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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – UCAM
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
MERCOSUL
Um mercado comum na América Latina.
OBJETIVOS:
Neste trabalho procurou-se obter uma visão abrangente dos
estágios de evolução do Mercosul, envolvendo o Brasil, a
Argentina, o Paraguai e o Uruguai, possibilitando um
aumento do mercado consumidor, além de maiores chances
de participação na economia mundial.
Por: Manoel Luiz da Fonseca Almeida
ORIENTADOR: Marco Antonio Larosa
RIO DE JANEIRO, JULHO, 2004.
2
DEDICATÓRIA
Dedico esse trabalho a: Saul Pereira de Almeida, Maria Preciosa da Fonseca Almeida,
Otônio Holanda Rego, Maria Francisca Costa.
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Maria Rosângela, Daninha, Pepeu, Att e Overcolátero.
4
Lista de Siglas ALADI - Associação Latino-Americana de Integração
ALACL – Associação Latino-Americana de livre Comércio
ALCA – Área Livre de Comércio das Américas
BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento
CEPAL - Comissão Econômica para América Latina
GATT – Acordo Geral de Tarifas e Comércio
MERCOSUL – Mercado Comum do Cone Sul
NAFTA – Acordo de Livre Comércio da América do Norte
OEA – Organização dos Estados Americanos
OMC – Organização Mundial do Comércio
PIB – Produto Interno Bruto
PICE – Programa de Integração e Cooperação Econômica
TEC – Tarifa externa Comum
UE – União Européia
5
Lista de Ilustrações Tabela nº 1 - Intercâmbio Comercial Brasileiro – Totais Gerais....................................46 Tabela nº 2 - Intercâmbio Comercial Brasileiro – (1) Mercado Comum do Cone Sul...47 Tabela nº 3 - Intercâmbio Comercial Brasileiro – Mercado Comum do Cone Sul Argentina.........................................................................................................................48 Tabela nº 4 - Intercâmbio Comercial Brasileiro – Mercado Comum do Cone Sul Paraguai...........................................................................................................................49 Tabela nº 5 - Intercâmbio Comercial Brasileiro – Mercado Comum do Cone Sul Uruguai............................................................................................................................50 _____________________________________________________________________ 1 - Mercado Comum do Cone Sul, conforme NOVÍSSIMO DICIONÁRIO DE ECONOMIA de Paulo Sandroni. Ed. Best Seller
6
Epígrafe
“... o caminho da integração é irreversível. Chegou a hora da verdadeira integração da América Latina”. (Janeiro de 1995, Presidentes dos países membros do Mercosul).
7
RESUMO Neste trabalho procurou-se obter uma visão abrangente dos estágios de evolução
do Mercosul, visto que consolidou uma integração na América latina, envolvendo o
Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai, que possibilitou um aumento do mercado
consumidor, além de maiores chances de participação na economia mundial.
Dentro do desenvolvimento mostram-se as inúmeras vantagens do processo de
integração econômica com o Mercosul. Além da ampliação do comércio exterior dos
quatro países-membros, pela facilidade com que circulam as mercadorias livremente
entre eles, o Mercado Comum eleva os níveis de produção da indústria através do maior
aproveitamento das economias de escala e dinamiza as atividades do setor comercial
pela ampliação dos negócios de bens e serviços. Ao mesmo tempo, mudanças positivas
se processam na eficiência econômica, na qualidade e quantidade dos fatores de
produção e comercialização, na absorção de tecnologia e na geração de empregos.
Isto permite que as economias dos quatro países possam se inserir mais
competitivamente no mercado internacional onde tecnologias mais avançadas e altos
padrões de qualidade se tornam cada vez mais exigentes.
Conclui-se o trabalho mostrando que para o Brasil, particularmente, além das
vantagens comuns aos demais parceiros, o Mercosul vem proporcionando a abertura de
sua economia.
Palavras-chave: Integração, América Latina, exportação, comércio internacional,
tarifa externa comum
8
SUMÁRIO
MERCOSUL, O DESENVOLVIMENTO DE UM MERCADO COMUM NA
AMÉRICA LATINA.
INTRODUÇÃO .....................................................................................................10
CAPÍTULO I – A INTEGRAÇÃO DO MERCOSUL E SEUS INTERESSES..........11
1.1 Mercosul – um longo caminho ..........................................................................11
1.2 Com a integração Argentino-Brasileiro surge o Mercosul..................................13
1.3 Paraguai e Uruguai no Bloco...............................................................................14
1.4 Nasce o Mercosul................................................................................................15
CAPÍTULO II – A TRANSIÇÃO................................................................................17
2.1 Principais aspectos do Tratado de Assunção .............. .............. .......................17
2.2 As dificuldades para estabelecer a tarifa externa comum ( TEC).......................20
CAPÍTULO III – MERCOSUL: O DESENVOLVIMENTO NA SUA INTEGRAÇÃO
3.1 Panorama econômico dos países do Mercosul....................................................23
3.1.1 Argentina...........................................................................................................24
3.1.1.a Estrutura Econômica........................................................................................25
3.1.1.b Comércio Exterior...........................................................................................26
3.1.1.c Tendências Econômicas...................................................................................26
3.1.2 Brasil................................................................................................................27
3.1.2.a Estrutura Econômica........................................................................................28
3.1.2.b Comércio Exterior............................................................................................29
3.1.2.c Tendências Econômicas...................................................................................29
3.1.3 Paraguai............................................................................................................30
3.1.3.a Estrutura Econômica.........................................................................................31
3.1.3.b Comércio Exterior...........................................................................................31
3.1.3.c Tendências Econômicas..................................................................................32
3.1.4 Uruguai............................................................................................................33
9
3.1.4.a Estrutura Econômica....................................................................................34
3.1.4.b Comércio Exterior........................................................................................34
3.1.4.c Tendências Econômicas........................................................................ ......35
3..2 Alca – A integração hemisférica...................................................................35
3.2.1 Divergências.................................................................................................40
CONCLUSÃO......................................................................................................... 45
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................... 51
10
INTRODUÇÃO
A formação de blocos econômicos é um dos principais fenômenos da Segunda
metade do século XX. A iniciativa coube aos países da Europa Ocidental, arruinados
pela 2ª Guerra Mundial, que viam na integração de seus mercados nacionais o elemento
dinâmico para o desenvolvimento econômico. À experiência pioneira e bem sucedida do
Mercado Comum Europeu segue-se a formação de blocos econômicos em praticamente
todos os continentes: ALADI, Grupo Andino, NAFTA, ASEAN, APEC, etc.
Surge, nesse contexto, o MERCOSUL. Seus membros – Brasil, Argentina,
Paraguai e Uruguai – diante da conjuntura desfavorável de negociarem isoladamente
com fortes blocos econômicos, decidiram se reunir. O incremento do comércio no Cone
Sul, além de fortalecer a posição externa do bloco, proporcionou a ampliação das
escalas nacionais de produção graças aos progressos em direção à unificação dos
mercados consumidores.
O MERCOSUL beneficia tantos os países com industrialização recente – Brasil
e Argentina – como países que têm na exportação de produtos primários as suas
principais fontes de receita – Uruguai e Paraguai – que enfrentam dificuldades na
colocação de seus produtos nos mercados norte-americano e europeu, devido ao alto
protecionismo praticado por estes.
Às dificuldades com as contas externas enfrentadas pelos países membros, bem
como a dependência de investimentos externos – altamente voláteis – para a
continuidade do crescimento e do emprego – opção de política econômica adotada,
indicam que ainda existem problemas a serem superados.
Contudo, fortalecer o bloco é condição indispensável para que a futura
integração à ALCA não signifique total submissão à economia norte-americana.
11
CAPÍTULO I
1 A INTEGRAÇÃO DO MERCOSUL E SEUS INTERESSES.
Um longo caminho foi percorrido para se chegar ao atual estágio de integração
econômica. A idéia de integração da América Latina é um velho sonho. Foi o ideal
propugnado, e não realizado, de Simon Bolívar, no século passado, para a América
Hispânica. O mesmo anseio de unificação ou de confederação estava no espírito de San
Martin. Somente no fim da década de 50, a Comissão Econômica para a América Latina
(CEPAL), da ONU, sediada em Santiago do Chile, conseguia o apoio de todos os
governos para a criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC).
As linhas básicas da entidade tinham grande influência do Tratado de Roma, de 1957,
origem da Comunidade Econômica Européia.
1.1 Mercosul – Um longo caminho
A ALALC, embrião da integração latino-americana e de seus mercados comuns,
começou a funcionar em 1960. Tentou liberalizar o comércio regional, por meio de
negociações abrangentes e reduções tarifárias progressivas. Vinte anos mais tarde, foi
transformada em Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), com objetivo
de incentivar e aprimorar o processo de integração econômica entre os países da
América Latina, através de acordos parciais de liberalização, negociados de forma
bilateral.
A experiência Alalc/Aladi foi relativamente modesta, porém válida. O
enfraquecimento ocorreu, porque seus membros preferiram manter o intercâmbio
comercial, principalmente com os E.U.A. e a Europa, em vez de elevar o comércio
intra-regional.
12
A viabilidade do sistema foi reduzida, devido à heterogeneidade de desenvolvimento
industrial e econômico, a dificuldades de transporte e de comunicação entre o sul e o
norte da América Latina e à contrastante superioridade tecnológica ou financeira de
alguns países em relação a outros. O México entrou na órbita de influência econômica
dos E.U.A. com adesão ao NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) e
houve a formação de um subsistema denominado Pacto Andino.
Frustados ante a impossibilidade de atingir ou reformular os objetivos propostos
nos modelos tradicionais de integração econômica, alguns países da América Latina
procuraram novos modelos, para enfrentar os desafios da economia competitiva
globalizada do final de milênio. Enfrentaram, também, a consolidação de poderosos
blocos regionais e o acirramento da concorrência internacional.
Os projetos de integração, passaram por uma profunda reformulação,
principalmente os da Comunidade do Caribe, do Mercado Comum Centro-Americano e
do Pacto Andino. O fortalecimento das relações bilaterais, por meio de novos acordos
de complementação econômica e de livre comércio, foi a saída encontrada por diversos
países.
Entre os novos espaços planejados de comércio e integração surgiu o
MERCOSUL, que tem como membros Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, cujos
estatutos vigoram desde o primeiro dia de 1995.
Em 1985, na inauguração da ponte que liga as cidades brasileira de Foz do
Iguaçu e argentina de Puerto Iguazú, os presidentes dos dois países firmaram o acordo
de integração denominado “Declaração de Iguaçu”, embrião do MERCOSUL, que
contaria, mais tarde, com a adesão do Paraguai e Uruguai. Foi um dos projetos
integracionistas mais importantes da América Latina, em dimensão e alcance. O modelo
foi considerado um marco na história dos esforços regionais de integração comercial e
econômica.
13
A consolidação desse mercado não ficou imune a dificuldades e problemas, e
sofreu, algumas vezes, ameaças de interrupção. No entanto, a vontade política dos
quatros governos e a flexibilidade das equipes de negociadores permitiram superar os
obstáculos.
Um dos fatos que demonstra habilidade e harmonia para superar problemas
aconteceu na reunião realizada em Buenos Aires, em agosto de 1994. No encontro, os
presidentes dos quatro países chegaram a um acordo em torno do intrincado assunto da
Taxa Externa Comum (TEC). Transposto o obstáculo, o MERCOSUL começou a
funcionar em 1995.
1.2 Com a integração Argentino-Brasileira surge o Mercosul
Os conflitos e a histórica rivalidade entre Argentina e Brasil foram, aos poucos,
sendo esquecidos, dando lugar à cooperação e ligações econômicas, devido à ascensão
de governos civis e democráticos, que se instalaram depois de um período de regime
militar. Para combater a inflação, renegociar a dívida externa e diminuir o déficit fiscal,
foram aplicados programas heterodoxos de ajustes econômicos na Argentina, em 1985,
e no Brasil, em 1986.
O programa argentino, denominado Plano Austral, constava de uma alentada
redução do déficit governamental e de uma reforma monetária radical, mediante a
criação de nova moeda e o congelamento de preços e salários. O Plano Cruzado,
brasileiro, controlava a emissão monetária e o câmbio, previa o congelamento de preços
e a obediência a uma rigorosa política fiscal.
A relativa estabilidade proporcionada pelos planos econômicos argentino e
brasileiro permitiu rápida expansão no comércio bilateral e estreitamento das relações
diplomáticas. No âmbito comercial, a Argentina deu ênfase às tradicionais exportações
agrícolas para o Brasil e, no refluxo, os argentinos recebiam manufaturados brasileiros.
14
A semelhança dos programas econômicos nacionais, o incremento do
intercâmbio comercial e a estabilidade política propiciaram uma promissora fase de
cooperação econômica, que se traduziu, em julho de l986, na assinatura do Programa de
Integração e Cooperação Econômica (PICE). O programa baseava-se em protocolos de
cooperação e assistência binacional em diversas áreas produtivas, financeiras, culturais,
tecnológicas e cientificas. Foi o ponto de partida para uma ampla complementação
econômica que conduziria à criação de um mercado comum.
1.3 Paraguai e Uruguai no Bloco
O menor desenvolvimento econômico relativo e a localização geográfica fazem
com que o Uruguai e o Paraguai dependam, economicamente e em grau variado, de seus
vizinhos Brasil e Argentina.
No início da década de 90, Uruguai e Paraguai destinavam, cada um (2), perto
de 30% do total das exportações para o Brasil. Nos últimos anos, o comércio exterior
uruguaio dependia do Convênio Argentino-Uruguaio de Cooperação Econômica e do
Protocolo de Expansão com o Brasil, que vigoram desde meados dos anos 70. Os dois
acordos privilegiavam as importações de determinadas classes de manufaturados, feitas
pelo Uruguai em relação a terceiros países.
Quando Uruguai e Paraguai perceberam que suas exportações para os mercados
brasileiro e argentino estavam ameaçadas pelo PICE – Programa de Integração e
Cooperação Econômica, eles solicitaram a inclusão no novo bloco regional. Assim,
poderiam evitar a perda de mercado para seus produtos e desfrutar de melhores
perspectivas no mercado internacional. A semelhança das políticas macroeconômicas
dos quatros países favoreceu o projeto MERCOSUL. Em 1990, o governo uruguaio
iniciou um amplo programa de ajuste econômico de controle da inflação, de contenção
do déficit público e de saneamento das finanças públicas, bem com o processo de
liberalização comercial.
15
Em fevereiro de l989, após a derrubada de uma ditadura de mais de três décadas,
o Paraguai instaurou um austero programa de reestruturação econômica, com intuito de
estimular o desenvolvimento industrial, com reforma fiscal e privatização de empresas
públicas. As diretrizes constam do Programa de Reativação Econômica e Estabilização
Monetária lançado em maio de l990.
1.4 Nasce o Mercosul
A integração na América Latina no âmbito histórico tem-se demonstrado muito
atraente no plano político, mas com as dificuldades quase sempre não se converteram
em uma realidade prática, várias tentativas foram realizadas.
O que se pode observar nos últimos anos foram profundas transformações que
ocorreram e que estão ocorrendo pelo mundo, com isso há um avanço em todos os
mecanismos de integração já conhecidos.
Durante décadas, boa parte do crescimento da maioria dos países da América
Latina teve uma influência do modelo da Comissão Econômica para a América Latina e
o Caribe, e tinha como base a substituição das importações, com a ajuda de um Estado
Centralizador e indutor do processo de industrialização e de produção.
Mas no início da década de 80, em meio aos problemas da dívida externa e do impacto
crescente da globalização dos mercados, além da importância de novas tecnologias, este
modelo deixou de ser hegemônico.
Com o processo de redemocratização de vários países do continente, fez com
que antigas rivalidades não existissem mais ou quase todas, levando várias nações como
a Argentina e o Brasil a defender literalmente a integração da América do Sul, levando-
se em conta a proximidade geográfica e as afinidades culturais.
__________________________________________________________________ 3 - Comércio Exterior – Informe BB – edição nº 15
16
A década de 90 iniciou-se com uma clara tendência para a segmentação da
economia mundial em blocos regionais, tirando as tradicionais negociações multilaterais
entre os países, pelo agrupamento de países menos industrializados ao redor de um ou
mais países industrializados (centrais).. É importante citar que na América Latina, esta
integração intra-regional e acelerou-se e foi acompanhada por uma abertura e
liberalização comercial diante das demais regiões do mundo.
Este processo teve um grande apoio do governo norte-americano, que formulou
“Iniciativa para as Américas”, assim sendo, as relações econômicas entre os Estados
Unidos e a América Latina foram feitas em três áreas: Investimentos, Comércio
e Reestruturação e Redução das dívidas externas. Algumas dessas transformações
ocorreram num momento em que os países reavaliavam suas relações internacionais,
mediante planos de integração regionais e sub-regionais.
Outro fato importante desta década é que a América Latina recebeu grande parte
dos investimentos estrangeiros realizados em países em desenvolvimento: 80% em 1990
que totalizaram em 1991, trinta e seis bilhões de dólares. Depositando uma
confiabilidade no sistema financeiro internacional na região.
Os blocos regionais de comércio tornaram-se verdadeira moda - ou, talvez, uma
epidemia econômica nestes tempos de reestruturação econômica. Assim, temos a
Comunidade Econômica Européia, que gravita em torno de três países-chaves:
Alemanha, França e Reino Unido; a América do Norte, em torno dos Estados Unidos da
América, e o Extremo Oriente, em torno do Japão.
Um dos objetivos principais da consolidação desses blocos é substituir a
concorrência entre nações pela concorrência entre regiões, mas há toda uma estratégia
de defesa para a formação de outros blocos de mercado, garantindo a sobrevivência dos
que já existem.
17
Em virtude disso nas Américas, também há tentativas de obter a formação de
alguns blocos regionais como o acordo entre os Estados Unidos, México e Canadá – o
NAFTA; O tratado de Assunção que define o Mercosul, o acordo “quatro mais um”
entre os países integrantes ao Mercosul e os Estados Unidos, além de no futuro alguns
países do Pacto Andino também integrarem o Mercosul no futuro.
O Mercosul - Mercado Comum do Cone Sul - é mais uma tentativa
integracionista que se faz na América Latina, envolvendo o Brasil, a Argentina, o
Paraguai e o Uruguai, possibilitando, em caso positivo, aumento do mercado
consumidor, além de maiores chances de participação na economia mundial.
Devido a sua proximidade cultural e de formação do Estado e da nacionalidade,
o Mercosul, caso se superem as dificuldades econômicas, políticas e jurídicas peculiares
a países em desenvolvimento, que buscam sua adaptação aos tempos modernos, poderá
vir a ser um projeto comunitário dotado de grande vitalidade social e cultural.
CAPÍTULO II
18
A TRANSIÇÃO
O Tratado do Mercosul foi firmado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai,
na cidade de Assunção, em 26 de março de 1991, e em seguida aprovado pelos
parlamentos nacionais . Após o depósito dos instrumentos que validavam tal ideal, o
Tratado entrou formalmente em vigor no dia 29-11-91.
Existia a necessidade de se adaptar a estrutura institucional do Mercosul às
mudanças ocorridas, e da implementação da união aduaneira. Sendo assim, em 17 de
dezembro de 1994, os Estados-partes assinaram em Ouro Preto, Brasil, o PROTOCOLO
ADICIONAL AO TRATADO DE ASSUNÇÃO SOBRE A ESTRUTURA
INSTITUCIONAL DO MERCOSUL, também denominado PROTOCOLO DE OURO
PRETO, que se incorporou ao Tratado Original de Assunção, dando-lhe uma
configuração definitiva.
2.1 Principais aspectos do Tratado de Assunção
Resumidamente, os objetivos do Tratado de Assunção (4) são os seguintes:
- a inserção competitiva dos quatro países num mundo caracterizado pela consolidação
de blocos regionais de comércio e no qual a capacitação tecnológica é cada vez mais
importante para o progresso econômico e social;
- a viabilização de economias de produção, permitindo a cada um dos países
membros ganhos de produtividade;
- a ampliação dos fluxos de comércio e de investimento com o resto do mundo, bem
como a promoção da abertura econômica regional, favorecendo o livre comércio;
4 – Comércio Exterior – Informe Banco do Brasil – Ano V, Edição nº 16 – 1997
- a melhoria das condições de vida dos habitantes da região.
19
Deste modo, é necessário que se entenda melhor o significado de um mercado de
livre comércio. Para o Mercosul livre comércio significava:
a) a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos em países;
b) o estabelecimento de tarifa alfandegária externa comum;
c) a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os países participantes,
em termos de comércio exterior e políticas agropecuária, industrial, fiscal, monetária,
cambial, de capitais, de serviços, aduaneira (união alfandegária), de transporte e de
comunicações;
d) a harmonização das legislações respectivas;
e) a adoção de política comercial unificada com : e/ou blocos comerciais.
De acordo com suas principais características, o Tratado de Assunção enquadra-
se claramente como um tratado de integração econômica. Observe-se, todavia, que o
Mercosul não se esgota num projeto econômico, pois é concebido tendo em vista a
necessidade de uma "maior justiça social", procurando "o mais eficaz aproveitamento
dos recursos disponíveis", "a preservação do meio ambiente" e "o melhoramento das
interconexões físicas".
Isto demonstra que os processos de integração nascem em redor dos temas
econômicos, para em seguida preocupar-se com outras áreas, como exemplo, a proteção
dos direitos humanos, ainda que predomine a matéria econômica. É possível que o
mesmo processo ocorra com o Mercosul.
O Tratado de Assunção é considerado dentro de uma classificação de tratados
como um tratado misto, pois a adesão de novos membros encontra-se vinculada à
manifestação favorável dos Estados-partes. Entre os objetivos podemos mencionar a
ampliação dos mercados através da integração como condição fundamental para se
acelerar o desenvolvimento econômico com justiça social; adequada inserção
internacional; integração da América Latina; ampliação da oferta e qualidade dos bens e
serviços; e a melhoria das condições de vida dos habitantes da região.
20
Os princípios presentes no Tratado são a gradualidade, a flexibilidade, o
equilíbrio e a reciprocidade de direitos e obrigações entre os Estados-partes. O princípio
da gradualidade significa que o Mercado Comum se firmará através de sucessivas
etapas, evitando a adoção de medidas que provoquem distorções econômicas graves em
quaisquer dos Estados-partes.
O princípio da flexibilidade é o oposto da rigidez, implicando reconhecer a
impossibilidade de prever todas as situações que a realidade pode apresentar e a
necessidade de adaptar-se a elas. O princípio do equilíbrio importa distribuir tanto o
custo social e econômico como os benefícios da integração. O Tratado de Assunção leva
em conta, ainda, o princípio do tratamento diferenciado, pois reconhece, claramente, as
diferenças econômicas em relação ao Paraguai e Uruguai. A estratégia que se deve
adotar para se alcançar o nível de “Mercado Comum”, seguindo o exemplo da própria
União Européia, implica seguir uma seqüência de zona de livre comércio; união
aduaneira e mercado comum.
Na união aduaneira, aplica-se a tarifa externa comum para os produtos das
demais zonas (5), ou seja, de outros blocos ou países que não fazem parte do tratado. O
mercado comum reúne a livre circulação dos fatores de produção, isto é, o trabalho e o
capital. Sua base é a livre circulação de mercadorias, de pessoas, de capitais e de
serviços. A comunidade econômica implica, numa harmonização das políticas fiscal e
monetária nos países que a integram, ou seja, na coordenação de política
macroeconômica, inclusive com a adoção de uma moeda comum. Isto demonstra que os
Estados-partes do Tratado de Assunção propõem-se a criar um território econômico
comum, no qual haja a livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoa, eliminando
qualquer obstáculo entre produtos e produtores nacionais., promovendo o bem-estar
econômico e social de seus povos.
5 – Comércio Exterior – Informe Banco do Brasil Ano V Edição nº 15 – 1997
21
2.2 As Dificuldades Para Estabelecer A Tarifa Externa Comum (TEC)
As dificuldades para definir a TEC - instrumento adotado pelos países -
membros do MERCOSUL, a ser aplicada às importações de terceiros países - foram
enormes. Através deste instrumento, o MERCOSUL submete-se à competitividade
externa e evita que a indústria de um país seja mais protegida que a de outros. Os
maiores entraves giraram em torno da definição da estrutura básica da TEC e da
elaboração da lista de exceções.
Após muitas negociações, na reunião de cúpula de dezembro de 1992, realizada
em Montevidéu, os presidentes chegaram a um acordo sobre a TEC, que se estruturou
em 11 níveis (de zero a 20%), incidentes sobre a importação. Prosseguiram, também, as
negociações para elaboração de uma “reduzida lista de exceções”, referente a produtos
com tarifas de até 35%.
Em maio de l993, perto de 85% dos 9.000 itens que compoem a nomenclatura
comum de mercadorias haviam sido negociados (6). Nas nomenclaturas tarifárias, que
variam entre zero e 20%, somente três dos 71 Capítulos examinados eram de difícil
harmonização e referiam-se a lácteos, ovos, mel natural, carne, produtos alimentícios,
bebida alcóolicas e tabaco. O capítulo conflitante abrangia a área de combustíveis,
minerais e óleos.
Os capítulos considerados sensíveis, na reunião, tiveram a negociação
postergada e abarcavam eletrônicos, informática, telecomunicações, bens de capital e
petroquímica.
__________________________________________________________________
6. Mercado Comum do Sul – Foro Consultivo Econômico-Social, Confederação Nacional do Comércio, Abril 2000.
22
As divergências entre os quatro países impediram a aprovação da TEC nas
reuniões presidenciais de Assunção, em 1993, e Colônia de Sacramento, em l994.
Coerente com seus planos de desenvolvimento, o Brasil pronunciou-se pela tarifa
máxima de 35% nos setores que considerava estratégicos: informática, bens de capital e
telecomunicações, entre outros. O posicionamento brasileiro encontrou forte oposição
dos sócios, em particular da Argentina e do Paraguai, que esperavam
maiorliberalização.
A Argentina não aceitava uma TEC elevada, porque contradizia um dos
postulados do Plano de Convertibilidade em que uma profunda reforma tarifária
eliminava todos os impostos às importações de insumos e alimentos que não são
produzidos no país e reduzia as tarifas máximas dos produtos finais e intermediários
para 22 e 11%, respectivamente.
A pretensão brasileira tinha, também, oposição do Uruguai, que assumiu, nas
negociações, uma postura mais rígida, quanto à vigência dos convênios com Brasil e
Argentina. Nenhum país parecia disposto a ceder. O impasse pôs em xeque a vontade e
a capacidade política dos governos e ameaçou adiar, por tempo indeterminado, o
funcionamento do MERCOSUL.
Na reunião de julho de l994, em Buenos Aires, os Ministros da Economia e das
Relações Exteriores dos quatro países aplainaram as diferenças. Um acordo a respeito
da TEC tornou possível o funcionamento do MERCOSUL.
Subscrita, em 5 de agosto de 1994, pelos presidentes da Argentina (Carlos
Menem), Brasil (Itamar Franco), Paraguai (Juan Carlos Wasmosy) e Uruguai (Luís
Alberto Lacalle), a Ata de Buenos Aires tratava das resoluções finais para o
funcionamento do MERCOSUL, a partir de primeiro de janeiro de 1995, cujo conteúdo
é o seguinte:
23
1) Entrada em vigor da TEC do MERCOSUL com 11 níveis diferentes, de zero a
20%. Os computadores e equipamentos de telecomunicações têm uma tarifa de
16%, com um período de convergência até o ano 2006. As tarifas sobre bens de
capital terão um gravame de 14% e devem ficar no mesmo nível até o ano 2001.
2) Argentina, Brasil e Uruguai têm, cada um, 300 produtos e o Paraguai 399 itens
isentos na lista de exceções da TEC. As tarifas vão coincidir com a TEC até
janeiro de 2001, por meio de aumento ou redução anuais. O Paraguai fará o
mesmo até 2006.
3) Estabelecimento de critérios definitivos para regras de origem a serem aplicadas
aos produtos que gozarão de tratamento tarifário preferencial. Os produtos
originários das zonas francas da Argentina, Brasil e Uruguai (Paraguai não
possui) tendem a pagar a TEC para ingressar no MERCOSUL.
5) Os acordos comerciais bilaterais e sub-regionais dos países do MERCOSUL
vigerão até o ano 2001.
Aprovada no Brasil, em 28.12.94, a TEC estabeleceu as alíquotas do Imposto de
Importação que prevaleceram para o comércio com terceiros países. O imposto incide
sobre mercadorias estrangeiras e tem como fato gerador a entrada delas em território
aduaneiro.
Com a eliminação dos últimos obstáculos para o funcionamento do novo
mercado em janeiro de 1995, os presidentes, eufóricos, divulgaram declaração conjunta,
na qual afirmaram que (8) “... o caminho da integração é irreversível. Chegou a hora da
verdadeira integração da América Latina”.
_________________________________________________________________ 8 – Mercosul, Foro Consultivo Econômico Social – Confederação Nacional do Comércio, Abril-2000
24
CAPÍTULO III
MERCOSUL : O DESENVOLVIMENTO NA SUA INTEGRAÇÃO
3.1 Panorama econômico dos países do Mercosul
A parte do continente americano conhecida por América Latina compreende
todos os países nos quais o idioma falado provém do latim, por terem sido colonizados
por espanhóis, franceses e portugueses. A região latino-americana agrupa países da
América do Sul, da América Central - à exceção dos países dominados pelos holandeses
e ingleses - e um país da América do Norte, o México. A partir da década de 90, a
política econômica implantada pelos países latino-americanos tem-se direcionado à
manutenção do equilíbrio macroeconômico, com vistas a minimizar a grave situação
Econômico-Social enfrentada pela região durante muitas décadas. As autoridades
governamentais entendem prioritária a política de reforma estrutural para garantir o
funcionamento, em novas bases, das respectivas economias. No entanto, a
reestruturação econômica vem-se efetivando em ritmo lento, embora avanços
importantes tenham sido obtidos por alguns países.
Em 1997, registrou-se taxa de crescimento econômico em torno de 3%,
resultante do compromisso do governo de cada país latino-americano com o livre
mercado, com a privatização de empresas e com a manutenção da inflação em níveis
baixos, que é, este último, a principal meta da maioria dos países. Paralelamente,
elevou-se o volume de investimentos estrangeiros na região e houve maior abertura
externa, mediante acordos regionais que visam eliminar barreiras tarifárias entre sócios
comerciais.
A liberação comercial do MERCOSUL proporcionou, nestes últimos anos, um ímpeto
sem precedentes no comércio intra-zona. O comércio regional entre membros do bloco
cresceu cerca de 312% entre 1991 e 1999, chegando, no final do ano passado, à casa dos
25
20 bilhões de dólares. Resultado natural dessa nova dinâmica econômica, cresceu
enormemente o número de parcerias entre empresas da região. Apenas as joint ventures
entre empresas brasileiras e argentinas já totalizavam investimentos de cerca de 2
bilhões de dólares.
Nas principais economias, o consumo e os salários reais continuam em
descompasso com o crescimento macroeconômico. O latino-americano da classe média,
hoje, vive pior do que em 1982, quando houve a crise da dívida externa. Os orçamentos
cronicamente desequilibrados continuam a ser um dos maiores obstáculos ao
crescimento. Os déficits fiscais precisam ser controlados para reduzir as taxas de juros,
que, quando altas, tornam a economia e, em especial, o sistema bancário vulneráveis a
choques externos, notadamente, ao efeito causado pelo aumento da taxa de juro norte-
americana. A América Latina necessita de crescimento anual sustentado de cerca de 6%,
para reduzir sensivelmente o desemprego e a pobreza generalizada e, por conseguinte,
participar efetivamente da nova era da globalização comercial.
3.1.1 ARGENTINA
No século XVI, quando os espanhóis aportaram no Rio da Prata, a região da
Argentina era habitada por tribos dispersas de indígenas. No século seguinte, no
território que ainda pertencia ao Vice-Reinado do Peru, as missões jesuíticas
impulsionaram a produção agropecuária. Em 1776, o desenvolvimento produtivo e
comercial transformaram o porto de Buenos Aires, fundado em 1580, em capital do
Vice-Reinado do Prata. No início do século XIX, frustaram-se as tentativas inglesas de
ocupar a região do porto de Buenos Aires, depôs-se o vice-rei espanhol e proclamou-se,
em 1816, a independência da Argentina. De 1825 a 1828, ocorreu a luta entre as
Províncias Unidas do Rio Prata, atualmente Argentina, e o Brasil, pela posse do
território da Banda Oriental, atualmente Uruguai, que era denominado, à época, de
Província Cisplatina. A guerra culminou com a independência do Uruguai, que contou
com o apoio dos argentinos.
26
Em relação ao MERCOSUL, ostenta a maior renda per capita, figura no segundo
lugar em extensão territorial e é o principal parceiro comercial do Brasil, 25
posição ocupada, também, em relação à América Latina. A capital, Buenos Aires,
abriga um terço da população e tem o principal porto na foz do Rio da Prata. Há áreas
pouco povoadas, tais como a Patagônia, no sul, e o Chaco, no norte. A Argentina é
tradicional produtora de carne e de cereais. Possui solo rico em minérios, dentre os
quais destaca-se o petróleo.
Por muitas décadas, os argentinos suportaram altas taxas de inflação. O
problema inflacionário agravou-se com a crise econômica de 1982, que provocou a
maxidesvalorização da moeda local e a retração do sistema financeiro argentino. Em
conseqüência, o crescimento econômico foi afetado pela especulação do capital. Foram
alocados recursos insuficientes na produção do país, o que gerou hiperinflação. Tornou-
se, portanto, imperioso estabilizar a economia para a retomada do crescimento. No
início da década de 90, o governo conseguiu vencer a hiperinflação e a economia
Argentina começou a apresentar sinais de estabilidade.
3.1.1.a Estrutura Econômica Após um período de desindustrialização e de prolongada estagnação econômica,
ocorrido entre as décadas de setenta e de oitenta, a indústria argentina passou a dar
sinais de recuperação, no início de 1990. A indústria é formada por conglomerados
nacionais e multinacionais; estes estão retornando ao país, motivados pelo crescimento
econômico argentino. Os investimentos têm sido aplicados, notadamente, no setor de
alimentação. A atividade econômica não é desenvolvida de modo uniforme pelo
território argentino. Em 25% da área que compreende a Capital Federal e as províncias
de Buenos Aires, Códoba, Santa Fé e Entre Rios, concentram-se 70% da população,
estão instaladas 76% das industrias do país e são desenvolvidos 43% da atividade
agrícola. Nas regiões Noroeste e Nordeste, a atividade econômica depende muito da
agricultura e a mão de obra, em grande parte, é absorvida pelo setor público.
27
3.1.1.b Comércio Exterior
Muitas décadas com a economia relativamente fechada levaram o país à redução
do fluxo comercial com o Brasil, o Paraguai e o Uruguai. Com a criação o
MERCOSUL, em 1991, alargaram-se os horizontes de integração da Argentina com os
países vizinhos. A integração vem-se desenvolvendo de modo contínuo e progressivo,
para a consolidação do Bloco no comércio internacional. Nesta década, as exportações
argentinas cresceram e foram lideradas pelos produtos manufaturados, de origem
agrícola e industrial, e pelos derivados de petróleo. O Brasil se tornou o maior mercado
comprador de produtos argentinos. O estreitamento das relações comerciais com o
Brasil revela uma atuação ampla das indústrias da região do MERCOSUL. Para os
Estados Unidos e para a Europa, as exportações evoluíram moderadamente. Por outro
lado, houve aumento da importação de produtos dos mais variados setores industriais,
dentre os quais os de bens de capital, que foram adquiridos para modernizar a indústria
argentina. O crescimento das importações, que tem afetado o resultado da balança
comercial, decorre da liberalização comercial, da valorização da moeda argentina e do
rápido crescimento da demanda interna. A crise do México, também, interferiu na
economia argentina e obrigou as autoridades a um rigoroso ajuste nas contas.
4.1.1.c Tendências Econômicas
Para o período ano de 2004, as projeções indicam crescimento moderado da
economia, cerca de 3% ao ano, devido ao desequilíbrio fiscal e comercial. Continuarão
aumentando as importações e será maior o déficit nas contas correntes. A taxa de
desemprego terá de merecer, ainda, a atenção do governo argentino, que, com o apoio
do FMI, se mantém em observância ao plano de reforma fiscal e estrutural. O sistema
financeiro será fortalecido e a inflação, mantida em níveis baixos.
28
O crescimento monetário estabilizou-se: porém, o resultado da movimentação
cambial, entre o dólar e peso argentino, tem sido de pouca monta. Há indicativo de que
a safra agrícola, para 2004, chegará a níveis recordes e, por conseqüência, o volume da
exportação de trigo para o Brasil será o dobro do último resultado. São boas as
perspectivas nos setores de mineração, de petróleo, de construção e de veículos.
3.1.2 Brasil
À época do descobrimento pelos portugueses, em 1500, a terra brasileira era
habitada por cerca de 1,5 milhão de índios, que falavam diferentes línguas e se
agrupavam, sob o regime patriarcal, em diferentes tribos. A fase colonial caracterizou-se
por três ciclos econômicos (9): do pau-brasil, da cana-de-açúcar - a principal atividade
da época - e do ouro, encontrado no final do século XVII, na região de Minas Gerais.
Na primeira metade do século XIX, apoiado pela elite rural, o herdeiro da coroa
portuguesa, D Pedro I, decretou o fim da fase colonial e tornou-se o primeiro imperador
da nação brasileira. Foi promulgada a primeira Constituição que estabeleceu os poderes
executivos - sob o regime monárquico - legislativo e judiciário. Na primeira metade do
século XIX, a história brasileira foi marcada por importantes fatos político-econômicos:
a abolição do comércio de escravos; o investimento no cultivo do café (o principal
produto de exportação), na pequena indústria e em infra-estrutura; a chegada de
imigrantes europeus, que desenvolveram o comércio e a indústria regionais; e a
consolidação do regime republicano, em 1889, que culminou com o banimento da
família imperial.
9 – Furtado, Celso – Formação Econômica do Brasil - 1995 25 edição - Companhia Editora Nacional
29
No território brasileiro, há vários recursos naturais, tais como terras férteis,
minérios, florestas e potencial hídrico. A atividade econômica concentra-se nos estados
de São Paulo - o maior centro industrial -, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os quais
participam em cerca de 60% do PIB brasileiro. O Rio de Janeiro vem dando mostras de
que atingirá taxas significativas de crescimento, cuja participação do PIB brasileiro é
maior do que o PIB chileno e equivalente ao PIB venezuelano. Outros estados
brasileiros têm sido beneficiados com projetos industriais: Bahia e Rio Grande do Sul
(complexo petroquímico), Minas Gerais (automóveis) e Espírito Santo (portos).
O Brasil efetua grande parte do comércio exterior do MERCOSUL. Em extensão
territorial e em PIB, figura entre os maiores do mundo e ocupa o primeiro lugar em
relação ao MERCOSUL e à América Latina. A economia do país tem convivido com
moeda estável - o real. Medidas governamentais promoveram a redução dos índices
inflacionários e estão sendo direcionadas para a redefinição das funções do Estado na
economia brasileira. Leis protecionistas e reservas de mercado vêm sendo eliminadas.
Por conseqüência, a indústria enfrenta a concorrência estrangeira no mercado interno e
ocorre aumento da taxa de desemprego. Apesar da baixa produtividade média, a
agricultura ainda é responsável por grande parte das exportações. No campo, a
existência de latifúndios improdutivos justifica as reivindicações dos trabalhadores
rurais e faz da reforma agrária uma da questões mais discutidas no país.
30
3.1.2.a Estrutura Econômica
O setor industrial do Brasil, o maior da América latina, começou a desenvolver-
se no início da década de trinta. Durante a Segunda Guerra, a indústria brasileira foi
impulsionada pela maior participação do Estado na economia e pela necessidade de
fornecer bens de capital para fomentar a produção industrial. Na segunda metade da
década de 50, destacou-se o setor de bens de consumo durável, notadamente, o setor de
veículos automotivos. Na área agrícola, o Brasil é um dos maiores exportadores
mundiais, cujo desempenho tem sido favorecido pela estabilidade climática e pelo
aumento de recursos governamentais, destinados à formação de estoque regulador de
preços e à produção industrial. No entanto, a agricultura carece, ainda, de investimentos
oficiais para desenvolver-se plenamente por todo território. A mecanização em larga
escala, por exemplo, concentra-se, apenas, em duas regiões do país: nos estados do Sul e
em parte do Centro-Oeste, onde predomina o cultivo da soja por meios
tecnologicamente avançados.
Após o surpreendente crescimento no PIB, registrado entre os anos sessenta e
setenta, a década seguinte foi marcada pelo esforço de se manter o resultado da
produção em níveis economicamente suportáveis. No período de 1990 a 1992, houve
recessão, mas a economia deu mostras de recuperação em 1993. O crescimento
econômico foi liderado pela indústria de bens. A indústria automobilística quebrou o
recorde de vendas populares no mercado interno, em decorrência da redução de taxas
autorizada pelo governo.
31
3.1.2.b Comércio Exterior
As exportações brasileiras são diversificadas, no tocante ao tipo de bens
produzidos e de mercados consumidores. A União Européia (UE), os Estados Unidos e
Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) são os maiores compradores de produtos
brasileiros. Nas vendas externas, cerca de um terço dos ganhos provém do comércio de
produtos primários. A taxa de crescimento das exportações brasileiras é fortemente
influenciada pela variação de preços internacionais, os quais, por sua vez, são afetados
pela capacidade de o Brasil suprir o mercado externo com determinados produtos. No
entanto, o Brasil depende, indiscutivelmente, de investimentos na infra-estrutura
industrial para produzir bens mais sofisticados. A implantação de programa de
privatização, ainda em curso, tem provocado impacto na base industrial brasileira, em
particular, nos subsetores metalúrgico e petroquímico.
De 1980 a 1990, o Brasil obteve excelentes resultados comerciais, que
mantiveram os serviços da dívida externa brasileira, haja vista que, no período, o
ingresso de capital estrangeiro era reduzido. De 1990 a 1992, houve recuperação do
fluxo de capital, reestruturação da dívida brasileira junto a banqueiros externos e
redução das importações. Nos dois anos seguintes, aumentaram as compras externas e
foi fortalecido o PIB. A partir de 1994, a balança comercial brasileira passou a registrar
resultados negativos. Para desaquecer a demanda por importações, o governo brasileiro
adotou, em 1995, medidas de restrição ao crédito - mediante elevação de juros - e à
importação de veículos e de outros bens de consumo durável - mediante sobretaxa de
tarifas.
32
3.1.2.c Tendências Econômicas
Com aprovação da emenda constitucional que permitiu a reeleição presidencial e
com as privatizações de várias empresas estatais houve um ingresso substancial de
recursos para investimentos no Brasil a partir de 1997. O aumento no fluxo líquido
possibilitou ao governo financiar o déficit das contas correntes. Ao tempo que o
governo prossegue adotando medidas para reduzir o déficit fiscal e incrementar as
exportações , continua tentando obter, junto ao congresso, aprovação para as reformas
constitucionais. As taxas de juros deverão manter-se em patamares elevados para evitar
o aquecimento da economia e conter o déficit comercial, que se avolumou, de modo
rápido e acentuado, a partir do quarto trimestre de 1996. A inflação pode ter pequenas
elevações, resultante do crescimento da demanda por produtos. As industrias, inclusive
a de bens de capital, recuperaram o ritmo de produção, e o setor automobilístico
continua a se expandir. Foi concluída a privatização do setor petroquímico e vendida a
quase totalidade da rede ferroviária federal. As telecomunicações e bancos públicos, na
sua maioria, também foram privatizados. Projetar o desempenho da conta corrente a
médio e a longo prazo depende do volume e do tipo de capital que venha a ingressar no
País, do sucesso do programa de privatização e das alterações, que se pretende efetuar
na constituição brasileira.
3.1.3 Paraguai
Os índios guaranis, que até hoje marcam forte presença no Paraguai, viviam na
região quando os espanhóis começaram a colonizá-la em 1535. Após cerca de um
século, para proteger os guaranis da escravidão, os jesuítas construíram missões, que se
estendiam pelo sudeste do Paraguai, nordeste da Argentina e noroeste do Rio Grande do
Sul.
33
Nas missões, estabeleceu-se uma sociedade organizada e auto-suficiente. Caçadores de
escravos, espanhóis e portugueses atacavam as missões e encontravam forte resistência
dos índios. Os jesuítas foram expulsos da América, em 1767, os índios, massacrados e
as missões, pilhadas e partilhadas pelos colonizadores.
O isolamento dos colonos e a falta de grandes riquezas na região permitiram o
desenvolvimento de uma estrutura social relativamente igualitária em relação aos
demais domínios espanhóis. Em 1811, o Paraguai torna-se independente da Espanha. O
ditador José Gaspar Rodríguez de Francia isola o país, no período de 1814 a 1840, ano
de sua morte. O isolamento é reduzido pelo sucessor, Carlos Antônio López, que adotou
política de desenvolvimento industrial autônomo e autorizou a construção da primeira
ferrovia sul-americana. Durante o governo de Francisco Solano Lopez, o país foi à
guerra contra Brasil, Argentina e Uruguai, sendo totalmente destruído.
O Paraguai é o menor país do MERCOSUL, em extensão territorial e em renda
per capita. Não tem saída para o mar e possui uma grande área alagada, o chamado
Chaco. O rio Paraguai corta o território e, graças à navegabilidade, serve de elo entre o
norte e o sul do país, além de ser a principal via para a exportação. As hidrelétricas
construídas em associação com Brasil (Itaipu) e Argentina (Yaciretá) dão ao Paraguai
energia abundante e barata. A população tem grande composição indígena e a maioria
dos paraguaios fala guarani. A base da economia é a agropecuária e o comércio de
produtos que são importados com isenção de taxas.
3.1.3.a Estrutura Econômica À exceção da região Chaco, as terras paraguaias são de boa qualidade. Cerca de
59% do território é destinada à agricultura, à pastagem, à extração de madeira e é
formada por florestas. A agricultura e a silvicultura, juntamente com o setor pesqueiro,
compõem a base da economia do país, totalizam cerca de 27% do PIB, representam
grande potencial das vendas externas e absorvem, aproximadamente, 40% da força de
trabalho.
34
A produção industrial representa 22% do PIB paraguaio, depende, sobremaneira,
do setor agrícola e é composta, predominantemente, por indústrias de pequeno porte,
que produzem para o mercado interno. De 1988 a 1989, a produção industrial cresceu
6%, aproximadamente, sofreu queda drástica, em 1992, e voltou a se recuperar em 1993
e 1994, anos em que se registrou, respectivamente, aumento de 2% e 1,5%. Há dois
fatores que vêm influindo na área industrial: o compromisso do governo em privatizar
empresas estatais e a adesão do Paraguai ao MERCOSUL. O segundo fator está
forçando as empresas a se tornarem mais competitivas e, por conseguinte, produzem
mais para o mercado externo.
3.1.3.b Comércio Exterior
Após o déficit comercial que se prolongou pela década de oitenta, a alta do
preço da soja e do algodão influiu no superávit registrado em 1989. Entretanto, em
decorrência da liberalização das importações, a balança comercial paraguaia voltou a
registrar, a partir de 1990, déficit comercial crescente, que chegou, em 2003, a cerca de
32
US$ 1 milhão. Nos anos 80, a soja e o algodão foram substituídos por produtos
alimentícios e por madeira, que passaram a ter maior importância nos resultados das
vendas externas, a ponto de ocuparem, em 1990, a terceira posição entre os produtos
mais vendidos ao exterior. Em 2003, a soja suplantou o algodão e foi o principal
produto de exportação paraguaia. Nas importações, predominam maquinaria, veículos,
peças e acessórios, combustível, bebidas alcoólicas e fumo, muitos dos quais são
vendidos ao mercado externo.
Ao contrário do que ocorre com a maioria dos países latino-americanos, os
Estados Unidos não são o principal parceiro comercial do Paraguai. Em 1994, os
Estados Unidos ocuparam o quarto lugar em exportações e o terceiro em importações.
35
A criação do MERCOSUL favoreceu o comércio do Paraguai com Argentina e
Brasil, que são os maiores mercados supridores do país. A Associação Latino-
Americana de Integração (Aladi) dispensa ao Paraguai tratamento especial, com vistas a
incrementar o comércio entre ele e os países latino-americanos, o que não tem surtido os
efeitos desejados. Vêm-se somando resultados comerciais negativos sucessivos, de
valor considerável, junto aos parceiros do MERCOSUL.
3.1.3.c Tendências Econômicas
A recessão, que causou, em 1995, impacto no sistema bancário, continua
interferindo no crescimento da economia paraguaia. Para 2004 e 2005 respectivamente,
há perspectiva de crescimento do PIB em torno de 2,5% e de 3,0%, bem como de
aumento da inflação, que atingirá cerca de 12% e 13%. Continuará volumoso o déficit
comercial, que poderá ser coberto com os ganhos do comércio informal, uma das
atividades econômicas mais importantes do Paraguai. A recessão refletiu-se na receita
fiscal. As autoridades monetárias têm emitido títulos do tesouro para financiar o déficit
fiscal. A política econômica mantém-se direcionada para a privatização, embora venha
ocorrendo resistências de entidades, dentre elas o sindicato dos metalúrgicos. Evolui
pouco o processo de venda da Usina Hidrelétrica de Yaciretá, e a dívida da Itaipu
Binacional continua a crescer. Apesar do bom desempenho do setor de soja, a
agricultura contraiu-se em 1%, devido ao fraco resultado obtido com a produção
algodoeira.
3.1.4 URUGUAI
Antes do domínio europeu, a região do Uruguai era habitada por índios. Do
século XVII ao século XVIII, portugueses e espanhóis dominaram partes da região e
36
fundaram colônias. Em 1726, os espanhóis expulsaram os portugueses do Uruguai e
transformaram a região em colônia espanhola, que, em 1776, passou a integrar o Vice-
Reinado do Prata em 1776. No início do século XIX, o país foi ocupado por forças luso-
brasileiras e, em 1821, anexado ao Brasil, sob a denominação de Província Cisplatina.
Quatro anos mais tarde, um grupo de patriotas, conhecido como os “33 orientais”,
proclamou a independência uruguaia e reuniu tropas que, com a ajuda da Argentina,
expulsaram os brasileiros em 1827. No ano seguinte, por intermédio do Tratado do Rio
de Janeiro, o Uruguai, apoiado pela Inglaterra, consolida-se como nação independente
do Brasil e da Argentina.
O Uruguai ocupa uma vasta planície às margens do Rio da Prata, no sudeste da
América Latina. É o menor país da América do Sul, depois de Suriname. Em relação ao
MERCOSUL, é a menor nação e uma das maiores rendas per capita. Até a década de
60, era conhecido com a “Suíça sul-americana”, pela prosperidade econômica, elevados
padrões sociais e estabilidade política. No entanto, a base econômica apoiada
tradicionalmente na agropecuária foi insuficiente para fomentar a industrialização. Além
disso, o país dispõe de poucos recursos minerais e energéticos. Na década de 70, o
declínio econômico somou-se ao repressivo regime militar e à atuação da guerrilha, o
que provocou emigração maciça dos jovens. Atualmente, o Uruguai visa desenvolver o
turismo e explorar as possibilidades abertas pelo MERCOSUL para superar as
dificuldades econômicas e sociais.
3.1.4.a Estrutura Econômica
O Uruguai é um país pequeno, cujas terras, em grande parte, são produtivas. O
setor agrícola representa cerca de 8,5% do PIB uruguaio. A importância da agricultura
reside no fato de fornecer à indústria matérias-primas e gerar receitas com as vendas ao
exterior. O principal produto agrícola de exportação é o arroz. A criação de gado para
o corte e para a produção de lã representa a base da economia do Uruguai, fato este que
37
coloca o país entre os maiores produtores do mundo. Grande parte da produção de carne
é destinada ao consumo interno, sem prejuízo da exportação do produto.
Tradicionalmente, os produtos derivados da lã eqüivalem, aproximadamente, a 20% da
produção mundial.
Na área industrial, o Uruguai produz bens intermediários, tais como produtos
químicos e petróleo refinado. O setor madeireiro é de pequeno porte e supre a demanda
interna por móveis e papel. Os bens de consumo dominam a produção uruguaia,
notadamente, os setores de alimentos, de vestuário, têxtil, de calçados e couro, que têm
papel de relevo nas exportações. Desde o final dos anos 80, o setor industrial tem-se
empenhado para adaptar-se à competição provocada pelo aumento das importações, em
particular, as procedentes dos países do MERCOSUL. A maior queda na produção
industrial ocorreu em 1993. No ano seguinte, registrou-se desempenho significativo do
setor automobilístico e de petróleo refinado.
3.1.4.b Comércio Exterior
No período de 1987 a 2002, as vendas externas uruguaias cresceram à taxa anual
média de 7,3%. Contudo, os produtos tradicionais na exportação, tais como carne e lã,
vêm apresentando desempenho menos expressivo do que os não tradicionais, em
decorrência da variação do preço dos produtos e do volume da produção. Ainda assim,
os produtos tradicionais têm participação significativa no total das vendas ao exterior. O
volume de importações foi aumentado gradativamente e atingiu a culminância em 2002,
ano em que se registrou o dobro do valor obtido em 1990. O resultado decorreu do
déficit comercial de 1991, que cresceu, de modo acentuado, nos três anos seguintes.
35
As causas principais foram o aumento do consumo de produtos uruguaios por turistas
argentinos - motivados pelo fortalecimento da moeda argentina - e do consumo interno
de produtos duráveis - especialmente de automóveis - e de não duráveis, cujo volume
das importações, de 1992 a 1994, elevou-se a 4,8%, aproximadamente.
38
3.1.4.c Tendências Econômicas
O crescimento de 10,7%, registrado no quarto trimestre de 1999, ultrapassou os
prognósticos oficiais e revelou, portanto, uma recuperação marcante da economia
uruguaia. As projeções indicam que o resultado se estenderá por 2004, apesar de uma
provável redução moderada do PIB. O ingresso de capital estrangeiro deverá se manter
em excelentes níveis e a recuperação econômica argentina trará reflexos positivos para a
exportação e o turismo uruguaios. As previsões econômicas para 2004 deverão
continuar no ano seguinte, o que levará o PIB a crescer a uma taxa próxima dos 3,8%. A
inflação vem-se mantendo em níveis mais baixos do que os registrados nos últimos
quinze anos e o índice de desemprego tem-se reduzido moderadamente. A inflação
anual, projetada para 2004, deverá atingir 14%. No entanto, vem crescendo o déficit do
setor público. O volume de importações superou o das exportações, embora tenha
havido, em 1999, desempenho significativo das vendas ao exterior. O ingresso de
capital estrangeiro contribuiu para o fechamento superavitário da balança de
pagamentos. Ainda que se mantenham em efetiva expansão as exportações, o volume
das importações deverá causar o aumento do déficit comercial.
3.2 Alca – a integração hemisférica
Em meados do século passado, foi inaugurado, nos Estados Unidos, um
escritório comercial para as Américas que evoluiu até a atual Organização dos Estados
Americanos (OEA). Apesar de inúmeras contribuições, não se transformou no principal
canal para processar o comércio hemisférico e ser o fórum privilegiado de exposição
das diferenças do continente.
39
O processo afetivo de liberalização do comércio foi lançado a partir da chamada
“Cúpula das Américas” que, em dezembro de 1994, reuniu- se em Miami e,
posteriormente, lançou uma série de iniciativas negociadoras em duas reuniões
ministeriais: Denver, EUA, em junho de 1995, e Cartagena, Colômbia, em março de
1996. À exceção de comparecerem à Cúpula 34 chefes de Estado dos países do
hemisfério, para discutir as bases de um acordo de livre comércio, com data de
referência para o ano 2005.
A proposta de criação da Área de Livre Comércio das Américas - Alca, abrange
todo o continente americano, do Alasca à Terra do Fogo. Deliberou-se, desde o início,
que os ministros de comércio exterior dos países subscritores deveriam se reunir
anualmente. Em Miami, os presidentes emitiram uma Declaração de Princípios e
adotaram um Plano de Ação baseado em premissas de alto conteúdo político,
econômico e social, tais como:
- preservação das democracias;
- promoção da prosperidade mediante a integração econômica e o livre
comércio;
- erradicação da pobreza e da discriminação;
- garantia de desenvolvimento sustentável para as economias locais; e
- preservação do meio ambiente.
A Alca acompanha a tendência de liberalização comercial em todo mundo, onde
a integração dos países é uma condição de sobrevivência. Existem, na atualidade, 76
áreas de comércio, mais de 50% delas criadas a partir de 1990, reforçando a disposição
de se buscar consumidores além das fronteiras, pois, cada vez mais, é difícil sobreviver
apenas do comércio interno. Por sua vez, os resultados alcançados nos acordos sub-
regionais existentes revelam o potencial do processo integracionista no hemisfério.
O nome em inglês é Free Trade Area of the Americas (FTAA) e tem como um
dos objetivos eliminar as barreiras comerciais existentes entre os países da região, para
criar um mercado comum, mediante a suspensão da cobrança de tarifas aduaneiras.
40
É um mega projeto que envolve uma população de quase 800 milhões de
pessoas em um PIB estimado em US$ 8,8 trilhões. Um mercado com potencial para
multiplicar negócios que representam cerca de 50% das correntes de comércio mundial.
As questões envolvidas são complexas, incluindo países social e
economicamente diferenciados, com capacidade produtiva e comercial distintas.
Os princípios previamente adotados pelas autoridades para construção da Alca
incluem:
X maximização da abertura dos mercados com bases nos acordos existentes no
hemisfério;
X a plena convergência com os dispositivos da OMC;
X a abrangência de todas as áreas contempladas no Plano de Ação, o que demonstra a
intenção de ampliar as áreas de que tratam os acordos negociados pelo GATT, na
Rodada Uruguai.
No Plano de Ação, ficou acertado que o comitê Especial de Comercial (CEC),
da OEA, realizaria a sistematização e a análise comparativa de todos os acordos
vigentes no hemisfério. Junto com ele, o Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), organismo importante na conformação da Alca, foi escolhido para fornecer
subsídios às negociações. A integração não visa somente à área de comércio, e sim tudo
que a acompanha: investimentos, diálogo político e eliminação de desconfianças entre
os países.
A gama de informações necessárias para viabilizar a área comum de comércio é
imensa. Exige padronização de assuntos tão diversos como normas estatísticas, critérios
comuns de contabilização de balanços de empresas e procedimentos burocráticos nas
liberações alfandegárias. O Brasil, por exemplo, adota uma série de exigências por
setores diversos, não compatíveis, muitas vezes, com os procedimentos de outros países.
A OEA e o BID criaram um banco de dados para agregar aspectos da legislação
aduaneira, normas e procedimentos, entre outros temas.
41
Hoje, predominam no comércio as transnacionais. O mecanismo da integração é,
de fato, o interesse estratégico das grandes empresas exportadoras, pois é a formação de
zonas de livre comércio que move a união de países. As conversações na Alca estão
concentradas em questões relacionadas com a criação de um código comum de
valorização aduaneira e normas técnicas para facilitar negócios. A maior parte da
agenda refere-se ao marco regulador dos mercados domésticos, que envolve normas
38
sobre investimento, padrões de qualidade, propriedade intelectual, compras governa-
mentais, política de concorrência, dentre outros temas.
Na I Reunião Hemisférica de Ministros de Comércio, em Denver, foi aprovada a
criação dos sete Grupos de trabalho (Gts), que iniciaram negociações preliminares com
vistas à liberalização comercial nas Américas:
• acesso a mercados
• direitos aduaneiros e regras de origem
• investimentos
• normas e barreiras técnicas ao comércio
• medidas sanitárias e fitossanitátias
• subsídios e medidas anti-dumping e direitos compensatórios
• economias menores
Na Cúpula de Cartagena, foram criados grupos de trabalho adicionais em quatro
áreas: direitos de propriedade intelectual, serviços, aquisições governamentais e
políticas sobre competição.
Na 3ª Reunião Ministerial sobre Comércio, realizada em maio de 1997, em Belo
Horizonte (MG), acordou-se, ainda, a criação de um grupo de trabalho sobre solução de
controvérsias.
42
Especificações dos Grupos de Trabalho:
Acesso a Mercados - Desenvolver um banco de dados sobre as políticas comerciais dos
países do continente, com informações sobre picos tarifários, tratamento específico,
barreiras não-tarifárias (modelo UNCTAD) e estatísticas de comércio exterior; e fazer o
acompanhamento dos demais Gts devido à grande área de confluência existente.
Dumping, Subsídios e Medidas Compensatórias - Compilação das legislações nacionais,
análise de como foi feita a regulamentação dos acordos da Rodada Uruguai e quais os
procedimentos de investigação adotados pelos países; e definição de disciplinas para a
concessão de subsídios na região.
Investimentos - Compilação e inventário dos acordos existentes na região; computaram-
se 32 acordos, sendo 29 de proteção de investimentos.
Barreiras técnicas - O documento de referência para a análise do GT foi feito pelo Brasil
(INMETRO/MICT).
Medidas Sanitárias e Fitossanitátias - Referem-se a produtos agropecuários e agro-
industriais, inventário das medidas e ajustamento das legislações à OMC, buscando-se a
transparência na troca de informações e notificações dos regulamentos técnicos, para
evitar a criação de barreiras ao comércio
Procedimentos Alfandegários e Regras de Origem - Foi preparado inventário sobre
procedimentos alfandegários e regras de origem. Com o apoio do BID, será publicado
um Guia de procedimentos Alfandegários do Hemisfério. Em relação às regras de
origem, também há análise comparativa do BID.
Economias Menores - Discussão sobre como classificar uma economia menor: de forma
geométrica (Ilhas do Caribe, por exemplo) ou econômica (PIB, renda per capita, etc.).
43
Propriedade Intelectual, Política de Concorrência e Compras Governamentais - Os Gts
sobre o assunto, criados em Cartagena, apresentaram recomendações em Belo
Horizonte, mas não, ainda, recomendações negociadoras.
Serviços - Pretende-se que as negociações nesta área se limitem ao que foi acordado no
âmbito da OMC. No hemisfério, apenas os EUA e o Caribe, em função do segmento de
turismo, são superavitário na conta de serviços, enquanto os demais países são
deficitários. Além disso, o GT tratará da coleta de dados sobre comércio de serviços e
outros temas.
3.2.1 Divergências
Os governos americano e brasileiro lideram os dois processos regionais - Nafta e
MERCOSUL - que existem dentro da área de livre comércio no hemisfério. Na presente
década, o governo brasileiro abriu a economia, aboliu a reserva de mercado no setor de
informática e reformulou a Lei de Patentes, entre outras providências de interesse norte-
americano. No entanto, o protecionismo dos EUA continua afetando os segmentos
dinâmicos da pauta de exportações brasileiras.
O Brasil tem um território quase tão grande quanto o dos EUA, assim como
34,9% da população e 35,4% do PIB da América Latina. O interesse brasileiro é apoiar
a integração hemisférica, sem abandonar a prioridade atribuída à consolidação do
MERCOSUL. A estratégia é consolidar os ganhos obtidos com o bloco, com um
comércio que saltou de US$ 5 bilhões (1991) para US$ 15 bilhões (1995). A
metodologia pretendida para sua implementação é a de que a integração deverá ser
construída a partir da convergência gradual dos diversos esquemas sub-regionais
existentes (conceito de “building blocks”).
44
Os EUA são o maior país da nova área, detêm mais de 70% do PIB da Alca e
têm pressa em abrir o mercado latino-americano, em especial o brasileiro. Para os EUA,
a Alça é fundamental. O comércio exterior é responsável por 30% do PIB do país -
praticamente o dobro dos 13% de 1970. Mas o crescimento futuro depende da conquista
de novos mercados internacionais e apostar na América Latina pode ser o mais certo,
pois acredita-se que, no ano 2010, os EUA terão a capacidade de importar mais do que o
Japão e a Europa juntos.
Os EUA desejam que se inicie o processo pela liberalização econômica,
enquanto que os países do MERCOSUL entendem que deve haver uma redução gradual
de tarifas com procedimentos alfandegários harmonizados e regras de origem clara e
previsíveis. A principal diferença entre as duas propostas é, pois, o ritmo das
negociações e as prioridades. Se o MERCOSUL teme abrir seu mercado para setores
novos, como serviços, os EUA têm um ponto sensível: seus subsídios à agricultura.
A posição do MERCOSUL é evitar uma exposição precoce das economias dos
quatro países a novo choque de abertura do comércio exterior, principalmente tendo em
vista o tamanho e a capacidade competitiva da economia norte-americana. Participa das
negociações de forma conjunta e esta atitude representa uma força política muito eficaz,
pois é o único a negociar sob a forma de bloco. O Nafta, por sua vez, não existe na
atualidade da Alca: seus membros decidiram atuar individualmente nas negociações.
Alca e Nafta têm em comum o fato de serem áreas de livre comércio. Isso
significa que não têm tarifas de importação ou política aduaneira unificadas: contam,
apenas, com acordos que facilitam o comércio na região. Já o MERCOSUL é uma união
aduaneira nos moldes da União Européia, o que significa que está em patamar mais
avançado na integração regional.
45
Quanto a qualquer outro país pequeno da América Central, a situação é outra,
pois para eles recomenda-se tarifa zero. Além, disso, nenhuma diferença faz ter uma
cláusula mais exigente na área do meio ambiente ou da propriedade intelectual, porque
seu comércio externo é praticamente inexistente. Para a maioria dos países da América
Latina, como não são de forte base industrial, ganhariam mais do que perderiam com
uma desoneração tarifária.
A continuidade do processo implica o reconhecimento dos desafios inerentes a
uma negociação envolvendo 34 países, marcados por grandes diferenças quanto ao
tamanho, estrutura de suas economias, características sociais e culturais.
No ano de 2005, a Alca será o mais representativo grupo comercial e econômico da
planeta. Abrangerá uma área territorial imensa e praticamente toda ela contínua, com
vastos recursos humanos, naturais, tecnológicos e financeiros, congregando nações de
economias extraordinariamente avançadas, como Estados Unidos e Canadá, além de
outras, tais como Brasil, México, Argentina, Venezuela e Chile, cujo potencial de
desenvolvimento é incalculável.
Mais complexas que as questões tarifárias, que poderão ser deixadas para o final,
deverão ser as adequações nas listas de mercadorias exportadas, com milhares de itens.
Antes de baixarem-se tarifas, tem-se de fazer equalizações, facilitar negociações
setoriais, padronizar normas técnicas e pesos e medidas e analisar outros fatores como o
câmbio.
A convergência de propostas é condição considerada essencial para o início
formal das negociações em torno da criação da Alca, previsto para março de 1998, após
reunião de cúpula dos chefes de Estado, em Santiago, no Chile.
46
Resoluções do III Encontro das Américas
Como previsto, realizou-se no início de maio de 1997, a terceira reunião entre os
ministros dos países das três Américas, dentro do cronograma de formação da Alca. O
evento ocorreu em Belo Horizonte e resultou nos seguintes pontos principais:
• as negociações para a formação da Alca foram lançadas na II Cúpula das
Américas, em março de 1998, em Santiago, no Chile e as diversas rodadas de
negociações deverão estar concluídas até o ano de 2005, prazo limite para o
início da implementação da Alca;
• o acordo sobre a Alca terá de ser aceito por consenso pelos 34 países;
• as regras da Alca serão consistentes com as normas da OMC;
• a Alca poderá coexistir com acordos bilaterais e sub-regionais existentes e com
os que vierem a ser criados no futuro;
• os países que fazem parte de blocos regionais poderão negociar a formação da
Alca em grupo ou individualmente;
• os vice-ministros continuarão a dirigir e coordenar as atividades dos grupos de
trabalho;
• será criado o 12º Grupo de Trabalho, para analisar as regras sobre a solução de
controvérsias; e
Há um obstáculo no documento final; trata-se do “fast track” (via rápida). Por
este mecanismo, o congresso norte-americano autoriza o executivo a negociar acordos
comerciais que, depois, o legislativo aprova ou rejeita em blocos, sem poder emendá-
los. Os países latino-americanos, MERCOSUL à frente, acham que, enquanto o
presidente norte-americano não dispuser do “fast track”, as negociações serão
inclonclusivas.
47
A posição do MERCOSUL de que os presidentes deveriam estar preparados
para lançar as negociações da Alca em março de1998, no Chile, prevaleceu a declaração
assinada pelos ministros. Isso terá o efeito de adiar a abertura econômica propriamente
dita, para um momento menos conturbado para o bloco. Em contrapartida, o
MERCOSUL abriu mão de garantir na declaração que as negociações devem ser feitas
em três fases diferentes, mas mantém essa posição para as próximas reuniões. O
MERCOSUL também concordou com a transformação das reuniões futuras em Comitê
Preparatório para a Alca.
Na qualidade de União Aduaneira, os princípios do MERCOSUL são
compatíveis com o disposto no Artigo 24, do Acordo Geral de Tarifas e Comércio
(GATT) e com as disposições do Acordo de Marrakesch, que estabeleceu a Organização
Mundial do Comércio (OMC). Este fato tem-se demonstrado através das consultas ao
Grupo de Trabalho criado pela OMC especificamente para o MERCOSUL. Em todas as
sua decisões, o MERCOSUL segue as regras da organização referentes ao comércio
internacional, o que comprova o caráter transparente e não excludente da iniciativa de
integração.
O MERCOSUL tem defendido a manutenção do processo hemisférico dentro
dos limites dos acordos firmados no âmbito da Rodada Uruguai, do GATT, e, desse
modo, tem rejeitado a lógica denominada “GATT-plus”, defendida pelos EUA e com a
qual pretendem obter, mediante negociação da Alca, compromissos mais profundos do
que os alcançados na Rodada, sobretudo na área dos chamados “novos temas”, como
propriedade intelectual, investimentos e serviços.
O MERCOSUL surgiu ao amparo do sistema multilateral de comércio e
pretende manter-se sob suas regras, de que é exemplo a constituição, na estrutura
institucional sub-regional, de um foro específico com atribuição de assegurar a
conformidade de todos os atos firmados, pelos quatro parceiros de integração, com os
compromissos assumidos perante a OMC.
48
Para ser aceito como entidade nas discussões sobre comércio mundial, o
MERCOSUL depende de aprovação da OMC. A integração já havia sido examinada
pelo GATT, que tem o poder de impor sanções, desde que haja descumprimento dos
acordos selados na Rodada.
Com a assinatura da Ata Final, em 15 de abril de 1994, que incorpora os
resultados das negociações comerciais multilaterais da Rodada Uruguai e o conseqüente
Acordo Constitutivo da OMC, a situação não se alterou. No documento, foi firmado o
Entendimento sobre a Interpretação do Artigo XXIV, do GATT 1994, que apenas
adapta as antigas disposições do GATT 1947, para controlar melhor a formação e a
atuação das uniões aduaneiras e áreas de livre comércio.
O MERCOSUL se posicionou de modo hierarquicamente inferior ao GATT e à OMC,
quando a Organização foi constituída em 1994. Assim, o bloco editou as decisões 15/91
e 8/94, do Conselho do Mercado Comum, bem como as Resoluções 75/93 e 20/95, do
Grupo Mercado Comum, em que se coloca obediente à OMC.
5. CONCLUSÃO
49
A aproximação brasileira de seus vizinhos do Cone Sul originou-se na década de
1980, por razões econômicas e não econômicas. Entretanto, na década de 1990 esta
aproximação forjou-se em um contexto de liberalização comercial.
Desde janeiro de 1995, os países que formam o Mercosul, Argentina, Brasil,
Paraguai e Uruguai estão intercambiando, com algumas exceções, produtos com tarifas
zero e aplicando a Tarifa Externa Comum – TEC para importação de terceiros
mercados.
Pelo substancial crescimento dos negócios nos últimos anos, as perspectivas são
bastantes otimistas, pois caminha o Mercosul para ser a quinta economia do mundo,
depois dos Estados Unidos, da União européia, do Japão e da China.
Com o início da União Aduaneira e da Zona de Livre Comércio entre os quatro
países-membros do bloco constitui-se nova era na história do comércio exterior dos
quatro países.
TABELA Nº 1 - INTERCÂMBIO COMERCIAL BRASILEIRO
50
US$ 1000 F.O.B - TOTAIS GERAIS
ANO EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO SALDO
1990 31.413.756 20.661.362 10.752.394
1991 31.620.439 21.040.471 10.579.968
1992 35.792.986 20.554.091 15.238.895
1993 38.554.769 25.256.001 13.298.768
1994 43.545.149 33.078.690 10.466.459
1995 46.506.282 49.971.896 -3.465.614
1996 47.746.728 53.345.767 -5.599.039
1997 52.994.341 59.747.227 -6.752.886
1998 51.139.862 57.763.476 -6.623.614
1999 48.011.444 49.294.639 -1.1283.195
2000 55.085.595 55.838.590 -752.995
2001 58.222.642 55.572.176 2.650.466
2002 60.361.786 47.240.488 13.121.298
2003 73.084.140 48.259.592 24.824.548
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Secretaria de Comércio Exterior - SECEX
Sistema ALICE
TABELA Nº 2 - INTECÂMBIO COMRCIAL BRASILEIRO
MERCADO COMUM DO CONE SUL – MERCOSUL
51
US$ F.O.B TOTAIS GERAIS
ANO EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO SALDO
1990 1.320.244.279 2.311.826.777 -991.582.498
1991 2.309.352.601 2.242.704.519 66.648.082
1992 4.097.469.283 2.228.563.468 1.868.905.815
1993 5.386.909.641 3.378.254.340 2.008.655.301
1994 5.921.475.981 4.583.270.397 1.338.205.584
1995 6.153.768.222 6.843.923.909 -690.155.687
1996 7.305.281.948 8.301.547.326 -996.265.378
1997 9.046.603.318 9.426.133.443 -379.530.125
1998 8.878.233.843 9.416.203.081 -537.969.238
1999 6.777.871.670 6.719.417.521 58.454.149
2000 7.733.069.745 7.795.394.443 -62.324.698
2001 6.363.655.405 7.009.316.148 -645.660.743
2002 3.310.816.530 5.611.214.574 -2.300.398.044
2003 5.671.852.729 5.685.896.243 -14.043.514
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Secretaria de Comércio Exterior - SECEX
Sistema ALICE
TABELA Nº 3 - INTECÂMBIO COMRCIAL BRASILEIRO
52
MERCADO COMUM DO CONE SUL – ARGENTINA
US$ 1000 F.O.B
ANO EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO SALDO
1990 645.140 1.399.720 -754.580
1991 1.476.170 1.609.295 -133.125
1992 3.039.984 1.731.625 1.308.359
1993 3.658.779 2.717.266 941.513
1994 4.135.864 3.661.966 473.898
1995 4.041.136 5.591.393 -1.550.257
1996 5.170.032 6.805.467 -1.635.435
1997 6.769.941 7.941.276 -1.171.335
1998 6.748.204 8.023.468 -1.275.264
1999 5.363.954 5.812.384 -448.430
2000 6.232.746 6.842.421 -609.675
2001 5.002.489 6.206.180 -1.203.691
2002 2.341.867 4.743.279 -2.401.412
2003 4.561.146 4.673.238 -112.092
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Secretaria de Comércio Exterior - SECEX
Sistema ALICE
TABELA Nº 4 - INTECÂMBIO COMRCIAL BRASILEIRO
53
MERCADO COMUM DO CONE SUL – PARAGUAI
US$ 1000 F.O.B
ANO EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO SALDO
1990 380.484 331.513 48.971
1991 496.114 220.546 275.568
1992 543.320 194.998 348.322
1993 952.320 275.609 676.711
1994 1.053.623 352.455 701.168
1995 1.300.733 514.654 786.079
1996 1.324.582 552.239 772.343
1997 1.406.683 517.518 889.165
1998 1.249.436 350.622 898.814
1999 744.284 260.362 483.922
2000 831.785 351.351 480.434
2001 720.199 300.207 419.992
2002 558.455 383.088 175.367
2003 707.180 474.750 232.430
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Secretaria de Comércio Exterior - SECEX
Sistema ALICE
TABELA Nº 5 - INTECÂMBIO COMRCIAL BRASILEIRO
54
MERCADO COMUM DO CONE SUL – URUGUAI
US$ 1000 F.O.B
ANO EXPORTAÇÃO IMPORTAÇÃO SALDO
1990 294.621 580.594 -285.973
1991 337.068 412.863 -75.795
1992 514.166 301.940 212.226
1993 775.811 385.379 390.432
1994 731.988 568.850 163.138
1995 811.899 737.877 74.022
1996 810.668 943.841 -133.173
1997 869.979 967.340 -97.361
1998 880.594 1.042.113 -161.519
1999 669.634 646.672 22.962
2000 668.539 601.622 66.917
2001 640.968 502.930 138.038
2002 410.495 484.847 -74.352
2003 403.527 537.908 -134.381
Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Secretaria de Comércio Exterior - SECEX
Sistema ALICE
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 Almanaque Abril. São Paulo, 1998.
2 Balança Comercial Brasileira – Mercosul – Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior, Secretaria de Comércio Exterior, Departamento de
Operações de Comércio Exterior, Gerência de Estatísticas e Sistemas de Comércio
Exterior. - 2003
2 Comércio Exterior – Informe Banco do Brasil – Edição , 2003
3 Curso sobre Mercosul – ESAF –
4 Exame, edição especial. São Paulo, 1996
6 Furtado, Celso. Formação Econômica do Brasil – 25 ed. São Paulo: Companhia
Editora Nacional.
7 Mercado Comum do Cone Sul, Foro Consultivo Econômico-Social – Confederação
Nacional do Comércio, Abril 2000.
8 Mercosul, textos básicos. Ministério das Relações Exteriores, Brasil - 2002
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