View
109
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
Narrativas Narrativas
em em sala de aula:sala de aula:
Entre Cordel e Entre Cordel e
Fábula, Fábula,
os bonecos os bonecos
falam...falam...
OObjetivobjetivo
Este projeto visa a explorar - através Este projeto visa a explorar - através
de SEMELHANÇAS e DIFERENÇAS - de SEMELHANÇAS e DIFERENÇAS -
dois tipos de narrativas que, devido dois tipos de narrativas que, devido
ao cunho popular, são pouco tratadas ao cunho popular, são pouco tratadas
no âmbito escolar, mas que possuem no âmbito escolar, mas que possuem
uma variedade de elementos para o uma variedade de elementos para o
desenvolvimento do aluno, na desenvolvimento do aluno, na
disciplina de Língua Portuguesa.disciplina de Língua Portuguesa.
OObjetos de análise:bjetos de análise:
Velha História:Velha História: um curta-metragem de um curta-metragem de
Claudia Jouvin (2004), inspirado no poema Claudia Jouvin (2004), inspirado no poema
de Mário Quintanade Mário Quintana
O Lobisomem e o Coronel:O Lobisomem e o Coronel: curta- curta-
metragem de Elvis K. Figueiredo e Ítalo metragem de Elvis K. Figueiredo e Ítalo
Cajueiro (2002)Cajueiro (2002)
““Precisamos de ficção tanto quanto Precisamos de ficção tanto quanto
precisamos da realidade. Embora não precisamos da realidade. Embora não
possamos viver em um mundo de possamos viver em um mundo de
fantasias, temos necessidade de sair fantasias, temos necessidade de sair
um pouco do mundo do real para, um pouco do mundo do real para,
justamente, aprender a lidar com justamente, aprender a lidar com
ele.” (Rosália Duarte)ele.” (Rosália Duarte)
““Narrativas Narrativas alegóricasalegóricas, que se transmitem no tempo e , que se transmitem no tempo e
no espaço, sofrendo variações, mas guardando certos no espaço, sofrendo variações, mas guardando certos
valores simbólicos que se desejam universais. Acham-se valores simbólicos que se desejam universais. Acham-se
nos nos contos popularescontos populares, nas , nas lendaslendas, nos , nos contos de contos de
fadasfadas, nos , nos evangelhosevangelhos e em certos e em certos textos textos
fantásticosfantásticos.” (Charaudeau, 2008:p.155).” (Charaudeau, 2008:p.155)
““Narrativas Narrativas que idealizam heróisque idealizam heróis, que os propõem , que os propõem
como como modelomodelo e fazem deles os arquétipos de um ideal e fazem deles os arquétipos de um ideal
de ser. de ser.
Essa forma de narrativa se encontra na Essa forma de narrativa se encontra na literatura épicaliteratura épica
ou nas ou nas hagiografiashagiografias da Idade Média, em certas da Idade Média, em certas
biografias biografias modernas dos grandes homens (…) onde o modernas dos grandes homens (…) onde o
herói se apresenta como uma figura ao mesmo tempo herói se apresenta como uma figura ao mesmo tempo
concretaconcreta (ele é identificado) e (ele é identificado) e abstrataabstrata (ele representa (ele representa
um tipo ideal), com a qual o leitor ou o espectador um tipo ideal), com a qual o leitor ou o espectador
poderá facilmente identificar-se.” (Charaudeau, poderá facilmente identificar-se.” (Charaudeau,
2008:p.155)2008:p.155)
““Era uma vez um Era uma vez um maldito, avarento e maldito, avarento e
orgulhosoorgulhoso,, me refiro a Benedito, um me refiro a Benedito, um
coronel poderoso” (coronel poderoso” (O Lobisomem e o O Lobisomem e o
CoronelCoronel))
““(...) Como era (...) Como era tocantetocante vê-los no '17'!” vê-los no '17'!”
((Velha HistóriaVelha História))
““(...) com a outra cuidando do peixinho, enquanto (...) com a outra cuidando do peixinho, enquanto
este, este, silencioso e levemente silencioso e levemente
melancólico, tomava laranjada por um melancólico, tomava laranjada por um
canudinho especialcanudinho especial.” (.” (Velha História –Velha História –
Personificação)Personificação)
““GrrrrGrrrr!!”, “”, “Pooow!Pooow!”, “”, “Crash!Crash!” (” (O O
Lobisomem e o Coronel –Lobisomem e o Coronel – Onomatopéia) Onomatopéia)
““CoronelCoronel” (alcunha dada àqueles que ” (alcunha dada àqueles que
detêm o poder político local, devido a suas detêm o poder político local, devido a suas
posses; muito comum nos interiores, como posses; muito comum nos interiores, como
o sertão nordestino)o sertão nordestino)
““CabraCabra” (sujeito, indivíduo; mestiço de ” (sujeito, indivíduo; mestiço de
mulato e negro)mulato e negro)
Já a Fábula - também popular Já a Fábula - também popular
como o Cordel – não trabalha um como o Cordel – não trabalha um
vocabulário regional, mas sim vocabulário regional, mas sim
uma linguagem ligada ao uma linguagem ligada ao
entendimento universal (comum), entendimento universal (comum),
a fim de que a “moral da história” a fim de que a “moral da história”
seja facilmente compreendida em seja facilmente compreendida em
qualquer tempo e lugar.qualquer tempo e lugar.
Enquanto literatura, o Cordel possui grande papel crítico, Enquanto literatura, o Cordel possui grande papel crítico,
misturado ao folclore, que na maioria da vezes é o grande misturado ao folclore, que na maioria da vezes é o grande
cenário da história. Pode-se dizer, inclusive, que o grande cenário da história. Pode-se dizer, inclusive, que o grande
objetivo da Literatura de Cordel é a denúncia ou exposição objetivo da Literatura de Cordel é a denúncia ou exposição
da realidade, em geral, Nordestina. Em da realidade, em geral, Nordestina. Em O Lobisomem e o O Lobisomem e o
CoronelCoronel, o tema central não é a lenda do , o tema central não é a lenda do LobisomemLobisomem, mas , mas
sim a ascensão de uns em cima da punição e diminuição de sim a ascensão de uns em cima da punição e diminuição de
outros. Dentro desse contexto, vê-se a fome, o coronelismo, outros. Dentro desse contexto, vê-se a fome, o coronelismo,
a exploração, a violência, etc.:a exploração, a violência, etc.:
“ “ (...) (...) É que o homem é do homem o mais terrível É que o homem é do homem o mais terrível
lobolobo” (paráfrase da citação do filósofo inglês Thomas ” (paráfrase da citação do filósofo inglês Thomas
Hobbes: “O homem é o lobo do homem”)Hobbes: “O homem é o lobo do homem”)
Já a Fábula, que traz consigo uma moral de Já a Fábula, que traz consigo uma moral de
forma mais abrangente - diria até forma mais abrangente - diria até
universalista -, utiliza-se de traços humanos universalista -, utiliza-se de traços humanos
aplicados a animais (seres supostamente aplicados a animais (seres supostamente
irracionais), a fim de que se retire, através da irracionais), a fim de que se retire, através da
sátira e/ou da ironia, uma lição:sátira e/ou da ironia, uma lição: ““(...) E a água fez redemoinho, que foi depois serenando, (...) E a água fez redemoinho, que foi depois serenando,
serenando... serenando... até que o peixinho morreu afogado...até que o peixinho morreu afogado..." (a " (a
ironia expressa através da morte por afogamento do peixinho ironia expressa através da morte por afogamento do peixinho
demonstra a fragilidade do ser humano ao deparar-se com uma demonstra a fragilidade do ser humano ao deparar-se com uma
realidade que não lhe é (mais) familiar; é, talvez, o realidade que não lhe é (mais) familiar; é, talvez, o
desencontro consigo mesmo em seu próprio habitat)desencontro consigo mesmo em seu próprio habitat)
Em relação aos personagens, as Em relação aos personagens, as
narrativas em questão se narrativas em questão se
apresentam de forma diferente. apresentam de forma diferente.
Enquanto o Cordel compõe um herói Enquanto o Cordel compõe um herói
justiceiro e ideal, a Fábula concentra-justiceiro e ideal, a Fábula concentra-
se em animais, digamos, se em animais, digamos,
humanizados.humanizados.
CITELLI, AdilsonCITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. Linguagem e Persuasão. 8 ed. São Paulo: Ática, . 8 ed. São Paulo: Ática,
2004.2004.
CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso: modos de CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso: modos de
argumentação. São Paulo: Contexto, 2007.argumentação. São Paulo: Contexto, 2007.
DUARTE, Rosália. DUARTE, Rosália. Cinema e EducaçãoCinema e Educação. Belo Horizonte: Autêntica, . Belo Horizonte: Autêntica,
2002.2002.
GAVAZZI, Sigrid & GUIMARÃES, Cristiane. O ensino da GAVAZZI, Sigrid & GUIMARÃES, Cristiane. O ensino da
argumentação nas aulas de língua portuguesa. In: PAULIUKONIS, argumentação nas aulas de língua portuguesa. In: PAULIUKONIS,
Maria Aparecida Lina & SANTOS, Leonor Werneck dosMaria Aparecida Lina & SANTOS, Leonor Werneck dos. Estratégias . Estratégias
de leitura: texto e ensinode leitura: texto e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006.
DVD PORTACURTAS NA ESCOLADVD PORTACURTAS NA ESCOLA. Rio de Janeiro: Projeto . Rio de Janeiro: Projeto
PETROBÁS, 2008PETROBÁS, 2008
Recommended