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ESTUDOS
BÍBLICOS
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ESTUDOS
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CONTEÚDO
CAPÍTULO 01 .................................................................................................................... 6
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 6
A. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 6
CAPÍTULO 02 .................................................................................................................. 12
O MÉTODO DE ESTUDO DAS ESCRITURAS .............................................................. 12
A.
O MÉTODO DE ESTUDO DAS ESCRITURAS................................................................ 12
B.
MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO ..................................................................................... 13
C.
ESTUDANDO DE FORMA CORRETA ............................................................................. 14
CAPÍTULO 03 .................................................................................................................. 18
ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (1) ............................................................................ 18
A.
O PROPÓSITO DE UM MÉTODO DE ESTUDO ............................................................. 18
CAPÍTULO 04 .................................................................................................................. 24
ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (2) ............................................................................ 24
ESTUDO CRÍTICO-HISTÓRICO-LITERÁRIO DAS ESCRITURAS .............................. 24
A. O ESTUDO DO TEXO ...................................................................................................... 24
B. O ENTENDIMENTO ORIGINAL DO TEXTO .................................................................... 27
CAPÍTULO 05 .................................................................................................................. 30
ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (3) ............................................................................ 30
MENTIRAS TRANSFORMADAS EM VERDADES ....................................................... 30
A.
OS DISCURSOS E IMPOSIÇÕES QUE MUDAM A MENTIRA EM VERDADE ............. 30
B.
ESTUDANDO A BÍBLIA DE FORMA CORRETA ............................................................. 33
CAPÍTULO 06 .................................................................................................................. 36
ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (4) ............................................................................ 36
AS TRADUÇÕES ......................................................................................................... 36
A.
A IMPORTÂNCIA DE UMA TRADUÇÃO ......................................................................... 36
B.
FERRAMENTAS DE APOIO ............................................................................................. 48
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CAPÍTULO 07 .................................................................................................................. 52
ESTUDANDO O CONTEXTO ......................................................................................... 52
O CONTEXTO ............................................................................................................. 52
A.
DA ESTRUTURA DO TEXTO À ANÁLISE DO CONTEXTO ........................................... 52
B. A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO .................................................................................. 53
CAPÍTULO 08 .................................................................................................................. 66
PARAFRASEANDO O TEXTO ....................................................................................... 66
A. A PARÁFRASE ................................................................................................................. 66
B. A IMPORTÂNCIA DA PARÁFRASE ................................................................................. 67
CAPÍTULO 09 .................................................................................................................. 74
A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS? .............................................................................. 74
A. A BÍBLIA É A PALAVRA DE DEUS? ................................................................................ 74
B. HISTÓRIA E GEOGRAFIA................................................................................................ 74
C. CIÊNCIA ............................................................................................................................ 76
D.
COMENTÁRIOS SOBRE VERSÕES ............................................................................... 78
E.
ALGUMAS PROVAS ARQUEOLÓGICAS ........................................................................ 85
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CAPÍTULO 01
INTRODUÇÃO
A. INTRODUÇÃO
Poucas observações bastariam para ressaltar nosso dever como
estudantes de teologia do estudo diário das Escrituras. Note que é um
dever e não uma opção, considerando que este era o proceder de
Jesus, da igreja primitiva e dos próprios escritores bíblicos. O que
conhecemos da Revelação de Deus está na forma de um Livro que
necessita ser estudado para poder obter dele uma plena, absoluta esegura compreensão dessa revelação. Este estudo pressupõe, ou
parte do pressuposto que o futuro pastor (ou líder de Comunidade
Evangélica) é e será um estudioso das Escrituras. Por essa razão este
estudo dará uma orientação metodológica para que esse estudo seja
eficaz.
Todos os que se aproximam das Escrituras, utilizam-se de um métodode estudo da mesma, consciente ou inconscientemente. Não há
problema em ter um método de estudo das Escrituras, desde que esse
método seja válido e nos conduza a resultados verdadeiros. É
necessário verificar se o método que utilizamos para estudar as
Escrituras é bom. Mesmo aqueles grupos que afirmam não estudar a
Bíblia, têm seu modo especial de basear nela os seus pensamentos.Outros, mas conscientes da necessidade de estudo, utilizam-se de
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Comentários, Dicionários Bíblicos, livros de estudo dirigido e outras
obras, para obter compreensão do texto bíblico. Ouvir palestras, aulas,
“garimpar” estudos na Internet, comprar muitos livros e assistir a
pregações é para a maior parte das pessoas o único método deestudar as Escrituras que conhecem.
Uma pergunta aqui é oportuna: Por que devo estudar as Escrituras
com um método específico? Uma infinidade de pessoas já não fez
estudos que estão em bons livros, enciclopédias e dicionários bíblicos?
Qual é a razão de tentar estudar de novo? Como resposta
apresentamos quatro boas razões:
1. NÃO PODEMOS ABSORVER A “ TEOLOGIA” DOS QUE NOS
RODEIAM
Uma leitura atenta nas Escrituras comprova que esta sempre foi a
causa principal do desvio da fé do povo de Israel, ele absorveu os
conceitos e costumes dos povos vizinhos, apesar das claras
advertências que lhe foram dadas. “Modismos” criam teologias e
tendências doutrinárias que, por se tornarem populares, agradam a
multidões de pessoas despreocupadas com o estudo sério e a
comprovação acurada da verdade. O que chamamos de “modas”
teológicas não é necessariamente sinônimo de sucesso espiritual
correto, pois, esse sucesso na maioria das vezes está
fundamentado numa mentira.
Vejamos como exemplo: as multidões seguiram aqueles homens
que se revelaram contra Moisés no deserto, o bezerro de ouro teve
sucesso como atrativo visível para uma nova fé, nesse momento o
povo de Deus criou uma nova “teologia”. Era a moda do momento
cantar e dançar em volta do novo ídolo que brilhava sob os raios do
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sol matinal. Era contagiante a alegria desse povo, eles pareciam tão
felizes. Josué pensou até que eram gritos de batalha.
Porém, não havia nada de verdade, era a alegria e o entusiasmo
momentâneo de uma falsidade religiosa nova e atraente, uma
falsidade cheia de dança e euforia. Condenável condição do povo;
Triste desvio da fé; Tudo era vão e ilusório (Leia atentamente:
Êxodo 32:4-7 e versos 17-19). Na sua misericórdia, porém, O Eterno
corrigiu o povo, com severidade, é certo, mas deveriam aprender
uma dura lição, uma amarga experiência que ficaria marcada para
gerações futuras. Examinemos a fé à luz da razão e da revelaçãoque foi dada. Examinemos pelas próprias Escrituras toda nova
tendência, todo modismo e teologia nova. Sejamos, especialmente
como futuros líderes, de uma fé madura suficiente para poder
discernir o certo do errado. Com certeza o Pai Celestial se agrada
de “verdadeiros adoradores”. João 4:23.
2. PARA TERMOS UM MÉTODO CORRETO DE ESTUDO DA
BÍBLIA
Evitar a má exegese encontrada na literatura “cristã” sobre a Bíblia.
Se um teólogo preparar seus comentários sobre as Escrituras
Sagradas fundamentado na consulta de alguns comentários bíblicos
suspeitos de heresias como, por exemplo: de Testemunhas de
Jeová, Ciência Cristã, Reverendo Moon, etc, ou até comentários e
dicionários bíblicos editados pelo cristianismo, porém de autores
cuja opinião não se ajusta com a Bíblia, vai acabar ensinando
mentiras em nome da fé. O teólogo deve aprender que o único
critério de verdade das Escrituras Sagradas é a própria Escritura
Sagrada.
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O ponto fundamental é que não podemos ensinar opinião humana
incorreta, porém, ao mesmo tempo devemos ser honestos em
reconhecer que entre toda a palha há comentários que se ajustam
com a verdade, a esses comentários corretos, dentro do padrão daverdade, daremos o maior valor. Aqui convêm citar o critério bíblico:
“examinai tudo e reter o bem” (I Tessalonicenses 5:21). Devemos
aprender a ter uma perfeita noção de discernimento para distinguir o
trigo da palha, o ouro da escória. Esperamos que neste curso o
futuro teólogo aprenda a ter esse discernimento.
Entendemos em primeiro lugar que Deus deseja ser buscado paraser conhecido, portanto, se Deus ama suas criaturas, cuida delas e
anela traze-las de volta à Sua comunhão, então, com certeza a
revelação é possível e necessária. Necessária porque as opiniões
humanas são pessoais, e, portanto, não são guias seguras e nem
suficientes nas questões como a vida, a fé e o destino eterno. As
opiniões humanas são variadas e sempre contraditórias.
Isto nos leva a compreender a necessidade de Deus se revelar
mediante Sua Palavra, de maneira escrita, clara, objetiva, simples e
compreensível. Se o Eterno falasse com cada homem em segredo,
o homem poderia dizer em público o que achasse ser mais de
acordo com seu próprio proveito, enquanto outro homem diria
justamente o contrário do primeiro, resultando daí a confusão.
3. O TEÓLOGO NÃO TEM UM “ INTERPRETE OFICIAL” DA BÍBLIA
Como por exemplo, acreditam os católicos que seja o papa o único
a determinar o que é certo ou errado em questões de doutrina, ou
como os Russelitas (Testemunhas de Jeová) que afirmam que o
único interprete correto da Bíblia é o chamado “corpo governante”.
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O teólogo deverá aprender a estudar de forma correta para
determinar com exatidão o que a Escritura está dizendo. Se não
fizermos isto, estaremos de alguma forma endossando uma espécie
de “credo oral” que substitui as Escrituras como critério de verdade.Deve perceber que inúmeras vezes o “credo oral” passou a ser
“credo escrito” (Exemplo: credo de Nicéia). E se estabeleceu
definitivamente na igreja como doutrina. Não é assim que um
verdadeiro teólogo deve agir, se ele é e continuará a ser um
estudante espiritual da Palavra ele mesmo deverá aprender de Deus
a encontrar o sentido correto das palavras bíblicas que encontra emseu estudo.
Deverá ser estabelecido como verdade unicamente o que as
Escrituras realmente ensinam e nunca uma tradição, por mais anos
ou séculos que ela tenha. Há nos Evangelhos evidente condenação
por manter tradições que não são verdades. (Mateus 15:6).
4. RECONHECIMENTO DA AUTORIDADE DAS ESCRITURAS
Com toda certeza Deus deveria dar à humanidade perdida uma
revelação por escrito, para revelar-se desde o início e dando assim,
a conhecer o Plano de Salvação.
Deveria ser uma Revelação com autoridade suficiente para não serquestionada, e para que a mensagem divina pudesse ser
preservada para todas as gerações. Deveria ser ao mesmo tempo
uma Revelação escrita, para evitar que a mensagem seja
esquecida, alterada ou distorcida.
Deveria ser inspirada e conclusiva, para impedir que seja substituída
por outra de opiniões humanas, variadas e contraditórias.Finalmente, deveria a Revelação ser compreensível, objetiva e
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clara, ao alcance de todos, para que todo aquele que deseje
alcançar a salvação prometida, encontre na simplicidade da
Revelação esse Caminho. Em resumo acreditamos que Deus nos
deu uma revelação com autoridade, por escrito, inspirada ecompreensível.
O Eterno quer que o teólogo se aproxime o máximo possível de sua
Vontade. As Escrituras é o registro dessa Vontade divina. Logo, é
essencial que estudemos a Palavra de Deus e procuremos
compreendê-la. Um dos conselhos mais repetidos nas Escrituras,
direta ou indiretamente é justamente para que procuremos entendera Revelação.
Deus é sábio. Se Ele, na Sua sabedoria deixou Sua Vontade
revelada em um livro, então temos a certeza de que é possível
compreender a vontade de Deus pelo estudo das Escrituras. Se não
o fizermos ou desistirmos da tarefa, estaremos desconsiderando a
sabedoria divina.
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determinada disciplina e sua aplicação. (Dicionário Aurélio, Século
XXI, Editora Nova Fronteira, 2001).
B. MÉTODO HISTÓRICO-CRÍTICO
O método para o estudo que prepara um pastor é conhecido como
método histórico-crítico. O que chamamos de histórico-crítico é o
método de estudo e pesquisa bíblica que procura levar em
consideração o contexto histórico que envolve o texto, fazendo uma
análise e avaliação profunda, acurada (crítica) de todas as relações
desta informação com o sentido original do texto. É importante notar a
frase: “sentido original”, pois uma ênfase quanto ao sentido gramatical
e histórico da narrativa bíblica é a meta ou alvo deste método. Realiza-
se com o texto bíblico a tarefa de um pesquisador, o mesmo trabalho
de um historiador que avalia um documento antigo com o propósito de
compreendê-lo, pois acreditamos que essa é a única maneira de
encontrar o significado original do texto.
Deve-se, antes de tudo, ao estudar um texto levar em conta a época e
a situação original em que o texto foi escrito. Considere: A Escrituras
Sagradas é a palavra do Eterno dada através de pessoas históricas:
• Ele “falou pelos profetas” (Hb 1:1-2), portanto, o trabalho de
compreender as Escrituras é o trabalho de um historiador, e ahistória é uma ferramenta de trabalho. O próprio texto bíblico, em
geral, contém elementos históricos suficientes para nós dar uma
ideia da situação original. Neste ponto dois elementos precisam ser
levados em consideração quando tratamos das Escrituras Sagradas:
1. PRIMEIRO ELEMENTO
Sua particularidade histórica contrabalançada por sua validade
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eterna. O que isto significa? A particularidade histórica diz respeito
ao que estava acontecendo na situação original, porém a relevância
eterna leva em conta que mesmo em uma situação diferente, a
mensagem original tem importância para cada geração posterior.
2. SEGUNDO ELEMENTO
Nosso método é um método crítico porque requer o uso de nossas
faculdades mentais em raciocínios, julgamentos, estudos, pesquisa,
esforços. Lembremos que a Eterna Inteligência e Bom Censo de
Deus estão refletidos em Sua Palavra. É necessário que usemos a
inteligência que ele nós deu para compreendê-la. A palavra: “crítico”
tem geralmente um sentido negativo, não queremos usa-la nesse
sentido. O método é crítico porque pretende avaliar os resultados
obtidos e em construir um pensamento correto, portanto, é uma
crítica construtiva e nunca contra as Escrituras.
Sendo assim, a tarefa de um teólogo na sua aproximação da Bíblia
é dupla;
a. Primeiro, um teólogo deve descobrir o que o texto significa
originalmente, esta tarefa tem um nome científico, é chamada de
exegese.
b. Em segundo lugar, devemos aprender a discernir o mesmosignificado na multiplicidade de contextos novos ou diferentes dos
nossos próprios dias, esta é a tarefa da hermenêutica. Em
definições clássicas você poderá encontrar que a hermenêutica
abrange ambas as tarefas, mas em tratados mais recentes a
tendência tem sido separar as duas.
C. ESTUDANDO DE FORMA CORRETA
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Para um estudo correto, na forma e no método de estudo de um
teólogo, exegese é ler e explicar os textos sagrados em empatia com
os escritores bíblicos. O teólogo é primeiramente, no estudo exegético,
um historiador que analisa os documentos. Todavia, o teólogo deve iralém da análise puramente interpessoal, ele deve assumir a fé que o
escritor possuía para entender seus escritos e sua forma de pensar.
Exegese no método de um teólogo é um trabalho: científico, crítico,
histórico, literário e espiritual, sendo que, a ordem destes fatores
poderá ser primeiramente espiritual, sem deixar de usar o resto das
ferramentas. A seguir, devemos acrescentar que a hermenêutica énecessária para a exegese.
1. EXEGESE
Exegese é uma palavra que vem da língua grega, sendo composta
da preposição EK (de) e da forma substantiva do verbo HEGEOMAI
(ir, guiar, conduzir) e significa “conduzir para fora” o sentido original
de um texto. Na exegese nos procuramos entrar no texto (EIS), e
ficar nele (EM), para então sairmos dele (EK) tirando lições para
nós. A hermenêutica é a síntese dos resultados da exegese,
tornando-a relevante para o leitor, ou auditório. O trabalho de
estudar as Escrituras Sagradas é um grande projeto, mas também
um grande desafio. Deve ser conduzido com todo cuidado e
perseverança. Excelência e compenetração são o mínimo que se
pode almejar no estudo do Livro.
O trabalho de um teólogo deve ser caracterizado pela alta
qualidade. Na exposição e no ensino dos preceitos e conceitos
bíblicos, esta alta qualidade só é atingida com empenho e
dedicação. No prefácio de sua edição Manual do Novo Testamento
Grego, edição de 1735, J. A. Bengel escreveu: “aplica-te totalmente
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ao texto: aplica-o totalmente a ti”.
2. DESVIOS DA VERDADE
A maior parte dos desvios da verdade está na confusão entre a
palavra dos homens e a Palavra do Deus. Pelo estudo acurado e
cuidadoso da palavra Divina devemos nos assegurar de transmitir a
mais pura vontade divina, e não apenas nossa opinião sobre ela. A
Escritura não pode falhar (João 10:35), este é um dos pressupostos
de Jesus, devemos aprender a pensar e acreditar dessa maneira
também.
A inescrutabil idade – O que isso significa? (Deuteronômio 29:29)
Existem coisas que nunca saberemos agora, deste lado da
eternidade. Diante disso devemos ter especial cuidado ao lidar com
o que não foi claramente revelado nas Escrituras, não estamos
autorizados a fazer conjeturas ou construir suposições sobre
assuntos obscuros, pois muitas coisas foram guardadas sob o
conhecimento apenas de Deus. (Atos 1:7, é um exemplo disto).
3. O QUE SE EXIGE DE UM TEÓLOGO
O que se requer de um teólogo é um trabalho em três etapas:
• Estudar (exaustivamente o texto),
• Compreender (o texto no seu contexto histórico) e
• Explicar (com exatidão e correção).
Exemplo: Em Atos 8, podemos notar estes três elementos. A
Escritura estava sendo lida (pelo etíope – verso 28), mas não estava
sendo compreendida (versos 30-31). Filipe, quando entrou em
contato com o etíope, já compreendia o texto (porque tinha estudado
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em profundidade), e, portanto, explicou corretamente a passagem
(versos 32-36). O etíope não entendia o texto apesar de fazer a
pergunta correta: “a quem se refere o profeta?” (verso 34). Faltava-
lhe informações históricas e textuais; de fato; faltava-lhe uma visãomaior do plano de Deus, ou seja, do significado das promessas
messiânicas no livro de Isaías.
4. UM GRANDE PERIGO
O grande perigo que existe em esboçar uma metodologia é levar
alguém a pensar que cada item é independente dos outros. Na
verdade todos os itens do método proposto são interdependentes e
formam um conjunto inseparável. Quatro palavras-chaves resumem
o método: texto – contexto – palavras – ideias. Estas são as
ferramentas empregadas na busca de informações fundamentais
para a compreensão das Escrituras.
No próximo capítulo iniciaremos as considerações sobre estas
quatro palavras-chaves da metodologia para o estudo das
Escrituras. Esta ordem deve ser mantida em toda aproximação da
Palavra do Eterno.
“Quem estuda somente os homens, adquire o corpo do
conhecimento sem a alma; e quem estuda somente os livros, a almasem o corpo. Quem adiciona observação àquilo que vê, e reflexão
àquilo que lê, está no caminho certo do conhecimento, com a
certeza que ao sondar os corações dos outros, não negligencie o
seu próprio.” Caleb Colton.
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CAPÍTULO 03
ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (1)
A. O PROPÓSITO DE UM MÉTODO DE ESTUDO
O propósito de ter um método de estudo é a total transformação da
pessoa. O método visa a substituição de velhos e destruidores hábitos
de pensamento por novos hábitos vivificadores. Em parte alguma este
propósito é visto mais claramente do que na forma em que um teólogo
se aproxima do texto.
1. O TEXTO
É texto é a primeira palavra-chave que define o método (veja de
novo estudos anteriores). É no texto que devemos aplicar toda
nossa energia mental, pois o primeiro passo no estudo das
Escrituras, seguindo o método histórico-crítico, é estabelecer o
texto.
É preciso ler com cuidado a passagem, notando qualquer
dificuldade textual, palavras desconhecidas e estruturas gramaticais.
Também é necessário observar o gênero literário (se é epístola,
narrativa, poesia, alegoria, parábola, etc.), e se dedicar ao estudo do
texto.
O teólogo é um homem transformado pela Palavra de Deus. Como
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se processa isto? Em Romanos 12:2 lemos que a transformação é
mediante a renovação da mente. A mente é renovada quando
colocamos nela as coisas que a transformarão: “tudo o que é
verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que
é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja
isso o que ocupe o vosso pensamento” (Filipenses 4:8). Você notou
a virtude que encabeça a lista? “Tudo o que é verdadeiro”, isto é
significativo, pois indica a prioridade a ser buscada no estudo.
O estudo é o veículo básico que nos leva a ocupar o pensamento,
quando estamos concentrados no estudo, o pensamento não estápor conta de seus próprios inventos. (mente desocupada, oficina do
diabo – Já ouviu este velho provérbio?). Estudo é um tipo específico
de experiência em que, mediante cuidadosa observação de
estruturas objetivas, levamos os processos do pensamento a
moverem-se numa determinada direção. As Escrituras Hebraicas
instruem no sentido de as leis serem escritas nas portas e nosumbrais das casas, e atadas aos punhos, de sorte que “estejam por
frontal entre os vossos olhos” (Deuteronômio 11:18). A finalidade
desta instrução era dirigir a mente de forma repetida e regular a
certos modos de pensamentos referentes a Deus e suas
ordenanças e às relações humanas. O que estudamos determina
que tipos de hábitos devam ser formados.O processo que ocorre no estudo deve distinguir-se da meditação. A
meditação é um processo mais devocional; o estudo é analítico.
A meditação saboreará o texto; o estudo deve explicar o texto.
Embora a meditação e o estudo muitas vezes se superponham e
funcionem concorrentemente, constituem dois processos diferentes.
Acreditamos que o estudo do texto deve vir primeiro, poisproporciona ao texto uma determinada estrutura, objetiva, e dentro
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da qual a meditação pode funcionar com êxito, o estudo estará a
serviço da meditação, precedendo-a.
O método histórico-crítico aplicado: O primeiro passo no estudo de
um texto é a:
a. Repetição
A repetição é uma forma de canalizar a mente de modo regular,
numa direção específica, firmando assim hábitos de
pensamentos. A repetição desfruta hoje de certa má fama.
Contudo, é importante reconhecer que a pura repetição, mesmo
sem entender o que está sendo repetido, em realidade, afeta a
mente interior. Hábitos arraigados de pensamentos podem ser
formados apenas pela repetição, mudando assim o
comportamento. Esse é o princípio lógico central da psicologia,
que treina a pessoa para repetir certas afirmações regularmente
(por exemplo, para quem tem problema de autoafirmação ou
problema de autoimagem negativa, deve repetir a frase,
acreditando na verdade nela contida: amo a mim mesmo
incondicionalmente).
Nem mesmo é importante que a pessoa esteja consciente do
processo mental que está desenvolvendo; basta que a afirmação
seja repetida. A mente interior é assim treinada, e afinal
responderá modificando o comportamento para conformar-se à
afirmação. Naturalmente, este princípio tem sido conhecido
durante séculos, mas só em anos mais recentes recebeu
confirmação científica. É por isso que a programação de televisão
tem tanta importância, os anunciantes sabem disso e fazem da
repetição uma forma de fixar na mente do tele espectador um
determinado produto. O mesmo processo é aplicado na música,
pela repetição constante de uma letra musical, a verdade nela
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contida se fixa também mentalmente.
b. Concentração
A concentração é o segundo elemento prático no estudo. Se além
de conduzir a mente repetidas vezes ao assunto em questão a
pessoa concentrar-se no que está sendo estudado, a
aprendizagem aumenta sobremaneira. A concentração centraliza
a mente. Ela prende a atenção em detalhes específicos. A mente
humana tem a capacidade incrível de concentrar-se. Ela está a
todo instante recebendo milhares de estímulos, cada um dos
quais capaz de armazenar-se em seus bancos de memória
enquanto se concentra nuns poucos apenas. Esta capacidade
natural do cérebro aumenta quando, com unidade de propósito,
concentramos nossa atenção num desejado objeto de estudo.
Quando não apenas de maneira repetida canalizamos a mente
num determinado sentido, concentrando nossa atenção no
assunto, mas entendemos o que estamos estudando, então
atingimos um novo nível.
c. Compreensão
A compreensão nos leva ao discernimento da verdade contida no
texto e provê uma base sólida na percepção dessa verdade, de
maneira que se torna clara para nós e para ser explicada. Oestudo das Escrituras, como feita por um teólogo, começa com as
Escrituras e com a mente aberta para ela. O Texto é a passagem
ou trecho das Escrituras que vai ser estudado envolvendo os três
itens acima: Repetição, concentração e compreensão, na
verdade três passos que não podem deixar de ser levados em
conta na hora do estudo.
Voltamos nossa atenção para os estudos anteriores, onde
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definimos as palavras-chaves da metodologia de estudo das
Escrituras, a primeira palavra-chave é: Texto. Um resumo do que
temos considerado até aqui.
“O vocábulo texto deriva do latim texere, que significa tecer, e que
figurativamente quer dizer reunir, construir, compor e expressar o
pensamento em contínuo discurso ou escrita. O substantivo
textus indica então o produto do ato de tecer, o tecido, a trama, e,
assim, no uso literário, a trama do pensamento de alguém, uma
composição contínua” J. A. Broadus, O Sermão e o seu Preparo
– Casa Publicadora Batista, 1967, Segunda edição, Rio deJaneiro, pág. 15.
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CAPÍTULO 04
ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (2)
ESTUDO CRÍTICO-HISTÓRICO-LITERÁRIO DAS
ESCRITURAS
A. O ESTUDO DO TEXO
1. A DECLARAÇÃO DE JERÔNIMO
Considere com atenção esta declaração de Jerônimo a propósito da
Vulgata:
“De velha obra me obrigais a fazer obra nova... Qual de fato, o sábio
e mesmo o ignorante que, desde que tiver nas mãos um exemplar
(novo, ou da Vulgata), depois de o haver percorrido apenas uma
vez, vendo que se acha em desacordo com o que está habituado a
ler, não se ponha imediatamente a clamar que eu sou um sacrílego,
um falsário, porque terei a audácia de acrescentar, substituir, corrigir
alguma coisa nos antigos livros? Um duplo motivo me consola desta
acusação. O primeiro é que vós, que sois o soberano pontífice, me
ordenou que o fizesse, o segundo é que a verdade não poderia
existir em coisas que divergem...” Enciclopédia Barsa – Serviço de
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Pesquisa, No 1.976 – Carta de S. Jerônimo ao papa Damaso, a
propósito da Vulgata. Extraído de: Introdução à Bíblia (I – Introdução
Geral) de Caetano M. Perella, O. M. e Luigi Vagaggini, O. M. Edição
da Editora Vozes. (parêntese e destaque são nossos).
Todo estudante de Teologia tem a obrigação de examinar com
atenção a declaração de Jerônimo em que ele reconhece ter feito
mudanças, acréscimos e alterações na Bíblia. Outra conceituada
obra de consulta, a Enciclopédia Delta-Larousse nos informa que
por outras obras de Jerônimo sobre as Escrituras e por causa,
especialmente, de sua tradução para o latim (Vulgata), Jerônimotornou-se o fundador “da exegese católica” Delta-Laroussse, Vol. VI
pág 3.131. Surge assim uma interpretação muito apropriada aos
interesses da Igreja que se configurava através de Concílios, pois
sabemos que exegese é uma interpretação da Bíblia, que se for
moldada nos padrões católicos resulta numa teologia católica.
2. REFUTANDO A VULGATA
O professor presbiteriano B. P. Bittencourt que é Doctoris
Philosophian Pela Boston University, USA, e com pós-graduação na
Rüprecht Kart Univertät, de Heidelgerg, Alemanha, no seu excelente
livro: O Novo Testamento – Metodologia da Pesquisa Textual,
Terceira Edição, Revista, Atualizada e Ampliada, Editora JUERP,
Rio de Janeiro, na página 167, escreve:
“Sabe-se que a Vulgata é base sumamente fraca para uma tradução
da Bíblia. Deve-se lembrar de que Figueiredo traduziu a Bíblia no
século 18, depois de muitas tentativas para a publicação de uma
edição crítica dos textos originais e da Vulgata, e essas tentativas
tornaram-se fonte de corrupção textual em vez de melhora. Frederic
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escreve:
“Embora Tertuliano faça referência a cartas autênticas em sua
época, os originais já se haviam perdido e a corrupção textual já
tivera início”. Pág. 118
Ainda sobre essa época chamada de “patrística” (relacionada com
os ‘pais da Igreja’) e sobre a corrupção do texto o Dr. Bittencourt
acrescenta: “Orígenes... no seu comentário sobre Mateus queixa-se
de que as diferenças entre os escritos dos Evangelhos se haviam
tornado grandes, quer através da negligência de alguns copistas,
quer através da perversidade audaz de outros, que alongam ou
abreviam o texto”. Pág. 118.
B. O ENTENDIMENTO ORIGINAL DO TEXTO
Por favor, leia de novo o documento acima, examine cada frase e
comprovará que nos primeiros séculos a Bíblia sofreu grande influênciae muita coisa foi mudada, quer seja intencional ou casual. “Diferença
entre os escritos dos Evangelhos”, isso não lhe diz nada? Não? Não é
possível que você não veja o alcance desta frase de um erudito. Por
essa razão, única razão, como teólogo, ou futuros teólogos, devemos
ter em alta estima o texto original, na busca do mais autêntico e na
restauração do sentido original da Palavra.
1. O SENTIDO SEMÍTICO DO TEXTO
Como verdadeiros e sinceros estudantes da Palavra de Deus
voltamos nosso olhar e entendimento para o sentido semítico, isso
para o Antigo Testamento, ou seja, o entendimento hebreu das
Escrituras Hebraicas, posicionando o texto em estudo, se for do
Antigo Testamento, no seu contexto histórico, que era o mundo
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semítico, numa cultura hebraica, da época da Palestina; Onde,
como exemplo muito comum, o ato de rasgar a roupa e encher a
cabeça de cinza era uma expressão de luto, dor e tristeza.
2. UMA VISÃO CRÍTICA DO GREGO NEOTESTAMENTÁRIO
Com relação ao Novo Testamento, cujas obras foram escritas em
grego, nosso olhar como estudantes da Bíblia e nossa aproximação
dela deve ser crítico (no sentido científico que essa palavra tem),
devemos estar examinando cada frase, cada palavra somente à luz
do que é mais próximo do original. Lembrando que o escritor da
Bíblia quer sejam profetas, quer seja apóstolo, com raras exceções
eram semitas, eram hebreus, numa época distante da nossa em que
muitas palavras por eles usadas têm um sentido e um significado
próprio para essa cultura e época. Como Teólogos devemos
sempre confessar nossa fidelidade às Escrituras nos seus textos
originais.
3. AS TRADUÇÕES DEFEITUOSAS DA VULGATA LATINA
A Vulgata Latina, de Jerônimo ganhou valor e prestígio na Igreja de
Roma, e foi considerada como a rainha das versões, tanto é, que
até pouco tempo, no mundo inteiro, a missa (liturgia Católica) eraministrada em latim, porém, a Vulgata prevaleceu e prevalece ainda
até hoje, mesmo que outras vozes se tenham levantado em protesto
contra ela, como exemplo: pessoas que levantaram seu grito de
protesto contra a Vulgata podemos citar um documento extraído da
Enciclopédia Delta-Larousse, Vol. III, pág 1.116.
Ulrico de Hutlen, defensor do humanista Reuchlin, que iniciara ascontrovérsias religiosas chamando a atenção para as traduções
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defeituosas da Vulgata.
Ora! De novo você encontra uma declaração honesta, e se você é
também honesto em sua fé, acredite que a Bíblia sofreu por causa
de traduções defeituosas. Estamos considerando a Vulgata Latina
porque foi ela que formou a base da maioria das traduções das
Bíblias chamadas de Católicas.
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CAPÍTULO 05
ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (3)
MENTIRAS TRANSFORMADAS EM VERDADES
A. OS DISCURSOS E IMPOSIÇÕES QUE MUDAM A MENTIRA EM
VERDADE
Preste atenção especial nesta declaração de um cônego católico: “O
católico recebe a Sagrada Escritura como sendo a própria Palavra de
Deus, recebe a garantia de que todos os livros da Bíblia, com suas
diversas partes, tais como se apresentam na versão Latina chamada
Vulgata, são inspiradas, isto é, têm como autor o próprio Deus, e assim
sendo não podem conter erro algum”.
Artigo do cônego Gustave Bardy, com imprimatur da Igreja Católica
Apostólica Romana: Divione, dei XXa, octobris 1935 – Assinado por G.
Jacquin, v. g. para a Enciclopédia Delta-Larousse, Vol. IV, pág 1.839.
1. A ATRIBUIÇÃO DE INSPIRAÇÃO DIVINA À VULGATA LATINA
Esta é uma afirmação, talvez, arrogante demais. Atribuir à Vulgata
inspiração divina, é um discurso bem preparado para induzir oscatólicos a crer que a Bíblia não contem erros. Se nós já sabemos
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que o próprio Jerônimo, tradutor da Vulgata confessa que fez
acréscimos, mudanças e correções nos Livros tradicionais, então é
obvio que uma afirmação como a de cima é uma declaração
improcedente.
2. A IMPOSIÇÃO PAPAL
Posteriormente, os papas Gregório VII (1073-1085) e Inocêncio III
(1198-1216), usaram a autoridade da Igreja para conservar
unicamente essa versão latina, a Vulgata, evitando qualquer outra
versão ou tradução feita dos originais. O Concílio de Toulousse na
França, em 1229, decretou que ninguém poderia usar outra versão
da Bíblia que não fosse a Vulgata Latina, e para impor esse decreto
a Igreja usou a Inquisição, que durante 400 anos perseguia e
mandava matar qualquer pessoa que tivesse uma versão diferente
da Vulgata Latina, como exemplo desses fatos podemos citar vários,
bastam dois exemplos para uma amostra.
a. Francisco Enzinas na Espanha foi encarcerado pela inquisição
católica (1544), por ter traduzido e publicado o Novo Testamento
em espanhol.
b. Da mesma maneira lembramo-nos de Miguel Servet, condenado
à fogueira, sendo queimado lentamente pelo “crime” de discordarde traduções mal feitas.
Com estas considerações não queremos desfazer da Bíblia, mas
fazer com que todo estudante de Teologia compreenda que
devemos ter o máximo de cuidado no estudo da Bíblia para não
cometer os mesmos erros do passado e ensinar o que não era
original dos apóstolos e profetas. Quando ensinar um “assim diz oSenhor” que não seja falso, mas firmemente fundamentado no
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alicerce da Palavra.
3. CELEBRANDO A VULGATA
Ainda hoje, em nossos dias, depois de 1965, logo após o Concílio
Vaticano II, a Igreja de Roma começou as comemorações do dia da
Bíblia, na semana do dia de 30 de setembro, data do falecimento de
Jerônimo, que traduziu para o Latim a versão chamada Vulgata,
versão que foi definitivamente oficializada no Concílio de Trento
(1545).
4. A EMENDA É PIOR QUE O SONETO
Finalmente, para concluir esta parte relacionada com a Vulgata
citamos de novo o Dr. Bittencourt:
“A fim de purificar o texto da Vulgata, várias edições foram feitas por
Alcuino, Teodulfo, Lanfrano e Estevão Harding, durante a Idade
Media. Cada tentativa de restaurar o trabalho de Jerônimo piorou o
que existia. Daí resultar que os 8 mil manuscritos da Vulgata hoje
conhecidos apresentam as mais curiosas contaminações. Chama-se
Vulgata esta tradução de Jerônimo por ter esta versão grande
circulação na Igreja Católica desde o sétimo século, e gozar da
aprovação da Igreja Católica como versão autorizada, o que
aparece depois na forma explícita na primeira edição do papa Sisto
V, em 1590, e do papa Clemente II, em 1592, até a Nova Vulgata,
esta última edição foi feita por iniciativa do papa Paulo VI pela
constituição apostólica em 25 de abril de 1979, época em que
começou a circular. Esta nova Vulgata... apresenta inumeráveis
alterações do texto de Jerônimo em matéria puramente estilística...sendo que a edição de 1590 já havia sofrido mais de 5 mil
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alterações”. Pág. 95-96.
Este documento do Dr. Bittencourt nos apresenta a informação de
que a Vulgata foi tão infiel ao original que em 1590 foram feitas mais
de cinco mil alterações e mesmo assim não foram suficientes para
purificar o texto de Jerônimo.
B. ESTUDANDO A BÍBLIA DE FORMA CORRETA
Terminando está primeira parte, em que foram examinados fatos e
conclusões de eruditos sobre a Vulgata, fazemos algumas perguntas:Como um teólogo deve encarar os fatos? Como podemos ter certeza
de que a Bíblia que temos em mãos não é mais outra “vulgata” com
seus inúmeros erros? Como foi que a Versão de João Ferreira de
Almeida chegou até nós? Como estudar a Bíblia?
A resposta então se torna óbvia: Devemos aprender a estudar a Bíblia
de maneira correta, para não fazer interpretações erradas que levem aconclusões também erradas. Neste Curso estamos aprendendo uma
metodologia de estudo da Bíblia que nos levará a conclusões
verdadeiras sobre a revelação divina.
1. O CONTEÚDO DA MENSAGEM
O texto – Considerando o que foi exposto sobre a Vulgata,
concluímos que o Texto Bíblico em estudo, Deveria representar o
conteúdo da mensagem que o escritor bíblico quis transmitir.
Deveria ser a mensagem original, no seu contexto literário histórico.
Deveria expressar a verdade.
Quando usamos a palavra “deveria” no condicional, é porque todos
sabem a dificuldade que qualquer estudante das Escrituras
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encontra, pois as Bíblias em português são traduções e muitas
vezes não é a mensagem nas palavras literais dos escritores
originais. Muitas traduções já são, na verdade, uma interpretação do
texto, portanto, é o texto original. Por causa disto devemosnãoaprender a conferir a fidelidade da tradução que vamos estudar.
Está ela de acordo com o sentido original? Expressa corretamente o
pensamento do autor? Não houve modificação de palavras e frases
no texto em estudo? Esta disciplina responderá essas questões
teológicas.
2. VERSÕES EM PORTUGUÊS
A maioria dos brasileiros sabe que a Bíblia não foi escrita
originalmente em português. De alguns anos para cá se tem
popularizado em especial duas versões bíblicas uma chamada de
Corrigida e outra chamada de Atualizada. Lembremos que a palavra
“Versão” indica uma tradução da Bíblia para uma determinada
língua e indica sua modalidade específica, por isso falamos em
Versão Corrigida e Versão Atualizada. Nestas duas versões
encontramos numa leitura de um mesmo texto diferenças em
algumas palavras, na sua maior parte são diferenças de estilo
(estilísticas) e não de conteúdo. Essas diferenças entre Corrigida e
Atualizada, porém, não tem causado tantas questões como as
suscitadas por Versões mais recentes que não são baseadas na
tradução tradicional de João de Ferreira de Almeida, de 1748.
Se hoje um brasileiro, recém-convertido, entrar numa livraria
evangélica e perguntar por uma Bíblia para comprar ficará
consternado e até confuso ao ver tantas Versões. Então surgem
algumas perguntas que necessariamente devem ser respondidas.
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Pois na maioria das vezes é o pastor, ou líder de uma Comunidade
Cristã que deve responder: Por que existem tantas Versões da
Bíblia? Por que aquela Versão não tem todas as palavras que minha
Versão tem? E se há palavras diferentes, e até palavras omitidas,qual é a Versão mais certa? Será que mais de uma pode ser
correta? Se há somente uma certa, porque existem as outras e são
também “Bíblia” – Palavra de Deus? Como pode uma instituição
cristã vender aos crentes Versões contraditórias até?
Você está percebendo que estas perguntas podem surgir na mente
de qualquer novo convertido e ir com essa pergunta para o pastor?Qualquer pessoa que entra numa livraria evangélica verá uma
infinidade de Versões.
Como então tirar proveito do estudo da Bíblia: Lembre que estamos
até aqui estudando a primeira parte do método, ou seja, o que se
refere ao texto. Então, é significativo a esta altura ter uma resposta
correta da pergunta: Por que existem tantas Versões da Bíblia? Se
nos estamos estudando um texto, como podemos saber se o texto
em estudo é o correto de acordo com a Versão que tenho em mãos?
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CAPÍTULO 06
ESTUDANDO O TEXTO BÍBLICO (4)
AS TRADUÇÕES
A. A IMPORTÂNCIA DE UMA TRADUÇÃO
Quando o salmista escreveu que as Escrituras era uma luz no seu
caminho (Salmo 119:105), com certeza estava se referindo às
Escrituras Hebraicas que ele conhecia. Mas, para a maioria dos
brasileiros que não conhecem Hebraico, não seria uma luz, pois, não
entenderiam nada do que está escrito. A menos que as palavras
hebraicas fossem traduzidas para o idioma nacional.
Se a fé vem pelo ouvir a pregação e o ouvir da pregação é da Palavra
de Cristo (Romanos 10:17). Como então poderíamos ter fé se as
Palavras de Cristo não fossem traduzidas. Agradecemos a Deus pelas
traduções, e agradecemos mais ainda pelas traduções que se
aproximam das fontes originais.
1. AS VERSÕES E SEUS PROBLEMAS
Voltemos nossa atenção para a problemática das Versões:imaginemos um professor de Bíblia ensinando sobre a parábola dos
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dois filhos (Mateus 21:28-32) e não entender porque seus alunos
insistem em dizer que o primeiro obedeceu a seu pai, enquanto ele
está lendo claramente em sua Bíblia que o segundo é que
obedeceu. Se ele tivesse tomado conhecimento dos problemascrítico-textuais envolvido neste texto, não teria sido apanhado de
surpresa. A resolução deste enigma é que o professor está usando
a Almeida Revista e Atualizada (ARA) e os alunos estão usando a
Versão de Almeida Revista e Corrigida (ARC). Uma versão diz que é
o segundo filho que obedeceu, enquanto que outra diz que foi o
primeiro. (Nota: O aluno deve guardar as abreviaturas das versõesARA e ARC).
Um bom modo de procurar estabelecer o texto certo, mesmo
quando não se tem acesso ou condições de consultar um texto
original com aparato crítico, é consultar muitas versões do texto
bíblico em estudo. Ler e comparar várias traduções pode mostrar
variações devidas a problemas textuais (diferentes manuscritosusados como fonte de tradução), ou mudanças de entendimento na
tradução do original. É importante lembrar que a maior parte das
diferenças entre traduções (versões) é devida a este segundo fator.
Entretanto, há casos em que um estudo minucioso comparando as
diversas traduções ajuda a ver as diferenças devidas a problemas
de transmissão do texto.• Aparato Crítico são as explicações em pé de página que se
encontram nas Bíblias em Hebraico e Grego, explicando a razão
das variantes.
• Variantes: são as diferenças de um mesmo versículo que se
encontra entre vários manuscritos antigos.
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2. DIVERGÊNCIA DE ORIGEM CRÍTICO-TEXTUAL
A leitura de Colossenses 3:4 em várias versões mostra que há uma
possível divergência de origem crítico-textual sobre qual o pronome
certo que deve ser colocado ali: “nossa” (apoiado por ARA, ARC) ou
“vossa” (apoiado pela Bíblia de Jerusalém [BJ], Bíblia na Linguagem
de Hoje [BLH] e pela versão revisada de Almeida [VR]). Neste caso
a divergência tem pouca importância para o sentido geral do texto
(como a maior parte das variações textuais da Bíblia), mas é bom
saber usar as traduções para encontrar estas variações. E, uma vez
encontradas, elas são uma alerta para prestar maior atenção.
Antes de continuar, é importante dar uma palavra sobre as versões
bíblicas. A ARC é geralmente a mais problemática nas questões
crítico-textuais, por basear-se num texto grego preparado antes do
desenvolvimento da crítica textual. Ela foi baseada no chamado
Texto Recebido (Textus Receptus). Versões católicas como BJ e a
Bíblia editora Ave Maria (BAM) são úteis por usarem textos críticos
mais modernos.
Porém, é necessária uma palavra de cuidado: as versões católicas
são sempre influenciadas pela Vulgata Latina; e, por isso, muitas de
suas decisões crítico-textuais não são imparciais. Sobre a BJ é
necessário dizer algo mais: o espírito não ortodoxo de alguns
comentários textuais aconselha o uso da mesma com reservas. A
BLH e VR parecem ser as mais atualizadas no que diz respeito às
variações dos textos, assim mesmo, parece que a BLH tem a
tendência de emendar muito o texto do Antigo Testamento. A ARA é
boa, embora não tão atualizada quanto esta última. A Mattos Soares
(MS) serve para ver o que diz a Vulgata, já que não é uma tradução
dos originais, mas da famosa versão de Jerônimo. Estas palavrassobre as versões são gerais, havendo necessidade de avaliar, em
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cada leitura, os méritos de cada uma delas.
Em Colossenses 2:2 vemos que a BJ segue um texto inferior ao
seguido por ARC, ARA, BAM, BLH e VR. Como era de se esperar
MS segue a Vulgata.
3. A LEITURA DE VERSÕES EXIGE ANÁLISE CUIDADOSA
Assim cada leitura das versões merece análise cuidadosa. No caso
de Mateus 21:28-32, o texto da ARC é melhor do que o da ARA e
VR. Imaginemos uma cena: A Igreja onde foi convidado usava aVersão chamada: NVI Nova Versão Internacional, sabendo disso, e
como a palestra tratava justamente sobre Versões, para iniciar pedi
que abrissem a NVI em Atos 8:37, então eu li a passagem na minha
versão: “Disse Filipe: Você pode, se crê de todo o coração. O
eunuco respondeu: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus” Atos
8:37.
Os irmãos ficaram procurando o texto na NVI e para surpresa
comprovaram que Atos 8 tem o versículo 36 e então pula para o 38,
omitindo o 37. A NVI não tem o verso 37 de Atos 8. Você estudante
de teologia pode também fazer essa comprovação em qualquer
livraria evangélica que venda a NVI. Isso ilustra o que estamos
tentando ensinar. As Versões apresentam diferenças, e elas devemser consideradas com cuidado a fim de não sair por ai pregando o
que não é original.
Uma “Testemunha de Jeová” (errados na doutrina da Trindade) está
visitando de casa em casa e para tentar provar a malfadada teoria
antitrinitária faz com que o novo convertido leia 1a João 5:7-8 e
apela para o argumento de que esse texto é uma interpolação(acréscimo posterior) e confunde o pobre irmão dizendo que todos
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os outros textos que falam da Trindade na Bíblia também foram
acrescentados. O que é falso. Uma afirmação verdadeira, 1a João
5:7-8 foi de fato um acréscimo posterior, mas é falso afirmar que
outros textos também são acréscimos. Sobre 1a João 5:7-8,inserimos a seguir a explicação dada pela Sociedade Bíblica do
Brasil SBB.
Estimado irmão,
Recebemos mensagem eletrônica do irmão arguindo-nos acerca do
motivo por que algumas palavras de 1João 5.7-8 aparecem entre
colchetes na tradução de Almeida Revista e Atualizada. Sobre esta
questão, precisamos compreender o significado dos colchetes na
RA. Isto nos aprendemos ao ler no artigo "Explicação de Formas
Gráficas Especiais, Títulos, Referências e Notas", adendo ao
"Prefácio à 2a. Edição": algumas passagens do Novo Testamento
aparecem entre colchetes. Estas passagens não se encontram no
texto grego adotado pela Comissão Revisora, mas haviam sido
incluídas por Almeida com base no texto grego disponível na época
(Mt 6.13).
Almeida traduziu a Bíblia para a Língua Portuguesa no século XVII.
O Novo Testamento em português ficou pronto em 1681. Almeida
traduziu-o a partir de um texto grego denominado Textus Receptus
("o texto recebido"), que fora compilado pelo famoso humanista
holandês Erasmo de Roterdã no início do século XVI. A tradução de
Almeida a partir dos manuscritos que ele possuía em sua época
cristalizou-se na chamada Edição Revista e Corrigida (RC),
publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil e adotada por inúmeras
denominações evangélicas em países de fala portuguesa,
destacando-se Portugal e Brasil. A RC espelha bem o teor do
Textus Receptus utilizado por Almeida.
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Quando a tradução de Almeida já estava concluída, Deus permitiu
que arqueólogos, historiadores e teólogos verificassem um
considerável avanço no achado, recuperação e decifração de
manuscritos bíblicos, alguns dos quais indisponíveis a Almeida na
época em que traduziu a Bíblia.
A Edição Revista e Atualizada (RA) surgiu em 1956 em decorrência
dessas novas descobertas, quando a Comissão Revisora da
Sociedade Bíblica do Brasil achou por bem confrontar o texto de
Almeida com os novos manuscritos encontrados.
A RA passou por uma segunda revisão em 1993, afinando ainda
mais o texto bíblico aos textos originais em hebraico, aramaico e
grego, pelo que é uma das mais amadas e adotadas traduções da
Bíblia Sagrada no Brasil e no exterior.
Dito isto, fica um pouco mais simples compreender a diferença de
tratamento dado àquelas palavras de 1João 5.7-8 na RC e na RA.
Na primeira, que corresponde à tradução mais antiga de Almeida as
palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três
são um. E três são os que testificam na terra" constavam do texto
original grego utilizado pelo tradutor. Já na RA, confrontando-se a
tradução de Almeida com os manuscritos encontrados (mais antigo
e, portanto, mais próximos do tempo em que João escreveu sua
primeira carta) e desde que as referidas palavras não contradizem
nem ofendem a mensagem bíblica da salvação em Cristo Jesus,
estas palavras foram colocadas entre colchetes.
Com isto, a RA respeitou o trabalho valioso de João Ferreira de
Almeida, sem, contudo, ter aberto mão da fidelidade ao melhor texto
original grego a que se tem acesso nos dias atuais. (Nas traduções
desenvolvidas pela própria Comissão de Tradução da Sociedade
Bíblica do Brasil, todavia, como é o caso da Bíblia na Linguagem de
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Hoje, as palavras questionadas de 1Jo 5.7-9 foram eliminadas por
completo do texto bíblico).
Por fim, acerca da procedência das palavras questionadas de 1Jo
5.7-8, convém mencionar a opinião do Dr. Bruce Metzger, uma das
maiores autoridades atuais sobre os manuscritos gregos do Novo
Testamento, que coopera com as Sociedades Bíblicas Unidas, a
fraternidade da qual a Sociedade Bíblica do Brasil faz parte.
Conforme o Dr. Metzger, todos os manuscritos gregos mais antigos
do Novo Testamento (datados dos séculos II e III) omitem as
palavras "no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três
são um. E três são os que testificam na terra" em 1Jo 5.7-8.
Estas palavras só começaram a aparecer em comentários e
sermões sobre o texto de 1João no final do século IV e, muito
posteriormente, em um manuscrito latino do século XIII. Segundo o
Dr. Metzger, as palavras aqui em questão podem ter sido o
comentário que um copista (pessoa encarregada de copiar a Bíblia
na Idade Média) fez na margem do pergaminho em que trabalhava;
um copista posterior, ao tomar o manuscrito mencionado como texto
base para sua cópia, incorporou o comentário marginal do seu outro
colega ao texto bíblico, erro que mais recentemente foi descoberto
sem grandes dificuldades pela comparação dos manuscritos mais
recentes com os mais antigos.
Sendo isto para o momento, agradecemos muitíssimo sua paciência
e atenção. A Sociedade Bíblica do Brasil faz votos de que o irmão
continue sendo um leitor fiel e dedicado da Palavra do Senhor, fonte
de orientação e consolo eternos.
Cordialmente em Cristo,
p/ Comissão de Tradução
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Sociedade Bíblica do Brasil
traducao@sbb.org.br
4. A CONTRIBUIÇÃO DA LEITURA DE VÁRIAS VERSÕES
A leitura de várias versões contribui como já dissemos, para a
compreensão do texto apresentando as diferentes maneiras de
traduzir o original para o português. Geralmente as traduções
convergem para um mesmo sentido, usando palavras diferentes.Isto já explica muitas coisas para o estudante de teologia.
Ocasionalmente, haverá divergências de sentido entre elas: nestes
casos é necessário um estudo mais detalhado.
O texto de Colossenses 2:15 apresenta uma pequena dificuldade de
tradução percebida pelos que não podem ler o original, na
comparação das traduções. ARC diz: “... triunfou em si mesmo”,
enquanto ARA (e também VR, BJ, BLH, BAM) diz: “... triunfando...
na cruz”.
A diferença de sentido não é grande, mas há uma diferença. Neste
caso as duas traduções são possíveis, mas a última é a melhor, pela
gramática e pelo contexto. Entretanto, àqueles que não podem ler o
texto grego resta apenas constatar o problema e aguardar auxílio
externo para resolver a questão. De qualquer forma, é bom sempre
antecipar os problemas, ficando atentos às possíveis contribuições
na sua resolução.
5. VERSÕES CONTAMINADAS
É importante não usar versões esquisitas ou contaminadas como a
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dos autodenominados “Testemunhas de Jeová”. Se tiver uma, veja a
adulteração flagrante do texto em Colossenses 1:15-20 em favor de
sua blasfêmia da “criação” de Jesus. Versões desse tipo só
atrapalham. Além de não terem sido feitas com base nos originais(são traduções de traduções), elas só podem nos fazer incorrer nos
erros incorporados ao texto dessas “versões”.
6. VERSÕES COM NOTAS DE RODAPÉ
Um pouco deste cuidado deve ser usado com respeito a todo tipo de
Bíblia com notas e auxílios nas margens e rodapés. A Bíblia de
Scofield é uma destas que não recomendaríamos a quem deseja
fazer um estudo sério. O sistema de notas empregado direciona o
intérprete a um sistema teológico completamente estranho ao dos
escritores inspirados. A Bíblia Vida Nova é menos culpável de
direcionamento doutrinário do que a de Scofield, mas também se
deve ter cuidado ao examinar algumas de suas orientações
doutrinárias. Não deve ser usada como ferramenta inicial de
trabalho.
Se o aluno quiser, pode usar a Bíblia Vida Nova no momento que for
consultar os comentários: neste ponto ela é uma fonte útil de
informação e esclarecimentos. O mesmo conselho se estende às
versões católicas com anotações. Com relação à chamada de Bíblia
Viva, na verdade ela não é uma versão; mas uma paráfrase. É
quase um comentário, e sendo assim, é melhor utiliza-la mais tarde,
nos estudos. A consulta de comentários bíblicos encontrados ao pé
de página de muitas Bíblias comentadas, não deve servir de base
para a formação doutrinária, mas apenas como fonte de consulta
crítica e geral. Por quê? Por esses comentários tem o sabor e
influência de seus autores humanos, da mesma forma como será
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A divisão em parágrafos já constitui melhor ajuda para o estudante.
Em Colossenses 4:1 temos o exemplo de uma divisão de capítulos
infeliz. O problema se agrava em Versões como a ARA que
transformam 4:1 em um parágrafo novo, destacado de 3:18-25.Devemos compreender que 3:18 até 4:1 é uma estrutura literária
única e deve ser tratada como tal. É possível dividi-la em
subparágrafos como fez a BLH, mas mesmo assim, deve ficar claro
que todos eles formam uma “tábua de conselhos domésticos”.
9. A NATUREZA DA LITERATURA BÍBLICA
Os livros bíblicos podem ser encarados como representantes de
diferentes tipos de literatura. As epístolas são comparadas a cartas,
enquanto o livro de Apocalipse já pertence a outro gênero literário
(Apocalíptico-profético). Isaías tem características completamente
diferentes dos evangelhos.
Na medida do possível ler e adquirir o livro: “Entendes o que Lês?”
de G. D. Fee e D. Stuart – Edições Vida Nova.
O entendimento do tipo ou natureza de literatura não deve abranger
apenas o aspecto global do livro, mas também o trecho específico
que estamos estudando. Os gêneros literários podem variar muito
dentro de um mesmo documento. Nos Evangelhos (que são umgênero literário incomparável) temos discursos, narrativas,
parábolas, citações do Antigo Testamento, milagres e sumários.
No livro de Daniel, metade do livro é composta de narrativas e a
outra metade de visões e interpretações das mesmas. Devemos
então especificar a natureza literária do texto que estamos tratando
em particular. Podemos ter oração a Deus, exortação, discursoprofético, citação do Antigo Testamento, narrativa, alegoria, discurso
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didático, polêmica, citação de um documento histórico, explicação
editorial, sumário ou resumo, cântico ou poesia, simbolismo,
parábola, relato de milagre, etc.
Uma variedade enorme de gêneros e tipos pode compor um único
documento. Não devemos ser absolutamente técnicos na
classificação destes gêneros, mas é preciso aprender a diferencia-
los e entende-los. Por exemplo: A carta aos Colossenses de Paulo
tem sido dividida em duas partes: Doutrinária e Parenética (ou
prática). Embora esta classificação seja primária, é, em geral
verdadeira. Saber situar um texto em uma ou outra destas partes dacarta está incluído no processo de caracterizar o tipo de texto que
estamos estudando. Sendo assim, notamos que o texto de 4:7-17 de
Colossenses pode ser classificado como “ notícias”, notas pessoais,
recados e saudações. O importante é notar que tem características
próprias em relação ao resto do livro.
A observação de partículas como: “portanto”, “porque”, “pois” e “ora”
é muito importante. Elas mostram o relacionamento de subordinação
ou coordenação de frases ou de seções inteiras da carta. Em
Colossenses 3:5 a palavra “pois” liga o que segue com o que foi dito
anteriormente. Os colossenses deviam “fazer morrer a natureza
terrena” por participar das coisas do alto (3:1-4). A palavra “pois”
está ligando os pensamentos. Está marcando a transição da causapara o efeito.
Observar os recursos literários que o autor empregou em sua obra é
também parte da boa observação da estrutura do texto.
Recomendamos que o estudante da Bíblia saiba identificar figuras
de linguagem no texto (figuras de palavras, de construção, e de
pensamento). É útil recordar este assunto em uma gramática. Estacompreensão ajuda a não perder a mensagem do escritor por não
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as pessoas comuns. O que é o “geco” (Provérbios 30:28)? Há bons
dicionários que não definem este termo, quanto mais os que não
conhecem este regionalismo. O uso do dicionário português, nestes
casos, é essencial.
Neste momento do estudo, procura-se ter uma compreensão inicial do
que o texto estaria dizendo. Será uma compreensão provisória, mas
importante como alicerce do trabalho posterior. Não é possível ir até as
próximas etapas se não conseguirmos ler o que o texto pode estar
dizendo.
O dicionário português não será usado apenas para palavras que não
entendemos, mas para todas as palavras que julgarmos necessário
estudar. Isto é recomendável, pois a função do bom dicionário é definir
o sentido das palavras no uso cotidiano. Precisamos saber todas as
possíveis significações atuais do vocábulo, para buscar,
posteriormente, a que mais se adapta ao sentido bíblico naquele texto
e contexto.
O dicionário, portanto, não está errado em definir “batizar” como “pôr
nome, alcunha ou epíteto a” entre outras coisas: ele está mostrando
como as pessoas usam e compreendem este verbo na atualidade. Este
não é o significado bíblico do termo, mas é como muitos entendem
erroneamente o texto bíblico. Torna-se então, importante saber como o
dicionário classifica e ressalta o uso comum de um termo para saber
explicar o que realmente a palavra de Deus quer dizer com ele.
Todo cuidado é pouco no uso do dicionário português. Ele se
assemelha a uma pesquisa de mercado: não emite juízos sobre o certo
ou o errado, mas apenas diz qual o uso popular do termo. O dicionário
define palavras pelo uso que se faz delas, logo o dicionário em
português não basta em nosso estudo. De forma alguma ele deve ser
considerado um “juiz” para resolver os dilemas de significado.
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Em boa parte dos casos o dicionário português nos dá sinônimos da
palavra, o que é muito útil no entendimento e transmissão do seu
significado a outros. A paráfrase utilizará muitos destes significados
paralelos ou sinônimos, se forem corretos.
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CAPÍTULO 07
ESTUDANDO O CONTEXTO
O CONTEXTO
A. DA ESTRUTURA DO TEXTO À ANÁLISE DO CONTEXTO
Estabelecer o texto certo, assim como estabelecer a estrutura do texto,
é as primeiras tarefas do estudante da Bíblia (teólogo). A partir de
então há segurança para uma análise do contexto, a estrutura maior
onde o nosso texto está inserido. Este trabalho se faz por meio de
leituras repetidas do texto, inclusive de versões diferentes. O teólogo
conhece bem o texto antes de fazer seu estudo mais detalhado. Porém
o texto está rodeado de um contexto, não é uma ilha literária, o texto
faz parte de um conjunto e será esse conjunto que nos vamos estudar
agora: O contexto.
1. O CONTEXTO
Estudando uma abordagem ao contexto em estudo, vamos definir o
que é um contexto: É o ambiente da passagem bíblica. Ele é
composto pelos versículos que rodeiam a passagem estudada: os
anteriores e posteriores, no livro estudado. É também o mundo que
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rodeia a passagem, sendo especificamente o mundo do escritor e
dos receptores dessa mensagem bíblica. O contexto contém,
portanto, elementos históricos, culturais, literários, linguísticos, além
de espirituais. Em alguns textos o contexto pode ter vários níveis: ocontexto histórico da narrativa, o contexto literário da narrativa no
livro que a contém e o contexto do autor e dos leitores, que pode ser
diferente dos dois primeiros. Sendo o contexto “o todo do qual o
texto é parte”, ele é a chave para compreender o argumento inteiro.
Usando a metáfora do teatro, o contexto é principalmente o cenário
e o “pano de fundo” onde a peça se desenrola; secundariamente étambém o “pano de frente”, isto é, as cortinas, a reação do público,
etc. Ou seja, tudo o que contribui para a melhor compreensão da
peça.
B. A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO
Não é possível falar demais sobre a importância do estudo do texto no
seu contexto. Iremos apresentar agora alguns itens para mostrar este
fato. Os princípios e exemplos citados servem de incentivo a uma boa
pesquisa do contexto, e já ensinam como trabalhar com ele.
1. O CONTEXTO AJUDA A NÃO TORCER A PALAVRA DE DEUS
Os que deturpam ou torcem a Palavra são chamados de ignorantes
e instáveis (2a Pedro 3:16). Estes termos descrevem não apenas o
caráter destes “torturadores da Palavra”, mas também seu modo de
estudar a Bíblia: são despreparados e sem alicerce para o estudo. O
contexto fornece preparo e alicerce sólido para uma boa exegese.
Uma frase como “a ressurreição já se realizou” pode ser a afirmação
de uma verdade, como a ressurreição espiritual que indica o
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cumprimento da “nova vida em Cristo” (Colossenses 2:12 e 3:1), ou
a declaração de uma heresia (2a Timóteo 2:17-18); tudo depende do
contexto em que essa frase é interpretada.
2. O SENTIDO CORRETO DA BÍBLIA VEM DO CONTEXTO
Esta é quase uma repetição do que dissemos acima. Pensemos em
um caso específico como, por exemplo: o que é a blasfêmia contra o
Espírito Santo? Todo tipo de resposta tem sido dada para esta
questão. Há quem associe este pecado com a de “mentir ao Espírito
Santo” de Atos 5:3, 4, 9. Outros gostam de responder citando o
misterioso “pecado para a morte” de 1a João 5:16-17. Hebreus 6:4-8
também entra na lista das explicações propostas. Qual destas é a
melhor explicação?
O problema mencionado acima seria facilmente resolvido se, antes
de tudo, tivéssemos buscado o texto que fala da blasfêmia contra oEspírito Santo e estudado o texto no seu contexto. Marcos 3:28-29 é
um dos trechos que falam deste assunto. Observando o contexto
notamos que os escribas estavam atribuindo o poder de Jesus sobre
os demônios ao próprio diabo. Jesus argumentou mostrando que
isso não era lógico, pois o diabo não iria destruir seu próprio
domínio.
A expulsão dos demônios, ao contrário, apontava para o fato de que
Jesus era mais poderoso de que Satanás. Foi neste momento que
Jesus falou sobre o pecado contra o Espírito. No último versículo
deste parágrafo há uma explicação chamada “editorial”, ou seja, do
autor e não de Jesus. “Isto porque diziam: está possesso de um
espírito imundo” Marcos 3:30. Grifamos a expressão “isto porque”para mostrar que ela já é uma resposta, mostrando do que se trata a
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blasfêmia contra o Espírito Santo. Blasfemar contra o Espírito, em
Marcos, é atribuir ao diabo a obra do Espírito; é a rebeldia de não
aceitar a maior evidência que Deus pode dar, na atuação de Seu
Espírito.
Poderíamos trabalhar mais ainda com o contexto de Marcos e
ampliar a resposta, mas o que foi feito basta para mostrar a
importância do contexto e para deixar uma advertência: cuidado
com as associações de certos textos com outros que nunca foram
escritos para serem ligados entre si num mesmo contexto.
3. O SENTIDO CORRETO DAS PALAVRAS VEM DO CONTEXTO
Isto é normal em qualquer língua do mundo. O verbo “apanhar” pode
ter sentidos completamente diferentes. Por exemplo: “O menino
desobediente apanhou do pai” usa o verbo em um sentido diferente
da frase: “O menino apanhou do chão a carteira do pai”.
No estudo da Bíblia, e esse é o tema desta disciplina, isto é muito
importante. Há uma tendência de definir uma palavra de antemão e
depois tentar impor esse sentido a todos os textos em que ela
ocorre. A Melhor prática é observar o sentido que a palavra assume
em função dos vários contextos em que essa palavra é usada, e só
então definir o conceito geral do texto em questão.Uma comparação entre Tiago 2:24 com Efésios 2:8-9 leva alguns a
pensarem numa contradição. Quem estaria errado: Paulo ou Tiago?
Martinho Lutero ficou do lado de Paulo, e considerou o escrito de
Tiago como algo de pouco valor.
Não precisamos ir a extremos como estes, basta reconhecermos
que as palavras “fé” e “obras” estão sendo usadas em sentidosdiferentes em cada um dos textos, pois se trata de épocas diferentes
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na vida de Abraão. Esta atribuição de significados não é arbitrária: é
decorrente de uma análise cuidadosa dos contextos.
4. O CONTEXTO É A GARANTIA DA VERDADE DAS ESCRITURAS
“Um texto fora do contexto é um pretexto” diz o adágio dos estudos
de exegese. Qualquer um pode ensinar o que quiser usando a
Bíblia, se conseguir ignorar o contexto. Até o diabo fez isso, tirou o
texto do contexto para tentar Jesus. Satanás citou parte do Salmo
91 (verso 11 em parte e todo o verso 12) fora do contexto. Ele até
omitiu uma parte de sua citação, a fim de favorecer seu argumento.
De qualquer forma, o Salmo 91 fala de confiar em Deus e não de
usar Deus. É Deus quem decide (verso 14), e não há como obrigar
Deus a fazer de outra maneira. (Lucas 4:10-11).
Muitos livros de “doutrina” ou de apologética (polêmica religiosa) têm
essa tendência. No calor da disputa, quase ninguém se lembra de
perguntar o que o texto significa no seu contexto, mas apenas se ele
é conveniente para “dizer o que eu quero que ele diga”. O melhor
modo de estudar as Escrituras é aprender a pensar de acordo com o
contexto: é aprender a extrair a mensagem inteira de textos longos;
é também ler como leram os primeiros leitores.
Lembro-me de uma historia que ouvi, se ela é verdade não possoafirmar, por isso a passo aos alunos da forma como a escutei. Certo
obreiro foi convidado a participar de um congresso. Ele viu nesse
convite uma oportunidade de ganhar um dinheiro extra, e mandou
imprimir mil camisetas com o logotipo e o lema do congresso.
Arrumou uma mesinha na entrada do local de reuniões e colocou o
filho como encarregado de vender as camisetas. No último dia dereuniões, foi verificar o resultado se seu negocio e viu com surpresa
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que só tinha vendido vinte camisetas, horrorizado comprovou que
estava com um prejuízo de 980 camisetas. Como ele tinha o sermão
de encerramento, subiu aquela noite no púlpito, e disse:
“Amados irmãos, hoje eu tenho uma mensagem de Deus para
vocês”. – Aleluia! Exclamou entusiasmada a plateia que lotava o
recinto – “Deus falou comigo!” – continuou o pregador – E Ele diz,
com voz clara e audível que eu deveria seguir a Bíblia e que eu
deveria obedecer também o que ela diz. Então eu perguntei a Deus.
O que eu devo fazer Senhor? Eu fiz a mesma pergunta de Paulo no
Caminho de Damasco. Então o Senhor me respondeu: “Abra aPalavra e leia, leia e obedeça!”.
“Irmãos, então, tomei a minha Bíblia e abri, a leitura que o Senhor
me mostrou estava em Marcos 10:21. O Senhor me diz, pela sua
Palavra: “ Vai, vende tudo...”. “Agora eu tenho que obedecer e vocês
têm que cumprir essa ordem do Senhor, eu estou com 980
camisetas ali na entrada, elas são abençoadas pelo Senhor, e Deus
me diz: Vai vende tudo, por isso eu não posso sair daqui até não ter
vendido até a última delas. Irmãos... Está escrito, vai e vende tudo,
eu tenho que obedecer”.
Não sei se é verdade, mas essa história ou estória ilustra muito bem
o que estamos querendo passar a nossos alunos, muitos textos das
Escrituras são usados para afirmar as mais estranhas coisas, e mal
usados para desculpas suspeitas, sem falar nas inumeráveis
heresias que são o fruto de um punhado de textos fora do contexto.
Portanto, se não pesquisarmos bem o contexto de uma passagem
bíblica, corremos o perigo de ensina-la fora de seu sentido original,
em interpretações que não passam de tentativas de achar um
significado para ela.
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5. O SIGNIFICADO APROPRIADO DA PALAVRA
No estudo do contexto há um fator importante a ser considerado,
que é o estudo da palavra em si mesma. As palavras são
comparadas a tijolos com os quais a comunicação seja ela falada ou
escrita, é construída. O correto significado das palavras é a chave
numa comunicação correta. Se você deseja se comunicar e se fazer
entender, deve consequentemente empregar o correto uso das
palavras, em especial com um significado apropriado.
No estudo das Escrituras nada é tão importante como o estudo
original das palavras. Depois de estudar o texto e seu contexto
devemos fixar nossa atenção nas palavras. Vamos definir o estudo
de palavras. É a atividade de descobrir o significado original de uma
palavra no texto bíblico. Lembremos que as palavras transmitem
ideias, expressam sentimentos, indicam ações e demonstram
qualidades. Nosso alvo como teólogos será entender o significado
que as palavras tinham para o autor bíblico que a empregou, e que
consequentemente há de ser o significado dos primeiros leitores da
obra. Devemos nos colocar como leitores na época em que autor
usou a palavra para expressar suas ideias. Veremos porque um
estudo cuidadoso é necessário, visto que as línguas se modificam
de geração para geração, e não desejamos descobrir o que a
palavra pode significar hoje, mas, sim, o que ela significouoriginalmente.
Há palavras na Bíblia cujo significado bíblico difere do sentido
moderno. É o caso da palavra “piedade” como é empregada no
Novo Testamento. Conforme o uso dos autores do Novo
Testamento “piedade” significa temor a Deus, respeito e reverência
em relação a Deus. Ou seja, piedade é o que devemos ter em nossorelacionamento com Deus, um adjetivo derivado explica melhor este
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sentido: Piedoso.
O sentido moderno da palavra “piedade” é completamente diferente,
significando dó, pena, uma demonstração de compaixão. A palavra
hebraica, empregada no Antigo Testamento também significa dó,
pena e compaixão. Portanto, estamos também diante de um caso
em que, pelo menos nas versões, há diferença de sentido das
palavras de Testamento para Testamento. Se você consulta um
dicionário verá a explicação dos dois sentidos, porém o mais
conhecido é o sentido que expressa um sentimento de dó e pena
por outros. No Novo Testamento não ocorre este uso, mas apenasaquele em que “piedade” é o modo certo de relacionar-se com Deus.
Este exemplo ilustra a necessidade de fazer um bom estudo de
palavras na pesquisa e relação entre Texto, Contexto e Palavra.
O estudo de palavras também é importante pelo fato de nossas
versões fazerem uso de termos que mudaram de sentido. A palavra
“caridade” é um bom exemplo. Nas versões antigas (como ARC)
este termo é o principal para designar o “amor” (ARA). De acordo
com o dicionário, este último uso é o mais correto. Mas talvez a
“caridade” seja entendida como amor a Deus em algumas regiões
do Brasil, porém, em geral, o termo “caridade” é mais associado a
atos de benevolência (dar esmolas) do que com a dedicação e amor
a Deus. Os tradutores bíblicos, ao empregar a palavra “caridade”talvez desejassem imprimir um sentido mais nobre e elevado a esta
palavra grega, pois geralmente se emprega em grego a palavra
“ágape” em contraste com “fileo”. Portanto, as diferenças de sentido
das palavras como usadas em versões bíblicas é um forte incentivo
para o estudo das palavras.
O estudo de palavras não é, porém, feito apenas
Recommended