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UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL - USCS
GRADUAÇÃO EM DIREITO
ANNE ELISABETE MACHADO PACHECO DE LIMA
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E A SAÚDE DO TRABALHADOR
São Caetano do Sul – SP
2016
ANNE ELISABETE MACHADO PACHECO DE LIMA
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E A SAÚDE DO TRABALHADOR
Monografia apresentada à Universidade
Municipal de São Caetano do Sul como
pré-requisito para obtenção do título
acadêmico de bacharel em Direito, sob
orientação do Professor Ms. Paulo Kim
Barbosa.
São Caetano do Sul – SP
2016
ANNE ELISABETE MACHADO PACHECO DE LIMA
MEIO AMBIENTE DO TRABALHO E A SAÚDE DO TRABALHADOR
Monografia apresentada à Universidade
Municipal de São Caetano do Sul como
pré-requisito para obtenção do título
acadêmico de bacharel em Direito, sob
orientação do Professor Ms. Paulo Kim
Barbosa.
Data da defesa: _____/__________/_____ Nota:__________ Área de concentração: Direito do Trabalho
BANCA EXAMINADORA:
Professor Ms. Paulo Kim Barbosa ____________________________
Universidade Municipal de São Caetano Do Sul
Professor(a) Dr(a). _________________ ____________________________
Universidade Municipal de São Caetano Do Sul
Professor(a) Dr(a). _________________ ____________________________
Universidade Municipal de São Caetano Do Sul
REITOR DA UNIVERSIDADE MUNICIPAL DE SÃO CAETANO DO SUL – USCS
Prof. Dr. Marcos Sidnei Bassi
PRÓ-REITOR DE GRADUAÇÃO
Prof. Ms. Marcos Antonio Biffi
GESTOR DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
Prof. Dr. Robinson Henriques Alves
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha família, pelo amor incondicional
que tenho por cada um de vocês.
Agradecimentos
A Deus, Pai presente em todos os momentos de minha vida,
sempre seguindo e guiando meus passos, iluminando a minha
mente e fornecendo a mim a fé necessária para buscar o
caminho da ética e crescimento pessoal.
Ao meu orientador Prof. Ms. Paulo Kim Barbosa, pela
orientação precisa, pelo carinho e respeito, pela amizade e
principalmente pela serenidade de sua pessoa, o que me
forneceu segurança para concretizar esse trabalho. Muito
obrigada!
A todas as pessoas que contribuíram para que este trabalho se
realizasse. Obrigada!
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo abordar o tema proteção do meio ambiente
do trabalho e suas implicações na saúde do trabalhador. Um dos preceitos
constitucionais muito debatido nos dias atuais é a proteção do meio ambiente do
trabalho como forma de promover a dignidade da pessoa humana. A prevenção
contra a ocorrência de acidentes do trabalho visa a manutenção da saúde do
trabalhador, sendo que o empregador é o responsável pela incolumidade de seus
empregados. Na ocorrência de acidente do trabalho que incapacite o trabalhador
para as atividades laborais, de forma temporária ou permanente, gera a
responsabilidade do empregador pelos danos causados à saúde do trabalhador e
pelos efeitos decorrentes da incapacidade laboral. O estudo buscou discorrer sobre
os meios de proteção da saúde do trabalhador, desde a adoção de medidas como o
fornecimento de equipamentos de proteção individual, até a constituição de
Comissão Interna para Prevenção de Acidentes, bem como a promoção e
manutenção do meio ambiente do trabalho saudável.
Palavras-chave: Meio Ambiente do Trabalho, saúde do trabalhador, acidentes do
trabalho, prevenção de acidentes.
ABSTRACT
This study aimed the protection of the work environment and it’s involution for the
Laborer's health. One of the constitutional precepts much debated these days is the
protection of the work environment in order to promote the dignity of the human
person. Preventing the occurrence of occupational accidents is aimed at maintaining
workers' health, and the employer is responsible for the safety of their employees. In
the event of work accident that disables the worker for work activities, temporarily or
permanently, it creates responsibility of the employer for damage caused to workers'
health and the effects of incapacity. The study tried to discuss the means of workers'
health protection, since the adoption of measures such as the provision of personal
protective equipment, until the establishment of the Internal Commission for Accident
Prevention, and the promotion and maintenance of the working environment healthy.
Key-words: Works Environment, Laborer´s health, occupational
accidents, prevention of accidents.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 11
2 Conceito de Meio Ambiente do Trabalho ................................................ 12
2.1 Princípios Fundamentais e do Direito do Trabalho ....................................... 13
2.1.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana ................................................. 13
2.1.2 Princípio do Valor Social do Trabalho ........................................................... 14
2.1.3 Princípio da Proteção ................................................................................... 14
2.1.4 Princípio da Irrenunciabilidade ..................................................................... 15
2.1.5 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego ..................................... 15
2.1.6 Princípio da Primazia da Realidade ............................................................... 16
2.2 Meio Ambiente do Trabalho .......................................................................... 16
3 Proteção do Meio Ambiente do Trabalho .................................................. 18
3.1 Direito à Saúde ............................................................................................. 19
3.2 Direito ao Trabalho ....................................................................................... 20
3.3 Tutela Jurídica do Meio Ambiente do Trabalho ............................................ 21
3.4 Saúde e Segurança do Trabalho .................................................................. 22
4 Responsabilidades do Empregador .......................................................... 25
4.1 Prevenção Contra Acidentes do Trabalho .................................................... 27
4.1.1 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes ............................................. 28
4.1.2 Equipamento de Proteção Individual ............................................................ 28
4.2 Responsabilidade pelo Meio Ambiente do Trabalho Salubre ....................... 29
4.2.1 Adicional de Insalubridade ............................................................................ 30
4.2.2 Adicional de Periculosidade .......................................................................... 33
4.3 Responsabilidade Civil ................................................................................. 33
5 Reivindicação ao Meio Ambiente Salubre do Trabalho .......................... 39
5.1 Obrigações do Empregador .......................................................................... 39
5.2 Possibilidade do Exercício da Greve Ambiental ........................................... 40
5.3 Tutela Jurídica e possibilidade do exercício da Greve Ambiental ................. 42
5.4 Atuação do Ministério Público em casos de Greve Ambiental ..................... 48
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 51
11
1 INTRODUÇÃO
A legislação ambiental Brasileira é uma das mais completas, se estendendo
ao meio ambiente do trabalho, apesar do mesmo não ser especificado na CLT. A
Constituição Federal de 1988 (CF) aborda no artigo 200, VIII uma das formas de
proteção à saúde do ser humano a proteção ao meio ambiente, o que inclui o meio
ambiente do trabalho. Nesse aspecto protege a dignidade da pessoa humana o valor
do trabalho conforme artigo 1º da CF, sendo fundamental para sociedade.
O meio ambiente do trabalho cuida não só do espaço físico do local de labor
do trabalhador, mais tem como sua maior preocupação o bem-estar e a qualidade
de vida no ambiente do trabalho, tendo como preocupações: o espaço físico onde
tem que estar adequado a função do trabalhador; a maneira de execução das
tarefas, passando a receber os treinamentos adequados para realizar a tarefa de
forma segura e produtiva e a orientação da utilização de seus equipamentos de
segurança e o ambiente sadio ao tratamento no relacionamento entre as pessoas,
sendo assim, trabalhadores e empregadores devem se tratar com educação,
cordialidade e respeito, devendo os superiores hierárquicos não emanarem ordens
abusivas, pois nos dias atuais trabalhadores estão deixando de ter confiança em
seus superiores hierárquicos por abuso de poder, o que pode configurar o assédio
moral fazendo com que doenças psicológicas apareçam em número cada vez maior.
Essas preocupações sendo efetivadas não só equilibra o trabalhador em sua
individualidade, mas toda uma sociedade.
A negligência do empregador com as suas obrigações, faz com que o
trabalhador venha a ter um meio ambiente do trabalho insalubre, desta forma o
empregador pode ser responsabilizado por acidente do trabalho ocorrido em seu
estabelecimento, que incapacite o trabalhador, de forma temporária ou permanente,
salvo se houver comprovado dolo ou culpa do empregador.
O trabalhador percebendo a presença de grave e iminente risco à sua saúde
e sua vida, em seu local de trabalho, ele tem o direito de lutar por melhores
condições ambientais do trabalho, individualmente, pois estará preservando e
clamando por sua vida, ou poderá coletivamente com membros de uma empresa
reivindicar, reivindicando por um ambiente salubre e seguro.
12
2 Conceito de Meio Ambiente do Trabalho
A Constituição Federal de 1988 (CF) apresenta como princípios
fundamentais para a promoção de uma sociedade democrática, entre outros, a
dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho e da livre iniciativa. Uma
das inúmeras formas de se efetivar e alcançar a proteção desses princípios é por
meio dos direitos sociais e proteção ao meio ambiente do trabalho, sobretudo com a
redução dos riscos relacionados ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene
e segurança, conforme consta no artigo 7º, XXII da CF.
O Direito Ambiental é um dos ramos do direito que objetiva a proteção do
meio ambiente com o estabelecimento de normas jurídicas que regem a conduta
humana com a finalidade de preservar e proteger o meio ambiente em que vivem
(GARCIA, 2014, p.18).
Para fins didáticos e para melhor organização do estudo, o meio ambiente
pode ser dividido em quatro espécies (MELO, 2013, p.28-9): o meio ambiente natural
ou físico; o meio ambiente cultural que incluem os valores e patrimônio históricos; o
meio ambiente artificial, considerado aquele construído pelo ser humano; e, por fim,
o meio ambiente do trabalho, este, de maior importância para o presente estudo.
No ramo do direito trabalhista, dentre outros direitos, a proteção do meio
ambiente do trabalho e a saúde do trabalhador figura como direitos e garantias
fundamentais sociais, sendo classificadas como direito de segunda dimensão
(SANTOS, 2013, p.22).
O meio ambiente do trabalho é entendido como o local de trabalho em que
as pessoas desempenham suas atividades laborais, sendo que seu equilíbrio é
conferido pela salubridade do ambiente e na ausência de agentes causadores de
desequilíbrios da saúde física e mental dos trabalhadores (MELO, 2013, n.14, p.55).
A CF, em seu artigo 7º, XXII, preconizou a priorização da prevenção de
ocorrência de acidentes do trabalho e instalação de doenças ocupacionais com a
adoção de medidas que visem a redução de riscos nos ambientes do trabalho.
Dessa forma, Nascimento e Nascimento ressalta que a proteção do meio ambiente
do trabalho adequado para o desempenho do labor, o direito determina condições
mínimas a serem cumpridas pelos empregadores, tanto em relação a todas as
instalações e dependências, quanto às condições de contágio com agentes nocivos
13
à saúde ou de perigo que a atividade possa oferecer (NASCIMENTO;
NASCIMENTO, 2015, p.135).
2.1 Princípios Fundamentais e do Direito do Trabalho
O Direito do Trabalho é um dos ramos do direito que assegura a observação
de princípios basilares previstos na CF, como a dignidade da pessoa humana e o
valor social do trabalho e a livre iniciativa. As normas trabalhistas elencadas
principalmente no artigo 7º da CF, Capítulo II do Título II, que trata dos Direitos
Sociais, são normas mínimas do direito do trabalhador e de suma importância para a
proteção do ser humano (GOÉS; ENGELMANN, 2015, p.42).
O direito trabalhista, além de observar os princípios fundamentais
constitucionais, possui princípios específicos necessário para a proteção especial
que exige a relação em questão. Dentre eles estão o princípio da proteção do
empregado, o princípio da irrenunciabilidade, a primazia da realidade e muitos
outros.
A seguir, seguem breves considerações acerca de alguns dos princípios
essenciais e norteadores do Direito do Trabalho.
2.1.1 Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
O Princípio da dignidade da pessoa humana é a base da constituição, que
rege todos os ramos do direito, sendo considerado como o fundamento para a
justiça e para a paz no mundo, conforme salientam os doutrinadores Góes e
Engelmann, que propõem o desdobramento do princípio da dignidade da pessoa
humana em quatro outros princípios: igualdade, integridade física e moral, liberdade
e solidariedade (GOÉS; ENGELMANN, 2015, p.42).
A dignidade da pessoa humana corresponde à valorização do ser humano e
dela surgem outros princípios que visam a proteção do ser humano, como é o caso
dos princípios específicos do Direito do Trabalho, tais como o Princípio da Proteção,
14
Princípio da indisponibilidade de direitos e Princípio da Continuidade da relação do
emprego.
2.1.2 Princípio do Valor Social do Trabalho
O valor social do trabalho é um dos fundamentos da República Federativa
do Brasil, prevista no artigo 1º, IV da CF e de grande relevância para os direitos
sociais, principalmente no ramo jurídico do Direito do Trabalho.
Este princípio visa assegurar ao ser humano condições mínimas e dignas de
existência, valorizando a força de trabalho humano que propicia meios para sua
subsistência e a de seus dependentes.
Observa-se que este princípio decorre da dignidade da pessoa humana, pois
visa proteger o homem e preservar a sua saúde física e mental para o desempenho
de atividades do trabalho. Na ordem econômica, o valor social do trabalho diz
respeito ao desenvolvimento da ordem econômica, da cadeia produtiva e da própria
sociedade (GOÉS; ENGELMANN, 2015, p.49-50).
2.1.3 Princípio da Proteção
O Princípio da Proteção é um dos mais importantes princípios que rege o
Direito do trabalho, pois esse princípio vem proteger as relações laborais dos
empregados para com o poder do empregador, não permitindo o abuso de poder,
preservando a dignidade do trabalhador.
A importância da proteção do empregado é devida a vulnerabilidade como
ele se apresenta na relação do contrato de trabalho. Esse princípio tem três
variáveis, também chamados subprincípios: a) princípio da aplicação da norma mais
favorável – se dá quando há várias normas com entendimentos diferentes, sendo
aplicada aquela mais favorável ao trabalhador; b) o princípio da manutenção da
condição mais benéfica – o trabalhador será regido pelo contrato de trabalho desde
a data de sua admissão, sendo que em caso de alteração das cláusulas do contrato
de trabalho, esta não poderá ser prejudicial ao empregado, prevalecendo a condição
15
mais benéfica aos empregados. Assim, nos contratos individuais de trabalho só é
correto a alteração por mútuo consentimento; c) Principio da avaliação in dubio pro
operario – havendo dúvidas diante de qualquer cláusula do contrato de trabalho ou
na ausência de comprovação dos fatos controvertidos no caso concreto, a
interpretação será aquela mais favorável ao trabalhador (MARTINEZ, 2013, p.103-
7).
2.1.4 Princípio da Irrenunciabilidade
Princípio da Irrenunciabilidade ou indisponibilidade, previsto no artigo 9º da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), o trabalhador não poderá dispor ao
empregador seus direitos de forma alguma, pois esse princípio lhe assegura
vantagens e proteção de suas fraquezas. Não podendo, o empregado, renunciar e
nem transacionar os direitos trabalhistas (MARTINEZ, 2013, p.108).
A doutrina trabalhista dispõe de critérios para verificar a disponibilidade ou
não do direito do trabalho. A primeira delas é em relação à fonte do direito
pronunciado, pois se a norma for de dispositivo legal, não é permitida a renúncia do
direito, como por exemplo o aviso prévio. Outro critério é o momento da realização
da renúncia que não pode ocorrer antes da formalização do contrato de trabalho,
mas na vigência da relação contratual, é admissível como exceção (JORGE NETO;
CAVALCANTE, 2008, p.95-6).
2.1.5 Princípio da Continuidade da Relação de Emprego
O Princípio da Continuidade da Relação de Emprego prima pela relação de
emprego duradoura, sendo um negócio jurídico de grande vitalidade. Dessa forma, a
continuidade pressupõe que o empregado não quer o término do vínculo
empregatício, mas pode ocorrer de o empregador tomar a iniciativa de termo do
contrato de trabalho, sendo, neste caso, ônus da prova patronal. Assim é o
entendimento firmado pelo C.TST, conforme a Súmula 212:
16
Súmula 212 - Despedimento. Ônus da prova (Res. 14/1985, DJ 19.09.1985) O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a
prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio
da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao
empregado.
2.1.6 Princípio da Primazia da Realidade
Outro princípio de grande relevância no Direito do Trabalho é a primazia da
realidade que se confere pela realidade dos fatos e não pelo que está descrito no
contrato de trabalho em suas cláusulas, ou seja, os acontecimentos reais que
ocorrem no dia a dia no desempenho das atividades do trabalho prevalecem em
relação às cláusulas existentes no contrato firmado entre empregado e empregador.
Um exemplo de aplicação prática deste princípio é em relação a efetiva jornada de
trabalho cumprida pelos empregados, que muitas vezes está mascarada por
controle de ponto alterado.
2.2 Meio Ambiente do Trabalho
A CF em seu artigo 196, visa a saúde de todos e atuação do Estado, para
manter uma sociedade saudável, sendo assim, para que todos os trabalhadores
tenham um meio ambiente adequado e seguro de trabalho temos que contar com a
necessária proteção da constituição, que em seu artigo 200, VIII, estabelece essa
proteção, competindo ao sistema único de saúde a atuação, para haver uma melhor
qualidade de vida (MELO, 2013, p.29).
Melo (2013, p.29) também afirma que:
O meio ambiente do trabalho não se restringe ao local de trabalho estrito do
trabalhador. Ele abrange o local de trabalho, os instrumentos de trabalho, o
modo da execução das tarefas e a maneira como o trabalhador é tratado
pelo empregador ou tomador de serviços e pelos próprios colegas de
trabalho.
17
Temos que considerar tudo que cerca o trabalhador, pois o ambiente de
trabalho onde trabalhador é maltratado por diversas formas, esse ambiente sofre
com o adoecimento do ambiente do trabalho e do trabalhador, podendo se estender
ao ambiente familiar (MELO, 2013, p.29).
É indispensável a todo trabalhador o meio ambiente adequado e seguro,
pois seu local de trabalho deve ser saudável e ter segurança, em se tratando de um
direito de todos, atinge uma coletividade ou até mesmo uma massa de diversas
categorias (Direito difuso). Sendo assim, o meio ambiente do trabalho é um bem
difuso a ser tutelado.
Conforme ensina o ilustre doutrinador Melo (2013, p.35):
A proteção do meio ambiente do trabalho para a preservação da saúde do
trabalhador consta com o arcabouço legal da Constituição Federal de 1988,
que inovou bastante a respeito de várias Constituições Estaduais que
seguiram a mesma linha, da Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei
nº 6.938/81), da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT (Capítulo V, que
trata da segurança, higiene e medicina do trabalho, totalmente alterado em
1977 pela Lei nº 6.514), da Portaria nº 3.214-78, com várias Normas
Regulamentadoras, das convenções coletivas de trabalho, de sentenças
normativas proferidas pela Justiça do Trabalho nos Dissídios Coletivos de
Trabalho e Convenções da OIT. Para completar o arcabouço legal, têm-se
ainda o Código Penal e leis esparsas cuidando da parte criminal e dos
crimes ambientais.
A importância da prevenção contra a ocorrência de acidentes do trabalho ou
doenças ocupacionais é uma prioridade, pois preservar a saúde do trabalhador é
resguardar a dignidade da pessoa humana e permitir que ele possa continuar a
desempenhar suas atividades laborais, garantindo o seu próprio sustento e a
manutenção das necessidades de seus dependentes, princípios estes muito
valorizados na Constituição Federal atualmente vigente no Brasil.
18
3 Proteção do Meio Ambiente do Trabalho
A proteção do meio ambiente do trabalho se dá pelas condições de trabalho
adequadas exercidas pelos trabalhadores, em local apropriado, devendo as
empresas observar condições mínimas de higiene, saúde e segurança do trabalho.
A saúde física e psíquica dos trabalhadores é preservada pelo direito do trabalho. O
legislador tem acompanhado a evolução da sociedade para resguardar a existência
de normas jurídicas relacionadas ao meio ambiente do trabalho e assim fazer
exercer a difícil missão de proteger o ser humano, preservando a dignidade do
trabalhador e da sociedade. Neste sentido, a jurisprudência:
DEGENERAÇÃO MORAL DO TRABALHADOR. ATO ILÍCITO DA
EMPREGADORA. DANO MORAL CARACTERIZADO. Subjugar
empregado, em pleno Século XXI, impondo-lhe comando aviltante de
superior desqualificado para o cargo, afeta ao sistema de feitorias do Século
XIX, é exemplo clássico de assédio moral, revela ambiente laboral
degradado, incompatível com o respeito à dignidade dos empregados,
repudiados pela doutrina e jurisprudência. Dano moral configurado pela dor,
a vergonha e a humilhação, que fugindo à normalidade, interfira
intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, de forma a lhe
causar sensível aflição e desequilíbrio em seu bem estar. TRT/SP 15ª
Região 001974-09.2012.5.15.0067 RO - Ac. 4ª Câmara 34.754/15-PATR.
Rel. Dagoberto Nishina de Azevedo. DEJT 18 jun. 2015, p. 989.
Melo (2013, p.32) fala que o meio ambiente do trabalho adequado e seguro
é um direito fundamental do cidadão trabalhador, sua proteção assegura a saúde e a
segurança do trabalhador no exercício de suas atividades laborativas, dessa forma
garantindo a qualidade de vida.
Adam Smith, antes mesmo do advento da Constituição Federal de 1988, já
afirmava que a mais importante propriedade que o homem possui é a sua própria
capacidade de trabalho, assim sua habilidade para o trabalho é o seu maior
patrimônio (SMITH, 2010). Dessa forma, a importância de se preservar a saúde do
trabalhador contra o infortúnio é respeitar a sua dignidade.
19
3.1 Direito à Saúde
A CF classificou em cláusula pétrea, os direitos fundamentais subdivididos
em direitos sociais, conforme seu artigo 6º, encontrando elencado o direito do
trabalho e á saúde.
A saúde e a incolumidade física do trabalhador são fatores integrantes do
próprio direito à vida. A vida humana possui um valor inestimável e deve ser
protegida por todos os meios, sendo o bem maior tutelado pela nossa Carta Magna.
A medicina e segurança do trabalho são matérias de grande valia, como
instrumental técnico-jurídico, a valorizar e dignificar a vida humana, além do
patrimônio jurídico do trabalhador, o qual é representado pela sua força de trabalho
(JORGE NETO; CAVALCANTE, 2008, p.1037).
A saúde é assegurada pela CF, no artigo 1961, como direito de todos e
dever do Estado, sendo esse direito assegurado também no âmbito das relações de
trabalho, em que o trabalhador se vale desse direito por diversas normas legais que
visa à proteção de sua saúde e, assim, o empregador tem o dever de cuidar da
manutenção do ambiente do trabalho saudável. Neste sentido, o julgado na Justiça
do Trabalho demonstra a violação da dignidade da pessoa humana e o cabimento
de indenização por danos morais provocado por aqueles que não promovem um
ambiente do trabalho salubre:
DANO MORAL. RURÍCOLA. CONDIÇÕES PRECÁRIAS DE TRABALHO.
VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.
CARACTERIZAÇÃO. São públicas e notórias as precárias condições de
trabalho a que normalmente são submetidos os trabalhadores rurais neste
país eis que, raramente, são atendidas as condições determinadas pela NR-
31. Ora, a CF/1988, ao tutelar a saúde (art. 196), tem como finalidade a
proteção da vida humana, como valor fundamental, sendo certo que a
proteção constitucional se volta ao resguardo da saúde físico-psíquica do
trabalhador enquanto cidadão, tanto é assim que, no inciso XXII do art. 7º, o
legislador constituinte instituiu como direito do trabalhador a “redução dos
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
1 Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
20
segurança”. E o fato do empregador rural deixar de adotar as medidas de
proteção previstas nas Normas Regulamentares evidencia o descaso com a
saúde e vida do trabalhador. Portanto, não se trata aqui de meros
dissabores próprios do desenvolvimento de determinada atividade
profissional, mas, sim, de condições degradantes a que são submetidos os
trabalhadores rurais, onde não são resguardadas as mínimas condições de
higiene, saúde e segurança. Inequívoco, portanto, o desrespeito por parte
das reclamadas à dignidade do reclamante, princípio fundamental inscrito
no inciso III do art. 1º da CF, restando configurado o dano moral, em face da
violação aos direitos protegidos pelo inciso X do art. 5º, também da
CF/1988. Acolho a irresignação para deferir indenização por danos morais.
TRT/SP 15ª Região 000844-71.2013.5.15.0156 RO - Ac. 5ª Câmara
4.054/15-PATR. Rel. Lorival Ferreira dos Santos. DEJT 5 fev. 2015, p. 1152.
Tendo em vista os diversos dispositivos constantes na CF, como os direitos
aos acidentados (Art. 201, I, da CF) tanto normas para prevenção de acidentes,
como é o caso da proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de
idade (Art. 7º, XXXIII da CF), ou seja, o legislador ao prever essa proibição, teve
como intuito a prevenção contra a ocorrência de acidentes do trabalho. Estando a
prevenção presente no inciso XXII do art. 7º da CF, em se tratando do direito do
trabalhador ao ambiente salubre de trabalho, alcançado coma redução de riscos
relacionados ao trabalho, por meios de normas de saúde, higiene e segurança.
3.2 Direito ao Trabalho
A CF declara em seu título I, dos Princípios fundamentais em seu artigo 1º,
IV, os valores sociais do trabalho, o artigo 170 impõe que a valoração do trabalho
humano funda a ordem econômica assegurando a todos a existência digna da
justiça social, o artigo 193 estabelece que a ordem social “tem como base o primado
do trabalho”. Conforme consta acima a Constituição Federal valoriza o trabalho
humano, expondo-o como princípio fundamental, sendo o mesmo de muita
importância para economia.
O trabalhador tem como direito em seu local de desempenho de suas
atividades laborativas o equilíbrio baseado na salubridade do ambiente e ausência
21
de agentes que comprometam a integridade, tanto física quanto psíquica, dos
trabalhadores, que independem de suas condições (MELO, 2013, p.35).
Também, de acordo com Melo, o meio ambiente do trabalho é o espaço
onde o obreiro poderá prover sua existência digna, prevista no artigo 1º, III, da
Constituição Federal, destacando que a ideia do meio ambiente do trabalho não
pode se limitar à relação obrigacional ou ficar restrita ao ambiente físico do
estabelecimento onde os empregados desempenham suas atividades laborais, pois
é direito constitucional garantido a saúde de todos, sem distinção.
3.3 Tutela Jurídica do Meio Ambiente do Trabalho
A ordem social tratada, no título VIII da CF, Capítulo VI, referente ao Meio
Ambiente, em seu artigo 225, dispõe que todos têm direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, sendo este bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida, devendo tanto o Poder Público quanto a coletividade
preservá-lo e defendê-lo, para as presentes e futuras gerações. No mesmo título o
artigo 200, no entanto, no capítulo II, prevê em seu inciso VIII, além de outras
atribuições, compete ao sistema único de saúde “colaborar na proteção do meio
ambiente, nele compreendido o do trabalho”. Por fim, o artigo 7º, dita os direitos dos
trabalhadores urbanos e rurais, em seus incisos XXII e XXIII, visando como direitos
“redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança” e “adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou
perigosas, na forma de lei”.
O meio ambiente do trabalho é tutelado pela Constituição Federal conforme
alguns artigos, enfatizando o principal direito do homem o direito à vida, sendo digna
e com qualidade, disposto no artigo 225, CF, alcançando seus pilares básicos:
trabalho decente e em condições seguras e salubres (MELO, 2013, p.37).
Na Consolidação das Leis do Trabalho consta um capítulo próprio para a
segurança e medicina do trabalho, tendo o constituinte elaborado modo de
conservação do meio ambiente, como meios de prevenção de acidentes e doenças
no trabalho, impondo deveres aos empregados, empregadores e à Administração
Pública. Ainda, a Portaria n° 3.214/78, trata das normas regulamentares (NR)
22
relativas à segurança e medicina do trabalho, regulando substancialmente a matéria
referente ao meio ambiente do trabalho e sob o prisma internacional, tem as
Convenções da OIT ratificadas pelo Brasil.
Não podendo deixar de citar dois princípios do direito ambiental importantes:
Prevenção e Precaução. Conforme Melo (2013, p.39), a prevenção “significa adoção
de medidas tendentes a evitar riscos ao meio ambiente e ao ser humano”. Chamado
princípio mãe, já a precaução “significa antecipação que visa a prevenir um mal;
prevenção; cuidado”. Sendo a prevenção a melhor maneira de se reparar o dano e
seu custo benefício o melhor para o meio ambiente, se estendendo ao meio
ambiente do trabalho, pois os dois atinge o ser humano. No âmbito trabalhista a
aplicação desse princípio, deverá ser feito pelo Estado na educação ambiental e
pelas empresas, orientando os trabalhadores e fornecendo – lhes o que for
necessário para sua proteção. A precaução devera cuidar, pois ela tem a ver com
risco, prejuízo, irreversibilidade e incerteza, diante desses pontos os cuidados
devem ser sempre observados, pois a saúde e o bem-estar do ser humano está
acima de qualquer valor econômico.
3.4 Saúde e Segurança do Trabalho
A Consolidação das Leis do Trabalho dispõe no Título II, capítulo V, sobre a
segurança e medicina do trabalho, nos artigos 154 a 201. A matéria também é
respaldada por órgãos, como os Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) onde as empresas estão obrigadas
a o manter conforme suas disposições no artigo 162 da CLT, juntamente com a NR
4 que o regulamenta e o órgão de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA) tem sua constituição obrigatória nas empresas, sua matéria está disposta
nos artigos 163 a 164 e regulada pela NR 5, tendo como objetividade a saúde e
integridade do trabalhador.
Martins (2013, p.237), afirma que:
A segurança e medicina do trabalho são o segmento do Direito do Trabalho
incumbido de oferecer condições de proteção à saúde do trabalhador no
23
local de trabalho, e de sua recuperação quando não estiver em condições
de prestar serviços ao empregador.
A inspeção prévia é uma das medidas a ser observada pelas empresas em
questão de segurança e saúde, no ambiente do trabalho, pois nenhum
estabelecimento pode iniciar suas atividades sem prévia inspeção e aprovação das
respectivas instalações pela autoridade regional competente em matéria de
segurança e medicina do trabalho, conforme dispõe o artigo 160 da CLT.2
Observando também as normas das edificações que garantem conforto a
todos que nela trabalhem, conforme artigo 170 e seguintes da CLT e NR-8, as
iluminações regidas pelo artigo 175 da CLT, o conforto térmico em seu artigo 176 da
CLT e NR-17 que regulamenta as duas últimas normas e a ergonomia esta, está
adequando às características psicofisiológicas dos trabalhadores.
O EPI, conforme artigo 166 da CLT3, deve ser fornecido obrigatoriamente e
gratuitamente, pelos empregadores, sendo uma forma de prevenção e proteção à
saúde do trabalhador. EPI é qualquer produto ou dispositivo de uso individual do
obreiro, que tem como finalidade à proteção do trabalhador contra riscos suscetíveis
de ameaçar a segurança e a saúde do trabalhador (MELO, 2013, p.129).
Segundo Jorge Neto e Cavalcante (2008, p.849), a segurança e medicina do
trabalho zela pela vida do trabalhador, evitando acidentes, preservando a saúde,
bem como propiciando a humanização do trabalho, dessa forma, essas normas de
segurança e medicina do trabalho se fazem importantes na preservação da força de
trabalho e da vida humana, tendo em vista a proteção dos direitos fundamentais do
trabalhador e a preservação do meio ambiente do trabalho. Assim, julgados na
Justiça do Trabalho se voltam para a dignidade da pessoa humana a proteção do
meio ambiente do trabalho:
2 Art. 160 - Nenhum estabelecimento poderá iniciar suas atividades sem prévia inspeção e aprovação
das respectivas instalações pela autoridade regional competente em matéria de segurança e medicina do trabalho. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 6 abr. 2016. 3 Art. 166 - A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de
proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 6 abr. 2016.
24
DIREITO DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.
CONDIÇÕES SANITÁRIAS INDIGNAS NO AMBIENTE DE TRABALHO.
NR-24. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE DA PESSOA E AOS
VALORES SOCIAIS DO TRABALHO. REPARAÇÃO DEVIDA. Evidenciado
o constrangimento de ajudante de maquinista ferroviário submetido a longas
viagens, sem a possibilidade de uso de sanitário, cujas necessidades
fisiológicas eram satisfeitas dentro da própria composição ferroviária, sobre
sacos de lixo, jornal ou dentro de garrafas “pet”, para, somente depois, na
parada, serem descartados, caracteriza-se o dano moral. Trata-se de ordem
constitucional prevista no Diploma de 1988, como um dos fundamentos da
República Federativa do Brasil, o respeito à dignidade da pessoa humana e
aos valores sociais do trabalho (art. 1º, III e IV), aviltados com a situação
encontrada. Nessa perspectiva, o empregador, ao empreender uma
atividade econômica, tem a obrigação de manter um ambiente de trabalho
seguro e digno, garantindo a seus empregados as condições mínimas de
higiene e segurança, a fim de implementar as garantias fundamentais acima
citadas. Reparação civil devida, nos termos dos arts. 186 e 927, CC.
TRT/SP 15ª Região 000266-58.2013.5.15.0108 RO - Ac. 6ª Câmara
43.072/15-PATR. Rel. Luciane Storel da Silva. DEJT 6 ago. 2015, p. 420.
A preocupação da Medicina do Trabalho é a saúde do trabalhador, que se
estende a cura e a prevenção das doenças do trabalho, sendo medidas preventivas
quanto a acidentes de trabalho os intervalos, redução de jornada em trabalho
insalubre, férias, limites à jornada e descanso semanal (MARTINS, 2013, p.237).
A Higiene do trabalho deve ser vista juntamente com a saúde, pois muitas
empresas prejudicam seus trabalhadores, que correm risco a saúde, originados no
trabalho devido falta de higiene, as empresas deveram conservar e afastar os
agentes nocivos do trabalhador. Já as medidas de segurança deveram garantir ao
trabalhador proteção contra os riscos inerentes à prática de sua atividade, seguindo
normas para instalações do estabelecimento e de suas máquinas (NASCIMENTO,
2011, p.847).
25
4 Responsabilidades do Empregador
O empregador tem a obrigação de preservar a saúde de seus empregados,
sendo que é o responsável pela incolumidade dos trabalhadores e a promoção de
meio ambiente do trabalho equilibrado. Este dever é constitucional e de toda a
sociedade sendo, dessa forma, observado o princípio da dignidade da pessoa
humana e a valorização do trabalho, nos termos enunciados no artigo 225 da CF:
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e
preservá- lo para as presentes e futuras gerações.4
Neste sentido, julgados na Justiça do Trabalho revelam a obrigação do
empregador de indenizar seu trabalhador pelos danos decorrentes da não
observância de manter e preservar a saúde do empregado:
RESPONSABILIDADE CIVIL. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
TRABALHADOR RURAL. TRATAMENTO DEGRADANTE. AUSÊNCIA
MÍNIMA DE HIGIENE E SALUBRIDADE NO MEIO AMBIENTE DO
TRABALHO. DIREITO À INDENIZAÇÃO. PERTINÊNCIA. De acordo com a
Norma Regulamentadora 31, aprovada pela Portaria n. 86/2005, do
Ministério do Trabalho e Emprego, cabe ao empregador rural zelar pela
higidez do meio ambiente de trabalho. Em decorrência, deve fornecer
refeitórios, instalações sanitárias, água potável, material de primeiros
socorros, equipamentos de proteção individual, entre outras utilidades,
sempre em quantidade proporcional ao número de trabalhadores e em boas
condições de higiene e conforto. No caso, de acordo com o contexto
fático/probatório, sobressai-se que houve descaso da reclamada para com o
reclamante e seus demais colegas de trabalho, pois não havia condições
dignas de trabalho, eis que a barraca sanitária era insuficiente, obrigando os
trabalhadores fazerem necessidades fisiológicas na lavoura. Denota-se,
pois, falta de consideração e descaso que provocam indignação,
constrangimento e um grande sentimento de impotência frente à conduta da
4
Art. 225. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao Compilado.htm>. Acesso em: 8 jan. 2016.
26
reclamada. A CF, ao tutelar a saúde (art. 196), tem como finalidade a
proteção da vida humana, como valor fundamental, sendo certo que a
proteção constitucional se volta ao resguardo da saúde físico-psíquica do
trabalhador enquanto cidadão, tanto é assim que, no inciso XXII do art. 7º, o
legislador constituinte instituiu como direito do trabalhador a “redução dos
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e
segurança”. O trabalhador é sujeito, e não objeto da relação contratual, e
tem direito a preservar sua integridade física, intelectual e moral, em face do
poder diretivo do empregador. A subordinação no contrato de trabalho não
compreende a pessoa do empregado, mas tão somente a sua atividade
laborativa, esta sim submetida de forma limitada e sob ressalvas ao jus
variandi. Destarte, o fato de o empregador rural e os tomadores do serviço
deixarem de adotar as medidas de proteção previstas nas Normas
Regulamentares evidencia o descaso com a saúde e vida do trabalhador.
Portanto, não se trata aqui de meros dissabores próprios do
desenvolvimento de determinada atividade profissional, mas, sim, de
condições degradantes a que são submetidos os trabalhadores rurais,
especialmente os que trabalham no cultivo da cana-de-açúcar, onde não
são resguardados as mínimas condições de higiene, saúde e segurança.
Por essas razões é devida a reparação dos danos morais suportados, pois
a situação é incompatível com a dignidade da pessoa humana, com a
valorização do trabalho, e ainda de acordo com a função social da
propriedade, princípios assegurados pela CF/1988 nos arts. 1º, III e IV, 5º,
XIII, e 170, caput e III. Recurso ordinário da reclamada desprovido. TRT/SP
15ª Região 000835-33.2013.5.15.0052 RO - Ac. 6ª Câmara 31.552/15-
PATR. Rel. Fabio Allegretti Cooper. DEJT 2 jun. 2015, p. 656.
O Ministério do Trabalho e a Previdência Social por meio da melhoria das
condições de risco ambiental e a menor incidência dos acontecimentos dos
trabalhadores de acidentes e doenças ocupacionais, poderão atribuir nova
classificação da empresa em relação ao grau de risco laboral e ambiental, incentiva
a melhoria das condições do trabalho. É dever constitucional manter o equilíbrio do
ambiente do trabalho, proporcionando qualidade de vida aos trabalhadores.
O termo meio ambiente abrange diversos elementos que o compõe como os
físicos, químicos, biológicos, sociais e econômicos, considerando também o
ambiente físico, natural, artificial, social e cultural (JORGE NETO; CAVALCANTE,
2008, p.845). Toda a sociedade e o poder público, em coletividade, tem a
27
responsabilidade de preservar o meio ambiente do trabalho, em suas relações direta
e indireta.
O artigo 7º, XXII da CF, em conformidade com o Capítulo V: Da Seguridade
e da Medicina do Trabalho, da CLT, são os meios mais importantes abordados pelo
legislador em questão ao meio ambiente do trabalho, pois a CLT não aborda
especificamente o tema proteção ao meio ambiente do trabalho.
Uma das medidas preventivas da medicina do trabalho é o exame médico,
sendo obrigatório na admissão, demissão e exames médicos periódicos,
principalmente em relação à mudança de função a ser desempenhada no ambiente
do trabalho. O empregador deve arcar com as despesas desse exame médico,
podendo ser exigido pelo médico do trabalho, exames complementares para avaliar
o estado atual de saúde dos trabalhadores, devendo estar de acordo com a função a
ser exercida no emprego, nova realização de avaliação médica e nova avaliação
médica em caso de mudança de função exercida no trabalho.
As Normas Regulamentadoras (NR), estão em conformidade com a CLT,
sendo que foram expedidas pela Portaria nº 3.214 de 1978 que retratam as regras
de proteção de acidentes do trabalho, em que está prevista, além de outras normas
de proteção do trabalhador, o fornecimento de Equipamento de Proteção Individual
(EPI) – NR-6, a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)
– NR-5, determinação das condições de insalubridade – NR-15, situações de
periculosidade – NR-16, condições ergonômicas de trabalho – NR-17, dentre
diversos outras normas que dispõe sobre regras gerais e de observância mínima
obrigatória para se promover a proteção e prevenção da saúde do trabalhador.
4.1 Prevenção Contra Acidentes do Trabalho
O exame médico é uma das medidas preventivas da medicina do trabalho,
que obriga o empregador a realizar a avaliação antes do empregado entrar em
atividade na função para o qual foi contratado.
Outra obrigação dos empregadores é a manutenção de um setor
denominado Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina
do Trabalho (SESMT), composto de um número de profissionais especializados em
28
medicina e em engenharia do trabalho, a depender do grau de risco das atividades
desempenhadas e do número de trabalhadores, com o objetivo de prevenir
acidentes do trabalho e a instalação de doenças ocupacionais.
Além disso, há obrigação de constituição de CIPA e fornecimento de
equipamento de proteção individual, dentre inúmeras outras medidas que devem ser
adotadas pelo empregador para a proteção da saúde do trabalhador. A seguir, em
breves comentários serão abordadas a constituição da CIPA e a importância do EPI.
4.1.1 Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
Para a preservação e promoção do meio ambiente do trabalho salubre e a
prevenção contra a ocorrência de acidentes ou moléstias ocupacionais, o
empregador deve constituir a CIPA, conforme artigo 163 da CLT5, composta por
representante dos empregadores e empregados, em que os objetivos se coadunam
com a tomada de medidas necessárias para a prevenção e a proteção da saúde dos
trabalhadores. Os integrantes da CIPA têm o dever de observar e relatar as
condições de risco a que estão submetidos os trabalhadores, solicitar, perante os
empregadores, medidas cabíveis para reduzir e, mais satisfatoriamente, eliminar os
fatores de risco existentes ou também, neutralizar os efeitos adversos dos riscos a
que estão os obreiros submetidos (MARTINS, 2013, p.708).
4.1.2 Equipamento de Proteção Individual
Dentre as várias normas de proteção ao trabalhador destaca-se os
Equipamentos de Proteção Individual – EPI, como um dos meios mais utilizados
pelos empregadores, pela obrigação no fornecimento gratuito aos empregados, com
o tipo de EPI adequado ao risco a que os obreiros estão expostos, estando o
5 Art. 163. Será obrigatória a constituição de Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), de
conformidade com instruções expedidas pelo Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra nelas especificadas. Parágrafo único - O Ministério do Trabalho regulamentará as atribuições, a composição e o funcionamento das CIPA (s).
29
equipamento em perfeito estado de conservação e funcionamento, sendo que
deverão ser observados diversas medidas, tais como: a) sempre que as medidas de
ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do
trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; b) enquanto as medidas de
proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e c) para atender a situações de
emergência.
A ausência de observação no fornecimento e prazos de validade dos EPIs,
bem como o EPI não aprovado com a devida certificação, gera a responsabilidade
do empregador ao pagamento de indenização ao empregado, conforme julgado:
INSALUBRIDADE. FORNECIMENTO DE EPI SEM CERTIFICADO DE
APROVAÇÃO. ADICIONAL DEVIDO. Cabe ao empregador a prova do
fornecimento, aos empregados que laboram sob condições insalubres, de
EPIs adequados à neutralização/eliminação do agente insalubre, os quais
deverão contar com Certificado de Aprovação do Ministério do Trabalho. A
ausência de certificação do equipamento de proteção fornecido pelo
empregador inviabiliza a aferição da adequação e eficiência para o fim a
que se destina, fazendo jus o trabalhador ao direito ao adicional de
insalubridade e reflexos. Inteligência dos arts. 167 e 192 da CLT. TRT/ SP
15ª Região 002088-95.2012.5.15.0115 RO - Ac. 9ª Câmara 35.877/15-
PATR. Rel. Luiz Antonio Lazarim. DEJT 25 jun. 2015, p. 2467.
A adoção de EPI, previsto no artigo 166 da CLT 6 , de fornecimento
obrigatório e gratuito pelos empregadores, é uma forma de prevenção e proteção da
saúde do trabalhador. Há também o dever do empregador de observar a certificação
e aprovação dos EPI pelo órgão competente, além de fiscalizar a correta e efetiva
utilização desses equipamentos pelos seus trabalhadores, bem como substituí-los
quando necessário.
4.2 Responsabilidade pelo Meio Ambiente do Trabalho Salubre
6 Art. 166. A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, equipamento de
proteção individual adequado ao risco e em perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à saúde dos empregados.
30
O empregador, quando não observadas as normas regulamentadoras, ou
não promover a prevenção da saúde do trabalhador, pode ser responsabilizado
pelas consequências advindas do acidente do trabalho e as consequentes
incapacidades laborais, tanto de forma permanente quanto de forma provisória.
Assim é o entendimento das jurisprudências na Justiça do Trabalho:
DOENÇA DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE DO EMPREGADOR.
ADOÇÃO DE MEDIDAS PROTETIVAS AO EMPREGADO. É dever da
empregadora adotar medidas necessárias a garantir ao empregado seu
direito fundamental a um ambiente e métodos de prevenção de doenças
ocupacionais, conforme previsto no art. 7º, inciso XXII, da Constituição, e
art. 157 da CLT. Incorrendo em culpa por omissão grave, causando prejuízo
funcional definitivo ao recorrido, é responsável pelas reparações materiais e
morais, conforme previsto no art. 7º, inciso XXVIII, da Constituição, e art.
927 do CC. TRT/SP 15ª Região 000218-95.2012.5.15.0056 RO - Ac. 4ª
Câmara 38.387/15-PATR. Rel. Dagoberto Nishina de Azevedo. DEJT 7 jul.
2015, p. 502.
Neste sentido, conforme importância retratada na Constituição Federal de
1988, a importância de se prevenir a ocorrência de acidentes do trabalho é medida
de ordem pública e de grande relevância para se observar o princípio da dignidade
da pessoa humana e ainda o princípio do valor social do trabalho.
4.2.1 Adicional de Insalubridade
Em relação aos elementos físicos, químicos e biológicos que configuram o
trabalho como insalubre ou desempenhado em ambiente insalubre, requer atenção
especial com a monitorização desses agentes de risco. A prevenção se dá com a
redução ou eliminação dos efeitos dos riscos inerentes ao trabalho na presença
desses agentes, por meio de adoção de medidas atenuantes, como o uso de EPI,
redução de tempo de exposição aos agentes nocivos, maior número de intervalos
intrajornada, entre outras medidas.
Além disso, para compensar o labor em ambiente considerado como
insalubre, devido a intensidade da nocividade e o tempo de exposição aos agentes
31
de risco, o trabalhador faz jus ao recebimento de adicional de insalubridade em
percentual sobre o salário mínimo vigente, a depender do grau de exposição ao
risco, sendo 40% para o grau máximo legal permitido, 20% para o grau médio de
exposição e 10% para o grau mínimo de exposição ao agente nocivo.
A Súmula 80 do TST7 esclarece que a eliminação da insalubridade pela
adoção de medidas necessárias, como o fornecimento de EPI, exclui a obrigação do
empregador ao pagamento de adicional de insalubridade. No entanto, importe
lembrar que a obrigação não cessa com o simples fornecimento de EPI, mas com a
constatação de efetiva eliminação do risco à saúde do trabalhador, bem como a
regular utilização do EPI, conforme entendimento consubstanciado na Súmula 289
do TST.8
Quando o empregador submete seu empregado a ambientes do trabalho
insalubres, então deve haver pagamento de adicional de insalubridade, conforme
diversos julgados na Justiça do Trabalho, a saber:
DIREITO DO TRABALHO. TRABALHADOR RURAL. ADICIONAL DE
INSALUBRIDADE. TRABALHO A CÉU ABERTO. EXPOSIÇÃO AO CALOR
EXCESSIVO. O trabalho rural a céu aberto enseja o pagamento do
adicional de insalubridade, em razão da exposição ao calor acima dos
limites de tolerância, nos termos dos quadros 1 a 3 do Anexo 3 da NR n. 15.
JORNADA DE TRABALHO. TEMPO À DISPOSIÇÃO. TROCA DE
UNIFORME E EPIS. O tempo gasto pelos trabalhadores com ginástica
laboral, distribuição de serviços, finalização de contagem e espera da saída
do transporte, ou seja, todo aquele lapso temporal gasto no preparativo para
assumir e deixar o posto de trabalho, configura-se como tempo à disposição
do empregador, que tem interesse em que sejam assumidos a tempo e
modo, e deve ser remunerado, assim como aquele gasto na troca de
uniformes. Inteligência do art. 4º da CLT. HIGIENE E SEGURANÇA.
PAUSAS PARA DESCANSO PREVISTAS NA NR-31, EXPEDIDA PELO
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. PERTINÊNCIA. APLICAÇÃO
ANALÓGICA DO ART. 72, DA CLT. Diante do trabalho altamente penoso
7 Súmula 80. Insalubridade. A eliminação da insalubridade mediante fornecimento de aparelhos
protetores aprovados pelo órgão competente do Poder Executivo exclui a percepção do respectivo
adicional. 8 Súmula 289. Insalubridade. Adicional. Fornecimento do aparelho de proteção. Efeito. O
simples fornecimento do aparelho de proteção pelo empregador não o exime do pagamento do adicional de insalubridade. Cabe-lhe tomar as medidas que conduzam à diminuição ou eliminação da nocividade, entre as quais as relativas ao uso efetivo do equipamento pelo empregado.
32
do trabalhador rural e face à ausência de normas que regulem as pausas
obrigatórias previstas na Portaria n. 86, expedida pelo Ministério do
Trabalho e Emprego, de 3.3.2005, e, ainda, considerando-se os princípios
constitucionais, em especial da dignidade da pessoa humana, da tutela da
saúde, da redução dos riscos inerentes ao trabalho, concluo pela aplicação
da NR-31 e a aplicação analógica do art. 72 da CLT, sendo devidas as
pausas para descanso, de 0h10min a cada 0h90min trabalhados.
JORNADA DE TRABALHO. HORAS IN ITINERE FIXADAS EM NORMAS
COLETIVAS. SUPRESSÃO DE PARTE DO TEMPO REAL GASTO NO
TRAJETO. CRITÉRIO DE RAZOABILIDADE. As normas coletivas de
trabalho não têm o poder de afastar direitos fundamentais assegurados
constitucionalmente aos trabalhadores, ainda mais se tratando de tempo
extraordinário, que tem repercussões até mesmo na saúde e na segurança
do trabalhador. É claro que a negociação coletiva e o exercício da
autonomia privada coletiva devem ser valorizados, nos termos do inciso
XXVI do art. 7º da CF. No entanto, esse preceito constitucional deve ser
interpretado e aplicado de forma sistemática e com os outros dispositivos de
igual estatura constitucional, que, no mesmo art. 7º da Norma Fundamental
de 1988, estabelecem direitos fundamentais trabalhistas mínimos dos
empregados brasileiros, que não podem, pura e simplesmente, ser
afastados pela autonomia privada, ainda que coletiva. Demonstrado nos
autos que o tempo fixado no pacto coletivo era muito inferior ao realmente
gasto pelo empregado, significa transferir-lhe o risco da atividade
econômica, não se podendo considerar razoável a limitação havida. TRT/SP
15ª Região 000472-96.2013.5.15.0100 RO - Ac. 6ª Câmara 56.581/15-
PATR. Rel. Luciane Storel da Silva. DEJT 28 out. 2015, p. 1549.
Dessa forma, independentemente da adoção de medidas protetivas da saúde
do trabalhador, quando houver elementos nocivos à saúde do obreiro, então há a
obrigatoriedade de se pagar ao empregado o adicional de insalubridade. No entanto,
cabe ressaltar que o ideal é a eliminação desses agentes nocivos para preservar a
saúde dos trabalhadores.
4.2.2 Adicional de Periculosidade
33
Os elementos explosivos, inflamáveis, setor elétrico e radioatividades,
constantes no ambiente do trabalho, levam ao empregador a obrigatoriedade de
adotar medidas para reduzir os riscos de ocorrência de acidentes com seus
empregados. Mas, mesmo assim, o empregador é responsável por adotar medidas
de proteção do empregado e para a redução ou eliminação de periculosidade no
ambiente do trabalho.
Para o pagamento do adicional de periculosidade, o percentual é de 30%
calculados sobre o salário base do trabalhador.
4.3 Responsabilidade Civil
A responsabilidade civil objetiva reparar danos causados a outrem ou
também indenizar a pessoa lesada, como forma de compensar o sofrimento
decorrente de ação ou omissão do infrator. Sendo assim, a responsabilidade civil
tem importância na proteção daqueles que sofrem pelos efeitos decorrentes de fatos
danosos, além de objetivar a manutenção da ordem pública (CAIRO JUNIOR, 2015,
p.35).
Existem diversas teorias aplicadas na responsabilidade civil do empregador
pelos danos decorrentes de acidentes do trabalho com a consequente incapacidade
do trabalhador de continuar trabalhando. Dentre as teorias, estão a teoria da culpa
aquiliana, como forma de responsabilidade civil subjetiva, em que há a necessidade
de provar o dolo ou culpa do empregador. Conforme ementa da Justiça do Trabalho:
DOENÇA DO TRABALHO. INOCORRÊNCIA DE CULPA OU DOLO DO
EMPREGADOR. AUSÊNCIA DO DEVER DE INDENIZAR. O risco capaz de
gerar obrigação de indenizar é aquele exacerbado, anormal, desprotegido,
despreparado, que torna a atividade empresarial potencialmente arriscada,
cuja assunção é exclusiva do empregador, inexistindo dever reparatório o
infortúnio laboral sem concorrência patronal, omissiva ou comissiva,
encartado no risco normal e inerente à atividade laborativa (art. 7º, inciso
XXVIII, da Constituição, art. 2º da CLT e art. 927, parágrafo único, do
Código Civil). TRT/SP 15ª Região 00030807.2011.5.15.0067 RO - Ac. 4ª
Câmara 364/15-PADM. Rel. Dagoberto Nishina de Azevedo. DEJT 8 maio
2015, p. 110.
34
Já a teoria do risco profissional é aquela em que não há a necessidade de
provar dolo ou culpa do empregador, que corre os riscos do negócio e responde
pelos infortúnios decorrentes do desempenho de atividades laborais.
A teoria da culpa aquiliana é também chamada de teoria extracontratual ou
responsabilidade subjetiva. Esta teoria pressupõe a reparação do dano causado, no
caso de existir culpa do agente e relação de causa e efeitos entre o dano e a falta
cometida (MARTINS, 2015, p.420-1).
A indenização, na teoria da culpa aquiliana, dependia da demonstração de
culpa, além da apresentação de provas de autoria e do nexo de causalidade entre o
fato e o dano ocorrido, competindo às vítimas demonstrarem a culpa de outrem para
se estabelecer o pagamento de indenização pelos danos causados.
No caso de acidente de trabalho, o empregado teria que demonstrar a culpa
do empregador, comprovando a negligência, a imprudência ou a imperícia, bem
como o nexo causal entre o acidente e a lesão sofrida para, dessa forma, conseguir
provar a culpa e buscar uma indenização pelo infortúnio causado (JORGE NETO;
CAVALCANTE, 2008, p.854).
Muitos julgados na Justiça trabalhista estão no sentido de aplicar a
indenização por danos morais no caso de haver dolo ou culpa do empregador:
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS. DOENÇA
OCUPACIONAL. CULPA DA EMPREGADORA. À empregadora cabe zelar
pela segurança do trabalho de seus funcionários em suas dependências,
pois o art. 157 da CLT impõe ao empregador a obrigação de cumprir e fazer
cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho, bem como de
instruir os empregados quanto às precauções a tomar no sentido de evitar
doenças profissionais. TRT/SP 15ª Região 000797-76.2010.5.15.0003 RO -
Ac. 7ª Câmara 14.365/15-PATR. Rel. Luiz Roberto Nunes. DEJT 30 mar.
2015, p. 769.
DIREITO DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.
DOENÇA PROFISSIONAL EQUIPARADA A ACIDENTE DE TRABALHO.
CONCAUSA COMPROVADA. É dever legal da empresa a adoção de
programas de controle de saúde e de prevenção de riscos ambientais na
sua integralidade (art. 157, CLT). Estando incontroverso nos autos que o
35
labor desenvolvido em favor da reclamada trouxe agravamento das
condições de saúde do reclamante, que o remete à incapacidade laboral,
ainda que parcial, para os trabalhos que exijam esforços físicos da sua
coluna cervical, há que ser reconhecida a concausa, ainda que se possa
afastar o trabalho como primeiro causador da incapacidade, ou seja, o
trabalho atuou para o agravamento da doença pré-existente (art. 21, I, da
Lei n. 8.213/1991). Configurado o tripé, dano, nexo causal/concausa e culpa
do empregador, nasce o dever de indenizar (art. 186, CC). TRT/SP 15ª
Região 001776-11.2010.5.15.0012 RO - Ac. 6ª Câmara 44.926/15-PATR.
Rel. Luciane Storel da Silva. DEJT 20 ago. 2015, p. 1222.
No entanto, na prática, era difícil o empregado conseguir demonstrar à culpa
do empregador, sendo assim, essa teoria não se mostrou adequada as situações de
infortúnio da relação entre empregado e empregador, pelo fato de que as
testemunhas não compareciam em juízo por receio de serem dispensadas pelo
empregador. No entanto, provado o dolo ou culpa, cabível a indenização ao
empregado:
DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE LOCAL ADEQUADO PARA REFEIÇÃO.
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS PRECÁRIAS NO LOCAL DE TRABALHO.
INDENIZAÇÃO DEVIDA. Demonstrada por intermédio da prova pericial a
ausência de local apropriado para as refeições e a existência de instalações
sanitárias degradadas no interior das locomotivas, obrigando o trabalhador
a realizar suas necessidades fisiológicas em lugar impróprio e de modo
precário, resta evidente a conduta culposa do empregador, por omissão, em
não adotar medidas básicas de segurança e higiene no trabalho, expondo o
obreiro a situação constrangedora e humilhante, em afronta à dignidade da
pessoa, caracterizando-se dano moral apto a ensejar o dever de indenizar.
TRT/SP 15ª Região 000939-88.2012.5.15.0107 RO - Ac. 10ª Câmara
21.365/15-PATR. Rel. Fabio Grasselli. DEJT 23 abr. 2015, p. 1877.
Os documentos que poderiam provar a culpa do empregador geralmente
não eram acessíveis aos trabalhadores, ficando o empregado sem a proteção e
reparação pelo dano sofrido, por não conseguir provar a culpa do empregador na
ocorrência do acidente.
A Responsabilidade objetiva, também encontrada como Teoria do Risco
Profissional, supre os danos recorrente do risco da atividade ocupacional
36
desempenhada pelo trabalhador (MARTINS, 2015, p.422). Em casos de lesões
ocorridas por atividades profissionais não havia que se cogitar em culpa do
empregador e nem do empregado, mas ao próprio desempenho das atividades
laborais profissionais e o risco inerente à atividade ocupacional.
A reparação pelos danos causados ao empregado e a responsabilidade
objetiva do empregador decorrem do fato de expor seus empregados às situações
de risco que não poderiam ser suportados pelo empregado, sendo o risco do
negócio de responsabilidade do empregador.
A responsabilidade civil objetiva do empregador, é uma exceção, sendo
aplicada no caso de risco efetivamente gerado pelo empregador, dentre os riscos
inerentes ao empreendimento.
DANO MORAL. RURÍCOLA. CULTIVO DA CANA-DE-AÇÚCAR.
CONDIÇÕES PRECÁRIAS DE TRABALHO. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. CARACTERIZAÇÃO. São públicas e
notórias as precárias condições de trabalho a que são submetidos os
trabalhadores no cultivo da cana-deaçúcar neste país, posto que, em geral,
não são atendidas as condições determinadas pela NR-31, tais como a
disponibilização, nas frentes de trabalho, de instalações sanitárias (item
31.23.3.4), de água potável e fresca (item 31.23.9) e de abrigos para
proteção contra as intempéries durante as refeições (item 31.23.4.3), além
da concessão de pausas para descanso (itens 31.10.7 e 31.10.9). Ora, a
CF/1988, ao tutelar a saúde (art. 196), tem como finalidade a proteção da
vida humana, como valor fundamental, sendo certo que a proteção
constitucional se volta ao resguardo da saúde físico-psíquica do trabalhador
enquanto cidadão, tanto é assim que, no inciso XXII do art. 7º, o legislador
constituinte instituiu como direito do trabalhador a “redução dos riscos
inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”.
E o fato do empregador rural deixar de adotar as medidas de proteção
previstas na NR-31 evidencia o descaso com a saúde e vida do trabalhador.
No caso em estudo, restou demonstrado que não foram atendidas as
exigências quanto às instalações sanitárias e local para refeição para todos
os trabalhadores. Inequívoco, portanto, o desrespeito por parte da
reclamada à dignidade do reclamante, princípio fundamental inscrito no
inciso III do art. 1º da CF, restando configurado o dano moral, em face da
violação aos direitos protegidos pelo inciso X do art. 5º, também da
CF/1988. Mantém-se a condenação ao pagamento de indenização por dano
37
moral. TRT/SP 15ª Região 000132-89.2012.5.15.0100 RO - Ac. 5ª Câmara
4.056/15-PATR. Rel. Lorival Ferreira dos Santos. DEJT 5 fev. 2015, p. 1152.
DIREITO DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.
AGRESSÃO DE CLIENTE. Ao empregador cabe os riscos da atividade
econômica, nos termos do art. 2º da CLT, além de ser dele o dever de
manter um ambiente de trabalho saudável para seus empregados, conforme
disposto nos arts. 7º, XXII e XXIII, 200, VIII, e 225, § 3º, da CF. No caso de
agressão sofrida pelo trabalhador, em que pese ter sido realizada por
terceiro (cliente), no ambiente de trabalho e em decorrência dele, está
caracterizado o nexo causal. Também não há dúvidas de que a agressão
sofrida acarretou dores físicas e psicológicas, além de poder ser
considerada uma situação de humilhação e até mesmo vexatória. Por fim, é
patente a culpa da reclamada, que deixou de observar as normas de
proteção, saúde e segurança do trabalho, às quais está obrigada, no intuito
de reduzir os riscos inerentes ao serviço e manter a integridade física e
moral do reclamante. Preenchidos os requisitos do art. 186, C. Civil, devida
a indenização por dano moral. TRT/SP 15ª Região 001333-
87.2012.5.15.0045 RO - Ac. 6ª Câmara 56.624/15-PATR. Rel. Luciane
Storel da Silva. DEJT 28 out. 2015, p. 1559.
DIREITO DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.
AUSÊNCIA DE ACESSIBILIDADE. DIFICULDADE DO USO DE BANHEIRO
E LOCAL PARA ALIMENTAÇÃO DE EMPREGADO PORTADOR DE
NECESSIDADES ESPECIAIS. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA DIGNIDADE
DA PESSOA E AOS VALORES SOCIAIS DO TRABALHO. REPARAÇÃO
DEVIDA. No caso em tela, há elementos bastante contundentes que
indicam grave violação a direitos da personalidade, diante da negligência da
ré com as condições de trabalho, dadas as limitações físicas do autor,
portador de necessidades especiais, sobretudo, quanto à ausência de
acessibilidade para banheiros e refeitórios, fundamentais ao bem-estar e
saúde do trabalhador. Trata-se de ordem constitucional prevista no Diploma
de 1988, como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil, o
respeito à dignidade da pessoa humana e aos valores sociais do trabalho
(art. 1º, III e IV), aviltados com a situação encontrada. Faz-se necessária,
ainda, a observância das disposições do Decreto n. 3.289/1999, que
regulamenta a Lei n. 7.853/1989, que dispõe sobre a Política Nacional para
a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, bem como da Lei n.
10.098/2000, que estabelece critérios básicos para a promoção da
38
acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, que restaram evidentemente violadas. Assim, considero presentes
os requisitos caracterizadores da responsabilidade civil, na forma dos arts.
186 e 927, C. Civil, sendo devida a indenização ao ofendido. TRT/SP 15ª
Região 000337-36.2014.5.15.0040 RO - Ac. 6ª Câmara 56.631/15-PATR.
Rel. Luciane Storel da Silva. DEJT 28 out. 2015, p. 1560.
DIREITO DO TRABALHO. RESPONSABILIDADE CIVIL. DANO MORAL.
CONDIÇÕES DE TRABALHO DEGRADANTES. CABIMENTO. A CF, em
seu art. 5º, inciso X, dispõe que são invioláveis a intimidade, a vida privada,
a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indenização pelo
dano material ou moral decorrente de sua violação. No caso dos autos,
houve realmente lesão à intimidade e à dignidade do obreiro, em
decorrência das condições de trabalho degradantes a que foi submetido,
preenchendo os requisitos do art. 186, C. Civil, indenização devida. TRT/SP
15ª Região 000420-11.2013.5.15.0162 RO - Ac. 6ª Câmara 24.361/15-
PATR. Rel. Luciane Storel da Silva. DEJT 29 abr. 2015, p. 1032.
O empregador é obrigado a adotar medidas necessárias para a proteção da
saúde do trabalhador, sendo que, no caso de dano provocado aos empregados,
deve ser responsabilizado, pois a prevenção e proteção da saúde e incolumidade
dos trabalhadores é matéria de ordem pública, havendo por ser obrigado ao
pagamento de indenização aos que se sentirem lesados ou também para a
incapacidade laboral, tanto de forma permanente quanto de forma temporária, para
o trabalho, pois deixa o trabalhador sem condições de desempenhar sua atividade
laboral e receber seu salário para o sustento próprio e de sua família.
39
5 Reivindicações ao Meio Ambiente Salubre do Trabalho
O direito dos trabalhadores ao ambiente do trabalho salubre pode ser
reivindicado pelos empregados, pois é direito garantido constitucionalmente que
concede importância para a prevenção da ocorrência de acidentes ou doenças que
acometem a saúde dos trabalhadores.
Assim, os empregados possuem direitos como a constituição de CIPA, a
obrigatoriedade do uso de EPIs e o fornecimento gratuito desses equipamentos para
a proteção de sua saúde. Tudo com a finalidade da incolumidade dos empregados,
ou seja, o empregador é o responsável principal pela preservação das condições de
saúde do trabalhador desde o início da jornada de trabalho até o retorno para sua
residência.
5.1 Obrigações do Empregador
O Direito do Trabalho visa a proteção dos empregados e prevê diversos
direitos aos empregados, o mais importante é que seja dada importância para a
proteção da saúde do trabalhador.
Devendo o empregador cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e
medicina do trabalho.
Uma dessas medidas de proteção da saúde do trabalhador é a constituição
da CIPA, que deve informar as medidas de segurança aos empregadores, para que
eles as adotem, e repassem para seus trabalhadores os instruindo com ordem de
serviço, as precauções para evitar acidentes do trabalho e doenças ocupacionais.
A fiscalização pelas autoridades competentes deve ser facilitada pelos
empregadores.
Sendo o objetivo das normas promoverem a redução máxima do agente
agressivo no ambiente do trabalho, retirando totalmente a causa do agente
prejudicial. No entanto, não conseguindo a eliminação, deverá o empregador
diminuir a intensidade do agente em nível de agressão tolerável.9
9
NR-15 – Atividades e Operações Insalubres: item 15.1.5 – Entende -se por "Limite de Tolerância", para os fins desta Norma, a concentração ou intensidade máxima
40
Cabe ao empregador, primeiramente, a obrigação de preservar e proteger o
meio ambiente laboral, e ao Estado e à sociedade fazer valer a incolumidade desse
bem que é a saúde do ser humano, o que é amplamente protegido pela nossa CF.
5.2 Possibilidade do Exercício da Greve Ambiental
A doutrina não aborda denominação de greve ambiental na lei, porém a
doutrina começa a tratar do tema. Segundo Fiorillo, “a greve é um instrumento
constitucional de autodefesa conferido ao empregado, a fim de que possa reclamar
a salubridade de seu ambiente do trabalho e, portanto, garantir o direito à saúde”
(FIORILLO, 2013, p.659).
Melo conceitua greve ambiental como “a paralisação coletiva ou individual,
temporária, parcial ou total da prestação de trabalho a um tomador, qualquer que
seja a relação de trabalho, com a finalidade de preservar e defender o meio
ambiente do trabalho e a saúde do trabalhador” (MELO, 2011, p.94). Mostrando-se
como um instrumento de autodefesa, esta greve, por visar salubridade e segurança,
devendo ser avaliada como uma garantia do direito à vida, neste sentido, este
mesmo doutrinador pontua:
[...] o trabalhador brasileiro se acostuma a empunhar como bandeira
principal de luta, com prioridade, as questões econômicas representadas
por reajustes salariais rapidamente consumidos pela inflação. Em razão
disso, a saúde do trabalhador e a segurança nos lacais de trabalho tem
ficado para segundo plano na pauta de reivindicações da maioria dos
sindicatos brasileiros, o mesmo acontecendo com relação ao uso da greve
para defesa do mais valioso bem do homem: a vida. Porém, a partir da
constituição Federal de 1988, que assegura o direito de greve como
instrumento de defesa dos interesses dos trabalhadores, a critério destes, é
preciso haver uma mudança de postura do movimento sindical na busca da
salubridade dos locais de trabalho, usando, se for preciso, o instrumento
democrático da greve [..] (MELO, 2011, p.112).
ou mínima, relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente,que não causará dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.
41
O direito de greve ambiental transcorre naturalmente da preservação da vida
e, por isso, poderá ser acatado como garantia fundamental em função do
trabalhador, por tutelar sua saúde e segurança. Segundo Melo, há diversas
situações que podem levar à greve ambiental:
[...] determinadas situações, pela iminência e gravidade do risco,
demandam uma ação mais célere (...). Note-se que os danos infligidos ao
meio ambiente, aí incluído o meio ambiente do trabalho, são, em sua
grande maioria, de difícil ou impossível reparação. Nestas situações o jus
resistentiae pode se materializar em legítima abstenção ao trabalho,
enquanto perduram as condições nocivas ao trabalho: uma greve ambiental
[...] (MELO, 2008, p.50).
A greve ambiental objetiva a prática de seguras e apropriadas condições,
impedindo, assim, acidentes e doenças profissionais e do trabalho. Em relação à
greve ambiental o objeto específico de tutela é a prevenção da saúde e a vida dos
trabalhadores, como direitos fundamentais assegurados constitucionalmente como a
dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho. Esta greve baseia-se nas
normas de saúde, higiene e segurança, tendendo a assegurar o direito fundamental
da proteção da vida.
Iniciando dessa conceituação, analisa alguns aspectos, como o
acontecimento de tratar-se de paralisação coletiva ou individual, tendo o cuidado por
ser um instituto baseado em um fenômeno coletivo. Segundo Aires (2014):
[...] em se tratando de um direito de greve ambiental, com mais razão,
apenas um único trabalhador por ser titular do direito quando se recusar a
continuar trabalhando em um meio ambiente do trabalho que ofereça risco
real e greve, atual ou iminente à sua saúde ou à sua segurança, pois, em
última análise, ele estaria, ele estaria reivindicando mais do que um
ambiente do trabalho saudável e seguro, estaria defendendo seu direito à
vida. E, em virtude da importância do direito defendido, não se justifica a
necessidade de espera da manifestação do sindicato para que se possa
falar em existência do direito de greve [...].
42
Como adverte Assunção (2014), a greve ambiental individual motiva-se na
liberdade do trabalhador, como uma forma de reivindicar a salubridade de seu
ambiente de trabalho, de forma a garantir a sua integridade física e mental, ou seja,
na sua intenção de resguardar a vida e a saúde do trabalhador naquele meio
ambiente. As reivindicações feitas na greve ambiental concentram-se em promover
melhores condições ambientais de trabalho, e, varia dos outros tipos de greve, para
sua deflagração é preciso apenas confirmar a presença do grave e iminente risco à
saúde e vida do trabalhador.
Ainda, observa-se que na avaliação de Melo, acima, analisa-se a
paralisação da prestação do trabalho, qualquer que seja a relação de trabalho, isso
porque as normas quanto à prevenção e medicina do trabalho aproveitam-se
sempre que tiver qualquer labor pertinente à ordem econômica capitalista, ou seja, a
greve ambiental pode ser praticada em face de qualquer tomador de serviço que
exiba o trabalhador em atividade passível de risco a sua integridade física, saúde e
vida.
5.3 Tutela Jurídica e Possibilidade de exercício
A greve ambiental tende a efetivar o direito assegurado nos artigos 225 e 7º,
XXII, da Constituição Federal. Segundo Assunção (2014), há a possibilidade de se
exercer a greve ambiental para a proteção da saúde dos trabalhadores:
A possibilidade de usar-se do instituto greve ambiental no ordenamento
jurídico brasileiro está intimamente ligado aos fundamentos da República
Federativa do Brasil da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF) que se
baseia na proteção da integridade física do indivíduo enquanto trabalhador,
e nos valores sociais do trabalho (art. 1º, IV, CF).
Considera-se dois tipos de circunstâncias para analisar os requisitos de
validade da greve ambiental, segundo Melo (2011, p.113):
[...] a de riscos comuns e a de riscos incomuns, excepcionais. A primeira
situação, de riscos comuns, é aquela em que os trabalhadores reivindicam
43
melhores e adequadas condições gerais do trabalho, como, por exemplo, a
implantação do PPRA (...); a eliminação ou diminuição de agentes físicos
químicos, ou biológicos causadores de doenças do trabalho pela longa
exposição [...] A segunda situação, de riscos incomuns, greves e
intermitentes, é aquela em que o risco para a saúde, integralidade física e a
vida do trabalhador é imediato. É o risco incontroverso causador de
acidentes sem possibilidade de serem evitados, a não ser haja imediata
eliminação. É aquela, na linguagem comum, chamado de risco grave de
vida.
Ainda de acordo com Melo (2011, p.114), nas ocasiões que envolve riscos
comuns, os trabalhadores devem cumprir pré-requisitos formais da Lei de Greve. Já
abordando situações que envolve rico grave e iminente, não tem tempo para o
atendimento dos requisitos formais, de forma que não exista realização deles,
precisamente por se tratar de risco iminente. Diante da gravidade da situação, para
que se defenda a vida, o mais importante bem humano, não depende da realização
de tais requisitos, nem mesmo nas atividades essenciais. Sendo assim, a grave
ambiental é um direito e um instrumento utilizado para a implementação de direitos
como a saúde, a integridade física e a vida, para tanto, sendo inevitável o
cumprimento dos requisitos formais.
Segundo consta na NR-9, nem sempre a propositura de ações cabíveis à
espécie – por mais célere que seja a tramitação delas – poderá garantir que o risco
grave e iminente à saúde de trabalhadores não envolva para um dano de natureza
irreversível. Ao trabalhador é garantido o direito de ser abster do trabalho em
condições que impliquem em grave risco à sua incolumidade física e mental: a greve
ambiental.
Levando em consideração as particularidades tratadas no cumprimento dos
requisitos formais por conta da exposição dos trabalhadores a um risco iminente,
Assunção (2014) afirma que:
[...] não pode declarar a greve ambiental abusiva com o arrimo no
descumprimento dos requisitos formais-legais, devido a gravidade dos
riscos à vida do trabalhador, que a reivindicação do cumprimento à Lei é
suprimida pela necessidade de se adotar medidas urgentes, pois não se
44
trata de discutir reclamações econômicas e social, mas sim, de eliminação
de risco de vida.
Não obstante, Melo (2013, p.124-5) o fato de não existir lei
infraconstitucional específica a respeito do exercício do direito de greve ambiental,
esse fato não exclui o direito do seu exercício.
[...] é cediço que nos contratos bilaterais não pode um contratante, antes de
cumprir sua obrigação, exigir o cumprimento da do outro (Artigo 476 do
Código Civil). No caso do contrato de trabalho, que é um contrato bilateral,
cabe ao empregador, primeiro, cumprir suas obrigações principais, como o
pagamento de salários, respeito à integridade física dos trabalhadores etc.
Na omissão, não pode alegar surpresa diante do exercício, pelos
trabalhadores, da greve, como direito natural da resistência, especialmente
quando a omissão disser respeito à segurança no trabalho.
Além do que o próprio artigo 225 da Constituição Federal dispõe, existem
outras normas, que asseguram juridicamente a greve ambiental.
A NR-9, que tratando dos Programas de Prevenção de Riscos Ambiental
(PPRA), em seu item 9.6.3 dispõe que, é assegurado ao trabalhador o direito de
interrupção de prestação de serviço, em determinados casos, quais sejam: risco
grave e iminente, em decorrência dos danos à saúde e à vida, podendo caso queira,
comunicar ao empregador.
A NR-22, aplica-se aos trabalhadores, na mineração tratando da segurança
e saúde ocupacional, reconhecendo a estes trabalhadores o direito à greve
ambiental, com fundamento no item 22.5.1, alínea a: “São direitos dos
trabalhadores: “a) interromper suas tarefas sempre que constatar evidências que
representem riscos graves e iminentes para sua segurança e saúde ou de terceiros,
comunicando imediatamente o fato a seu superior hierárquico que diligenciará as
medidas cabíveis e b) ser informados sobre os riscos existentes no local de trabalho
que possam afetar sua segurança à saúde”.
Segundo Oliveira (2010, p.67), a interrupção da prestação de serviços é um
dos comportamentos juridicamente tutelados, quando o empregado estiver em
exposição de agentes prejudiciais à sua saúde ou que coloque em risco sua
integridade, tendo em vista a ratificação pelo Brasil da Convenção 155 da OIT.
45
A Convenção nº 155 da OIT, aprovada desde o ano de 1993, disciplina
acerca da segurança e medicina do trabalho, assegurando ao trabalhador, no artigo
13, o direito de interromper uma situação de trabalho por acreditar, por motivos
razoáveis, que esta situação envolve um perigo iminente e grave para sua vida ou
saúde, sendo que nesta situação está protegido de punições injustificadas. Além
disso, o artigo 19 estabelece que o trabalhador deve informar imediatamente ao seu
superior hierárquico direito em relação a qualquer situação de trabalho que, ao seu
juízo, envolva, por motivos razoáveis, um perigo iminente e grave para sua vida ou
sua saúde; enquanto o empregador não tenha tomado medidas corretivas, se forem
necessárias, além disso não poderá exigir dos trabalhadores que reiniciem uma
situação de trabalho onde exista com caráter contínuo um perigo grave e iminente
para sua vida ou sua saúde.
A NR-10, no item 10.14.1, dispõe sobre a possibilidade de o trabalhador
recusar o direito a segurança em instalações e serviços em eletricidade a norma-
princípio do direito de recusa obreiro emana de norma supralegal plasmada em
convenção internacional da OIT e, portanto, não se aplica exclusivamente aos
trabalhadores do setor elétrico, mas aos trabalhadores de todos os outros setores
produtivos que possam estar na situação de meio ambiente do trabalho insalubre e
se deparar com as condição de risco grave e iminente que possa provocar acidente
do trabalho ou o desenvolvimento de doenças ocupacionais.
Segundo Aires (2014), as Convenções Internacionais da OIT tratam sobre
direitos humanos no que se refere aos direitos do trabalhador e sua condição
pessoal, logo, analisam tais Convenções como tratados de direito internacional de
proteção aos direitos humanos por meio da proteção dos direitos do trabalhador,
pois resguarda a proteção da pessoa humano.
Assim sendo, as Convenções Internacionais, quando ratificados, integram a
legislação interna e estão reguladas no ordenamento jurídico como norma
materialmente constitucionais, conforme se depreende do conteúdo do artigo 5º, §2º
da Constituição Federal:
Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros
decorrentes de regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.
46
O tema ambiente do trabalho ganha grande importância no que diz respeito
à proteção da integridade da saúde do ser humano, sendo assim, muitas das
Constituições Estaduais retratam, em alguns artigos, sobre normas que permitem ao
trabalhador o direito de se recusar a prestar suas atividades laborais em meio
ambiente considerado insalubre, a título de exemplo temos: artigo 229, § 2º, da
constituição do Estado de São Paulo, artigo 244, III, da constituição do Estado de
Rondônia; artigo 199, III, da constituição do Estado de Sergipe e artigo 248, XIX,
alínea “c” da constituição do Estado do Ceará. Com base no referido artigo da
constituição do Estado de São Paulo, apresenta-se a seguinte ementa:
DISSÍDIO COLETIVO DE GREVE. RISCO DE VIDA EM AMBIENTE DE
TRABALHO. A Constituição do Estado de São Paulo em seu artigo 229,
parágrafo 2º autoriza expressamente a interrupção das atividades
laborativas pelo empregado em condições de risco grave ou iminente no
local de trabalho. Afastada a abusividade da greve. RO – 6250-
87.2011.5.02.0000. Data de Julgamento: 17/02/2014, Relatora Ministra:
Kátia Magalhães Arruda. Seção Especializada em Dissídios Coletivos. Data
de Publicação: DEJT 21/02/2014.
Nesse caso, a despeito do direito de se recusar a prestar serviços laborais
em ambientes insalubres, a paralisação foi ocasionada devido à falta de segurança e
condições de trabalho dos funcionários da FEBEM – Unidade de Franco da Rocha,
eis que foi suscitada a insegurança que ocasionou a morte de um dos monitores
pelos internos, ou seja, o ambiente do trabalho apresentava risco de ocorrência de
acidentes, sendo que a falta de segurança nas condições de trabalho levou na morte
do trabalhador.
No caso em tela, o risco a que os empregados desta instituição estavam
expostos poderia ser reivindicado por eles, o que não caracterizaria a abusividade
do exercício do direito de greve ambiental quando este se fundamenta por
motivação consistente. Neste sentido, a ementa do julgamento de recurso ordinário
em dissídio coletivo de greve em que houve reivindicação de melhores condições de
trabalho no ambiente laboral:
47
GREVE AMBIENTAL MOTIVADA NA REIVINDICAÇÃO DE
CUMPRIMENTO DE CLÁUSULA E CONDIÇÃO DE TRABALHO ATINENTE
ÀS NORMAS DE MEDICINA, SEGURANÇA E HIGIENE DO TRABALHO;
LEGALIDADE E LEGITIMIDADE. INTELIGÊNCIA DOS ARTIGOS 7º, XXII E
225 DA CF/88 E ART. 14, PARÁGRAFO ÚNICO, I DA LEI 7783/89. A greve
assentada em reivindicações de condições de trabalho ambiental
(equipamentos de proteção, instalações de refeitório, banheiro feminino
entre outras) que a empresa resistiu em adequar, é legal e legítima. Isto
porque, se trata de reivindicação relativa à saúde e à integridade psicofísica
do homem trabalhador, direito fundamental de matriz constitucional (art.
225, “caput” e 7º XXII, CF/88), que não tem qualquer relação com o
conteúdo da norma coletiva vigente, e que não podem ser postergadas para
discussão na próxima data-base. RO – 6250-87.2011.5.02.0000. Data de
Julgamento: 17/02/2014, Relatora Ministra: Kátia Magalhães Arruda. Seção
Especializada em Dissídios Coletivos. Data de Publicação: DEJT
21/02/2014.
Dentre as reivindicações no caso acima tratadas estavam presentes:
condições de trabalho – assentos e cadeiras; CIPA; vestiário e banheiro feminino e
cobertura externa; treinamentos internos; uso de EPIs, destarte, foi considerada
legal e legítima a greve, declarando ainda que não houve abuso em seu exercício
tanto no aspecto formal como no plano material.
[..] Constatado que foram observados os aspectos formais estabelecidos na
lei, não se declara a abusividade da paralisação do trabalho que foi
motivada por reivindicações da categoria que cuidam de benefícios
diretamente atrelados à saúde do trabalhador, circunstancias que se amolda
ao quadro de excepcionalidade reconhecido pela jurisprudência
predominante nesta corte para justificar o exercício do direito constitucional
da greve [...]. TRT-2 – DC: 20305200300002008 SP 20305-2003-000-02-00-
8. Relator: Plinio Bolivar de Almeida, Data de Julgamento: 28/08/2003, SDC
TURMA, Data de Publicação: 05/09/2003.
Todavia, o exercício do direito de greve ambiental, não pode constituir
abuso, assim a forma de paralisação do trabalho, objetivadas pelas melhores
condições laborais, deve se manter constantes, tendo em vista o risco que a
48
fundamenta ser greve e iminente. Devendo os trabalhadores cooperar no
cumprimento das normas de segurança e saúde estabelecidas no ambiente laboral.
5.4 A atuação do Ministério Público em casos de greve ambiental
O Ministério Público do Trabalho é parte legitima, ou seja, somente ele pode
ajuizar o dissídio coletivo de greve, conforme observamos no artigo 114, § 3º, da
Constituição Federal, inserido pela Emenda Constitucional nº 45 de 2004,
observando que tal possibilidade apresenta-se de forma restritiva.
Conforme a Constituição, o Ministério Público do Trabalho, em caso de
greve, deve atuar no caso de prejuízo injustificado à coletividade, sendo assim,
segundo Melo (2011, p.203):
[...] isso não quer dizer que a atuação ministerial no caso de greve se
restringe às atividades essenciais, como poderia decorrer de uma
interpretação apressada e limitada ao método gramatical. Isso porque o
constituinte derivado não poderia, sem ofender os artigos 127 e 129 da
Constituição, limitar a atuação do Ministério Público, a quem cabe a defesa
da ordem jurídica, do Estado Democrático de Direito e dos interesses
indisponíveis da sociedade mediante a utilização de todos os meios
processuais previstos no ordenamento jurídico, como é o caso da ação de
dissídio coletivo, enquanto existente.
Cabe ao Ministério Público, utilizando-se de medidas necessárias, conforme
disposto no artigo 2º da Lei Complementar nº 75 de 1993, a qual trata da
organização, atribuições e o estatuto do Ministério Público da União.
Corresponde as atividades do Ministério Público, as de extrema importância
à sociedade, ligadas à sua segurança, vida e saúde, por exemplo, de forma que a
paralisação do serviço ocasiona prejuízos à população. Já a greve ambiental visa a
preservação da segurança, vida e saúde dos próprios grevistas, assim, ao contrário
do exposto anteriormente, o prejuízo nela é em caso de não haver a paralisação.
Tendo em vista que a reivindicação na greve ambiental é a efetivação de
direitos sociais, os quais revelam em si o traço de indisponibilidade, “mostra-se
49
evidente a conclusão deque a efetiva implementação e cumprimento dos direitos
sociais, conforme previstos no art. 6º da CF, caracterizam-se como missão
institucional do Ministério Público”, sendo esta uma hipótese de atuação desta
instituição. Segundo Gonçalves (2014):
[...] ao lhe atribuir a missão institucional correspondente à defesa dos
interesses sociais indisponíveis, o legislador constitucional, representando a
soberania da vontade popular, depositou no Ministério Público a confiança
de que se caracterizaria como o guardião dos chamados direitos sociais,
conforme discriminados no art. 6º de CF [...].
O artigo 127 da Constituição Federal deve ser interpretado de forma
extensiva, ou seja, em defesa aos direitos e interesses sociais indisponíveis com a
finalidade de cumprir com o dever de defesa dos interesses sociais, efetivando-os.
Por fim, afirma-se que os interesses da coletividade são relevantes em se
tratando da atuação do Ministério Público na greve em atividades essências, da
mesma forma, quanto aos interesses dos próprios grevistas na greve ambiental são
essenciais e relevantes, requerendo, em ambos os casos, a intervenção do
Ministério Público do Trabalho, sendo que pode ser e defesa da sociedade quanto à
paralisação ou em defesa aos próprios grevistas na defesa de sua situação de
trabalho.
Assim, no entendimento de Melo (2011, p.129), o Ministério Público não
apenas pode ingressar com dissídio de greve em casos de paralisação em atividade
essencial, mas também em paralisação de qualquer natureza, sendo que se deve
verificada, a presença da lesão ou ameaça de lesão tanto ao interesse público
quanto aos interesses sociais, pois este é o fundamento da atuação deste órgão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho abordado, analisou o meio ambiente do trabalho, respaldando
avida do ser humano, tendo como base os princípios da dignidade da pessoa
humana e a valoração do trabalho, como suas preocupações, deste modo a
legislação tem a difícil tarefa de os proteger, com as suas leis. Leis essas que se
não realizadas acarreta prejuízo não só aos responsáveis que as negligenciam, mais
a seus subordinados, e a toda sociedade.
A preservação e a proteção são os principais meios de se manter o
ambiente laboral adequado e equilibrado, para se ter qualidade de vida, qualidade
de vida essa que se abalada, afeta ao trabalhador e se estende a sua família, sendo
assim esse meio ambiente não deve ser observado apenas pelo empregador, mais
também pelo Estado e a sociedade. Podendo fiscalizar as faltas de cumprimento de
dever do empregador, o qual tem total responsabilidade a qualquer tipo de dano
causado à saúde do trabalhador.
A falta de observação pelo empregador dos Princípios basilares referidos
acima, acarretam impacto direto na sociedade, pelo fato de no caso de incapacidade
do trabalhador, a sociedade é quem arcará com toda despesa resultante da
Previdência.
O modo de prevenção do risco causador de danos à saúde do trabalhador,
decorre dos equipamentos de proteção da saúde, os quais deverão ser fornecidos
gratuitamente pelo empregador, não devendo ser a única forma de proteção, mas o
local de trabalho também deve ser devidamente adequado.
Por fim, é direito do trabalhador reivindicar seu direito, quando perceber a
presença de grave e iminente risco à saúde e vida.
51
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