atletismo, dis-putadas no Racing Club, ou as de natao , improvisadas numa pis-cina adaptada nas guas do Sena (O Sena um rio muito famoso , que atravessa a cidade de Pa-
ris). Apesar do pequeno interesse despertado, es-sas Olimpadas consegui-ram reunir 1060 atletas.
Mesmo assim , no apa-receu nenhum grande ca:mpeo entre eles e as marcas alcanadas no chegaram a entusiasmar ningum. Exceto, cla-ro, o baro de Coubertin . Ele sabia que , mais cedo ou mais tarde, as Olim-padas ainda iriam entu-siasmar o mundo todo.
o lema dos atletas
Voc sabe o que quer dizer isso? Essa frase, de autoria de um monge francs chamado Didon, que viveu no sculo pas-sado, acabou se trans-formando no lema dos atletas que participam dos Jogos Olmpicos.
Traduzido do latim (a lngua da qual se origi-na o portugus que todos ns falamos), ela tem o seguinte significado:
"Mais rpido, mais alto, mais forte" .
Em qualquer competi-o esportiva - no snas Olimpadas - todos os atletas procuram correr mais rpido, saltar mais alto e ser mais forte do que seus adversrios.
De certa forma, qua-se o oposto do que o ba-ro de Coubertin prega-va: "O importante no vencer, mas competir".
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~Iedalbas e prmios
Na Grcia Antiga, os vencedores dos Jogos Olmpicos recebiam co-roas de folhas de oliveira . Atualmente, aos trs primeiros colocados de cada prova so distribu-das medalhas.
O ganhador recebe uma medalha de ouro; o segundo colocado, uma medalha de prata; o ter-ceiro, uma medalha de bronze. Alm disso, os classificados do primeiro ao sexto lugar so con-templados com um certi-ficado.
Agora , uma revelao: as medalhas dos cam-24
pees no so exatamen-te de ouro. Elas devem ter 60 milmetros de di-metro (bem maiores, ppr-tanto, do que uma moe-da), 3 mil metros de es-pessura e pelo menos 92,5% de prata , alm de 6 gramas de ouro fino .
Normalmente, as me-dalhas so entregues aps cada prova, quando ento executada uma verso resumida do hino do pas a que pertence o atleta vencedor.
Mais tarde, os nomes de todos os campees so gravados em uma das pa-redes do estdio.
l St. Louis., 190 -1
111 Jogos Olmpicos
Ainda no foi em 1904, na cidade norte-ameri-cana de St. Louis, que as Olimpadas se transfor-maram num estrondoso xito mundial. Dessa vez, somente nove pases compareceram.
Como ocorrera em Pa-ris, os organizadores fize-ram as III Olimpadas coincidirem com a Feira Mundial de St. Louis. E, mais uma vez , no deu certo: os visitantes prefe-riam conhecer os novos artigos em exposio a torcer nas provas de atle-tismo.
Mesmo assim, as Olimpadas de St. Louis se tornariam famosas por causa de um incidente muito engraado que aconteceu na maratona .
A maratona exige que seus participantes sejam superatletas. Afinal, eles tm que correr num per-curso de nada menos de 42 quilmetros!
Pois l em St. Louis, um dos corredores, o americano Fred Lorz, perdeu o flego no meio da competio e pediu que um motorista lhe desse uma carona at o estdio em seu calham-beque (em 1904, s exis-tiam calhambeques).
Pouco antes de chegar, ele desceu do carro e en-trou correndo no estdio. Foi aplaudidssimo e ia receber sua medalha de campeo, quando apare-ceu o motorista e contou aos juzes que era- tudo uma brincadeira .
Os trplices campees
Para os amencanos, ganhar muitas medalhas nas Olimpadas de 1904 era, no mnimo, uma questo de honra. Afinal, as provas seriam realiza-das pela primeira vez em seu pas, na cidade de St. Louis.
No deu outra . Quase todos os recordes caram e as competies mais importantes foram real-mente vencidas pelos atletas americanos.
Entre eles, o mais ba-dalado foi um jovem chamado Archie Hahn . E com razo . Archie teve uma atuao destacads-sima, revelando-se o pri-meiro grande sprinter do sculo, com suas vitrias nas corridas de 60, 100 e 26
tambm de 200 metros rasos.
Sprinter? Bem, sprin-ter - uma palavra in-glesa, muito usada em atletismo - quer dizer corredor especializado em provas de curta dis-tncia, nas quais no se exige flego ou resistn-cia' mas principalmente extrema velocidade.
Alm de Archie, outros americanos ganhariam trs medalhas cada um e, por isso, todos ficariam conhecidos como os "tr-plices campees": Ray Ewry, James Lightbody e Harry Hillman.
Os "trplices cam-pees" - sobretudo Ar-chie - foram os grandes campees de St. Louis.
Delegaes em marcha
Um desfile, com a par-ticipao de todos os pa-ses inscritos, costuma abrir oficialmente os Jo-gos Olmpicos. No in-cio, a festa era assistida apenas pelos que conse-guiam um lugar no est-dio . Hoje em dia, contu-do, o espetculo pode ser presenciado pelo mundo inteiro, atravs de trans-misses diretas pela tele-vlsao.
De acordo com as re-gras do Comit Olmpico
Internacional, cada dele-gao obrigada a parti-cipar do desfile de aber-tura e, na cerimnia de . encerramento, deve estar presente com pelo menos um representante.
Por causa da tradio, a primeira delegao a desfilar , evidentemen-te , a da Grcia. Segue-se ento a do pas-sede e as demais por ordem alfab-tica . O Brasil. portanto, aparece logo no comeo da festa .
Londres., 1908 IV Jogos Olmpicos
Dizem que nunca cho-veu tanto em Londres como naquelas duas se-manas de vero em 1908. Para azar dos ingleses, as chuvas coincidiram com os IV Jogos Olmpicos. Por isso, eles acabaram sendo conhecidos como os " Jogos do dilvio" . .
S que o dilvio maior foi de protestos dos pa-ses participantes, que
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no gostaram de muitos resul tados.
- Esto nos rouban-do! - diziam vrias de-legaes estrangeiras.
Na verdade, no houve propriamente roubo. O que aconteceu foi que os ingleses resolveram ado-tar, para cada esporte, as suas prprias regras, que nem sempre eram aceitas pelos outros pases parti-cipantes.
O resultado disso tudo que talvez nunca, na histria das Olimpadas, tenha havido um nmero
to grande de queixas e reclamaes. E no fim no deu em nada, porque numa festa quem manda o dono da casa.
Nos IV Jogos lmpi-cos, a grande sensao foi o futebol, que era dispu-tado pela primeira vez. E adivinhe quem ganhou: a prpria Inglaterra .
Mas, pelo menos no fu-tebol, ningum protes-tou. Os ingleses, na po-ca, eram realmente os melhores do mundo no jogo que eles mesmos ha-viam inventado.
Um campeo moral Nem sempre o cam-
peo de uma prova o seu vencedor oficial. Nas. Olimpadas de 1908, rea-lizadas em Londres, foi exatamente isso o que acabou acontecendo.
Para o pblico, o cam-peo foi o italiano Doran-do Petri. Para o Comit Olmpico Internacional, entretanto, o vencedor foi o norte-americano John Hayes .
Aconteceu assim: de-pois de correr 42 quilme-
"
tros, num percurso Inl-ciado no Castelo de Windsor, a residncia da famlia real inglesa, o ita-liano Petri surgiu no es-tdio, onde estava a fita de chegada.
Ao v-lo, toda a torci-da se levantou para aplaudir. Mas coitado do Petri: estava plido, can-sadssimo e vinha aos tropees. Faltavam s 100 metros e ele caa a cada passada, j comple-tamente sem foras.
- Vamos , Petri! gritava a torcida das ar-quibancadas.
Apesar do incentivo,
ele no consegui u se le-vantar do ltimo tombo. Restavam-lhe apenas 10 metros - e o que eram 10 metros para quem cor-rera 42 quilmetros? -, quando apareceu o ame~ ricano Hayes . A o pbli-co no se conteve e orde-nou em coro: - Levantem o italiano!
Ante a gritaria, os ju-zes o ergueram e ele, apoiado, terminou a cor-rida alguns segundos an-tes do que o americano. Depois , lgico, seria des-classificado. Mas, para o pblico ingls, ele foi o campeo.
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... ~
Estocolmo., 1912 v .Jogos Olmpicos
Finalmente, o baro de Coubertin pde sorrir de felicidade. Em 1912, na fria cidade de Estocolmo, capital da Sucia, foram realizados, com absoluto sucesso, os V Jogos Olm-picos .
No houve m organi-zao, protestos , falta de participantes ou atletas pouco esforados. Nada disso : em Estocolmo, tu-do correu conforme o pre-visto.
O xito dessas Olim-padas comeou pelo n-mero de inscritos: nada menos do que 2541 atle-tas, quase dez vezes mais do que os que foram a Atenas, em 1896.
Quanto organizao, praticamente no houve falhas. Os suecos de-30
monstraram empenho e muita competncia.
Mas o que entusias-mou o baro e todos os amantes do esporte foi o aparecimento , em Esto-colmo, de grandes atle-tas, de autnticos cam-pees e at de heris.
Um deles foi um corre -dor de nome complicads-simo: Hannes Kolehmai -nem, o "finlands voa -dor". E le ganhou trs medalhas de ouro nas provas de fundo (nas pro-vas de fundo, a resistn -cia mais importante do que a velocidade).
O outro era um ndio chamado de "Destino Brilhante" , o primeiro superatleta das Olimpa-das modernas. Voc vai conhec-lo agora.
o superndio
"Destino Brilhante", quando era um menino como voc, gostava de correr pelos campos e de sentir o vento batendo no seu rosto . No comeo, ele fazia isso s por prazer -mas logo descobriu que, na sua tribo de peles-vermelhas, ningum cor-ria mais e melhor do que ele.
Assim, um dia seu ta-lento foi descoberto. E o convidaram para estudar no Instituto Carlisle, uma escola s para ndios como "Destino Brilhan-te". L, ele continuou se revelando o melhor de to-
dos - no s corria com incrvel velocidade como tambm saltava e arre-messava peso muito bem. Alm disso, tornou-se excelente jogador de beisebol e de futebol-americano. Com tantas habilidades, Jim Thorpe - o nome de branco de "Destino Brilhante" -acabou integrando a equipe dos Estados Uni-dos que foi participar dos Jogos Olmpicos de 1912 realizados em Estocolmo, na Sucia. ,..
E ele se revelaria maior sensao daquelas Olimpadas. Pela primei-ra vez na histria dos Jo-gos, um nico atleta - e um ndio! - ganhava as
duas grandes provas atl-ticas combinadas: o pen-tatlo, hoje disputado apenas por mulheres, e o decatlo.
No pentatlo, h cinco competies diferentes; no decatlo, dez . So coi-sas para super-homens. No decatlo, por exemplo, o mesmo atleta passa pe-las seguintes provas: cor-ridas de 100, 400, 1 500, no metros com barrei-ras; salto em altura, dis-tncia e com vara; e ar-remesso de peso, de disco e dardo .
O pblico o aplaudiu de p por suas vitrias. Mas a maior festa ficou para a sua volta a Nova York, com a cidade toda saindo s ruas para acla-32
mar o heri Jim Thorpe . Pena que a alegria de
"Destino Brilhante" du-rasse pouco. Ele foi acu-sado de profissionalismo - disseram que havia re-cebido uns trocados para jogar beisebol - e, como punio, o Comit Olm-pico dos Estados Unidos o obrigou a devolver as duas medalhas de ouro que recebera em Esto-colmo. Como se no bas-tasse, seu nome foi reti-rado da relao dos ga-nhadores.
Apesar de tudo, "Des-tino Brilhante" entrou para a histria das Olim-padas. No por ser n-dio. Mas por ter sido um atleta quase perfeito . Quase um Hrcules.
'0 meio do tubares
Estados Unidos sempre conseguiram apresentar atletas origi-nais nas Olimpadas. E Jim Thorpe, o ndio "Destino Brilhante", no foi o nico deles.
No mesmo ano, duran-te os Jogos Olmpicos de 1912, estava includo um havaiano chamado Duke Kahanamoku.
Duke, com sua pele bronzeada e ps enor-mes, descomunais, era uma verdadeira incgni-ta dentro da equipe de natao. Seus prprios companheiros chegavam a olh-lo com desprezo, pois no acreditavam que um rapaz to desen-gonado, que vivia numa distante ilha do Pacfico. pudesse ter alguma chan-
ce nas provas em que es-tava inscrito .
Pois ele surpreendeu a todos. Aos Estados Uni-dos e ao mundo. Ganhou, com muita facilidade. a prova dos 100 metros, es-tilo livre.
Oito anos depois, na cidade de Anturpia, ele conquistaria sua terceira medalha de ouro na pro-va de equipe.
O engraado que Du-ke, at se tornar um atle-ta internacional, no na-dava em piscinas ofi-ciais, no tinha professo-res e no conhecia ne-nhum tipo de tcnica. Ele simplesmente apren-deu tudo sozinho, nadan-do nos mares do Pacfico. entre perigosos tubares que no o assustavam .
33
Mais que Pel! Como o Brasil, a Rep-
blica Federal Alem ja-mais foi campe olmpi-ca de futebol (Em 1976, a equipe da Repblicl-Democrtica Alem ob-teve a medalha de ouro) .
~as, nos Jogos de 1912, o centroavante alemo Fuchs conseguiu uma marca quase inigua-lvel em qualquer compe-tio internacional : mar-cou dez gols contra a Rs-sia, que perdeu o jogo pe-la escandalosa contagem de 16aO.
S para comparar, bas-ta que voc se lembre que o recorde de Pel foi con-seguido num jogo do San-tos contra o Botafogo de Ribeiro Preto (SP) , em 1964. Naquela ocasio, o rei do futebol marcou 8 gols.
Em 1976, numa parti-da entre o Sport de Reci-fe e o Santo Amaro, pelo campeonato pernambu-cano, Dario - o Dad
~aravilha - conseguiu assinalar dez gols, atual recorde brasileiro.
Os anis que do bandeira
Voc j deve ter visto muitas vezes estes cinco anis entrelaados. Eles so o smbolo das Olim-padas e fazem parte de sua bandeira .
Mas o que significam? Bem, os anis pretendem representar duas coisas. Primeiro, a unio do mundo atravs do espor-te - e justamente por isso que esto entrelaa-dos . Depois, os cinco con-tinentes.
Segundo o Baro de
Coubertin, que os criou em 1914 (seis anos de-pois, nos Jogos de An-turpia, na Blgica, a bandeira olmpica seria hasteada pela primeira vez), com as suas cinco cores podem ser compos-tas as bandeiras de todos os pases do mundo.
Por isso que foram es-colhidos o azul, o amare-lo, o preto, o verde e o vermelho . Compare com as bandeiras que voc j conhece .
I
_.\ nturpia~ 1920 \'11 Jogos Olmpicos
No, no h nenhum erro a em cima. Depois dos .v Jogos Olmpicos, foram mesmo realizados os VII Jogos Olmpicos.
Ento, no houve a sexta Olimpada? No, elas estavam previstas para 1916. Entre 1914 e 1918, porm, aconteceu a Primeira Guerra Mun-dial e, por essa razo, to-dos os acontecimentos esportivos, incluindo os Jogos Olmpicos, tive-ram que ser cancelados.
Apesar disso, o Comit Olmpico Internacional
responsvel pelas Olimpadas - resolveu conservar a numerao original. Portanto, no houve erro nosso.
Em virtude da guerra, entretanto, as Olimpa-das de Anturpia - uma cidade belga famosa por seus diamantes - no repetiram o sucesso dos Jogos de . Estocolmo. Mas houve duas novidades.
A primeira foi a intro-36
duo do juramento olmpico pelos atletas: "Juramos participar dos Jogos Olmpicos como concorrentes leais, respei-tando os regulamentos e decididos a competir den-tro de um esprito cava-lheiresco, pela honra de nosso pas e pela glria do esporte" .
A segunda novidade foi a introduo da ban-deira olmpica, com seus cinco anis entrelaados.
Nossas primeiras medalhas
o primeiro brasileiro a conquistar uma medalha de ouro nas olimpadas foi Guilherme Paraense. Aconteceu em 1920, nos jogos disputados em An-turpia, na Holanda. Guilherme, nascido em Belm do Par, era te-nente do exrcito e ex-mio atirador. Ele compe-tiu na prova de revlver, que consistia em 20 tiros, a uma distncia de 30 metros do alvo. Calmo, brao firme, Guilherme Paraense foi disparando com muita preciso e no ltimo tiro - o que de-cidiu a medalha -- acer-tou em cheio. Fez 274 pontos contra 272 do se-gundo colocado.
Nosso primeiro cam-peo olmpico morreu no Rio de Janeiro em 1968.
Ainda em Anturpia, o Brasil ganhou mais duas medalhas: prata e bronze. A de prata foi conquistada por Afrnio Costa na prova de pisto-la livre, distncia de 50 metros. Afrnio era de Maca, Estado do Rio, e
um entusiasta do tiro, es-porte que vinha pratican-do desde 1912. A terceira medalha tambm foi ob-tida no tiro, terceira colo--cao por equipe, prova de pistola livre. A equipe: Guilherme Paranse, Afrnio Costa, Sebastio Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade.
Voc deve estar lem-brado que as Olimpadas de 1900 haviam sido rea-lizadas em Paris junto de uma exposio interna-cional e que, por isso. fra.-cassaram. Mas os france-ses aprenderam bem a li-o. Vinte e quatro anos depois, eles promoveram novamente os Jogos Olmpicos em sua capi-tal. E , dessa vez, tudo correu direitinho.
Alm de organizadas com maior cuidado, as Olimpadas de 1924 reve-laram ao mundo atletas excepcionais. Entre eles, o maior de todos foi Paa-vo Nurmi, um maravilho-so corredor da Finlndia. Voc ir conhec-lo me-lhor na pgina segu inte. 38
Outro que se tornaria famoso - e falaremos mais dele na pgina 41
chamava-se Johnny Weissmuller, um sensa-cional nadador america-no que faria o papel de Tarzan no cinema.
Alm de Paavo e do fu-turo Tarzan, um cam-peo que se tornaria fa-moso mais tarde era o remador John Kelly, da equipe dos Estados Uni-dos. Na verdade, menos por ele mesmo do que por sua filha, Grace, que se-ria atriz de cinema e, de-pois, a princesa de Mna-co e me da no menos badalada princesa Caro-line. Nenhuma das duas, alis, mostraria qualquer vocao esportiva.
o corredor das neves
Ele se levantava, todos os dias, s 6 horas da ma-nh e saa para correr. Is-so talvez no chegue a ser uma proeza no Rio de Ja-neiro, onde muitas pes-soas acord'am com o sol e vo praia fazr exerc-cios. Mas, para Paavo Johannes Nurmi, essa atividade era algo fora do comum.
Paa vo no morava no ~o . Paavo morava na
Rihlndia, um frio pas db orte da Europa, com
us 60 mil lagos e cerca Ba 5 milhes de habitan-es - quase todos eles r; eciadores de esporte .
E na Finlndia, como vo-c j deve estar imagi-nando, o inverno pra pingim nenhum botar defeito . L, a temperatu-ra chega a descer aos 20 graus abaixo de zero .
Mesmo assim, Paavo saa para correr na neve. Voltava para casa, fazia sua primeira refeio -geralmente base de po preto e peixe seco - e ia correr outra vez. Descan-sava, almoava - e dava novos piques pela rua, sempre com um relgio no pulso para controlar seu tempo. A, finalmen-te, tomava um banho frio
(mesmo no inverno!) e fi-cava lendo at dormir. No dia seguinte , levanta-va-se s 6 horas da ma-nhe ...
Bem, voc j deve ter imaginado no que Paavo Nurmi se transformou com toda essa sua disci-plina. De fato , ele foi no s o maior nome do espor-te finlands como um dos grandes atletas inter-nacionais de todos os tempos.
Paavo brilhou inten-samente nas Olimpadas de Anturpia, em 1920 (medalha de ouro nos 10 mil metros e nas provas de cross-country, que j no so disputadas, cate-gorias individual e por 40
equipe), de Paris, em 1924 (medalhas de ouro em 1 500, 5 mil e 10 mil metros) , e de Amsterd, em 1928 (medalha de ou-ro em 10 mil metros e de prata em 5 mil metros) .
Quanto sua partici-pao em Amsterd, di-zem que ele s no ga-nhou a corrida dos 5 mil metros porque no quis. Ele liderava at o finzi-nho, quando diminuiu a marcha e deixou que seu compatriota Ville Ritola o ultrapassasse.
Se verdade, no se sabe. De qualquer modo, Paavo j estava cansado de vencer e decerto resol-veu dar uma colher de ch para seu patrcio.
Olha o Tarzan! Os pais de J ohnny j
no sabiam mais o que fazer. Seu menino era mesmo uma criana doente e parecia no ha -ver jeito de recuper-lo.
Ele estava com seis anos e ainda no sabia fa-lar! No mximo, conse-guia resmungar, com muito esforo, duas ou trs palavras quase in-compreensveis. Tinha
reflexos lentos , andava aos tropees e no aprendia nada do que lhe ensinavam.
Definitivamente - pen-savam o sr. e a sra. Weissmuller -, parecia um caso perdido.
- Mas h uma espe-rana - disse-lhes um dia o mdico que o trata-va em Chicago, a cidade dos Estados Unidos em que eles moravam.
- Que tipo de espe-rana podemos ter? -animaram-se os pais.
- Bem, experimen-tem coloc-lo numa esco-la de natao. Talvez ele melhore um pouquinho. Mas no fiquem esperan-do nenhum milagre.
O milagre , porm , aconteceu . Graas na-tao, que comeou a praticar com muito entu-siasmo, o menino doente, que aos seis anos no sa-bia falar, foi melhoran-do . Cresceu, ficou forte, desenv.olveu sua inteli-gncia e - para espanto geral, sobretudo de seus pais e do mdico de Chi-cago tornou-se um
41
Pois , Johnny Weiss-muller virou um grande nadador. Era to bom que foi s Olimpadas de 1924, em Paris, e de 1928, em Amsterd. Ganhou cinco medalhas de ouro e bateu varlOS recordes mundiais em suas espe-cialidades: as provas de 100 e 400 metros, estilo livre.
A ento Johnny co-nheceu a glria. Foi con-vidado e aceitou um con-vite para trabalhar no ci-
nema e, durante 16 anos, de 1932 a 1948, fez nas te-Ias o papel de Tarzan. Nem Edgard Rice Bur-roughs, o criador da per-sonagem, poderia calcu-lar que Tarzan um dia nadaria to bem!
Mais tarde, tambm no cinema, Johnny inter-pretaria outro heri afri-cano, o Jim das Selvas. Nada mau para uma criana doente que no conseguia se curar . Voc no acha?
Os campees de biscoito
As Olimpadas, atual-mente, so encaradas com muita seriedade pe-los pases que tm chan-ces de conquistar meda-lhas. Seus melhores atle-tas so escolhidos a dedo em clubes, escolas e f-bricas. Durante vanas semanas, a exemplo do 42
que acontece com os jo-gadores profissionais de futebol, eles treinam in-tensamente e recebem alimentao especial.
Nas vsperas do em-barque, finalmente, ficam em concentrao.
Concentrao, em es-porte, o seguinte: um
severo regime de treina-mento. num hotel isola-do, longe dos parentes e amigos como se fosse um colgio interno. No dei-xa de ser um sacrifcio pessoal muito grande, mas todos os que ga-nham medalhas acabam achando que vale a pena.
Esses cuidados so es-pecialmente grandes na equipe dos Estados Uni-dos, um pas sempre em-penhado em ganhar as Olimpadas. Mas nem sempre foi assim. Anos atrs, realmente, a con-vocao para os Jogos no representava sacrif-cio para ningum. Ao contrrio: era uma coisa at muito divertida.
S para voc ter uma idia, no incio os ameri-canos faziam tanta farra no caminho das Olim-padas que, em 1924, a chefi. da delegao foi entregue ao general Dou-glas MacArthur. Mais tarde, durante a Segun-da Guerra Mundial, ele comandaria as foras americanas no Pacfico.
Mas nem do general
evi t ou que a viagem dos rapazes a Amsterd, on-de se realizariam as Olimpadas, fosse uma verdadeira festa. Duran-te duas semanas, a bordo do navio Roosevelt, os atletas simplesmente se recusaram a treinar (ha-via um local especial pa-ra isso no transatlnti-co) . Dia e noite ficavam bebendo. danando e jo-gando. No fim da via-
gem, sem saber o que inventar, os americanos resolveram promover um torneio para ver quem se-ria capaz de comer mais biscoitos.
Resultado: vrios atle-tas desembarcaram . com problemas no estmago e, claro, no conseguiram todas as medalhas que pretendiam. A no ser, lgico, as de campees em gulodice.
Amsterd, 1928 IX Jogos Olnlpicos
Foram as ltimas Olimpadas assistidas pe-lo nosso baro. Ele che-gou muito feliz a Amster-d, a principal cidade da Holanda, o pas das tuli-pas e dos moinhos de ven-to. Afinal, a chama olm-pica que ele acendera 32 anos atrs, ao lado das runas dos templos gre-gos, agora parecia estar acesa para sempre.
Depois de enfrentar as dificuldades que ns j conhecemos - a falta de organizao, o peque-no nmero de participan-44
tes e outros problemas -, os Jogos Olmpicos fi-nalmente haviam dado certo. Os jornais do mun-do inteiro falavam das provas e de seus cam-pees, enquanto as emis-soras de rdio transmi-tiam os seus resulta-dos (A televiso ainda no existia) .
Mas o baro de Cou-bertin teve uma decep-o em Amsterd. Ele sempre achou que espor-te era coisa para homem. As mulheres - acredita-va o baro - deveriam
ficar de fora, cuidando da casa e dos filhos.
Para o desencanto do baro, elas no pensa-vam assim. Tanto que lo-go nos primeiros jogos conseguiram participar das provas de natao. Depois, passaram a pra-ticar arco -e -flecha . Nas
Olimpadas de 1928, en-fim, as mulheres entra-ram no atletismo. E se inscreveram nada menos de 290 moas.
. Definitivamente, o nosso baro fora derrota-do. As mulheres, com jus-tia, ganhavam seu lugar nos campos esportivos.
Mulheres na pista.
LUGAR OE MULHER EM CASA ...
Para conquistar seu lugar nas Olimpadas, as mulheres precisaram vencer a m vontade do nosso baro de Couber-tino Como j sabemos muito bem, o baro era uma pessoa maravilhosa, tinha idias timas, fora o responsvel pelo renas-cimento dos Jogos Olm-picos, dera uma contri-
buio extraordinria ao esporte - mas, comg to-do ser humano, tambm errava.
O maior de seus erros, provavelmente, era acre-ditar que o esporte s po-dia ser praticado por marmanjos. Ora, isso uma grande bobagem. Est certo que uma me-nina no pretenda ser
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halterofilista ou vestir capacete para jogar fute -bol americano.
Mas h algum mal em que uma garota corra? Que salte? Que jogue v-lei? Que pratique bas-quete? Que se dedique ginstica? O baro acha-va que sim. Com o tem-po, porm. ele foi mu-dando de idia e. em 1928, 290 moas toma-ram parte dos Jogos de Amsterd.
Essa notcia deixou Mildred Didrikson, uma jovem americana de No-va York, muito feliz . Ela adorava o esporte e esta-va louca para entrar nu-ma Olimpada. Agora, fi-nalmente, poderia reali-zar o seu sonho.
atletas j reveladas nos Estados Unidos. Mesmo depois das Olimpadas. j famosa, ela continua-ria em atividade: Foi grande jogadora de tnis. golfe e basquete, conquis-tando vrios ttulos.
Mais do que uma cam.: pe, no entanto, "Babe" -tornou-se uma verdadei-ra pioneira. Depois dela, nunca mais ningum te-ve coragem de dizer que uma mulher bonita no pode ser tambm uma competente esportista .
E l se foi "Babe" -como era conhecida entre as amigas - para Los Angeles. Foi sua consa-grao. Ganhou meda-lhas de ouro no arremes-so de disco e nos 80 me-tros com barreiras, hoje no mais disputados, '::::::;;;'li! alm de uma medalha de ~~ .... ,~~,. prata no salto em altura.
"Babe" hoje conside-rada uma das maiores 46
Los Angeles, 1932 x Jogos Olmpicos
Os franceses falharam na organizao das Olimpadas de 1900. co-mo voc j sabe. mas cor-rigiram seus erros em 1924. Da mesma forma. os norte-americanos sou-beram se recuperar do fracasso dos Jogos de St. Louis. em 1904.
Em Los Angeles. no ano de 1932. eles pude-ram se orgulhar de mos-trar ao mundo as melho-res Olimpadas disputa-das at ento. E conse-guiram todos os recordes possveis: de pblico (na-da menos de 100 mil pes-soas assistiram s ceri-mnias de abertura) , de bom tempo (fez sol o tempo inteiro) e. princi-palmente, de marcas atlticas (os resultados
das provas foram quase todos excelentes).
Claro que, ao lado dis-so. registraram-se alguns acidentes - que nin-gum perfeito. Na pro-va dos 3 mil metros com obstculos. por exemplo, os corredores, por erro dos juzes. deram uma volta a mais. Os atletas argentinos andaram bri -gando entre si e quando
. voltaram para casa fo-ram todos presos. E os brasileiros, veja s. em-barcaram no Rio de Ja-neiro num navio carguei-ro e foram parando de porto em porto para ven-der caf. Foi o modo que encontraram para -pagar sua viagem - e no fim. infelizmente. no ga'nha-mos nenhuma medalha.
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I
Prmio: a priso
Os campees da mara-tona , uma prova rdu a, muitas vezes transfor-mam-se em heris. Como acontece com poucos vencedores dos Jogos Olmpicos, eles recebem prmios, so homenagea-dos, desfilam pelas ruas em carro aberto e, geral-mente, ficam famosos pe-lo resto da vida.
Isso vem de longe, des-de os tempos do soldado Fidpides, pois os feitos na longa e emocionante corrida de maratona so sempre cercados de uma aura de lenda, mistrio e bravura.
S houve uma exceo.
Foi em 1932, nas Olim-padas de Los Angeles. Para surpresa geral, at mesmo de seus compa-nheiros de equipe, o ar-gentino Juan Carlos Za-bala - primeiro e at ho-je nico campeo latino-americano da maratona - chegou em primeiro.
Nada mais justo que, quando retornasse a Bue-nos Aires, o jovem Zaba-la, com seus cabelos cur-tinhos e seu ar quase in-fantil , tivesse uma aco-lhida herica. Mas no foi bem isso o que acabou acontecendo.
que , durante os Jo-gos, os argentinos an'da-ram se rebelando contra a chefia da delegao e chegaram a brigar violen-tamente, com socos e pontaps, em plena Vila Olmpica - que o local onde todos os atletas fi-cam alojados.
O governo argentino no os perdoou e todos fo-ram presos ao desembar-carem . Entre eles, o cam-peo Zabala .
Berlim, 1936 XI Jogos Olmpicos
As Olimpadas de 1936, realizadas em Ber-lim, ento a capital da Alemanha, foram organi-zadas com um cuidado inigualvel em toda a his-tria do esporte. E que elas deveriam provar, como ' desejavii.m os naZis- . tas, a superioridade de uma raa sobre as outras.
Voc j deve saber que essa superioridade no existe . Todos os homens nascem iguais e no so melhores ou piores por ter cabelos brancos, pretos, loiros ou castanhos. Mas no era bem isso o que pensavam os nazis-tas. que eles preten-diam demonstrar, nos Jo-
gos Olmpicos de Berlim, que pertenciam a uma raa superior. Por isso -pensavam - iriam ga-nhar o maior nmero de medalhas.
Hoje em dia todos ns sabemos que isso tudo um papo furado . Mas, em 1936, o mundo se di-vidia justamente por cau-sa dessa discusso.
Assim. pela primeira vez, as Olimpadas trans-formam-se num aconte-cimento poltico. Imagi-ne a decepo do nosso baro de Coubertin, ele que lutou a vida inteira para provar que poltica e esporte eram coisas bem diferentes.
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I l
Mas, os nazistas estavam absolutamente crentes de que teriam xito. Cons-truram o maravilhoso Estdio Olmpico de Ber-lim, com capacidade pa-ra 110 mil pessoas, fize -ram confortveis aloja-mentos para os 4069 atle-tas inscritos e esperaram a festa comear.
E que festa! Ela se ini-ciou com a chegada ao es-tdio da tocha olmpica . A tocha fora trazida ace-sa, por vrios atletas que se revezavam no cami-nho desde as runas de Olmpia, na Grcia.
Depois vieram as pro-vas. E quem ganhava as mais importantes? Os donos da casa? No, uns incrveis atletas negros dos Estados Unidos. O maior deles era Jesse Owens, que voc conhe-cer melhor nas pginas seguintes. Quando ele re-cebeu sua quarta meda-lha de ouro, Adolf Hitler, o chefe dos nazistas, le-vantou-se e saiu irritado do estdio .
Jesse Owens acabava de lhe mostrar que essa histria de r aa superior era s conversa fiada.
A tocha olmpica A tocha um dos sm-
bolos das Olimpadas e est presente nas compe-ties desde os Jogos da Grcia Antiga .
Mas a tradio de traz-la acesa desde as runas do templo de Zeus, em Olmpia, comeou ape-nas em 1936, nas Olim-padas de Berlim. Desde ento, algumas semanas antes das Olimpadas, h uma cerimnia muito bo-nita na Grcia para que 50
ela seja transportada at o estdio em que ser rea-lizada a abertura oficial da competio. Jovens gregas, vestidas como as sacerdotisas do templo, entregam a tocha a um corredor de seu pas.
v\l!lIlt~(,:a, nesse momen-C'.LI U1"" longa corrida de
Na medida ...... ,nc''''','", o percurso
feito por terra . Partici-pam corredores de todos os pases que constam no . roteiro, que vai de Ate-nas cidade sede dos Jogos.
Finalmente, um atleta do pas organizador a conduz at o estdio, on-de ela permanece acesa at o encerramento do Jogos .
Um salto pelo mundo menino Jesse, se pu-
desse escolher, no gosta-ria de ter nascido exata-mente no Alabama, no sul dos Estados Unidos. verdade que ele sem-pre achou o Alabama um lugar agradvel, com seus campos branqui-
nhos por causa das plan-taes de algodo.
Mas o problema, para Jesse e outras crianas' negras como ele, era o preconceito racial. Isso o deixava muito triste, porque no podia convi-ver com os garotos bran-
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cos e precisava estudar em outras escolas.
Hoje em dia essas coi-sas existem em propor-es bem menores. No incio do sculo, porm, elas eram mais complica-das. E tudo isso fez de Jesse um garoto revolta-do, que sonhava com um mundo normal, sem se-paraes entre os bran-cos e os pretos.
s vezes, correndo en-tre os algodoeiros prxi-mos cidade de Danvil-le, onde vivia, ele ficava pensando se poderia fa-zer alguma coisa para mudar essa situao. Pa-ra mostrar, enfim, que no existia uma raa me-lhor do que as outras.
E ele teve essa oportu-nidade nas Olimpadas de Berlim, em 1936, quando os nazistas pre-tendiam provar sua supe-rioridade em relao aos demais povos do mundo.
Grande atleta, Jesse comeara a se tornar fa-moso um ano antes, nos Estados Unidos, durante uma competio univer-sitria. Sem que quase ningum o conhecesse, 52
num mesmo dia ele ba-teu ou igualou seis recor-des mundiais.
Em Berlim, afinal, ele destruiu as teorias racis-' tas ganhando quatro me-dalhas de ouro. Uma de-las - que fez o ditador na zista Adolf Hitler abandonar irritado o es-tdio - premiou sua fa-anha mais espetacular: deu um salto em distn-cia de 8,06 metros.
Durante 24 anos, nin-gum conseguiu igualar a faanha de Jesse Owens, o menino do Alabama que provou que no exis-te diferena entre as ra-as humanas.
Os Jogos Olmpicos so-freram uma interrupo de doze anos, por causa da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que provocara milhes de mortes e destrura in-meras cidades.
Durante todo esse tempo, o esporte parou. Os atletas no podiam treinar e os estdios, em vez de campees e torce-dores, abrigavam solda-dos feridos nas batalhas.
Mas, em 1948, o mun-do comeava a se recupe-rar desse pesadelo. E, com a vida voltando ao normal, as Olimpadas tambm retornaram ao calendrio esportivo. Por isso, os XIV Jogos Olm-picos (lembre-se de que a numerao no se alte-
ra), foram realizados com alguma improvisa-o, em Londres, a capi-tal inglesa.
Diante de tantas e tan-tas dificuldades, os resul-tados no poderiam ser to bons. De fato, no fo-ram. Mas, pelo menos, os ingleses conseguiram demonstrar que o esporte resiste at mesmo s guerras.
E houve uma surpresa: a atuao de Fanny Blankers-Koen, uma ho-landesa que se tornou a primeira mulher a ga-nhar quatro medalhas de ouro numa Olimpada. Fanny era casada, tinha dois filhos e estava com 30 anos. Agora, voc vai saber como ela alcanou essa faanha.
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A mame maravilhosa Com 30 anos, casada e
me de dois filhos, a ho-landesa Fanny Blankers" Koen poderia ser somen-te uma tima dona-de-casa ou uma dedicada professora . Menos uma atleta olmpica.
Era isso o que todos pensavam em Londres quando souberam que ela se inscrevera nos Jo-gos Olmpicos de 1948.
Porm, ela vinha so-nhando com esse grande momento desde 1937, quando comeou a trei-nar seriamente e trans-formou-se na melhor cor-redora de seu pas. S no contava com a Se-gunda Guerra Mundial, que provocou uma inter-
rupo das Olimpadas. Agora, tanto tempo
depois, ela estava muda-da, mais velha e com uma famlia para cuidar. Sua fora de vontade, po-rm, superava tudo isso - e permitiu que fosse a primeira mulher a ga-nhar quatro medalhas de ouro. Foi a primeira nos 80 metros com barreiras, em 200 e 800 metros ra-sos e no revezamento de 4 x 100.
Fanny, alm das qua-tro medalhas, ganhou um apelido em Londres: "mamae maravilhosa" . E, com ele, voltou para casa, onde ficou cuidan-do dos filhos por muitos e muitos anos.
No basquete, trs medalhas
Trs esportes coletivos j deram medalhas ao Brasil: basquete, vlei e futebol. O vlei e o futebol ganha-ram a medalha de prata em 1984, em Los Angeles. E o hasquete? . Graas a duas excepcio-nais geraes de jogado-res, o Brasil - que foi campeo mundial em 1959 e bicampeo em 1963 e at hoje tem grandes cestobolistas atuando em todo o pas - recebeu a medalha de bronze nos Jogos de Londres, em 1948, de Roma, em 1960, e de Tquio, em 1964.
Em Londres, coman-dado pelo grande jogador
carioca Algodo, o time brasileiro deu um banho de bola nos ingleses (por 76 x 11) e sofreria contra
'. a Frana sua nica derro-ta (43 x 33) .
Doze anos depois, em Roma, a equipe estava modificada e j contava com os "cestinhas" Amauri e Wlamir, alm de craques como Mosqui-to e Rosa Branca. Perde-mos apenas nos dois jo-gos finais , frente aos so-viticos (64 x 62) e norte-americanos (90 x 63).
Finalmente, em Tquio, com praticamente ' os mesmos titulares, manti-vemos .0 . terceiro lugar.
Medalhas em famlia N a histria das Olim-
padas, h casos de ir-mos, irms, primos e marido e mulher que ga-nharam medalhas. Mas
no h nada parecido com o que aconteceu com uma famlia hngara.
Em 1948, Dezso Gya-mati , como participante
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I lo ,
da equipe de plo aqutico da Hungria, re-cebeu uma medalha de prata. Depois - sempre com Dezso no time -, os hngaros ganhariam me-dalha de ouro em 1952, 1956 e 1964, alm de uma de bronze em 1960.
Sua mulher, Eva Sze-kely, conquistou meda-lha de ouro em natao, na prova de 200 metros, nado de peito, em 1952.
Dois anos depois, nas-ceu Andrea, a primeira fi-lha do casal. Puxando os
pais, ela tornou-se boa nadadora e participou das Olimpadas de 1968, no Mxico, onde ficou em 5. 0 lugar nas provas que disputou . . Em 1972, confirmando o talento da famlia, ela arrebatou a medalha de prata nos 100 metros , na-do de costas, e a de bron-ze, nos 100 metros, estilo borboleta .
Quantas medalhas, da-qui a alguns anos, no ficaro com os netos de Dezso e Eva?
Bob, O resmungo o jovem norte- ameri-
cano Robert Bruce Ma-thias viajou contrariado para participar dos Jogos Olmpicos de 1948, em Londres. Claro, havia muitos atrativos na via-gem . Aos 17 anos, ele iria conhecer a Europa. Alm disso, Bob - como era conhecido - era um timo atleta e adorava o esporte.
Mas ele estava aborre-cido porque Virgil Jackson, o tcnico da equipe americana, .no .0
inscrevera nas corridas de curta distncia .
- A nica coisa que eu gosto de fazer - quei-xava-se Bob - correr e jogar futebol.
Seu tcnico, porm, ti-nha outros planos. Ele achava Bob um atleta
~o completo que s via uma prova sua altura: o decatlo.
No decatlo, h dez competies diferentes e Bob no conhecia a maio-ria delas. Nunca fizera um lanamento de dar-do, jamais tentara um salto em distncia e no
se sentia vontade em corridas de resistncia . Mesmo assim, Bob en-frentou as dez provas, sob chuva forte, ao longo de dez horas cansativas.
Ganhou a medalha de ouro, embora fosse o mais novo de todos os atletas que foram a Lon-dres. E, apesar de contra-riado, tornou-se um espe-cialista em decatlo . Qua-tro anos depois, em Hel-sinki, ganharia o bicam-peonato e bateria vrias vezes os recordes mun-diais. Imagine s se ele gostasse!
Helsinki, 1952 xv Jogos Olmpicos
Helsinki, a bela e fria capital da Finlndia, l no norte da Europa, -foi o palco, em 1952, de uma Olimpada muito impor-tante. Pela primeira vez, os Estados Unidos e a Unio Sovitica - que, tambm no esporte , so as maiores potncias do mundo - mediam foras nas pistas e piscinas, nos campos e quadra~.
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Ainda bem que o nosso baro no viu nada disso, pois do contrrio ele fica-ria outra vez triste com a transformao de suas Olimpadas numa luta poltica.
O maior nmero de medalhas, como se espe-rava, ficou entre os dois pases (40 para os norte-americanos, 22 para os soviticos) . Mas os gran-des destaques dos XV Jo-gos Olmpicos no foram nem da Unio Sovitica nem dos Estados Unidos. Eram de outros lugares.
Quer ver s? No fute-bol , a equipe campe foi a da Hungria - uma das melhores selees de to-dos os tempos, comanda-da pelo fabuloso atacan-te Puskas. 58
No salto triplo, sabe quem venceu? O brasilei-ro Adernar .Ferreira da Silva, que bateu o recor-de mundial e tornou-se um de nossos poucos e grandes heris olmpicos.
Mas o maior destaque coube a um casal da Tchecoslovquia: Emil e Dana Zatopek. Dana ga-nhou medalha de ouro no arremesso de dardo. E Emil, seu marido, surgiu em Helsinki simplesmen-te como o maior corredor do mundo.
Um novo Hrcules? Mais ou menos. Emil Za-topek, conhecido como a "Locomotiva Humana", venceu as corridas de 5 mil e de 10 mil metros, com o intervalo de ape-nas 24 horas.
Melbourne, 1956 XVI Jogos Olmpicos
E a briga entre Esta-dos Unidos e Unio So-vitica continuou, em 1956, l na terra dos can-gurus: em Melbourne, na Austrlia .
Nada mais justo, por sinal, do que a escolha desse local para as compe-ti'es. que os austra-lianos adoram o esporte e sempre tiveram ti-mos nadadores, tenistas e atletas.
Nos XVI Jogos Olmpi-cos, uma das sensaes foi a australiana Dawn Fraser, primeira tricam-pe olmpica de natao.
Mas a grande briga foi mesmo entre Estados Unidos e Unio Soviti-ca. Destacaram-se os americanos Robert Ri-chards (bicampeo do salto com vara) e Harold Connolly (medalha . de ouro no arremesso do martelo). J os russos re-velaram Vladimir Kutz, um excepcional corredor que ganharia as provas
de 5 mil e 10 mil metros, e sua incrvel equipe de ginastas.
Nessas Olimpadas, houve uma histri de amor que ficou famosa . O mesmo Harold Con-nolly casou-se com a tcheca Olga Fikotova (medalha de ouro no ar-remesso de disco) . Eles se conheceram no inter-valo dos jogos e, como nos contos de fada , foram felizes para sempre.
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.i\demar., O maior Dos nossos heris olmpi-
cos, um dos maiores Ade-rnar Ferreira da Silva, bi-campeo no salto triplo em 1952 e 1956. De nos-sas medalhas olmpicas ele conquistou duas.
Adernar, um negro ma-gro de longas pernas, foi realmente um fenmeno do atletismo. Em 1946, com 19 anos (nasceu no dia 29 de setembro de 1927) , resolveu tentar pe-la primeira vez o salto triplo, modalidade que no conhecia. No ano se-guinte, j era campeo paulista. E dois anos de-pois participou das Olimpadas de Londres.
Inexperiente e um tan-to assustado - ele ja-
mais sara de So Paulo -, no conseguiu mais do que um 11.0 lugar. Mas, naquela altura, Adernar ainda estava em formao e comeava a aprender os segredos e as tcnicas do salto triplo.
A lio de Londres foi proveitosa. Mais maduro e bem treinado, em 1952, nos Jogos de Helsinki, ele assombraria o mundo com um recorde (16,22 metros) que lhe valeu sua primeira medalha de ouro. Em 1956, em Mel-bourne, ele melhoraria a marca (16,35 metros) e conquistaria assim o bi-campeonato .
Filho de um ferrovirio e de uma lavadeira,
Ade~Ferreira da Sil-va iria muito longe na vi-da . Depois de se consa-grar nas Olimpadas, es-tudou Direito e Educa-o Fsica. Trabalhou co-mo locutor de rdio, jor-
nalista e ator. Candida-tou-se a deputado federal (no chegou a se eleger) e, finalmente, exerceu a funo de adido cultural da Embaixada do Brasil na Nigria.
Roma, 1960 XVII Jogos OIInpicos
Roma, a "Cidade Eter-na", precisava resgatar uma velha dvida com o esporte. No fora em Roma que os Jogos Olm-picos da Antiguidade comearam a decair? E no fora em Roma que eles se acabaram? Agora, em 1960, Roma iria final-mente se redimir.
No deu outra: os ita-lianos conseguiram orga-nizar uma Olimpada que entraria para a hist-ria do esporte. Alm de seus cuidados no plane: jamento e na construo de locais apropriados pa-ra as competies, eles ti-veram a sorte de receber uma gerao excepcional de atletas.
L estava a negra nor-te-americana Wilma Ru-
dolph, talvez a maior ve-locista de todos os tem-pos, vencedora de trs medalhas de ouro.
L estavam as irms soviticas Tamara e lrina Press. Tamara ganhou medalha de ouro no ar-remesso de peso; lrina, uma de ouro nos 80 me-
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tros com barreiras e uma apenas 18 anos. foi cam de prata no lanamento peo na categoria meio-de disco. pesado. Depois de rece-
L estava o notvel ber a medalha de ouro. corredor etope Abebe ele prometeu: Bikila, que venceu a ma- - Vou ser o maior do ratona correndo descalo. mundo.
E l ' estava um jovem E foi . Sabe quem era lutador de boxe que. com ele? Cassius Clay.
Um brasileiro recordista ~------ I I r:-UI ~U QUE CI-IEGUEI
pgIM~IRO!
Empate? A primeira impresso dos juzes. na prova dos 100 metros. nado livre. das Olimpa-das de Roma, fora de que os trs nadadores haviam chegado juntos. Mas quem teria ganho? O amencano Lance Lar-son? O australiano John Devitt? Ou o brasileiro Manoe!" dos Santos? 62
Depois de muitas dis-cusses. o australiano acabou proclamado ven-cedor e Manoel dos San-tos ficou com a medalha de bronze.
Paulista de Guarara-peso onde nasceu a 22 de fevereiro de 1939, Ma-noel dos Santos chegou a ser recordista mundial em sua especialidade.
i\. gazela dorminhoca
A final da corrida dos 100 metros rasos para mulheres IrIa comear em alguns instantes. Na-turalmente, todas as atle-tas estavam nervosas, in-quietas. Menos uma: Wilma Rudolph.
- Wilma, acorde! -chamou o seu tcnico Ed Temple.
Ela esfregou os 'olhos e resmungou:
-Praqu? - Est na hora da cor-
rida, Wilma - explicou o tcnico.
Meio mal-humorada, ela levantou-se e foi para a pista do Estdio Olm-pico de Roma.
- Ela sempre assim - contava Ed Temple aos que se espantavam com sua tranqilidade. - Parece no ter nervos. Mas, na hora da corrida, ela se transforma numa exploso.
Alta, magra, elegante, Wilma - a gazela negra - concentrou-se e, como Ed previra, explodiu com a fora de um torpedo.
Durante onze segundos, o tempo recorde que gas-tou para cumprir o per-curso, ela s pensou em ganhar aquela corrida, que tinha tanto significa-do pessoal.
Era, de certa forma, uma vitria contra todas as dificuldades que sofre-ra na vida, desde que nascera numa pequena cidade norte-americana, no Estado de Tennessee, 20 anos atrs. Seus pais, muito pobres, tiveram 17 filhos . Como os irmos, Wilma passara fome e fo-ra uma criana doente. Com 12 anos, teve que
ser internada por causa de um problema nos os-sos, o que a impedia de caminhar.
Quase ficara paralti-ca . E agora, nas Olim-padas de 1960, Wilma superava tudo isso. Ga-nhou facilmente a corri-da dos 100 metros - e tambm a de 200 e o re-vezamento de 4 x 100.
Com trs medalhas de ouro, transformada na maior velocista da hist-ria do atletismo, Wilma foi festejada por Ed e por todos os companheiros de equipe. Nada mais justo. Mas ela nem ligou . No meio das comemora-es, pediu licena, saiu da sala e foi tirar uma soneca ...
"~Eu sou Clay, o maior"
Ele .sempre se conside-rou o melhor do mundo. No comeo, todos acha-vam que, por causa de afirmaes como essa, aquele desconhecido lu-tador de 18 anos que inte-grava a equipe de boxe dos Estados Unidos nas Olimpadas de Roma, 64
COMIGO NINGUM PODE!
em 1960, no passava de um fanfarro atrevido.
Mas, depois de algum tempo, foi preciso reco-nhecer: Cassi us Marce 1-lus Clay foi mesmo o maior pugilista de sua poca e talvez de todos os tempos.
Suas glrias comea-
ram justamente nos Jo-gos Olmpicos de Roma. Embora poucos j tives-sem ouvido falar dele, Clay conquistou com muita facilidade uma medalha de ouro na cate-goria dos meio-pesados.
Aps as Olimpadas, ele se tornou profissional. E em 1964, na cidade nor-te-americana de Miami, nocauteou Sonny Liston, tornando - se campeo mundial. Mais tarde, perdeu o ttulo fora do ringue - naquela altura ,
Clay enfrentava proble-mas com o governo dos Estados Unidos por se re-cusar a servir o Exrcito . Ento , resolveu mudar de nome: passou a se chamar Muhammad Ali. - Ainda sou o maior do mundo - afirmava.
E provaria isso duas vezes, recuperando sua posio em memorveis lutas contra George Fore-man e Leon Spinks. Clay podia ser fanfarro, mas nunca houve um lutador como ele.
o guarda do imperador.. Um aVIa0 pousou no
aeroporto de Roma e dele desceu um estranho pas-sageiro. Embora magri-nho e de aparncia frgil, seu uniforme de gala, co-berto de condecoraes, dava-lhe um ar solene e respeitvel.
Cheias de curiosidao-des. algumas pessoas se aproximaram do miste-rioso visitante.
- Desculpe , mas quem o senhor?
Ele ajeitou o quepe E' respondeu orgulhoso:
Q
,
- Meu nome Abebe Bikila. Sou oficial da guarda do imperador Hail Selassi, da Eti-pia. E vim a Roma para ganhar a maratona.
As pessoas, natural-mente. precisaram con-ter um risinho de ironia. Que fosse da guarda de um imperador africano, v l. Mas ganhar a ma-ratona? Devia ser piada.
Quando a corrida co-meou. alguns dias de-pois, muitos outros volta-ram a rir. Enquanto to-dos os atletas calavam
sapatilhas de corrida , in-dispensveis para uma prova durssima de mais de 40 quilmetros. Abebe Bikila estava simples-mente descalo.
- Ele um louco -pensaram.
Pois todos se engana-ram. Bikila venceu a ma-ratona com o tempo re-corde de 2h15m16s2d -que baixaria mais nas Olimpadas de Tquio, em 1964, quatro anos de-pois, ao conquistar o bi-campeonato. S que , des-sa vez, no foi descalo .
Tquio, 1964 XVIII Jogos Olmpicos
Se Roma projetou Cas---'.>..1 1 0" s Clay, Tquio, em
1964, revelaria outro fu-turo campeo mundial de boxe: o tambm norte-americano Joe Frazier. Nessas primeiras - e at agora nicas - Olimpa-das realizadas no Extre -mo Oriente , outros atle-tas dos Estados Unidos brilharam intensamente.
Um dos grandes cam-pees de Tquio, por
voc~ t-JE M PAREC.E FILHO ooTARZAN!
exemplo , chamava-se Bob Hayes . Corredor muito rpido , alcanou uma marca que se tornaria lendria: fez o tempo de 10 segundos cravados na prova de 100 metros ra-sos, que d ao seu ganha-dor o ttulo de " homem mais rpido do mundo".
Em outra corrida - a de 10 mil metros, feita para fundistas, sto , pa-ra atletas de muito flego e resistncia -, houve uma surpresa. Batendo todos os favoritos, o tam-bm americano Billy Mills ficou com a meda-lha de ouro . Billy Mills era um ndio sioux.
O atleta mais premia-do seria ainda dos Esta-dos Unidos: Don Schol-
lander. que recebeu qua-tro medalhas de ouro em natao. Don era filho da arti sta que fizera o papel de Jane , a companheira de Tarzan . E quem era o Tarzan? Ningum menos do que Johnny Weissmul-ler, o antigo campeo olmpico de natao.
L'lua Iembrancinha~~ ("ara Voc j viu que muitos
conceitos olmpicos, con-siderados imutveis pelo nosso saudoso baro, acabam sendo modifica-dos pelo tempo .
Foi assim com a pre-sena das mulheres no esporte e tambm aquela histria de que o impor-
tante no vencer e Sim competir.
Mas um princpio per-manece e certamente no ser esquecido jamais: um atleta deve ser leal. Ou, do contrrio, no fa -r jus a esse nome.
Em 1964, nas Olimpa-das de Tquio, a nadado-
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ra Dawn Fraser, da Aus-trlia, perdeu tudo por-que se esqueceu disso.
Ela acabara de con-quistar o tricampeonato nos 100 metros, estilo li-vre, melhorando cada vez mais o seu tempo: 1m02s0d em 1956, 1m01s2d em 1960 e fi-
nalmente 59s5d em 1964, batendo assim o recorde mundial.
Dawn ficou to feliz que resolveu passear e conhecer os pontos turs-ticos da capital japonesa. A, num momento de descuido, resolveu levar como "lembrana" uma valiosa estatueta de um templo religioso. A pol-cia a apanhou e foi o maior escndalo.
Resultado: o Comit Olmpico Australiano de-cidiu suspend-la e ela -a maior nadadora de seu tempo - nunca mais p-de competir.
o urso vermelho Os apreciadores de lu-
ta livre, sempre que viam o russo Alexander Med-ved em ao, garantiam:
- Ningum consegue vencer o Urso .
E o Urso - que, em russo, se diz Medved -confirmava a previso, com seus adversrios caindo no cho, um de-pois do outro.
Fortssimo e muito h-bil tanto para aplicar 68
golpes como para escapar deles, Medved, o Urso Vermelho, ganhou a me-dalha de ouro em luta livre nas Olimpadas de Tquio. Mxico e Muni-que . E jamais perdeu qualquer combate.
Engraado que ele no era um brutamontes, co-mo a gente poderia ima-ginar. At pelo contrrio. Medved sempre primou pelos bons modos e pelo
h bi to de sorrir educa-damente para as pessoas. Na luta livre, porm, no perdoava.
Certa vez , em 1963, a televiso sovitica trans -mitia uma programao de luta livre internacio; na\. A luta fina l seria en-tre Medved e o campeo da Finlndia. Mas as lu-tas preliminares dura-ram mais do que o previs-to, o que deixou o pessoal da TV desesperado: s 9 da noite , em ponto. tf-
Depois de Cassius Clay. que boxeador fan-tstico os Estados Uni-dos mandariam s Olim-padas? Era o que se per-guntava em Tquio. E a resposta no demorou: Joe Frazier. um fortssi-mo pugilista, ganharia a medalha de ouro na cate-goria peso -pesado.
ria que entrar no ar um outro programa.
Medved e o fi nlands comearam a lutar 3 mi-nutos antes das 9 horas .
- Por favor, Medved - gritou-lhe o apresen-tador. - Voc tem ape-nas 3 minutos.
Trs minutos depois, o campeo da Finlndia es-tava batido. Afinal, co-mo um homem educado, Urso no deixaria de atender a um pedido que lhe haviam feito.
Como Clay, Frazier lo-go se tornaria profissio-nal e campeo do mun-do. Ele conquistou o ttu-lo pela primeira vez em 1968. conservou-o em 1970 e s foi perd-lo em 1973, ao ser derrotado por George Foreman nu-ma rpida luta: ele caiu logo no segundo assalto.
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Quando comearam as Olimpadas de Tquio, os especialistas do mun-do inteiro diziam que tu-do poderia acontecer em termos de recorde, menos uma coisa: algum correr os 100 metros rasos em 10 segundos cravados.
- Isso ci-en-ti-fi-ca-m en-te impossvel - ga-
rantiam todas as pessoas. Realmente parecia im-
possvel. Mas Bob Ha-yes, um extraordinrio velocista norte- america-no, demonstrou que, no esporte, nada imposs-vel. Tanto que quatro anos depois, outro ameri-cano, Jim Hines, supera-va Bob. E corria em 9s9d.
:\Ixif'O_ 1968 XIX Jogos Olmpicos
A Cidade do Mxico es-t erguida a 2 260 metros de altitude. E da? Bem , esse um dado muito importante para o espor-te. Numa altitude des-sas, o ar rarefeito -quer dizer, ele existe em menor quantidade do que ao nvel do mar, 70
como no Rio de Janeiro. Com o ar rarefei to, a
resistncia humana fica menor. Isto : a gente se cansa com maior facili-dade . Numa Olimpada, como a de 1968, no Mxi-co, isso representa o se-guinte: os atletas rendem menos em provas longas
(como nos 10 mil metros) e tornam-se muito me-lhores em competies curtas.
O resultado foi que. no Mxico. houve ndices fracos nas competies para fundistas e marcas excepcionais nas provas de resistncia e velocida-de. Nada menos de 88 re-cordes foram quebrados. No salto triplo, o soviti-co Viktor Saneev pulou 17,39 metros. Nos 100 metros, o americano Jim Hines superou a barreira dos 10 segundos, corren-do em 9 segundos e 9 d-cimos. E um outro ameri-cano, Robert Beamon, conseguiu uma faanha incrvel: no salto em dis-t.ncia, alcanou a ex-t.raordinria marca de 8,90 metros, insupervel por anos e anos.
Tant.o Hines como Beamon eram negros e. a exemplo de outros atle-tas, aproveitaram as Olimpadas para lem-brar ao mundo a luta que pessoas de sua raa esta-vam tendo nos Estados Unidos em favor de me-lhores condies de vida.
Cada vez que um deles recebia uma medalha . le-vantava os punhos em si-nal de protesto.
(Imagine s o que no diria o nosso baro!)
Mas nem s de protes-tos viveram as Olimpa-das mexicanas, por sinal, muito bem organizadas. Pela primeira vez, a in-dstria moderna esteve a servio do esporte . Fo-ram introduzidas pistas de tartan (um material sinttico superior ao piso de terra), computadores, cronmetros eletrnicos e marcadores com clulas foteltricas. O esporte, a_ final , aperfeioava-se fo-ra de campo .
I
o assom hroso pssaro nf"~ro
Houve coisas realmen-te fantsticas nas Olim-padas do Mxico, com a quebra de recordes que pareciam impossveis. Entre as 88 marcas que caram - e algumas no foram superadas at hoje -, nenhuma causou tan-to assombro como a do salto em distncia .
O autor da proeza, o negro norte-americano Robert Beamon, estava certo de que ganharia a medalha de ouro. Ele se preparara intensamente e pensava at mesmo em bater o recorde mundial.
At a, tudo bem. Mas o que ele fez deixou o p-blico mexicano de boca aberta.
Robert Beamon, o Ps-72
~ saro Negro, salto,-\ preci- :;;.-' samente 8,90 .1 ~etros. Vamos comparar esse nmero para que voc sinta melhor o que ele significa. Em 1896, o campeo olmpico Ellery Clark saltou 6,35 metros (isto , cerca de dois me-tros e meio a menos). Quarenta anos depois, em Berlim, Jesse Owens assustou os alemes com sua marca de 8,06 me-tros, que s seria melho-rada - em um msero centmetro - em 1964, pelo ingls Davies.
O salto de Beamon equivale a deixar deita-das no cho, enfileiradas, 5 pessoas com 1,78 m de altura cada uma. E pular por cima delas.
o tetracaml)(I'o
S existe um tetra-campeo olmpico em uma mesma prova. Ele se chama AI Oerter e nas-ceu nos Estados Unidos.
AI Oerter um especia-lista em lanamento de disco. Mas que engraa-do: mesmo com toda sua fama. ele jamais foi con-siderado o favorito da prova. Diziam que ga-nhava na sorte e que. por isso. acabaria perdendo.
S que AI nunca per-deu. Foi campeo em 1956. 1960. 1964 e 1968.
E vai ser muito duro algum conseguir igualar sua faanha.
o canguru russo Um. dois. trs. Como o
canguru. o atleta d trs pulos seguidos. o salto triplo. uma das modali-dades mais bonitas das Olimpadas.
O Brasil sempre teve grandes especialistas nes-sa difcil especialidade: Adernar Ferreira da Sil-va. bicampeo nos Jogos
Olmpicos de 1952 e. 1956 e. mais recentemente. Nlson Prudncia e o re-cordista mundial Joo do Pulo.
Nos seguintes Jogos Olmpicos, porm, a meda-lha de ouro ficou com um "canguru" da Unio Sovi-tica: o tricampeo Viktor Saneev.
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I g
Ele ganhou sua primeira medalha no Mxico. em 1968. quando bateu o re-corde olmpico (17.39 m).
A partir da. sua mar-ca foi baixando - mas ningum conseguiu ven-c-lo. Assim, em 1972, em Munique. Saneev sal-tou 17,35 metros. E em Montreal. em 1976, ele fi-
cou nos 17.29 metros -mais do que o nosso Joo do Pulo. que terminou em terceiro lugar. com a medalha de bronze.
Infelizmente, Joo do Pulo jamais repetiu seu fan tstico recorde de 17 ,89 metros. obtido nos Jogos Pan-Americanos de 1975, no Mxico.
:\IUlliqllt_ 1972 xx .'o~os Olmpicos
Voc j viu que. apesar dos sonhos do nosso ba-ro. a poltica acaba se misturando com o espor-te. Mesmo assim. o espor-te - sobretudo durante as Olimpadas. o seu momento culminante - a festa da paz e do con-graamento entre atletas do mundo inteiro. 74
Essa tradio. porm. foi quebrada de maneira trgica na madrugada de 5 de setembro de 1972, durante as Olimpadas de Munique. Terroristas de uma organizao chamada "Setembro Negro" invadiram o dor-mitrio da delegao de Israel. O saldo foi muito
triste : morreram nove atletas e cinco terroris-tas, estes abatidos pe la polcia alem quando se preparavam para deixar o pas .
O esporte e o mundo jamais se esquecero des-ses acontecimentos, mas difcil que eles venham a se repetir nos Jogos Olmpicos. H hoje em dia um nmero incrvel de pessoas muito bem equipadas e treinadas para vi giar os alojamen -tos, os es tdios e os lo-calS das competies.
O atentado de Muni-que, como ficou conheci-do, acabou deixando em segundo plano as proezas dos atletas. E no foram poucas.
Na natao, desponta-ram dois verdadeiros pei -xes com corpo de gente . Um foi a australiana Shane Gould, que rece-beu trs medalhas de ou-ro . O outro, o americano Mark Spitz, bateu todos os recordes possveis. Ele voltou aos Estados Uni-dos com sete medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze!
No atletismo, Renata Stecher, da Alemanha Oriental, conseguiu uma
)li:JI
Nik Avilov, que somou 8454 pontos no decatlo, participando desde a cor-rida dos 100 metros at o lanamento de peso.
Em Munique, apesar da tragdia, foram supe-radas, em termos de pre-sena , todas as Olimpa-das anteriores. L estive-
/ ram nada menos do
o maior nadador do IImndo
No se poderia dizer que aquele garoto de 18 anos tinha qualquer preocupao com a mo-dstia. To logo ele che-gou Cidade do Mxico para participar dos Jogos Olmpicos de 1968. como nadador da equipe dos Estados Unidos. foi di-zendo o que pretendia:
- Vou mostrar a to-dos - afirmava cheio de si - que sou o maior na-dador do mundo em cur-ta distncia e no estilo borboleta.
As pessoas olhavam para ele e. lgico. riam. Mas, apesar dos exage-ros. Mark Spitz. o nada-dor fanfarro . no estava muito longe da verdade. S que ainda teria que
esperar algum tempo pa-ra ver confirmadas suas previses.
No Mxico. certo. Spitz conquistaria qua-tro medalhas: duas de ou-ro. uma de prata e uma de bronze. Muita coisa para um nadador. Pouca. porm. para quem se di-zia o melhor do mundo.
Quatro anos depois. em Munique. Mark Spitz j no falava coisas como aquelas. Tornara-se menos arrogante e re-solveu esperar os resulta-dos antes de exaltar suas grandes qualidades.
- Em vez de falar -ele se justificava. quase num tom de quem pede desculpas -. resolvi trei-nar duro.
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E fez muito bem. Por-que talento nunca lhe fal-tou. O que lhe faltava era seriedade e modstia. No dia em que conquistasse essas duas virtudes - re-petiam seus tcnicos, seus amigos e compa-nheiros de equipe Spitz no precisaria anunciar que nunca hou-ve um nadador como ele. O mundo inteiro reco-nheceria isso sozinho.
Ento, o que aconte-ceu? Ora, numa das mais brilhantes atuaes indi-viduais j vistas numa Olimpada, Mark Spitz ganhou nove provas e
no perdeu nenhuma -exceto duas eliminat-rias, nas quais se poupou para as finais .
Somando suas conquis-tas no Mxico e em Mu-nique, ele ficou com nada menos do que nove meda-lhas de ouro, uma de pra-ta e uma de bronze. Sem contar que batera 13 re-cordes mundiais. O que mais Mark Spitz precisa-ria provar? Nada.
E. milionrio com os contratos de publicidade que as~nou, abandonou as piscinas aos 22 anos. Como o maior nadador do mundo.
.-\deus lei da gravidade Como no temos asas,
no podemos voar - a no ser dentro de um avio. Por isso, sempre que pularmos do alto de uma escada iremos cair . Voc, certamente, sabe dessas coisas por expe-rincia prpria. um fe- ' .. , ........ ~ __ -:;;J nmeno simples. no? '\'\ Quem pula. cai . Da \ . mesma forma . se voc atirar uma pedra ela ir para o cho. Sabe por
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que essas coisas aconte-cem? Por causa da lei da gravidade - que voc aprender sem dificulda-de na escola.
D para contrariar a lei da gravidade? No d. Leva-se um tombo. Mas. em 1972, nas Olim-padas de Munique. uma menina russa de 17 anos ousou desafi-Ia . Seu nome: Olga Korbut.
Baixinha (1.46 metro), magra que s vendo (38 quilos). suas exibies de ginstica encantaram o mundo inteiro. Durante segundos que pareciam no se acabar nunca , ela deu a impresso de f1u-
tuar no espao, saltando entre as barras de exerc-cio . Era como se , para OIga. a lei da gravidade no existisse . Esse ina-
creditve espetculo foi visto por apenas 12 mil pessoas num dos ginsios esportivos de Munique e por 800 milhes de teles-pectadores de 78 pases .
Quando terminou suas apresentaes - conquis-tando trs medalhas de ouro -, Olga chorava de alegria. A emoo no foi s dela, mas de todos que tiveram o privilgio de v-Ia danando com seu corpo no ar.
Depois disso, OIga Korbut transformou-se numa celebridade inter-nacional do esporte. Suas proezas viraram as-sunto de quatro filmes (trs na Unio Sovitica e um na Inglaterra) . Es-creveram-se livros sobre ela. Seu rosto virou dese-nho de camiseta. E mui-tas outras meninas, de vrios pases. passaram a usar trancinhas nos cabe-los. Como ela.
Mas no pense que tu-do aconteceu por acaso .
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Olga praticou ginstica olmpica intensamente a partir dos 9 anos. E, pa: ra chegar s trs meda-lhas, precisou repetir 100 vezes por dia, durante anos e anos, os mesmos exerccios. Sem contar os regimes severssimos pa-
o azar de Shane Gould foi ter despontado para a natao justamente nas Olimpadas de 1972, quando as incrveis faa-nhas de Mark Spitz aca-baram, de certa forma, ofuscando um pouco seu sensacional desempenho.
Shane, que na poca tinha apenas 15 anos, foi - de longe - a melhor nadadora que apareceu em Munique e uma das grandes esportistas j re-veladas pela Austrlia. 80
ra conservar os seus 38 quilinhos .
E assim, alm de en-cantar todos os que le-vam tombos quando pu-lam, Olg8 pde - por al-guns poucos segundos -esquecer at a lei da gravidade.
Ela conquistou nada menos do que cinco me-dalhas: trs de ouro, uma de prata e uma de bron-ze todas em provas indi-viduais. E, contrariando uma antiga tradio, competiu com sucesso tanto eIll curta como em mdia e longa distncia .
No n9do livre, Shane disputo,", os 100, 200, 400 e 800 metros. Foi a tercei-ra nos 100, por uma ques-to de 4 dcimos de se-gundo; a primeira nos
200,: batendO' O' recorde mundial ; a primeira nos 400, tambm batendo o recorde mundial; e a se-gunda nO's 800. Depois disso, e la ainda seria a primeira na prO'va dos 200 metros, quatro estilos.
No futeboL esporte que inventaram, os ingle-ses h muito tempo dei-xaram de ser os melhores - seus alunos, como os brasileiros, holandeses e alemes, j os supera-ram. Mas no basquete -que nasceu nos Estados Unidos - esse fenmeno
batendo mais um recorde mundial.
Shane s no ganhou mais uma medalha de ou-ro, no revezamento, por-que uma de suas compa-nheiras acabou sendo desclassificada.
no se repetiu. Os norte-amencanos so quase imbatveis na arte de ati-rar a bO'la na cesta.
Fora das Olimpadas, O'S americanos nem sempre tm sido imbatveis. Na grande final dos Jogos Panamerica-nos de 1987, por exemplo, eles foram derrO'tadO's pelo Brasil, num jogO' memO'rvel, em que O' grande heri foi o brasiliro Oscar.
Essa superioridade che-gou a um ponto que O' Brasil pO'de at se orgu-lhar de ter perdido por apenas 4 pontos para os EstadO's Unidos, em 1952. Afinal, em 20 jO'gos eles dobraram o nmero de pO'ntos alcanados por seus adversrios.
O melhor time ameri-cano - e talvez o mais perfeito j montado no
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basquete - foi , sem d-vida . o de 1960. Eram to-dos craques: titulares e reservas. Nb torneio olmpico, su mdia foi de 100 pontos por parti-da. Algo fantstico ainda hoje. Seus melhores joga-dores - como Oscar Ro-bertson. Jerry West e Jerry Lucas - so lem brados pe los torce-dores do mundo todo.
Mas nem tudo perfei-to. Nos Jogos de 1972, em Munique, os Estados Unidos finalmente perde-ram para a Unio Sovi-tica. Foi uma final tu -multuadssima. A 3 se-gundos do encerramento, os Estados Unidos ga-nhavam por 50 a 49. Os soviticos apanharam a bola e perderam a cesta.
Ento. os americanos co memoraram sua vitria.
Logo em seguida os sovi ticos reclamaram. alegando que os rbitros haviam concedido um " tempo" irregular. O pro-testo foi aceito e o jogo re-comeou por mais 3 se -gundos. sem que fosse marcada nova cesta. No-va festa americana.
S que, estranhamen-te. o cronmetro oficial parara de funcionar. Os soviticos voltam a pro-testar e, com o jogo reini-ciado, fazem a cesta que lhes d a vitria e a me-dalha de ouro .
Em 1976, nos Jogos de Montreal, os Estados Unidos, que recusaram a medalha de prata (1972), recuperaram o ttulo.
Duas vezes Prudncio
Nlson Prudncio foi o primeiro grande herdeiro de Adernar Ferreira da Silva no salto triplo, ga-nhando duas medalhas para o Brasil nos Jogos Olmpicos.
A primeira foi em 1968, quando ele teve uma atuao espetacular nas Olimpadas do Mxi-co. Durante trs horas, ele e o sovitico Viktor Saneev brigaram pela vi-tria. E tudo indicava que o primeiro lugar fica-ria com Prudncio. que em seu melhor salto con-seguiu a marca de 17,27 metros. Era o recorde mundial.
Infelizmente. o recorde
durou apenas 25 minu-tos. Logo depois. Saneev pulou 17,39 metros - no-vo recorde, na ocasio. Prudncia acabou com a medalha de prata.
Em 1972, em Muni-que. ele ficou com a me-dalha de bronze (17.05 metros), perdendo outra vez para Saneev. Foi no dia 4 de setembro .. Jus-tamente por isso, Nlson Prudncia acreditava que vencena.
- Nasci em 1944, no dia 4 de abril , que o ms quatro - ele lem-brava. E serei o quarto atleta a saltar.
Infelizmente. enganou-se. Foi o terceiro colocado.
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H sempre um desta-que em cada Olimpada. Como voc j sabe, em Berlim, em 1936, surgi-ram os superatletas ne-gros dos Estados Unidos. Em 1952, em Helsinki, apareceu Zatopek, a "Lo-comotiva Humana". Nos Jogos de Roma, em 1960, despontou Abebe Bikila, o etope que corria des-calo . Caram os recordes de atletismo no Mxico, em 1968. E em 1972, em Munique, foi a vez de Mark Spitz, o americano que nadava como um peixe.
O que apareceria em 84
Montreal? - pergunta-vam todos em 1976. Um velocista incrvel? Um saltador espetacular? Ou quem sabe um timao de basquete? Ou talvez um fortssimo halterofilista?
Nada disso. Em Mon-treaL no Canad, l em cima do mapa, revelou-se para o mundo a graa maravilhosa de uma gi-nasta de 14 anos chama-da N adia Comaneci, es-trela absoluta das Olim-padas
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