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Editorial (por Claudia Schulz)

As luzes se apagam, a cortina se abre lentamente, emcena: a movimentação teatral desencadeada pelo

. Entre diretores, atores e uma mesma vontade:fazer teatro, fazer acontecer!

Estimulados por essa efervescência surge ocom a missão de colocar em palavras e registrar o que

acontece de relevante e inusitado na área das Artes Cênicasem âmbito nacional e municipal. Entrevistas com grupos emcartaz, personalidades,curiosidades, correspon-dentes,burocráticos e informativos compõem a cena dessa estréia. OPalco de Papel anuncia, como um arauto, o cortejo dosperegrinos teatrais, que não cansam nunca de girar a manivelado realejo.

Palco Forado Eixo

Palco dePapel

clowns

Entre Gags e Qüiproquós (porAtílioAlencar)

O ( )inaugura a programação anual do emSanta Maria com o espetáculo no dia 25 demarço, às 19h na Praça Saldanha Marinhas.Aqui você confereuma conversa com dois integrantes do grupo (

e ) sobre teatro, política ecultura.

A montagem intitulada A ida ao Teatro, do dramaturgoKarl Valentin, trata-se de uma livre adaptação para a rua. Acena retrata o universo conturbado de dois moradores de ruaque procuram pela cidade um bom local para instalar suasquinquilharias. A trama é recheada quiproquós e típicasdos , sugeridos por Valentin, que beiram em seucotidiano o universo de um teatro anarquista característico doperíodo entre as duas grandes guerras mundiais.

O processo de criação contou com estudos teórico-práticos e utilizamos como base teórica o livro Circo Soviético,por apresentar uma possibilidade de politizadosbeirando o panfletário, onde os fatos do cotidiano caminhampara desvendar as inúmeras opressões sofridas pelos sereshumanos.

Grupo Teatro Universitário Independente TUIPalco Fora do Eixo

A Ida ao Teatro

MarceleNascimento Cristiano Bittencourt

Bom, pra começar, queria que vocês falassem brevemente doespetáculo que será apresentado na estréia do palco Fora do Eixoem Santa Maria.

Como foi o processo de criação do espetáculo, levando em contaque é um trabalho pensado enquanto arte de rua? A pesquisa detexto neste caso é mais específica, ou vocês acreditam que não hárestrições estéticas para um espetáculo de rua?

gagsclowns

clowns

Tecnicamente utilizamos o jogo das triangulações edas dilatações espaciais para tornar possível a encenação noespaço da rua, visto que o texto é escrito para o palco italiano.Acreditamos que a rua é um espaço de popularização edemocratização da arte e também serve de espaço para aresistência, visto que os teatros continuam vazios.Esteticamente qualquer texto ou idéia pode ser representadana rua, o que precisa ser feito é uma adaptação e buscar umsuporte teórico (técnicas) pertinentes para a rua.

SE VOCÊ NÃO VAI AO TEATRO, O TEATRO VAI ATÉVOCÊ. Parece panfletário e é, mas a idéia é tentar resistir econtribuir para instigar nos transeuntes a necessidade deconsumir bens culturais. Por mais estranho que possaparecer, o teatro precisa voltar-se para a formação de novasplatéias e neste aspecto as escolas e a rua oferecem umterreno fértil e inesgotável.

Sempre buscamos experimentar distintas linguagens,mas não podemos negar as influencias que nos constituemenquanto humanos. E, no nosso caso, as comédias, farsas,enfim, o teatro popular, são os grandes responsáveis porsermos da maneira que somos, temos nossas convicçõesclaras... e jamais conseguiríamos nos afastar dessa origemque é o popular, o subversivo.

Político sim, afinal viver é um ato político e apesar deuma parcela do grupo não gostar deste termo Teatro Políticoou panfletário, historicamente o grupo se constituiu assim.E, radicalizando um pouco no aspecto cultural, um grupo quetenta há 49 anos sobreviver da arte em uma sociedadeneoliberal e globalizada e além desta difícil tarefa também sepropõe administrar um espaço alternativo para a comunidadeartística e local - mesmo sendo inviável economicamente - meparece ter um papel político inquestionável dentro damarginalizada e repudiada arte panfletária. Teatro político sim,partidário não.

Sobre o panorama teatral em Santa Maria, nãogostaríamos de comprar uma briga com a classe, mas poucoso fazem com o profissionalismo que este requer, salvo queprofissionalismo neste caso em nada tem a ver com formaçãoprofissional. Gostaríamos de, finalizar com a frase de FedericoGarcia Lorca que muito inspirou e continua inspirando o TUI:

.”

Vocês acreditam no Teatro de Rua como um meio dedemocratizar a arte, ou o ritmo de vida contemporâneo impedeas pessoas de se aterem a estas manifestações? Afinal, qual opropósito de levar o teatro para rua?

Já há algum tempo o Grupo TUI vem apresentando uma sériede comédias - variando de verves absurdas até as maisescrachadas, daria para dizer que o grupo tem uma linha depesquisa específica, ou vocês seguem experimentandolinguagens diversas?

Enfim, pra gente ser um pouco provocativo: vocês definiriam oTUI como um grupo político, preocupado em pensar também oteatro e a cultura na cidade? Se sim, como vocês vêem opanorama teatral hoje em Santa Maria?

“Um povo que não ajuda ou não fomenta seu teatro,senão está morto, está moribundo

Divulgação “ ” Marcele do Nascimento e Cristiano BittencourtA Ida ao Teatro

apartamentos e casas, gerando inclusive festas semanais quecirculam por diversos pontos da cidade.

Adjetivamente São Paulo é a meu ver a Cidade dosDesencontros, onde há muita gente querendo conhecer e serconhecida, muito estresse, e muitos programas para relaxar edesestressar que acabam deixando as pessoas mais irritadas,seja pelo trânsito, pela chuva, pela poluição ou pela dificuldade deescolher entre tanta coisa para se fazer.

Frente a todo esse caos aparente a vida na cidade seorganiza através da criação de pequenos guetos de resistência, ecriam-se os grupos dos descolados e seus points, o dos atores,dos arquitetos, dos artistas plásticos, cinéfilos e assim por diante.E claro que há uma interação tremenda devido ao grande númerode inadequados que insistem em circular por diversos pontospossíveis, convertendo a criação em algo a ver com aquelebotãozinho ao lado do endereço eletrônico: atualização. Osegredo da sobrevivência nesse clichê real chamado selva depedra.

(Leonardo Palma)

Inaugurando este espaço, uma breve conversa com oator . Participante da mobilização cultural

, é um dos novos integrantes da Associação deProdutores Independentes . Circulou pelo“eixo” e optou por voltar.Aqui nos diz algo sobre isso.

Meu nome é Tiago Gonçalves Teles, nasci em PortoAlegre, na feliz data de 31/08/1982, mas resido (ou resíduos) emSanta Maria desde meus 2 anos. Sou Bacharel emArtes Cênicascom habilitação em Interpretação Teatral pela universidadeFederal de Santa Maria no ano de 2006. Após essa célebre data,participei de alguns grupos e espetáculos como: o grupo deHumor “O Uivo do Coiote” e os espetáculos “A Triste História doSoldado” e “Vida Acordada”, entre outros. Nos primeiros mesesde 2008 fui a São Paulo e por lá fiquei até dezembro de 2009.

A história é bem casual (sem querer mesmo). Lá pelofinal de 2007, setembro, outubro não me lembra bem, um amigo,grande Leonel Henkes, me falou de um projeto chamadoGeografia da Palavra que consistia na montagem de umespetáculo dirigido por Antonio Abujanra (o Ravengar de “que Reisou eu?”) fomentado pela FUNARTE, em São Paulo. Asinscrições estavam findando-se no dia seguinte, mas o “Leo” memandou o site e eu, de última hora, fiz a inscrição.

Fui para “Sampa” em fevereiro de 2008 fazer umasvisitas e conhecer o Feverestival (festival de teatro organizadopelo LUME, em Campinas) e uns 3 dias antes de eu voltar paraSanta Maria recebi um telefonema me avisando que haviapassado na seleção para montagem do espetáculo. Liguei pracasa e pedi para minha mãe montar uma mala e enviar-me roupasque eu não ia voltar mais...

Assim começou minha saga paulistana. No final desseprojeto, que tinha duração de 6 meses, fiz a audição para acompanhia Corpos Nômades de dança contemporânea etambém passei. Alias, nunca achei que fosse passar em umaaudição para uma Cia. de dança contemporânea, competindocom Bailarinos.

FALATU

Tiago Teles Palco Forado Eixo

Macondo Coletivo

Tiago, “a história de sua vida” ... (risos)

Conta pra nós então como foi essa experiência de viver etrabalhar em São Paulo, algo que está no horizonte da maioriados artistas santa-marienses. Como foi isso?

Trabalhei na Cia. Corpos Nômades durante um ano e meio, ondemontei dois espetáculos, “Hotel Lautreamont – Os BruscosBuracos do Silêncio” e “Édipus Rex – As máquinas desejantes”,além de duas esquetes, “Relinchos da Alma” e “Película daRetina”. Voltei com o intuito de ajudar minha família e reintegrar-me ao meio cultural santamariense.

Só fui para Sampa por causa do primeiro projeto. Nuncaconcordei com a idéia de deixar o que estava fazendo aqui paratentar a vida na cidade grande. Mas essas duas experiências,com uma grande figura da cultura teatral nacional e com uma Cia.de dança contemporânea, são divisoras de águas na minhacarreira. Primeiro por ter aberto portas e me feito enxergar queexiste um mundo além de Santa Maria. Segundo por ter meinserido em um mercado cultural, de fato. Terceiro por ter-me feitorever conceitos e maneiras do fazer artístico. E quarto por somartécnicas e experiências a minha vivência artística.

Durante esse período de dois anos que passei em SãoPaulo, acompanhei com entusiasmo a movimentação das açõesculturais do Macondo Coletivo, e, além disso, me agradou a idéiade ter um novo festival de teatro na cidade, o FETISM. Vejo nessemovimento a possibilidade de construir um mercado produtivo eprincipalmente uma produção teatral considerável e reconhecida.

O Circuito Fora do Eixo e o projeto Palco Fora do Eixoproporcionam a quebra das fronteiras da cidade, do estado eprovavelmente do país. E quando falo em mercado não me refirosó ao mercado capitalista, mas também no mercado de trocas,como propõe as ações do Fora do Eixo pelo país afora. O fato de aestréia do projeto ser em São Paulo com a presença de artistassanta-marienses comprova isso. Acho que se pode sim, aocontrario do que pensam muitos, morarmos em uma cidade “dointerior”, produzindo e construindo espetáculos e ações artísticas,e a partir desse local - mais agradável de se viver - mostrar nossotrabalho para o mundo.

E o retorno, o que te motivou a voltar para Santa Maria? E ainda, oque tu visualiza agora, o que temos pela frente, quais são asperspectivas?

Obrigado, Tiago!

www.palcoforadoeixo.blogspot.com

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Foto por Luise Scherer

Redação:Entrevistas:Colunista:Colaborador:Revisão:Programação Visual:

EXPEDIENTE

E-mail:

Cláudia Schulz, Vanessa Giovanella e Luise SchererAtílio Alencar de Moura Corrêa e Leonardo Retamoso Palma

Maurício SchneiderArtur Faleiros

Talita TibolaElias Maroso

palcoforadoeixo@gmail.com

Cultura é comoAmor: Todas as Formas Valem a Pena(por Cláudia Schulz)

Essas palavras saíram da boca de nosso excelentíssimoMinistro da Cultura, Juca Ferreira, durante sua fala na abertura daPré-Conferência Nacional de Cultura que realizou-se entre os dia07 e 09 de março de 2010, no gramado da Esplanada em Brasília,promovida pelo Ministério da Cultura e pela FUNARTE.

Cerca de 150 delegados estaduais das setoriais deteatro, dança, circo, artes visuais, música, artes digitais, culturaspopulares entre outras dedicaram-se, em três dias deprogramação intensa, à discussão sobre as necessidades decada setor dividindo-se em cinco grandes eixos: produçãosimbólica e diversidade cultural; cultura, cidade e cidadania,cultura e desenvolvimento sustentável; cultura e economiacriativa e gestão e institucionalidade.

Como delegada da regional sul juntamente com MaurícioRosa - técnico de iluminação e representante do SATED(Sindicato dosArtistas e Técnicos de Espetáculos de Diversões) -e Márcio Silveira - representante da Rede Brasileira de Teatro deRua; pude entrar em contato com uma diversidade depensamentos, dificuldades e realidades que desafiam o fazerteatral nos recôncavos mais distantes de nosso Brasil, os quaisnão inibem que a mágica do teatro se concretize frente aos olhos esorrisos de crianças ribeirinhas, que alimentam a vontade eestimulam os agentes teatrais a continuar e buscar novosparâmetros para a cultura.

Durante estes dias de plenárias inacabáveis, os relatosdas longínquas regiões me pareciam extremamente próximos ecom pontos semelhantes, mesmo que divergindo em algunsmomentos, divergências que não deixaram de gerar discussõessaudáveis para o amadurecimento.

A potencialização da diversidade cultural da setorial deteatro brasileira lutou conjuntamente pela implementação depolíticas culturais que respeitem os diferentes setores artísticosbem como as necessidades de cada região, sem olhar peloespelho retrovisor. Sinteticamente, nos cinco eixos discutidosforam formuladas propostas a serem encaminhadas e, sepossível, aprovadas na II Conferência Nacional de Cultura queocorreu de 11 a 14 de março:

Garantir junto ao Ministério da Educação a criação, aimplementação, a ampliação e o fortalecimento de cursos deformação na área dasArtes Cênicas,

Criação de Programas federais, estaduais e municipais detransformação e utilização de espaços públicos em EquipamentosCulturais, requalificando, inclusive, áreas urbanas, através deferramentas que garantam a permanência e continuidade destesEquipamentos,

Garantir a criação de programas e políticas públicaspermanentes de intercâmbio, fomento e circulação da produçãoteatral através de mecanismos de incentivo,4) Readequação do projeto de lei nº 6722/2010 PROCULTURA,

Realização de um mapeamento do teatro brasileiro, em toda asua diversidade cultural e em todos os elos da sua cadeiaprodutiva, criando uma plataforma virtual para registro edivulgação da história da produção teatral nacional.

Agora permanece a expectativa de que essas diretrizesprovenientes do diálogo gentil entre as diversidades queconstituem a cena teatral brasileira tornem-se uma realidade,ganhem força e visibilidade fomentando uma política culturalvoltada à sustentabilidade, gestão, circulação e manutençãomínima daqueles que vivem de e para o teatro, porque só amornão basta.

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Construindo um Palco (por Artur Faleiros)

Integrado ao surge, em meadosde Fevereiro de 2010, o . Alicerçado emcoletivos de São Paulo - (Bauru) e

(Araraquara) - e Rio Grande do Sul -(Santa Maria) – o grupo pretende atuar e ser responsável pelaparte das artes cênicas da rede social que tem trabalhado comdifusão cultural pelo país. Com a intenção de promover, produzir,fomentar e integrar as artes - mais especificamente o teatro, aperformance e o malabarismo – o Palco Fora do Eixo pretendecontribuir com a rotatividade, formação e profissionalização deartistas, trabalhando com novos conceitos provenientes destainteração artística.

Para aplicarmos tais conceitos, ações já estão sendoplanejadas. No fim de março o Colméia Cultural promoverá oFestival Gaia, que contará com ações pontuais para iniciar ostrabalhos. Também em março, acontece o lançamento do PalcoFora do Eixo em Santa Maria, realizado pelo Macondo Coletivo. Jáem Junho ocorrerá o Festival produzido pelo Enxame Coletivo, ogrupo terá grande destaque na grade de programação. De formamais ampla, o Palco Fora do Eixo fará sua estréia em São Paulo,no Festival Fora do Eixo que ocorrerá em Abril oferecendo trêsdias de programação de palco envolvendo oficinas,apresentações e intervenções relativas às artes corporaiscontemporâneas.

Acreditamos que o fato de ligar artistas de diferentesáreas é muito produtivo para as particularidades envolvidas comopara a cultura em geral que acaba sendo incentivada com taisações. Pretendemos fazer com que essas artes caminhem deuma forma cada vez mais íntima deixando mais rico o cenário e osdiferentes palcos.

Circuito Fora do EixoPalco Fora do Eixo

Enxame Coletivo ColméiaCultural Macondo Coletivo

AGENDA- PROGRAME-SEAagenda do Palco Fora do Eixo!Fique de olho na programação do circuito, mês a mês.

Ditirambo

Ida ao Teatro

Festival Fora do Eixo em SP

Ditirambo

Gabriela Cravo e Canela

23/03 – - Festa de lançamento do Palco Fora do Eixo,com cortejo saindo da frente do Macondo Lugar às 21 horas.Onde: Zepellin. Entrada: R$ 4,00.

25/03 – “ ” - Espetáculo de rua, às 19hs na PraçaSaldanha Marinho. Apropriando-se da linguagem clownesca e dadinamicidade do teatro de rua, o Grupo TUI acelera e enlouqueceos espectadores a partir de um conflito aparentemente simples: irao teatro.

09,10 e 11/04 – Lançamento Palco Fora do Eixo Nacionalintegrado ao . Onde: Oficina CulturalOswald de Andrade, Centro cultural Rio Verde e Casas noturnasem SP.

14/04 – – Festa de Divulgação da programação doPalco Fora do Eixo do mês de abril, com cortejo saindo da frentedo Macondo Lugar às 21 horas. Onde: Zepellin. Entrada: R$ 4,00.

23/04 – “ ” – às 20hs, local a confirmar. OGrupo Teatral “Por quê não?” conta a história de amor entre oárabe Nacib, dono do bar mais famoso da cidade, e a cozinheiraGabriela, retirante que chega a Ilhéus fugindo da enorme seca queassolava o sertão nordestino. O valor do ingresso é R$ 5,00, ou R$3,00 + 1Kg de alimento não-perecível.

Para maiores informações sobre as atividades do Palco Fora doEixo em todo o país, visite o nosso blog:palcoforadoeixo.blogspot.com

Foto por Cláudia Schulz

(por Vanessa Giovanella)

Falar sobre a produção teatral nas cidades maisafastadas da capital do Rio Grande do Sul também exige que seperceba a presença intensa dos festivais de teatro na evoluçãodos grupos teatrais, como fonte de criação de experiências,ganas de referencial teórico, expansão das pesquisas e garantiade público.

Pessoas se agregando para usar o teatro como formainstintiva de expressão, às vezes para divertir, outras para gritarsuas inquietações, se multiplicam em nosso estado. À medidaque os grupos vão se formando surge o contato com as primeirasnecessidades para qualquer pesquisa teatral poder sertrabalhada. Questões como “Onde ensaiar?”, “Onde conseguirtextos ou como produzir textos?”, “Onde apresentar osespetáculos produzidos?”, “Onde fazer oficinas específicas deteatro?” começam a tomar espaço.

Amaioria das cidades não possui um espaço para teatro.Começa então o trabalho dos grupos na recriação de espaçoscedidos pela prefeitura, escolas ou locais alugados através depatrocínio ou apoio cultural, como os clubes usados para fazer asfestas importantes dos municípios (o que é um grandereconhecimento). Essas vivências trazem dificuldades que setransformam em impulso criativo e fonte de experiência aosintegrantes das Cias que se descobrem produtores culturais.Alguns grupos além de produzirem seus espetáculos, promovemencontros maiores onde se torna possível apresentar, discutir eassistir teatro, como é o caso dos festivais que aumentam todo oano no estado.

Preocupações com a contratação de iluminaçãonecessária para que a recriação dos planos de luz possa sermontada, equipamento de som, cadeiras... muitas cadeiras,camarim, coxias - porque nem todo espetáculo é concebido prarua - são pontos em comum nas produções independentes. Osintegrantes dos grupos teatrais assumem os trabalhos internosdos eventos como portaria, venda de ingressos, recepção,alimentação, equipe de apoio, alguém para passar muitos litrosde café (geralmente a mãe de um dos teatreiros), resolvendoassim, boa parte da falta de verba e fazendo com que o eventoaconteça.

Encontros como esses são fomentados pelo IEACEN(Instituto Estadual deArtes Cênicas- PortoAlegre/ RS), que se fazpresente, apoiando com debatedores de vários locais, que sãoprofissionais da área. Debates que tornam a proximidadepossível, possibilitando conhecer através de relatos, desde olaboratório até a estréia e as realidades que cada grupo enfrenta.Estimulando através de análises críticas, técnicas e artísticas,formas de se questionar montagens e estruturas dramáticas,trabalhando também com o público presente um maiorentendimento da arte teatral.

Além dessas preocupações, surge nos grupos, anecessidade de se ver teatro. Importantíssimo para quemtrabalha com isso. Geralmente algumas produções teatrais nãoincluem alguns municípios em agenda e não existe um interessepolítico em possibilitar isso. Com menos investimento financeiro,vários grupos podem apresentar seus trabalhos e ver boasmontagens e bons debates, em seus diversos entendimentos,nessas mostras de teatro.

O maior contato entre pessoas que trabalham com artedramática no estado, se dá nesses momentos. Pessoas quedesde criança, agora já adultos, freqüentam os encontros, comopúblico ou como participantes, festivais de até dezessete anos devida proporcionam proximidade e intimidade entre pessoas quemoram em cidades, estados e países diferentes.

Conhecer pessoas, perceber diferentes formas de teatro,discutir teorias teatrais e sentir o público lotando os espaçosabertos ao teatro, sem terem sido construídos pra isso. Discutirteatro durante turnos de vários dias sem se deslocar aos grandescentros, “de dentro pra fora”, são algumas das possibilidades queencantam a percepção desse movimento tão forte e tão real queacontece no nosso estado, no nosso “interior” de artista inquieto efaminto.

Teatro “De Dentro pra Fora”

Os festivais de teatro acabam sendo às vezes, a únicamaneira de alguns grupos apresentarem suas produções ouestrearem em outras cidades. Estimulando a produção, e aqualificação das formas de se fazer teatro.

(por Maurício Schneider)

Ultimamente tenho tendido a considerar os possíveisenquanto material de potência produtiva, colocando assim emcheque o poder da criação. Há dois anos ainda com os pés nopampa, onde o deslocamento geográfico quase sempreabarcava a mitológica "garganta do Diabo" - hoje delicadamenteconvertida em "Vale do menino Deus" - ouvi de um companheirode trabalho que era quase impossível "criar" algorepresentativamente novo nos tempos de hoje. Foi neste pontoexato que comecei a questionar-me quanto ao sentido da palavracriação dentro do universo artístico.

Certamente o poder presente nessa palavra desperta umcerto vanglorismo tóxico para quem busca se conceber semprena medida da planificação, da rasura. Mais tarde quando apossibilidade de fechar o ciclo "boquinha do monte", e anecessidade de irromper por novas paragens se manifestou, SãoPaulo rasgou o horizonte das possibilidades com a seguintesentença: "Sempre há abarrotamento de produção numametrópole, entretanto há que fazer seu espaço."

Ao ouvir essa esperançosa lamúria não preveni minhaspernas para tanta peleja. São Paulo nasceu a meus olhos comuma Avenida Paulista nem tão majestosa quanto o furor dos quepor ali passavam; mas essa insatisfação pertinente não serviriaem nada para incompreender a velocidade do tempo na capitalPaulista, muito menos para dar suntuosidade às lanternas doprimeiro bairro que desejei conhecer: Liberdade.

Considero a rotina o único material passível de traçar umcaminho tenha ele o sentido que tiver, e dentro dessa perspectivarisonha o dia a dia na "cidade dos desencontros" ganha umaproporção espantosa. Há, aqui, a possibilidade de nascer emorrer com cem anos podendo almoçar sem repetir o mesmorestaurante, além de escolher entre aproximadamente mil etrezentas salas de cinema quando der vontade de ver um filme.Para quem procura um contato mais pessoal pode encontrarquase quatrocentos espetáculos de Teatro, Dança, Circo eperformance sendo apresentados diariamente; sem falar noseventos de música - eternamente populares - e nas exposições dearte.

Por falar nisso os paulistanos esperam ansiosamente amegaexposição de cento e setenta obras do consagrado artistada Pop Art Andy Warhol. Tamanha espera não é de sesurpreender levando em conta a popularidade de Warhol, e aindamais em se tratando de São Paulo, considerada por mim o centroPop do Brasil.

Toda essa oferta gera uma demanda inimaginável, a nãoser que você perceba que pode demorar semanas ou meses paraconseguir rever um amigo, ou que você pegue um metrô lotado nafamosa "hora do rush" (inconcebível para mim até então) na linhavermelha. Essa linha é responsável pela revitalizarão deinúmeras ferrovias esquecidas desde a queda da economiacafeeira e proporciona também a incrível experiência de estar naestação da Sé na bendita hora em que nos sentimos "como gadoa caminho do matadouro".

Entretanto esse trajeto concentra em si a região maisincrível da cidade a meu ver: o antigo Centro Novo, com seusprédios destacando a arquitetura e o abandono do período deascensão do mercado econômico nacional. Definitivamente essaé a minha região preferida da cidade, que durante o dia parecenão fechar com sua atual estética residencial, e que a partir da"hora mágica" recebe todos os seres da noite sejam eles carnaisou não.

A noite é uma coisa bastante controversa em São Paulopara quem gosta da rua, principalmente depois da lei anti-fumo edo "Psiu" que pegou a Rua Augusta e região no exato momentoem que ela passava por uma renovação; ressurgiram casasnoturnas, a Praça Roosevelt configurando-se como o point dosartistas de teatro, o Bloco de rua Baixo-Augusta, e a famosadeambulação noturna que fez da região muito mais do que umazona de prostituição.

Dizem por aqui que "praia de paulista" é shopping(lugares assustadores), entretanto a noite é certamente dosbarzinhos e de um novo tipo de curtição cada vez mais popularentre os habitués noturnos: as festas em casa. Cada vez maisesse tipo de balada invade os salões de condôminos,

ACidade dos Desencontros