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núcleodamatéria
Maio/ Junho 2010
2
Por Cecília Maria Kalil Haddad
Fechamos este número do jornal rendendo
nossas homenagens ao estimado colega
José de Júlio Rozental, um dos profissionais
mais competentes do País, responsável pe-
las equipes que prestaram atendimento
aos cidadãos em Goiânia após o acidente
ocorrido em 1987. Falecido no dia 04 de
maio, Rozental também será lembrado pela
colaboração oferecida às organizações que
cuidam da segurança radiológica em diver-
sos níveis, caso da Comissão Nacional de
Energia Nuclear (CNEN) e da Agência In-
ternacional de Energia Atômica
(AIEA), além do carinho dado à sua famí-
lia, como observamos no depoimento emo-
cionado de seus filhos.
No dia 13 de maio aconteceu em Brasília a
reunião do Grupo de Trabalho formado a
pedido da Câmara de Regulação do Traba-
lho em Saúde (CRTS/ DEGERTS/MS), para
tratar do reconhecimento do físico-médico
como profissional da área de saúde. Con-
duzido pelo representante do Ministério da
Saúde, o encontro teve a participação dos
sócios Marcelo Freitas, editor da Revista
Brasileira de Física Médica, e Laura Natal,
ex-presidente da ABFM. Segundo o relato
feito pelo associados, enquanto o emissário
da Vigilância Sanitária (ANVISA) pontuou a
importância de nossa atividade para a pro-
teção radiológica e garantia de qualidade
dos equipamentos de diagnóstico e terapia,
um dos técnicos do Ministério da Educação
(MEC), lembrou que é preciso aproximar o
conteúdo pedagógico do aprimoramento
em Física Médica com os demais cursos da
área de saúde. A discussão do tema con-
tinuou na reunião da CRTS, em 16 de ju-
nho, com a minha presença e a de Marce-
lo Freitas, onde os enviados dos conse-
lhos federais das pro-
fissões da saúde ma-
nifestaram, em sua
maioria, que “o físico-
médico é um profis-
sional de atuação re-
conhecida na área da
saúde”. Apesar disso,
a regulamentação da
profissão impede a
sua inclusão como
profissão dessa área. Nas páginas seguin-
tes, destacamos ainda o le-
vantamento feito nas clínicas
e hospitais que possuem
bombas de cobalto em seus
serviços, e a presença de
nossos membros em eventos
realizados recentemente, dos
quais, o V Congresso Latino-
americano de Física Médica,
ocorrido entre os dias 16 e
20 de maio, na cidade de
Cuzco, Peru. Quem esteve ali
foi o físico Renato Di Prinzio,
que também acompanhou a
Assembleia Geral da ALFIM, que elegeu a
brasileira Simone Kodlulovich Dias, chefe do
Serviço de Física Médica em Radiodiag-
nóstico e Imagem do Instituto de Ra-
dioproteção e Dosimetria (IRD/CNEN),
presidente da entidade. Na ocasião, a indi-
cação de outros delegados para os cargos
de diretoria contou com 197 participantes
vindos de países como Argentina, Chile, Mé-
xico e Uruguai, que puderam acompa-
nhar o debate sobre a necessidade de
ajustar o estatuto da associação à realidade
do especialista. Por fim, em Estocolmo, o
Joint Annual Meeting, foi organizado
pela International Society Magnetic Re-
sonance in Medicine (ISMRM) e Europe-
an Society for Magnetic Resonance in Medi-
cine and Biology (ESMRMB), e teve Ales-
sandro A. Mazzola, especialista em Radiodi-
agnóstico, entre os seus ouvintes.
Editorial
Núcleo da Matéria - Número 31, Ano V - Maio/ Junho 2010. Publicação Bimensal
Presidente: Cecília Maria Kalil Haddad presidente@abfm.org.br; Vice-Presidente: Renato Di Prin-
zio vice@abfm.org.br; Secretário Geral: Renato Assenci Ros secretariageral@abfm.org.br; Tesouraria:
Vilma Aparecida Ferrari tesouraria@abfm.org.br; Diretoria de Radioterapia: Edílson Lopes Pelosi
radioterapia@abfm.org.br; Diretoria de Medicina Nuclear: Lorena Pozzo mednuc@abfm.org.br; Diretoria de
Radiodiagnóstico: Marcia de Carvalho Silva radiodiagnostico@abfm.org.br; Secretário regional norte-
nordeste: Nilo Antônio Menezes nortenordeste@abfm.org.br; Secretário regional centro-sudeste: Carlos
Malamut centrosudeste@abfm.org.br; Secretário regional sul: Alessandro André Mazzola sul@abfm.org.br ABF
M 2
010-
2011
Acervo Fam
ília
Foto Divulgação
Contratempo. Na foto mais acima, Júlio Rozental numa das viagens com a família. Abaixo,
observatório no Chile
3
comercial@e-pauta.com.br
Agenda
PET-CT Update: Radiation Therapy Planning & Evaluating Response to Therapy Meeting – 24 a 26 de setembro,
em San Diego, Califórnia. Entre os tópicos inseridos na agenda elaborada pelo American College of Radiology estão o papel
e os aspectos técnicos do PET/CT no planejamento da radioterapia; prós e contras dos métodos RECIST e PERCIST
e suas respostas ao equipamento; abordagem de outros marcadores, além do FDG, que poderão ser usados
para monitorar a resposta terapêutica e a análise de casos clínicos. Informações: www.acr.org/
SecondaryMainMenuCategories/MeetingsandEvents
Cursos Avançados em Radiologia e Diagnóstico por Imagem
2010 – dos eventos preparados pelos especialistas do Centro de Es-
tudos Radiológicos “Rafael de Barros” destacam-se: “Ultrassom do
Sistema Músculo-Esquelético”, por Renato A. Sernik, dias 22, 23 e 24
de outubro, e “Curso Avançado de Pequenas Partes”, por Osmar C.
Saito e Maria Cristina Chamas, dia 06 de novembro. Saiba mais
pelo telefone (11) 3069-7067 ou através dos sites:
www.webst.com.br/inrad ou www.hcnet.usp.br/cursosbarros
International Conference on Innovative Approaches in Head
and Neck Onlocology – 24 a 26 de fevereiro de 2011, em Barcelo-
na, Espanha. Organizadas pela European Society for Therapeutic
Radiology and Oncology (ESTRO), com a colaboração da Euro-
pean Head and Neck Society (EHNS) e European Society for
Medical Oncology (ESMO), as palestras abordarão o perfil bio-
lógico de cada paciente e os riscos associados; os tratamen-
tos e os diagnósticos de última geração disponíveis no mercado e
as terapias mais eficientes para pessoas idosas. Confira o pro-
grama científico, prazo de inscrições e outros detalhes no link
http://www.estro-events.org/Pages/ichno2011.aspx
Annual Meeting 2010 – de 06 a 09
de outubro, no Centro de Conven-
ções de Austin, nos Estados Unidos.
De acordo com a direção do Depar-
tamento de Engenharia Biomédica da
Universidade do Texas, que assina a
organização, são esperados mais de
três mil inscritos. Estudantes, convi-
dados e profissionais da área pode-
rão acompanhar os 1.200 cartazes
apresentados, além das palestras e
seminários. www.bmes.org/aws/
BMES/pt/sp/meetings
4
Por Adriana Sanches
De acordo com a história, o Cobalto-60 foi
descoberto em 1938 por Glenn Theodor
Seaborg e John Livingood. O primeiro equi-
pamento de radioterapia com essa fonte foi
utilizado num paciente em outubro de
1951. Desde então, o tratamento contra o
câncer se tornou cada vez mais popular.
Como diria o próprio Seaborg, vencedor do
Prêmio Nobel de Química, durante um
encontro sobre Medicina Nuclear realizado
há exatas quatro décadas, “das oito
milhões de aplicações de radioisótopos
realizadas por ano nos Estados Unidos,
cerca de 90% delas são feitas com o Co-
60, o Iodo-131 e o Tecnécio-99m”.
Por conta das características deste
elemento, a exemplo da meia-vida de
5,3 anos, dos riscos para a segurança dos
técnicos e pacientes – já que sob as
blindagens do equipamento chamado de
“bomba de cobalto” há emissão
ininterrupta de radiação, da sua energia
relativamente baixa (1,3 MeV) e do
surgimento dos aceleradores lineares, os
aparelhos de cobaltoterapia estariam
fadados à aposentadoria.
Entretanto, dos 731 estabelecimentos
cadastrados na Secretaria de Atenção
à Saúde (CNES/DATASUS), 60 deles
a inda possuem o maqu iná r i o
registrado em suas estruturas de
atendimento. “Eles vêm sendo
substituídos rapidamente. Nos últimos
cinco anos foram desativados cerca de
50 cobaltos, equivalente a 40% dos
recursos instalados”, lembra o físico
médico Homero Lavieri, que contribuiu na
atualização das tabelas listadas a seguir.
Para o profissional, embora estas unidades
demandem de investimentos menores de
manutenção, o que se traduz como uma
economia substancial para as instituições
que as têm, há algumas desvantagens a
serem consideradas: falta de implantação
de novas tecnologias; menor precisão do
tratamento; maior penumbra nos campos
de irradiação, uma única energia
disponível; alto custo na troca das
pastilhas de cobalto e diminuição no
número de pacientes atendidos conforme o
decaimento da fonte. Enfim, é preciso
lembrar-se de um último senão – a maior
parte destes equipamentos está em uso há
mais de três décadas, o que daria margem
à eventuais falhas de manutenção.
Recentemente, o Hospital Beneficência de
Santos, no Estado de São Paulo, foi citado
por manter o tratamento de pacientes com
uma dessas fontes com atividade menor do
que a recomendada. Atualmente, a nova
diretoria substituiu a fonte e o
equipamento já tem autorização da CNEN e
da ANVISA para o funcionamento.
Com tanta polêmica, consultamos André
Paes, especialista em Serviços de Saúde da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA). Confira o que ele nos disse
De acordo com o cadastro exibido
na página da Secretaria de Aten-
ção à Saúde (CNES/DATASUS), dos
731 estabelecimentos listados, 60
possuem unidades de cobalto em
suas infraestruturas. Existe algu-
ma recomendação para a substi-
tuição destes recursos terapêuti-
cos? Não existe nenhuma recomen-
dação da ANVISA que indique a subs-
tituição dos equipamentos de cobalto-
terapia. O que observamos é que o
próprio mercado está se comportando
desta maneira, ou seja, os serviços
de radioterapia estão substituindo e-
quipamentos que utilizam fontes de
cobalto por aceleradores lineares.
Na Ata da 6ª Reunião Ordinária
da Câmara Setorial de Serviços de
Saúde, realizada em 13 de maio
de 2009, há indicações de que a
ANVISA tem feito estudos sobre o
assunto. O senhor poderia nos
contar mais detalhes? O estudo
que foi iniciado em 2003, hoje faz
parte do trabalho de rotina da área
de serviços de saúde da ANVISA
(GGTES), que também monitora a si-
tuação sanitária e de risco das radio-
terapias do País. Desde o início do
processo de elaboração da Resolução
RDC 20/2006 da Agência foi necessá-
rio idealizar um estudo da situação
sanitária dos serviços de radioterapia
em funcionamento na época e uma análi-
se de impacto da publicação da norma
que estava sendo criada. Este acompa-
nhamento continuou e hoje permite que
as vigilâncias dos estados e de alguns
municípios, que são responsáveis pe-
la emissão do alvará sanitário sejam
munidas de informações para melhor
planejar e efetuar as ações de vigilância
sanitária que lhe competem.
Em casos como o do Hospital de
Cirurgia de Sergipe, que guardava
fontes de cobalto, césio e estrôn-
cio em desuso, como a população
pode se defender? Qualquer cida-
dão pode entrar em contato com a
autoridade sanitária de sua região e
relatar alguma situação irregular que
tiver conhecimento.
Núcleo da Matéria - Número 31, Ano V - Maio/ Junho 2010. Publicação Bimensal
Cobaltoterapia
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Além disso, denúncias podem ser feitas através do telefone
da central de atendimento da ANVISA (0800-642 9782) ou por
meio do formulário de denúncias disponível na internet. Todos os
relatos recebidos são investigados e respondidos. Também atua-
mos em parceria estreita com a Comissão Nacional de Energia Nu-
clear (CNEN), na troca de informações e em ações conjuntas,
quando necessário.
Há informações que dão conta de que alguns equipamentos
de cobaltoterapia estão em funcionamento por períodos
maiores que o recomendado. Na opinião do senhor, isso po-
de comprometer o tratamento oncológico oferecido à popu-
lação? Isto pode prejudicar a qualidade do tratamento, pois equi-
pamentos com mais de trinta anos de uso dificilmente contam
com assistência técnica do fabricante. Além disso, a interrupção
no tratamento dos pacientes é muito mais frequente e mais de-
morada nestes casos, pois cada vez que o mesmo apresenta al-
gum problema, um equipamento fora de uso tem que ser des-
montado para substituir a peça quebrada. Estas interrupções têm
uma probabilidade maior de ocorrer e a manutenção fica mais difí-
cil e mais “improvisada” com o passar do tempo. No caso de tra-
tamentos oncológicos, essa interrupção pode significar a perda da
chance de cura do paciente.
Confira as clínicas e hospitais que possuem Unidades de Cobalto, por re-
gião, de acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde:
Estabelecimentos Quantidade
Rio de Janeiro
Clínica de Radioterapia Osolando J. Machado 01
Instituto de Med. Nuclear e Endocrinologia 01
MS HSE Hospital dos Servidores do Estado 01
MS INCa HC I Hospital do Câncer I 02
São Paulo
CAISM - UNICAMP/ Campinas 01
Fundação Pio XII - Barretos 01
Hospital Amaral Carvalho - Jaú 01
Hospital das Clínicas da Unicamp de Campinas 02
Hospital das Clínicas de Botucatu 01
Hospital Imaculada Conceição Ribeirão Preto 01
Hospital Municipal Dr. Mario Gatti Campinas 01
Hospital Santo Antônio Santos 01
Hospital São Joaquim Beneficência Portuguesa 01
Hospital São Paulo / Hospital de Ensino da UNIFESP 01
Instituto Brasileiro de Controle do Câncer IBCC 01
Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho 01
Instituto de Radioterapia do ABC 01
Instituto de Radioterapia Presidente Prudente 01
Nucleon Radioterapia e Física Médica Sorocaba 01
Santa Casa de Santos 01
Santa Casa de Sorocaba 01
Minas Gerais
Hospital Bom Pastor 01
Hospital Dilson Godinho 01
Hospital do Câncer 01
Santa Casa de Belo Horizonte 01
Unidade AMB - Centro de Pesquisa Tratamento do Câncer 01
Espírito Santo
Hospital Santa Rita de Cássia Vitória 01
Estabelecimentos Quantidade
Bahia
Hospital Manoel Novaes - Itabuna 01
Hospital Português - Salvador 01
Hospital Santa Isabel - Salvador 01
Pernambuco
Hospital do Câncer de Pernambuco - Recife 01
IRWAM- Recife 01
Paraíba
Hospital Escola da FAP - Campina Grande 01
Hospital Napoleão Laureano - João Pessoa 01
Ceará
Crio – Centro Regional Integrado de Oncologia 01
Santa Casa de Misericórdia de Sobral 01
Piauí
Hospital São Marcos - Teresina 01
Maranhão
Instituto Maranhense de Oncologia Aldenova Belo IMOAB 01
Região Nordeste:
Região Sul:
Foto
Div
ulga
ção
6
Núcleo da Matéria - Número 31, Ano V - Maio/ Junho 2010. Publicação Bimensal
Por Adriana Sanches
Em 1987, um ano depois da explosão do reator nuclear de Cher-
nobyl, na Ucrânia, dois catadores de lixo, Roberto dos Santos e
Wagner Mota, encontraram um equipamento abandonado no ter-
reno do Instituto Goiano de Radioterapia. Interessados na comer-
cialização do metal que recobria a estrutura, eles retiraram partes
da máquina e as venderam ao dono de um ferro-velho, Devair Alves
Ferreira, que mais tarde abriu a peça e encontrou 19,26 gramas
de césio 137, isótopo utilizado no tratamento oncológico. Ali co-
meçaria um episódio feito de tragédias e de grandes personagens.
Um deles, certamente, foi o físico José de Júlio Rozental, falecido no
dia 04 de maio, responsável pelas equipes de atendimento às víti-
mas e de descontaminação das áreas atingidas.
Para tanto, o então representante da Comissão Nacional de Ener-
gia Nuclear (CNEN) estabeleceu-se na cidade e por lá morou até
1993, quando se mudou para Israel. Na época, de acordo com a
entidade, deu a seguinte declaração a um jornal local: “Volto
a terra de meus antepassados. Vou em busca de novos so-
nhos, agora mais experiente. Levarei todos, levarei o Brasil, terra
onde nasci. Levarei de Goiânia, em minha memória, memórias de
heróis, de bravos, de homens perseverantes, do povo mais meigo
que convivi. Amo essa terra e suas flores. Que me perdoe o egoís-
mo, vou levá-las comigo”.
Conhecido internacionalmente como um dos maiores especialistas
em segurança radiológica, consultado com frequência pelos mem-
bros da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o profis-
sional também era um marido, pai e avô absolutamente dedicado.
Para mostrar este último viés com propriedade, o jornal Núcleo
da Matéria convidou Renata, uma de suas filhas, para falar um
pouco mais desta pessoa tão à frente de seu tempo.
A senhora poderia nos contar alguns episódios deste lado
caseiro do Dr. Rozental e de como era o cotidiano dele em
Israel? Lembro-me de duas situações de quando éramos crianças
– dele trabalhando muito e de sua dedicação conosco. Costumáva-
mos sair para passear, ir ao clube, caminhar no aterro do Flamen-
go [no Rio de Janeiro] e, durante os feriados prolongados, viajá-
vamos para Teresópolis [região serrana do Estado]. Ele também
apreciava o encontro com os amigos e a boa música, sobretudo as
óperas, os ritmos clássicos e algumas canções nacionais da déca-
da de 1950. Nos últimos anos, depois que se mudou para Israel,
mantinha sua atenção na culinária.
Superfantástico
Estabelecimentos Quantidade
Mato Grosso do Sul
Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian 01
Distrito Federal
HBDF – Hospital de Base do Distrito Federal 01
Estabelecimentos Quantidade
Pará
Hospital Ophir Loyola 01
Amazonas
Fundação CECON 02
Rondônia
Clínica São Pelegrino Porto Velho 01
Acre
Fundação Hospital Estadual do Acre 01
Região Norte:
Região Centro-Oeste:
Estabelecimentos Quantidade
Paraná
Centro de Oncologia e Radiologia Santana 01
HCL Hospital do Câncer de Londrina 01
Hospital Erasto Gaertner 01
Hospital Santa Casa de Misericórdia 01
INCAM Instituto do Câncer de Campo Mourão 01
Santa Catarina
Centro de Tumores Reynato Sodré Borges SC Ltda. 01
Hospital Municipal São José 01
Imperial Hospital de Caridade 01
Rio Grande do Sul
CRR Centro Regional de Radioterapia Sociedade Simples 01
Hospital Escola da UFPEL Fundação de Apoio Universitário 01
Hospital São Lucas da PUC RS 01
HUSM Hospital Universitário de Santa Maria 01
Santa Casa do Rio Grande 01
Região Sul
7
E era ele, com a ajuda de minha mãe, o
responsável pelos jantares de sexta-feira,
quando os filhos e os netos passavam o
“shabat” [dia dedicado ao descanso, seme-
lhante ao sábado na
cultura brasileira]
em sua casa. Entre
as suas especialidades
estavam o rosbife, pei-
to de peru, paella de
peixe com camarão,
arenque com cebola e
bife grelhado.
Quando e por que
ele decidiu sair do
Brasil? Em 1993, após
aposentar-se da Comis-
são Nacional de Energia
Nuclear [CNEN], ele e
minha mãe optaram
morar em Israel. Nós
[Rosa, Julio e Renata,
os filhos do casal] já
vivíamos aqui há al-
guns anos. Além disso,
minha irmã estava
grávida do primeiro
neto e eles queriam, o
quanto antes, encarar
a função de avós. De-
pois dela – descobri-
mos mais tarde que
era uma menina – vie-
ram mais sete crian-
ças, uma atrás da ou-
tra. Assim, meus pais
tornaram-se o centro
da nossa família, fosse aos finais de sema-
na, quando retomamos o hábito de viajar
por lugares incríveis, nas festas ou nos
passeios feitos pelo país.
Quais foram as impressões mais signi-
ficativas que ele tirou do caso de Goiâ-
nia? Este foi um trabalho muito importan-
te. Não poderia entrar em detalhes técni-
cos de como se deu, por exemplo, a des-
contaminação da área e a construção do
depósito do lixo radioativo, pois não te-
nho conhecimento profundo do assunto.
Entretanto, uma das coisas mais marcan-
tes da qual lembro era o orgulho e a emo-
ção que ele guardava do povo de Goiânia.
“Eram carinhosos e corajosos”, dizia. Além
de ser um profissional extremamente capa-
citado, se destacava pelo amor e pelo res-
peito que sentia pelo ser humano. Nunca
discriminou ninguém, olhava as pessoas
nos olhos e, por isso, sempre foi querido
por todos. Na época, seu objetivo principal
era tranquilizar a população que vivia na
região e colaborar para que a normalidade
fosse retomada o mais
rápido possível, afinal, as
dúvidas e o preconceito
começaram a surgir nas
coisas mais simples, como
o medo do contato físico e
o boicote aos alimentos
produzidos na cidade.
Na opinião da senhora,
quais foram as maio-
res lições deixadas
pelo professor para
os físicos mais jo-
vens? Meu pai deixou
dezenas, talvez centenas
de artigos, participou de
congressos e dividiu com
outros profissionais e a-
cadêmicos toda a expe-
riência acumulada no
acidente de Goiânia. As
maiores lições de vida,
pontuava, foram a-
prendidas com a mãe e,
depois, repassadas para
nós. Primeiro, a humilda-
de. Ele costumava nos
dizer quando éramos jo-
vens: "Nunca olhem para
os mais favorecidos com
inveja e para os menos
privilegiados com des-
dém". Em seguida com-
pletava esse pensamento citando que com
o estudo, o trabalho, a dedicação, com
bom caráter e fé em Deus, o homem pode
conseguir atingir todos os seus objetivos,
assim como ele, que veio de uma família
muito pobre, e conseguiu se tornar um físi-
co de grande prestígio mundial e um ser
humano admirado por muitos.
Acervo Fam
ília
8
Núcleo da Matéria - Número 31, Ano V - Maio/ Junho 2010. Publicação Bimensal
Do alto da montanha Por Sérgio Martins
Será construído na colina
Armazones, num planal-
to de 3,06 mil metros
acima do nível do mar,
localizado no deserto do
Atacama, Chile, o Euro-
pean Extremely Large
Telescope (E-ELT), já
considerado o maior te-
lescópio do mundo, com
42 metros de diâmetro.
De acordo com o anúncio
feito pelos representan-
tes da Organização Euro-
peia para Pesquisa As-
tronômica no Hemisfério
Sul, responsável pelo
projeto. O objetivo deste
equipamento será o de
descobrir outros planetas
e corpos celestes e aprofundar-se em al-
guns conceitos da física, caso dos buracos
negros e da matéria escura. A escolha do
lugar se deu pela ausência de chuvas e de
nuvens que atrapalham a visualização do
espaço. Previsto para entrar em funciona-
mento em 2018, o novo telescópio é pelo
menos três vezes maior que o anteri-
or – do Experimento Atacama Pathfin-
der – erguido em 2005, no platô
Chajnantor, a 5,1 mil metros de altura.
www.eso.org
Por Gisele Godoy
Lançado pela Editora Marco Zero, o livro
“O Enigma de Einstein” reúne diversos
testes de lógica elaborados pelo célebre
físico. Um de seus mais famosos desafi-
os consiste no exercício de solucionar o
seguinte enredo: “em cinco casas, cinco
vizinhos que tem diferentes gostos para
bebidas e cigarros, cada qual tem uma
espécie de animal de estimação, moram
em casas de cores distintas e são de
nacionalidades diversas”. Depois é só
analisar as dicas e descobrir os enig-
mas. Para quem pensa que é moleza,
segundo o próprio Albert Einstein, ape-
nas 2% da população é capaz de resol-
ver a tarefa. Este é só um dos jogos de
raciocínio que compõe o livro organiza-
do por Jeremy Stangroon, especialmen-
te tramado para os adeptos da diversão
de quebrar a cabeça. Pratique no site:
http://rachacuca.com.br/teste-de-einstein
O Enigma de Einstein. Jeremy Stangroon.
Preço: R$ 39,00
Quebra-cabeça
Foto Divulgação
Foto Divulgação
9
A vez do próximo Por Helen Pessoa
Para os profissionais com mais tempo de
carreira a lembrança será rápida. Há tem-
pos, o câncer era uma enfermidade tão
mistificada que as pessoas evitavam dizer
seu nome. Seria possível afirmar que a
mudança de conduta começou na transição
da década de 1970 para a seguinte, quan-
do outra doença, a AIDS, surpreendeu o
mundo inteiro. Conscientes da velocidade
de contágio do vírus do HIV e impotentes
diante da cura, pensadores, políticos, per-
sonalidades, artistas, jornalistas e ci-
entistas se viram obrigados a falar do as-
sunto e informar a população sobre as
formas de transmissão, quebrando,
assim, alguns paradigmas, caso da-
quele que dizia – “não existem grupos de
risco, mas comportamento de risco”.
Feita de forma gradativa, essa transforma-
ção ganhou força com o surgimento das
redes sociais virtuais, construindo, como
diria William Shakespeare, pontes ao invés
de muros. Em março deste ano, a atriz
Márcia Cabrita anunciou que estaria sub-
metendo-se à quimioterapia para o trata-
mento de um câncer de ovário. Durante a
entrevista, ela disse que o fantasma é pior
que a realidade. “Já conversei com minha
família e meus amigos e descobri várias
pessoas que passaram por isso e hoje es-
tão bem”. Um mês depois, a ex-tenista
profissional Martina Navratilova, campeã
do Grand Slam 18 vezes, anunciou que
passará por sessões de radioterapia para
cuidar de um tumor localizado na mama.
Numa das matérias sobre a esportista, exi-
bida no portal do jornal O Estado de S.
Paulo, os posts dos leitores comprovaram a
importância de pessoas públicas falarem do
assunto. Sandra M. C., enfermeira, 44
anos, escreveu: “... também fui diagnosti-
cada com câncer de mama em novembro
de 2009. Já operei e estou no quarto ciclo
de quimio e farei
radioterapia após
o sexto ciclo. Nos-
sas chances de
sobreviver atual-
mente são altíssi-
mas! Somos mu-
lheres vencedoras,
sempre!”.
Além da corrente
positiva que en-
volve outros paci-
entes, ‘comunicar’
pode ser traduzido
como ‘ajudar’.
Depois de sentir-
se mal, a atriz Dri-
ca Moraes recebeu
o diagnóstico: leu-
cemia. Para ampa-
rar a amiga, que
precisou de trans-
fusão de sangue,
o também ator
Pedro Neschling
lançou mão do
Twitter – página
que permite que
cada usuário es-
creva curtos co-
mentários de até
140 caracteres –
para angariar o
maior número de
doadores. “Doem
sangue para a
Drica (Adriana Mora-
es Rego Schmidt).
O sangue B ou O.
Repassem, por
favor!”.
O resultado, como
esperado, comprovou que compartilhar,
muitas vezes, é um ótimo remédio.
Boa sacada. No alto da página, a ex-tenista, e grande vencedora,
Martina Navratilova confirma que está tratando de um câncer de ma-ma. Abaixo, a atriz Drica Moraes revelou publicamente que tem leuce-
mia e se submeterá a um transplante medular.
Fotos Divulgação
10
O Jornal Núcleo da Matéria é uma publicação da Associação Brasileira de Física Médica [ABFM], distribuída gratuitamente entre profissionais e empresas do setor, com
periodicidade bimensal, em formato digital. Site: www.abfm.org.br. Caixa Postal: 72.002. CEP: 05508-970, São Paulo, SP. Expediente - Supervisão: Cecília Haddad; Jor-
nalistas Responsáveis: Adriana Sanches, MTB: 34.872 e Patrícia Favalle, MTB: 33.548. Reportagens: Ariana Brink, Helen Pessoa, Sandi Dias, Fran de Oliveira e Sérgio
Martins. Estagiárias: Gisele Godoy e Luciana Jorge. Fotos: Divulgação. Projeto gráfico: 7ervas. ** Grupo Em Pauta Assessoria de Comunicação Ltda. **
Rua Teodoro Sampaio, 1.788, cj. 111, Pinheiros - São Paulo, SP. Tel./Fax: (11) 3031-6033. Fale conosco: e-pauta@e-pauta.com.br.
Núcleo da Matéria - Número 31, Ano V - Maio/ Junho 2010. Publicação Bimensal
Agulhadas Por Gisele Godoy
No Brasil, o câncer de mama é a doença
que mais causa morte entre as mulheres.
Em 2010 são esperadas 49.400 novas
ocorrências, com risco estimado de 49 ca-
sos a cada 100 mil pessoas. Dos procedi-
mentos utilizados no tratamento da pacien-
te destacam-se a quimiote-
rapia e a cirurgia. Já a ra-
dioterapia pode ser aplica-
da na fase inicial, para di-
minuir o tamanho do tu-
mor, ou no pós-operatório,
bloqueando o crescimento
das células neoplásicas.
Para reduzir os efeitos
colaterais destas inter-
venções alguns especia-
listas defendem o uso de
métodos alternativos, caso da acupuntu-
ra. Segundo Aparecida Enomoto, gradua-
da em Medicina Tradicional Chinesa pela
Universidade de Medicina de Beijing, a téc-
nica melhora o sono, aumenta a produção
de hormônios, como a serotonina e a en-
dorfina, e reduz os sintomas da medicação.
Na entrevista concedida ao jornal Núcleo
da Matéria, a médica falou um pouco
mais sobre o assunto:
Qualquer pessoa pode ser submetida à
acupuntura? Não há limites de gênero ou
idade, por exemplo. Ao contrário do que se
pensa, até mesmo as crianças estão auto-
rizadas a receber este tipo de terapia.
Em que momento deve-se buscar aju-
da? Geralmente as pessoas só nos procu-
ram depois de pas-
sar por vários espe-
cialistas sem gran-
des resultados.
Quando se tratam
de problemas rela-
cionados ao estres-
se ou
cansaço
indica-se
o início imediato. Já para os casos mais
graves, a exemplo do câncer, a Organiza-
ção Mundial de Saúde [OMS] reconhece
que a acupuntura é um método tera-
pêutico complementar de origem anti-
emética, isto é, capaz de atenuar as
sensações de náuseas ou enjoos.
Existem contraindicações? Existem sim.
Durante o período de quimioterapia, quan-
do for realizado o esvaziamento axilar no
membro superior, na gravidez de alto risco
por existirem pontos abortivos e nos
portadores de marca-passo. Além dis-
so, existem regiões, digamos, proibi-
das no nosso corpo, mas todo bom acu-
punturista sabe disso.
Os Conselhos Regionais de Medicina
têm alguma restrição? As reservas da
categoria têm uma base legítima, afinal a
acupuntura é um processo invasivo e isso
pede que o profissional tenha o mínimo de
conhecimento em anatomia. Quem não
tem domínio acaba colocando o paciente
em risco. Enfim, essa é uma discussão
muito antiga.
Como encontrar um profissional bem
preparado? Em primeiro lugar, é pre-
ciso ver se o local possui boas condi-
ções de higiene, se o material disponí-
vel é de boa qualidade e se os especi-
alistas utilizam agulhas descartáveis.
De modo geral, o bom profissional passa
segurança quanto ao diagnóstico e, por
último, os benefícios devem aparecer nas
primeiras horas após a aplicação.
Saiba mais: www.acupunturaenomoto.com.br
Foto Divulgação
NA RAIZ DO PROBLEMA. Sessão de acupuntura para auxiliar no tratamento do
câncer de mama
11
O que é Notícia
O Instituto Brasileiro de Controle do
Câncer (IBCC) anunciou o investimen-
to de 650 mil reais na aquisição do
Sistema de Comunicação e Arquiva-
mento de Imagens, PACs, que facilita-
rá o acesso aos 55 mil exames feitos
anualmente pelo hospital. Com a nova
ferramenta, os profissionais que esti-
verem nos consultórios, postos de en-
fermagem, unidades de terapia inten-
siva ou centro cirúrgico, poderão ob-
servar os resultados armazenados nas
fichas dos pacientes em qualquer pe-
ríodo posterior à realização do mes-
mo. Marcelo A. Calil, diretor-clínico do
instituto, lembrou que além de reduzir
em 90% a revelação dos filmes radio-
gráficos e diminuir o uso dos produtos
químicos utilizados no processo, o PACs
contribuirá para a visualização do diag-
nóstico, pois com os recursos disponí-
veis nos softwares de leitura as ima-
gens poderão ser aproximadas ou
ampliadas, tornando o rastreamento
das microcalcificações mais preciso.
Falando em mudanças, o hospital
inaugurou no dia 19 de maio mais um
Centro Cirúrgico, além da Central de
Material Esterilizado (CME). Para
construir as instalações foram neces-
sários R$ 7.380 milhões, que permiti-
ram também a compra de equipa-
mentos. A unidade está numa área de
1,3 mil metros quadrados e inclui 10
salas de 40 metros quadrados cada.
12
Vida e arte
Núcleo da Matéria - Número 31, Ano V - Maio/ Junho 2010. Publicação Bimensal
Por Fran de Oliveira
Conhecido no Brasil pelo papel do médico
Derek Sheperd, da série Grey´s Anatomy,
o ator Patrick Dempsey estendeu um tan-
to da função do personagem na recente
visita feita ao País. Explica-se: depois que
sua mãe venceu a luta contra um cân-
cer de ovário, em 1997, ele fundou o
The Patrick Dempsey Center for Cancer
Hope & Healing, no estado norte-
americano do Maine, para oferecer
apoio aos pacientes diagnosticados
com a doença e seus familiares.
Convidado por Luis Felipe Miranda, presi-
dente da Avon Brasil, para participar da
cerimônia de doação de um equipamento
de mamografia digital feita ao Departa-
mento de Ginecologia da Universidade
Federal de São Paulo (UNIFESP), ele disse
que pelo envolvimento que mantém com
esse assunto, e por sua história pessoal,
orgulha-se do trabalho da empresa em prol
da detecção precoce, tratamento e pesqui-
sa sobre o câncer de mama. “É por isso que
faço questão de participar destes eventos
sempre que posso”.
No evento estiveram presentes Afonso
Nazário, Chefe do Departamento de
Ginecologia da entidade, Walter Manna
Albertoni, Reitor da Universidade, e Lírio
Cipriani, Diretor Executivo do Instituto
Avon. Para Nazário, “esta parceria público
-privada nos enche de orgulho, pois per-
mite salvar muitas vidas. O equipamento
digital pode realizar 50% mais exa-
mes por dia que o analógico. Além
disso, nossos estudantes e médicos
residentes terão a oportunidade de
trabalhar com uma das tecnologias
mais modernas do mercado”.
Até o final do ano passado, a Avon Foun-
dation for Women arrecadou 650 milhões
de dólares que foram destinados, entre
outras coisas, à luta contra o câncer de
mama. No Brasil, os R$ 25,5 milhões an-
gariados serviram de insumo para a aqui-
sição de 24 mamógrafos e 21 equipamentos
de ultrassom.
Acompanhe: www.institutoavon.org.br,
www.br.avon.com, www.unifesp.br e
www.dempseycenter.org
Da esquerda para a direita: Dr. Afonso Nazário, chefe do Departamento de Ginecologia da Unifesp; o ator Patrick Dempsey; Dr. Walter Albertoni, Reitor da Unifesp e Luis Felipe Miranda, presidente da Avon Brasil.
Foto
Marco
s Issa/Arg
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