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ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS
Consequências da Guerra do Pacífico
Camila Esther Röhsig Lopez1
Gabriel Tabbal Mallet2
Raquel Luckow Ferreira3
Renata da Luz Dorneles4
1. Introdução
A Organização dos Estados Americanos (OEA) é o mais antigo organismo regional do mundo
(OEA, s.d.), da qual fazem parte todos os 35 países independentes do continente americano. Sua
fundação remonta à assinatura, em 1948, da Carta da OEA, mais importante documento desta
organização internacional, que estabelece princípios e objetivos dos Estados-membros e do próprio
organismo.
Em seu Artigo 2º, “a Organização dos Estados Americanos estabelece como propósitos
essenciais os seguintes”, dentre outros: “garantir a paz e a segurança continentais” e “assegurar a
solução pacífica das controvérsias que surjam entre seus membros”. Ademais, em seu Artigo 3º,
estabelece que “as controvérsias de caráter internacional, que surgirem entre dois ou mais Estados
americanos, deverão ser resolvidas por meio de processos pacíficos” (OEA, 1948).
Um dos mais antigos conflitos existentes no continente americano remonta às disputas
territoriais e marítimas entre Bolívia, Chile e Peru. Após a independência das colônias espanholas na
América, os limites entre os países recém formados era controverso. A Bolívia havia herdado do
Vice-Reinado do Rio da Prata, território sob administração da Espanha no período colonial, 400
quilômetros de costa e cerca de 120 mil quilômetros quadrados a mais de território em comparação à
área que tem hoje (BBC, 2018). A região era explorada por empresas de capital chileno e britânico
devido às reservas de cobre e salitre. Contudo, um aumento nas taxas de impostos por parte do
governo boliviano provocou a invasão chilena ao território, causando a Guerra do Pacífico, entre 1879
e 1884 (BBC, 2004). Logo em seguida, o Peru se envolveu no conflito, como aliado boliviano. O
Chile se saiu vencedor da guerra, anexando toda a região litorânea boliviana e parte do território
peruano.
1 Graduanda do 2º semestre de Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do 2º semestre de Design na Escola
Superior de Propaganda e Marketing Sul. 2 Graduando do 2º semestre de Relações Internacionais na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 3 Graduanda do 1º semestre de Engenharia Ambiental na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 4 Graduanda do 1º semestre de Publicidade e Propaganda na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
A guerra gerou consequências que geram reivindicações até hoje dos Estados derrotados. Para
a Bolívia, a falta de acesso ao mar atrapalha seu desenvolvimento, principalmente encarecendo as
exportações e privando o país dos recursos do território anexado (Le Monde Diplomatique Brasil,
2015), sendo o país mais pobre da América do Sul. Assim, a Bolívia exige uma negociação com o
Chile para a restituição de um acesso soberano ao mar, fato declarado na Constituição do país. Já para
o Peru, a divergência está no mar, não em terra. Peruanos e chilenos divergem sobre como traçar a
linha imaginária que determina o mar territorial e a zona econômica exclusiva de cada país (Nexo
Jornal, 2016). Embora em 2014 o conflito aparenta ter sido resolvido, a modificação nas fronteiras
bolivianas poderia trazer à tona a questão da divisão marítima. A região tem alta importância
econômica devido à pesca na região.
Cabe aos delegados e delegadas da Organização dos Estados Americanos, portanto, buscar
encontrar uma solução pacífica para o impasse que envolve os três países na costa do Pacífico, o qual
já perdura por mais de um século. Tal ação deve respeitar a soberania dos Estados envolvidos,
devendo-se sempre levar em conta a política externa dos países participantes do debate e as
competências da OEA perante a situação.
2. Contexto histórico: Guerra do Pacífico
Limites antes da Guerra do Pacífico (áreas coloridas) e depois da Guerra (linhas pretas)
Azul – território chileno
Amarelo – território boliviano
Salmão – território peruano
Fonte: Ficheiro: Map of the War of the Pacific.en.svg
2.1. Antecedentes e causas
Os autores Foster e Clark classificam a guerra como consequência da “maldição dos nitratos”
(SQUEFF, 2016 apud FOSTER; CLARK, 2005). A região disputada era cobiçada por seus recursos
naturais — guano e salitre — capazes de serem transformados em nitrato de sódio, que, além de
servirem como fertilizantes, eram também utilizados para a produção de munição (SQUEFF, 2016
apud VELASQUEZ, 2013).
No entanto, cabe destacar que os conflitos entre esses territórios não foram uma novidade. Em
seu períodos pós-independência, na primeira metade do século XIX, a República Chilena viu-se em
um momento de maior crescimento de sua economia (DÍAZ, 2014 apud RODRÍGUEZ, 2010),
enquanto seus vizinhos, Peru e Bolívia, demonstravam uma queda no mesmo setor (VILABOY,
2013). Em 1836, esses últimos dois países de maioria indígena, sob comando do General Andrés de
Santa Cruz, formaram a Confederação Peru-Boliviana. Sua existência, porém, foi breve, visto que a
elite chilena, liderada pelo ministro de Estado Diego Portales, considerou essa aliança uma ameaça
aos interesses chilenos. Com isso, desencadeou-se uma guerra que durou até 1839 e resultou no fim
da confederação (VILABOY, 2013).
Durante anos, o território fronteiriço entre a Bolívia e o Chile permaneceu sem qualquer forma
de demarcação oficial. Ambos consideravam o deserto do Atacama como uma fronteira natural,
todavia nada era definido. Essa situação resultou em diversas invasões ao território na época
boliviano, como as do Chile a Mejillones — uma cidade da região de Antofagasta — tanto em 1847
quanto em 1862 (VILABOY, 2013).
Contudo, uma nova etapa nas relações diplomáticas entre os dois países foi alcançada quando
foi criada uma aliança antiespanhola. Dessa maneira, foi possível que em 1866 fosse firmado o
primeiro tratado de limites entre Bolívia e Chile. Em suma, era acordado que a divisão do território
seria estabelecida no paralelo 24° latitude sul – sendo as terras ao sul pertencentes à República
Chilena enquanto aquelas ao norte pertenceriam à Bolívia (SQUEFF, 2016 apud REYES, 2010).
Ademais, seriam repartidos os lucros obtidos da exploração de Mejillones e das áreas entre os
paralelos 23° sul e 25° sul, além de que os portos bolivianos se abririam para a exportação chilena de
minerais e importação de seus produtos sem a cobrança de impostos (VILABOY, 2013).
As duas nações pareceram satisfeitas com a realização desse acordo. Entretanto, com o passar
do tempo, forças estrangeiras foram atraídas para a região, que começou a ser explorada cada vez
mais por empresas anglo-chilenas (CHARÃO; FILIPPI, 2014 apud DOZER, 1966). Com isso, a
República da Bolívia notou que não obtinha nenhum benefício com essa situação, logo, solicitou que
o acordo fosse revisado. Em seguida, foi determinado o Protocolo de Corral-Lindsay, em 1872, que
examinou certos pontos do antigo tratado, o qual foi reformulado em 1874. Em sua nova versão,
mantinha-se a linha divisória no paralelo 24° sul, mas retirava-se a divisão de direitos de exportação
dos minerais entre os paralelos 23° sul e 25° sul, sendo decidido que a Bolívia não aumentaria os
impostos sobre a exportação dos recursos por 25 anos (VILABOY, 2013).
Por outro lado, na região peruana de Tarapacá, o governo peruano de Manuel Prado viu como
opção para fugir de sua crise, a monopolização dos campos de guano e salitre. Todavia, a hegemonia
econômica dos chilenos e estrangeiros explorando terras bolivianas ainda era uma ameaça para o país,
logo, segundo Dozer (1966), este passou a pressionar a Bolívia para que tomasse uma decisão que
mudasse tal situação (SQUEFF, 2016) — tendo os dois países já assinado o Tratado de Aliança
Defensiva em 1873, que buscava proteger os recursos naturais de ambos os territórios, bem como o
deserto de Atacama, como é possível ver no seguinte trecho:
Artigo 1º - As partes contratantes se unem para garantir mutuamente sua
independência, sua soberania e a integridades de seus territórios respectivos,
obrigando-se nos termos do presente tratado a defender-se de toda agressão externa,
assim seja de um ou outro Estado independente ou de uma força sem bandeira que não
obedeça a nenhum poder reconhecido. (TRATADO DE ALIANÇA DEFENSIVA
PERU-BOLÍVIA, apud FILIPPI; CHARÃO, 2014, p.58)
Diante de tal problemática, e concomitantemente almejando mais vantagens para sua nação,
a Bolívia — naquela época governada por Hilarión Daza — optou por violar, em 1878, o acordo
realizado com o Chile (ROSALES, 2011 apud FILIPPI; CHARÃO, 2014, p.58) e aumentou seus
“impostos em 10 centavos sobre cada 100 quilos de salitre extraídos desde 1874 entre os paralelos
23°S e 24°S” (REYES, 2010, p. 53 apud SQUEFF, 2016, p.74). O autor Roca reproduz o artigo único
dessa lei:
Aprova-se a transação efetuada pelo Executivo de 27 de novembro de 1873, com o
procurador da Cia. de Salitres y Ferrocarril de Antofagasta a condição de pagar em
dinheiro, pelo menos um imposto de 10 centavos por quintal de salitre exportado.
(ROCA, 2004, p. 24 apud FILIPPI; CHARÃO, 2014, p.59)
Essa atitude desagradou os empreendedores chilenos que se recusaram a realizar a medida
(CAIVANO, 1904), o que levou o governo boliviano a tomar os bens da Compañia de Salitres y
Ferrocarril de Antofagasta (SQUEFF, 2016 apud SEBBEN, 2010). Em seguida, em fevereiro do ano
subsequente, a República Chilena invadiu o território boliviano, tomando os portos de Cobija,
Mejillones e Gatico, além das cidades de Calama e São Pedro do Atacama junto dos campos de
minérios de Caracoles (PAREDES, 2006, p.61 apud SQUEFF, 2016, p.75). Esses acontecimentos
levaram a Bolívia a declarar guerra ao Chile em 1º de março do mesmo ano. Em contrapartida, o
Estado peruano preferia uma saída diplomática e buscou um acordo para que os exércitos chilenos se
retirassem da Bolívia — buscando também evitar maior controle chileno sobre os recursos naturais.
O Chile recusou tal proposta e o Peru, não podendo permanecer neutro visto que a Bolívia havia
invocado casus foederis (invocando sua aliança), se envolveu no conflito. Em 5 de abril de 1879, o
Chile declarou guerra aos seus vizinhos andinos e o confronto se iniciou (VILABOY, 2013).
2.2. O confronto
2.2.1. Primeira etapa da guerra
A primeira parte da Guerra do Pacífico durou até outubro de 1879 e é caracterizada pelo seu
aspecto estritamente naval (JORDÃO; ROCHA, 2016 apud VILABOY, 2013). Nela, se enfrentaram
apenas os Estados do Chile e do Peru, que possuíam uma rivalidade pela hegemonia marítima —
além do fato da Bolívia não ser dotada de uma força naval na época. Foi nessa parte do conflito que
o Estado boliviano perdeu a sua saída para o mar, direito reivindicado até os dias atuais pelo seu
governo.
Apesar da aparente desvantagem de ter duas nações inimigas nesse combate, o confronto naval
rendeu ao Chile importantes vitórias. Seu sucesso nas batalhas em Iquique (maio, 1879) e em
Angamos (outubro, 1879) lhe concederam a supremacia nessa parte da guerra (ENCYCLOPAEDIA
BRITTANICA, 2018) — além do triunfo sobre a mais poderosa unidade bélica do Peru, o navio
Independência. Definida a superioridade naval chilena, os soldados partiram em direção a Tarapacá
no território boliviano. Acabava, dessa forma, a primeira fase da Guerra do Pacífico (VILABOY,
2013).
2.2.2. Segunda etapa da guerra
A segunda etapa desse confronto andino é marcada por uma campanha terrestre (JORDÃO;
ROCHA, 2016 apud VILABOY, 2013), que durou até janeiro de 1881. Nela, cabe destacar o maior
número de conflitos entre grandes unidades militares.
Durante esta parte da guerra, o exército chileno chegou à região costeira peruana de Pisagua
e, a partir desse ponto, conquistou Tarapacá. Pode-se dizer que foi nesse momento que a aliança entre
Peru e Bolívia sofreu um grande abalo. O presidente Daza da Bolívia retirou suas tropas e abandonou
seus aliados, facilitando, dessa forma, a conquista chilena de outras regiões peruanas. Tendo diversas
regiões abundantes em recursos minerais sob seu comando, o Chile reiniciou sua exploração.
Por outro lado, no contexto político, ressalta-se que as nações aliadas sofreram processos
semelhantes. No Peru, o presidente Mariano Ignacio Prado renunciou seu cargo que passou às mãos
de Nicolás de Piérola, enquanto na Bolívia, Daza foi substituído pelo general Narciso Campero. Este
último comandou uma tentativa que buscou mobilizar novamente as forças bolivianas e peruanas, o
que resultou na sangrenta batalha do Alto da Aliança em Tacna. Esta apenas demonstrou novamente
a superioridade militar da República Chilena.
A segunda etapa da Guerra do Pacífico finalizou-se com a ruína do acordo entre o Peru e a
Bolívia, apoiada pela oligarquia desse último país, o qual se encontrava desejoso de desvincular-se
do conflito. Dessa forma, o Peru viu-se como único oponente do Chile e, em 17 de janeiro, os
invasores ocuparam a cidade de Lima, forçando a busca por refúgio do então presidente e
permanecendo no local por dois anos (VILABOY, 2013).
2.2.3. Terceira etapa da guerra
A terceira parte desse confronto sul americano é basicamente caracterizada como uma fase de
resistência peruana (JORDÃO; ROCHA, 2016 apud VILABOY, 2013), que contou com a
participação de guerrilhas que traziam consigo forças indígenas e mestiças. Além disso, nessa parte
do conflito os Estados Unidos ofereceram ao Peru sua mediação na guerra contanto que algumas
concessões fossem feitas ao país norte americano — essa atitude demonstra as tendências
imperialistas do expansionismo norte-americano. Contudo, o plano não teve sucesso graças à
interferência chilena. Os combates finalmente tiveram fim em julho de 1883, na batalha de
Huamachuco, com a vitória chilena (VILABOY, 2013).
2.3. Considerações finais acerca da guerra
No mesmo ano da última batalha, foi firmado o Tratado de Ancón (CHARÃO; FILIPPI, 2014
apud REYES, 2009) entre o Peru e o Chile, que estabelecia que o território de Tarapacá passaria a
pertencer à República Chilena, enquanto as regiões de Arica e Tacna ficariam sob controle chileno
por dez anos, depois dos quais seria realizado um plebiscito para que sua territorialidade fosse
decidida (elas foram devolvidas ao Peru apenas em 1929, após pressões diplomáticas e junto de uma
indenização). Ademais, em outubro daquele ano, as forças chilenas se retiraram da cidade de Lima.
No ano seguinte, em 1884, Bolívia e Chile assinaram o Pacto de Trégua, que legitimava a ocupação
chilena de Antofagasta e a perda da saída ao Pacífico boliviana. Cabe destacar que em 1904 foi
realizado o Tratado de Paz e Amizade que, além de ratificar os elementos do Pacto de Trégua,
reconheceu o controle chileno sobre as regiões de Chilcaya e Ascotán, além de obrigar o Chile a
construir uma ferrovia entre Arica e La Paz, para suprir a falta de uma saída do mar soberana à Bolívia
e impedir que qualquer uma das nações retomassem o conflito sem que fosse notificada tal ação com
a antecipação de um ano (VILABOY, 2013).
3. Apresentação do Problema
Os acordos feitos após o término da guerra, contudo, não foram eficazes para a estabilização
das reivindicações políticas quanto às regiões anexadas pelo Chile durante o conflito bélico. Tanto o
Estado da Bolívia quanto a República do Peru divergiram historicamente com a República do Chile
em relação aos limites estabelecidos.
No século XXI, as divergências decorrentes da Guerra do Pacífico ganharam novamente
relevância internacional, com o ingresso de ações na Corte Internacional de Justiça contra o Chile.
Contudo, enquanto a ação ingressada pelo Peru teve seu veredito divulgado em 2014, atendendo aos
interesses de ambos os países e encerrando o atual conflito fronteiriço entre os países, a CIJ ainda não
se pronunciou quanto à reivindicação boliviana.
3.1 O norte do Chile e a reivindicação boliviana
Adaptado de: https://espanol.mapsofworld.com/continentes/sur-america/chile
O extremo norte do atual território chileno é constituído de áreas conquistadas durante a
Guerra do Pacífico e é dividido em três regiões: Arica y Parinacota, Tarapacá e Antofagasta, sendo
as duas primeiras regiões pertencentes antigamente à República do Peru, e a terceira, ao Estado da
Bolívia.
A perda do território boliviano tornou-se extremamente prejudicial para a economia do país:
além de ser desapossada de uma região rica em recursos minerais, também houve a perda do acesso
ao Oceano Pacífico, encravando a nação no interior do continente sul-americano. Isso atrapalha seu
desenvolvimento, principalmente encarecendo as exportações e privando o país dos recursos do
território anexado (Le Monde Diplomatique Brasil, 2015).
3.1.1 A exploração mineradora
A região de Antofagasta constitui uma das principais reservas minerais do mundo. Entre
outros metais, encontram-se grandes jazidas de cobre, lítio, molibdênio, ouro e prata. O
desenvolvimento e a urbanização da região surgiram a partir da atividade da mineração, sendo até
hoje a principal atividade econômica. A região, até a crise de 1929, era dependente da exploração e
da exportação do salitre. Contudo, a exploração de cobre, iniciada em 1910, é, atualmente, a atividade
econômica mais importante (LARDÉ, CHAPARRO e PARRA; 2008).
A exploração mineradora na região deu-se ainda enquanto o território pertencia à Bolívia.
Entretanto, a maior parte das empresas que extraíam os minérios eram anglo-chilenas, que deviam
pagar impostos ao governo boliviano para a exploração do local. O aumento nas tarifas é considerado
o principal fator para o início da Guerra do Pacífico, mostrando a importância econômica da região
para a economia chilena naquela época.
Atualmente, a mineração permanece sendo uma atividade econômica de alta importância para
o Chile. Aproximadamente 9% do Produto Interno Bruto do país provém da indústria mineradora.
Ademais, o cobre é a principal matéria de exportação: em 2015, 49% das exportações chilenas eram
desta matéria prima (DIRECON, 2017). A produção nacional de cobre concentra-se em Antofagasta:
a região aportou 2,9 milhões de toneladas de cobre à produção nacional, isto é, cerca de 53% da
produção do país (MCH, 2017).
Dessa maneira, é possível notar a importância da região para a economia não só chilena, como
mundial: o Chile é o maior produtor mundial de cobre (36% do total da produção no mundo), sendo
que a maior parte desta produção provém de Antofagasta. O cobre caracteriza-se por ser um metal
que, devido a suas propriedades, é muito utilizado na produção de materiais condutores de
eletricidade, sendo vital na indústria atual. É importante destacar, também, a produção de lítio: o
Chile é o maior produtor desta matéria prima no mundo (50% da produção mundial provém de minas
chilenas), sendo que a maior parte das reservas minerais estão na região de Antofagasta. Assim, a
perda boliviana deste território é também uma importante perda econômica, visto que o PIB total
estimado do país em 2018 é de aproximadamente 40 bilhões de dólares, valor equivalente à parte do
PIB chileno proveniente da mineração.
3.1.2 A localização estratégica e a perda do acesso boliviano ao Oceano Pacífico
A maior reivindicação boliviana, contudo, refere-se à negociação para um acesso soberano ao
Oceano Pacífico. A região de Antofagasta representava a única saída marítima boliviana, fator de
vital importância para o desenvolvimento de uma economia.
Em todos os continentes, a nação mais pobre é exatamente a que não tem acesso ao
mar [...] Mas os bolivianos são os únicos que perderam seu litoral após uma guerra.
Por isso eles vivem essa situação não como uma fatalidade geográfica, mas como uma
injustiça (Le Monde Diplomatique Brasil, 2015).
3.1.2.1 O impacto no desenvolvimento da economia boliviana
O acesso boliviano ao Oceano Pacífico, atualmente, dá-se por meio do território chileno, como
assinado no Tratado de 1904, no qual é garantido o trânsito comercial boliviano pelo território e pelos
portos do Chile. A Bolívia goza de autonomia aduaneira nos portos de Arica e Antofagasta, onde o
governo de Evo Morales tem sua própria autoridade aduaneira e dita as taxas de importação (El País,
2015). Desse modo, o governo chileno reconhece que cumpre com suas obrigações internacionais e
que a Bolívia possui acesso ao mar.
O governo boliviano, entretanto, aponta diversos prejuízos que a economia e o povo
bolivianos sofrem constantemente com a falta de um acesso soberano ao mar. Tendo como base
estudos, pesquisas e dados do Banco Mundial, a Bolívia afirma que suas exportações chegam a ser
55% mais caras do que as feitas pela República do Chile. O estoque de produtos é considerado
extremamente limitado, uma vez que há dificuldade no acesso a depósitos no Porto de Arica, porto
mais utilizado pelo comércio boliviano, onde passam 40% do fluxo de bens do país. Além disso, a
Câmara de Transporte Pesado de El Alto afirma que os trâmites burocráticos chilenos fazem o país
perder cerca de 25% de competitividade comercial diante de seus vizinhos. O governo boliviano
afirma que “embora os problemas de desenvolvimento humano, econômico e social da Bolívia não
sejam resultado exclusivo de seu isolamento forçado, é evidente que essa situação limita seu potencial
de desenvolvimento”.
Apesar de que este assunto seja de vital importância para a Bolívia desde a perda efetiva do
território, tornou-se ainda mais relevante a partir do governo de Evo Morales, presidente do país desde
2006. Embora haja posições distintas em relação à atuação política do governo Morales, sobre a
condução da economia os especialistas nacionais e internacionais convergem. O crescimento ocorrido
nos governos do presidente Evo Morales, que está no poder há mais de 10 anos, tem sido chamado
de “milagre econômico boliviano” (BARRÍA, 2017).
O alto desenvolvimento econômico boliviano se iniciou em 2006, a partir da nacionalização
da indústria de hidrocarbonetos, tais como gás e petróleo. Com a estatização de diversas empresas
privadas e a aplicação da nova tributação sobre a produção, as receitas do Estado aumentaram,
permitindo um maior investimento e controle público sobre a economia. Tais medidas trouxeram
resultados positivos: a média anual do crescimento econômico boliviano se aproxima dos 5% desde
o início do governo de Morales.
No entanto, o posicionamento do presidente boliviano é de que o crescimento econômico
poderia ser ainda maior se o país tivesse acesso soberano às costas do Pacífico, facilitando e
barateando as exportações. Nesse contexto, o sentimento nacional no país quanto a necessidade de
reconquistar o acesso marítimo, já sólido, foi incentivado e fortalecido pelas políticas de Morales. A
Constituição Boliviana, aprovada em 2009 em plebiscito nacional, afirma, em seu Capítulo Quarto
(“Reivindicação Marítima”), no Artigo 267:
I. O Estado boliviano declara seu direito irrenunciável e imprescindível sobre o
território que lhe dê acesso ao Oceano Pacífico e seu espaço marítimo.
II. A solução efetiva à divergência marítima através de meios pacíficos e o exercício
pleno da soberania sobre o dito território constituem objetivos permanentes e
irrenunciáveis do Estado boliviano (Constitución Política del Estado, 2009)
3.1.2.2 A Ferrovia Transoceânica Brasil-Bolívia-Peru
Embora o governo boliviano tenha como principal objetivo a reconquista de uma saída
soberana ao mar, o país vem, nos últimos anos, realizando acordos com outros países e, também,
investindo em infraestrutura que poderia amenizar os prejuízos de não ter uma região costeira.
Recentemente, um novo projeto de integração regional poderia baratear os custos e facilitar a
exportação, escoamento e importação bolivianas: a construção da Ferrovia Transoceânica, que ligaria
o Oceano Atlântico ao Pacífico, passando por Brasil, Bolívia e Peru.
Inicialmente, o projeto de um trem bioceânico passaria apenas por dois países: Brasil e Peru.
Tal projeto seria financiado pela China, que veria uma possibilidade de, dentre outros benefícios,
facilitar o acesso de produtos brasileiros ao Oceano Pacífico para exportação. Contudo, o projeto foi
criticado por diversos motivos: seu traçado passava pela Floresta Amazônica, passando por reservas
ambientais e indígenas, e teria de cruzar os Andes Peruanos, elevando o custo do projeto e as
dificuldades técnicas. Ademais, o projeto tensionou as relações entre o Peru e a Bolívia, cujo
presidente, Evo Morales, protestou ao saber que a estrada de ferro passaria por fora do território
boliviano. "Não sei se o Peru está jogando sujo", disse Morales em outubro. Segundo ele, a ferrovia
seria "mais curta, mais barata" se passasse pela Bolívia (LISSARDY, 2015).
Diante das adversidades de tal projeto e do posicionamento contrário boliviano, atualmente
uma nova proposta vem ganhando destaque no cenário internacional: a Ferrovia Transoceânica
passaria a ligar o Porto de Santos, no Oceano Atlântico, ao Porto de Ilo, no Peru, banhado pelo Oceano
Pacífico, passando pelo território boliviano. Tal projeto, já aprovado pelo governo brasileiro, seria
financiado pela Alemanha e pela Suíça e seu nome oficial é Corredor Ferroviário Bioceânico Central.
Além de Bolívia, Brasil e Peru, o trem bioceânico também poderia beneficiar outros países porque a
cidade boliviana de Puerto Quijarro serviria como ponto de enlace entre uma futura hidrovia
Paraguai-Paraná e a ferrovia para exportar produtos do Paraguai, Uruguai e Argentina pelo Oceano
Pacífico (EBC, 2017).
Corredor Ferroviário Bioceânico de Integração
Fonte:_http://www.patrialatina.com.br/china-interessada-em-financiar-projeto-boliviano-de-ferrovia-bioceanica/
A construção da Ferrovia Transoceânica beneficiaria a economia boliviana. Além do país ter
maior facilidade de transporte de produtos com diversos outros países sul-americanos, a Bolívia
ganharia dois acessos indiretos ao mar: um pelo Oceano Atlântico, através do Brasil, e outro pelo
Oceano Pacífico, escoando seus produtos para o porto de Ilo. Nesse contexto, a ferrovia é vista como
uma possibilidade de reduzir as exportação via portos chilenos, o que agrada a população e o governo
bolivianos. Cerca de 80% das exportações bolivianas saem pelo porto chileno de Arica (EBC, 2017).
Dessa forma, o trem bioceânico poderia causar um profundo impacto nas relações bilaterais entre
Chile e Bolívia, representando o fim de uma dependência do uso de portos chilenos pelas empresas
bolivianas, o que poderia até mesmo prejudicar a própria economia do norte do Chile.
3.1.2.3 A demanda boliviana na Corte Internacional de Justiça
Em 2013, o país ingressou com uma ação na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em que
busca um veredito para que o Chile seja obrigado a negociar o acesso soberano com o governo
boliviano. As reivindicações e os argumentos bolivianos foram resumidos no “Livro do Mar” (“El
Libro del Mar”, originalmente), documento publicado em 2014 e que, desde então, tem sua leitura
considerada obrigatória nas escolas do país.
Nenhuma controvérsia internacional ou conflagração bélica que afetou a Bolívia em
sua história ocasionou uma perda tão importante quanto a Guerra do Pacífico. Esta
privou a Bolívia de sua soberania marítima e sua presença no Oceano Pacífico, um
cenário geopolítico e econômico fundamental.
O Chile é consciente do prejuízo ocasionado e admitiu, em reiteradas oportunidades,
que a Bolívia não pode ficar indefinidamente enclausurada. Por esta razão assumiu a
obrigação de negociar com a Bolívia um acesso soberano ao Oceano Pacífico através
de acordos e declarações unilaterais.
Diante desta situação, Bolívia se viu na necessidade de utilizar-se dos mecanismos de
solução pacífica de controvérsias internacionais previstos no Direito Internacional e,
por tanto, acudiu à Corte Internacional de Justiça a fim de encontrar uma solução a
este problema mais que centenário.
[...]
A Bolívia solicita à CIJ que “julgue” e “declare” que: a) Chile tem a obrigação de
negociar com a Bolívia com a finalidade de alcançar um acordo que outorgue à Bolívia
uma saída plenamente soberana ao Oceano Pacífico; b) Chile descumpriu tal
obrigação; c) O Chile deve cumprir tal obrigação em boa fé, eficaz e formalmente, em
um prazo razoável e de maneira efetiva, a fim de outorgar à Bolívia uma saída
plenamente soberana ao Oceano Pacífico (Ministerio de Relaciones Exteriores de
Bolivia, 2014).
A reivindicação boliviana é, portanto, não a soberania sobre uma área de terra específica. O
posicionamento boliviano visa à disposição chilena para negociações que resultem neste acesso
soberano ao Oceano Pacífico. O governo do Chile, em sua defesa, aponta que cumpre com o Tratado
de 1904 e que a Bolívia busca renegociá-lo, o que é juridicamente inviável. A então presidente do
Chile, Michelle Bachelet (2006 - 2010; 2014 - 2018), afirmou que “a demanda boliviana carece de
toda base pois confunde direito com aspirações”.
3.2 A questão da divisão marítima
A outra reivindicação que parte das mudanças dos limites entre os países após a Guerra do
Pacífico é a questão da fronteira marítima. A região disputada do Oceano Pacífico também tem
importância econômica para os Estados devido à questão da pesca na área.
Atualmente, não há divergências explícitas quanto aos limites da divisão marítima. Em 2014,
a CIJ decidiu, após ingresso de ação peruana à Corte, um novo limite marítimo entre Peru e Chile,
que foi bem aceito por ambos os países. Entretanto, a mudança da situação do acesso soberano
boliviano ao mar poderia representar uma nova divergência em relação às fronteiras marítimas.
3.2.1 A importância econômica da região
A região do Pacífico costeira ao norte do Chile e ao sul do Peru possui um alto valor
econômico devido à riqueza em peixes neste território. Desse modo, é uma região de interesse para
ambos os países, que têm a pesca como importante fator de contribuição para sua economia, além de
ser uma atividade muito praticada pelas populações litorâneas, sendo fonte de renda e de emprego.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, o Peru é o
segundo maior produtor mundial de pescados. A captura no mar continental peruano se estima entre
400 mil e 500 mil tonelados por ano. O presidente do Instituto do Mar do Peru (Imarpe) estimou que
a exploração e o aproveitamento pleno dos recursos marítimos calculados por essa instituição no
triângulo reivindicado pelo país pode incrementar o potencial econômico do mar em até 15%
(GESTIÓN, 2016).
A pesca para o Chile também tem alta importância econômica, sendo a maior parte da
produção realizada no norte do país. A pesca extrativista dá trabalho a mais de 150 mil pessoas e
representa 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país (JARROUD, 2016). Cabe destacar que tanto
Chile quanto Peru se destacam, também, na produção de farinha e óleos de peixe. A Organização
Internacional de Farinha e Óleos de Peixe (IFFO, na sigla em inglês) destaca a importância da região
limítrofe entre Chile e Peru na produção destes produtos, que normalmente são produzidos a partir
da anchoveta, um dos peixes mais encontrados na região.
Além da anchoveta, é importante ressaltar as demais espécies de peixe presentes na área
disputada e que tem alto valor econômico. Dentre eles, pode-se destacar a vinciguerria, o
dourado-do-mar, o peixe-espada e o salmão. Nesse contexto, estabelece-se que a região é importante
para a pesca mundial e para as economias peruana e chilena.
3.2.2 A reivindicação peruana
Diante da situação mal resolvida após o término da Guerra do Pacífico e da importância
econômica da área para o Peru, em 2008 o país ingressou com uma ação na Corte Internacional de
Justiça, em que pedia ao tribunal que delimitasse a fronteira marítima com o vizinho de acordo com
uma linha equidistante, com o que ganharia 35 mil quilômetros quadrados de águas no Pacífico (Carta
Capital, 2014).
A controvérsia diante de como deveria ser traçada a fronteira marítima se dava diante do
marco fronteiriço terrestre entre os países: o Peru apontava que a fronteira marítima devia começar
no ponto Concordia, que é o ponto em que a fronteira terrestre entre o Peru e o Chile alcança o mar.
O Chile, por sua vez, argumentava que a fronteira marítima era definida pelo paralelo geográfico que
provém da projeção do marco N° 1 com a linha de baixamar, porque de acordo com seu ponto de
vista, é lá onde termina a fronteira terrestre (ROJAS CORREA, 2014).
As duas gravuras a seguir ilustram as controvérsias fronteiriças. A primeira figura mostra os
pontos considerados por ambos os países que deveriam ser usados para delimitar o limite marítimo.
Já a segunda figura permite a observação da reivindicação peruana diante da CIJ, buscando
estabelecer uma linha equidistante a partir de Ponto Concórdia, e os limites considerados pelo Chile
para a divisão territorial.
O limite terrestre entre Peru e Chile, destacando-se o Marco n°1 (Hito N° 1) e Ponto Concórdia
Fonte:_https://latinamericahoy.es/2014/09/04/la-controversia-en-la-frontera-maritima-peru-chile-y-el-triangulo-terrestre/
Posições de Peru e Chile diante da demanda de 2008 do Peru diante da CIJ de Haia
Fonte:_https://latinamericahoy.es/2014/09/04/la-controversia-en-la-frontera-maritima-peru-chile-y-el-triangulo-terrestre/
A decisão da CIJ, anunciada em 2014, deu fim à controvérsia entre os países, conciliando os
interesses e as posições de ambas as partes. Mesmo que não tenha sido totalmente satisfeitas as
pretensões de Peru e Chile, a decisão foi acatada pelas partes, que tomaram medidas bilaterais e
internas para cumpri-la (MÉNDEZ CHANG, 2014).
Em seu parecer, foi estabelecido que a fronteira seguirá uma linha paralela por oitenta milhas,
seguindo em direção sul até um ponto “B”, seguindo em linha reta até a altura das 200 milhas até um
ponto “C”. Assim, o mar peruano foi estendido, ganhando uma porção de mar que o Chile considerava
de sua soberania. Contudo, a medida não acatou totalmente o pedido peruano, mantendo parte deste
território reivindicado ainda sobre soberania chilena. Os juízes não estabeleceram as “coordenadas
precisas”, algo que os dois países pedem: “A corte espera que as partes determinem estas coordenadas
de acordo com a decisão e no espírito de boa vizinhança” (EXAME, 2014). Diante dessa decisão,
ambos os países acordaram as coordenadas dos pontos mediante negociações bilaterais, definindo,
portanto, a fronteira marítima entre os países, conforme retratado abaixo.
Fonte:_https://latinamericahoy.es/2014/09/04/la-controversia-en-la-frontera-maritima-peru-chile-y-el-triangulo-terrestre/
3.2.3 A reivindicação boliviana
Embora os acordos entre Chile e Peru resolvam a situação vigente de fronteiras marítimas
entre os países, deve-se considerar que o cenário internacional pode mudar, tornando-o inválido. O
maior exemplo deste caso refere-se à busca boliviana por acesso soberano ao Oceano Pacífico,
podendo alterar a geopolítica da região e introduzir um novo fator na divisão dos limites marítimos.
Na hipótese de um acordo para que o Estado boliviano readquira soberania sobre territórios
litorâneos, deve-se considerar que o governo boliviano dificilmente abriria mão de de seus direitos
de exploração sobre o mar territorial - o que representaria uma “costa seca”, regiões costeiras que não
implicam em soberania sobre o mar adjacente. Contudo, o principal objetivo boliviano ainda é o
acesso ao Oceano Pacífico para facilitação e menor custo de importação e de exportação de bens.
3.3 A competência da Organização dos Estados Americanos perante os conflitos
Embora, no século XXI, os conflitos tenham sido levados para a Corte Internacional de Justiça
para resolução, a Organização dos Estados Americanos sempre teve um importante papel no fórum
multilateral e na resolução de impasses entre seus membros. A OEA tem como objetivos “incitar
ambos os países a estabelecer um diálogo que permita sua aproximação, o fortalecimento dos vínculos
entre ambos e finalmente, a solução de comum acordo das diferenças existentes” (BASCHAR, 2013).
Mesmo que a CIJ ainda não tenha declarado seu parecer quanto às reivindicações bolivianas,
deve-se considerar que a Assembleia Geral da OEA ainda serve como um espaço multilateral
americano de diálogo. Nesse sentido, independente se a Corte determinar que o Chile deve negociar
um acesso soberano ao mar com a Bolívia ou não, o assunto ainda pode ser debatido em seu âmbito,
podendo, inclusive, chegar a uma resolução definitiva quanto aos tópicos a serem tratados.
Ademais, a Resolução 426 da OEA, aprovada em 1979, pode ser considerada um dos
principais feitos diplomáticos bolivianos em relação à resolução das divergências decorrentes da
Guerra do Pacífico. Nesta, está declarado que é de interesse hemisférico permanente encontrar uma
solução equitativa pela qual a Bolívia obtenha um acesso soberano e útil ao Pacífico (BASCHAR,
2013). A resolução foi aprovada por unanimidade, mas o Chile se recusou a participar da reunião.
Desse modo, embora tal resolução não tenha sido aprovada pelo governo chileno, a própria
organização reconhece a importância do debate deste tópico para todo o continente.
4. Ações Internacionais Prévias
Mesmo após a assinatura do Tratado de Paz e Amizade entre o Chile e a Bolívia e o Tratado
de Ancón entre o Peru e o Chile, as questões consequentes da guerra continuaram a ser abordadas no
meio internacional. Os séculos XX e XXI continuam marcados pelas consequências do conflito e as
negociações dos países envolvidos.
Em primeiro lugar, cabe destacar que, em 1922, o então governo de Bautista Saavedra (1921
– 1925) solicitou à Liga das Nações que o Tratado de Paz fosse revisado, ação completamente
rejeitada devido às pressões chilenas e de outras nações (FILIPPI; CHARÃO, 2014). No entanto,
outras propostas foram feitas, como a de 1926 do Secretário de Estado dos Estados Unidos, Kellogg.
Nela, o diplomata propunha uma alternativa aos países envolvidos: transferir as regiões de Tacna e
Árica à Bolívia sob compensações econômicas com as quais a Bolívia arcaria tendo em vista a
mudança dos direitos territoriais. Apesar de bem aceita pelas nações boliviana e chilena, a peruana
rejeitou a proposta, privando a Bolívia novamente de uma saída ao mar (FILIPPI; CHARÃO, 2014).
A situação dessas regiões só se resolveria em 1929, com o Tratado de Lima, que estipulava que a
província de Tacna seria reincorporada ao Peru, enquanto a de Árica continuaria sob domínio chileno
(VILABOY, 2013).
Em seguida, em 1973, houve outra tentativa de resolver a situação da Bolívia. A partir de
reuniões entre os generais Augusto Pinochet e Hugo Banzer o chamado Acordo de Charaña foi
firmado em 1975 (FILIPPI; CHARÃO, 2014). Tal negociação propunha que uma extensão de terra
ao norte de Árica fosse oferecida a Bolívia. No entanto, as condições do governo peruano fizeram
com que o acordo não tivesse sucesso, pois cobrava a trinacionalidade da região, uma compensação
territorial além da proibição de militarizá-la (FILIPPI; CHARÃO, 2014). Por fim, em 1978 houve
uma nova ruptura nas relações entre a Bolívia e o Chile (HISTORY). Em 1979, a Bolívia teve em seu
território a visita Assembleia Geral da Organização dos Estado Americanos, durante a qual foi
estabelecida a Resolução 426 que, em sua página 56, declarava o objetivo de solucionar o problema
marítimo boliviano, buscando a paz e promoção do progresso econômico e social da América
(ORGANIZATION OF THE AMERICAN STATES, 1979).
No século XXI, cabe destacar as ações feitas na Corte Internacional de Justiça contra o Chile.
Em primeiro lugar, em 2008, o Peru reivindicou uma nova delimitação da fronteira marítima entre os
dois países, contestando, dessa forma, o Tratado de Lima (1929) (FILIPPI; CHARÃO, 2014). Ambos
os países viam a importância dos recursos tanto pesqueiros quanto petrolíferos dessa área como
relevantes para suas economias. A discussão baseou-se nos documentos da Declaração de Santiago
(1952), que implantava a fronteira marítima no paralelo de latitude 18°, e no Acordo sobre a Zona
Especial de Fronteira Marítima (1954), apoiando-se em um princípio de equidistância. Por fim, a
corte expandiu a área marítima peruana, sem, no entanto, privar o Chile da área disputada (EL PAÍS,
2014). Com a entrada na presidência boliviana de Evo Morales, iniciaram-se discussões com a
presidente do Chile Michelle Bachelet (2006 – 2010), o que, em 2010, resultou na assinatura da
Agenda dos 13 pontos, nela apenas se expressava a necessidade de manter relações bilaterais acerca
do assunto e nenhuma ação concreta futura foi fruto desse acordo (FILIPPI; CHARÃO, 2014).
Ressalta-se que nesse mesmo ano, o líder peruano Alan García concedeu à Bolívia o direito de
construir um porto em uma pequena extensão da costa do pacífico (THE GUARDIAN, 2010).
A última ação tomada pela Bolívia para tentar recuperar sua saída ao mar foi recorrer, como
o Peru, ao Tribunal de Haia. Em abril de 2013, foi apresentado o Plano Diremar (FILIPPI; CHARÃO,
2014), o qual apresentava a demanda ao Chile pela obrigação de buscar um acordo que garanta à
Bolívia uma saída soberana (EL PAÍS, 2015). Durante o processo, o Chile justificou seu
posicionamento baseando-se no Tratado de 1904, segundo o qual é permitido o uso boliviano dos
portos marítimos chilenos e acusou a República Boliviana de violar o Pacto de Bogotá de 1948, em
que é acordado que em qualquer conflito deve-se buscar soluções por meios regionais antes de
recorrer aos internacionais. Após as declarações finais de ambos os países, eles esperam pelo veredito
da Corte (BBC, 2018).
5. Questões a ponderar
1. Como a Assembleia Geral da OEA deve se posicionar em relação à reivindicação boliviana
tendo em vista os princípios expostos na Carta da OEA e as resoluções já aprovadas
anteriormente pelo comitê (especialmente a resolução n° 426, de 1979)?
2. A Bolívia possui direito de acesso soberano ao Oceano Pacífico ou trata-se de uma
reivindicação baseada apenas em interesses político-econômicos, desrespeitando o Tratado de
Paz de 1904, assinado entre Chile e Bolívia?
3. Como seria possível conciliar as necessidades da Bolívia e do Chile, tendo em vista a
importância da mineração para a economia chilena?
4. Quais são as medidas, a curto e a longo prazo, a serem tomadas pela OEA para garantir que
sejam atenuados os impactos da mediterraneidade boliviana sobre sua população e sua
economia?
5. Quais são os impactos do projeto de construção da Ferrovia Transoceânica Brasil-Bolívia-
Peru nas relações políticas e econômicas entre os países sul-americanos e, especialmente, no
uso de portos chilenos pela Bolívia para importação e exportação?
6. Como se dariam os direitos econômicos de exploração dos recursos marítimos na faixa
marítima adjacente ao território no caso de acesso soberano boliviano ao mar, tendo em vista
o atual limite fronteiriço entre Chile e Peru e a necessidade de ser feita uma nova divisão
marítima?
7. Há realmente uma colaboração efetiva por parte dos países da América Latina em relação
à situação boliviana ou apenas um conjunto de medidas paliativas?
8. Quais seriam outras medidas alternativas para promover o desenvolvimento da Bolívia?
6. Posicionamento dos Países
A necessidade de acesso ao mar é um dos fatores principais da agenda do Estado
Plurinacional da Bolívia, uma vez que o país é um dos únicos do continente americano
completamente sem costa, o que atrapalha a economia do país de múltiplas formas, principalmente
no que se refere ao comércio internacional (exportação e importação). O Estado baseia a legitimidade
das suas reivindicações nas 11 resoluções da OEA que exigem que haja uma negociação pela saída
para o mar com o Chile, alegando que o Tratado de Paz de 1904 foi assinado por causa da pressão
econômica que o país sentiu no contexto pós guerra. Argumenta que, a partir das resoluções adotadas
pela OEA entre 1979 e 1989, a organização incentiva La Paz e Santiago a negociar a fim de fornecer
à Bolívia uma conexão territorial livre e soberana ao Oceano Pacífico. Sendo assim, é vital para os
bolivianos uma forma de acesso ao mar cedida pelo Chile.
Ao anexar os territórios limítrofes ao Peru, a República do Chile atingiu um potencial
econômico que não possuía antes, tendo em vista a grande riqueza natural do solo da região. Além
disso, os recursos obtidos pela administração dos portos utilizados pela Bolívia para realizar
transações comerciais com a costa do Pacífico tiveram um impacto positivo na arrecadação por meio
da privatização da administração portuária de Arica. O Chile mantém uma posição coerente e
contínua em relação à existência de uma disputa com a Bolívia, apesar das tentativas de ambos os
países para resolvê-la. Mantém-se firme ao afirmar que a revisão do Tratado de Paz e Amizade de
1904 é desnecessária, apoiando-se na Convenção de Viena de 1969 sobre o Direito dos Tratados, que
afirma que os tratados só podem ser revisados se forem realizados por meio de acordo comum entre
as partes. O Chile acredita que a realização de um acordo bilateral com a Bolívia é a melhor medida
para resolver a disputa, embora não pretenda ceder seu território sem receber, como recompensa, uma
alta indenização. Ademais, alega que a Bolívia quebrou o Pacto de Bogotá ao dirigir-se diretamente
à Corte Internacional de Justiça de Haia antes de tentar resolver o conflito regionalmente.
A República do Peru tem mantido uma relação cooperativa com a Bolívia, principalmente
no que tange às questões marítimas. Sendo assim, desde que não invada seu território, se mostra de
acordo com o acesso boliviano ao mar. No entanto, o Peru não é favorável a perder a sua fronteira
com o Chile, visto que desde 2014, após a decisão da Corte de Haia, os dois países estreitaram a sua
relação.
A República Argentina acredita em uma solução bilateral entre os dois países envolvidos no
conflito. No entanto, devido à sua boa relação com a Bolívia e seu histórico conflituoso com o Chile,
a Argentina tende a ficar do lado dos bolivianos na sua necessidade de acesso ao mar. Além disso, é
um dos países que mais importa produtos bolivianos, ajudando a economia do país.
A República Federativa do Brasil apoia com cautela as reivindicações bolivianas, visto que
possui interesses em uma forma de acesso ao oceano Pacífico e vê uma possibilidade de alcançá-lo
com a Bolívia devido à parceria entre os dois países. Além disso, visando ajudar economicamente, é
um dos países que mais importa produtos bolivianos. No entanto, o Brasil se esforça para não afetar
a sua relação com o Chile, que é, também, de grande importância para o governo brasileiro.
O Canadá mantém relações positivas com ambos os países envolvidos no conflito, por isso,
o país apoia que haja, de forma conjunta, um acordo, respeitando a soberania de ambos os países. Em
2001, o país sediou um encontro entre as nações envolvidas no problema territorial para buscarem
uma solução, o que mostra a vontade do Canadá de que haja um consenso. Sendo assim, é esperado
que o Canadá busque formas alternativas de ajudar a Bolívia, sem ferir suas relações com o Chile.
A República da Colômbia mantém boas relações com a República do Chile, porém
reconhece a importância vital do acesso ao mar para a Bolívia. Além disso, devido à proximidade
geográfica com a Bolívia, a Colômbia mantém-se receosa em prejudicar suas relações diplomáticas
com seu vizinho. Entretanto, defende a legitimidade dos tratados prévios entre Chile e Bolívia. Dessa
forma, espera que o conflito seja decidido de forma pacífica e benéfica para ambas as partes, buscando
soluções alternativas à cessão de território chileno à Bolívia.
Por manterem boas relações com os países envolvidos, a República da Costa Rica, El
Salvador, a República da Guatemala, a República Cooperativa da Guiana, a República do Haiti
e a República de Honduras apoiam uma solução vinda de ambas as partes, respeitando suas
respectivas soberanias. Para isso, dispõem de diversos acordos bilaterais econômicos que colaboram
com o crescimento boliviano. Sendo assim, nenhum dos países vai se opor às vontades chilenas e
sim, buscar soluções alternativas para os problemas da Bolívia.
A República do Equador tem sido um dos maiores apoiadores da Bolívia na questão
marítima. Portanto, o Equador urge que haja uma resolução para a demanda boliviana por parte do
Chile, com a cessão de terras e acesso a portos que permitam o exercício de atividades comerciais, de
forma que a Bolívia possa crescer economicamente.
A relação dos Estados Unidos da América com a Bolívia, apesar de não ser hostil, é
conturbada. Já com o Chile, o país mantém boas relações. Além disso os EUA acreditam que a
reivindicação boliviana deve ser contida por medo de rebeliões e revoluções vindas da população.
Desta forma, o país, que deu suporte aos chilenos durante a Guerra do Pacífico, apoia a legitimidade
do Tratado de Paz de 1904, visto que foi assinado pela Bolívia.
Os Estados Unidos Mexicanos (México), apesar de ter restabelecido as relações diplomáticas
com o Chile em 1990, devido ao seu histórico de disputas territoriais com os EUA, mantém-se
empático com a problemática territorial boliviana. Defende que a disputa seja resolvida por meio do
diálogo entre as duas nações e que se estabeleça um consenso.
Tendo estado em conflitos territoriais com outros países latino americanos, a República da
Nicarágua compreende a necessidade de uma resolução para a questão Chile-Bolíva que consiga
contemplar ambas as partes. Sendo assim, o país, devido ao seu histórico de relações bilaterais com
a Bolívia e mantendo firme a sua posição anti imperialista, espera que o Chile ceda alguma forma de
acesso ao mar aos bolivianos por meio de negociações diplomáticas pacíficas.
A República do Panamá possui uma relação bilateral estreita com a Bolívia, por isso, o país
apoia a abertura de um acesso marítimo para os bolivianos. Além disso, o Panamá tem um histórico
conturbado pela invasão estadunidense, o que o coloca em uma situação compreensiva em relação às
demandas bolivianas. Em 2000, o país sediou uma reunião entre os presidentes da Bolívia e do Chile
a fim de encontrar uma solução para a questão, mostrando a vontade panamenha de que o impasse
seja resolvido.
Assim como a Bolívia, a República do Paraguai depende de outros países para ter acesso ao
oceano. Sendo assim, o país é empático com a situação boliviana e apoia que a problemática seja
resolvida de forma pacífica e benéfica para ambas as partes.
A República Oriental do Uruguai, apesar de se manter neutra no que envolve a disputa
Chile-Bolívia, tem ciência da necessidade de acesso marítimo, visto que este permite à Bolívia
conectar-se aos portos uruguaios para fins de exportação de seus produtos. O Uruguai se mostrou
diversas vezes disposto a colaborar com a resolução do enclave entre o Chile e a Bolívia, tendo
sediado uma reunião entre as duas nações para discutirem a questão, no entanto, não resultou em
nenhum tipo de acordo, visto que o Chile rejeitou a proposta boliviana desde o início. Sendo assim,
o país é favorável a soluções alternativas para o impasse.
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