MELHORIAS SANITÁRIAS E SEUS USOS EM COMUNIDADES … · residências de famílias onde é visível...

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MELHORIAS SANITÁRIAS E SEUS USOS EM COMUNIDADES NO ESTADO DA BAHIA

Silvio Roberto Magalhães OrricoJennifer Conceição Carvalho Teixeira de MatosRicardo Silveira BernardesPatrícia Campos BorjaCristiane Santana Cruzaria das Graças de Castro Reis

SALVADOR - 2010

INTRODUÇÃO

IBGE 200023% das residências do nordeste brasileiro não possuíam instalações sanitárias adequadas mesmo em locais onde são implantados sistemas públicos de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.

Fatores externos e circunstanciais (ausência de fornecimento de água potável e a presença de esgoto a céu aberto), podem ser controladas por meio da construção de estruturas de saneamento. Fatores internos (infra-estrutura sanitária da residência, hábitos de higiene etc) devem ser também objeto de controle.

INTRODUÇÃO

Segundo MARA e FEACHEN (1981), os sistemas de saneamento devem levar em conta fatores

como:Educação sanitária; Participação e comprometimento da comunidade no processo decisório; Tecnologia de simples manejo, com baixo custo operacional e de manutenção/reposição; Existência de instalações sanitárias prediais.

INTRODUÇÃO

Caso contrário, os sistemas poderão apresentar problemas e até a própria falência após alguns anos de funcionamento, fazendo com que haja um recrudescimento na incidência de doenças de veiculação hídrica.

OBJETIVO

Esse trabalho tem como objetivo o de avaliar a capacidade de apropriação das

comunidades frente à implementação de melhorias sanitárias buscando associar o uso adequado dessas melhorias com a

saúde da comunidade.

OBJETO DO TRABALHO

Programas do governo federal (2001) para implantação de melhorias sanitárias domiciliares em residências situadas: Sede municipal, localidades e meio disperso na zona rural dos municípios de Cordeiros e de Saúde

Unidade de melhoria sanitária domiciliar:– Construção externa à casa com uma área de cerca de 1,5m² e

cobertura em telha de cimento amianto, possuindo um chuveiro– Vaso e uma pia externa com duas cubas para lavagem de roupa

e/ou pratos.– Fossa séptica e o sumidouro recebendo todos os efluentes líquidos

dessa unidade.

OBJETO DO TRABALHO

Cordeiros: Sudoeste do estado com população de 7.192 habitantes sendo 6.093 habitantes (85%), no meio rural.

Saúde: Nordeste do estado com população estimada em 11.518 habitantes IBGE (2003) dos quais 5.991 estão nas zonas urbanas.

Serviço de abastecimento de água em ambas as sedes municipais tarifado e operado pela concessionária do estado (EMBASA).Na zona rural o serviço de abastecimento da água é de responsabilidade da prefeitura e não há cobrança.

MATERIAIS E MÉTODOS

Pesquisa do tipo estudo de caso, descritiva, quali-quantitativa observacional, com aplicação de entrevistas abertas e coleta de amostra de água para análise de parâmetros físico químico e bacteriológico. Os trabalhos de campo ocorreram nos meses de setembro e outubro de 2004.Dados referentes a estrutura e operação dos SAA foram obtidos na FUNASA, nas P M e no escritório da EMBASA. As visitas foram acompanhadas por Agentes Comunitários de Saúde

MATERIAIS E MÉTODOS

Vinte e uma residências visitadas. Constatado em campo, uma repetição do quadro sócio econômico e ambiental das famílias e do modelo habitacional, práticas sanitárias, etc, avaliando aspectos técnicos, construtivos e de uso da MSD. Coleta de água nessas residências, com amostras no ponto de chegada à residência e no local de armazenagem dentro da casa, utilizado pelos moradores para o seu consumo (tanque, filtro, pote, etc). Recipiente para coleta: O mesmo utilizado pelos moradores para o consumo final (vasos, copos, canecos, concha, etc). Coletadas também amostras em pontos da rede distribuição nas sedes municipais e em pontos nas ETA nos Postos de Saúde.

Os parâmetros: Cor, Cloro Residual, Turbidez e Coliformes Totais e Termotolerantes.

RESULTADOS

Casas beneficiadas com MSD possuem padrão construtivo baixo, a maioria com reservatório apoiado, tipo cisterna, tampas improvisadas ou sem tampa e formam um equipamento estranho ao ambiente construído, mantendo todo o restante intacto – cisterna aberta para reservar e armazenar água, engate precário, para transferir água da rua para a caixa da MSD, preservação de valas para água servida e tanques apoiados para reserva de água.A população preserva o hábito de guardar a água de beber em pote, ao invés do filtro ou da talha: Contaminação quando da retirada para beber, pelo manuseio com frascos e mãos sem a adequada limpeza.Casos de águas servidas conectadas à tubulação de esgoto: Odor na pia.Casos de falta de ligação da tubulação de água com o reservatório do banheiro. Condições higiênicas e sanitárias dos banheiros bastante variadas. A facilidade de acesso à água mostrou-se determinante para a apropriação da melhoria sanitária como um cômodo da casa.

RESULTADOS

Alguns banheiros nunca foram usados devido à dificuldade operacionais ou à inexistência da ligação de água. Alguns moradores cuidam e fazem os próprios reparos, enquanto outros deixam as estruturas sem a mínima conservação.Em algumas casas na zona rural, o banheiro é usado como depósito ou para alojar animais.A localização das fossas não é bem conhecida pelos moradores. Alguns moradores utilizam as águas cinzas para rega em fruteiras, Amostras da rede de distribuição na sedes municipais apresentaram os parâmetros em acordo com a Portaria vigente,Amostras coletadas nos sistemas de distribuição da zona rural e nos pontos internos das residências algumas alterações foram registradas.

RESULTADOS

ORIGEM Cloro Residual Livre Cor Turbidez Coliformes

TotaisColiformes

Termotolerantes

(mg/L) (mg Pt-Co/L) (UT) Presença (%) Presença (%)

Rede de distribuição (sede) 0,8 <5 2,3 0 0

Interior de domicílio (sede) 0 <5 1,8 67 0

RESULTADOS

ORIGEM Cloro Residual Livre Cor Turbidez Coliformes Totais

Coliformes Termotoleratt

es

(mg/L) (mg Pt-Co/L) (UT)Presença (%) Presença (%)

Açude (manancial na Z. rural) 0 36,3 5,9 75 75

Filtro (residências da zonarural) 0 43,3 2,5 33 0

Pote (residências da zonarural) 0 15,0 1,3 100 50

Pia (residências da zonarural) 0,3 10,0 0,7 20 0

Rede de distribuição (sede) 1,6 5,0 0,4 0 0

Filtro (residências da sede)cidade (média) 0,8 7,5 0,8 0 50

Pote (residências da sede)cidade (média) 0 10 1,4 100 100

Pia (residências da sede) 0,2 13,8 1,7 50 0

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RESULTADOS

Águas da zona rural das cisternas e do manancial com cor bastante elevada (88% das amostras acima de 15mgPT-Co/L). Valores de 35 a 50mgPT-Co/L. Turbidez > 5 UT.

A ausência de cloração é percebida não só pelo teor zero de cloro residual, mas também pela presença de Coliformes Totais e de Coliformes Termotolerantes nas amostras dessas águas.

Nas amostras de águas de filtro de residências da zona rural observa-se uma redução do valor da turbidez (2,5UT), a presença de coliformes totais (33%) e a ausência de Coliformes Termotolerantes. Não foi encontrado cloro residual nessas amostras.

RESULTADOS

As águas das amostras recolhidas em filtro e em torneira de domicílios urbanos possuem valores de cor e de turbidez, superiores aos valores da água da rede, o que pode ser consequência das condições de limpeza dos reservatórios domiciliares. Importante observar o menor valor de Cloro Residual nos filtros (0,8mg/L) e a ausência nos potes, bem como a presença de Coliformes Totais em todas as amostras de pote, assim como a presença de Coliformes Termotolerantes em 100% das amostras de pote e em 50% das amostras de filtro.Esses resultados confirmam as observações feitas durante a coleta da água, quando se percebia a falta de cuidados de higiene no armazenamento e na coleta da água para beber.

CONCLUSÕES

A incorporação de hábitos sanitários adequados não se fez presente na maioria das residências contempladas com MSD. Parece ser uma estrutura a parte da casa, em que os moradores não percebem as suas reais vantagens e, portanto não a utilizam plenamente. As imperfeições e falhas de construção permanecem, mesmo em residências de famílias onde é visível a possibilidade financeira para a execução desses reparos. Na maioria das casas, a presença de uma caixa d’água elevada não mudou o hábito de armazenar a água em tanques abertos que além de contaminar a água possibilita a proliferação de mosquitos.

CONCLUSÕES

Também, o hábito de armazenar a água de beber em pote, ao invés de filtro com torneira, leva a contaminação da água por meio do recipiente utilizado para coleta e das mãos.

O reuso das águas servidas por meio do encaminhamento dessas para o quintal ao invés de serem encaminhadas para a fossa séptica poderia ser incentivado, principalmente na zona rural.

O conhecimento das Agentes Comunitários quanto aos moradores foi de grande importância na construção do perfil da comunidade atendida. Contudo, não suficiente para garantir o uso adequado dos equipamentos sanitários