View
222
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
Obras de Arte
Segurança
Discentes:
Carla Coelho
Cristiano Ribeiro
João Bernardo
João Primavera
Rui Carvalho
Supervisor: Eng.ª Ana Vaz Sá
Monitor: Miguel Fernandes
13-10-2010
3
Índice
1. Introdução ................................................................................................................................5
2. Conceitos e Definições .............................................................................................................6
2.1. O que são acidentes de trabalho? .....................................................................................6
2.2. Obras de Arte ....................................................................................................................6
3. Principais perigos na construção de Obras de Arte ..................................................................7
4. Medidas Preventivas Necessárias Para Garantir A Segurança ..................................................9
4.1. Os principais perigos são: ..................................................................................................9
4.1.1. Medidas preventivas em Quedas em altura ...............................................................9
4.1.2. Medidas preventivas em Movimentação de Máquinas ..............................................9
4.1.3. Medidas preventivas em Queda de Materiais ..........................................................10
4.1.4. Medidas preventivas em caso de Soterramento ......................................................10
4.1.5. Medidas preventivas no Contacto com a corrente eléctrica ....................................10
4.2. Equipamento de Protecção Individual (EPI) ........................................................................11
5. Estatísticas (Acidentes na Construção Civil) ...........................................................................14
6. Agentes responsáveis pela segurança ....................................................................................18
6.1. Empreiteiro, Operários, Director de Obra e Dono de Obra .............................................18
6.2. Entidades Fiscalizadoras ..................................................................................................19
7. Formação dos trabalhadores ..................................................................................................21
8. Enquadramento Legal ............................................................................................................24
Conclusão ...................................................................................................................................29
Anexos ........................................................................................................................................30
Bibliografia .................................................................................................................................31
4
Agradecimentos
O sucesso deste trabalho deveu-se não só ao nosso empenho e dedicação, mas
também às ajudas que nos foram oferecidas, por isso queremos aqui agradecer à nossa
supervisora, Eng.ª Ana Vaz Sá, e ao nosso monitor, Miguel Fernandes, sem os quais não
teríamos ido tão longe quanto fomos.
5
1. Introdução
O tema que será desenvolvido neste relatório trata de Obras de Arte,
nomeadamente sobre a segurança na construção das mesmas. É importante constatar
que em Engenharia Civil, quando se refere a Obras de Arte, não se está a ter em conta o
significado mais comum dessa expressão, ou seja não nos estamos a referir a algo cujo
valor resida unicamente na estética, na forma, ou na beleza, tal como em pinturas ou
esculturas. Estamos sim a referir construções menos comuns, construções únicas, tais
como pontes, viadutos, barragens, túneis, etc. Será em construções desta natureza que se
vai centrar este trabalho.
Por serem construções únicas originam também condições de trabalho únicas, as
quais requerem medidas de segurança específicas e extraordinárias em relação a
construções mais comuns como a construção de casas ou estradas. Normalmente estas
construções implicam a realização de trabalhos em altura, quer em carros de avanço
(pontes e viadutos) quer em andaimes (barragens).
Nestes casos é essencial que existam barreiras que impeçam a queda dos trabalhadores
em caso de desequilíbrio, é também importante que exista a possibilidade de proceder a
uma evacuação rápida dos trabalhadores em caso de perigo eminente ou quando
accionados os respectivos meios de alerta.
Para além de todas as outras condições de segurança a serem cumpridas existe ainda a
necessidade de uma prevenção de acordo com as condições meteorológicas, a época do
ano e a localização geográfica e espacial, pois caso as medidas de prevenção adoptadas
não sejam adequadas a segurança dos trabalhadores e de toda a obra pode estar
comprometida.
Os túneis tal como os viadutos, as pontes e as barragens, exigem que sejam
implementadas medidas de segurança excepcionais. Na construção de túneis existe um
risco relevante de deslize de terras e de soterramento dos trabalhadores, assim, como
forma de prevenção, são necessárias medidas especiais no que concerne ao escoamento,
drenagem das águas pluviais. Para além destas medidas é importante que existam
câmaras seguras, onde, em caso de derrocada, os trabalhadores se possam refugiar e
esperar, em segurança, por auxílio.
Assim neste relatório serão abordados os principais perigos na construção de
Obras de Arte, as causas destes acidentes e as medidas de segurança necessárias para a
sua prevenção, medidas estas que dizem respeito, não só aos equipamentos mas também
à formação dos trabalhadores. Não basta ter bons equipamentos ou mecanismos que
cumpram as regras de segurança, é também necessário saber manuseá-los.
6
2. Conceitos e Definições
2.1. O que são acidentes de trabalho?
“A definição de acidente de trabalho está estipulada no Decreto-Lei nº 99/2003,
de 27 de Agosto, artigos 281 a 301. É acidente de trabalho, o sinistro, entendido como
acontecimento súbito e imprevisto, sofrido pelo trabalhador que se verifique no local e
no tempo de trabalho.” (in
http://www.portaldasaude.pt/portal/conteudos/enciclopedia+da+saude/prevencao/aciden
testrabalho.htm (visitado em 11/10/2010)
Os acidentes e incidentes ocorrem desde os inícios dos tempos e todos os dias
convivemos directa ou indirectamente com eles no nosso quotidiano, do quais podem
advir graves consequências ou acontecerem simplesmente sem provocar danos quer em
materiais, quer físicos ou psicológicos no que concerne ás vidas humanas. Mas é no
trabalho que os acidentes e incidentes mais ocorrem, numas profissões mais do que
noutras. As profissões da área da Construção Civil, têm um grande registo destes
acontecimentos, alguns deles com consequências mortais, ou consequências de
incapacidade total permanente (ITP) ou temporária (ITT), de incapacidade parcial
permanente (IPP) ou temporária (IPT), ou com outro tipo de danos. Isto acontece,
devido aos factores de risco que a construção ou reconstrução tem subjacentes, tais
como ambientes térmicos desfavorávéis, trabalhos em altura, esforços repetitivos entre
outros.
2.2. Obras de Arte
Em Engenharia Civil, entende-se por Obra de Arte qualquer construção de
carácter único, qualquer construção que não possa ser construída noutro local e noutro
tempo, exactamente da mesma forma. A ideia mais comum, tida da definição de Obra
de Arte é a de algo cujo valor reside na forma, na estética e na sua beleza, tais como
esculturas, quadros etc. Em Engenharia Civil, embora esteja presente a componente
estética das construções, as Obras de Arte não centram todo o seu valor na forma, têm
também uma componente prática que é sem dúvida a mais importante.
7
3. Principais perigos na construção de Obras de Arte
Pelo mundo fora temos centenas de obras de arte, cada uma única á sua maneira.
Cada uma com o seu uso, aspecto diferente e de tamanho diferenciado para se adaptar
ao dia-a-dia do público e para que este possa apreciar o local que vive ou visita. Mas
algo de menos bom está por detrás destas construções, que já nos habituamos a ver, os
acidentes e o mal que advém deles tanto para um indivíduo ou um grupo de indivíduos e
o a seguir será dado a conhecer são, quais os piores acidentes podem acontecer na
construção civil.
Um deles é a queda de objectos. Algo vulgar para as pessoas no seu dia-a-dia
onde com alguma facilidade os objectos caem, porém de alturas relativamente baixas e,
normalmente, de tamanho reduzido. No entanto na construção civil a altura pode não ser
assim tão reduzida e os objectos transportados de dimensão, volume e massa muito
elevados, e mesmo com as protecções obrigatórias por vezes podem cair e causar, no
pior dos cenários, vítimas humanas.
Algo que também pode acontecer, mais associado á construção de túneis ou
outras obras que obriguem á escavação, é o soterramento dos trabalhadores se não
forem aplicadas medidas de segurança preventivas e activas suficientes para impedir
este tipo de situações, por exemplo o acidente no Chile onde vários trabalhadores
ficaram presos numa mina após o colapso de parte da estrutura superior, pode advir das
prescrições previstas pela legislação que não contempla determinadas normas de
segurança obrigatórias noutros países. O soterramento por vezes também é causado pelo
mau estudo do solo onde se encontra a obra, pois é possível que existam imprevistos ou
aconteceimentos que provoquem o colapso do solo sobre a construção.
A pouca experiência dos trabalhadores, ou até mesmo a inexistência desta, para
a execução de determinado tipo de tarefas ou utilização de certos equipamentos pode
levar a acontecimentos menos agradáveis facilmente evitáveis com a actuação na fonte e
que poderiam ser prevenidos caso se contratassem pessoas com as competências
adequadas para um determinado trabalho ou então fosse menistrada formação
conveniente para as tarefas a executar.
Segundo as estatísticas a maior causa de mortes associadas á construção civil é a
queda de alturas. Para os trabalhos em altura é necessário o uso de estruturas para que se
possa elevar os operários para que possam realizar as suas tarefas. No entanto estas
estruturas como por exemplo andaimes, escadas ou outro tipo de plataformas, são
muitas vezes construídas de forma um pouco rudimentar e por operários sem a
formação adequada, o que leva a que sejam mais que os desejáveis os acidentes deste
tipo. Quando um pouco mais de trabalho e cuidado poderiam facilmente prevenir este
tipo de acidentes.
Outro tipo de acidentes que ocorrem frequentemente, devem-se à electricidade.
Com a evolução da tecnologia, a electricidade tornou-se indispensável para a execução
de algumas tarefas, quer pelas ferramentas necessárias, quer pelos equipamentos
utilizados. Ora em todos os locais em que existe corrente eléctrica existem perigos de
electrocussão, desta forma, e de acordo com o indicado anteriormente se não forem
8
tomadas as medidas preventivas recomendadas pode ocorrer a electrocussão dos
manobradores dos cabos.
Por último temos acidentes causados por veículos. Em todas as construções é
necessário o uso de materiais específicos, muitos deles não são fáceis de transportar sem
auxílio de maquinaria, sendo assim necessário transportá-los em veículos específicos
para tal (tais como escavadoras, camiões, etc.). Se a carga não for bem acondicionada
ou existir algum objecto solto, pode acontecer que este caia, causando graves
ferimentos. No entanto, a maquinaria apresenta outros perigos para além da queda de
cargas, atropelamentos e colisões são acidentes frequentes derivados também da
maquinaria. Um mau controlo da zona da construção das obras-primas pode levar a que
situações deste género sucedam.
Na maior parte das vezes, os riscos resultam do projecto não ter incluida uma
planificação adequada dos trabalhos, bem como, pela inexistência de uma eficiente
coordenação dos trabalhos efectuados pelas diversas empresas que operam nos
estaleiros durante a sua execução. Assim, para garantir a segurança de todos os
trabalhadores, na elaboração do projecto, a equipa de projectistas deve ter em atenção os
princípios gerais para a prevenção de acidentes, em especial nas opções arquitectónicas,
técnicas e organizativas que se destinem a planificar os trabalhos ou as suas fases, bem
como a previsão do prazo para a realização desses trabalhos e das medidas de segurança
excepcionais a ter em consideração.
9
4. Medidas Preventivas Necessárias Para Garantir A Segurança
As principais medidas preventivas que se devem adoptar para garantir a
segurança na edificação dos diferentes tipos de obras de arte na Construção Civil,
pressupõem uma adaptação destas, relativamente aos problemas e perigos que
usualmente podem ocorrer. Assim, antevendo cada um dos principiais perigos que
foram anteriormente abordados podemos enumerar algumas das medidas que devem ser
adoptadas para garantir a segurança aquando da execução das construções de carácter
único.
4.1. Os principais perigos são:
Quedas em altura (4.1.1.)
Movimentação de máquinas (4.1.2.)
Queda de materiais (4.1.3)
Soterramento (4.1.4)
Contacto com a corrente eléctrica (4.1.5)
4.1.1. Medidas preventivas em Quedas em altura
Para prevenir uma possível queda em altura os responsáveis pela segurança devem:
Utilizar protecções periféricas (guarda corpos) nos planos de trabalho;
Implementar medidas ao nível da organização laboral;
Utilizar cinto ou arnês de segurança;
Linhas de vida;
Redes de protecção;
Formar e informar.
4.1.2. Medidas preventivas em Movimentação de Máquinas
No caso das possíveis movimentações da maquinaria necessária para a construção, para
evitar acidentes, deve-se:
Delimitar as zonas de movimentação das máquinas;
Utilizar sinalização de segurança adequada, principalmente sonora;
Restringir o acesso à zona de movimentação de máquinas;
Sinalizar zonas de visibilidade reduzida
10
4.1.3. Medidas preventivas em Queda de Materiais
Tendo em conta a queda de possíveis materiais os agentes de segurança devem:
Utilizar plataformas adequadas para a recepção de materiais;
Utilizar rodapés nos planos de trabalho;
Introduzir medidas ao nível da organização do laboral;
Formar e informar
Utilizar equipamentos de protecção individual (EPI) adequados.
4.1.4. Medidas preventivas em caso de Soterramento
Prevendo uma possível derrocada, desmoronamento ou deslizamento de terras, é
fundamental:
Construir os taludes de acordo com a natureza dos solos;
Efectuar sempre que necessário a contenção dos taludes;
Evitar as escavações em valas;
Reduzir as vibrações e evitar sobrecargas junto às valas;
Introduzir medidas ao nível da organização do trabalho;
Formar e informar;
Utilizar equipamentos de protecção individual (EPI) adequados.
4.1.5. Medidas preventivas no Contacto com a corrente eléctrica
No que diz respeito ao contacto com a corrente eléctrica os funcionários em colaboração
com os agentes responsáveis pela segurança devem:
Utilizar sempre que possível material pneumático;
Respeitar as distâncias de segurança sempre que haja trabalho na proximidade
de linhas aéreas ou subterrâneas;
Utilizar sistemas de corte automático com recurso a disjuntores diferenciais;
Não fazer ligações ou arranjos provisórios nem modificar as instalações
eléctricas;
Recorrer sempre a técnicos especializados para a manutenção e reparação
eléctrica;
Utilizar ferramentas homologadas para o efeito;
Formar e informar;
Utilizar equipamentos de protecção individual (EPI) adequados.
11
4.2. Equipamento de Protecção Individual (EPI)
“Capacete - dispositivo de segurança essencial em
qualquer obra. O casco é feito de material plástico
rígido, de alta resistência à penetração e impacto. É
desenhado para rebater o material em queda para o lado,
evitando lesões no pescoço do trabalhador. É utilizado
com suspensão, que permite o ajuste à cabeça e
amortecer eventuais impactos.
Calçados - podem ser botas ou sapatos. As botas, feitas de PVC e com sola
antiderrapante, são usadas em locais húmidos, inundados ou com presença de
ácidos e podem ter canos até as virilhas. Os sapatos são de uso permanente na
obra. A versão com biqueira de aço protege de materiais pesados que podem
cair sobre os membros ou seja os pés do usuário. Em serviços de soldadura ou
corte a quente são usadas perneiras de raspa de couro.
Luva - é o equipamento com maior diversidade de especificações. São vários os
tipos básicos de luvas existentes no mercado
actualmente, como por exemplo:
• PVC sem forro (permite maior mobilidade que
a versão forrada);
• borracha (serviços eléctricos, divididos em
cinco classes, de acordo com a voltagem);
Óculos - são especificados de acordo com o tipo
de risco, desde materiais sólidos perfurantes até
poeiras em suspensão, passando por materiais
químicos, radiação e serviços de soldagem ou corte a
quente com maçarico. Nesse último caso, devem ser
usadas lentes especiais.
Respiradores - asseguram o funcionamento do
aparelho respiratório na presença de gases, poeiras e vapores. Contra poeiras
incômodas é usada a máscara descartável. Os respiradores podem ser semi-
12
faciais (abrangem nariz e boca) ou faciais (nariz, boca e olhos). A especificação
dos filtros depende do tipo de substância ao qual o trabalhador está exposto.
Colete reflector - feito de tecido plastificado laranja, é
bastante usado em trabalhos com risco de atropelamento
Protectores Auriculares - protegem os ouvidos em
ambientes onde o ruído está acima dos limites de
tolerância, ou seja:
“a) As zonas sensíveis* não podem ficar
expostas a um nível sonoro contínuo equivalente, ponderado A,
LAeq, do ruído ambiente exterior, superior a 55 dB(A) no período
diurno e 45 dB(A) no período nocturno;
b) As zonas mistas* não podem ficar expostas a um nível sonoro
contínuo equivalente, ponderado A, LAeq, do ruído ambiente
exterior, superior a 65 dB(A) no período diurno e 55 dB(A) no
período nocturno.” (retirado de:
http://www.scribd.com/doc/4944476/Lei-do-Ruido-Portugal em
13/09/2010). (*ver definição em anexo).
Aventais - protegem o tórax, o abdómen e parte dos membros inferiores do
trabalhador. Os aventais podem ser de raspa de couro (para soldagem ou corte a
quente) ou PVC (contra produtos químicos e derivados de petróleo).
Cintos - evitam quedas de trabalhadores, acidentes
muitas vezes fatais. Feitos de couro ou nylon, possuem
argolas que se prendem num cabo preso à estrutura da
construção.
Escudos e Máscaras - protegem os olhos e o rosto
contra fagulhas incandescentes e raios ultravioleta em serviços de soldagem. As
máscaras diferem dos escudos por não ocupar nenhuma mão do trabalhador. As
lentes variam de acordo com a intensidade da radiação. Os protectores faciais
também asseguram protecção contra projecção de partículas, mas proporcionam
visão panorâmica ao usuário.”
13
Além de todos os equipamentos de segurança devemos adoptar medidas
preventivas, tais como:
Na construção de uma rampa o piso deve ser antiderrapante para evitar quedas
por deslizamento;
Sinalizar as zonas próximas das passerelas, para evitar queda de pessoas e
materiais nos vãos que as passarelas transpõem;
Nunca trabalhar em andaimes durante uma tempestade ou ventania;
14
5. Estatísticas (Acidentes na Construção Civil)
Na tabela acima (referente ao ano de 2007) e no gráfico 1, podemos ver que a
causa de morte com mais ocorrência na área da construção é quedas em altura, como era
de prever são esses acidentes que tem um maior registo de mortalidade, como se pode
verificar no gráfico 1, esses acidentes, tal como se pode confirmar no quadro 2, são mais
frequentes na faixa etária dos 25 aos 34 anos sendo, mais usual no sexo masculino. Já os
acidentes mortais têm mais incidência na faixa etária dos 35 aos 40 anos, mantendo-se
mais elevada para o sexo masculino.
Tabela 1. Causas de acidentes de trabalho mortais
Gráfico 1. Causas de acidentes de trabalho mortais (2010)
Tabela 2. Acidentes de trabalho segundo o sexo e escalão etário
15
Como é possível constatar no gráfico 2 a região de Portugal onde mais acidentes
de trabalho acontecem é a região norte, mais propriamente no Grande Porto, embora a
maior parte dos acidentes de trabalho mortais seja na Grande Lisboa. Isto verifica-se
talvez pelo facto de estas serem as zonas metropolitanas mais populosas nacionais daí a
maior necessidade de
trabalhos na área da
Construção Civil. O gráfico 2
refere-se aos acidentes de
trabalho em geral, mas pelo
constatado na tabela 1 e 3
podemos considerar que as
zonas onde os acidentes de
trabalho são mais frequentes
correspondem às zonas onde
os acidentes de trabalho na
área da construção civil
também são mais frequentes.
No gráfico 3, podemos
curiosamente verificar que os
acidentes mortais na área da
Gráfico 2. Acidentes de trabalho por distrito, região autónoma e estrangeiro.
Gráfico 3. Acidentes de trabalho mortais (consonte os dias da semana)
16
construção civil acontecem com mais frequência as terças-feiras, ficando muito perto
destas as sextas-feiras, podemos sobre um ponto de vista interpretar estes resultados da
seguinte forma:
Há mais pessoas a trabalhar a terça-feira;
Nas sextas-feiras os acidentes podem acontecer devido a factores externos como
cansaço semanal, entre outras opções. Ao domingo o número de acidentes é o
mais reduzido de todos os dias devido ao facto de que geralmente o trabalho na
construção civil é realizado de segunda a sábado, com excepções.
Através da tabela 3 podemos verificar que os acidentes na construção civil
diminuíram um pouco de 2005 para 2007, talvez isso seja uma consequência da acção
da inspecção de trabalho, ou das empresas e trabalhadores terem vindo a tomar
consciência das consequências da falta dos sistemas e equipamentos de segurança
(aumento da formação). Mas infelizmente como podemos ver no gráfico 4 a maioria dos
acidentes mortais mantêm-se na área de construção civil, embora com um número
menos elevado (quase metade do que no ano de 2007).
Quadro 4
Gráfico 3. Acidentes de trabalho mortais (consoante os sectores de actividade)
18
6. Agentes responsáveis pela segurança
6.1. Empreiteiro, Operários, Director de Obra e Dono de Obra
Em todas as construções existe um conjunto de intervenientes, cada um com
responsabilidades na segurança, uns mais que outros. Por agentes responsáveis pela
segurança entendem-se todas e quaisquer pessoas envolvidas na concepção, construção,
utilização e fiscalização de obras de arte. Dos diferentes agentes responsáveis pela
segurança, temos em primeiro plano o empreiteiro e os operários/funcionários.
O empreiteiro é dos principais intervenientes, isto porque relacionados
directamente com este estão o Director de Obra, as chefias operárias e os operários,
sendo o empreiteiro responsável pela coordenação das tarefas de cada um. Entre as suas
funções, o empreiteiro tem responsabilidades com os seus trabalhadores, com os
equipamentos de trabalho (tais como camiões, escavadoras, gruas, etc…), com os
equipamentos de segurança que possui, com as subempreitadas que contrata e ainda
com as compras dos materiais para a construção.
As responsabilidades do empreiteiro em relação aos funcionários centram-se na
sua contratação e na sua informação e formação. O empreiteiro é responsável pela
contratação dos funcionários, essa contratação deve ter em conta aspectos de saúde que
impliquem limitações laborais para determinadas tarefas e/ou ambientes, experiência e
as habilitações/competências necessárias para a execução de determinada tarefa. Cabe
ainda á entidade patronal garantir a formação e do trabalhador. Assim o empreiteiro
deve garantir que os seus funcionários preencham todos os requisitos necessários.
Contudo, não é só o empreiteiro quem tem obrigações quanto à segurança nas
construções, também os operários têm responsabilidades. Os operários devem conhecer
as normas de utilização dos equipamentos de segurança e trabalho, devem utilizar os
equipamentos de trabalho que melhor se adequam a cada tarefa, zelar pelo bom
funcionamento e não adoptar procedimentos com riscos desnecessários.
Para além da utilização correcta dos equipamentos, os funcionários devem
conhecer as suas capacidades e assim limitar as suas funções às suas habilitações e
formação que possuem, por último os funcionários devem ainda conhecer os
procedimentos de segurança a adoptar em caso de emergência.
Em relação ao Director de Obra, este tem como função, entre outras, assegurar-
se de que existem todos os equipamentos de segurança necessários para a prevenção de
acidentes na construção, tais como sinalização, equipamentos de protecção colectiva,
dispositivos de segurança, equipamentos de protecção individual, etc, e de que existem
todas as ferramentas de trabalho necessárias para a realização em segurança de todas as
tarefas. Ao Director de Obra compete também garantir que estes equipamentos se
19
encontram perfeitamente funcionais, regulamentares, adequados e que respeitam as
medidas de segurança legalmente exigiveis, ou seja, é responsável máximo pela
instituição de medidas de manutenção desses mesmos equipamentos. A verificação das
condições das máquinas e equipamentos de trabalho trazem benefícios não só no que
diz respeito à segurança mas também a nível económico, isto porque permite que as
máquinas funcionem com máxima eficiência, aumentando, assim, os índices de
produtividade correspondentes, é ainda responsável por controlar a qualidade dos
materiais de construção. Esta competência é normalmente designada aos Técnicos de
Higiene e Segurança, que em nome do Dono de Obra articulam informação
directamente com o mandatário deste, o Director de Obra.
O Dono de Obra, é também um dos responsáveis pela segurança, isto porque
este está presente desde a elaboração do projecto até á finalização das obras de
construção. Sendo também por ele que passam todas as decisões, não só em relação ao
projecto e construção, mas também em relação ás questões monetárias.
“O primeiro patamar de decisões cabe ao Dono de Obra. È a partir deste que
saem todas as decisões inerentes á concepção e à execução por isso o dono de obra pode
condicionar o desenvolvimento do empreendimento se assim o entender. Vai ter uma
enorme responsabilidade em todas as fases da construção e por isso cabe-lhe estabelecer
as regras gerais de planeamento, organização e coordenação para promover a segurança,
higiene e saúde no trabalho.
Obrigações do Dono de Obra
Nomear os Coordenadores de Segurança, quer na fase de Projecto quer em obra;
Elaborar ou mandar elaborar o Plano de Segurança e Saúde;
Assegurar a divulgação do Plano de Segurança e Saúde;”
(https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/802/12/GUIA%20do%20DONO%20de
%20OBRA.pdf. (visitado em 19/10/2010))
6.2. Entidades Fiscalizadoras
Num segundo plano, temos ainda as entidades fiscalizadoras e os fornecedores de
materiais. Em relação às entidades fiscalizadoras podemos dividi-las em duas, temos as
entidades fiscalizadoras da legalidade e as entidades fiscalizadoras contratadas pelo
Dono de Obra. Das entidades fiscalizadoras legais podemos salientar algumas como:
“• Câmaras Municipais; SMAS; TLP
• EDP; Bombeiros Municipais;
• DGE (Concessionárias de gás);
• Delegações de Saúde;
• ACT – Autoridade Condições Trabalho;” (Amorim 2009).
20
“Funções das Entidades Fiscalizadoras legais:
• Velar pelo cumprimento de posturas municipais;
•Velar pelo cumprimento de Regulamentos Nacionais;
• Verificar a existência e validade de alvarás de licença;
•Verificar se as obras estão a ser realizadas de acordo com o exigido no alvará de
licença;
• Velar pelo cumprimento de regras específicas de execução de trabalhos de cada
especialidade definidas pelo serviço encarregado da Fiscalização;
• Fiscalizar e apoiar tecnicamente as obras em curso.” (Amorim 2009).
As entidades fiscalizadoras contratadas pelo Dono de Obra têm como funções
averiguar se, a obra cumpre todos os requisitos legais (apresentados anteriormente), se
esta está a ser construída conforme o projecto, se os orçamentos e prazos estão a ser
cumpridos, podemos comparar este tipo de entidades com uma “chek-list”, onde tudo
tem de ser analisado, onde têm de ser identificados os problemas e numa outra fase
solucionar esses problemas, se necessário.
Outros dos agentes responsáveis pela segurança são os fornecedores de materiais
máquinas e outros equipamentos, embora de forma indirecta estes também afectam e
têm responsabilidades na segurança. Isto porque caso os materiais, máquinas, etc, não
estejam em boas condições e não respeitem as normas legalmente impostas a segurança
é certamente comprometida.
Estes são os principais agentes responsáveis pela segurança na construção, não
só em obras de arte mas também em praticamente todos os tipos de construções.
21
7. Formação dos trabalhadores
Na construção de obras de arte, tal como em todo o tipo de construções, a
maioria dos acidentes ocorrem devido à falta de conhecimentos, formação e informação
sobre a forma de manusear os equipamentos, nomeadamente na manipulação de
máquinas pesadas, tais como gruas, escavadoras e camiões (equipamentos que exigem
formação específica, como carta de condução de veículos pesados, licença de gruísta,
etc.). Infelizmente a quantidade de trabalhadores vítimas de esmagamento, apanhados
pelas lagartas de uma escavadora ou entre dois veículos em movimento, pela queda de
andaimes e pela queda de materiais suspensos por uma grua, são mais do que os
desejados. Isto deve-se em grande parte à falta de formação dos trabalhadores na
aplicação e cumprimento de normas de segurança.
A formação é muitas vezes desvalorizada pelos operários pois
convencionalmente existe a ideia, errada, de que só o trabalho e a experiência lhes dá o
conhecimento e de que nos cursos de formação pouco ou nada se aprende.Este tipo de
mentalidade está muitas vezes na base de comportamentos que propiciam acidentes.
Um dos acidentes mais frequentes é a queda de andaimes. Este tipo de acidentes
ocorre devido a falhas na montagem, dos andaimes, normalmente estas falhas ocorrem
devido ao responsável pela montagem não tem as competências necessárias para o
fazer. O artigo 40º do Decreto-lei 102/2009, de 10 de Outubro, é bastante claro quanto
às aptidões que o trabalhador responsável pela montagem, desmontagem ou reconversão
do andaime deve reunir.
Decreto-Lei 102/2009 de 10 de Outubro
Artigo 40.º Utilização de andaime
1 - A montagem, desmontagem ou reconversão do andaime só pode ser efectuada sob a
direcção de uma pessoa competente com formação específica adequada sobre os riscos
dessas operações, nomeadamente sobre:
a) A interpretação do plano de montagem, desmontagem e reconversão do andaime;
b) A segurança durante a montagem, desmontagem ou reconversão do andaime;
c) As medidas de prevenção dos riscos de queda de pessoas ou objectos;
d) As medidas que garantem a segurança do andaime em caso de alteração das
condições meteorológicas;
e) As condições de carga admissível;
f) Qualquer outro risco que a montagem, desmontagem ou reconversão possa
comportar.
22
2 - Se a complexidade do andaime o exigir, deve ser elaborado um plano que defina os
procedimentos gerais da sua montagem, utilização e desmontagem, completado, se
necessário, com instruções precisas sobre detalhes específicos do andaime.
3 - O andaime que não disponha da nota de cálculo fornecida pelo fabricante ou cuja
nota de cálculo não contemple as configurações estruturais só pode ser montado após
elaboração do cálculo de resistência e estabilidade do mesmo, excepto se for montado
respeitando uma configuração tipo geralmente reconhecida.
4 - A pessoa competente que dirija a montagem, desmontagem ou reconversão do
andaime e os trabalhadores que executem as respectivas operações devem dispor do
plano previsto no n.º 2, bem como das instruções que eventualmente o acompanhem.
(fim de citação).
Uma outra actividade que requer trabalhadores qualificados é o comando de
gruas. Muitas vezes esta actividade é feita por trabalhadores sem formação específica o
que origina fracas condições de segurança e ulteriormente acidentes. Para operar uma
grua é necessária a licença de gruista.
“Normalmente os cursos de formação de operadores de grua contemplam
conteúdos como:
Prevenção e Segurança no Trabalho.
Directivas de Máquinas.
Estaleiros.
Tecnologias da Profissão.
Noções de electromecânica.
Equipamentos e Técnicas de operação de elevação de cargas.
Operações de manutenção.
Técnicas de condução e Manobra de grua e guindastes.
Requisitos para a função de condutor / manobrador e sua formação
profissional.
Regulamentos para o condutor / manobrador de gruas e guindastes.
Movimentação de Cargas- Riscos e medidas no meio ambiente
envolvente.
Comunicação “terra/ar” na movimentação e elevação da carga. “
(INSIA 2010)
Embora os acidentes relacionados com gruas não sejam muito usuais a verdade é
que existem e quando acontecem podem causar grandes estragos quer ao nível humano
quer ao nível material.
23
Existem ainda vários cursos de formação relativamente ao manuseamento de
equipamentos, tais como escavadoras e outros.
Para além da formação em relação ao manuseamento de máquinas, e outros
equipamentos existe ainda outro tipo de formação que normalmente é descurada. Essa
formação é relativa ao conhecimento teórico de medidas de segurança a conhecer e ser
respeitadas, tais como a criação de perímetros de segurança, como por exemplo em
locais onde seja frequente a circulação de veículos pesados, em locais onde seja
provável a queda de materiais (perto das gruas), diferentes tipos de sinalização,
equipamentos de segurança individual, equipamentos de segurança colectiva e
dispositivos de segurança.
Muitas vezes é justificação para a falta de formação, a escassez de locais onde a
mesma possa ser obtida, no entanto esta justificação não é válida pois todos os
trabalhadores têm direito a uma formação, o artigo 6º da lei nº 7/2009 de 12 de
Fevereiro afirma que:
1 – Compete ao Estado garantir o acesso dos cidadãos à formação profissional,
permitindo a todos a aquisição e a permanente actualização dos conhecimentos e
competências, desde a entrada na vida activa, e proporcionar os apoios públicos ao
funcionamento do sistema de formação profissional.
2 – Compete ao Estado, em particular, garantir a qualificação inicial de jovens que
pretendem ingressar no mercado de trabalho, a qualificação ou a reconversão
profissional de desempregados, com vista ao seu rápido ingresso no mercado de
trabalho, e promover a integração sócio-profissional de grupos com particulares
dificuldades de inserção, através do desenvolvimento de acções de formação
profissional especial.
Desta forma a formação é fundamental para que os operários trabalhem eles
próprios em segurança, e também para que assegurem a segurança dos outros.
24
8. Enquadramento Legal
A construção de Obras de Arte, e as próprias obras de arte envolvem diversos
riscos à segurança e saúde, tanto para quem as constrói como para quem as utiliza,
devido à complexidade e pela inovação que podem apresentar, por exemplo se houver
alguma falha na execução de um viaduto há o sério risco dessa falha se tornar um sério
perigo para a segurança.
É por isso que existem normas, directivas europeias e legislação nacional para
situações mais específicas e também para as construções mais convencionais, como
moradias, prédios, etc...
A segurança e a saúde deve ser posta em primeiro lugar porque a vida de um
trabalhador não pode ser substituída portanto, deve-se evitar comportamentos de risco,
falta de cuidado, descuidos, ou desrespeito das regras em vigor.
Para análise da temática da segurança analisaram-se alguns documentos legais,
nomeadamente o Decreto-Lei nº50/2005, de 25 de Fevereiro (prescrições mínimas de
segurança e saúde dos trabalhadores na utilização de equipamentos de trabalho) e o
decreto-lei nº102/2009, de 10 de Setembro (Regime jurídico da promoção da segurança
e saúde no trabalho).
O decreto-lei nº 50/2005 foca essencialmente as prescrições mínimas de
segurança e saúde dos trabalhadores na utilização de equipamentos de trabalho, e
regulamenta a utilização de equipamentos destinados à execução de trabalhos em altura,
para protecção da segurança e saúde dos trabalhadores.
O decreto-lei nº102/2009, regulamenta o regime jurídico da promoção e
prevenção da segurança e da saúde no trabalho, e a protecção do trabalhador menor de
idade, da trabalhadora grávida.
Ambos estes Decretos-Lei são a uma adequação à realidade nacional de acordo
com as directivas da União Europeia. De forma a uniformizar as leis por todo o espaço
comunitário, garantir a igualdade de critérios e homogeneizar técnicas e procedimentos.
O decreto-lei referido em primeiro lugar, define o seu Artigo 3º, as obrigações
gerais do empregador para garantir a segurança dos seus trabalhadores. Os artigos
seguintes estão relacionados com os diversos equipamentos usados nas suas actividades
ou tarefas pelos trabalhadores bem como na elevação de cargas. Talvez o aspecto mais
importante deste documento seja a regulamentação sobre os trabalhos em altura, os
quais são responsáveis por grande parte dos acidentes de trabalho (na construção, e na
construção de obras de arte não é excepção), e geralmente com consequências fatais. É
de destacar os artigos sobre as medidas de protecção colectiva previstas no artigo 37º, e
os sobre a utilização de escadas dispostas no artigo 38º, de cordas de segurança como se
25
encontra referido no artigo 39º e a utilização de andaimes previsto nos artigos 40º a
42º). Nestes artigos a referência a equipamentos na construção de obras de arte são uma
presença quase constante. A formação dos trabalhadores no uso correcto destes
equipamentos, usados regra geral, em trabalhos em altura temporário, é uma obrigação
legal do empregador de acordo com o Código de Trabalho.
O decreto-lei referido em segundo lugar (nº102/2009), regulamenta as
actividades que menores, grávidas ou lactantes, não podem realizar porque representam
riscos sobre a saúde e desenvolvimento, refere também actividades que são proibidas ou
condicionadas por lei e pelas condições de trabalho.
Este decreto-lei é mais extenso e amplo, pois fala das obrigações gerais do
empregador e do trabalhador, da existência de fiscalização, Princípios gerais e sistema
de prevenção de riscos profissionais, regulamenta também as actividades que podem
causar efeitos nocivos no organismo e á própria pessoa.
Toda esta regulamentação existe para que uma actividade essencial ao
desenvolvimento do país como a construção, que está ligada a diversos perigos, seja o
mais seguro possível e que os trabalhadores e empregadores tenham consciência dos
seus deveres e obrigações, para que sejam adoptadas as medidas de segurança que
garantam a saúde destes e dos que os rodeiam. E, que no final de contas implica a
segurança das obras de arte.
Dec-lei 50/2005
Artigo 37.o
Medidas de protecção colectiva
1- As medidas de protecção colectiva destinadas a limitar os riscos a que os
trabalhadores que executam trabalhos temporários em altura estão sujeitos devem
atender ao tipo e características dos equipamentos de trabalho a utilizar.
2- Sempre que a avaliação de riscos considere necessário, devem ser instalados
dispositivos de protecção contra quedas, com configuração e resistência que permitam
evitar ou suster quedas em altura.
3-Os dispositivos de protecção contra quedas só podem ser interrompidos nos pontos de
acesso de escadas, verticais ou outras.
4- Se a execução de determinados trabalhos exigir, tendo em conta a sua natureza, a
retirada temporária de dispositivos de protecção colectiva contra quedas, o empregador
deve tomar outras medidas de segurança eficazes e, logo que a execução dos trabalhos
termine ou seja suspensa, instalar esses dispositivos.
26
Artigo 38.o
Utilização de escadas
1- As escadas devem ser colocadas de forma a garantir a sua estabilidade durante a
utilização.
2- Os apoios das escadas portáteis devem assentar em suporte estável e resistente, de
dimensão adequada e imóvel, de forma que os degraus se mantenham em posição
horizontal durante a utilização.
3- Durante a utilização de escadas portáteis, deve ser impedido o deslizamento dos
apoios inferiores através da fixação da parte superior ou inferior dos montantes, de
dispositivo antiderrapante ou outro meio de eficácia equivalente.
4- As escadas utilizadas como meio de acesso devem ter o comprimento necessário para
ultrapassar em, pelo menos, 90 cm o nível de acesso, salvo se houver outro dispositivo
que garanta um apoio seguro.
5- As escadas de enganchar com vários segmentos e as escadas telescópicas devem ser
utilizadas de modo a garantir a imobilização do conjunto dos segmentos.
6- As escadas móveis devem ser imobilizadas antes da sua utilização.
7- As escadas suspensas devem ser fixadas de forma segura e, com excepção das
escadas de corda, de modo a evitar que se desloquem ou balancem.
8- As escadas devem ser utilizadas de modo a permitir que os trabalhadores disponham
em permanência de um apoio e de uma pega seguros, inclusivamente quando seja
necessário carregar um peso à mão sobre as mesmas.
Artigo 39.o
Utilização de técnicas de acesso e de posicionamento por cordas
1- A utilização de técnicas de acesso e posicionamento por meio de cordas deve ser
limitada a situações em que a avaliação de risco indique que o trabalho pode ser
realizado com segurança e não se justifique a utilização de equipamento mais seguro.
2-A utilização das técnicas de acesso e de posicionamento por meio de cordas deve
respeitar as seguintes condições:
a) O sistema deve ter, pelo menos, a corda de trabalho a utilizar como meio de acesso,
descida
e sustentação, e a corda de segurança a utilizar como dispositivo de socorro, as quais
devem ter pontos de fixação independentes;
b) O trabalhador deve utilizar arneses adequados através dos quais esteja ligado à corda
de segurança;
c) A corda de trabalho deve estar equipada com um mecanismo seguro de subida e
descida, bem como com um sistema autobloqueante que impeça a queda no caso de o
trabalhador perder o controlo dos seus movimentos;
d) A corda de segurança deve estar equipada com um dispositivo móvel antiqueda que
acompanhe as deslocações do trabalhador;
27
e) Em função da duração do trabalho ou de restrições de natureza ergonómica,
determinadas na avaliação dos riscos, a corda de trabalho deve possuir um assento
equipado com os acessórios adequados;
f) As ferramentas e outros acessórios utilizados pelo trabalhador devem estar ligados ao
seu arnês ou assento, ou presos de forma adequada;
g) O trabalho deve ser correctamente programado e supervisionado de modo que o
trabalhador possa ser imediatamente socorrido em caso de necessidade.
3-Em situações excepcionais em que se verifique que a utilização de uma segunda corda
aumentaria os riscos, podem ser utilizada uma única corda desde que sejam tomadas as
medidas adequadas para garantir a segurança do trabalhador.
Artigo 40.o
Utilização de andaime
1- A montagem, desmontagem ou reconversão do andaime só pode ser efectuada sob a
direcção de uma pessoa competente com formação específica adequada sobre os riscos
dessas operações, nomeadamente sobre:
a) A interpretação do plano de montagem, desmontagem e reconversão do andaime;
b) A segurança durante a montagem, desmontagem ou reconversão do andaime;
c) As medidas de prevenção dos riscos de queda de pessoas ou objectos;
d) As medidas que garantem a segurança do andaime em caso de alteração das
condições meteorológicas;
e) As condições de carga admissível;
f) Qualquer outro risco que a montagem, desmontagem ou reconversão possa
comportar.
2- Se a complexidade do andaime o exigir, deve ser elaborado um plano que defina os
procedimentos gerais da sua montagem, utilização e desmontagem, completado, se
necessário, com instruções precisas sobre detalhes específicos do andaime.
3- O andaime que não disponha da nota de cálculo fornecida pelo fabricante ou cuja
nota de cálculo não contemple as configurações estruturais só pode ser montado após
elaboração do cálculo de resistência e estabilidade do mesmo, excepto se for montado
respeitando uma configuração tipo geralmente reconhecida.
4- A pessoa competente que dirija a montagem, desmontagem ou reconversão do
andaime e os trabalhadores que executem as respectivas operações devem dispor do
plano previsto no nº 2, bem como das instruções que eventualmente o acompanhem.
Artigo 41.o
Estabilidade do andaime
1- Os elementos de apoio do andaime devem ser colocados de modo a evitar os riscos
resultantes de deslizamento através de fixação à superfície de apoio de dispositivo
antiderrapante ou outro meio eficaz que garanta a estabilidade do mesmo.
2-A superfície de suporte do andaime deve ter capacidade suficiente.
28
3- O andaime sobre rodas deve ter dispositivos adequados que impeçam a deslocação
acidental durante a utilização.
Artigo 42.o
Plataformas do andaime
1-As dimensões, forma e disposição das plataformas do andaime devem ser adequadas
ao trabalho a executar e às cargas a suportar, bem como permitir que os trabalhadores
circulem e trabalhem em segurança.
2- As plataformas do andaime devem ser fixadas sobre os respectivos apoios de modo
que não se desloquem em condições normais de utilização.
3- Entre os elementos das plataformas e os dispositivos de protecção colectiva contra
quedas em altura não pode existir qualquer zona desprotegida susceptível de causar
perigo.
4- As partes do andaime que não estejam prontas a ser utilizadas, nomeadamente
durante a montagem, desmontagem ou reconversão do andaime, devem ser assinaladas
por meio de sinalização de segurança e saúde no trabalho, nos termos da legislação
aplicável, e convenientemente delimitadas de modo a impedir o acesso à zona de perigo.
29
Conclusão
Com este trabalho podemos concluir que a construção de obras de arte enverga
um amplo leque de perigos, dos quais podem resultar acidentes com graves
consequências. No entanto a maioria destes pode ser evitado ou minimizado se forem
cumpridas todas as normas de segurança.
Cabe assim, não só aos trabalhadores cumprirem a sua parte, mas também aos
empregadores disponibilizarem os meios para que essas regras sejam cumpridas,
podendo assim minimizar os perigos e as consequências que deles advêm. Caso estes
não se consciencializarem do que tem a fazer, cabe às instituições de excepção de
trabalho fiscalizar e garantir que regras tão importantes como estas são cumpridas,
punindo quem as não cumpre.
As Obras de Arte são construções cujas regras de segurança têm de ser
rigorosamente cumpridas pois estas envergam situações de trabalhos extraordinárias que
requerem medidas de segurança adicionais. Assim a construção de Obras de Arte exige
cuidados extra para com a segurança, relativamente a outras construções, isto para que a
segurança na sua construção possa ser obtida.
30
Anexos
Definições:
“Zonas sensíveis: áreas definidas em instrumentos de planeamento territorial como vocacionadas para usos habitacionais, existentes ou previstos, bem como para escolas, hospitais, espaços de recreio e lazer e outros equipamentos colectivos prioritariamente utilizados pelas populações como locais de recolhimento, existentes ou a instalar;
Zonas mistas: as zonas existentes ou previstas em instrumentos de planeamento territorial eficazes, cuja ocupação seja afecta a outras utilizações, para além das referidas na definição de zonas sensíveis, nomeadamente a comércio e serviços.”
31
Bibliografia
Faria J.Amorim. 2009. Principais Intervenientes e funções, nas obras de
construção civil.
http://paginas.fe.up.pt/~construc/go/docs_GO/aulasppt/ppt2009/Intervenientes%
20e%20Funcoes%20-%20aula4%20[Modo%20de%20Compatibilidade].pdf.
(visitado em 05 October 2010)
http://www.cite.gov.pt/pt/legis/Lei007_2009.html. (visitado em 05 Outubro de 2010).
http://informar.pt/curso.aspx?idCurso=13775&CURSO:Condutor/Manobrador-de-
Gruas-e-Guindastes. (visitado em 05 Outubro de 2010).
Decreto-lei 102/2009, publicada no Diário da República, I Série, n.º 176, de
10/09/2009
http://mmbotelho.wordpress.com/2009/09/14/destaque-lei-102-2009/ (visitado em 29-
9-2010)
cef-informatica.axspace.com/2portfolio/02e.../port.../Construcao_civil.pps (visitado
em 05 Outubro de 2010)
Decreto-lei 50/2005
Decreto-lei 102/2009, publicada no Diário da República, I Série, n.º 176, de
10/09/2009
http://dre.pt/pdf1s/2005/08/166A00/51385155.pdf (visitado em in 5-10-2010)
http://dre.pt/pdf1sdip/2009/09/17600/0616706192.pdf (visitado em 5-10-2010)
http://www.scribd.com/doc/4944476/Lei-do-Ruido-Portugal (visitado em 13 de
Novembro de 2010)
http://www.act.gov.pt
www.seaacsjc.org.br/Seguranca/equip_prot_indiv.ppt
(https://bdigital.ufp.pt/dspace/bitstream/10284/802/12/GUIA%20do%20DONO%20de
%20OBRA.pdf. (visitado em 19/10/2010))
Imagens:
Imagem do cinto de segurança:
http://www.ggkitborrachas.com.br/produtos/cinto-seguranca-paraquedista-alpinista-
construcao.php#cinto-seguranca-construcao-civil (visitado em 08/09/10)
Imagem do colecte reflector:
http://www.dutramaquinas.com.br/produto/default.asp?secaoID=0&mundoVC=&gru
poID=46&subgrupoID=3242&produtoID=6948
Imagem dos protectores auriculares:
http://www.seton-pt.com/capacetes-auditivos-protectores-auriculares-capacete-
solido-db.html
32
Tabela 2 e gráfico 2: MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA SOLIDARIEDADE SOCIAL.
Gabinete de Estratégia e Planeamento. ACIDENTES DE TRABALHO.2007.
Tabela 1 e 3:
http://www.revistaseguranca.com/index.php?option=com_content&task=view&id=12
4&Itemid=80 visitado em 06/09/2010
Gráfico 1,3 e 4: http://www.act.gov.pt (visitado em 12/10/10)
Recommended