No século IV a.C. Alexandria era uma das praças-fortes do Império Romano do Oriente, recentemente...

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No século IV a.C. Alexandria era uma das praças-fortes do Império Romano do Oriente, recentemente convertido ao Cristianismo que se impunha, triunfante, sobre o culto politeísta da tradição greco-romana. Mas era um triunfo agitado por combates até mesmo entre cristãos, além da convivência permeada de conflitos com judeus e

pagãos.

O reinado de Teodósio marca o auge da transformação do Cristianismo, de religião perseguida para religião dominante. Atendendo ao pedido do Patriarca de Alexandria, ele

autorizou a destruição do Templo de Serápis , um vasto santuário pagão onde eram praticados sacrifícios de animais.

A Igreja Católica crescia e angariava adeptos, que cada vez mais se rebelavam contra antigas doutrinas filosóficas e religiosas que

discordavam dos preceitos da nova religião.

Assim, por mais que a legislação procurasse coibir distúrbios, eram comuns surtos de violência religiosa, principalmente após a ascensão de

Cirilo ao Patriarcado.

Apesar do clima de violência e intolerância, Alexandria mantinha-se um grande pólo de cultura e expressão devido à sua famosa biblioteca, a maior e

mais luxuosa de toda a Antiguidade.

E foi neste perigoso contexto de transição conturbada e confusa que nasceu uma extraordinária mulher chamada Hipátia, em 355 d.C.

Era filha de Theon, filósofo, matemático e astrônomo, diretor do Museu de Alexandria

Hipátia cresceu em um ambiente cercado de cultura sendo guiada por seu pai nos estudos da Matemática e Filosofia. Ele acreditava no ideal grego da “mente

sã em um corpo sadio” estimulando a filha a exercitar tanto a mente como o corpo. Contam as lendas que ele desejava torná-la “um ser perfeito”.

Ainda jovem viajou a Atenas para complementar seus estudos. Tornou-se conhecida na Grécia como “A Filósofa”, demonstrando cedo profunda sabedoria.

Segundo todos os testemunhos, era de grande beleza. Despertou muitas paixões e teve vários pretendentes, mas rejeitou todas as propostas de casamento, dizendo-se “casada com a verdade”. Contudo, segundo a enciclopédia bizantina "Suda", ela

teria se casado com o filósofo Isidoro.

Sócrates Escolástico relata: “Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Theon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos de seu tempo. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e

muitos vinham de longe para receber seus ensinamentos.”

Ainda em Atenas tornou-se discípula de Plutarco e professava ensinamentos Neo-platônicos. Ao retornar a sua pátria, foi convidada

para assumir uma cadeira na Academia de Alexandria como professora. Por volta dos 30 anos, tornou-se diretora da Academia.

Seus conhecimentos abrangiam a Filosofia, a Matemática, Astronomia, Religião, poesia e artes. Era versada em oratória e retórica.

Escreveu diversos livros e tratados sobre álgebra e aritmética. Seu interesse por mecânica e tecnologia a levaram a conceber instrumentos utilizados na Física e na

Astronomia, como o astrolábio plano, o planisfério e um hidrômetro. Infelizmente suas obras foram perdidas durante o incêndio que destruiu a Biblioteca de Alexandria. Tudo o que chegou-nos vem através de suas correspondências. Um de seus alunos Hesíquio

o hebreu, escreveu:

“Vestida com o manto dos filósofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Platão e de Aristóteles,

ou de qualquer filósofo a todos os que a quisessem ouvi-la... Os magistrados costumavam consultá-la em primeiro lugar para a

administração dos assuntos da cidade”. (Hesíquio, o Hebreu, aluno de Hipátia)

Gozava de grande influência sobre Orestes, seu ex-aluno e prefeito da cidade. Enquanto ele detinha muito poder sua vida estivera sempre protegida. Porém ele próprio tinha sua sobrevivência política ameaçada e despertava ódio em facções

rivais.

Hipátia foi uma grande mulher que nasceu na época errada. Estudiosa e livre pensadora, sua observação de que o universo era regido pela leis da matemática

a caracterizaram como herege em um momento onde o Cristianismo triunfava dentro do espírito despótico e obscurantista característicos da própria época.

Quando Cirilo tornou-se Patriarca, o conflito político deste com o prefeito Orestes acirrou os ânimos políticos e Hipátia, conhecida como sua eminente e

respeitável aliada, passou a ter sua sua vida seriamente ameaçada.

Em uma tarde de 415 D.C. retornando a sua casa, Hipátia foi abordada por uma turba de cristãos furiosos que a arrancaram de sua carruagem,

arrastaram-na para uma igreja e lá rasgaram-lhe as roupas deixando-a completamente nua. Puseram-se a esfolar sua pele com cascas de ostras

afiadas. Por fim desmembraram-lhe o corpo e atiraram seus restos às chamas.

Segundo alguns, morria com ela uma era de liberdade e florescimento filosófico e cultural em Alexandria. Esta versão é contestada por fontes que julgam mais plausível ser uma retaliação puramente política, por sua influência sobre o prefeito de Alexandria, que teria ordenado a execução de um monge cristão chamado Amónio, pois outros partidários de

Orestes também foram assassinados na mesma época.As últimas pesquisas crêem que o homicídio de Hipátia resultou do conflito de duas

facções cristãs: uma mais moderada, ao lado de Orestes, e outra mais fanática, seguidora de Cirilo.

Trecho de uma carta de Senésio de Cirene , aluno de Hipátia:"Meu coração deseja a presença de vosso divino espírito que mais do que tudo poderia

adoçar minha amarga sorte. Oh minha mãe, minha irmã, mestre e benfeitora minha! Minha alma está triste. Mata-me a lembrança de meus filhos perdidos… Quando receber notícias

tuas e souber, como espero, que estás mais feliz do que eu, aliviar-se-ão pelo menos a metade de minhas dores".

Afresco de Rafael “A Escola de Atenas”, onde, no canto inferior esquerdo ele retrata Hipátia junto ao grupo de filósofos quecerca Platão, apontando para o céu (ideal) e Aristóteles para a terra (real). Segundo uma máxima entre os filósofos, “sentimos platonicamente e pensamos aristotelicamente.”, ou seja, a discussão entre o real e o ideal continua até os dias de hoje.

FORMATAÇÃO: CLAUDIA MADEIRAENTRE NO SITE: http://slidescorepoesia.com

TEXTO E IMAGENS: INTERNET(AS IMAGENS SÃO DO FILME “ÁGORA”, LANÇADO EM

JUNHO NOS EUA, COM RACHEL WEISS NO PAPEL DE HIPÁTIA.QUEM DESEJAR RECEBER E-MAILS EM SUA CAIXA POSTAL ESCREVA PARA clmadeira22@yahoo.com.br COLOCANDO EM

ASSUNTO:RECEBER SLIDES

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