Nome do Pai: José Avelino da Gama de Carvalho Nome Completo : Rómulo Vasco da Gama de Carvalho...

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Escola Secundária de Porto de Mós

Dia Nacional da Cultura Científica

24 de novembro

Rómulo de Carvalho Nome do Pai: José Avelino da Gama de Carvalho

Nome Completo :

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho

Nome da Mãe :Rosa das Dores Oliveira Gama de Carvalho

Nasceu : a 24 de Novembro de 1906 na Rua do Arco do Limoeiro (hoje Rua Augusto Rosa) na lisboeta freguesia da Sé.

Rómulo Vasco da Gama de Carvalho

(Lisboa, 24 de Novembro de 1906 -

Lisboa, 19 de Fevereiro de 1997)

Português

Rómulo de Carvalhoe

António Gedeão

Rómulo de Carvalhoe

António Gedeão

O dia do seu nascimento foi, em 1997, adotado em Portugal como Dia

Nacional da Cultura Científica.

Poeta, professor e historiador da ciência portuguesa

António Gedeão

concluiu no Porto, o curso de Ciências Físico-Químicas

pseudónimo de Rómulo de Carvalho

RÓMULO DE CARVALHO OU ANTÓNIO GEDEÃO ?

Poem

a de

me

cham

ar

Antó

nio

Hoje, ao nascer do sol, de manhãzinha, ouvi cantar um galo no quintal quando eu tinha seis anos e fui passar as férias do Natal com a minha madrinha.

Na cama improvisada no corredorsabiamente fingia que dormiamuito embrulhado num cobertor,enquanto numa luz melada e quase fria,o mundo, sabiamente,fingia que nascia.

E então apeteceu-me também nascer,nascer por mim, por minha expressa vontade,sem pai nem mãe,sem preparação de amor,sem beijos nem carícias de ninguém,só, só e só por minha livre vontade.

Dobrado em círculo no ventre do meu cobertor, enrugado como um feto à espera da liberdade (viva a liberdade!) cerrava e descerrava as pálpebras, sabiamente, como se as não movesse, como se não sentisse nem soubesse, abrindo-as numa fenda dissimulada e estreita, insensível às coisas quotidianas, mas hábil para aquela alvorada puríssima e escorreita que me inundava o sangue através das pestanas. Fremiam-se-me as pálpebras sacudindo na luz um pó de borboletas, um explodir de missangas furta-cores,bacilos e vapores,rendas brancas e pretas.

Cada vez mais feto, mais redondo, mais bicho-de-conta, mais balão, mais planeta, bola prontaa meter-se no forno,mais eterno retorno, mais sem fim nem princípio, sem ponta nem aresta,excremento de escaravelho aberto numa fresta.

Poema de me chamar António

Foi assim que a voz do galo na capoeira do quintal da vizinha que tinha plantado ao centro uma nespereira mesmo junto da casa da minha madrinha, penetrou no ventre macio do meu cobertor. Era uma frente de onda, compacta e envolvente, pura já na garganta e agora mais que pura, filtrada e destilada nos poros ávidos da minha cobertura. Chegou e fulminou o meu ser indigente, exposto e carecido, naquele gesto mole e distraído do Deus omnipotente da Capela Sistina quando ergue a mão terrível e fulmina o coração de Adão.

E pronto. Eis-me nascido. Cheio de sede e fome.

António é o meu nome.

Foi então que o tal galo cantou. Looooooonge... Muito looooooonge... no quintal da vizinha, lá para o fim do mundo mesmo ao lado da casa da minha madrinha. Era uma voz redonda, débil, inexperiente, bruxuleante como a chama que está mesmo a apagar-se e esperta de repente e novamente morre e de novo se inflama. Uma voz sub-reptícia, anódina, irresponsável, fugaz e insinuante, um canto sem contornos, aéreo, imponderável.

Tudo isso e muito mais, mas principalmente distante.

(Poema de me chamar António)

Rómulo de Carvalho

historiador da ciência, da pedagogia e da cultura portuguesa

(1906-1997)

professor de Ciências Físico-Químicas

mais conhecido por:

António Gedeão

símbolo inigualável da cultura científica em Portugal

poeta

divulgador científico

Rómulo de Carvalhoe

António Gedeão

Académico efetivo da Academia das Ciências de Lisboa

Diretor do Museu Maynense da Academia das Ciências de Lisboa

Livros sobre a Difusão da Ciência “Colecção Ciência para Gente

Nova” História do Telefone , Coimbra, 1952.

História da Fotografia , Coimbra, 1952.

História dos Balões , Coimbra, 1953.

História da Electricidade Estática , Coimbra, 1954.

História do Átomo , Coimbra, 1955.

História da Radioactividade , Coimbra, 1957.

História dos Isótopos , Coimbra, 1962.

História da Energia Nuclear , Coimbra, 1962.

Ciência Hermética , Colecção Cosmos, 118, Lisboa, 1947.

Embalsamento Egípcio , Colecção Cosmos, 142-143, Lisboa, 1948.

Que é a Física ? Colecção Arcádia, Lisboa, 1959.

A Física para o Povo , volumes I e II, Coimbra, 1968.

Sr Tompkins Explora o Átomo , Lisboa, 1956.

História da Fundação do Colégio Real dos Nobres de Lisboa (1765-1772), Coimbra, 1959.

História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra (1772-1790) - desde a sua fundação em 1772 até ao Jubileu do Prof. Giovanni António Dalla Bella, Coimbra, 1978.

Relações entre Portugal e a Rússia no Século XVIII , Lisboa, 1979.

A Actividade Pedagógica da Academia das Ciências de Lisboa nos Séculos XVIII e XIX , Lisboa, 1981.

A Física Experimental em Portugal no Século XVIII , Lisboa, 1982.

A Astronomia em Portugal no Século XVIII , Lisboa, 1985.

História do Ensino em Portugal, desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime de Salazar-Caetano, Lisboa, 1986.

Obras Históricas

Compêndio de Química para o 3.º Ciclo, Lisboa, 1949.

Guias de Trabalhos Práticos de Química para o 3.º Ciclo , Lisboa, 1957.

Problemas de Física para o 3.º Ciclo do Ensino Liceal , I Volume, Coimbra, 1959.

Ciências da Natureza , Coimbra, 1968.

Aditamento aos Guias de Trabalhos Práticos de Química , Coimbra, 1975.

Livros Didácticos

A Descoberta do Mundo da Física , Lisboa, 1979.A Experiência Científica , Lisboa, 1979.A Natureza Corpuscular da Matéria , Lisboa, 1979.Moléculas, Átomos e Iões , Lisboa, 1979.A Estrutura Cristalina , Lisboa, 1980.A Energia , Lisboa, 1980.As Forças , Lisboa, 1980.O Peso e a Massa , Lisboa, 1980.As Reacções Químicas , Lisboa, 1980.A Composição do Ar , Lisboa, 1982.A Pressão Atmosférica , Lisboa, 1982.A Electricidade Estática , Lisboa, 1982.A Corrente Eléctrica , Lisboa, 1983.Magnetismo e Electromagnetismo , Lisboa, 1983.A Electrónica , Lisboa, 1983.A Radioactividade , Lisboa, 1985.A Energia Radiante , Lisboa, 1985.Ondas e Corpúsculos , Lisboa, 1985.

Cadernos de Iniciação Científica

Movimento Perpétuo (1956)

Teatro do Mundo (1958)

Máquina de Fogo (1961)

Poema para Galileu (1964)

Linhas de Força (1967)

Poemas Póstumos (1983)

Novos Poemas Póstumos (1990)

Poesia

António Gedeão

Obras

Obras

1956“Movimento Perpétuo”

1958“Teatro

do Mundo”

Obras

1961“Máquina de Fogo”

Obras

1967“Linhas

de Força”

Obras

1983“Poemas

Póstumos”

Obras

1990“Novos Poemas

Póstumos”

Obras

1990“Poesias

Completas”

Obras

1997“Poemas

Escolhidos”

Obras

Rómulo de Carvalhoe

António GedeãoQuímico

Professor de Físico-Química do ensino secundário no Liceu Pedro Nunes

Pedagogo

Investigador de História da ciência em Portugal

Divulgador da ciência

Poeta sob o pseudónimo de António Gedeão.

Pedra Filosofal e Lágrima de Preta

são dois dos seus mais

célebres poemas

Rómulo de Carvalhoe

António Gedeão

Pedr

a Fi

lisof

al

Eles não sabem que o sonhoé uma constante da vidatão concreta e definidacomo outra coisa qualquer,como esta pedra cinzentaem que me sento e descanso,como este ribeiro mansoem serenos sobressaltos,como estes pinheiros altosque em verde e oiro se agitam,como estas aves que gritamem bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonhoé vinho, é espuma, é fermento,bichinho álacre e sedento,de focinho pontiagudo,que fossa através de tudonum perpétuo movimento.

Pedra Filosofal Eles não sabem que o sonhoé tela, é cor, é pincel,base, fuste, capitel,arco em ogiva, vitral,pináculo de catedral,contraponto, sinfonia,máscara grega, magia,que é retorta de alquimista,mapa do mundo distante,rosa-dos-ventos, Infante,caravela quinhentista,que é cabo da Boa Esperança,ouro, canela, marfim,florete de espadachim,bastidor, passo de dança,Colombina e Arlequim,passarola voadora,pára-raios, locomotiva,barco de proa festiva,alto-forno, geradora,cisão do átomo, radar,ultra-som, televisão,desembarque em foguetãona superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,que o sonho comanda a vida,que sempre que um homem sonhao mundo pula e avançacomo bola coloridaentre as mãos de uma criança.

Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida

Que sempre que um homem sonhao mundo pula e avança

Como bola coloridaentre as mãos de uma

criança.

A Pedra Filosofal foi inventada pelo Nicolas Flamel e designada pelo elixir da vida. A sua utilidade é prolongar a vida indefinidamente.

História da Pedra Filosofal

Lágr

ima

de P

reta

Lágrima de Preta

Nem sinais de negro,nem vestígios de ódio.Água (quase tudo)e cloreto de sódio.

Encontrei uma pretaque estava a chorar,pedi-lhe uma lágrimapara a analisar.

Recolhi a lágrimacom todo o cuidadonum tubo de ensaiobem esterilizado

Olhei-a de um lado,do outro e de frente:tinha um ar de gotamuito transparente.

Mandei vir os ácidos,as bases e os sais,as drogas usadasem casos que tais.

Ensaiei a frio,experimentei ao lume,de todas as vezesdeu-me o que é costume:

Poem

a pa

ra G

alile

o

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,aquele teu retrato que toda a gente conhece,em que a tua bela cabeça desabrocha e florescesobre um modesto cabeção de pano.Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.Disse Galeria dos Ofícios.)Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.

Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…Eu sei… eu sei…As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.Ai que saudade, Galileo Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florençaestá guardado um dedo da tua mão direita num relicário.Palavra de honra que está!As voltas que o mundo dá!Se calhar até há gente que pensaque entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,a inteligência das coisas que me deste.Eu,e quantos milhões de homens como eua quem tu esclareceste,ia jurar- que disparate, Galileo!- e jurava a pés juntos e apostava a cabeçasem a menor hesitação-que os corpos caem tanto mais depressaquanto mais pesados são.

Poema para Galileo

Pois não é evidente, Galileo?Quem acredita que um penedo caiacom a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,daquela cena em que tu estavas sentado num escabeloe tinhas à tua frenteum friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capeloa olharem-te severamente.Estavam todos a ralhar contigo,que parecia impossível que um homem da tua idadee da tua condição,se tivesse tornado num perigopara a Humanidadee para a Civilização.Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,e percorrias, cheio de piedade,os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,desceram lá das suas alturase poisaram, como aves aturdidas- parece-me que estou a vê-las -,nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qualconforme suas eminências desejavam,e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonale que os astros bailavam e entoavamà meia-noite louvores à harmonia universal.

(Poema para Galileo)

E juraste que nunca mais repetiriasnem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,aquelas abomináveis heresiasque ensinavas e descreviaspara eterna perdição da tua alma.Ai Galileo!Mal sabem os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundoque assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,andavam a correr e a rolar pelos espaçosà razão de trinta quilómetros por segundo.Tu é que sabias, Galileo Galilei.

Por isso eram teus olhos misericordiosos,por isso era teu coração cheio de piedade,piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditososa quem Deus dispensou de buscar a verdade.Por isso estoicamente, mansamente,resististe a todas as torturas,a todas as angústias, a todos os contratempos,enquanto eles, do alto incessível das suas alturas,foram caindo,caindo,caindo,caindo,caindo sempre,e sempre,ininterruptamente,na razão directa do quadrado dos tempos.

(Poema para Galileo)

Liçã

o so

bre

a Ág

ua

Este líquido é água.Quando puraé inodora, insípida e incolor.Reduzida a vapor,sob tensão e a alta temperatura,move os êmbolos das máquinas que, por isso,se denominam máquinas de vapor.

É um bom dissolvente.Embora com excepções mas de um modo geral,dissolve tudo bem, bases e sais.Congela a zero graus centesimaise ferve a 100, quando à pressão normal.

Foi neste líquido que numa noite cálida de Verão,sob um luar gomoso e branco de camélia,apareceu a boiar o cadáver de Oféliacom um nenúfar na mão.

Lição sobre a Água

Agrupamento de Escolas de Porto de MósEscola Secundária/3º Ciclo de Porto de Mós

Ano Letivo 2011/2012

Dia Nacional da Cultura Cientifica24 de

Novembro de 2011 Elaborado

por:

Alunos do 8ºF

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