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PARNASIANISMO
• Movimento originado na França;• Escola essencialmente poética, contemporânea do Real-Naturalismo;• Começa na década de 1850 na França e na década de 1880 no Brasil e vai até a semana de 1922;• O Parnasianismo brasileiro, a despeito da grande influência que recebeu do Parnasianismo francês, não é uma exata reprodução dele, pois não obedece à mesma preocupação de objetividade, de cientificismo e de descrições realistas;• Foge do sentimentalismo romântico, mas não exclui o subjetivismo;• Os poetas parnasianos veem o homem preso à matéria, sem possibilidade de libertar-se do determinismo, e tendem, então, para o pessimismo ou para o sensualismo.
PRECIOSISMO: focaliza-se o detalhe; cada objeto deve singularizar-se, daí as palavras raras e rimas ricas;OBJETIVIDADE E IMPESSOALIDADE: O poeta apresenta o fato, a personagem, as coisas como são e acontecem na realidade, sem deformá-los pela sua maneira pessoal de ver, sentir e pensar. Esta posição combate o exagerado subjetivismo romântico;ARTE PELA ARTE: A poesia vale por si mesma, não tem nenhum tipo de compromisso, e se justifica por sua beleza. Faz referências ao prosaico e o texto mostra interesse em coisas pertinentes a todos;ESTÉTICA/CULTO À FORMA - Como os poemas não assumem nenhum tipo de compromisso, a estética é muito valorizada. O poeta parnasiano busca a perfeição formal a todo custo e, por vezes, se mostra incapaz para tal.
CARACTERÍSTICAS
CARACTERÍSTICAS NO POEMA PARNASIANISMO• RIMAS RICAS: São evitadas palavras da mesma classe
gramatical. Há uma ênfase das rimas do tipo ABAB para estrofes de quatro versos.;
• VALORIZAÇÃO DOS SONETOS: É dada preferência para os sonetos, composição dividida em duas estrofes de quatro versos, e duas estrofes de três versos. Revelando, no entanto, a "chave" do texto no último verso;
• METRIFICAÇÃO RIGOROSA: O número de sílabas poéticas deve ser o mesmo em cada verso, preferencialmente com dez (decassílabos) ou doze sílabas (versos alexandrinos), os mais utilizados no período. Ou apresentar uma simetria constante, exemplo: primeiro verso de dez sílabas, segundo de seis sílabas, terceiro de dez sílabas, quarto com seis sílabas etc.;
• DESCRITIVISMO: Grande parte da poesia parnasiana é baseada em objetos inertes, sempre optando pelos que exigem uma descrição bem detalhada como "A Estátua", "Vaso Chinês" e "Vaso Grego“, de Alberto de Oliveira;
• TEMÁTICA GRECO-ROMANA - A estética é muito valorizada no Parnasianismo, mas, mesmo assim, o texto precisa de um conteúdo. A temática abordada pelos parnasianos recupera temas da Antiguidade Clássica, características de sua história e sua mitologia. É bem comum os textos descreverem deuses, heróis, fatos lendários, personagens marcados na história e até mesmo objetos;
• CAVALGAMENTO OU ENCADEAMENTO SINTÁTICO (enjambement) - Ocorre quando o verso termina quanto à métrica (pois chegou na décima sílaba), mas não terminou quanto à idéia, quanto ao conteúdo, que se encerra no verso de baixo. O verso depende do contexto para ser entendido. Tática para priorizar a métrica e o conjunto de rimas.
AUTORES PARNASIANOS
ANTÔNIO MARIANO DE OLIVEIRA - ALBERTO DE OLIVEIRA
VASO GREGO
Esta, de áureos relevos, trabalhadaDe divas mãos, brilhante copa, um dia,Já de aos deuses servir como cansada,Vinda do Olimpo, a um novo deus servia.
Era o poeta de Teos que a suspendiaEntão e, ora repleta ora esvazada,A taça amiga aos dedos seus tiniaToda de roxas pétalas colmada*.
Depois. Mas o lavor da taça admira,Toca-a, e, do ouvido aproximando-a, às bordasFinas hás de lhe ouvir, canora e doce,
Ignota voz, qual se da antiga liraFosse a encantada música das cordas,Qual se essa a voz de Anacreonte** fosse.*REPLETO, CHEIO**POETA LÍRICO DA GRÉCIA ANTIGA
VASO CHINÊS
Estranho mimo, aquele vaso! Vi-oCasualmente, uma vez, de um perfumadoContador sobre o mármor luzidioEntre um leque e o começo de um bordado.
Fino artista chinês, enamorado,Nele pusera o coração doentioEm rubras flores de um sutil lavradoNa tinta ardente, de um calor sombrio.
Mas, talvez por contraste à desventura —Quem o sabe? — de um velho mandarimTambém lá estava a singular figura.
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-aSentia um não sei quê com aquele chimDe olhos cortados à feição de amêndoa.
RAIMUNDO CORREIAAS POMBAS
Vai-se a primeira pomba despertada ... Vai-se outra mais ... mais outra ... enfim dezenasDe pombas vão-se dos pombais, apenasRaia sanguínea e fresca a madrugada ...
E à tarde, quando a rígida nortada Sopra, aos pombais de novo elas, serenas, Ruflando as asas, sacudindo as penas, Voltam todas em bando e em revoada...
Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um, céleres voam, Como voam as pombas dos pombais;
No azul da adolescência as asas soltam, Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais...
A CAVALGADA
A lua banha a solitária estrada...Silêncio!... Mas além, confuso e brando,O som longínquo vem-se aproximandoDo galopar de estranha cavalgada.
São fidalgos que voltam da caçada;Vêm alegres, vêm rindo, vêm cantando.E as trompas a soar vão agitandoO remanso da noite embalsamada...
E o bosque estala, move-se, estremece...Da cavalgada o estrépito* que aumentaPerde-se após no centro da montanha...
E o silêncio outra vez soturno** desce...E límpida, sem mácula, alvacentaA lua a estrada solitária banha...*RUÍDO FORTE, ESTRONDO**SOMBRIO, TRISTE
OLAVO BILAC
Ora (direis) ouvir estrelas! CertoPerdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,Que, para ouvi-Ias, muita vez despertoE abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquantoA via láctea, como um pálio aberto,Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!Que conversas com elas? Que sentidoTem o que dizem, quando estão contigo?“
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!Pois só quem ama pode ter ouvidoCapaz de ouvir e de entender estrelas.
PROFISSÃO DE FÉ (fragmento)
Invejo o ourives quando escrevo:Imito o amorCom que ele, em ouro, o alto relevo Faz de uma flor.
Imito-o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo:O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro.
Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papelA pena, como em prata firme Corre o cinzel.
Corre; desenha, enfeita a imagem, A idéia veste:Cinge-lhe ao corpo a ampla roupagem
Azul-celeste.
Torce, aprimora, alteia, lima A frase; e, enfim, No verso de ouro engasta a rima, Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito Do ourives, saia da oficina Sem um defeito:
Assim procedo. Minha pena Segue esta norma,Por te servir, Deusa serena, Serena Forma!
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