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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL
JORNALISMO
O crescimento do jornalismo popular no Rio de Janeiro:
Um estudo de caso do jornal Meia Hora.
Monografia apresentada à Universidade
Castelo Branco como requisito parcial
para obtenção do título de bacharel em
Comunicação Social, com habilitação em
Jornalismo.
Orientador: Prof. Ms. Hiran Roedel
Rio de Janeiro
2013
Jonathan de Souza Borquet
2
O crescimento do jornalismo popular no Rio de Janeiro:
Um estudo de caso do jornal Meia Hora.
Orientador: Prof. Ms. Hiran Roedel
COMISSÃO EXAMINADORA
_________________________________
_________________________________
____________________________
3
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha mãe, Ildnéia
do Couto de Souza, que possibilitou com
que isso acontecesse.
4
Agradecimentos
Agradeço a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização
deste trabalho, agradeço imensamente aos meus colegas de curso, em ordem
alfabética para que não haja nenhum comentário de predileção: Emanuele
Cardoso, Jéssica Araújo, Lorena Brum, Marcus Vinícius Celano e Úrsula Souza,
sem eles jamais chegaria a onde estou.
Agradeço a minha família, minha mãe Ildnéia Souza, minha Irmã Aline
Correa, meu cunhado Alexandre Correa, e aos meus três afilhados, Igor Correa,
Hugo Correa e Caio Correa.
Agradeço aos meus amigos, que estão sempre do meu lado nos dias difíceis
e nas alegrias também, novamente em ordem alfabética para evitar qualquer
imbróglio. Carlos Lopes, Clauder Sousa, Pedro Gomes, Talita Santiago, Rafael
Brügger, Raphael Sousa e Wanessa Ribeiro Sousa.
Agradeço especialmente a minha namorada e futura esposa Rayane Pereira
do Nascimento, que me passa alegria, força e tudo que uma mulher pode
transmitir ao seu parceiro.
Agradeço aos entrevistados nas matérias e trabalhos acadêmicos ao longo do
curso, que possibilitaram a conclusão das mesma.
E finalmente, agradeço à Deus que me guia e ajuda sempre.
5
Resumo
No início do século XX, surgiram diversos jornais ditos populares, direcionados para
um público de menor poder aquisitivo e também para uma parcela da população
desacostumada com o hábito de leitura de jornal impresso. Os jornais populares
estreitam relações com o seu leitor através de prestação de serviços, no
entretenimento e com temas ligados ao cotidiano de seus leitores. No ano de 2005
surge no Rio de Janeiro o jornal popular Meia Hora, que se tornou o jornal mais lido
da cidade. Este trabalho avalia as capas do jornal Meia Hora para verificar se
realmente de trata de um jornal realmente popular ou faz uso sensacionalismo para
ser o jornal de sucesso e muito vendido.
Palavras-chave: Jornalismo, jornalismo popular, Meia Hora.
6
Sumário
INTRODUÇÃO...........................................................................................................08
CAPÍTULO 1 - JORNALISMO POPULAR...............................................................09
1.1 Notícia x Sensacionalismo................................................................................10
1.2 Jornalismo Popular pelo mundo......................................................................12
CAPÍTULO 2 - A IMPRENSA E A CHEGADA DO JORNALISMO POPULAR NO
BRASIL......................................................................................................................14
2.1 O início do jornalismo popular no Brasil.........................................................15
2.2 Jornalismo popular atual...................................................................................17
CAPÍTULO 3 -SENSACIONALISMO x JORNALISMO POPULAR..........................19
3.1 Estudo de caso do jornal Meia Hora.................................................................22
CONCLUSÃO............................................................................................................28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................29
ANEXOS....................................................................................................................31
7
INTRODUÇÃO
Com o passar dos anos e da evolução jornalística verificamos em meados do
século XX um crescimento considerável no surgimento dos jornais impressos
chamados de populares. E o objetivo deste trabalho é verificar as formas de
jornalismo popular e sensacionalismo presente atualmente no jornalismo popular
impresso.
Como um todo o termo sensacionalismo quer dizer criar sensações no leitor,
com objetivo de atrai-lo. E, no jornalismo, especificamente, essas ações indicam
audácia, irreverência, questionamento e, muitas vezes podem levar, a inversão da
realidade, erro na apuração ou imprecisão no que diz respeito ao conteúdo das
informações.
A escolha do tema surge em decorrência de discussões acadêmicas levadas
em torno do jornal impresso que circular na cidade do Rio de Janeiro, Meia Hora,
devidos suas características que as vezes muitas vezes ficam entre o popular e o
sensacionalismo. “Cabe ao jornalismo popular ser interessante ao público e não só
responder ao que imagina que seja o desejo do público” (AMARAL, 2006, p. 131).
O principal objetivo da imprensa sensacionalista é satisfazer as necessidades
do público e não informar. Para isso utilizam de formas grotescas, apelativas, é um
tipo de jornalismo que emite sensações exageradas ao leitor. Com esta pesquisa foi
possível obter um embasamento sobre os jornais populares e sensacionalistas, e
por qual motivo eles utilizam linguagens semelhantes. Analisando as diferenças
entre formas, layout, assuntos, abordagem, temática e fotografia de ambos, será
possível distinguir no que se diferenciam o jornalismo popular e sensacionalista.
8
A metodologia utilizada abrangeu a análise do assunto estudado, juntamente
com o levantamento bibliográfico e documental, observação direta. Esta análise
pretendeu contribuir para o jornalismo, diferenciando o caráter sensacionalista do
popular, identificando as diferenças de cada um, pontuando o que os torna
sensacionalistas ou populares.
CAPÍTULO 1
JORNALISMO POPULAR
Conceituando jornalismo popular, também conhecido como alternativo,
verificamos que a forma como se escreve e se trata o jornalismo, vemos que as
notícias populares combinam propriamente com a democracia. Na ausência da
mesma não há possibilidade de popularizar a notícia.
“O jornalismo é a síntese do espírito moderno: a razão (a “verdade”, a
transparência) impondo-se diante da tradição obscurantista, o
questionamento de todas as autoridades, a crítica da política e a confiança
irrestrita no progresso, no aperfeiçoamento contínuo da espécie. Mas por
incorporar tão energicamente esse espírito, ele se viu órfão quando
balançaram os alicerces da modernidade (falência do discurso humanista
depois de Auschwitz e Hiroshima) e desorientado quanto esta (o “progresso
do homem”) começou a perder terreno diante da sedução mediática
irracional e mágica (TV) e da hegemonia das técnicas do fim do século.”
(MARCONDES FILHO, 2000: p. 9)”
Ao longo da história, a linguagem popular é usada através do séculos pelos
meios de comunicação para a narrar o sensacional, ou seja, narrar o que o povo se
identifica. No jornalismo é possível perceber indícios populares-sensacionalistas a
partir do surgimento da imprensa.
O jornalismo popular que é destinado as classes mais populares e com o menor
poder aquisitivo. Através dos estudos, não possui exatamente uma data de
9
surgimento, pois desde a origem do jornalismo há indícios dessa popularização da
notícia e uso do sensacionalismo para descrever os fatos.
1.1 Notícia x Sensacionalismo
Segundo Angrimani (1994), transformar um fato jornalístico que não merece tal
tratamento em sensacional traduz-se em sensacionalismo. A emocionalidade, a
subjetividade e a proximidade com o leitor não são apenas maneiras que façam o
jornal vender mais, também dão suporte de psicanalítico e correspondem as
necessidades do leitor de acordo com o autor. Todavia, o termo de sensacionalismo
está sendo usado sem o devido critério e utiliza-se tal expressão como sinônimos de
apelos gráficos, linguísticos, mentiras e exageros. Cabendo ainda neste conceito
imprecisão e erro na apuração, como indica o autor.
O sensacionalismo como principal ferramenta de atuação jornalística pode tornar
o jornalismo impreciso, pois a procura de audiência e público faz com que as
informações fiquem incorretas e às vezes vagas em decorrência do não
aprofundamento da questão. Isso pode ir de encontro à ética jornalística devido a
utilização de artifícios inaceitáveis para a ética jornalística.
“O sensacionalismo manifesta-se em vários graus, muitas vezes integra o
rol de valores notícia de uma publicação e, portanto, é equivocado tratar do
fenômeno in totum. Rotular um jornal de sensacionalista é afirmar apenas
que ele se dedica a provocar sensações. (AMARAL, 2003, p.135)”
Marcondes Filho (1989) descreve o sensacionalismo a partir da economia
política e da psicanálise. Segundo ele o jornal, com base na informação, que é sua
matéria-prima, cria a notícia como uma mercadoria e à coloca a venda de forma que
o leitor se interesse mais, tornando a mais chamativa e atraente.
A imprensa sensacionalista tem como base fundamental o modelo clássico do
modo liberal de informação e possui as mesmas técnicas de manipulação. De
acordo com Marcondes Filho, as notícias sensacionalistas mobilizam questões
sociais, fazem juízo de valor sobre determinado fato. A pratica do jornalismo
10
sensacionalista e popular é para que o jornal tenha uma maior tiragem e está
localizada na diretriz do entretenimento. Para o autor, a única diferença entre o
jornal sensacionalista e o jornal sério é a intensidade com que a notícia é veiculada.
“o grau mais radical de mercantilização da informação: tudo o que se vende
é aparência e, na verdade vende-se aquilo que a informação interna não irá
desenvolver melhor do que a manchete.” (MARCONDES FILHO, 1989, p.
66).
Para a total compreensão de todos os tipos de jornalismo é preciso, se
familiarizar com as divisões dos jornalismo nas publicações impressas. Em relação
ao "sensacionalismo" é correto afirmar que a imprensa de um modo geral utiliza-se
do recurso sensacionalista é a opinião de Amaral(2006).
O próprio lead é um recurso desse tipo, por sublinhar os elementos mais
palpitantes da história para seduzir o leitor. (...) O sensacionalismo (divide-
se) em três grupos: o sensacionalismo gráfico, o sensacionalismo linguístico
e o sensacionalismo temático. O gráfico ocorre quando há uma
desproporção entre a importância do fato e a ênfase visual; o linguístico é
baseado no uso de determinadas palavras; e o temático caracteriza-se pela
procura de emoções e sensações sem considerar a responsabilidade social
da matéria jornalística (apud AMARAL, 2006, p.20).
Partindo do sensacionalismo para o popular, percebemos que a diferença
entre a sedução do leitor e responsabilidade pública é muito tênue. O jornalismo
popular tenta se diferenciar do sensacionalismo, chegando ao leitor utilizando
recursos como prestação de serviços e também através do entretenimento. Para
esse tipo de jornalismo a cobertura e a apuração dos fatos jornalísticos devem ser
mais precisas, porém não tanto quanto no jornalismo de referência.
Segundo Amaral(2006), jornalismo popular é o jornalismo com os mesmos
fundamentos dos jornais de referência, apenas com uma mudança de linguagem e
mais simples e didática. Afirma também que privilegia a cobertura de esporte,
policia, lazer(fofocas) e serviço, temas que diferenciam dos jornais de referência.
11
Partindo do popular ao jornalismo de referência (entenda-se como de
referência, os jornais mais conceituados pela mídia de um modo geral. No Rio de
Janeiro, exemplo é o jornal O Globo). Há uma questão a ser discutida, os jornais
mais vendidos do Rio de Janeiro, em banca de jornal, são o Extra e o Meia Hora,
sendo o segundo, o mais vendido em seu segmento (informação dada pelo jornalista
Humberto Tziolas, diretor executivo do jornal Meia Hora, em entrevista ao programa
Agora é Tarde, no dia 13/10/2012). Quem será a referência no jornalismo impresso
atualmente? Anteriormente à década de 1990, a realidade jornalística da época
imputava ao O Globo e ao Jornal do Brasil (falido em 2010) essa referência. Hoje,
pode se dizer que um jornal popular é o mais vendido do Rio de Janeiro, como fica
essa referência?
1.2 Jornalismo Popular pelo Mundo
Entre os séculos XVI e XVII surgiram os primeiros jornais da França –
Nouvelles Ordinaires e Gazette de France. Angrimani (1994) argumenta que
principalmente o Gazette, trazia em seu conteúdo fait divers (fatos diversos –
notícias sem editorias pré-estabelecias, como artes ou política) e notícias
sensacionalistas bem parecidas como que se vê atualmente.
“Antes mesmo desses dois jornais, já haviam surgido brochuras, que eram
chamadas de occasionnels, onde predominavam “o exagero, a falsidade ou
inverossimilhança (...) imprecisões e inexatidões”. Esses occasionnels
relatavam também fait divers (ANGRIMANI, 1994, p. 19)”
O sensacionalismo como inspiração para o jornalismo está caracterizado
desde os séculos mais longínquos. Segundo Angrimanni (1994), jornais franceses
do século XIX, já exploravam a violência, as catástrofes e os fenômenos
inexplicáveis da natureza ou de crença religiosa. Antes disso o jornal americano
Publick Occurrences, já possuía características sensacionalistas.
Nos Estados Unidos, surgiu no final do século XVII o primeiro jornal
americano chamado de Publick Occurrences, que também possui grande
12
característica popular e é apontado pelos especialistas como exemplo de jornalismo
popular. E no fim do século XIX, dois outros jornais surgiram e são responsáveis
pelas características de jornalismo visto ainda hoje. Os jornais de Joseph Pulitzer e
de Willian Hearst, são eles o New York World e Morning Journal.
Atualmente o jornal de maior circulação na Europa é Bild da Alemanha,
(World Association of Newspaper – Associação Mundial de Jornais,2005) e também
sexto em circulação mundial. Os assuntos mais explorados pela capa do Bild, são
variedades, economia e política, porém em todas as capas possuem pelo menos
uma notícia referente a variedades, é o que afirma o editor-chefe do jornal, Mathias
Onken.
Segundo Prevedello (2008 p.30) é no final do século XIX que se provoca a
ascensão do sensacionalismo como faceta intrínseca ao jornalismo, após
publicações de artigos de Brito Broca e Afonso Lima Barreto. Há quem defenda que
o sensacionalismo é uma característica constante no jornalismo, no entanto, o
entendimento que compartilhamos, é que o modo sensacionalista é uma
apropriação, de um modo geral, das desgraças da vida, com o único propósito de
alavancar as vendas do jornal, sem compromisso total com a verdade.
São muitas as formas de popularização da mídia costumeiramente tratadas
sobre o rótulo sensacionalista. O sensacionalismo tem servido para
caracterizar inúmeras estratégias da mídia em geral, como a superposição
do interesse público; a exploração do sofrimento humano; a deformação; a
banalização da violência, da sexualidade e do consumo, a ridicularização
das pessoas humildes; o mau gosto; a ocultação de fatos públicos
relevantes; a fragmentação e descontextualização do fato; o denuncismo;
os prejulgamentos e a invasão de privacidade tanto de pessoas pobres
quanto de celebridades, entre tantas outras.(AMARAL, 2006, p.21).
O sensacionalismo tem sido retratado como forma de jornalismo, onde narrar
o sensacional deixou de ser prioridade e o fato de criar sensações a qualquer preço,
acaba deixando de lado, o próprio jornalismo e caracteriza as notícias como
entretenimento.
13
Capítulo 2
A imprensa e a chegada do jornalismo popular no Brasil
O surgimento da comunicação está diretamente ligada a origem de uma nova
cultura de massa no século XIX. Barbero (2009) afirma que a comunicação de
massa é dada a partir do surgimento de uma nova cultura denominada popular.
Os folhetins podem ser vistos como o início de uma mudança na
comunicação, possível graças à emergência dessa cultura de massa. Antes de se
referir a publicações inteiras, o termo folhetim designava o rodapé das capas dos
jornais que traziam conteúdos de „variedades‟ não admitidos em seu corpo (Ibidem).
A definição faz referência a outro conceito: os fait-divers, “que de marginal nos
jornais „sérios‟ torna-se básico nos „populares‟” (SERRA, 1980, p. 13).
A expressão folhetim refere-se a um conteúdo novo, que por si só não possui
a necessidade de referência externa a si mesmo, ou seja, é autônomo. A dita
imprensa popular surge somente após a adaptação do folhetim, de rodapé a
publicação que mistura literatura e jornalismo: “Entre a linguagem da notícia e a do
folhetim há mais de uma corrente subterrânea que virá à tona ao se configurar
aquela outra imprensa que, para ser diferenciada da „séria‟, chama-se
sensacionalista ou popular” (MARTÍN-BARBERO, 2009, p. 188).
2.1 O início do Jornalismo Popular no Brasil
O crescimento dos jornais ditos populares, destinados ao público de menor
poder aquisitivo, chamado popularmente de classe C, D e E começou entre 1996 e
2000, após o lançamento do plano Real. As vendas aumentaram consideravelmente,
e passaram de 6,4 milhões para 7,8 milhões de exemplares por dia. Os jornais ditos
de referência tiveram uma perda consistente de mercado, passaram de 25% para
14
20%, dados da Agência Nacional de Jornalismo (ANJ) em 2001. Com isso, podemos
afirmar que a estabilidade econômica trazida pelo plano real, colocou no mercado,
ou seja, capacitou quem antes não conseguia comprar, e a partir daquele período a
aquisição ficou facilitada pois uma edição dos jornais populares custava entre R$
0,25 a R$ 1,00. Outro índice que pode ter ajudado no aumento das vendas dos
jornais populares é que a taxa de analfabetismo do país diminuiu. A Pesquisa
Nacional por Amostras de Domicílios 2003 (PNAD), do IBGE, mostra um
analfabetismo de 11,6%, uma queda de 32% desde 1992.
O cenário para renovação da mídia impressa no brasileira, como dito
anteriormente, começou a mudar na década de 1990, devido as mudanças
econômicas que impulsionaram um público que não consumia jornal impresso,
passaram a consumir. Com a advento da internet, a necessidade de adaptação do
impresso para textos mais curtos cresce, o que torna o jornalismo mais próximo do
leitor, com apelo visual mais forte. Essa adaptação não se enquadra nem no
sensacionalismo, praticado no meio do século XIX, com base em objetivos políticos
e na ridicularização humana, nem no jornalismo de referência, caracterizado pela
noção convencional e costumeira do interesse público.
Os novos populares se encaixam na faixa intermediária do sensacionalismo e
do jornalismo de referência. Procura conquistar o leitor pela leitura fácil, pelo visual
mais moderno e pela velocidade dos textos (tornando os muito próximos de um texto
de internet), dão ênfase aos acontecimentos do dia-a-dia e se aproximam de seu
leitor pelo que é de interesse do público, mas sempre evitando exageros e as
fórmulas já consagradas anteriormente.
Os novos jornais apresentam uma gama de cores maior, textos curtos,
inúmeras secções de prestação de serviços, e uma mistura entre entretenimento,
casos policiais e praticamente a exclusão de temas considerados mais densos,
como economia e política. Os populares disseminam ao jornalismo o método de
harmonizar o interesse do público ao que se dirige ao interesse público.
15
Por terem que aproximar-se de uma camada de público com baixo poder
aquisitivo e pouco hábito de leitura, os jornais, muitas vezes, transformam-
se em mercadoria de todos os sentidos. Com frequência deixam o bom
jornalismo de lado para simplesmente agradarem ao leitor, em vez de
buscarem novos padrões de jornalismo que reforcem os compromissos
sociais com a população de renda mais baixa. (AMARAL, 2006 p. 30)
Anteriormente os jornais voltados para o grande público, eram pautados ou
pelo interesse político ou somente pelo uso do sensacionalismo, porém atualmente
os jornais populares escolhem se aproximar do público através do entretenimento e
prestação de serviços, através das cartas do leitor. Todo e qualquer jornal
atualmente dedica pelo menos uma página de seu interior às reclamações escrita
pelos seus leitores, a fim de se aproximar dos mesmos. O crescimento do poder
aquisitivo do povo em geral, e como o hábito de leitura não é devidamente
estimulada na população, os jornais populares e sensacionalistas, optam por um
marketing e editorias especificas e com a utilização de promoções, usam somente a
venda avulsa (sem a opção de assinatura mensal), apropriam-se de textos curtos -
de fácil compreensão e interpretação, com menos páginas (o que diminui o preço da
impressão) e dando foco ao que acontece no dia-a-dia. Destaque para violência e
esportes.
2.2. O Jornalismo Popular Atual
O jornalismo popular possui claras referencias do sensacionalismo, como:
preferência a fotos em relação a textos, diagramação carregada em cores fortes e
chamativas, uso de elementos para facilitar a leitura porém outros recursos
fortemente utilizados no sensacionalismo são enfraquecidos no jornalismo popular,
como a predileção por temas impactantes, no momento em que imagens de
degradação humana ou de um crime brutal é substituída por percepções geradas
16
por temas esportistas ou pelo entretenimento. É necessário enfatizar, portanto, que
existe uma diferença considerável entre os jornais populares sensacionalistas do
início da década de 1950 em relação aos contemporâneos. Os jornais anteriores
surgiram com objetivos políticos bem definidos, diferente do atual que buscam
incessantemente uma identificação com o leitor para assegurar acima de tudo um
sucesso de mercado, muitas vezes deixando de lado o contexto político.
As empresas apostam não somente em novas estratégias de marketing ou
gestão de negócios, mas também numa formula renovada de produtos
jornalísticos. (...) Um gênero renovado estrategicamente para alcançar um
público massivo e atrair investimentos publicitários também massivos. Um
gênero que não é puramente comercial, ou sensacionalista, ou popular, mas
uma conjugação de diferentes fórmulas com o intuito de ser bem recebido
por classes tradicionalmente excluídas do hábito de compra e leitura dos
jornais. (BERNADES, 2004, p.17)
No Brasil, as várias empresas que possuem um jornal dito de referência,
optam por lançar um jornal popular, que é o caso do Meia Hora, que é lançado pela
empresa O Dia que possui um jornal de referência de mesmo nome. Um diferencial
importante neste caso é referente aos públicos de cada jornal, estes públicos são
diferentes, e variam de jornal a jornal. Jornais de uma mesma empresa não tomam o
espaço do outro, e sim os se completam. Jornais existem pois há público suficiente
para ambos. A modo de distribuição é quem determina isto. O jornal de referencia
além de ser vendidos em bancas, podem ser consumidos através de assinatura e os
jornais populares possuem preços menores e a única opção de compra é nas
bancas.
Os veículos devem encontrar os estímulos de venda de anúncios
apropriados aos seus novos jornais populares, partindo da relação público-
leitor com os produtos. Um público bastante específico, com muitas
semelhanças em estilo de vida e classe social, que se contenta com
informações correntes cotidianas, voltadas para os acontecimentos da
cidade, de crimes, artistas, televisão e futebol, mas que, mesmo assim,
busca informação, satisfaz-se com ela, encontra entretenimento e,
certamente, a sensação de estar em maior sintonia com que acontece em
17
seu mundo. São milhares de pontos de contato estabelecidos diariamente,
que têm seu potencial, que podem ser bem aproveitados, mas em sua
dimensão própria, que não pode ser comparada à dos jornais tradicionais,
que já tiveram até a pretensão, ou a possibilidade, em outras épocas, de
mudar os rumos do país. (PRAZERES, 2005, online).
Os jornais populares atualmente tratam a notícia de maneira irreverente, não
necessariamente faltando com a verdade. Segundo Tziolas (2013), as informações
dadas são verdadeiras porém passadas de maneira popularesca. A verdade, pelo
princípio da profissão, está sempre à frente, o que muda é a forma de noticiar os
fatos.
Capítulo 3
Sensacionalismo x Jornalismo popular
Levando em consideração as ideias da cultura popular, do que realmente é
interessante na notícia e a forma como ela é divulgada, podemos obter os conceitos
de popular e sensacionalismo. Como vimos os mesmos se confundem no jornalismo.
Segundo AMARAL (2006, p.141) a base principal para um bom jornalismo é a
notícia relevante ao público. Porém para cativar o leitor e conquistar mercado cada
vez mais os jornais se transformam em mercadorias, em todos os lugares
segmentos e especificidades.
O uso da palavra sensacionalismo para meios de comunicação implica num
certo tipo de postura editorial onde fica caracterizado o uso do exagero, de apelo
emotivo e pelo uso de imagens fortes generalizando o tema abordado. Esse artifício
é utilizado para ganhar audiência, pois normalmente as sensações criadas são
chocantes e de impacto muito forte em quem está lendo, portanto o sensacionalismo
pode ser entendido como uma produção noticiosa que vai além do real, muitas
vezes aumentado e exagerado e por consequência com credibilidade discutível.
O termo popular tem sua origem no povo, portanto tudo está ligado a um
pessoa ou algo conhecido. Segundo Tziolas (editor-chefe do jornal Meia Hora em
entrevista dada no dia 14/11/2013) o jornal popular não se diferencia dos jornais da
18
grande imprensa apenas por romper com os modelos tradicionais de produção e
distribuição predominantes, mas porque cria suas próprias condições de existência e
realiza uma nova concepção de comunicação entre jornal e leitor, há qual é possível
o acesso do leitor no processo de decisão do jornal.
Os jornais populares obtêm uma característica própria utilizando parâmetros
que os sensacionalistas também usam.
Relacionando-se de uma forma peculiar com o mundo do leitor. Precisam
falar do universo dos leitores, interpelam uma estética pragmática, pouco
importando se as informações são do âmbito do privado, do local ou do
entretenimento. Além disso, são obrigados, por interesses mercadológicos,
a utilizar determinados recursos temáticos, estéticos e estilísticos, que,
mesmo deslocados do discurso jornalístico tradicional, servem para
legitimar a fala do jornal entre seu público-alvo (AMARAL, 2004, p.66).
Para ser consumido o jornal precisa saber os gostos, a linguagem, a estética
e os estilos de vida de seus leitores. Da mesma forma que na imprensa de
referência, o jornalismo popular é um modo de conhecimento, mas no segmento
popular ele se configura melhor como um modo de entretenimento afirma
Amaral(2006).
Com intuito de aumentar o número de exemplares vendidos é característica
dominante entre os jornais populares utilizar assuntos em sua capa, como: violência,
perversões, morte, entretenimento, cidade, para chamar atenção de seu leitor. O
que define o coeficiente de sensacionalismo empregado é principalmente a
linguagem que os jornais usam para abordar esses assuntos.
As pessoas lêem jornais não apenas para se informar, mas também pelo
senso de pertencimento, pela necessidade de se sentirem partícipes da
história cotidiana e poderem falar das mesmas coisas que “todo mundo
fala”. O ato de ler um jornal e de assistir a um programa também está
associado a um ritual que reafirma cotidianamente a ligação das pessoas
com o mundo (AMARAL, 2006, p. 59).
19
Amaral(2006) mostra as qualidades que um jornal popular deve ter, enumerando-as,
pois um jornal popular de qualidade viável nos moldes de uma empresa jornalista é
o que segue as seguintes atitudes:
(i) Leva em consideração a posição econômica, social e cultural do leitor,
e por isso fala deste determinado ponto de vista.
(ii) Expõe as necessidades individuais das pessoas, para servir como
gancho para aquelas de interesse público;
(iii) Representa as pessoas do povo de forma digna;
(iv) Publica notícias de forma didática, sem perder seu contexto e sua
profundidade
(v) Agrega o conceito de responsabilidade social da imprensa ao de
utilidade social;
(vi) Define-se sua proximidade com o público, pela adoção de elementos
do universo cultural do leitor e conexão com o local e o imediato;
(vii) É composto de notícias de interesse público, relatadas de maneira
humanizada;
(viii) Busca ampliar o conhecimento do leitor sobre o mundo e substituir o
ponto de vista individual pelo ponto de vista do cidadão ou da
comunidade, sem se dirigir para o campo do entretenimento e do
espetacular.
O jornalismo popular surgiu em ligados a interesses políticos e mantem
relação histórica com o entretenimento, porém o jornalismo popular só poderá ser
feito com qualidade se for realizado sem se subordinar a interesses mercadológicos
ou políticos.
Um jornalismo popular de qualidade só será viável se souber construir seus
contornos sem subordinar-se a determinados interesses mercadológicos ou
políticos. Cabe ao jornalismo popular trabalhar com dispositivos de
reconhecimento e dar conta de algumas características culturais de seus
leitores, sem perder seus propósitos de vista (AMARAL, 2006, p. 133-134)
20
3.1 Estudo de Caso do Jornal Meia Hora
O jornal Meia Hora é veiculado no Rio de Janeiro no valor de R$ 0,70, teve
sua primeira edição no dia 19 de setembro de 2005. Em 2005 ocorreu uma pesquisa
que apontava um nicho de mercado aberto na cidade do Rio de Janeiro e a empresa
que é dona do jornal e possui um impresso de referência no mercado, chamado O
DIA, resolveu apostar nesse ramo.
Teve um a pesquisa em 2005 que mostrava que
muita gente no Rio de Janeiro não lia jornal nenhum,
que as pessoas não gostavam dos jornais, não se
identificavam com nenhum, reclamavam que os
jornais são grandes, que eram impossível manuseá-
los nos trens e transportes públicos. E mediante a
isso a empresa decidiu criar o jornal. E foi um
sucesso logo de cara. Muito a cima do esperado. E
não por acaso o maior grupo de comunicação do país
lançou três meses depois o um jornal que é a cópia
do Meia Hora. TZIOLAS, 2013.
O Meia Hora é um jornal do segmento popular com tiragem diária média de
duzentos mil exemplares, afirma Tziolas em entrevista realizada no dia 14/11/2013
anexada à esta monografia. Para este estudo de caso foram analisados os índices
das capas do jornal Meia Hora na semana entre os dias 10 e 18 de novembro de
2013. Serão analisados as capas do jornal a fim de mostrar os assuntos com mais
destaques nas capas e se o jornal possui as características de jornalismo popular ou
sensacionalista.
Para analisar o caso de pesquisa de um impresso popular, é de suma
importância observar que as principais características desse estilo jornalístico são: a
construção textual, a linguagem escrita, fotográfica e a abordagem de diagramação.
O jornalismo popular possui uma fala informal e de fácil entendimento.
Verifica-se que nas capas do jornal Meia Hora são utilizados textos curtos e
de fácil entendimento e com cores chamativas para que prenda a atenção do leitor.
21
De acordo com Tziolas (2013) o Meia Hora é um jornal superpopular, com
ideia inicial de direcionamento para as classes B, C e D, porém se consolidou nas
classes B e C. Por outro lado, acontece algo que surpreende a instituição, é que
esta possui um público classe A, que gosta do meia hora mais pela internet, que
gosta das capas, curte pelo facebook, entretanto não compra o jornal, consome mais
pela internet. O publicão mesmo está entre as classes B e C mas também tem a
classe A que no modo geral não compra o jornal mas curte pela internet.
As capas de jornais populares são bastante chamativas e muitas vezes
engraçadas e podem até ofender alguém. O jornalismo popular é como visto
anteriormente é pautado principalmente no dia-a-dia de seu leitor. Conforme Tziolas
(2013) vale de tudo na capa do Meia Hora, a edição que mais vendeu cópias na
história do Meia Hora tinha como principal assunto a política que é um assunto não
se cobre com muita frequência, que não consta muito em suas capas. No entanto há
Figura 1. Capa do Meia Hora dia 07/11/2013
22
quatro principais assuntos: Cidade, o Rio de Janeiro, o que acontece no Rio de
Janeiro. Esportes, principalmente o futebol.
Cultura/Celebridades/Entretenimento/Televisão colocando tudo no mesmo pacote,
definido por Tziolas como diversão e o quarto assunto seria a parte de serviços.
Em onze das doze capas analisadas o futebol tinha um espaço na capa, em
dez era o principal assunto, juntamente com o pacote que Humberto Tziolas chama
de diversão que tem espaço nas doze capas.
Toda capa é para chamar a atenção e com o Meia Hora não é diferente.
Como o Meia Hora é somente vendido na banca, isso se intensifica. Pois o cara que
vai comprar na banca pode gostar mais da capa do outro jornal e não comprar o
seu. Diz Tziolas.
Figura 2. Capa do dia 13/11/2013
Capas como a demostrada a cima são extremamente utilizadas pelo
jornalismo popular e principalmente pelo objeto de estudo que é o jornal Meia Hora.
Porém deve-se tomar cuidado com a exibição de tal capa, pois brinca com o fato dos
23
times terem pouco pontos no campeonato brasileiro de futebol, o que pode
desagradar quem o próprio leitor.
Houve um momento que o jornal tinha uma revista adulta e na
semana do lançamento fizemos um aperitivo no miolo do
jornal e repercutiu muito mal. E houve também uma piada
referente ao falecimento do cantor Chorão do Charlie Brown
Junior, onde falamos que o Chorão trocou a banda dele o
Charlie Brown, por outra banda de rock o Sepultura e foi
bastante negativa a repercussão dessa capa. Há quem
aprove e também há que reprove. O Meia Hora tem tudo que
os outros jornais tem, o resultado do jogo, onde foi, quem
levou cartão amarelo ou vermelho, tem tudo lá. Só que além
disso a gente tenta levar ao leitor a zoação, a brincadeira que
acontece na mesa do bar para dentro do jornal.
Tziolas(2013).
Os jornais populares muitas vezes são chamados de sensacionalista e com
pouco compromisso com a verdade. De acordo com Tziolas(2013) “Toda capa é
para chamar a atenção e com o Meia Hora não é diferente. Como o Meia Hora é
somente vendido na banca, isso se intensifica. Pois o cara que vai comprar na
banca pode gostar mais da capa do outro jornal e não comprar o seu”. Pode-se
verificar que no caso do Meia Hora o que muda é o jeito como a notícia é passada,
representada na figura a seguir.
Figura 3. Capa do jornal Meia Hora do dia 18/11/2013
24
Na capa representada na figura 3, onde o destaque é a vitória do Fluminense,
temos uma forma diferenciada de veicular a notícia, poderia ser somente,
“Fluminense luta até o fim e ganha o jogo!”. Porém como o jornal popular tenta se
aproximar de seu público, foi feito uma anedota em referência ao orixá guerreiro
Ogum, em relação ao nome do jogador que fez o gol, “O Gum é muito guerreiro!”.
O Meia Hora nunca falta com a verdade. O que acontece com
o Meia Hora é que a noticia é dada de maneira irreverente,
diferente. As informações que são dadas são verdadeiras,
porém de uma forma mais popularesca. A verdade está
sempre na frente pelo princípio da nossa profissão o que
muda é a maneira noticiar os fatos. No caso do meia hora e
nos jornais populares em geral os textos são menores as
fotos maiores mas não se falta com a verdade. O Meia Hora,
como o próprio nome diz, é para ser lido em meia hora, então
as notícias são mais curtas mas de jeito nenhum falsas ou
mal apuradas. O Meia Hora tem um público que não estava
acostumado a ler jornal nenhum. E o meia hora conquistou
esse leitor, tem um dado da MARPLAN de 2006, que o índice
de leitores de jornal nas capitais do Brasil, após o início do
Meia Hora, o Rio de Janeiro era a terceira capital que mais lia
jornal, depois veiculação do Meia Hora o Rio passou a ser a
primeira capital que mais lê jornal, ou seja, o meia hora
atingiu um público que não lia jornal. (TZIOLAS, 2013).
Quando se coloca em questão se o jornal é sensacionalista ou não, tende-se
a entender que caracteriza-lo como sensacionalista é ruim e depreciativo, porém de
acordo com AMARAL (2006, p.20), “todo jornal é sensacionalista, pois busca
prender o leitor para ser lido e, consequentemente, alcançar boa tiragem”.
Essa denominação ser sensacionalista é vista de uma forma
depreciativa, mas se formos ver o significado da palavra
sensacionalismo no dicionário, vimos que sensacionalismo é
o ato de provocar sensações. Nesse quesito o Meia Hora é
sim sensacionalista, pois é escandaloso, é engraçado quando
possível. Quando se usa o sensacionalismo para depreciar a
jornal isso é ruim, pois parece que o jornal exagera nas
25
notícias, força uma barra, falta com a verdade, isso o Meia
Hora não faz. Exageros acontecem no Meia Hora acontecem
mas não faltando com a verdade. É muito mais fácil errar
fazendo o Meia Hora do que qualquer outro jornal, pois os
demais falam simplesmente o que acontece, e o meia hora é
sempre mais criativo, o que te deixa no limite de errar alguma
coisa. Nós não concordamos em geral com a etiqueta de
sensacionalista pois não utilizamos de ferramentas
sensacionalistas para a venda do jornal a qualquer custo. Nós
obedecemos uma norma de bom-senso. TZIOLAS (2013)
Os jornais populares tem a necessidade de atrair seu público, e se aproximar
desse público e segundo Tzioloas, o Meia Hora narra todos os assuntos que os
outros jornais narram só que esses assuntos são adaptados à realidade dos leitores.
Isso é de suma importância para o sucesso do jornal. Isso se deve a ideia que cada
jornal tem a sua característica.
No Rio o jornal meia hora, é o segundo jornal mais lido,
porém existe uma conta, também da MARPLAN, que o Meia
Hora é o jornal mais lido, não o mais vendido. Pois quem
compra o Meia Hora, lê e passa para a mãe, namorada,
amigo. Esse sucesso vem do empenho, pois lutamos para
que sempre agrade os leitores, como o Meia Hora é.
Engraçado e próximo ao público. O público acaba se sentido
representado pelo jornal. TZIOLAS 2013.
Antes da criação dos jornais populares, os jornais mais vendidos eram
chamados de referências, que tinham como características principais o fato de
serem pautados por notícias de interesse público com assuntos como economia e
política, No entanto, atualmente os jornais mais populares são os mais vendidos.
Inclusive mais vendidos que os jornais mais “sérios”, ou de referencia, conforme
Tziolas o jornalismo hoje não tem uma referência definida, temos hoje um mercado
para todo o tipo de jornal, do mais sério até o mais popular. Tem jornais para todos
os gostos.
Com isso verificamos que o jornalismo impresso está sofrendo uma
reformulação, segundo Tziolas os gráficos de vendas de jornal impresso são
decrescentes no mundo inteiro e estamos participando efetivamente de uma
reformulação no jornalismo impresso.
26
Conclusão
O crescimento de vendas dos jornais populares mudou a forma de leitura dos
brasileiros das classes B, C e D, principalmente no Rio de Janeiro. O texto, com
suas características específicas, cumpriu a sua missão e potencializou este público
para o jornalismo impresso.
As comunidades e o povo também nunca tiveram tanto espaço e volume de
notícias nesses jornais populares como o Meia Hora. Esta questão demonstra que o
povo está lendo mais jornal e as periferias estão ganhando mais importância nesse
novo tipo de jornalismo, gerando assim interesse nos leitores.
Verificamos que após a análise fria dos fatos, o Meia Hora é um jornal popular
que não caminha com o sensacionalismo, é de fato um jornal inteiramente popular
que consegue responder a todos os quesitos citados por AMARAL (2006). Onde se
refere que o jornalismo popular deve ter respeito aos leitores e saber exatamente
para que tipo de leitor está sendo escrito o jornal e principalmente sem faltar com a
realidade.
Podemos perceber que o jornalismo popular e o sensacionalismo são
separados por uma linha tênue, e que em ambos há o exagero nas notícias, porém
no jornalismo popular o cuidado com a verdade é maior, e evita-se por exemplo
condenar alguém que ainda não foi condenado judicialmente.
O jornal Meia Hora tratou muito bem das questões do sensacionalismo
apresentadas e se apropriou dessas estratégias, sem se tornar sensacionalista de
forma depreciativo, para se tornar um jornal popular de grande tiragem e o mais lido
do Rio de Janeiro.
Concluímos portanto que é possível analisar o segmento popular da grande
imprensa, desde que para isso possamos retirar o preconceito intrínseco que o
sensacionalismo nos traz, para conseguir nos apropriar de suas estratégias e poder
trata-las criticamente assim como fez o jornal Meia Hora.
27
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jan./jun. 2003.
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Revista Em Questão, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 133-146, jan./jun. 2003.
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PAIVA Vanessa, MADRUGA Alexandre - O Crescimento do Jornalismo Popular e a
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Interdisciplinares da Comunicação XXXIII Congresso Brasileiro de Ciências da
Comunicação – Caxias do Sul, RS.
28
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Z3O68gIV4DU9Tu4w&bvm=bv.55123115,d.dmg acessado pela ultima vez em
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[S.l.], 2005. Disponível em: http://www.wan-press.org/article2825.html Acesso em:
12/09/2013.
29
Anexos
Lista de Figuras
Figura 4. Capa do Meia Hora dia 07/11/2013
Figura 5. Capa do dia 13/11/2013
Figura 6. Capa do jornal Meia Hora do dia 18/11/2013
30
Entrevista
Entrevista com o Editor Chefe do jornal Meia Hora: Humberto Tziolas realizada no
dia 14/11/2013.
Jonathan Borquet: O quando foi fundado o Meia Hora?
Humberto Tziolas: O meia hora foi fundado no dia 19 de setembro de 2005. A
primeira impressão foi nesse dia.
Jonathan Borquet: O Meia Hora é direcionado para um público específico, que
público é esse?
Humberto Tziolas: É um jornal superpopular, com ideia inicial de direcionamento
para as classes B, C e D, porém se consolidou nas classes B e C. Por outro lado,
acontece algo que surpreende a instituição, é que temos um público classe A, que
gosta do meia hora mais pela internet, que gosta das capas, curte pelo facebook,
entretanto não compra o jornal, consome mais pela internet, o que é uma pena. O
publicão mesmo está entre as classes B e C mas também tem a classe A que no
modo geral não compra o jornal mas curte pela internet.
Jonathan Borquet: Qual a tiragem diária do Meia Hora em média?
Humberto Tziolas: A tiragem é cerca de duzentos mil impressos, vendidos em média
cento e oitenta mil.
Jonathan Borquet: As capas do Meia Hora são bastante chamativas. Quais os
principais assuntos que são abordados nas capas do Meia Hora?
Humberto Tziolas: Obviamente vale de tudo na capa do Meia Hora, para que você
tenha uma ideia a capa da edição que mais vendeu cópias na história do Meia Hora
31
tinha como principal assunto a política que é um assunto não cobrimos com muita
frequência, que não consta muito nossas capas. No entanto temos quatro principais
assuntos: Cidade, o Rio de Janeiro, o que acontece no Rio de Janeiro. Esportes
principalmente o futebol. Cultura/Celebridades/Entretenimento/Televisão colocando
tudo no mesmo pacote e o quarto assunto seria a parte de serviços.
Jonathan Borquet: A internet pauta o Meia Hora?
Humberto Tziolas: Com certeza a internet hoje passa por tudo. Todos tem internet
atualmente. Já aproveitamos ideias bem humoradas que apareceram na internet que
a gente acabou aproveitando.
Jonathan Borquet: Alguma vez houve alguma capa que não foi bem aceita?
Humberto Tziolas: Já sim. Houve um momento que o jornal tinha uma revista adulta
e na semana do lançamento fizemos um aperitivo no miolo do jornal e repercutiu
muito mal. E houve também uma piada referente ao falecimento do cantor Chorão
do Charlie Brown Junior, onde falamos que o Chorão trocou a banda dele o Charlie
Brown, por outra banda de rock o Sepultura e foi bastante negativa a repercussão
dessa capa. Há quem aprove e também há que reprove. O Meia Hora tem tudo que
os outros jornais tem, o resultado do jogo, onde foi, quem levou cartão amarelo ou
vermelho, tem tudo lá. Só que além disso a gente tenta levar ao leitor a zoação, a
brincadeira que acontece na mesa do bar para dentro do jornal.
Jonathan Borquet: O que faz a capa do Meia Hora ser como ela é? A intenção é
chamar a atenção?
Humberto Tziolas: Toda capa é para chamar a atenção e com o Meia Hora não é
diferente. Como o Meia Hora é somente vendido na banca, isso se intensifica. Pois o
cara que vai comprar na banca pode gostar mais da capa do outro jornal e não
comprar o seu.
32
Jonathan Borquet: Alguns especialistas em jornalismo popular, falam que os jornais
populares acabam tentando se aproximar do público com tanto ímpeto que acabam
deixando de lado o jornalismo “sério” de “referencia” de lado, sem muita apuração.
Qual a sua opinião sobre isso?
Humberto Tziolas: O Meia Hora nunca falta com a verdade. O que acontece com o
Meia Hora é que a noticia é dada de maneira irreverente, diferente. As informações
que são dadas são verdadeiras, porém de uma forma mais popularesca. A verdade
está sempre na frente pelo princípio da nossa profissão o que muda é a maneira
noticiar os fatos. No caso do meia hora e nos jornais populares em geral os textos
são menores as fotos maiores mas não se falta com a verdade. O Meia Hora, como
o próprio nome diz, é para ser lido em meia hora, então as notícias são mais curtas
mas de jeito nenhum falsas ou mal apuradas. O Meia Hora tem um público que não
estava acostumado a ler jornal nenhum. E o meia hora conquistou esse leitor, tem
um dado da MARPLAN de 2006, que o índice de leitores de jornal nas capitais do
Brasil, após o início do Meia Hora, o Rio de Janeiro era a terceira capital que mais lia
jornal, depois veiculação do Meia Hora o Rio passou a ser a primeira capital que
mais lê jornal, ou seja, o meia hora atingiu um público que não lia jornal.
Jonathan Borquet: Há quem diga que o Meia Hora faz um jornalismo
sensacionalista. A instituição se considera sensacionalista?
Humberto Tziolas: Essa denominação ser sensacionalista é vista de uma forma
depreciativa, mas se formos ver o significado da palavra sensacionalismo no
dicionário, vimos que sensacionalismo é o ato de provocar sensações. Nesse
quesito o Meia Hora é sim sensacionalista, pois é escandaloso, é engraçado quando
possível. Quando se usa o sensacionalismo para depreciar a jornal isso é ruim, pois
parece que o jornal exagera nas notícias, força uma barra, falta com a verdade, isso
o Meia Hora não faz. Exageros acontecem no Meia Hora acontecem mas não
faltando com a verdade. É muito mais fácil errar fazendo o Meia Hora do que
qualquer outro jornal, pois os demais falam simplesmente o que acontece, e o meia
hora é sempre mais criativo, o que te deixa no limite de errar alguma coisa. Nós não
concordamos em geral com a etiqueta de sensacionalista pois não utilizamos de
33
ferramentas sensacionalistas para a venda do jornal a qualquer custo. Nós
obedecemos uma norma de bom-senso.
Jonathan Borquet: Para a criação do Meia Hora houve a inspiração em algum outro
jornal? Foi para preencher um nicho de mercado?
Humberto Tziolas: Teve um a pesquisa em 2005 que mostrava que muita gente no
Rio de Janeiro não lia jornal nenhum, que as pessoas não gostavam dos jornais, não
se identificavam com nenhum, reclamavam que os jornais são grandes, que eram
impossível manuseá-los nos trens e transportes públicos. E mediante a isso a
empresa decidiu criar o jornal. E foi um sucesso logo de cara. Muito a cima do
esperado. E não por acaso o maior grupo de comunicação do país lançou três
meses depois o um jornal que é a cópia do Meia Hora.
Jonathan Borquet: Qual a importância que você agrega, ao jornal popular que narra
o que o povo se identifica?
Humberto Tziolas: O meia hora narra todos os assuntos que os outros jornais
narram só que esses assuntos são adaptados à realidade dos leitores. Isso é de
suma importância para o sucesso do jornal. Isso se deve a ideia que cada jornal tem
a sua característica.
Jonathan Borquet: O Meia Hora é o jornal mais vendido em seu segmento. Há que
você atribui esse sucesso de vendas?
Humberto Tziolas: No Rio o jornal meia hora, é o segundo jornal mais lido, porém
existe uma conta, também da MARPLAN, que o Meia Hora é o jornal mais lido, não
o mais vendido. Pois quem compra o Meia Hora, lê e passa para a mãe, namorada,
amigo. Esse sucesso vem do empenho, pois lutamos para que sempre agrade os
leitores, como o Meia Hora é. Engraçado e próximo ao público. O público acaba se
sentido representado pelo jornal.
34
Jonathan Borquet: Antes da criação dos jornais populares, os jornais mais vendidos
eram chamados de referências ou referencias. Hoje os jornais mais populares são
os mais vendidos. Inclusive mais vendidos que os jornais mais “sérios” ou menos
engraçados, ou mais engessados. Você acha que essa referência está mudando?
Humberto Tziolas: Eu não acredito que o jornalismo hoje tenha uma referência,
temos hoje um mercado para todo o tipo de jornal, do mais sério até o mais popular.
Tem jornais para todos os gostos.
Jonathan Borquet: Com o crescimento da internet, e você mesmo falou que a
internet as vezes pauta o Meia Hora. Você acha que os dias do jornal impresso
estão contados ou estamos acompanhando apenas uma formulação no jornalismo?
Humberto Tziolas: Essa é uma dúvida mundial, os gráficos de vendas de jornal
impresso são decrescentes no mundo inteiro. Há impacto da internet sim, pois a
jornais no mundo inteiro que chegaram a fechar as portas mas acredito que acabar
não, o que vai haver é uma reformulação.
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