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Este livro é produção coletiva de uma turma de licenciandos em Ciências Biológicas da Universidade Federal Rural de Pernambuco. Foi concebido, elaborado e editado durante a disciplina de Prática de Ecologia, no segundo semestre de 2013, do turno vespertino.
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Nossa Casa
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Cadernos de Campus – n.4
NOSSA CASA
Ana Claudia C. Pinheiro Leite
Ana Raphaela Jurema da Silva Camila Brasilino B. de Araujo Cleopatra Maria do O Danielle Melo dos Santos Debora Cristina da S. Evaristo Daphne Andrade dos Santos Elizângela Cardoso dos Santos Géssica Dayane C. de Lima Gisélia Fernandes dos Santos Givania Dionisio Roque Jakeline França de Azevedo Jaqueline da Silva Melo Jennifer dos Santos Sousa Jose Artur Santos Vieira Juliana Ramos de Andrade Larissa Bacelar da Costa Lidiane Almeida Pessôa Lucas Sette Alves Mayara C. B. dos S. Rocha Milena Diniz dos Santos Paulo César Martins da Penha Raissa Camara Pessoa Sheila Alexandrino Bomfim Thays Maria da C. S. Carvalho Thiago Valesko Matias Tricia Ruschelle N. M. Marques Ubirajara Marinho de Souza Wanessa Batista Santos Wanieverlyn de Lima Silva Carmen R. de O. Farias (coord.)
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Universidade Federal Rural de Pernambuco Professora Maria José de Sena – Reitora Professor Marcelo Brito Carneiro Leão – Vice-reitor Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas Professora Betânia Cristina Guilherme – Coordenadora Professora Karine Matos Magalhães – Vice-coordenadora Departamento de Biologia Professora Maria de Mascena Diniz Maia – Diretora Professor Marcos Souto – Substituto eventual Área de Ensino das Ciências Biológicas Carmen Roselaine de Oliveira Farias – Supervisora Disciplina de Prática de Ecologia Carmen Roselaine de Oliveira Farias – Professora responsável Capa Os autores Editora Universitária Bruno de Souza Leão – Diretor Edição do Livro Digital Gilberto Cysneiros Filho – Professor do DEINFO/UFRPE
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Ficha catalográfica
N897 Nossa casa / Carmen Roselaine de Oliveira Farias (coordenadora); Ana Claudia C. Pinheiro Leite ... [et al.]. – Recife : EDUFRPE, 2014. 79 f. – (Cadernos de campus; n. 4) Referências. 1. Ecologia 2. Cotidiano 3. Educação ambiental I. Farias, Carmen Roselaine de Oliveira, coord. II. Leite, Ana Claudia C. Pinheiro III. Série CDD 304.2
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Este livro é dedicado a todos que amam e cuidam do ambiente, nossa casa comum.
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A nossa casa
Arnaldo Antunes / Alice Ruiz / Paulo Tatit / João Bandeira / Celeste Moreau Antunes / Edith Derdik / Sueli Galdino
Na nossa casa amor-perfeito é mato E o teto estrelado também tem luar A nossa casa até parece um ninho
Vem um passarinho pra nos acordar Na nossa casa passa um rio no meio
E o nosso leito pode ser o mar
A nossa casa é onde a gente está A nossa casa é em todo lugar
A nossa casa é de carne e osso
Não precisa esforço para namorar A nossa casa não é sua nem minha Não tem campainha pra nos visitar A nossa casa tem varanda dentro Tem um pé de vento para respirar
A nossa casa é onde a gente está
A nossa casa é em todo lugar
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SUMÁRIO
Apresentação .................................................................... 9
Vilão ou super-herói? ..................................................... 10
Rio Capibaribe: não o deixe morrer! ............................. 13
Viver para crer, eis a questão! ........................................ 15
Eu acho que vi um gatinho ............................................ 18
Caatinga: um grito de alerta! ......................................... 21
Entre cães, gatos e ru ..................................................... 24
O lixo e a educação ......................................................... 26
Lugar do lixo é no lixo! .................................................. 29
Da janela de um edifício ................................................ 31
Valores morais x consumo exagerado ........................... 35
Eu estudo biologia! ....................................................... 38
A beleza não valorizada do rio das pedras .................... 40
Alfabetização ecológica .................................................. 43
E o botânico ganhou vida! .............................................46
Um ‘t’ em nossas vidas. ..................................................49
Velho “sanfra” ................................................................ 52
Corruptos na praia ......................................................... 54
Considerações sobre pensar, agir e viver...
ecologicamente falando ................................................. 56
8
Lixo no rio Beberibe - falta de saneamento ou de
educação? ....................................................................... 59
Biólogo não joga lixo no chão ........................................ 62
As muitas cores do Capibaribe .......................................64
E a embalagem?! que embalagem?!............................... 67
Se o meio ambiente falasse? .......................................... 70
A dança das árvores na ventania ................................... 73
Ruas limpas x ruas sujas - cultura ou cultura ................ 75
Segurança no porto das galinhas ................................... 78
Você pode ir na janela .................................................... 81
Bem-te-vi de vassoura................................................... 84
Gastar água exacerbadamente é jogar a vida pelo ralo. 86
Fechando a torneira ...................................................... 88
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APRESENTAÇÃO
Este livro é produção coletiva de uma turma de
licenciandos em Ciências Biológicas da Universidade
Federal Rural de Pernambuco. Foi concebido, elaborado e
editado durante a disciplina de Prática de Ecologia, no
segundo semestre de 2013, do turno vespertino.
Motivados a escrever sobre ecologia associada
ao seu cotidiano, os estudantes buscaram observar com
mais atenção aspectos da vida que remetem a questões
ecológicas relevantes. Este desafio gerou um conjunto de
textos que entrelaçam as dimensões naturais e
socioculturais dos ambientes em que vivemos.
Nas crônicas aqui reunidas, o leitor encontrará
distintas perspectivas sobre ciência, ambiente, sociedade,
cultura e educação. Poderão apreciar reflexões sobre a
vida, nossas relações humanas com os animais e os
ecossistemas; questões referentes a problemas ambientais,
tais como a poluição, o lixo das cidades e o consumismo;
alternativas que se vislumbram por meio da educação
ambiental, alfabetização ecológica, formação em valores
éticos, segurança pública e atitudes orientadas para a
sustentabilidade socioambiental.
Cada crônica é como uma janela por onde
podemos olhar em perspectiva a nossa casa, o ambiente
compartilhado.
Sinta-se convidado à leitura!
Profa. Carmen Farias
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VILÃO OU SUPER-HERÓI?
Ana Cláudia C. P. Leite
Vampiros, monstros, bicho feio, são tantos os
apelidos que eles recebem. Você já viu um morcego de
perto? Ele é tão feio como dizem? Bem, trabalho com
morcegos e hoje tenho outra visão desses mamíferos
incríveis. Infelizmente a grande parte da população não
tem a oportunidade de conhecer esses animais de perto,
não sabe o quanto eles são importantes para o
restabelecimento de florestas, no controle de insetos, que
inclusive são prejudiciais ao homem, e outros mais
benefícios que eles prestam à natureza e
consequentemente a nós. Por eles não serem tão
carismáticos, por transmitirem doenças como raiva e
também por estarem incluídos em histórias de terror,
mitos e lendas criadas por culturas antigas, todo esse
conjunto de informações não dá chance para esse animal
alado mostrar seu lado bom, que garanto que é bem mais
relevante.
Por conta de mitos que contam que esses
animais mordem o pescoço para sugar o sangue, as
pessoas acham que todos os morcegos se alimentam de
sangue e isso é um grande equivoco, já que apenas três
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espécies de aproximadamente 1100 são hematófagas.
Porém, todas as espécies de morcegos podem transmitir o
vírus da raiva, por possuírem o hábito de lamberem uns
aos outros independentemente da espécie. Lembrando que
macaco, timbu e outros mamíferos selvagens também
podem transmitir a raiva, sem contar os animais
domésticos como cães e gatos.
Os morcegos são os únicos mamíferos que
voam, e não é um voo simples, suas mãos transformadas
em asas permitem que este astucioso animal se mobilize
por matas, dentro de cavernas e até em áreas urbanas.
Como já havia dito antes, são extremamente importantes
para o ecossistema, atuam na dispersão de sementes, se
alimentam de insetos que transmitem doenças ao homem,
polinizam plantas e ainda controlam a população de
outros animais na natureza. Além do mais, são animais da
fauna brasileira e desta forma protegidos por lei.
Todos já estão cansados de saber que à medida
que as cidades crescem e com ela a necessidade de espaço
e recursos, as matas são derrubadas, rios represados,
mangues aterrados, entre outras perturbações. Em
consequência, os animais perdem seu habitat natural de
forma que muitos morrem e os que conseguem sobreviver
vão à procura de outro espaço que ofereça abrigo e
alimento.
Com os morcegos não é diferente, cada dia mais
a presença desses animais na área urbana vem
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aumentando e com isso a interação com o homem muitas
vezes é inevitável. Os morcegos que colonizam as cidades
em sua grande maioria são insetívoros, frugívoros,
nectarívoros e essas espécies são fundamentais para o
ecossistema.
Já ouviu falar naquela história de que as
aparências enganam? Pois bem, antes de formar opinião
em relação a qualquer coisa, primeiro temos que procurar
conhecer. No caso dos morcegos é conhecer para proteger.
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RIO CAPIBARIBE: NÃO O DEIXE MORRER!
Ana Raphaela Jurema da Silva
O rio Capibaribe é um curso d’água do estado
de Pernambuco, no Brasil. Seu nome originado da língua
tupi significa o “rio das capivaras”. A origem do nome
deve-se ao fato de que o maior roedor do planeta tinha
ampla distribuição ao longo de toda a extensão do rio.
Com a redução das áreas florestadas e com o enorme
crescimento urbano, as capivaras, hoje são encontradas
apenas em alguns trechos deste rio.
Este famoso rio Capibaribe não nasce no Recife,
não. Ele nasce na serra de Jacarará e antes de desaguar no
oceano Atlântico, ele entra na cidade do Recife pela várzea
por onde percorre por mais de 20 bairros até chegar ao
centro da “Veneza Brasileira”.
Um fato determinante para a história de
Pernambuco foi o fator geográfico do nosso rio, pois foi na
sua várzea que se formaram os primeiros engenhos de
cana de açúcar, devido ao seu solo massapê (solo de cor
bem escura que é encontrado na região litorânea do
nordeste brasileiro. É um solo muito fértil para a
agricultura).
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Apesar da imensa contribuição socioeconômica
que o rio traz para o nosso estado, ele anda muito
castigado. É um filho maltratado que carrega nas suas
grandes águas: dejetos orgânicos, o esgoto domiciliar e
toda sorte de lixo que possa comportar. O rio está
assoreado e coberto por lama... Está quase sem vida.
Infelizmente, é com grande tristeza que escrevo
sobre este assunto, pois um rio que já contribuiu tanto
com a sua riqueza, hoje, grita por socorro. Precisamos
estar atentos e sensíveis ao que a nossa natureza pede e
precisa. Preocupo-me se, de fato, conseguiremos salvar o
nosso Capibaribe. Porém como salvá-lo?
Nós, como seres pensantes, precisamos partir
de fato para a ação. Precisamos colocar a mão na massa de
forma que todos contribuam para a reabilitação do nosso
amado rio. E para que isso ocorra, a população precisa
compreender que não se deve jogar nenhum tipo de lixo
doméstico em suas águas, que as casas ribeirinhas
precisam ser saneadas e que os donos de indústrias
precisam parar de deixar jorrar os seus despejos tóxicos
em nossas águas já castigadas. Precisamos lutar todos os
dias para que o Capibaribe volte a ser saudável.
O Capibaribe de vida, o Capibaribe de
ostentação e riqueza, o Capibaribe que tanto nos inspira
com sua beleza.
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VIVER PARA CRER, EIS A QUESTÃO!
Camila Brasilino Botêlho de Araújo
Ainda era dia quando saímos da cidade de Natal
rumo ao desconhecido. Foram quatro dias navegando pelo
Atlântico... Só céu e água, maravilha! No último dia,
avistamos ao longe um conjunto de rochas no meio do
mar. “Terra firme!” assim gritaram calorosamente as
pessoas que ali estavam ansiosas por ela. Mal sabia eu, que
nesse conjunto de rochas viveríamos algumas das maiores
(e melhores) experiências das nossas vidas, a começar pela
quebra de barreiras e do antes presente paradigma “eu não
posso” que existia em nós. Foram quinze dias de
experiências maravilhosas.
Tive o grande prazer de fazer contato com
(outros) animais, mergulhei com golfinhos da espécie
Turciops trucatus, o golfinho nariz-de-garrafa, uma das
maiores espécies existentes no grupo e com uma raia
manta da espécie Mobula tarapacana. No início tive
medo, mas mesmo assim, me joguei na água. Confiei no
fato de que nada de mal me aconteceria, pois a energia que
estava depositando no momento era uma das melhores, e
assim pude desfrutar, vencendo meus medos, confiando
no melhor. A sensação de estar na água, junto deles foi
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maravilhosa. Eles me fitaram, todos. Olharam diretamente
nos meus olhos e sentiram minhas vibrações, perceberam
que não havia o medo, mas sim, o respeito. Recebi o
mesmo em troca. Acredito que de alguma forma, me
comuniquei com esses seres e que todos os humanos
deveriam vivenciar experiências como esta, pois ela
fortalece a visão de que somos todos iguais e que
compartilhamos do mesmo desejo: viver!
No Arquipélago de São Pedro e São Paulo nos
reintroduzimos ao todo, algo interessante de ser dito, pois
o cotidiano nos grandes centros urbanos erroneamente
nos faz sentir por fora do todo, como se fossemos seres á
parte. A la Cart.
Há algum tempo atrás, tive acesso a algumas
obras que discutiam sobre o estudo da interação do ser
humano com o meio em que vive, sua cultura, seus medos,
paradigmas, dogmas, é a chamada ecologia humana,
ciência a qual acredito eu, ainda não ser muito divulgada,
mas que julgo de grande importância para a compreensão
do homem perante a grandiosidade de suas atitudes
diárias.
Convivemos pouco mais de três semanas longe
da caoticidade do aglomerado de gente, mas diretamente
conectados com o todo e com isso tivemos oportunidade
de perder nossos medos e de refletir sobre a vida que se
leva e da vida que quer se levar.
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EU ACHO QUE VI UM GATINHO
Cleopatra Maria do Ó
Certo dia estava no apartamento de uma amiga
observando o gatinho dela brincar, como é gostoso ficar
olhando um gatinho brincar, corria de um lado para o
outro empurrando uma tampa de caneta. Em certo
momento dei por falta da minha borracha. Para minha
surpresa o gatinho tinha mudado de brinquedo. Depois de
rir muito com as travessuras, a minha amiga falou que ele
era assim mesmo, arteiro e curioso. Ela me relatou que
adorava o gatinho, porém ele vez ou outra capturava os
beija flores que visitavam a sua varanda. Que já tinha
coseguido salvar um, retirando-o de dentro da boca do
felino. Que sempre brigava com ele quando resolvia caçar.
Eu fiquei intrigada com isso. Poxa, ele é um
gato e caçar é instintivo. Ele fica preso o dia todo no
apartamento, é castrado e gordo. E quando tem a
oportunidade de satisfazer seus instintos é censurado.
No outro dia, quando cheguei na UFRPE, me
deparei com três gatinhos brincando ao ar livre. Corriam
de um lado para o outro, numa animação, sem ninguém
para criticá-los. Ah, aquilo que era vida. Logo depois
começaram a chegar outros gatinhos, sem exagero, acho
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que tinham uns cem gatos. Todos aguardando a sua
cuidadora colocar a ração do almoço.
Três meses depois passando no mesmo horário,
vi uma cena diferente, os gatinhos não estavam tão alegres
e brincalhões. Estavam magrinhos e visivelmente doentes.
Foi quando o conhecimento de veterinária retornou ao
meu consciente. Os filhotes e os idosos estavam de dar
pena. Com a imunidade baixa, são os mais suscetíveis às
doenças. E algumas bem preocupantes como:
panleucopenia mais conhecida como enterite infecciosa
felina; rinotraqueíte; clamidiose; FIV – AIDS felina e
muitas outras.
Não esquecendo de destacar a Toxoplasmose,
que se trata de uma zoonose causada pelo protozoário
Toxoplasma gondii, que tem o felino com hospedeiro
definitivo e aves e mamíferos como hospedeiros
intermediários. A transmissão é através da ingestão de
verduras e frutas contaminadas por oocistos, que são ovos
liberados nas fezes dos gatos contaminados e carne crua
que contenham os cistos do Toxoplasma gondii. Podem
causar problemas oculares, musculares, articulares,
cardíacos e cerebrais. Causa danos irreversíveis ao feto. A
maioria dos gatos contaminados não exibe os sintomas,
porém permanecem transmissores.
No mesmo dia voltei à casa do gatinho caçador
de beija flores. E lá estava ele gordinho e feliz, brincando
com um ratinho de pelúcia. Quando percebeu a minha
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chegada, subiu na mesa, desligou o monitor do
computador para chamar atenção, então fiz um carinho na
sua cabeça fofinha, satisfeito, desceu da mesa e entrou na
minha mochila. Como sempre arrancou de mim uma
risada e mais um carinho. Lugar de gatinho é em casa.
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CAATINGA: UM GRITO DE ALERTA!
Danielle Melo dos Santos
Quando criança nem imaginava que iria
trabalhar e amar com todo o meu coração uma vegetação
com galhos retorcidos, pouquíssimas folhas com acúleos
imensos e densos. Essa vegetação que vem sendo dizimada
pela sociedade sem ao menos dar uma trégua para a sua
regeneração é a nossa querida caatinga.
A vegetação de caatinga é exclusivamente
brasileira, está situada na parte mais seca do nosso País.
Ela foi chamada por este nome pelos índios dessas regiões,
e o nome se manteve tanto no uso popular quanto na
literatura específica. O termo significa "floresta branca",
"clara". É uma vegetação arbustiva e espinhosa que é
bastante influenciada pelos totais de precipitação de
chuva.
Apesar de características tão peculiares e de
difícil acesso, o povo sertanejo soube identificar seu valor.
A aroeira (Myracrodruon urundeuva Allemão), por
exemplo, tem sua madeira utilizada para a construção de
vigas bem como sua casca serve para curar as mais
diversas inflamações; o angico (Anadenanthera colubrina
(Vell.)) também tem sua madeira utilizada para lenha e
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carvão e suas cascas servem para curar gripe e tosse "dos
meninos", e a linda caatingueira (Poincianella
Pyramidalis Tul.) com suas flores amarelas da cor do sol
que ajudam a "saúde da mulher" (ovário e útero). Mas não
é somente as lenhosas que tem o seu valor, as espécies
herbáceas que são conhecidas simplesmente por "mato"
são utilizadas como alimento do gado, como por exemplo,
o capim elefante e palma (Urochloa maxima (Jacq,);
Opuntia ficos-indicae Mill.) passando por uso medicinal
com a famosa carrapicho (Bidens bipinnata L.) à
confecção de vassouras artesanais com a Orion (Sida
rhombifolia L.). Bem, meu caro leitor, eu acho que vocês já
perceberam o quanto esta vegetação detém um material
biológico extraordinário, não só para o homem sertanejo
mas também para nós homens da "cidade grande" com o
seu uso medicinal e civil.
Mas apesar de tantas características e espécies
importantes contidas neste ecossistema, vamos direto ao
ponto: um estudo recente sobre o bioma faz uma alerta
grave: apenas 7,5 % do território da caatinga estão
protegidos em Unidades de Conservação (UC), conjuntos
de estratégia para cuidar das áreas naturais a serem
preservadas. O alerta foi feito no Ciclo de Conferências
2013 do BIOTA Educação, em junho deste ano, pelo
biólogo Bráulio Almeida Santos, do Centro de Ciências
Exatas e da Natureza da UFPB (Universidade Federal da
Paraíba), que conduziu o estudo sobre o tema. Outro dado
agrava ainda mais a situação: segundo o Ministério do
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Meio Ambiente menos de 1,5 % do bioma contam com
unidades de proteção integral, onde o homem não pode
viver.
Além disso, a caatinga sofre com outros fatores.
As maiores ameaças atuais a este ecossistema são a
degradação ambiental, provocada pelo desmatamento e
pelo uso dos recursos naturais (como a lenha, carvão
ambiental e o uso excessivo da água para irrigação
agrícola), a pecuária extensiva de caprinos e ovinos e as
mudanças climáticas, que devem aumentar a temperatura
na região. Então meu caro leitor, perceba que infelizmente
a situação da nossa exclusiva vegetação beira à
calamidade! Onde estão os gritos de alerta para o nosso
rico ecossistema? Cadê as políticas públicas, apesar de
ínfimas, para esta parte do Brasil? E as escolas por que
ainda tratam esta vegetação como um subecossistema na
alfabetização do nosso futuro?
São tantas questões, e muitas sem respostas,
apenas expresso o meu sentimento de indignação, tristeza,
revolta... Mas ainda tenho o otimismo de pensar que
podemos mudar, mais pessoas podem estudar, conhecer e
valorizar estava vegetação exclusiva de nossas terras e
acredito que isto só ocorra para as gerações futuras. Mas
tenhamos cuidado para que este dia não demore muito a
chegar, pois caso isso ocorra, pode não sobrar nenhuma
flor de catingueira para contar a história...
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ENTRE CÃES, GATOS E RU
Daphne Andrade dos Santos
Todos os dias, aqueles que utilizam o
restaurante universitário (RU), se deparam com uma cena
triste e pesarosa que, para muitos, se tornou tão cotidiana
que já não tem mais importância e atenção: a grande
quantidade de cães e gatos na entrada e saída do
restaurante chega a assustar.
Com o intuito de afastá-los do local, começaram
a impedir os alunos e funcionários de alimentá-los (ato
impossível de não se fazer ao se olhar as carinhas
desoladas deles), alegando que a presença dos mesmos,
alguns doentes e todos com fome, atrairiam moscas para o
local, vindo a adentrar o restaurante e possivelmente
contaminar os alimentos que estariam sendo servidos.
Situação bastante complicada, pois não é
afastando os animais e fingindo que os mesmos não
existem, deixando-os a mercê da própria sorte, com fome,
frio, doenças, que se vai conseguir resolver esse descaso.
Também não é suficiente impedir de alimentá-los com a
comida vinda do RU, pois há pessoas que o fazem com
comidas de barraquinhas próximas à universidade e até
mesmo de casa.
Medidas pontuais não significam que irá
25
diminuir a quantidade e nem melhorar a saúde desses
animais que diariamente são abandonados no campus da
instituição.
Sente-se a necessidade de um projeto de
manejo que realmente funcione e resolva essa situação,
pois não é por ser um animal que se deve fechar os olhos e
fingir que nada está acontecendo. Animal sente fome,
sede, frio, tristeza, solidão. Animal também é vida.
26
O LIXO E A EDUCAÇÃO
Debora Cristina da Silva Evaristo
Um dia desses, em minha viagem rotineira
passando pela cidade de São Lourenço da Mata, o ônibus
em que eu estava parou para alguns passageiros descerem
e mais tantos outros subirem. Nesta parada específica o
ônibus sempre é alardeado por vendedores ambulantes,
que ficam do lado de fora oferecendo seus produtos e fica
aquele alvoroço: “olha a pipoca”, “olha a água, olha a
água”, “Quer pipoca moça?” “Quer pipoca irmão?”. Neste
momento ouço um passageiro que estava próximo pedir
uma pipoca, onde o vendedor pergunta “quer pipoca doce
ou saguada?” (querendo dizer salgada) e o passageiro
responde que quer a pipoca saguada (salgada), confesso
que no momento achei engraçados os dois homens terem
cometido o mesmo erro de português.
Passado este instante inicial, o fato me
sensibilizou e me fez refletir sobre um problema sério que
ocorre no nosso país que é a precariedade da educação.
Existe ainda um índice muito alto de pessoas analfabetas
que não tem a capacidade de escrever e de ler, e existem
também os analfabetos funcionais que são capazes de ler e
escrever, mas não conseguem compreender e nem discutir
sobre o que está escrito. Este é um problema muito sério
fazendo mais uma vez percebermos que a educação deve
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ser medida qualitativamente e não quantitativamente, será
que é isto que ocorre em nosso País?
Continuei observando o homem comer a sua
pipoca, e vi que quando ele terminou e ficou satisfeito,
naturalmente jogou a embalagem pela janela do ônibus
sem nenhuma sombra de sentimento de culpa. Fiquei
imaginando quantas vezes aquilo já teria acontecido
somente naquele dia, quantas embalagens teriam sido
jogadas pelas janelas dos ônibus e de carros, onde será que
elas iriam parar... Provavelmente dentro de córregos ou
bueiros entupindo-os quando começasse a chover
causando alagamentos na cidade, ou se acumulariam em
lixões, agravando ainda mais a situação das pessoas que
moram perto desses locais. Essas embalagens poderiam
chegar aos rios aumentando a poluição dos mesmos e
interferindo na sobrevivência das espécies existentes lá,
poderiam ser prejudiciais no trânsito podendo até causar
acidentes, sem falar na poluição visual.
Provavelmente este homem já viu na televisão,
em jornais ou em revistas alguém dizendo que não é certo
jogar lixo no chão. Mas precisamos sair desse “só dizer” e
começarmos a dizer o “porque” de cada conduta para que
as pessoas possam começar a fazer. É importante que as
pessoas tenham a informação, mas mais importante ainda
é que elas tenham o conhecimento para poder agir de
forma correta, que saibam refletir e tomar decisões com
responsabilidade visando o bem de todos, e isso só se
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consegue através de uma educação de qualidade.
29
LUGAR DO LIXO É NO LIXO!
Elizângela Cardoso Dos Santos
Vários animais marinhos sofrem ameaça de
extinção, grande parte dessa ameaça é por conta da
poluição das águas. Assim como outros animais, cinco
espécies de tartaruga marinha encontradas no Brasil,
todas listadas como ameaçadas de extinção por atividades
causada pelo homem, sofrem com o lixo jogado nas águas,
ficando presas em linhas de pesca, cordas e redes de
pescar. A alimentação da tartaruga também pode ser
prejudicada, pois a ingestão de sacos plásticos acontece
porque a tartaruga confunde com água–viva um de seus
alimentos favoritos e essa ingestão de lixo pode causar a
morte.
Eu observo que as praias ficam mais poluídas
nos meses de verão, porque é uma época em que aumenta
o número de pessoas no litoral. Com mais pessoas
circulando, há mais garrafas, mais latas, mais plásticos,
mais lixo orgânico, mais sujeira, mais poluição e
contaminação. A natureza não consegue absorver alguns
desses materiais, a durabilidade do lixo descartável muitas
vezes é maior do que o tempo de vida dos seres vivos,
produzindo sérios danos para o ambiente.
30
Pensando no bem do ecossistema marinho é
importante manter nossas águas sempre limpas. Temos
muitas maneiras de cuidar do nosso ambiente, mas cada
um deve ajudar fazendo sua parte, reduzindo ao máximo a
quantidade de lixo produzido, desperdiçando menos,
consumindo só o necessário, dando nova utilidade a
materiais que são considerados inúteis, reciclando
materiais a partir da reutilização de sua matéria prima
para fabricar novos produtos. Cada ação é importante,
pois o lixo no mar prejudica a vida marinha.
O mar não pode ser um grande lixão a céu
aberto, o ambiente marinho pode até não demonstrar, mas
a cada dia está ficando mais saturado, e nós como parte
integrante do meio ambiente não podemos continuar
lançando de forma irresponsável aquilo que não mais
desejamos em locais incorretos.
31
DA JANELA DE UM EDIFÍCIO
Géssica Dayane Cordeiro de Lima
Desenvolvimento, prédios, luzes, praias belas,
açudes, lagos, esgotos a céu aberto, pessoas dormindo nas
ruas, tudo isto se mistura no dia a dia das pessoas, mas
qual a cidade que não tem estes problemas?
Triunfo, uma cidade pequena do interior de
Pernambuco, chama a atenção por ainda possuir
paisagens naturais, cachoeiras, lagos, açudes, árvores por
toda a cidade, por seu clima agradável, sítios, sem falar das
borboletas que fazem a festa sobre a diversidade de flores
que enfeitam toda a cidade. O asfalto só existe na estrada
principal que faz conexão com as cidades vizinhas, as
outras ruas são todas (ou em grande maioria) de
paralelepípedos ou sem calçamento. É tão bela esta cidade
que é conhecida como cidade dos sonhos. Andar por esta
cidade é encontrar crianças brincando nas ruas, pessoas
sentadas na porta conversando a noite e sentindo o
friozinho que chega com o avançar das horas, é se reunir
com os amigos na praça central em volta do lago e no final
da tarde ver as árvores repletas de pássaros unidos e
cantando em busca do seu refúgio pra passar a noite. É
sentar debaixo da mangueira e sentir o cheiro doce do
32
fruto. Sem falar dos finais de semana, onde a família se
reúne no sitio pra fazer piqueniques e observar os animais
que passam entre a vegetação. Esta é a cidade que vivi por
16 anos, que possui problemas, mas encanta com suas
belezas naturais que ainda são preservadas.
Um dia precisei sair de Triunfo em busca de
uma faculdade e um bom trabalho. E pela primeira vez,
vim pra Recife - PE, a capital do estado, famosa por suas
belas praias em que tanto desejei estar. Chegando ao
Recife, me surpreendi com tantas luzes, os altos prédios,
lojas, aviões, e de fato a cidade é bela como havia visto
diversas vezes pela “TV” e escutado em diversas histórias.
Estava tão encantada que nos primeiros
momentos não me dei conta do que estava acontecendo
com a natureza a minha volta. Mas, logo senti o primeiro
impacto, quando observei a paisagem que, agora morando
na cidade grande, me cercava. Da janela fechada por
grades do edifício em que moro, em uma região próxima a
uma avenida movimentada, observei que o verde da
natureza era substituído por altos prédios, as luzes
cegavam de tantas que existiam, e o lixo que nem se sabe
de onde vem nem pra onde vai.
Depois de 8 anos sendo moradora da cidade do
Recife, pergunto se fiz algo pra mudar essa situação, se as
pequenas atitude de mudar as minhas próprias atitudes,
fizeram diferença pra alguém? Questiono-me, pois me
desespero ao perceber que muitas pessoas aceitam o
33
planeta sendo destruído, pois acham que não possuem
força pra mudar a visão que elas têm das janelas de suas
casas ou simplesmente estão anestesiadas com o fervor da
tecnologia. E elas sequer percebem os danos que de fato
estão acometendo a cidade quando um novo prédio é
construído sobre um mangue, quando as casas invadem o
espaço da areia da praia, ou quando o lixo é jogado nas
ruas pelas janelas do ônibus. Sei que não é fácil lutar pelo
meio ambiente, pois o próprio sistema político não facilita
e poucos apoiam de fato estas lutas. Mas, é possível e se
tornou preciso fazer algo.
Quando percebo o quanto a natureza nos
proporciona, o quanto dependemos dela para manter a
nossa vida e o quanto ela está precisando de todos nós vejo
que minhas pequenas atitudes são grandiosas, pois o
desejo de mudar as engrandece e assim elas contribuem
para que a mudança ocorra. E assim, quem sabe se um dia
todos perceberem a grandiosidade das suas pequenas
atitudes, se possa ajudar a recuperar a biodiversidade que
está se perdendo e cuidar para que a existente não se
perca.
Se a natureza pudesse falar estariam gritando:
É URGENTE! É PRECISO! ATITUDE! NÃO ME
DESTRUAM! SALVEM-ME!
Ainda me pergunto todos os dias: será que a
cidade grande vai sobreviver sem o verde da natureza?
34
35
VALORES MORAIS X CONSUMO
EXAGERADO
Gisélia Fernandes dos Santos
O consumo exagerado e o descarte do que não
serve mais para consumo tem sido motivo de preocupação,
devido à grande quantidade de lixo gerado.
Uma pesquisa realizada em 2010 pela
Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (Abrelpe) verificou que o volume de
Resíduos Sólidos Urbanos gerado em 2010 pela população
foi 6,8% superior ao registrado pela pesquisa em 2009. Os
dados indicam que cada brasileiro produziu uma média de
378 kg de lixo ao ano.
No mesmo ano de 2010 foi instituída a Política
Nacional de Resíduos Sólidos concentrando-se no
gerenciamento dos resíduos sólidos, e definindo a
responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos
produtos como o “conjunto de atribuições individualizadas
e encadeadas dos fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos
titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo
dos resíduos sólidos para minimizar o volume de resíduos
36
sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os
impactos causados à saúde humana e à qualidade
ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos”.
Apesar disso o que vemos ainda hoje são ruas
cheias de lixo, materiais descartados inadequadamente
como materiais eletrônicos, garrafas, etc.
O que acontece é que a boa parte da população
não se preocupa com a quantidade de material que gera e
continua a utilizar mais do que a reciclar, a praticar a
coleta seletiva, a encaminhar a cooperativas e empresas
para reaproveitarem o material descartado.
Em contrapartida outra parte da população tem
recorrido ao processo de reciclagem como tentativa de
resolver o problema do lixo, e tem também evitado o
consumo desnecessário.
Porém a grande dúvida é: será que só a
reciclagem é o suficiente?
E esta dúvida vem acompanhada de outras:
Será que não é preciso uma mudança de hábito da
população? Será que não é preciso um novo olhar do
governo colocando o ambiente equilibrado como
prioridade, antes de tomar decisões de nível financeiro?
Será que os fabricantes não precisam assumir a
responsabilidade de recolher o que produzem e que tem
seu excesso descartado?
37
É preciso que toda a sociedade considere a
responsabilidade ambiental não mais como um dever, mas
como um valor moral, como um princípio de vida. E assim
respeitar a vida coletiva, já que vivemos coletivamente,
dependendo uns dos outros e do ambiente. É certo que o
homem possui o direito de ter sua liberdade de expressão
e de escolha, porém tudo é passivo de limites.
38
EU ESTUDO BIOLOGIA!
Givania Dionisio Roque
Certa vez, me peguei fazendo a pergunta:
“Tenho que saber tudo da vida?”. Isso porque as pessoas
acreditam que por que eu sou estudante do curso de
Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, eu sou
obrigada a saber e amar a todos sem distinção. Mas a vida
segue linda, até que um dia percorrendo os corredores de
certa universidade, me deparo com uns vários gatos de
todas as idades bem no meu caminho. Parei, respirei e me
perguntei: O que será que toda essa gatarada esta fazendo
bem aqui por cima destes bancos e ao meu redor? Será que
as autoridades desta universidade ainda não se deram
conta dos problemas de saúde que esses animais podem
trazer? Mas triste foi o meu comentário, quando na fila
para almoçar comentei do problema, dizendo que poderia
vir a ser, um problema de saúde pública.
Aí então ouvir os comentários dos meus colegas
de universidade: olha só a bióloga! Mas os coitadinhos
ficariam na rua? Tão bonitinhos! O pior de todos os
comentários: amiga você tem que amar todos os seres
vivos. Quando de repente me perguntei: sou cristo? Amar
sim. Mas nem por isso, posso fechar os olhos para um
39
problema que atinge a nossa comunidade.
Biologia é a ciência que estuda os seres vivos. E
a ecologia é a ciência que estuda as interações entre os
organismos e seu ambiente, ou seja, é o estudo científico
da distribuição e abundância dos seres vivos e das
interações que determinam a sua distribuição. As
interações podem ser entre seres vivos e/ou com o meio
ambiente. E foi pensando neste conceito que fiquei a me
perguntar: A interação destes animais, gatos e homem,
estão harmônicas dentro desta universidade?
40
A BELEZA NÃO VALORIZADA DO RIO DAS
PEDRAS
Jaqueline da Silva Melo
Eram domingos ensolarados, a família reunida
à mesa para o café da manhã, cuscuz com ovo e café preto,
as crianças eufóricas, pois sabiam que era dia de pic-nic.
Esse lazer dominical acontecia nas margens amplas e
arborizadas do Rio Camará, rio esse também conhecido
como Rio das Pedras, que corre dentro de uma mata
secundária, fragmento da Mata Atlântica no município de
Camaragibe no estado de Pernambuco.
O rio imponente com suas pedras gigantes,
onde a garotada dava saltos-mortais nas suas águas,
poluição não era assunto corriqueiro da época. As mães
com suas trouxas de roupas, lavando nas partes mais
rasas, as bacias em cima de pedras menores que também
eram usadas para bater as roupas mais grossas, como
lençol ou calça jeans, o anil e o sabão em barra para deixar
as roupas limpas e cheirosas. Nossos pais procuravam os
locais mais profundos e sossegados para jogar seus anzóis
e ficavam a fisgar peixes, para o tira-gosto com a cachaça.
Era dia de festa na vizinhança.
Hoje parece que o rio corre apertado entre as
casas construídas de forma irregular nas suas margens.
41
Devido à pressão urbana não se vê as mulheres lavando
roupas, as crianças tomando banho e brincando ou
homens pescando. A paisagem que se vê são as casas
tomando toda margem do rio, com seus canos de 100
voltados para o rio, despejando esgoto e aumentando a
poluição, parece que o rio está morrendo.
Mesmo antes de Camaragibe se emancipar do
município de São Lourenço da Mata, que o rio Camará,
afluente do rio Capibaribe, banha várias gerações de
famílias pobres e ricas, servindo como ponto de referência
e lazer. Com o crescimento desordenado do município que
foi emancipado pela segunda vez, em 13 de maio de 1982,
o Rio foi se tornando depósito de toda a rede de esgoto que
é despejada sem nenhum tipo de tratamento, além das
casas que margeiam o rio, seus moradores ajudam a poluí-
lo cada vez mais jogando garrafas e até sacos de lixo no
velho Camará.
Tempos bons que não voltam mais.
Hoje a beleza da paisagem que o rio forma com
o relevo e a floresta, fica escondida pelas construções que
tomaram o lugar da mata ciliar, deixando-o exposto ao
processo de assoreamento.
A população ribeirinha aproveita-se do leito do
rio para aterrar e construir suas residências,
desencadeando vários problemas, quando as chuvas fazem
o rio procurar seu leito que fora tomado pelas construções,
42
causando alagamentos, destruição e mortes.
43
ALFABETIZAÇÃO ECOLÓGICA
Jakeline Azevedo
A minha família é interiorana, a simplicidade e
os seus costumes me leva à admiração e motivação,
respectivamente. A maioria são trabalhadores rurais, ou
seja, têm uma ralação direta com a terra, reconhecem sua
importância, mas, a consciência de preservação é mínima
porque foram educados com uma visão extrativista da
natureza. Eu respeito muito esse conhecimento embora
acredite que eles sejam capazes de uma compreensão
maior e conscientizadora referente à natureza.
Se eu fosse uma educadora e me deparasse com
uma situação como essa, pessoas que foram apresentadas
à prática antes da teoria, favorecendo a uma visão
tecnicista, sem maior preocupação com as futuras
consequências de suas práticas, eu acredito que agiria da
seguinte forma: a minha meta seria fazer meu aluno
redesenhar seu papel na natureza. Na metodologia
aplicaria uma pedagogia que ultimamente está me
despertando muita admiração e acredito ser cabível nesse
contexto, é a alfabetização ecológica, a qual apresenta um
perfil interdisciplinar e contextualizado, o que favorece o
entendimento da natureza como um sistema do qual
44
somos altamente dependentes e tal compreensão tem
como requesito uma ampliação do nosso campo de visão
quando o objeto é a natureza. Essa pedagogia sistêmica
nos leva ao nosso contexto social e esse assunto “verde”
deixa de interessar apenas a ambientalistas e passa a
contagiar a todos. A alfabetização ecológica requer que o
currículo da escola seja condizente com a comunidade em
que a escola estar inserida, ou seja , a motivação deve estar
presente no processo de aprendizagem.
Voltando ao exemplo da minha família
interiorana, citado acima, eu me pergunto, o que a
introdução de uma pedagogia como a alfabetização
ecológica causaria? A compreensão sistêmica de toda a
natureza e sociedade traz consigo a percepção que a falta
de um simples elemento pode destruir todo um ciclo
ecológico. Por exemplo: levando ao contexto social temos
anualmente a festa junina, caracterizada por bandeirinhas,
comidas típicas do nordeste, fogos e fogueiras , é tradição
ter na cidade do interior um concurso de fogueiras, cujo
critério avaliativo é a fogueira mais alta, ou seja, aquela
que requer mais madeira... Na euforia contagiante de
ganhar o concurso e fazer o São João ainda mais divertido,
não se pensa que as árvores derrubadas para a montagem
das fogueiras levaram consigo uma quantidade de
oxigênio, que por sua vez, seria importante para ajudar
muitos festeiros que apresentassem dificuldade ao respirar
quando a fumaça das lindas fogueiras fossem liberadas.
Essa reflexão precisa de um mediador, os educadores.
45
O aluno submetido a esse tipo de pedagogia vai
sentir a necessidade de redesenhar seu papel na natureza,
pois a prática antiga pode ser extremamente prejudicial
para o futuro. Exemplificando novamente, esse concurso
de fogueiras tem um valor cultural, logo não pode ser visto
como algo maléfico e sim ser reformulado
conscientemente. A fogueira não precisa ser tão alta, ela
pode ter seu entorno ornamentado (mais um critério de
avaliação do concurso), todos os moradores da rua não
precisam participar, o concurso pode ser avaliado por rua
e não por morador interessado.
A metodologia descrita e pretendida não é fácil,
estamos acostumados com conteúdos fragmentados,
porém até a antiga pedagogia deve ter tido seus conflitos e
hoje é predominante. A realidade atual não condiz tanto
com algumas de suas práticas, por isso surge a necessidade
de um novo modelo pedagógico, mais reflexivo,
permitindo que o termo “construção” seja mais
significativo na vivência de toda sociedade.
46
E O BOTÂNICO GANHOU VIDA!
Jennifer dos Santos Sousa
Ao chegar num lugar espero ver nele a beleza,
sinto-me como uma criança ansiosa que imagina o local
quando sabe que vai está nele em poucas horas. Há um
ano e meio atrás recebi uma proposta de estagiar no
Jardim Botânico do Recife (JBR) e isso me colocou em
uma difícil situação: eu nem sabia que existia um JB
dentro da cidade. Porém, comecei a imaginar como este
imenso lugar seria, muitas flores, jardins imensos... Logo
me imaginei no Jardim Botânico do Rio de Janeiro que é a
referência em JB no Brasil, sendo o único na categoria A,
categoria esta que foi dada pela Rede Brasileira de Jardins
Botânicos.
Ao chegar ao JBR encontro-me confrontada
com tudo aquilo que imaginei. Um lugar quase esquecido
pela população recifense, mas que almejava estar entre as
principais instituições que tratam de conservação e
preservação do meio ambiente da cidade. Sua equipe,
composta por profissionais da área de Biologia, Ciências
Sociais, Pedagogia, Engenharia Florestal, Veterinária e
outras, mostrava que era possível mudar aquele quadro
onde se encontrava a instituição, e eu, agora estagiária,
tentava encontrar o amor pela Educação Ambiental assim
como encontrei um dia pela botânica.
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Ao passar do tempo fui me apaixonando pelo
lugar, pelas pessoas e pelos alunos. O JBR recebe em
média 1.500 visitantes por mês, alunos de escolas públicas
e privadas ou pessoas que visitam o espaço apenas para
sair da correria do dia a dia. Ao ter minha primeira
monitoria pude ver a dificuldade do espaço em sua
infraestrutura. Porém tudo para aquelas crianças que
visitavam o local era novo e mesmo que eu achasse que era
feio e sem sentido, para eles, ao verem uma sapucaia de
pilão de quase 200 anos, tudo fazia sentido e era
maravilhoso estar ali.
O tempo passou, a gestão mudou e reformas
começaram a acontecer. O que era feio e sem sentido
ganhou vida e cor. Um lugar que antes era escondido foi
aparecendo e mostrando seu principal objetivo, “despertar
o público visitante para a criação de uma
cultura/consciência da conservação da diversidade
biológica, mostrando como esta cultura é fundamental em
termos éticos e para a melhoria da qualidade de vida”.
Com a ajuda de empresas parceiras cada equipamento foi
sendo restaurado e relocado. Deu muito trabalho para
toda a equipe, mas posso dizer que “nossa casa” hoje está
mais bela do que nunca e logo mais se tornará uma
referência dentro da cidade, tanto como espaço de lazer
como em centro de pesquisa.
Hoje, ao cursar o último período da graduação,
me encontro mais perto de deixar este local tão rico de
48
conhecimento e vida. Não mais verei todos os dias as
preguiças nem as cores das orquídeas que aqui se
encontram, mas levarei comigo o aprendizado de um bom
tempo vivido neste lugar e também o prazer de ter ajudado
a reerguer o Jardim Botânico do Recife. Contudo, outros
lugares precisam dessa mesma atenção e eu espero que
eles possam ser vistos assim como o JBR foi.
49
UM ‘T’ EM NOSSAS VIDAS.
José Artur Santos Vieira
Ao trabalhar em um projeto de extensão pela
universidade onde faço a minha graduação, passei a
observar e pesquisar sobre os transgênicos. Pesquisando
na internet, encontro diversas informações sobre estes
organismos geneticamente modificados (OGMs) dizendo
que “são perigosos”, “causadores de câncer” e imagens de
animais e vegetais bizarros, “mutantes” devido à
transgenia que sofreram. E mais, ao pesquisar em
supermercados, de pequeno à grande porte, descubro os
mais diversos produtos transgênicos, os quais possuem
como componente principal a soja ou o milho, desde
alimentos como pipocas, salgadinhos, biscoitos, fubá e
óleos até produtos de limpeza, como o sabão em pó. Além
disso, encontro outro produto transgênico em farmácias, a
insulina, medicamento essencial para a vida dos diabéticos
tipo 1.
Com isso, percebo que os produtos
transgênicos, cujo símbolo que os representa é um
triângulo amarelo com um T no centro, estão presentes no
nosso dia a dia, portanto, será que estes produtos trazem
algum prejuízo a nossa saúde? Pelo o que eu pude apurar
não, afinal o processo da transgenia é basicamente a
transferência de um determinado gene de uma espécie
50
para outra espécie.
Dessa maneira, utilizo como exemplos de
transgênicos, a bactéria Escherichia coli que recebe um
gene humano específico para produzir a insulina,
hormônio necessário para o funcionamento correto de
nossa fisiologia e, no caso do medicamento, é essencial
para a vida das pessoas diabéticas do tipo 1. Ou ainda o
milho transgênico possuidor do gene da bactéria Bacillus
thurigensis tornando a espiga mais resistente a insetos,
garantindo, assim, uma produção maior deste alimento.
Ou até mesmo a produção do sabão em pó, que tem
proteínas oriundas de organismos transgênicos, capazes
de uma maior atuação na remoção de gorduras nas
roupas.
Não obstante, ressalto o fato de que os
transgênicos poderiam causar problemas ao meio
ambiente, pois o fato dos transgênicos, soja e milho, serem
resistentes a determinadas pragas, causaria uma
interferência na evolução natural destes seres, o que
poderia acarretar em extinções, desequilíbrios ecológicos
e/ou causar resistência a estes insetos onde surgiriam
pragas cada vez mais difíceis de combater.
Enfim, até o presente momento parece não
haver evidência de que os transgênicos possam fazer mal a
nossa saúde. Todavia a manipulação dos elementos
químicos Rádio (Ra) e Polônio (Po) eram considerados
totalmente inofensivos até se descobrir serem altamente
51
cancerígenos. Mas, para um mundo cada vez mais carente
de alimento para manter o grande número populacional
do planeta, o risco não valeria a pena?
52
VELHO “SANFRA”
Juliana Ramos de Andrade
Andando pelos sertões nordestinos, entre
cidades e vilarejos, ainda é possível contemplar o que resta
de uma rara beleza, o cansado e sofrido “Velho Chico”. Um
rio de grandes proporções, de grandes histórias e emoções,
um rio de canções. Rio navegado, rio nadado, rio pescado
e apreciado. Rio surrado e mal tratado!
Um dos principais rios do território brasileiro, o
Rio São Francisco foi um dos primeiros a serem
descobertos pelos portugueses e serviu de caminho de
entrada para o interior. Durante os cinco séculos de
exploração, serviu como meio para escoamento da
produção de matérias primas produzidas no sertão, como
carne, algodão e grãos. Ao longo de suas águas, cidades
foram surgindo, com um grande interesse portuário,
movimentando a economia regional e fixando populações
que do rio passaram a viver.
Descendo desde a Bahia, passando por
Pernambuco, Sergipe e Alagoas, ele encanta com suas
correntezas, remansos, canais, cânions e matas ciliares,
chegando num paraíso, com belas praias e lindas dunas
que ali podem se apreciar, em seu poético encontro com o
53
mar.
Ah, o “Velho Chico”! Quem dera fossem apenas
belas paisagens que fizessem parte de sua atual situação.
Dói muito ao passar por estes lindos lugares e constatar
também que existe um descaso eminente e cruel, tanto dos
que dele necessitam diretamente, jogando lixo, restos de
animais e produtos químicos, quanto das autoridades, que
despejam inteiramente os esgotos sem tratamento de suas
cidades adjacentes.
Outro problema preocupante, penso que é a
transposição, pois pode fazer com que o rio perca a sua
força e imensidão, fazendo com que o mesmo venha a
diminuir sua vazão, aumentando o assoreamento e assim,
acabando com sua população.
Espero poder estar enganada, que isto jamais
aconteça. Peço que as autoridades pelo rio se
compadeçam, pois quero muito que um dia, meus filhos e
netos tenham a mesma oportunidade que eu, de poder ver,
poder sentir, se refrescar e apreciar e não somente
conhecer por ouvir falar, que um dia houve por aqui um
grande rio de belezas estonteantes, e que somente venha a
existir na internet e nas estantes.
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CORRUPTOS NA PRAIA
Larissa Bacelar da Costa
Ao fazer uma caminhada na praia em dias de
maré baixa podemos visualizar pequenos furos na areia.
Sempre me pego pensando: o que será que se esconde
nesta pequena abertura? Diante da grande diversidade de
espécies existente no ambiente marinho, existe uma que às
vezes é confundida com “personagens” da vida real.
Os corruptos, como são conhecidos
popularmente, são crustáceos que possuem grande
importância para o meio ambiente. Assim como outras
espécies, os corruptos modificam a estrutura interna do
sedimento, proporcionando moradia para outros seres
vivos, como microalgas, camarões da família Alpheidae e
pequenos caranguejos, mesmo que anteriormente não
tenham prometido nada.
Os corruptos, ou talassinídeos como
normalmente são chamados pelos cientistas, são
classificados como importantes engenheiros
ecossistêmicos, pois modificam a granulometria do
sedimento, influenciando no fluxo de oxigênio, energia e
ciclagem de nutrientes.
55
Podemos encontrá-los em praias do litoral
pernambucano, muitas vezes presentes em tristes cenários
de poluição, questão preocupante, pois pesquisadores
ainda não sabem até onde a poluição influencia no
desenvolvimento da espécie. Os corruptos são retirados de
suas tocas sem piedade, e são utilizados como isca pelos
pescadores, visto que espécies com a coloração forte são
ótimos atrativos para os peixes.
Pesquisadores da Universidade Federal Rural
de Pernambuco (UFRPE) estão realizando pesquisas para
entender melhor a estrutura das populações de corruptos
nas praias do litoral de Pernambuco. E, em campo, é
observada a curiosidade da população, as pessoas
normalmente perguntam sobre o que eles tanto procuram
nestes pequenos furinhos na praia.
Muitas pessoas ainda desconhecem o quão
grande é a importância dos corruptos para o ambiente,
que mesmo sempre escondido, estão trabalhando
incansavelmente para sua sobrevivência e por
consequência contribuindo para sobrevivência de outros.
Diante de tudo, podemos observar que os corruptos são
extremamente importantes e indispensáveis para o meio
ambiente.
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CONSIDERAÇÕES SOBRE PENSAR, AGIR E
VIVER... ECOLOGICAMENTE FALANDO
Lidiane Almeida Pessoa
Semana passada, assistindo a uma aula de
Prática de Ecologia, eu vi se iniciar uma discussão sobre se
é possível mudar o pensamento e as atitudes dos mais
velhos e formar neles uma consciência ecológica. Algumas
pessoas disseram ser difícil, até pouco provável, se
comparado com a educação dos mais novos. Já outras
defenderam que sim é possível, que temos que tentar
mudar as atitudes das pessoas, fazer com que enxerguem a
natureza como algo que faz parte de nós e da qual fazemos
parte para que assim possamos cuidá-la melhor. Mas essa
conversa me perturbou. Sem dúvidas, concordo que, como
biólogos, licenciados em biologia e áreas afins, devemos
fazer essa diferença e ser agentes de transformação.
Mas me incomoda justo o fato de que apesar de
sabermos o que fazer, sabermos o que devemos dizer aos
outros e o que é certo em relação a uma consciência
ecológica, não vejo essa consciência ecológica refletida nas
ações de muitos presentes naquela discussão e em outras
discussões do mesmo gênero que já pude presenciar. Digo
isto por que acredito que o modo como vivemos é o maior
57
agente de transformação que se pode formar. Penso nas
coisas simples que poderíamos fazer e não fazemos, por
uma vida melhor em todos os aspectos, um convívio
melhor com os outros, um lugar melhor pra viver, uma
comida de melhor qualidade no prato.
Tomo como exemplo a universidade onde
estudo. Não falarei nem da universidade toda, mas do
curso de licenciatura em biologia e do prédio onde temos
aulas regularmente. Não poderei me alongar em dizer tudo
o que não concordo na forma deste prédio funcionar, mas
queria destacar que um local destinado a cursos na área de
ciências biológicas onde serão formados biólogos e futuros
professores de nossos filhos, não tenha, por exemplo, um
sistema inteligente de aproveitamento de água, ou coleta
seletiva e que os alunos que lá habitam não sintam falta de
iniciativas assim. Ou ainda que esses mesmos alunos
sejam capazes de desperdiçar água e a comida do
Restaurante universitário, no qual ainda se usam copos
descartáveis.
Temos que mudar, que nos repensar, antes de
querer mudar qualquer que seja. Temos que “ser”, antes
de querer que sejam. Por fim, penso na impressão que
terei que fazer para entregar essa crônica, e que faz parte
da nossa avaliação na disciplina de prática de ecologia a
qual me referi no começo do texto. Estou aqui a avaliar o
quanto é necessário que eu a imprima em duas folhas de
papel, pois depois de lida a crônica, essas folhas serão
58
guardadas, quase sem uso em algum arquivo da
universidade. Um triste destino para folhas de árvores que
podiam estar formando um solo fértil neste momento. E
acabo de perceber neste momento que meu drama é ainda
maior pois as folhas recicladas acabaram e terei que usar
papel branco.
59
LIXO NO RIO BEBERIBE - FALTA DE
SANEAMENTO OU DE EDUCAÇÃO?
Lucas Sette Alves
Certo dia, olhando para o rio Beberibe, cujas águas passam atrás do conjunto onde moro no bairro de Porto da Madeira, eu percebi, primeiramente, que as margens eram muito largas para um rio de tão pouca água, porém, me lembrei das histórias que me contava meu avô que antigamente passavam embarcações de madeira em Porto da Madeira, “por isso o nome do bairro”. No entanto, hoje em dia, o rio só mostra o seu volume quando acontece um temporal. Então comecei a pensar, qual o motivo daquilo? Logo observei a grande quantidade de lixo que dificulta o escoamento das águas, lembrei também que tem época que o rio está tão estreito que parece apenas água de esgoto, nada mais.
Aquela água descia suja com uma quantidade de matéria orgânica incrível, daí então, me lembrei dos tempos de chuva que alagaram bastante os arredores do rio, invadindo as casas ribeirinhas, que me forçaram a elevar todos os móveis do apartamento de minha noiva utilizando tijolos para suspendê-los, e mesmo assim perdemos muitos móveis. Desprovido de botas e luvas me arrisquei naquela água poluída, em meio a ratos, a quantidades enormes de baratas que, para tentar sair da água, subiam em minhas pernas, muito lixo e muito mais
60
nojeiras que não se pode ver ali contidas.
Então passei alguns dias pensando o que poderia ter ocasionado tal enchente, lembrando que ali sempre alagou, mas nunca ficou daquele jeito, pois a água sempre tinha pra onde escoar.
Comecei a reparar num canal adjacente a quantidade de lixo que estava entupindo, daí juntei os fatos, o lixo que se acumulava durante os períodos de estiagem eram carregados dos altos, ruas, sarjetas até o rio, entupindo fossas, canais, canaletas e, inclusive, a passagem normal do rio, ocasionando tal transbordamento.
Logo em seguida fiz uma reclamação com o síndico do conjunto e ele solicitou a desobstrução da canaleta adjacente ao conjunto que transbordou inundando os apartamentos e casas, solucionando o problema.
A água baixou rapidamente, escoando para o rio Beberibe, após a remoção do lixo.
Será que o caso é de saneamento básico mal feito ou não feito pelos órgãos competentes? Ou será que o problema é educacional e cultural, onde temos a cultura de fazer o errado e deixar pra resolver apenas quando o problema aparece?
Se a população começasse a se conscientizar e colocar o lixo no lugar correto, nem que seja por meio de punições como multas, não haveria acúmulo desses resíduos nas calhas, canaletas e nem nas margens do rio. E
61
caso a população mesmo assim o faça, os impostos que pagamos são suficientes para que haja a dragagem desses materiais.
62
BIÓLOGO NÃO JOGA LIXO NO CHÃO
Mayara Caroline Barbosa Dos Santos
Um dia desses vi uma colega de turma da
faculdade jogando uma embalagem de pipoca pela janela
do ônibus, detalhe, estudamos biologia. Logo depois do
ato, eu a repreendi, pois acho um absurdo uma estudante
de tal curso jogar lixo nas ruas. Ela ficou revoltada e disse
que jogava mesmo e não estava nem aí, mesmo depois de
ter ouvido o discurso do ecologicamente correto, o qual a
mesma conhece desde sempre: “biólogo jogando lixo no
chão?” Não pode!
Todos nós sabemos desde criança o local
correto de jogar o lixo, acho pouco provável que qualquer
pessoa jogue os restos de comida no chão da sala de estar
da sua própria casa. Então porque jogar nas ruas? A rua é
nosso quintal, por que não dizer?! Devemos cuidar do
meio em que vivemos.
Quando vem o inverno e com ele as vias
alagadas, logo vejo as pessoas reclamando dos lixos que
vieram com a enxurrada, da falta de planejamento das vias
pluviais da cidade, da falta de limpeza nas vias e a culpa
vai toda para os governantes. Mas esquecem do que
fizeram no verão passado, ou seja, esquece que jogaram
63
papel de pipoca no chão, além da garrafa de água mineral
jogada pela janela do carro, o papel de propaganda do
Shopping. O velho ditado: “de grão em grão a galinha
enche o papo”. Eis que: “de pouco a pouco os lixos jogados
nas ruas virarão entulhos.”.
Voltando ao caso da amiga bióloga, penso em
quantas pessoas com boas informações devem jogar lixo
nas ruas. Acredito que não precisa ter muito
conhecimento para não jogar lixo no chão, pois é uma
questão de higiene e saúde pública. Sim, saúde pública,
pois lixo atrai insetos que consequentemente são vetores
de algumas doenças.
A questão é o que se faz como todo
conhecimento adquirido, esse também vai para lixo
quando você está fazendo algo errado quando conhece o
correto. Não falo aqui de pessoas que desconhecem o fato,
falo de gente consciente dos seus atos e que não estão
preocupadas com o destino das “poucas” coisas que jogam
nas vias.
Todos nós queremos um ambiente limpo, mas
antes devemos ter a consciência de quem faz o ambiente
somos nós. P.S. Biólogos também jogam lixo nas ruas,
para minha decepção.
64
AS MUITAS CORES DO CAPIBARIBE
Milena Diniz dos Santos
Toritama, cidade do estado nordestino de
Pernambuco apresenta um polo da indústria têxtil, que
por sua vez, representa um grande desenvolvimento para a
região. De fato, é notório como a economia não só do
município têm crescido, mas também a do estado como
um todo.
Esta cidade é muito conhecida pela produção
peças em jeans. Sendo assim, existem mais de 50
lavanderias, que utilizam um volume de água de
aproximadamente 60- 100 litros por uma única peça.
Ao passar pela extensão do rio Capibaribe que
corta a cidade, é possível notar uma intensa coloração, que
se deve ao fato dos efluentes têxteis, que são águas
residuais dessas indústrias, serem lançados nos corpos
d’água sem o devido tratamento.
Os efluentes têxteis são compostos por corantes
e demais produtos utilizados no processo de tingimento
dos tecidos. Estes além de serem de difícil remoção,
possuem potencial tóxico e até mesmo cancerígeno. Além
disso, a coloração pode afetar o equilíbrio da cadeia
65
alimentar, já que interfere na penetração da luz solar e
consequentemente na sua absorção pelos produtores
primários.
Estudos indicam que processos industriais que
apresentam consumo de grandes volumes de água,
contribuem para a contaminação dos corpos d’água, onde
o principal fator é a ausência de tratamentos eficientes aos
rejeitos produzidos. A poluição causada por esses resíduos
diminuem a qualidade deste recurso vital, a água,
tornando- a inutilizável para os seres vivos que ali
habitam, inclusive para a população humana.
Sem dúvida, os benefícios gerados pela
presença de indústrias, tal como a geração de empregos,
são de fato muito importantes. Porém, é preciso pensar
nos impactos ambientais causados. Embora o tratamento
dos efluentes seja previstos por uma resolução do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), e
existam diversas formas de tratamento, em muitos locais
ele não acontece.
As cidades, de um modo geral, tendem a ser
estabelecer ao entorno de um rio, para o seu próprio
abastecimento. Contudo, a ação antrópica vem
degradando esse recurso, que muitos pensam ser
inesgotável, a água. Sendo assim, o homem deve buscar
novas práticas e maneiras de aliar o crescimento
econômico ao desenvolvimento sustentável.
66
67
E A EMBALAGEM?! QUE EMBALAGEM?!
Paulo César Martins
Procurando entender o ser humano como ser
pertencente ao mundo, que produz e oferece fontes de vida
àquele que necessita da vida para sobreviver, os levo a
refletir sobre a importância da “oikos” (palavra de origem
grega que significa casa) Convido-os a viver somente o
hoje, pois o futuro, como muitas vezes já ouvi o ser
antrópico falar: “a Deus pertence”. Pois, bem, meus caros,
pratiquemos o carpe diem, que nos invita a viver
intensamente os momentos que esta vida nos oferece.
Horácio, um grande poeta lírico da Roma Antiga, no
contexto que os romanos viviam, incitou o homem a
aproveitar a vida a cada momento e, na
contemporaneidade, no contexto daquilo que
consumimos, acabamos fazendo o uso da palavra
supracitada buscando viver sem estar com a paranoia a
respeito, por exemplo, do destino da embalagem do
alimento que acabara de consumir. Pois, o mais
importante é o deleite, curtir aquele alimento saboreando
para causar satisfação.
Assim, raciocinando sobre o Homo sapiens a
respeito do mesmo viver cada momento de sua vida, se
68
satisfazendo de certos alimentos embalados que muitas
vezes se encontram em papel celofane, metalizados, papel
carbono, parafinados, acrílicos... Enfim, embalagens que
passaram por processos físicos e químicos que não podem
ser reutilizadas, e que mesmo o nosso país não dispondo
de tecnologia capaz de realizar essa separação, o mesmo
continua produzindo esses tipos de embalagens para
proteger os alimentos, logo, pergunto: para que viver se
preocupando com o que descarte daquilo que serviu de
embalagem de alimento? O que importa é o alimento que
ali estava embalado e que agora o meus dentes ajudarão
na trituração, assim como as glândulas salivares auxiliarão
para que a minha digestão proceda para assim melhor
assimilar os alimentos. Concorda?
Caminhando pelas estradas da vida, encontrei
um amigo de infância que já não o via há algum tempo.
Logo, veio à tona a questão supracitada dessas “danadas”
embalagens. Assim, como de praxe nos cumprimentamos
e, logo, perguntei: você fica se preocupando com o destino
da embalagem do alimento que acabou de ingerir? Ele
respondeu: meu amigo, tem um povo aí falando que o
homem anda muito omisso com os diversos ambientes que
podem viver, até mesmo nem se preocupando com o
descarte de embalagens dizendo que nem tudo é
considerado lixo, mas também pode ser considerado
resíduo. Assim, considerado resíduo ainda podemos
reaproveitar ou levar para aqueles coletores que tem umas
cores que simbolizam reciclagem. Mesmo sabendo de
69
todas essas informações que algumas pessoas me
disseram, meu amigo, fui pesquisar qual era a diferença e
vi que realmente muita coisa pode ser reaproveitada ou
reciclada em prol de um planeta que não funcione como
um depósito de lixo, e que nós, seres humanos “dotados de
inteligência”, podemos fazer toda a diferença até mesmo
não comprar alimento de empresas que não utilizam
embalagens recicláveis em seus alimentos. Desta forma,
meu amigo partiu deixando essa reflexão.
Assim, depois de toda prosa que aconteceu
entre nós, voltei à minha casa pensando sobre todas as
palavras que saíram da boca de meu amigo tentando
digeri-las na perspectiva da prática para viver o momento
nesse mundo contemporâneo. Fiquei até preocupado a
respeito da digestão daquelas palavras se as mesmas
estavam embaladas em papéis recicláveis. Enfim, terminei
concluindo que a cada dia temos que aprender para
conhecer, e assim, buscar preservar aquilo que necessita
de preservação para que tenhamos no futuro quando
precisarmos. Bom, essa reflexão toda bateu uma fome!
Lembrei que tem um biscoito na minha bolsa. E a
embalagem?! Que embalagem?! Nem lembrava mais!
Acho que ela... Nem sei! Será que tem outros biscoitinhos
desses para comer?
70
SE O MEIO AMBIENTE FALASSE?
Raissa Câmara Pessoa
Imaginemos se o mundo que conhecemos fosse
um tanto quanto diferente, já passou na sua cabeça se tudo
que se conhece pudesse se expressar de alguma maneira?
Se as plantas, animais e até mesmo o solo e água falassem,
ou se expressassem de tal maneira, que nós parássemos
para refletir sobre os atos que fazemos, e que
inconsequentemente nos levam a destruir de maneira
geral o meio ambiente?
Provavelmente tudo seria muito mais
complicado, se fosse realmente desta forma, pois nós
ficaríamos muito mais penosos em relação aos outros
integrantes do nosso planeta, tanto animal, vegetal e
mineral. Que acabaríamos por assim dizer minimizando
todos os danos que causarmos a nossa mãe natureza. Não
que esteja dizendo que, por exemplo, pararíamos de comer
vegetais, porque uma família de leguminosas iria reclamar
e até mesmo protestar contra a perda de algum ente
querido que partira, para virar uma bela salada nos nossos
pratos. Mas porque nós pensaríamos duas vezes mais
antes de destruir uma família, disso não tenho dúvidas.
Pensando por este ângulo, é até assombrosa
71
esta tal hipótese acima citada. Talvez, não, mas com
certeza nosso modo de viver seria bem mais complexo e
porque não dizer, mais complicado, do que este que
vivemos. Sem pôr a mão na consciência, sem parar para
pensar no que nossos atos destrutivos podem nós causar
futuramente. O que na verdade precisamos é aprender a
ver os sinais que a própria natureza nos dá. Ela pode até
não ter a mesma linguagem que a nossa, mas que ela se
comunica conosco tempo inteiro, ah, isso ela o faz.
O problema é que nós, “espécie superior”, como
assim nos colocamos o mundo, não sabemos, perceber
cada mínimo detalhe de tudo o que nos rodeia das
mudanças que aos poucos vem se mostrando. Como o
simples fato de nas cidades não vermos mais o sublime
voo dos beija-flores, que antigamente era visto com
frequência, que achávamos normal vê-los por ai pousando
em suas frondosas flores. E que se hoje perguntarmos a
qualquer criança, ela só saberá dizer que animal é este por
ter visto nos livros. Se olharmos realmente ao nosso redor,
vamos notar que nem beija-flores e nem suas flores estão
mais por aí.
Precisamos colocar um pouco de bom senso no
que fazemos para que assim, possamos perceber que tudo
o que está disponível no meio ambiente está inteiramente
e diretamente ou indiretamente interligado. E que
precisamos de tudo na mais perfeita ordem para mão
sofrermos as consequências de nossos atos
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inconsequentes.
73
A DANÇA DAS ÁRVORES NA VENTANIA
Sheila Alexandrino Bomfin
Certo dia de ventos fortes comecei a observar o
movimento das árvores, quer dizer das folhas aprisionadas
em cada galho da árvore. Parecia um balé com cada folha e
galho fazendo movimentos exaltantes à natureza.
A velocidade do vento oscilava muito e isso era
o mais bonito de ver, ora muito forte, que parecia que iria
arrancar todas as folhas, ora fraco, que fazia com que as
folhas balançassem suavemente. Com a força dos ventos,
muitas folhas foram arrancadas, mas estas já se tratavam
de folhas secas. No momento que o vento soprava forte
não só arrancava folhas como também derrubava frutos e
espalhava as folhas secas do chão.
Em muitos lugares como, por exemplo, na
Patagônia, as árvores crescem todas inclinadas para o
norte, devido aos fortes e constantes ventos que as
empurram nessa direção. As árvores são de grande
serventia para a população, suas folhas riquíssimas em
clorofila desempenham um importante papel na produção
de oxigênio bastante relevante para a manutenção da vida
no planeta. Possuem ainda grande importância para a
manutenção da paisagem natural, abrigo e frescor nos dias
quentes e ensolarados.
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As plantas com o seu balé estonteante estão
diretamente ligadas à retirada de poluentes do ar.
Durante uma ventania, com ventos com
velocidade superior a 50km/h, é possível que várias
árvores sejam arrancadas do solo e acabem desabando em
cima de imóveis e carros, como aconteceu essa semana em
São Luiz do Maranhão. Uma tempestade acompanhada de
ventos fortes pode afetar a estrutura de árvores muitas
vezes sem poda e sem tratamento contra parasitas, vindo
desabar e complicar o trânsito.
75
RUAS LIMPAS X RUAS SUJAS - CULTURA OU
CULTURA
Thays Maria da Conceição Silva Carvalho
Há pouco tempo fiz uma viagem para fora do
Brasil, para a Bela Buenos Aires. Ahhh! Bela Buenos Aires,
cidade linda, romântica. Uma cidade repleta de árvores,
algumas sem folhas, outras completamente floridas, um
ventinho frio, daquele que é capaz de congelar, prédios
monumentais, uma linda casa rosada que remete os vários
presidentes que foram eleitos ao redor do mundo, dentre
eles, estava o nosso Getúlio Vargas, mas uma coisa me
chamou muita atenção, as ruas são limpas, não
apresentam um mínimo pedacinho de papel no chão.
Eu, como boa recifense, faço propaganda do
meu lugar, da minha cidadezinha, achando-a linda,
cortada por rios, prédios históricos que são cheios de
história para contar, no entanto, me senti excluída. Sim,
excluída, percebendo ao caminhar pelas ruas a sua íntegra
limpeza, não há lixo no chão, os próprios habitantes de
Buenos Aires não jogam lixo no chão, mas quando lembro
da minha bela Recife, percebo que ela não é tão bela
assim.
76
Andamos pelas ruas brigando entre cair no
buraco ou atolar o pé em uma montanha de copos
descartáveis, garrafas de todas as procedências, papeis dos
mais variados tipos e cores, de água e lama, e quando
chove, nossa! Quando chove, percebemos mais ainda o
tamanho do problema em relação ao lixo.
A rivalidade futebolística que existe entre o
povo brasileiro e o povo argentino é conhecida
mundialmente, nos achamos melhores no futebol, tendo a
seleção penta campeã do mundo a nosso favor, no entanto,
não temos uma seleção penta campeã do mundo voltado à
limpeza das ruas. O povo argentino não possui a seleção
penta campeã do mundo, mas apresenta a seleção penta
campeã em questão de limpeza.
Às vezes me pergunto se será apenas questão de
cultura. Será uma questão cultural? A cultura está
relacionada às artes, ao cinema, à literatura, numa visão
mais ampla, inclui tudo aquilo que o homem é capaz de
produzir e executar, assim toda sociedade apresenta uma
cultura.
Encarando por essa linha de pensamento, então
iremos justificar a sujeira da cidade do Recife e de outras
cidades brasileiras como uma questão puramente cultural,
mas será mesmo que temos a cultura da sujeira? O
carnaval recifense é cultural, temos o maracatu, o coco de
roda, as marchinhas, temos o Alceu Valença, ícone da
música popular pernambucana, temos ainda o melhor São
77
João trazendo forró pé de serra, baião, forró estilizado,
temos a sujeira urbana, questão cultural?!
Não! Mas, uma questão educativa, apesar de os
argentinos passarem por uma crise que afeta a economia,
as crianças são educadas a não degradarem aquilo que é
seu e também do coletivo, a rua é coletiva, todos têm o
direito a andar numa cidade limpa, mas em outros lugares
falta senso educativo.
Ao Brasil, e a Recife não digo que seja uma
questão de cultura, mas sim de um planejamento
educacional que levante o senso comum da necessidade de
preservação e orientação a cerca da prática de jogar lixo
nas ruas. A falta de coleta, o destino inadequado, a
desigualdade social, o descomprometimento
governamental acerca da problemática, são, portanto,
agravadores da situação que envolve o lixo.
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SEGURANÇA NO PORTO DAS GALINHAS
Thiago Valesko Matias
O que é Porto de Galinhas? Porto de Galinhas
faz parte do distrito de Nossa Senhora do Ó, localizado no
Município do Ipojuca no litoral sul de Pernambuco. A vila
de Porto, como também é conhecida pelos nativos, é
considerada um balneário por possuir uma riqueza
fenomenal, nas suas nove praias. Praias, quais? Camboa,
Muro Alto, Pontal do Cupe, Porto de Galinhas, Maracaípe,
Pontal de Maracaípe, Enseadinha, Serrambi e Toquinho.
Porto possui uma população de 21.391 habitantes e no ano
de 2008 foi eleita a melhor praia do Brasil. “Oxente” e isso
“num” é bom para o nosso Nordeste? Ela abriga uma
vegetação tropical com arrecifes de corais que formam as
piscinas naturais, um belo cenário aquático. Uma grande
extensão de sessenta quilômetros se acentua nas praias do
Pontal de Maracaípe e de Camboa formando o manguezal,
bancos de areia anualmente tornam um berçário para a
desova das tartarugas.
Em Porto existem alguns projetos de
preservação da fauna. O Eco Associados é uma associação
que cuida das tartarugas marinhas existentes no local,
atuando desde 2001. Outro projeto local é o de
preservação do Hippocampus reidi (cavalo marinho) que é
uma espécie ameaçada de extinção.
79
Entre idas e vindas pelas ruas da Vila de Porto,
nativos e turistas podem desfrutar e praticar o surf, o kide
surf, o mergulho e andar na pista de skate. Porto possui
uma gastronomia bem diversificada com seus variados
comércios, oferecendo serviços alimentícios regionais.
Atualmente, a Vila de Porto é símbolo de referência pela
sua beleza natural e por suas construções antrópicas,
oferecendo uma estrutura sólida para o conforto e
segurança dos que nela residem ou visitam.
E a segurança no Porto o que faz? A Unidade de
Segurança Integrada (UIS) de Porto de Galinhas é
composta pelas Policias Civil, Militar e pela Guarda
Municipal. Desde 2009 a Guarda Municipal atua
legalmente no distrito e em todo o Município do Ipojuca.
Sou um guarda municipal, faço parte desta família de
sangue azul e através de uma estratégia de segurança
proposta pela Secretaria de Segurança Cidadã do
Município, os Guardas Municipais do Patrimônio e do
Trânsito atuam em conjunto em distintos pontos de
bloqueio, auxiliando os visitantes e nativos, trabalhando
na política da “guarda amiga”.
Os pontos de bloqueio são pontos estratégicos
de entrada e saída de pessoas e veículos na Vila onde os
turistas e nativos recebem informações sobre diversos
aspectos da Vila de Porto inclusive informações de
condutas de trânsito. A “guarda amiga” é uma proposta de
trabalho instituída no município pelo Governo Estadual
80
onde o trabalho da guarda municipal é feita da melhor
forma para alcançar o apoio da comunidade. Desta forma
a segurança no Porto é realizada.
81
VOCÊ PODE IR NA JANELA
Tricia Ruschelle Nóbrega Mendes Marques
Você pode ir na janela, pra se amorenar no sol,
que não quer anoitecer, e ao chegar no meu jardim,
mostro as flores que falei…♫ Não não, não é a música de
Gram, do tiítulo “você pode ir na janela”, mas ainda sim, é
uma realidade. Quantos já não pegaram aquele ônibus
premiado, lotado, ou pior ainda, sentado no lado do sol
escaldante em um trânsito que anda a 5km por hora?
Creio que muitos. Mas não há apenas coisas ruins deste
quase “estado de espírito de azar”, pois é também um
momento de reflexão, que pode ser sobre a sua vida ou,
simplesmente sobre a vida. Quantas vezes não já se
depararam olhando para o nada, para a paisagem no
caminho até o seu destino final? A paisagem da nossa
querida Praia de Boa Viagem mudou drasticamente de
uma década pra cá. Eis um exemplo: antigamente, a
quantidade de espécies vistas nos arrecifes ou próximo
deles, eram bem variadas, ou no mínimo, mais numerosas.
Os corais, menos depredados, com mais ouriços, mais
peixes, estrelas-do-mar... Lembro-me de ver diferentes
espécies aos arredores.
No entanto, não é preciso olhar tão de perto
82
para ver a mudança. A paisagem a partir da janela de um
carro ou até mesmo de um ônibus é extremamente
interessante, pois você pode ver o mundo e as mudanças
ocorridas ao longo dos anos, ou apenas ao longo de uma
rodovia. Na orla de Boa viagem, conseguia-se ver uma
vasta areia branca até o mar, algumas espécies diferentes
andando sob a areia, como por exemplo, uma tartaruga! E,
podia-se notar vida na meiofauna! Havia pessoas tomando
banho tranquilamente, com peixinhos nadando por perto,
brincando, numa paisagem limpa, com pouco lixo e
calmaria, bebendo a boa e velha água de coco e se
refrescando. E o que temos hoje? Além da poluição sonora
dos carros e carros de som colocados dentro da área de
lazer, contamos com pedras e mais pedras relocadas para a
praia, para “evitar” o avanço do mar. Claro que sabemos
que não evita nada, apenas tenta mostrar que algo esta
sendo feito para “proteger” o meio social. Já não há mais a
vasta areia para caminhar. Em alguns espaços, é
impossível passar pela areia quando a maré sobe um
pouco. Essas pedras são abrigo para ratos, baratas e outros
organismos, transformando-se em uma fonte de doenças,
além de tirar o brilho e a beleza da nossa praia, tornou-se
perigoso tomar banho nestas localidades. Isto sem falar na
quantidade de lixo que podemos encontrar andando na
areia e nas mudanças ambientais feitas pelo porto de
Suape. Um banho já não é mais tão tranquilo e prazeroso,
pois há tubarões por toda parte. Dificilmente encontra-se
uma tartaruga desovando, isto, quando não a encontramos
83
morta por algum motivo antrópico (já tive o desprazer de
ver uma tartaruga gigante sangrando até a morte).
A paisagem muda de acordo com a situação
social de determinado local e o uso de tecnologias, e
habitação de determinado trecho da avenida. Ao longo de
anos, pude observar as mudanças nos 7 km aproximados
da Orla de Boa Viagem ocasionados pela sociedade. A
mudança não só ocorre no ambiente natural, mas também
no ambiente artificial, quiosques mais modernos, praias
tão cheias de cadeiras e barracas que mal dá pra ver o mar!
O calçadão moderno, com iluminação moderna, placas
informativas, entre outros. Ainda há satisfação em andar
de carro pela orla, por sentir o cheiro da maresia ou
simplesmente pela imagem que o mar nos transmite, mas
já não é mais a “Nossa Praia de Boa Viagem”. Nem os
ônibus mais passam por toda a Orla, então, nossa
“calmaria” da manhã se transformou em “poluição social”,
ou seja, encontramos a poluição sonora, visual, ambiental,
e tantos outros tipos de poluição a que venham surgir ou
tenham nomes diferentes. Como se não bastasse, após
degradar a Praia de Boa Viagem, agora estamos fazendo o
mesmo com outras praias do nosso litoral e, mudanças, no
mínimo desastrosamente tristes, já podem ser observadas
nas mesmas.
84
BEM-TE-VI DE VASSOURA
Ubirajara Marinho de Souza
Um dia acordei como em uma manhã qualquer,
fiz meu desjejum e fui à área de serviço da minha casa. É
uma área de aproximadamente 5x3m e tem um portão que
dá acesso ao quintal. Fui ao tanque lavar uma sandália e
tomei um susto com um pássaro voando por cima da
minha cabeça, analisei, vi um ninho um pouco acima do
tanque em um jarro e toda vez que eu e todos aqui de casa
iam ao tanque levavam vários sustos. Depois disso, voltou
a nidificar mais duas vezes aqui na área, uma numa brecha
entre as telhas e outra em um lugar muito curioso, uma
vassoura de teto. Sim, uma vassoura de teto! Minha mãe
indagou “com tanta árvore por ai esse passarinho foi fazer
um ninho logo na minha vassoura, como que vou varrer o
teto?”. Depois disso tudo, comecei a refletir se era o
pássaro que estava invadindo nosso espaço ou nós o dele?
As aves tem um hábito alimentar muito variado
podendo ser frugívoras, granívoras, insetívoras,
nectarívoras, carnívoras, piscívoras, detritívoras ou
necrófagas e onívoras, justamente por isso elas
desempenham papeis fundamentais na cadeia alimentar,
polinização e na dispersão de sementes, sendo assim
muito importantes para o equilíbrio ecológico.
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Cada vez mais os remanescentes florestais estão
sendo fragmentados devido ao avanço da construção de
rodovias, casas e de edifícios, os pássaros estão perdendo
seu habitat natural, e tendo que cada vez mais se habituar-
se as grandes cidades e achar novos meios de se alimentar,
nidificar e viver. Algumas aves ainda conseguem se
adaptar ao meio urbano como os pombos e o bem-te-vi,
sendo o último que se adaptou muito bem a região ao
redor da minha casa, que por sinal, ainda é muito
arborizada e a minha área de serviço.
O Bem-te-vi é a personificação da adaptação,
pois sua alimentação, apesar de ser insetívora, pode variar
bastante, incluindo minhocas, frutas, flores, pequenas
cobras, lagartos, girinos e peixes de lagos e rios rasos,
carrapatos de bovinos e equinos, ovos de outras aves e
ainda, se encontrarem de bobeira por aí, não vão deixar
passar a ração de gatos ou cachorros desatentos.
O fato é que, uma vez que nosso ambiente já foi
modificado, devemos no mínimo aprender a conviver com
os animais urbanos, pois antes do crescimento das
cidades, aqui já era o seu habitat e tomar posturas para
que não prejudique o desenvolvimento de determinadas
espécies, assim como minha mãe, que ficou sem sua
vassoura de teto.
86
GASTAR ÁGUA EXACERBADAMENTE É
JOGAR A VIDA PELO RALO.
Wanessa Batista Santos
Ao acordar de manhã, acendi a luz, tomei um
banho quente e preparei o café. Depois de me alimentar,
limpei a boca com um guardanapo e lavei a louça. Fui ao
banheiro, escovei os dentes e depois de tudo pronto, fui
me preparar para mais um dia de trabalho. No caminho
parei para pensar, estava calor, senti muita sede e comprei
uma garrafa de 200ml de água de um vendedor
ambulante. Indaguei: Será que meu filho daqui a alguns
anos vai pagar o mesmo valor que paguei por esta água?
Pensei que só gastava água para ir ao banheiro e lavar a
louça. Mas não, analisando bem os fatos, gastei água para
realizar todas estas atividades, afinal de contas foi preciso
usar água. A energia vinda das quedas d’água (via
hidrelétricas) é que faz as lâmpadas acenderem, os
chuveiros aquecerem e as geladeiras resfriarem. E para
produzir o guardanapo que passou pela minha boca (um
único guardanapo) foi necessária muita água,
aproximadamente 5 litros por guardanapo. Sem esquecer
que o combustível que meu carro usou também contém a
substância. Usando uma expressão que tem a ver com o
tema, seria "chover no molhado" dizer que a água é
essencial para a nossa vida. Sem a água, em quantidade e
87
qualidade adequadas, não é apenas o desenvolvimento
econômico-social que fica comprometido, mas também a
minha própria sobrevivência. Ao chegar em casa, voltei a
pesquisar sobre o tema e fiquei assustada, ao saber que são
necessários 10 litros de água para fazer 3 folhas de papel;
20 litros de água para produzir uma maçã; 91 litros de
água para fazer 1/2kg de plástico; 10.855 litros de água
para fazer uma calça jeans; 15.500 litros de água para fazer
1kg de carne bovina. E menos de 1% da água do planeta é
boa para o consumo. Como mudar essa situação?
Perguntei-me. Em outros países, como da Europa, a água
servida e utilizada é quase que na sua totalidade
reaproveitada. Na África a água é tão rara que um copo
com água pode ser motivo de morte. Aqui no Brasil a
cultura é diferente, esbanjar água enquanto se têm e
queixar-se quando faltar. Um brasileiro gasta 190 litros de
água por dia, segundo os dados da pesquisa feita pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUV). Depois de todos esses dados e descobertas, a
única coisa que posso fazer é educar meu filho, fazendo
com que ele fique consciente de que a água é um bem
precioso, e que temos que a economizar. Reeducando-me e
o educando. Com esse texto, espero conscientizar outras
pessoas também, para que futuramente, a próxima
geração tenha a mesma disponibilidade de água que
temos, afinal de contas... Gastar água sem necessidade a
ponto de desperdiçá-la futilmente, é jogar a vida pelo ralo.
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FECHANDO A TORNEIRA
Wanieverlyn de Lima Silva
Quando gastamos algo desordenadamente
significa dizer que estamos desperdiçando. Focando em
um tema atual, nos direcionamos para o desperdício de
água, fonte de vida para todos os seres vivos. Ao andar na
rua ainda vejo pessoas lavando calçadas, atitude que
resulta num gasto desnecessário de água, mesmo depois
de tantas propagandas para a redução do desperdício.
Ainda é de se espantar que uma torneira aberta gaste de
doze a vinte litros de água por minuto? Provavelmente
muitos ainda ficam surpresos com essa informação. Pois é.
O fato de deixar a torneira pingando gasta muita água, e
uma das consequências disso é a escassez num futuro bem
próximo. Muitas pessoas vivem sem água tratada,
enquanto outras fazem má utilização dela.
Ao realizar uma atividade sobre a importância
da água com alunos de uma escola pública, constatei que
os mesmos estão sensíveis a essa temática. Eles tiveram o
dever de elaborar um desenho sobre o que mais chamasse
sua atenção sobre a água na escola, e os resultados foram
semelhantes, todos focaram na questão do desperdício de
água na escola. Os desenhos incluíram torneiras pingando,
ar condicionado pingando, chuveiro pingando e descarga
pingando. Ao falarem sobre seus desenhos, eles sugeriram
mudanças na escola, como o conserto dos banheiros e até
o uso de baldes para recolher a água que cai do ar
89
condicionado e reutilizá-la para outros fins. É interessante
perceber que crianças, entre nove e doze anos já se
importam com o ambiente em que vivem. Durante a
discussão com as crianças, refletimos sobre a abundância e
escassez da água em diferentes locais, no sentido que,
alguns lugares são abastecidos e outros são secos, e em
alguns locais abastecidos há tanta poluição da água,
portanto o que devemos fazer é valorizar esse bem
precioso. Valorizar por meio de ações. Atitudes simples do
dia a dia nos fazem seres humanos atuantes, não apenas
falantes, pois o discurso não é válido se não dermos
exemplos.
A partir daqui vamos parar de falar na primeira
pessoa do plural – nós. Tudo deve começar por mim. Eu
devo fechar a torneira quando vou escovar meus dentes ou
lavar louças. Devo fechar o chuveiro quando estiver me
ensaboando. Não devo deixar a mangueira aberta ao lavar
o carro. Não devo jogar lixo no rio ou canal. Essas atitudes
simples contribuem para a economia e bom uso de água.
Fechando a torneira, fechando o registro de água caso haja
quebra de canos e colaborando com o ambiente, perceba,
os verbos estão no gerúndio, portanto indicam ações
contínuas, inacabadas, que estão em andamento, não
finalizadas. Assim, esse ritmo deve ser mantido, para que
outras pessoas sejam contagiadas e passem a agir
corretamente, dando sua parcela de contribuição para que
o desperdício cesse. Portanto, que eu reflita todos os dias
nas seguintes frases: a mudança começa em mim. Devo
90
parar de apenas falar e preciso agir.
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