O Fio Das Palavras

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  • 8/17/2019 O Fio Das Palavras

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    “O fio das palavras

     –  um estudo de Psicoterapia Existencial”

     –  Luiz Antônio G. Cancello

    “Psicoterapia é um acontecimento onde estão envolvidas duas pessoas.Justamente por esse envolvimento, elas não se encontram à distâncianecessria para a constitui!ão da o"#etividade.$

    “% terapeuta pode, a posteriori , tentar cercar da maneira mais &ormal poss'vel o&enômeno onde esteve como participante. (as suas considera!)es so&rerãosempre a conse*+ncia da pro-imidade a&etiva e do distanciamento temporal dacena.$

    “... o modo de transmissão de conecimentos peculiar ao dom'nio da terapiapsicol/0ica. 1ão se trata apenas do aprendizado racional de um con#unto de leis.(uito além disso, em sua pr/pria terapia e supervisão, o aprendiz é imerso emtodo um clima emocional, pois s/ desse modo poder &azer um prolon0ado e-amede suas capacidades umanas. A psicoterapia do candidato a psicoterapeuta nãodi&erir da*uela a ser descrita na se*+ncia deste estudo. 2 s/ assim,e-trapolando em muito o âm"ito da de&ini!ão o"#etiva, aprender al0o de sua arte.1ão de &ora dela, encerrando3a em al0uns termos técnicos4 mas contemplando oprocesso desde dentro.$

    “Concep!)es desse teor tm sua validade apenas em conte-tos te/ricos maisamplos. 2 precisam ser entendidas como um mapa, uma re&erncia para percorrer o territ/rio do comportamento umano. 5uando trans&orma3das em coisas, ementidades concretas 6 como “o$ inconsciente, localizado “dentro$ da ca"e!a 3,assumem o status de verdades a"solutas. 7 o ponto onde o mapa perde sua&un!ão, con&unde3se com o territ/rio e, em vez de orientar, aprisiona. 1esteenredar3se João &icou paralisado por uma idéia estreitada do mundo. A ideolo0ia*ue o en0oliu não o&erecia um orizonte para a solu!ão de seus pro"lemas.

     Aca"ou por le rou"ar a capacidade de 0erar novos mundos.$

    “% artista, ao contemplar seu modelo, revela uma sin0ularidade. Cada rosto édi0no de ser retratado pelo pincel. 8ma o"ra de arte é al0o 9nico.2is a tare&a4 realizar um tra"alo cient'&ico, sem des&i0urar a sin0ularidade dooutro.$ “:azer cincia como *uem a recria a cada instante. Com o mesmo assom"ro e amesma inda0a!ão &rente ao &enômeno.$

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    “...(as sua dor, para ele 6 e mim, se sei ouvi3la 6 é tão real *uanto a cadeira ameu lado.$

    “... :ala de modo entre desdenoso e desa&iador...;odo seu corpo comunica odesa&io. ...Continuo4 “7 uma atitude comum em sua vida odiscorrer so"re seu estado nas minhas palavras, seria *uase um rou"o? =...>devolveria o estado mais sin0ular à 0eneralidade. ão trai!)es. 2 João talvez nemas perce"esse a0ora? no correr do tempo seriam denunciadas por um va0o mal3estar, um certo desinteresse, o encanto *ue"rado.$

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    “...(as eu &ui testemuna de uma lacuna em seu velo #eito. 2 isto est, a0ora,de&initivamente impresso em sua 6 em nossa 6 ist/ria. Pois isso &azemos ali4constru'mos uma ist/ria.$

    “...% terapeuta cuidou para *ue o assunto não &ecasse. Com isto, vrios outros

    modos de considerar as coisas &oram se or0anizando. %utros caminos sea"riram. Procurando com pacincia, cliente e terapeuta vão se tornando 'ntimos,como dois e-ploradores percorrendo #untos a selva desconecida. A intimidadeconstru'da pelo tempo, pela procura do pro#eto comum. 2 num dado momento, apercep!ão de João mudou.$

    “;am"ém assim a cura se desena, em psicoterapia. Buscada, &o0e. (as podeemer0ir do es"o!o *ue paciente e terapeuta vão tra!ando em seu contatopeculiar.$

    “;raz ao consult/rio o mesmo es*uema de vida.$“A0ora vou testemunar uma desco"erta. ;alvez mesmo desco"rir #unto com elemuita coisa. %u, o *ue é mais pertur"ador4 talvez construa #unto com João osentido de suas s9plicas.$

    “:omos a uma desco"erta. A seu tempo, ela aparece como 9nica, &undamental4 éa verdade de João, essa verdade de a0ora, trazendo consi0o a esperan!a de ser a a"ertura de&initiva para revela!)es &undamentais. =...> 2ssa verdade aparecermais tarde em sua verdadeira dimensão 6 uma das muitas possi"ilidades desentido a ser apropriada, na*uele momento, por uma dada recorda!ão. Pois des3co"re4 tira o véu de al0o antes co"erto. 2 re3vela4 dando sentido ao vivido, co"reos outros sentidos poss'veis. % recordar sempre ad*uire seu sentido em &un!ãodo presente e de um pro#eto. % tempo se apresenta numa s'ntese. 1o tecer eretecer da vida, a"re um camino, d uma la!ada, direciona um &io da ist/ria.$“;rans&ormar é tam"ém criar as condi!)es para *ue o outro se trans&orme,se0uindo a dire!ão *ue para ele &izer sentido.$

    “...ou tentado a le dizer4 “(as voc não tem culpa$. 1ão o di0o. e o &izesse,estaria traindo João, reduzindo3o à impotncia.=...> a perspectiva de suaculpa"ilidade conse0ue vislum"rar sua potncia, suas m9ltiplas possi"ilidades derela!ão, ainda *ue distantes. Permite mesmo &azer um pro#eto de melorar a vidacom ela.$

    “8m sono, isolado da vida do sonador, nada diz? ter si0ni&icado somente comoparte de uma ist/ria individual.$

    “A palavra realmente si0ni&icativa, *uando pro&erida, traz com ela um calar3se.$

    “A cura é perce"ida como sendo ela"orada em al0uns momentos pin!ados doprocesso total da terapia, como nossa ist/ria, o#e, é perce"ida como umacostura de momentos si0ni&icativos de nossa vida.$

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    “A cura ser, sempre, um conceito a posteriori ? a concep!ão sin0ular de “estar curado$ não poder #amais preceder ao seu ela"orar3se.$

    “D psicoterapia e-istencial ca"e inserir a op!ão do cliente no conte-to de sua vida.(as a &ei!ão dessa escola ca"e e-clusivamente a cada ser umano.$

    “Ao escutar seu cliente, o terapeuta cria o âm"ito para “curar$ os estere/tiposculturais, dei-ando esses &enômenos =re>aparecerem à luz do sentido pr/prio decada vida.$

    “A psicoterapia e-istencial não pretende ter um mapa *ue sirva de orienta!ãoprévia para a leitura das pessoas. Ao contrrio, ao ampliar os si0ni&icadosposs'veis da realidade, alme#a devolver ao cliente a tare&a de tra!ar seus pr/priosmapas, a partir dos *uais pode e *uer ser visto.$