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INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 3, Edição número 21, de Abril, a Setembro 2015 - p
1
O BRINCAR NA EDUCAÇÃO ESPECIAL NOS PRIMEIROS ANOS DAS
SERIES INICIAIS DE UMA ESCOLA MUNICIPAL DA CIDADE DE
DOURADOS – MS
Edilson Rebelo dos Santos*
Gislaine Lopes Vivente**
Marcia Jane Capuano Brandt ***
RESUMO: Esta pesquisa foi desenvolvida na perspectiva de demonstrar a importância do brincar como
fator de desenvolvimento de crianças e adultos com necessidades especiais. Este trabalho tem como
objetivo compreender a importância do brincar na Educação Especial como fator de interação,
socialização, desenvolvimento motor. Para a obtenção dos dados foi realizada uma pesquisa
bibliográfica em busca de periódicos no banco de dados da Scielo (biblioteca eletrônica que abrange
uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros). A coleta de dados ocorreu em uma Escola
Municipal da Cidade de Dourados-MS, com uso da prática de atividades lúdicas que tinham por
finalidade descobrir as seguintes habilidades nas crianças com necessidades especiais coordenação
motora, sequência lógica, memória visual, noções de tamanho e formas, a amostra foi composta por 10
participantes com faixa etária entre 08 e 35 anos, no período de 06 a 20 de agosto de 2014. Em última
análise pode-se concluir que é de suma importância a aplicação desta prática dentro e fora da sala de
aula, como mediador de aprendizagem. Neste momento vale lembrar que o brincar tanto na educação
especial como na regular traz inúmeros benefícios para o indivíduo, tanto na vida social, afetiva,
cognitiva, entre tantos outros que propicia um aprendizado melhor tanto na escola quanto no meio em
que está inserido.
ABSTRACT:This research was developed with the objective of showing the importance of playing, as a
development factor of children and adults with special needs. This work aims to comprehend the
importance of playing in the Special Education as an interaction factor, as well as socialization and
motor development. To obtain data, a literature research was conducted in search of journals in the
Scielo archive (electronic library that include a selected collection of Brazilian scientific journals). The
collection of data occurred at a Municipal School in Dourados-MS, using playful activities in order to
ascertain the following abilities in children with special needs: motor coordination, logical sequence,
visual memory, notions of sizes and shapes. The sample was composed by 10 participants, between 8 and
35 years old, from August 6 to 20, 2014. Ultimately, we can conclude that it is of paramount importance
the use of this practice inside and outside the classroom, as a mediator of learning. This time, it is worth
remembering that playing both in special and regular education brings numerous benefits to the
individual, both in social, affective and cognitive life, among so many others that provide a better
learning both at school and in the environment they are inserted.
Palavras-chave: Educação especial. Brincadeiras e Brincar
Keywords: Special Education, Games, Playing.
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INTRODUÇÃO
Esta pesquisa foi desenvolvida na perspectiva de demonstrar a importância do brincar;
como fator de desenvolvimento de crianças e adultos com necessidades especiais. Para a
obtenção dos dados apresentados no desenvolvimento do trabalho, foi realizada uma
pesquisa bibliográfica, em busca de periódicos no banco de dados da scielo (biblioteca
eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros),
sobre a temática, e também estudos Aguiar, 2004 Educação Inclusiva: Jogos para o
ensino de conceitos e Figueira, 2011 O que é educação inclusiva. As palavras chaves
para a busca no banco de dados foram: Educação Especial, Brincadeira e Brincar, onde
estas poderiam estar citadas em qualquer parte do corpo do texto, como: título palavras
chaves, resumo.
Sendo assim o estudo direcionado neste trabalho tem como problema norteador de
pesquisa a seguinte questão: Qual a relação do brincar na educação especial como fator
de desenvolvimento nas habilidades de aprendizagem?A prática cotidiana prova que
através do lúdico, o aluno com necessidades especiais desenvolve-se com mais
facilidade, uma vez que o ensino por meio de brincadeiras se torna um grande mediador
entre aprendizagem e assimilação de conteúdo, possibilitando uma forma mais
agradável e prazerosa de adquirir conhecimento, prepara o aluno tanto nos âmbitos
cognitivo, afetivo e social trazendo, inúmeros benefícios para sua vida cotidiana.
Este trabalho tem como objetivo compreender a importância do brincar na educação
especial como fator de interação, socialização, desenvolvimento motor, neste momento
vale lembrar as brincadeiras que encontradas na literatura voltadas a educação especial
no processo de aprendizagem, no processo de interação, socialização entre crianças
especiais e pessoas que estão voltadas ao seu meio, convém ressaltar importância de ter
profissional qualificado para atuar com brincadeiras para ajudar no processo de
aprendizagem de criança (as).
O trabalho está dividido em três seções, a primeira mostra o conceito e o processo evolutivo da educação especial no Brasil, enfatizando sua relevância para esta prática. A segunda seção mostra o uso de jogos e brincadeiras na educação especial e o porquê esta prática é tão importante nesse cenário. A terceira seção vem mostrando o uso de atividades lúdicas como mediador de avaliação, possibilitando uma compreensão fundamental desta prática. Por fim, encerramos o trabalho com algumas considerações finais. 1 ASPECTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL
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Para que possa compreender O que é brincar na Educação Especial, temos
primeiramente que demonstrar o que é educação especial e quais foram os seus marcos
históricos até os dias de hoje, para isto iremos fazer uma retrospectiva dos principais
acontecimentos que nortearam a educação especial. Entende-se por Educação especial,
mediante a ―Lei de Diretrizes e Bases Nacionais Brasileiras – LDB, Lei n° 9.394/96, em
seu artigo 58° que:educação especial é a modalidade de educação escolar, oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educando portadores de necessidades
especiais‖.
Figueira (2011), em sua obra O que é educação inclusiva relata que os primeiros atos de exclusão, descasos, abandonos, crueldades com crianças nascidas no Brasil ocorreram com os povos indígenas, onde eles abandonavam estas crianças nas matas ou atirava-os do alto da montanha, ou em casos mais extremos sacrificavam em rituais de purificação, pois se acreditava que estas crianças poderiam trazer maldição à tribo.
Passados esta época o Brasil já colonizado, a Educação Especial tem seus primeiros registros no período final do Brasil Colônia, com a implantação do “Instituto dos Meninos Cegos”, em 1854, sob a direção de Benjamin Constant, onde hoje é o atual Instituto Benjamin Constant. Este espaço foi criado no Rio de Janeiro, pelo imperador D. Pedro II, através do Decreto Imperial n°. 1.428, de 12/09/1854. E também em 1857, pelo Decreto-Lei n° 839, de 26/09/1857 é criado o Instituto de Surdos, pelo mestre francês Ernest Huet, hoje denominado Instituto Nacional de Educação dos Surdos (MAZZOTTA, 1995).
Fica explicito ainda que a educação especial durante o Período Imperial até o início do Período Republicano, não houve nenhum atendimento educacional especializado para estas crianças, sendo apenas pautado nestas épocas registros de internações em hospitais psiquiátricos.
Mediante a esses registros fica evidenciado o descaso que ocorriam naquelas épocas. Mas em 1889 o Brasil é proclamado e com isso os estudantes e profissionais que estavam na Europa retornam ao Brasil com intuito de modernizar. (ARANHA, 2005).
E são os médicos os primeiros a estudar crianças com prejuízos mais sérios e são eles a criarem instituições para estas crianças junto a sanatórios (Pereira, 1993). De acordo com autor ainda houve um grande interesse por parte dos médicos por causa da criação dos serviços de higiene-mental e saúde pública, que em alguns lugares deu origem ao serviço de Inspeção médico-escolar e à preocupação com a identificação e educação dos estados anormais de inteligência.
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E com o passar dos anos a educação especial vai ganhando novos caminhos e é através de Francisco Campos, que era Secretário de Educação do estado de Minas Gerais, preocupado com o desenvolvimento da educação especial, onde ele era um dos adeptos da escola nova, trouxe ao Brasil em 1929 a psicóloga Helena Antipoff, com isso no Brasil foi criado o Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento de Professores, que tinha seu trabalho inicial de organizar a educação primária na rede comum de ensino baseado na composição de classes homogenias.
Após a criação e coordenação deste Laboratório Helena passa a fazer parte no
movimento das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), decorrentes
a estes movimentos, as APAEs foram ganhando forças e em 1962, já possui doze
instituições voltadas a atender crianças portadoras de deficiências em todo o país
(CAMPOS, 2003; D’ ANTINO, 1998).
Retrocedendo um pouco, outro grande marco histórico ocorreu em 1957, quando foram
implantadas as campanhas para as pessoas com deficiências, financiadas pelo governo
federal, que logo após houve uma grande evolução através da Campanha para a
Educação do Surdo Brasileiro e com isto no mesmo ano foi assinado um Decreto
Federal n° 42.728, de 03/12/1957. Que tinha por finalidade ―promover, por todos os
meios a seu alcance, as medidas necessárias à educação e assistência, no mais amplo
sentido, em todo o Território Nacional‖ (art.2º) (FIGUERA, 2011).
Para que se possa compreender de forma clara e objetiva é necessário um avanço e que
pontue, os marcos importantes que ocorreram a partir dos anos de 1994, onde neste foi
organizado um documento contendo as ações e políticas voltadas a educação especial. A
partir desta organização de documentos surge a Política Nacional de Educação Especial.
Em 1996, o então Presidente Fernando Henrique Cardoso, sanciona a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação – Lei n° 9.394 em 20 de dezembro de 1996 (LDB
9394/96, BRASIL, 1996).
Segundo Figueira (2011), a educação especial era apenas contemplada como
modalidade de ensino, e com isso a duas questões que se deve considerar, o direito à
educação comum a todas as pessoas e o direito de receber esta educação junto com
outras pessoas. O autor enfatiza que:
Durantes muitos anos, o conceito de Educação Especial teve uma forte
aceitação em nosso país. Era um modelo educacional-médico, ou seja,
instituições que mantinham equipes multidisciplinares, formandos por
professores especializados, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos,
terapeutas ocupacionais, psicólogos e outros profissionais menos comuns. Essa
equipe tinha como meta habilitar as pessoas que nasciam com algum tipo de
deficiência ou reabilitar aqueles que, ao longo de sua vida, viessem adquirir
alguma deficiência, seja por meio de doenças ou acidentes, dentre outros
motivos. Eram os profissionais que preparavam crianças ou pessoas com
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deficiência para depois integrá-las na sociedade – e em muitos resultados
positivos. (FIGUEIRA, 2011, p. 27).
Percebe-se nas entrelinhas de Figueira (2011), a visão que a sociedade tinha (ou tem)
sobre essas pessoas com necessidades especiais, ainda fazendo o uso das palavras do
autor, ele menciona que por muito tempo as pessoas especiais se mantiveram excluídas
da sociedade, pelo fato deste olhar preconceituoso.
Para concluir esta seção, de forma clara e compreensiva, em 1994, surge então a
Declaração de Salamanca – Princípios Políticos e Práticas em Educação Especial, onde
este documento visa e assegura à educação as pessoas com necessidades especiais, para
que elas possam frequentar o ensino regular, com isso se ganha mais força e através do
mesmo uma nova visão: a de inclusão escolar e social, onde essas pessoas eram
expostas a situações de reabilitação para estarem juntas a sociedade e com este
documento fica fomentada que é a sociedade que deve se readaptar para estar junto a
estas pessoas.
2 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR
O brincar é um ato de muita importância no desenvolvimento da criança, pois através
dele podemos perceber inúmeros avanços no desenvolvimento cognitivo, afetivo e
social da criança, com ele pode-se fazer o processo de interação social tanto no
ambiente escolar como também familiar, e é através do brincar que profissionais e pais
podem perceber o processo de desenvolvimento motor, lateralidade, domínio espacial,
concentração entre outros estímulos na (as) criança (s) que estão a sua volta, e, além
disso, é brincando que a criança se conhece (PEREIRA; LIMBERGER, 2014).
Para Piaget (1978), os jogos desenvolvem a inteligência, as percepções e os instintos
sociais. Quando a criança joga, ela aprende expressa, assimila e constrói a sua realidade,
por meio da aplicação de seus esquemas mentais.
O brincar não só aumenta a motivação da criança para aprender como também
desenvolve a autoconfiança, a capacidade de organização, a imaginação, concentração
raciocínio lógico-dedutivo e proporciona também a sociabilidade, é preciso insistir
também no fato de que o lúdico semeia a possibilidade de que o indivíduo possa
interagir com outras pessoas. Vale contemporizar, segundo Piaget (1978), os jogos
potencializam o trabalho em equipe a comunicação, estabelece a aquisição de novos
conhecimentos e experiências, viabiliza o aspecto físico e mental além de dignificar a
criança a procurar alternativas para solucionar problemas.
Convém ressaltar que através do brincar, a criança vê e constrói seu mundo, a prática
cotidiana prova que é de suma importância que os professores resgatem as atividades
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lúdicas, e pulverizem esse processo trabalhando com a diversidade cultural e
despertando no indivíduo a vontade de aprender (PIAGET, 1971).
É preciso insistir no fato de que brincar não é só é essencial para o desenvolvimento da
identidade como também da autonomia do indivíduo, se por um lado promove a
comunicação por outro lado semeia a inclusão de uma forma mais ampla, assegurando
que o indivíduo por meio do brincar possa se expressar com muito mais facilidade, além
de potencializar a sua imaginação (LOPES, 2006).
Cumpre assinalar que segundo, (Vygostki, 1997), as crianças com necessidades
especiais o seu desenvolvimento difunde-se mais nas áreas das funções superiores, do
que nas áreas inferiores. Nessa estrutura, salienta-se que as funções superiores são mais
educáveis, que as funções superiores estão ligadas ao orgânico, enquanto que os
elementares são culminados pelos grupos sociais.
Assinale, ainda que a partir da plasticidade do funcionamento humano, aliados as
experiências vividas semeiam grandes avanços na formação do indivíduo seja ele ―dito
normal‖ ou com necessidades especiais, principalmente quando a experiência
vivenciada é feita de forma positiva no meio em que está inserido (VYGOSTKI, 1997).
Através do brincar, é possível ensinar coisas essenciais para vida diária de uma criança
com necessidades especiais, atravessar uma rua, comer alimentos saudáveis, higiene
pessoal, sendo estes essenciais para um dia a dia independente, podendo realizar
pequenas tarefas sem nenhuma ou com pouca ajuda (LOPES, 2006).
No âmbito escolar estimula todos os estados de desenvolvimento da criança, físico,
cognitivo, linguagem, social e emocional. É importante que se faça realçar para que esta
fase do aprendizado ocorra com êxito, pois do contrário criará uma barreira de difícil
acesso entre a criança e o seu desenvolvimento, dessa maneira afetará sua vida mais
tarde, criando danos irreparáveis (BOMTEMPO, 1997).
Vale ratificar que a brincadeira tem que ser feita de forma prazerosa, a criança tem que
sentir à vontade, para que possa canalizar aquele momento com pontos positivos para
ela, quando a brincadeira se torna entediante, desagradável ela não consegue
contemporizar de forma positiva por isso o profissional tem que estar atento a isso para
não frustrar a criança de modo que ela não queira mais participar (BORGES, 1994).
A prática cotidiana prova que nos dias de hoje, os recursos para propiciar essas
atividades vêm aumentando e ganhando espaço nas escolas, mas vale salientar que
mesmo que se tenha um vasto conhecimento desses recursos, sem qualidade e sem
realizá-lo de forma coerente não serve de nada, sempre lembrando que o papel do
professor é de suma importância, ele que irá nortear as brincadeiras, com regras,
espaços e impor respeito entre colegas (BRAGA, 2005).
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De acordo com Friedmann (1996) em sua obra O Direito de Brincar: a brinquedoteca
descreve bem à importância do brincar, a autora salienta o brincar da seguinte maneira:
O brincar traz de volta a alma da nossa criança: no ato de brincar, o
ser humano se mostra na sua essência, sem sabê-lo, de forma
inconsciente. O brincante troca, socializa, coopera e compete ganha e
perde. Emociona-se, grita, ri, perde a paciência, fica ansioso, aliviado.
Erra, acerta. Põe em jogo seu corpo inteiro: suas habilidades motoras e
de movimento vêem-se desafiadas (FRIEDMANN, 1996, p. 88).
Awad (2012), em sua obra intitulada Brinque, jogue, cante e encante com a recreação:
conteúdos de aplicações pedagógicos teórico/prático não faz o uso do termo ―brincar‖
como Friedmann citada anteriormente o autor usa ―brincadeira‖, para demonstrar o peso
desse termo no processo de interação da criança, ele se expressa da seguinte maneira:
Brincadeira: é uma ação lúdica espontânea e desprovida de
regras preestabelecidas que permita que a criança se expresse
naturalmente por meio da sua imaginação, fantasia e uma
mistura do faz de conta com a realidade que a cerca em busca
de momentos de diversão que a levem ao estado de prazer,
alegria e encantamento, tornando-se essencial para o seu
desenvolvimento e construção de sua identidade social
(AWAD, 2012, p. 15).
Percebe-se que tanto o termo utilizado por Friedmann quanto por Awad andam lado a
lado, para a criança brincar ou realizar brincadeiras é a mesma coisa, o que eles (as)
querem é se divertir-se, se para a criança dita ―normal‖ perante a sociedade é prazeroso,
imagina para a criança com alguma necessidade especial. E é através deste prazer que o
brincar proporciona aos seres humanos que devemos brincar mais.
3 Usos de Atividades Lúdicas como Mediador de Avaliação
Este estudo é bibliográfico, qualitativo e quantitativo que busca descrever, analisar, interpretar fatos ou fenômenos (LAKATOS, MARCONI, 2011).
Para a obtenção dos dados apresentados no desenvolvimento do trabalho, foi realizada
uma pesquisa bibliográfica, em busca de periódicos no banco de dados da scielo
(biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos
brasileiros), sobre a temática, e também estudos Aguiar, 2004 Educação Inclusiva:
Jogos para o ensino de conceitos e Figueira, 2011 O que é educação inclusiva. As
palavras chaves para a busca no banco de dados foram: Educação Especial, Brincadeira
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e Brincar, onde estas poderiam estar citadas em qualquer parte do corpo do texto, como:
título palavras chaves, resumo.
A coleta de dados ocorreu em uma Escola Municipal da cidade de Dourados- MS, com
o uso da prática de atividades lúdicas. A amostra foi composta por 10 participantes com
faixa etária entre8 a 35 anos, no período de 06 a 20 de agosto de 2014.Para a busca dos
resultados foi realizada algumas atividades lúdicas que tinham por finalidade descobrir
as seguintes habilidades nas crianças com necessidades especiais: coordenação motora
sequência lógica, memória visual, noções de tamanhos e formas. A tabela 1 apresenta a
caracterização dos participantes envolvidos na pesquisa.
Tabela 1 Caracterização dos Participantes
Participantes Sexo Idade (*) Patologia
A F 35 anos 10 meses Autismo + DI severo
B M 16 anos 5 meses TDAH + síndrome do Pânico
C M 8 anos 11 meses TDAH
D M 8 anos 7 meses TDAH
E M 17 anos 2 meses DOWN
F F 20 anos 7 meses DI moderado
G F 15 anos 3 meses DI moderado
H F 14 anos 8 meses DI moderado
I F 8 anos 4 meses DI leve
J F 10 anos 11 meses DI moderado + Baixa visão
(*) idade que os participantes envolvidos na pesquisa apresentavam durante a realização da mesma.
Para uma boa obtenção dos dados, foram selecionadas algumas atividades lúdicas
através de manuais para professores, cuja procedência dos materiais era todos
comprados, para que envolvesse os conceitos alvos, que seriam objetos de estudo. A
tabela 2 demonstra quais foram às atividades aplicadas, juntamente com todas as
informações necessárias para uma boa compreensão de todos.
Tabela 2 Descrições das Atividades aplicadas para a coleta de dados.
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Atividades Habilidades
esperadas
Descrição Material
Quebra-cabeça Coordenação
motora;
Memória visual;
Agilidade.
10 tabuleiros em
MDF;
Tamanho de 29 cm
x21cm.
Imagens grandes
variadas e coloridas
10 tabuleiros em
MDF.
Jogo da memória Memória visual;
Concentração;
20 pares de imagens
variadas;
Confeccionada em
MDF.
Saco de sensações Percepção através do
Tato;
1 saco de tecido;
Vários objetos de
todos os tamanhos e
formas.
Vários objetos que
possam ser
identificados através
do tato
Sequência lógica das
cores
Memória visual;
Raciocínio;
O jogo é composto
por 7 papeis de
diferentes cores
Papel A4 de
diferentes cores
Formas Geométricas Coordenação
motora;
Percepção;
Espaço.
O jogo é composto
por uma casinha,
onde a criança deve
encaixar as formas
geométricas no seu
devido lugar.
Casinha em MDF,
8 peças em madeira
no formato de
formas geométricas
A amostra ficou constituída por 10 indivíduos sendo 5 Deficiente Intelectual (DI), 3
Transtorno Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), 1 Down e 1 Autista, com
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faixa etária de 8 a 35 anos ambos alunos de uma escola municipal da cidade de
Dourados-MS.
Pode-se perceber que tanto a criança autista como a criança Down apresentou uma
elevada dificuldade em executar a atividade das formas geométricas, como também no
saco das sensações. Foi ainda percebido que a criança autista, só conseguiu realizar a
atividade depois que a professora da sala de recursos ajudava a conduzir sua mão até as
formas geométricas, e a aluna tinha que mover a peça para ver se possuía o encaixe
certo, já com a criança Down não houve esse recurso, mais o que ficou evidente é a
difícil compreensão dos formatos das peças com seus respectivos encaixes. Quanto ao
saco das sensações ambos não conseguiram identificar os objetos escolhidos por eles.
Evidencia-se que todos ao realizar a atividade de quebra-cabeça tiveram facilidade em
desenvolver mediante ao reconhecimento das imagens. Quando colocada às peças
embaralhadas houve uma dificuldade maior entre o DI moderado do que o TDAH.
Salienta ai que através do jogo da memória o aluno com síndrome de Down apresentou
melhor desempenho ao realizar o jogo do que o aluno com TDAH, pois o mesmo
apresentava capacidade em reconhecimento e contagem dos números, já o aluno com
TDAH fazia a contagem com o auxílio da professora e não reconhecia os números
apresentados no jogo.
Em uma comparação com duas alunas da mesma patologia (DI), pode observar que uma
apresentou mais desenvolvimento e compreensão na realização das atividades do que a
outra. Pode observar ainda que outra aluna com DI ao realizar uma atividade de
sequência lógicas das cores apresentou muita dificuldade em montar a sequência lógica
proposta, pois ela memorizava apenas as duas cores que estavam nas pontas.
Fomenta-se ainda que todos os jogos a serem realizados pelos participantes envolvidos
na pesquisa, ao final de cada acerto ou erro era realizado uma estimulação através de
palmas para que os mesmos tivessem motivação para continuar a executar os jogos
propostos, pois era evidente que o jogo apresentasse dificuldades o participante
envolvido se sentia desmotivado para continuar a brincar.
CONCLUSÃO
O trabalho apresentado teve como tema central o brincar na educação especial, como o
objetivo decompreender a importância do brincar na educação especial como fator de
interação, socialização, desenvolvimento motor. E mediante a esse pressuposto
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podemos fomentar que o brincar é alvo de estudos de vários autores, e que o brincar na
educação especial vem sendo mediador de estudos nos tempos de hoje.
Com o presente trabalho podemos concluir como é de suma importância a aplicação
desta prática dentro e fora da sala de aula, como mediador de aprendizagem, pois os
jogos e atividades lúdicas possibilitam inúmeros benefícios. É bem verdade que quando
se trata de ensinar utilizando o lúdico como ponto de partida para alguma atividade, seja
ela ler, escrever, contar se torna mais simples e agradável, e ao mesmo tempo prazerosa,
e obtendo bons resultados. Nesse sentido pode-se dizer que o brincar traz inúmeros
benefícios para o indivíduo, tanto no social, afetivo, cognitivo, entre tantos outros que
propicia um aprendizado melhor tanto na escola quanto no meio em que está inserido.
Como remate é importante frisar que à prática do brincar na educação especial ocorra de
forma coerente denodo a ter profissionais que compreendam todas as importâncias desta
ferramenta como mediador de ensino e aprendizagem, e também possuir um domínio
sobre o acervo de jogos e brincadeiras que podem ser aplicadas para possibilitar todas as
habilidades esperadas.
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*Graduado em Educação Física no Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN; Especialista
em Educação Especial ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e UNIVALE –
Faculdades Integradas do Vale do Ivaí.
Graduada em Educação Física no Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN; Especialista
em Educação Especial ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e UNIVALE –
Faculdades Integradas do Vale do Ivaí.
*** Graduada em Educação Física no Centro Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN;
Especialista em Educação Especial ESAP – Instituto de Estudos Avançados e Pós-Graduação e
UNIVALE – Faculdades Integradas do Vale do Ivaí.
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