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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Título: O Sentido Social das Máscaras Africanas e o Seu Uso Como Objeto Pedagógico em Sala de Aula.
Autor: Evandro Carlos de Rezende Disciplina/Área: História
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Estadual José Guimarães – EFM - Av. Coruja, 672 – Cianorte – PR.
Município da escola: Cianorte
Núcleo Regional de Educação: CianorteProfessor Orientador: Ricardo Tadeu Caires SilvaInstituição de Ensino Superior: UNESPAR - FAFIPARelação Interdisciplinar: História, ArteResumo: A justificativa maior para a realização desta
pesquisa é o compromisso com a implantação das leis 10.639/03 e 11.658/08, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de cultura africana e afro-brasileira nas escolas públicas e privadas de todos os Estados. Outro aspecto que justifica o trabalho é a necessidade de subsidiar aos docentes materiais pedagógicos para a sua prática cotidiana. O objetivo é compreender a função e o sentido social da das máscaras nas sociedades tradicionais africanas, onde abordaremos a temática escolhida a partir da análise de diferentes fontes documentais – documentos manuscritos, impressos, imagéticos e audiovisuais -, nas quais as experiências artísticas dos povos africanos sejam evidenciadas de forma a destacá-los como sujeitos ativos do processo histórico. Dado a eminência social da arte africana, buscaremos relacionar as criações artísticas com as relações de trabalho, cultura e poder e assim subsidiar a prática docente para o trabalho com os conteúdos relativos à História da África e cultura afro-brasileira, de modo a possibilitar uma abordagem mais consistente sobre a arte africana em sala de aula, evitando assim sua “folclorização”.
Palavras-chave: História da África; arte africana; máscaras; representações.
Formato do Material Didático: Unidade DidáticaPúblico: 9º ano
Apresentação
Esta unidade temática foi elaborada a partir dos estudos desenvolvidos no
Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – PDE – Turma 2013.
O material foi estruturado a partir das leituras e reflexões dos autores que
trabalham a História da Arte, em especial a arte africana.
Privilegiamos trabalhar com a História temática pelo fato de as Diretrizes
Curriculares de História para o Ensino Médio enfatizarem que “a organização do trabalho
pedagógico por meio de temas históricos possibilita ao professor ampliar a percepção dos
estudantes sobre um determinado contexto histórico, sua ação e relações de distinção
entre passado e presente” (Diretrizes Curriculares de História do estado do Paraná, 2008:
p.76). Buscamos abordar a temática escolhida a partir da análise de diferentes fontes
documentais – documentos manuscritos, impressos, imagéticos e audiovisuais -, nas
quais as experiências dos afrodescendentes sejam evidenciadas de forma a destacá-los
como sujeitos ativos do processo histórico, tal como preconiza as Leis 10. 639/03 e
11.645/08 e também a Deliberação CEE-PR nº 04/06. Neste sentido, “a intenção do
trabalho com documentos em sala de aula é de desenvolver a autonomia intelectual
adequada, que permite ao aluno realizar análises críticas da sociedade por meio de uma
consciência histórica” (BITTENCOURT, 2004).
As ações pedagógicas serão desenvolvidas no Colégio Estadual José Guimarães -
EFM em Cianorte - Pr, junto aos alunos das turmas do 9° ano de História.
Acreditamos que a abordagem positiva da história do Brasil, resgatando as
contribuições dos povos de matriz cultural africana e afro-brasileira para a formação da
nossa sociedade, em muito contribuirá para a construção de práticas sociais que levem a
construção da igualdade racial no nosso país.
1. Uma viagem pela história e pela arte dos povos da África
1.1 Introdução
Nesta Unidade Didática estudaremos as máscaras africanas e sua função social;
ou seja, qual o papel e o significado para os povos que as confeccionaram. Para muitos
de nós, brasileiros, as máscaras estão associadas às festas à fantasia, ao carnaval, ao
teatro ou ainda à violência. Mas nem todos os povos entendem essas criações artísticas
da mesma maneira. Na África, por exemplo, nos dias de hoje a maioria das máscaras são
utilizadas como elementos de decoração de casas, lojas, restaurantes, etc. como se pode
ver na reportagem presente no vídeo abaixo:
Fonte: [http://www.youtube.com/watch?v=-PwX8PU-QZU]
Entretanto, em outras épocas, nessa mesma sociedade, estas eram usadas por
muitos povos do continente africano para os mais variados fins, tais como: cerimônias
religiosas, rituais de iniciação, comemorações, etc. Isso, mesmo, elas possuíam
importantes funções sociais e se revestiam de grande importância para as pessoas da
comunidade.
Mas antes de enveredarmos pelo maravilhoso universo da arte africana, vamos
conhecer um pouco mais sobre a História da África.
1.2 Um pouco da História da África contemporânea
Observe as imagens abaixo:
Imagem 01
Fonte: http://www.geografia.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=195&evento=2
Imagem 02
Fonte:http://www.africaurgente.org
Imagem 03
Fonte:http://www.diarioliberdade.org/mundo/direitos-nacionais-e-imperialismo/35981-a-guerra-do-ocidente-contra-a-%C3%A1frica.html
Imagem 04
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22749
Imagem 05
Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Neve_ete
Agora que você já observou atentamente as 05 imagens, responda. Qual delas
retrata o continente africano? Justifique sua resposta.
Obs: Aqui o professor deve problematizar o fato de que todas as imagens são do
continente africano. Ou seja, deve aproveitar o exercício para desmistificar a ideia de que
na África só existe miséria e pobreza. Após chamar a atenção para a diversidade do
continente, convide o aluno a saber mais sobre a África e os africanos.
Quer saber mais sobre a África? Vamos então examinar mais alguns dados.
A África é o segundo continente mais populoso do nosso planeta com cerca de 1,1
bilhões de habitantes. É também o segundo continente mais extenso do mundo com
aproximadamente 30.221.532 km². Este vasto território, é dividido em 55 países, sendo os
mais conhecidos a África do sul, o Egito, a Etiópia, Camarões, Senegal; e o mais recente,
o Sudão do Sul, que tornou-se um estado independente em 9 de julho de 2011. Nestes
países, são faladas mais de 800 línguas. Vejamos o mapa político do continente.
Fonte:http://m.wikitravel.org/wiki/pt/index.php?title=%C3%81frica&oldid=84812
Atividade: divida a sala em grupos e peça-os para pesquisar sobre as características de
alguns países africanos, tais como população, religião, clima, vegetação, etc. Peça para
as equipes exporem e debaterem os resultados. Em seguida peça-os para reproduzir o
mapa político da África a partir de folhas de EVA.
Agora que você já sabe que nem só de pobreza e miséria vivem os povos
africanos, vamos conhecer um pouco mais sobre as características físicas do continente.
Aqui, a diversidade também impera, pois na África encontramos desertos, como o do
Saara e o Kalahari, florestas, savanas, estepes e a vegetação mediterrânea.
Fonte:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22669
Fonte:http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=22749
A diversidade africana remonta ao início da humanidade, como revelam os
fósseis encontrados em sítios arqueológicos em áreas do Quênia, Etiópia e Tanzânia.
Isso mesmo, África é considerada o berço da humanidade, pois foi ali que o homem
(homo sapiens) nasceu.
Atividade:
Reúna a turma para uma sessão de cinema. Exiba o filme documentário África:
a origem do homem (The real Eve. Discovery Channel, 2002). [Disponível no youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=w8Pp6KmIMu0]
Elabore um roteiro de questões para que os alunos, reunidos em grupos, descrevam e debatam suas percepções do filme e dos fatos históricos. Exemplo:
• De que forma o homem vivia há 150.000 anos atrás (período paleolítico)?
• Explique o processo pelo qual o homem deixou de ser nômade e passou a ser sedentário.
• Quais as razões que levaram o homem a migrar da África para outros continentes?
Dica: O professor (a) poderá ter mais informações de como trabalhar o cinema em sala de aula no
livro NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2005.
Na África como em outros continentes, diversos núcleos humanos deixaram de
ser nômades e se tornaram sedentários. Esses grupos deram origem a grandes reinos e
impérios. Na região ao norte da linha do Equador, localizam-se os reinos mais antigos
deste continente que surgiram no final do período Neolítico. Vamos dar uma olhada como
era a divisão da África neste período.
Fonte: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=25096
De acordo com o mapa acima, podemos verificar que junto às bacias
hidrográficas formaram-se sociedades e culturas como as do rio Nilo e também as
próximas ao rio Congo.
As rotas comerciais, com ciclos de longa distância, formavam redes de conexões
com o interior do continente e também com o litoral.
Dentre os impérios de maior destaque estão:
Ghana, chamada pelos árabes de país do ouro. Já os africanos denominavam-no
de Ouagadou. Localizava-se entre o Senegal e o rio Niger. Seus reis foram homens
respeitadíssimos por suas riquezas. O comércio era feito através de caravanas, sendo
que o ouro ali encontrado era levado para o norte do continente e de lá para o resto do
mundo.
Mali, O Império do Mali foi um Estado que existiu na África Ocidental entre 1230 a
1600 d.c. Localizado na savana ocidental, na região do Alto Níger, tinha por capital a
cidade de Niani. Quem o tornou conhecida foi o escritor africano Hassan Ibn Muhammad
em seu livro História e descrição da África, publicado na Itália. Possuía uma literatura
africana com expressões árabe. A cidade de Tombuctu ficou conhecida como centro de
estudos árabes, pois ali se estudava história, matemática, álgebra, astronomia, direito,
lógica, gramática, geografia, filosofia. Sua biblioteca ficou famosa por conter os
conhecimentos árabes na África.
O império Songhai também se dedicava ao comércio. Seu centro comercial foi
fundado por volta do ano 700 e tinha como capital a cidade de Gao. Esta, ao chegar ao
seu pleno desenvolvimento econômico, tornou-se grande centro comercial dos Estados
do Sudão. Gao foi um mercado cosmopolita por se relacionar comercialmente com
diferentes localidades africanas tais como: Líbia, Egito e Magreb. O Songhai foi destruído
em 1550 por invasores do norte da África que utilizavam armas de fogo, enquanto os
songhanianos só possuíam dardos, arcos e flechas, assim foram dominados.
O reino Congo existiu de 1100 a 1500. Sua capital era Banza. Estes não possuíam
a escrita, mas dominavam a técnica da metalurgia que lhes permitia a confecção de joias,
esculturas e armas. Este reino viveu um longo período de desenvolvimento comercial.
Congo ficou conhecido em 1482 quando o navegador Diogo Cão ali aportou. Encontrou
uma forma africana de escravidão, por dívidas ou derrotas em guerras. Quando
comerciantes chegaram e encontraram chefes dispostos a vendê-los foi um verdadeiro
flagelo. Nove anos depois da chegada de Diogo Cão iniciou-se o rentável comércio
negreiro, que só fora proibido em 1850 por pressão da Inglaterra.
1.3 A Arte Africana
Agora que conhecemos um pouco mais sobre a história desse incrível continente,
vamos falar das criações artísticas produzidas por seus povos.
1.3.1 Uma breve história da arte africana
A arte é uma expressão universal, ou seja, está presente onde o homem vive. Por
isso, sua maior característica é nos emocionar, despertando algum sentimento de prazer
(fruição) diante daquilo que reconhecemos por belo (COSTA: 1999).
Fonte:http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/fotos.php?evento=1&start=160
QUANDO VOCÊ OBSERVA CADA UMA DESSAS ESCULTURAS, O QUE LHE CHAMA MAIS ATENÇÃO?
Como todo povo, os africanos também possuem diversas expressões
artísticas. Embora por muito tempo a cultura ocidental tenha negado a existência de uma
arte africana, na medida em que não reconheciam valores artísticos e estéticos nas
criações, esta é hoje reconhecida mundialmente. Algumas destas obras se tornaram tão
notáveis que chegaram a despertar interesse e influenciar renomados artistas europeus,
como Pablo Picasso.
O espanhol Pablo Picasso (1881-1973) é considerado um dos maiores e mais completos artistas do mundo.
Fonte:http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=141&evento=1#menu-galeria
Cabe destacar que o termo “arte africana” é uma expressão elaborada pelos
estudiosos da arte mundial para englobar toda a produção artística tradicional das
centenas de povos que viveram e vivem na áfrica (FEIST: 2010, p. 04). E dentre as
expressões mais conhecidas da arte dos povos africanos podemos destacar a música, as
máscaras, as danças, etc.
Fonte:http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.phpconteudo=331
Amplie seus conhecimentos e faça a atividade abaixo:
Não apenas o artista espanhol Pablo Picasso sofreu influência da arte africana.
Outros pintores como os franceses Braque, Cézanne e Calder também tiveram influência
da arte africana. Já na Itália, destacou-se Amedeo Modigliani.
Diante das informações destes artistas, pesquise na internet e descubra em
algumas de suas obras a influência da arte africana. Em seguida, as reproduza em forma
de desenho.
Os artistas africanos confeccionavam seus objetos utilizando diversos materiais
presentes na natureza. Por exemplo, faziam esculturas de marfim, argila, máscaras de
madeira e ornamentos de metal, como o bronze e o ouro, como nas imagens abaixo.
Contudo, a maior parte das peças era feita de madeira, material que, como sabemos, é
perecível – fato que fez com que muitas obras se perdessem com o tempo. Voltando a
falar dos artesãos, devemos destacar que, apesar de anônimos, eles eram considerados
pessoas especiais e respeitadas, pois sua obra tinha o importante papel de perpetuar as
tradições, os ritos, crenças, a religiosidade, isto é, a memória de um povo para as novas
gerações.
Fonte:http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.phpconteudo=331
Quanto aos temas escolhidos, podemos destacar os animais da floresta, os
rituais, personagens e cenas do cotidiano, os mitos, etc.
Fonte: http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.phpconteudo=331
Em geral, na arte tradicional africana, as máscaras remetem a atenção para
elementos que compõe a espiritualidade da comunidade, pouco possuindo ligação com a
realidade material, ou seja, com as tarefas do cotidiano. A seguir, detalharemos melhor
esses significados.
1.4 O sentido sociais das máscaras africanas.A arte africana presente nas sociedades tradicionais estava fortemente ligada
ao imaginário coletivo, ou seja, possuía forte vínculo que a coletividade. Assim, sua
função era antes de tudo social. Isso quer dizer que os elementos estéticos eram
secundários em relação aos rituais sociais nos quais as máscaras – ao lado de outros
objetos, cantos e danças – faziam parte.
Dessa forma, uma das principais características comuns em toda a África, no
campo da escultura, é que as máscaras esculpidas não são feitas para serem
contempladas como obras arte, mas para serem usadas durante as cerimônias ritualistas,
sociais ou religiosas. Isto é, a figura que está esculpida na máscara, representa um
personagem, um ser que é ao mesmo tempo uma divindade e uma força da sociedade
humana. Quando uma pessoa usa a máscara ela é investida com os atributos dessa força
divina e social.
As máscaras africanas são identificadas pelo tipo de utilização e importância de
suas funções. Essas características também explicam as diferenças no tamanho, forma,
roupa, figura e etc. Desse modo, é possível perceber que, na maioria das regiões, existem
vários tipos de máscaras por aldeia, devido as diferentes funções que lhes são atribuídas,
em razão das necessidades da vida social. Na cultura africana, as máscaras são
compreendidas como algo que protege quem carrega.
A máscara não traduz, pois, a emoção do indivíduo num momento definido, não é
um retrato do homem que teme. Com o combate ou que morre, mas é o temor, a guerra,
a morte. O particular foi visto, compreendido, superado e desaparece como tal para ceder
lugar ao universal, válido sempre para o homem de todos os tempos e de todas as
condições. (FONTES, 1992, p.9). A presença das máscaras na humanidade remonta a
antiguidade. Cada máscara é um livro aberto que nos causa sedução, curiosidade e nos
convida a interpretar sua mensagem a cada página. As máscaras africanas são vistas
muitas vezes, pelos ocidentais, com preconceito e julgamentos prévios, no entanto ela
não é um acessório de teatro, nem uma peça decorativa ou um acessório de feitiçaria. Ela
é um ser sagrado, que se aproveita do suporte material do homem, para aparecer e se
expressar. A máscara não representa um ser, ela é um ser. Sobre as máscaras Fontes
diz ainda que: Ela é empregada com fins práticos, como fazer e observar certas leis
políticas, sociais ou higiênicas, educar os jovens, superar discórdias, presidir julgamentos,
os funerais, as cerimônias agrícolas, manter a ordem ou simplesmente divertir os
habitantes da aldeia (FONTES, 1992 p.12)
De acordo com sua função, as máscaras se distinguem em diferentes
categorias. Algumas simbolizam os antepassados, outras às quais se fazem sacrifícios
em seu nome; as que administram a justiça e punem os culpados; e por último, mas com
a mesma importância das demais, estão as que comparecem às festas destinadas a
divertir os habitantes da aldeia.
Fonte: http://www.toloji.org.br/acervo.html
Máscara de dança dos Senufos – Diula utilizada no culto de ancestrais. Apresenta-se com
dois rostos humano ornamentados, tendo na parte superior a figura de uma ave.
Procedência: Senufo – Diula – região do Korongo – Costa do Marfim.
Fonte:http://www.toloji.org.br/acervo2.html
Máscara da sociedade Mukuy Balumbo. A expressão do rosto nesta máscara faz lembrar
as máscaras teatrais do extremo oriente; possui ainda uma empunhadura na parte inferior
que pode ser segurada com a mão, ou usada presa ao rosto. Representa o espírito
guardião feminino na iniciação das moças adolescentes, em ritos funerários, culto de
antepassados e danças ao luar. Nas cerimônias funerais da sociedade Punu a máscara
representa um antepassado feminino; na sociedade Mukuy as pessoas que usam
máscara alguma vezes em pernas de pau, representam na dança da lua cheia.
Procedência: Balumbo – região do rio Ogue – Gabão.
Fonte: http://www.toloji.org.br/acervo1.html
Máscara Bobo Fing, é um tipo de máscara insólida entre os Bobo, onde predomina a
representação animal muito estilizada e onde, em geral a madeira é do tipo leve. Os Bobo
Fing são os vizinhos sul dos Bobo Guele ou tribos Bwa. As máscaras tem feições muito
carregadas, com um nariz triangular saliente e uma boca formada por duas figuras
triangulares. O penteado é em crista lembrando alguns elmos Etruscos. Apesar destas
feições carregadas esta máscara é conhecida como Niadale e representa a moça mais
bonita da aldeia. Procedência: Bobo – Diulasso - Sudoeste - Burkina Faso.
Fonte: http://www.toloji.org.br/acervo3.html#quadro19
Máscara elmo de ritual e dança com grande adorno na parte traseira em forma de círculo
(fetiches). Representando um espírito protetor. Procedência: Congo – Zaire .
Oficina: confeccionando máscaras africanasApós as aulas expositivas sobre a História da África e de suas principais
manifestações artísticas, proporemos à turma a confecção de algumas máscaras
africanas. Para tanto, utilizaremos materiais de fácil manuseio, tais como: papelão, tinta
guache, jornal, látex, gesso, eva, entre outros.
Oficina: construindo as máscaras africanas : O professor dividirá a turma em grupos de 4
(quatro) alunos. Cada grupo se organizará e buscar informações, sobre o uso e as
funções das máscaras para os povos tradicionais africanos.
• Ao término da pesquisa cada grupo confecciona suas máscaras.
Modo de fazer: Encha uma bexiga do tamanho que você queira fazer sua máscara,
amarre para que o ar não saia. Em seguida corte o jornal em pedaços não muito grandes,
passe cola nos pedaços de jornal e vá cobrindo a bexiga. Faça no mínimo 6 camadas,
quando você terminar uma camada, faça riscos com caneta (isso é para você se certificar
de que, na camada seguinte, você preencherá com jornal até que as linhas tenham sido
cobertas por completo). Espere secar, depois fure a bexiga e retire de dentro da máscara.
Pinte com látex branco (duas demãos).
Após confecção, de posse do conteúdo pesquisado e das máscaras prontas, os
alunos deverão apresentar suas considerações sobre seu trabalho para sua turma.
Exposição das máscaras no colégio.
Fazer a exposição na escola, lembrando, com muito respeito, do importante significado
que estes elementos têm para a religiosidade africana.
1.5 A influência da arte africana na arte brasileira
A existência de uma raiz negra que influenciou a arte brasileira é um fato que
não se pode negar, pois ao chegarem aqui na condição de escravos os africanos
trouxeram consigo todos os saberes que caracterizavam sua rica cultura. Contudo, não é
fácil categorizar o que os estudiosos denominam de “arte afro-brasileira”. Dada a
diversidade de influências e períodos históricos, vamos nos ater sobretudo à contribuição
dado no universo do sagrado, ou seja, da religião.
Segundo o antropólogo Wagner Gonçalves da Silva (2008: p.98), a arte sacra
presente nas igrejas coloniais, em espaços como altares, retábulos, esculturas, objetos
litúrgicos etc., os modelos e estilos de origem europeia sofreram influência de artistas
afro-brasileiros, tais como Mestre Valentim, Aleijadinho, Chagas ou Frei Jesuíno do Monte
Carmelo, entre outros, com seus anjos de pele escura, Madonas negras e deformações
expressivas. Ainda de acordo com o autor, há também exemplos mais contundentes e
ainda polêmicos, como o da Igreja de Santa Efigênia, em Ouro Preto (cuja construção foi
associada no imaginário popular à saga de Chico Rei), na qual pode-se encontrar em
seus altares entalhes tidos como representações de búzios e figuras de animais (em geral
relacionados às oferendas aos deuses africanos).
Retrato falado de Antônio Francisco Lisboa (1738-1814), escultor, entalhador e arquiteto do Brasil
colonial.
Fonte:http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Congonhas_sanctuary_of_Bom_Jesus_prophet_Daniel.jpg
Também na arte sacra dos terreiros encontramos forte presença de elementos
artísticos de origem africana. Segundo Wagner Gonçalves da Silva (2008: p.98), os
objetos litúrgicos (presentes, por exemplo, em altares como os pejís dos candomblés ou
os congás da umbanda) podem derivar de uma influência da herança africana (como as
esculturas em madeira de orixás, peças de barro, ferramentas de ferro forjado,
vestimentas litúrgicas, etc., tal como encontramos sobretudo no modelo do candomblé) ou
da tradição católica (imagens de santos, crucifixos, etc. ao lado de imagens de orixás, tal
como encontramos sobretudo na umbanda).
Fonte:http://www.ensinoreligioso.seed.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=271&evento=3
Fonte: reprodução
Atividade:
Reúna a turma para uma sessão de cinema. Exiba o filme Aleijadinho: Paixão,
glória e suplício (Direção: Joaquim Pedro e Andrade, 2003). Elabore um roteiro de
questões para que os alunos, reunidos em grupos, descrevam e debatam suas
percepções do filme e dos fatos históricos da história colonial brasileira.
Considerações finais
Como vimos no decorrer desta unidade, a história da arte africana é permeada de
obras que exprimem uma grande diversidade de expressões e formas. Em comum, elas
têm o fato de terem sido produzidas por artistas anônimos e estarem intimamente
relacionadas com as crenças religiosas, os mitos, os fatos históricos ou os costumes da
comunidade em que surgiram e atingem seu ponto alto na escultura. (FEIST: 2010, p.04).
Em especial, cabe destacar o valor que as máscaras exerciam nas sociedades
tradicionais africanas. Para muitos povos, elas possuíam uma função quase sagrada, pois
eles as viam como elementos intermediários entre o mundo dos vivos e o mundo dos
deuses e dos mortos (FEIST: 2010, p.24). Por isso, eram utilizadas em várias ocasiões,
fossem estas festivas ou solenes, como nos rituais para celebrar os antepassados,
espantar os maus espíritos, pedir boas colheitas, o fim de guerras, etc. De fato, assumiam
muito mais importância do que possuem nos dias de hoje, como vimos na reportagem no
início dessa unidade. E isso nos mostra o quanto o estudo da história é fascinante!
Caro leitor, esperamos que a nossa viagem pela história dos povos africanos e sua
arte tenha lhe agradado. Caso queira continuá-la e saber mais sobre o assunto, visite o
site do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo – USP, no
endereço http://www.mae.usp.br/, especialmente no menu que trata da etnologia africana e
afro-brasileira.
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MIUCCI, Carla; OLIVEIRA, Conceição; PAULA, Andrea de. História em Projetos. São Paulo: Ática, 2007.
Filmografia Relacionada ao Tema:
Aleijadinho: Paixão, glória e suplício
- Direção: Joaquim Pedro e Andrade, 2003.Século XVIII. Antonio Francisco Lisboa, o
Aleijadinho, tomou-se artista famoso com suas esculturas dos profetas e igrejas inteiras
de Ouro Preto e outras cidades brasileiras. Até que uma doença misteriosa destruiu seus
dedos, mãos, braços e tirou sua vida. Um professor e historiador procura pela nora viva
de Aleijadinho, falecido em 1814.
Amistad
– Direção: Steven Spielberg, 1997 – Baseado numa história real, o filme conta a viagem
de africanos escravizados que se apoderam do navio onde estavam aprisionados e
tentam retornar à sua terra natal. Quando o navio, La Amistad, é capturado, os africanos
são levados aos Estados Unidos, acusados de assassinato e aguardam sua sentença na
prisão. Inicia-se então uma contundente batalha, que chama a atenção de todo o país,
questionando a própria finalidade do sistema judicial americano.
Atlântico Negro: na Rota dos Orixás
– Direção – Renato Barbieri, 1988. O documentário Atlântico Negro: nas rotas dos Orixás
aborda a importância da história e cultura africana para o Brasil. O documentário
evidencia a semelhança existente entre estes povos, sobretudo nos campos da
religiosidade, da musicalidade, da língua, dos hábitos alimentares, da estrutura familiar e
das manifestações culturais. Durante as cenas do filme são desconstruídas visões
etnocêntricas e de censo comum sobre o continente Africano. A ideia de um território que
vive em constante estado de guerras étnicas e civis, de fome e total miséria é
desmistificada para mostrar a profunda experiência cultural da África e os intercâmbios
ainda hoje em curso com o Brasil.
A Origem do Homem (The Real Eve; Andrew Piddington; 2002) - Produção: Estadounidense; Documentário feito pela Discovery Chanel sobre o primeiro
ser humano da Terra: Uma mulher africana.
Hotel Ruanda
– Direção: Terry George, 2004. Em meio a um conflito que matou quase um milhão de
pessoas em menos de 4 meses, em Ruanda, a biografia de um gerente de um Hotel em
meio à luta para salvação de pessoas. O filme possibilita refletir sobre a herança colonial
belga em Ruanda, o papel da ONU e os desafios implicados para superação do trauma
pós-colonial.
Instrumentos africanos
– Bira Reis, um especialista. Documentário. Direção: Júlio Worcman, 1988. Na Feira do
Interior 1988, que reuniu em Salvador atrações dos diversos municípios da Bahia, o
mestre Bira Reis apresenta sua pesquisa sobre curiosos instrumentos africanos. In:
www.portacurtas.com.br.
Kiriku e a feiticeira
- Direção de Michel Ocelot. Animação francesa de 1998: o filme mostra um pouco da
cultura africana por meio da história de Kiriku, um menino que nasce em uma aldeia sob a
tirania da feiticeira Karabá. Para saber como libertar seu povo da maldade de Karabá, ele
vai até a Montanha Sagrada, onde vive o Sábio da Aldeia e seu avô. Nesse percurso, ele
vai enfrentar muitos perigos e também, fazer novos amigos.
Maré Capoeira
– Direção: Paola Barreto, 2005- Maré é o apelido de João, um menino de dez anos que
sonha ser mestre de capoeira como seu pai, dando continuidade a uma tradição familiar
que atravessa várias gerações. Um filme de amor e guerra. In: www.portacurtas.com.br .
Som da Rua – Vodu
- Direção: Roberto Berliner, 1997, 2 minutos. Miriam Laveau é uma sacerdotisa vodu de
Nova Orleans, herdeira creole das mais antigas tradições africanas. Aqui ela apresenta os
cânticos vodus que falam da liberdade, mas para Miriam a liberdade, como ela aconteceu,
só tornou as pessoas escravizadas. Pode ser acessado no site: www.portacurtas.com.br .
Um Grito de Liberdade
– Direção de Richard Attenborough, 1987. Nos anos 1970, na África do Sul do apartheid,
Donald Woods (Kevin Kline) é um jornalista branco que conhece e se torna amigo de
Stephen Biko (Denzel Washington), o importante militante pelos direitos dos negros.
Quando Biko é morto na prisão, em 1977, Woods percebe a necessidade de divulgar a
história do ativista, a perseguição que sofreu, a violência contra os negros, a crueldade do
regime do apartheid. Mas ele e sua família também se tornam alvos do racismo, e
precisam deixar o país às pressas.
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