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poema 2
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Mensageira celeste, s bem-vinda,
Longe meus pensamentos!
Quando, baixando o rosto, os olhos pousam
Em sorrisos de infantes,
Esquece-se o infortnio, os risos voltam
E erguemo-nos radiantes.
Assim como nos rimos dos teus ogos,
Tu ris das nossas penas;
Ambos somos crianas, variando
O nosso brinquedo apenas.
Tu criaste uma vida imaginria
Que cede fantasia.
Ns com a vida real tambm brincamos,
Porm sem alegria.
3 de Junho de 1862.
Ai no foi sonho, no. Era na infncia,
Duas vises queridas
Ao lado do meu bero me sorriam
De uma amorosa aurola cingidas;
Eu sorria tambm. Vendo-as to belas,
Por anjos as tomava,
E acordando de um sonho de inocncia,
Inda a mais gratos sonhos me
entregava.
E repetindo as oraes ferventes,
Que voz da me ouvia,
Olhava-as, e julgava que era a elas
Que to sentidas preces dirigia.
SAUDADE E ESPERANA
Quando as via, to jovens e j tristes,
Olhar a me chorando,
Eu cismava, e o infortnio pressentia,
Vago ainda, os meus dias ameaando.
E o infortnio chegou. Era uma noite,
E eu ainda infante
Despertei aos gemidos dolorosos
Das rfs junto me agonizante!
Transportaram-me ao leito aonde a triste
Lutara na agonia,
Era tarde! A primeira vez na vida,
Ao beij-la, as suas bnos no colhia!
E as lgrimas, to fluentes na infncia
Os meus olhos no banhavam!
Ento senti que os dias de ventura
Com ela para sempre me deixavam.
Depois os mesmos anjos, que na infncia
No bero me sorriam,
Em vez das vestes cndidas de outrora,
Agora negras tnicas cingiam.
Nunca mais como a flor na Primavera
Eu as vi radiantes;
Mas sim como no Outono ela se ostenta,
Pendendo as alvas ptalas fragrantes.
Pobres flores! to cedo sem abrigo,
Dia a dia enlanguescem
Como as que adornam virginais capelas, E ao fim de um baile pelo cho fenecem.
Como cndidas pombas surpreendidas
Por furiosa tormenta,
Voam amedrontadas a acolher-se
Junto me que no seio as acalenta,
Assim elas tambm amedrontadas
Das tormentas da vida
Voam para o Cu, e no materno seio
Procuram contra elas fiel guarida.
Um dia eu vi-me s! Junto ao meu bero
Os anjos no sorriam,
Nem sequer suas lgrimas saudosas
Uma a uma nas faces me caam.
Passaram tempos, e da infncia aos dias
Seguiu-se uma outra idade;
Mas nem o tempo, nem paixes mais vivas
Me extinguiram a imagem da saudade.
Ainda as vejo a ambas, quando s vezes
Em sonhadas delicias,
Recordo o tempo da passada infncia,
Recordo seu amor, suas carcias.
Outras vezes, mais vago o pensamento,
Num s anjo as confunde;
E ento adoro essa viso querida,
Que na alma ignotas sensaes me infunde.
Se a imagem delas como o crepsculo
De um dia j passado, A nova imagem ser ainda aurora
De um dia ardentemente desejado?
Meu Deus! a flor dos campos tambm murcha
Vive um momento apenas;
Mas depois nova quadra veste os prados
De outro manto de rosas e aucenas.
Tambm as flores de infantil idade
Eu vi cair sem vida:
Deixa que a nova quadra dos vinte anos
Se adorne de uma tnica florida.
No s real. Para o seres
No foras, flor, to bela;
Se mente Deus te revela,
No te cria o mundo, no.
Vegetas no peito do homem,
Mas no h vioso prado
Onde te beije embriagado
O sopro da virao.
VISO
MORENA
Morena, morena
Dos olhos castanhos,
Quem te deu morena,
Encantos tamanhos?
Encantos tamanhos
No vi nunca assim.
Morena, morena
Tem pena de mim.
Morena, morena
Dos olhos rasgados,
Os teus olhos, morena,
So os meus pecados.
MORENA
So os meus pecados
Uns olhos assim.
Morena, morena
Tem pena de mim.
Morena, morena
Dos olhos galantes,
Os teus olhos morena
So dois diamantes.
So dois diamantes
Olhando-me assim.
Morena, morena
Tem pena de mim.
Morena, morena
MORENA
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