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Plano Municipal de Educação Ambiental
Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Turismo 2008
“ O sujeito pensante
não pode pensar sozinho;
não pode pensar sem a co-participação
de outros sujeitos
no ato de pensar sobre o objeto.
Não há um ‘penso’,
mas um ‘pensamos’.
É o ‘pensamos’ que estabelece o’penso’
e não o contrário.
Esta co-participação dos sujeitos
no ato de pensar se dá na comunicação.
O objeto, por isso mesmo,
não é a incidência terminativa
do pensamento de um sujeito,
mas o mediador da comunicação.”
Paulo Freire
PREFEITO MUNICIPAL DE PIRAQUARA Gabriel Jorge Samaha SECRETARIO DE MEIO AMBIENTE, AGRICULTURA E TURISMO Gilmar Zachi Clavisso DIRETOR DE MEIO AMBIENTE Hugo Luiz Andrioli DEPARTAMENTO DECONTROLE AMBIENTAL Laércio Rogério Taborda Ribas – Fiscal Ambiental Municipal João Alberto Carneiro - Fiscal Ambiental Municipal José Algracir Kovalski - Fiscal Ambiental Municipal ELABORAÇÃO: DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL Ana Paula Jacomel Kowalczuck – Magistério e Psicologia Gisele Tiera – Química Ambiental, especialização em Análise Ambiental (em curso) Janaina Schiavo Brum – Magistério e Letras Emanuele Scarante de Barros – estagiária de Biologia
PARTICIPAÇÃO NO PROCESSO DE DISCUSSÃO: Associação de Moradores Belvedere Associação de Moradores do Guarituba Associação Com. Jardim Tarumã II APPAM – Associação Paranense de Proteção Ambiental dos Mananciais do Alto Iguaçu APODEM - Associação de Proteção e Desenvolvimento de Moradores Agentes Comunitários de Saúde Centro de Detenção Ressocialização Piraquara Colégio Estadual Mario Brandão Teixeira Braga Colégio Estadual Prof. Rosilda de Souza Oliveira CMEI Cantinho Feliz CMEI Mundo Mágico COMATUR – Conselho Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Turismo Comunidade Cristã Estrela da Manhã (igreja Evangélica) Educandário São Francisco Escola Municipal Manoel Eufrásio Escola Municipal Marlene R Licheski Escola Municipal Antônio Scarante Escola Municipal Jomar Tesserolli Escola Municipal João Martins Escola Municipal Cordeiro Salgueiro Escola Renovação (Particular) Escola Cidadão do Amanhã (Particular) Estudantes da UFPR Penitenciária Estadual de Piraquara - PEP RECIQUARA - Associação de Material Reciclável, Novo Guarituba de Piraquara SANEPAR – Companhia de Saneamento do Paraná
SUMÁRIO
1 Apresentação do Plano Municipal de Educação Ambiental.........................................08
2 Fundamentação Teórica .............................................................................................10
3 Diagnóstico..................................................................................................................18
3.1 .Aspectos Geográficos do Município de Piraquara............................................... 18
3.2 Aspectos Históricos do Município de Piraquara...................................................21
3.2.1 Contexto Atual.............................................................................................22
3.3 A Questão Ambiental............................................................................................24
3.3.1 Flora............................................................................................................28
3.3.2 Fauna..........................................................................................................28
3.3.3. Serviços Básicos………………………………………………………………..29
3.4 Legislação e Movimentos Socioambientais..........................................................29
3.4.1 Legislação....................................................................................................29
3.4.2 Movimentos Socioambientais......................................................................33
3.5 A Educação como Transformação........................…….........................................34
4 Objetivo Geral..............................................................................................................37
4.1 Objetivos Específicos.............................................................................................37
5 Diretrizes......................................................................................................................38
6 Programas...................................................................................................................41
6.1 Programa de Resíduos.........................................................................................41
6.2 Programa Frente Viva – (Arborização e Paisagismo)...........................................42
6.3 Programa Nosso Vale...........................................................................................42
6.4 Programa Semeando Vida – (Viveiro no Horto)...................................................43
6.5 Programa Formação Ambiental............................................................................44
6.6 Programa Comunidade Viva.................................................................................45
6.7 Programa Bem-Estar Animal................................................................................47
7 Proposta.......................................................................................................................48
8 Orçamento...................................................................................................................49
9 Cronograma..................................................................................................................50
10 Avaliação....................................................................................................................51
Referências......................................................................................................................52
Anexos.............................................................................................................................55
Lista de Figuras
Figura 01: Localização da RMC no Estado do Paraná....................................................19
Figura 02: Localização de Piraquara na RMC.................................................................20
Figura 03: Mapa das Nascentes......................................................................................25
Figura 04: Mapa das Bacias Hidrográficas......................................................................27
Figura 05: Mapa do Zoneamento.....................................................................................31
Lista de Tabelas
Tabela 01: Perfil Municipal...............................................................................................23
Tabela 02: Saneamento básico.......................................................................................29
8
1 Apresentação do Plano Municipal de Educação Ambiental
O Município de Piraquara - cuja palavra de origem indígena significa buraco ou
lagoa de peixe, pira = peixe + quara = toca - situa-se numa região de altas montanhas na
encosta oeste da Serra do Mar, divisor geográfico entre o litoral paranaense e o primeiro
planalto. Formando as cabeceiras do Rio Iguaçu, possui 1162 nascentes (catalogadas)
que dão origem a um grande manancial responsável pelo fornecimento de 50% da mais
pura água para a RMC.
Segundo MENDONÇA (2005), a preocupação do homem com a natureza adquiriu
importância e ocupa lugar de destaque nas discussões de diferentes organizações
sociais da atualidade. A realidade das condições ambientais e de qualidade de vida dos
homens está comprovando que este emergir da questão ambiental não é simplesmente
obra do acaso.
A mediação interessada, tantas vezes interesseira, da mídia, conduz, não raro, à doutorização da linguagem, necessária para ampliar o seu crédito, e à falsidade do discurso, destinado a ensombrear o entendimento. O discurso do meio ambiente é carregado dessas tintas, exagerando certos aspectos em detrimento de outros, mas, sobretudo, mutilando o conjunto.(SANTOS, 1992 Aput MENDONÇA 2005)
Como a problemática ambiental é um assunto que requer discussões e
principalmente ações da sociedade e do poder público, a Secretaria de Meio Ambiente,
Agricultura e Turismo, no cumprimento de sua tarefa instituída pelo Código Municipal
Ambiental Lei n° 907/08, com o objetivo de difundir a consciência ambiental vem
implementar a construção do plano Municipal de Educação ambiental, compreendendo a
educação ambiental em sua amplitude que envolve os fatos naturais e humanos e o
conceito de ambiente como um todo.
O Plano Municipal de Educação Ambiental em sua totalidade inicia sua construção
levando em conta a necessidade da sociedade pontuar ações concretas em relação ao
meio ambiente, atendendo a realidade ambiental vivida pelos 83 mil habitantes de
Piraquara.
Este documento apresenta o diagnóstico do município, sua história, suas
questões ambientais bem como os movimentos socioambientais existentes até o
presente momento, percebendo a Educação como transformação democrática e
participativa. Este plano traz, também diretrizes e programas que vêem sendo
9
construídos e realizados, no anseio de atender as necessidades da comunidade e do
meio ambiente dentro do conceito de sustentabilidade.
O principal objetivo da Educação Ambiental consiste em propiciar, estimular,
incentivar, apoiar a educação individual e coletiva voltada à recuperação, conservação e
melhoria da qualidade de vida de todas as espécies. Por ser o município de Piraquara, o
principal manancial de abastecimento público da RMC (região metropolitana de Curitiba),
é imprescindível que haja planos de gerenciamento deste território gerador de águas, de
forma a preservar a qualidade dos mananciais. Com base nas condicionantes,
deficiências e potencialidades dos sistemas naturais e antrópico são apresentadas as
diretrizes preliminares propostas para o Plano de Educação Ambiental de Piraquara,
tendo como estrutura geral para uma política de desenvolvimento municipal:
Gestão ambiental, cuja premissa básica consiste na conservação dos recursos
naturais, em especial ênfase à proteção dos recursos hídricos;
Gestão territorial, cujas premissas básicas consistem na distribuição espacial de
atividades e infra-estrutura para o alcance da sustentabilidade do município e da sua
adequada inserção regional.
Importante ressaltar que este documento é um programa de âmbito municipal, o
qual terá um grupo de estudo que periodicamente se organizará para fazer contribuições
ao plano num processo contínuo, prevendo a revisão do mesmo de forma articulada.
10
2. Fundamentação Teórica
Historicamente, percebe-se que, a partir da década de setenta, surge uma maior
percepção com os danos ambientais, iniciando-se um processo de conscientização e
implementação de ações que possibilitem a mitigação dos impactos ambientais.
Desta forma, o ambientalismo do século XXI tem de um lado, o desafio de uma
participação cada vez mais ativa na governabilidade dos problemas socioambientais e na
busca de respostas articuladas e sustentadas em arranjos institucionais inovadores, que
possibilitem uma ‘ambientalização dos processos sociais’. De outro, a necessidade de
ampliar sua atuação, mediante redes, consórcios institucionais, parcerias estratégicas e
outras engenharias institucionais que ampliem seu reconhecimento na sociedade e
estimulem o envolvimento de novos atores.
Assim, a dimensão ambiental configura-se crescentemente como uma questão que
envolve ações alternativas para um novo desenvolvimento, numa perspectiva que priorize
novo perfil de desenvolvimento, com ênfase na sustentabilidade socioambiental. Neste
contexto Beck (1992), escreve sobre a concepção “sociedade de risco”.
Para o autor, a sociedade de risco emerge de uma modernidade reflexiva, que
surge com a globalização, a individualização, a revolução de gênero, o subemprego e a
difusão dos riscos globais. Os riscos atuais caracterizam-se por ter conseqüências, em
geral de alta gravidade, desconhecidas a longo prazo e que não podem ser avaliadas com
precisão. Assim, a complexidade deste processo de transformação do planeta, não
apenas crescentemente ameaçado, mas também diretamente afetado pelos riscos
socioambientais e seus danos, é cada vez mais notória.
O quadro socioambiental que caracteriza as sociedades contemporâneas revela
que o impacto dos humanos sobre o meio ambiente tem tido conseqüências cada vez
mais complexas, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos. Dentre as
transformações mundiais das duas últimas décadas, aquelas vinculadas à degradação
ambiental e à crescente desigualdade entre regiões assumem um lugar de destaque.
Leff (2001) fala sobre a impossibilidade de resolver os crescentes e complexos
problemas ambientais e reverter suas causas sem que ocorra uma mudança radical nos
sistemas de conhecimento, dos valores e dos comportamentos gerados pela dinâmica de
racionalidade existente, fundada no aspecto econômico do desenvolvimento.
Nesse contexto, a administração dos riscos socioambientais coloca cada vez mais
a necessidade de ampliar o envolvimento público por meio de iniciativas que possibilitem
um aumento do nível de consciência ambiental dos moradores, garantindo a informação e
11
a consolidação institucional de canais abertos para a participação numa perspectiva
pluralista.
No entanto as melhorias ambientais exigem tempo, motivação, persistência,
educação, conscientização e mudanças de comportamento. A Agenda 21 estabelece o
compromisso de intervir nas questões sócioambientais na busca da construção de um
mundo mais saudável ecologicamente e mais justo socialmente. Além disso, segundo a
Constituição Federal de 1988, no seu artigo 225, todos têm o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado como uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e a coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo
para as presentes e futuras gerações.
Frente a essa legislação e sabendo que à medida que a humanidade aumenta sua
capacidade de intervir na natureza para satisfação de necessidades e desejos crescentes,
surgem conflitos quanto ao uso adequado ou exploração do meio ambiente. Deste modo,
o problema da sustentabilidade assume neste novo século um papel central na reflexão
sobre as dimensões do desenvolvimento e das alternativas que nele se configuram.
De acordo com Jacobi (1997) esta nova postura em relação ao meio ambiente
começa a se difundir a partir da Conferência de Estocolmo em 1972, tendo como
pressuposto a existência de sustentabilidade social, econômica e ecológica. Estas
dimensões explicitam a necessidade de tornar compatível a melhoria nos níveis e
qualidade de vida com a preservação ambiental. Para o autor a maior virtude dessa ‘nova
postura’ é que, além da incorporação definitiva dos aspectos ecológicos no plano teórico,
ela enfatiza a necessidade de inverter a tendência auto-destrutiva dos processos de
desenvolvimento no seu abuso contra a natureza.
Neste contexto, a partir de 1987, com a divulgação do Relatório Brundtlandt,
também conhecido como “Nosso futuro comum”, defende-se a idéia do “desenvolvimento
sustentável” indicando um ponto de inflexão no debate sobre os impactos do
desenvolvimento. Não só reforça as necessárias relações entre economia, tecnologia,
sociedade e política, como chama a atenção para a necessidade do reforço de uma nova
postura ética em relação à preservação do meio ambiente, caracterizada pelo desafio de
uma responsabilidade tanto entre as gerações quanto entre os integrantes da sociedade
dos nossos tempos.
O conceito de desenvolvimento sustentável surge para enfrentar a crise ecológica,
e de acordo com Kitamura (1993) entende-se como desenvolvimento Sustentável o
conjunto de ações que promovam a satisfação das necessidades das gerações
12
presentes, sem comprometer as possibilidades de as futuras gerações satisfazerem
suas necessidades.
Assim, as dimensões apontadas pelo conceito de desenvolvimento sustentável
contemplam aspecto econômico, aspecto biofísico e componente sóciopolítico, como
referenciais para a interpretação do mundo e para possibilitar interferências na lógica
predatória prevalecente. Para Jacobi (1997) o desenvolvimento sustentável não se refere
especificamente a um problema limitado de adequações ecológicas de um processo
social, mas a uma estratégia ou um modelo múltiplo para a sociedade, que deve levar em
conta tanto a viabilidade econômica como a ecológica.
Num sentido abrangente, a noção de desenvolvimento sustentável reporta-se à
necessária redefinição das relações entre sociedade humana e natureza, e, portanto, a
uma mudança substancial do próprio processo civilizatório. Assim, a ênfase no
desenvolvimento deve fixar-se na superação dos déficits sociais, nas necessidades
básicas, na alteração de comportamento e nos padrões de consumo. Isto também implica
que uma política de desenvolvimento para uma sociedade sustentável não pode ignorar
nem as dimensões culturais, nem as relações de poder existentes e muito menos o
reconhecimento das limitações ecológicas, sob pena de apenas manter um padrão
predatório de desenvolvimento.
A sustentabilidade como novo critério básico e integrador precisa estimular
permanentemente as responsabilidades éticas, na medida em que a ênfase nos aspectos
extra-econômicos serve para reconsiderar os aspectos relacionados com a eqüidade, a
justiça social e a própria ética dos seres vivos. Para Jacobi (1997) a noção de
sustentabilidade implica, portanto, uma inter-relação necessária de justiça social,
qualidade de vida, equilíbrio ambiental e a ruptura com o atual padrão de
desenvolvimento.
Assim, a idéia de sustentabilidade implica na definição de limites às possibilidades
de crescimento, além de delinear um conjunto de iniciativas que levem em conta a
existência de interlocutores e participantes sociais relevantes e ativos por meio de
práticas educativas e de um processo de diálogo informado, o que reforça um sentimento
de co-responsabilidade e de constituição de valores éticos.
Nesse contexto, segundo Reigota (1998), a educação ambiental aponta para
propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de comportamento,
desenvolvimento de competências, capacidade de avaliação e participação dos
educandos. Para Pádua e Tabanez (1998), a educação ambiental propicia o aumento de
13
conhecimentos, mudança de valores e aperfeiçoamento de habilidades, condições
básicas para estimular maior integração e harmonia dos indivíduos com o meio ambiente.
Já, por Meio Ambiente entende-se, segundo o Vocabulário Básico de Naturais e Meio
Ambiente (2004) um conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais
susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto, imediato ou a longo prazo,
sobre todos os seres vivos, inclusive o homem. Neste mesmo sentido, Reigota (2001)
conceitua meio ambiente como o lugar determinado ou percebido, onde os elementos
naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Essas relações implicam
processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de
transformação do meio natural e construído.
Desta forma, a relação entre meio ambiente e educação para a cidadania assume
um papel cada vez mais desafiador, demandando a emergência de novos saberes para
apreender processos sociais que se complexificam e riscos ambientais que se
intensificam. Cidadania tem a ver com a identidade e o pertencimento a uma coletividade.
A educação ambiental como formação e exercício de cidadania refere-se a uma nova
forma de encarar a relação do homem com a natureza, baseada numa nova ética, que
pressupõe outros valores morais e uma forma diferente de ver o mundo e os homens.
Nessa direção, a educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar
e sensibilizar as pessoas para transformar as diversas formas de participação em
potenciais fatores de dinamização da sociedade e de ampliação do controle social da
coisa pública, inclusive pelos setores menos mobilizados. Trata-se de criar as condições
para a ruptura com a cultura política dominante e para uma nova proposta de
sociabilidade baseada na educação para a participação. O desafio do fortalecimento da
cidadania para a população como um todo, concretiza-se pela possibilidade de cada
pessoa se converter, em ator co-responsável na defesa da qualidade de vida.
As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização
da crise ambiental demandam cada vez mais novos enfoques integradores de uma
realidade contraditória e geradora de desigualdades, que transcendem a mera aplicação
dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis.
O desafio é o de formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora, em
dois níveis: formal e não formal. Assim a educação ambiental deve ser acima de tudo um
ato político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma
perspectiva holística de ação, que relaciona o homem, a natureza e o universo, tendo em
conta que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua
degradação é o homem.
14
Para Sorrentino (1998), os grandes desafios para os educadores ambientais são,
de um lado, o resgate e o desenvolvimento de valores e comportamentos (confiança,
respeito mútuo, responsabilidade, compromisso, solidariedade e iniciativa) e de outro, o
estímulo a uma visão global e crítica das questões ambientais e a promoção de um
enfoque interdisciplinar que resgate e construa saberes. De acordo com Leff (2001) a
educação ambiental perpassa por vários campos do conhecimento, o que a situa como
uma abordagem multidisciplinar.
Portanto, a dimensão ambiental representa a possibilidade de lidar com conexões
entre diferentes dimensões humanas, propiciando, entrelaçamentos e múltiplos trânsitos
entre múltiplos saberes. Desta forma, Tristão (2002) salienta que as noções e os
conceitos utilizados podem ser originários de várias áreas do saber.
Deste modo, a escola participa então dessa rede. Esta rede, segundo Tristão
(2002) se constitui como uma instituição dinâmica com capacidade de compreender e
articular os processos cognitivos com os contextos da vida.
A educação insere-se na própria teia da aprendizagem e assume um papel
estratégico nesse processo, e, segundo Reigota (1998), a educação ambiental na escola
ou fora dela continuará a ser uma concepção radical de educação, não porque prefere ser
a tendência rebelde do pensamento educacional contemporâneo, mas sim porque nossa
época e nossa herança histórica e ecológica exigem alternativas radicais, justas e
pacíficas.
Trata-se de um aprendizado social, baseado no diálogo e na interação em
constante processo de recriação e re-interpretação de informações, conceitos e
significados, que podem se originar do aprendizado em sala de aula ou da experiência
pessoal do aluno. Assim, a escola pode transformar-se no espaço em que o aluno terá
condições de analisar a natureza em um contexto entrelaçado de práticas sociais, parte
componente de uma realidade mais complexa e multifacetada.
O mais desafiador é evitar cair na simplificação de que a educação ambiental
poderá superar uma relação pouco harmoniosa. Cabe sempre enfatizar a historicidade da
concepção de natureza Carvalho (2001), o que possibilita a construção de uma visão
mais abrangente (geralmente complexa, como é o caso das questões ambientais) e que
abra possibilidades para uma ação em busca de alternativas e soluções.
A sustentabilidade traz uma visão de desenvolvimento que busca superar o
reducionismo e estimula um pensar e fazer sobre o meio ambiente diretamente vinculado
ao diálogo entre saberes, à participação, aos valores éticos como valores fundamentais
para fortalecer a complexa interação entre sociedade e natureza. Nesse sentido, o papel
15
dos professores(as) é essencial para impulsionar as transformações de uma educação
que assume um compromisso com a formação de valores de sustentabilidade, como parte
de um processo coletivo.
A necessidade de uma crescente internalização da problemática ambiental, um
saber ainda em construção, demanda empenho para fortalecer visões integradoras que,
centradas no desenvolvimento, estimulem uma reflexão sobre a diversidade e a
construção de sentidos em torno das relações indivíduos-natureza, dos riscos ambientais
globais e locais e das relações ambiente-desenvolvimento.
A educação ambiental, nas suas diversas possibilidades, abre espaço para
repensar práticas sociais e o papel dos professores como mediadores e transmissores de
um conhecimento necessário para que os alunos adquiram uma base adequada de
compreensão essencial do meio ambiente global e local, da interdependência dos
problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um para construir
uma sociedade planetária mais eqüitativa e ambientalmente sustentável.
Tomando-se como referência o fato de a maior parte da população brasileira viver
em cidades, observa-se uma crescente degradação das condições de vida, refletindo uma
crise ambiental. Isto nos remete a uma necessária reflexão sobre os desafios para mudar
as formas de pensar e agir em torno da questão ambiental numa perspectiva
contemporânea.
Dente os variados problemas ambientais, aqueles que se referem à água, são por
vezes os mais preocupantes. A água não só nutre toda forma de vida que se conhece no
planeta, como é essencial a todos os processos de existência do homem. Privado de
água o ser humano, em poucos dias, perece de sede, inanição e desidratação, ou de
outras doenças relacionadas à sua carência.
Neste contexto, o homem necessita da água como alimento (70% do organismo
humano é formado por água), para a produção de alimentos, nos processos industriais,
nas atividades domésticas e na higiene pessoal. Apesar disso, os problemas da carência
de água, ocorrem, principalmente, em razão de distribuição irregular dos reservatórios, de
contaminação, da poluição, do desperdício e da maior demanda ocasionada pelo
crescimento demográfico e pela conseqüente ampliação das atividades agrícolas e
industriais.
No que se refere à regulamentação sobre a utilização dos recursos hídricos, o
Brasil vem produzindo, desde o início do século XIX legislação e políticas que buscam
paulatinamente consolidar uma forma de valorização destes. A crise econômica de fins do
século XIX e início do século XX, centrada na troca do modelo econômico (de agrário
16
para industrial), exigiu uma maior utilização da energia elétrica para a geração de
riquezas.
Neste contexto, foi publicado o Decreto 24.643 em 10 de Julho de 1934, que
aprovou o Código de Águas Brasileiro, iniciando um trabalho de mudança de conceitos
relativos ao uso e a propriedade da água e estabelecendo uma Política Nacional de
Gestão de Águas.
Pode-se considerar que o Código de Águas Brasileiro, criado com a finalidade de
estabelecer o regime jurídico das águas no Brasil, possibilitou alterações no modelo de
administração pública e de novas normas legais. A seguir, relacionam-se os mais
expressivos diplomas legais, decorrentes do Código de Águas Brasileiro, apresentando de
forma mais detalhada a legislação mais recente ou mais relevante para a gestão dos
recursos hídricos no Brasil, entre elas: sistema de gestão de recursos hídricos, aprovados
por meio da Lei N.o 9.433/97, Política Nacional de Águas (Lei N.o 9.433/97), Legislações
Estaduais de Gestão de Águas; Criação da ANA (Agência Nacional de águas), entre
outras.
A promulgação desta lei vem consolidar um avanço na valoração e valorização da
água, quando, por meio de seu artigo 1.o, incisos I e II, determina que: a água é um bem
de domínio público e dotado de valor econômico.
Inspirado no modelo francês, a legislação brasileira sobre recursos hídricos é um
modelo ambicioso de gestão do uso dos rios e, de acordo com esta Lei, as decisões
sobre os usos dos rios em todo o país serão tomadas pelos Comitês de Bacias
Hidrográficas, que são constituídos por representantes da sociedade civil (1/3), do estado
(1/3) e dos municípios (1/3).
17
“Ninguém ignora tudoNinguém ignora tudoNinguém ignora tudoNinguém ignora tudo
Ninguém sabe tudo.Ninguém sabe tudo.Ninguém sabe tudo.Ninguém sabe tudo.
Todos nós sabemos alguma coisa.Todos nós sabemos alguma coisa.Todos nós sabemos alguma coisa.Todos nós sabemos alguma coisa.
Todos nós ignoramos alguma coisaTodos nós ignoramos alguma coisaTodos nós ignoramos alguma coisaTodos nós ignoramos alguma coisa
Por isso aprendemos sempre.”Por isso aprendemos sempre.”Por isso aprendemos sempre.”Por isso aprendemos sempre.”
Paulo FreirePaulo FreirePaulo FreirePaulo Freire
18
3 Diagnóstico
3.1 Aspectos geográficos do Município de Piraquara
O município de Piraquara se constitui atualmente como um dos municípios
pertencentes a Região Metropolitana de Curituba (Figura 01 e 02). Está situado sobre as
coordenadas geográficas médias de 25º29’42’’ de latitude Sul e 49º03’29’’ de longitude
Oeste, entre as coordenadas da Universal Transverso de Mercator (UTM): 683.000,
707.000, 7.172.500 e 7.190.500 (SUDERHSA, 2000). A altitude média é de 897 m.
Situa-se numa região de altas montanhas na encosta oeste da Serra do Mar,
divisor geográfico entre o litoral paranaense e o primeiro planalto.
Quanto ao relevo, encontramos três unidades: o planalto sedimentar e o planalto
cristalino, que integram o Primeiro Planalto Paranaense; o terceiro compartimento,
maciço serrano granítico, cujo relevo é denominado Serra do mar, e o quarto e último
compartimento; elevações de matacões graníticos (afloramento de rochas), que
correspondem a uma interface entre o Primeiro Planalto Paranaense e a Serra do Mar.
O clima é subtropical úmido mesotérmico, com verões frescos e agradáveis,
invernos com ocorrências de geadas severas e freqüentes (temperatura media inferior a
18°c), não apresentando estações secas. A umidade relativa do ar é de 85%, uma das
mais altas do Estado.
19
Figura 01: Localização da RMC no Estado do Paraná
20
Figura 02: Localização de Piraquara na RMC
21
3.2 Aspectos Históricos do Município de Piraquara
O desenvolvimento do município teve impulso com a construção da estrada de
ferro Paranaguá-Curitiba ainda no século XIX, com a chegada dos imigrantes,
especialmente italianos (trentinos / tiroleses) originários da província de Trento, no norte
da Itália. No ano de 1878, com 59 famílias, estes imigrantes italianos formaram a Colônia
Santa Maria do Novo Tirol da Boca da Serra, que foram ponto chave para o progresso da
cidade. Estas famílias encontraram condições ideais para suas formas de produção,
preservação de seus costumes e tradições, arquitetura, culinária típica e hábitos
alimentares, fator chave para o progresso da cidade, principalmente agricultura e
pecuária. Mais de um século se passou da colonização e costumes ainda são
preservados.
A procura pelo ouro, foi o principal motivo da imensa movimentação na região do
planalto curitibano. Em princípios do século XVIII, o capitão Manoel Picam de Carvalho
fundou uma mineradora. Ali foram lançadas as bases do que seria a cidade de Piraquara.
Das minas de ouro do Arraial Grande se originou São José dos Pinhais e mais tarde
Piraquara, que teve seu desenvolvimento fundamentado na chegada da estrada de ferro
ligando Curitiba a Paranaguá.
O povoado de Piraquara foi levado à categoria de Freguesia através da Lei nº 836,
de 09 de dezembro de 1885, conforme íntegra estampada, extraída do Livro de
Correspondência Oficial da Província, n º 758, a partir da folha nº 155, com denominação
do Senhor Bom Jesus de Piraquara e sob a invocação do Senhor Bom Jesus dos Passos,
cuja imagem foi doação da baronesa de Cerro Azul, que hoje é padroeiro desse município
sendo comemorado a sua data no dia 06 de agosto. A freguesia desenvolveu-se,
contribuindo para o fluxo imigratório de italianos e tiroleses.
A mudança oficial do nome de Piraquara para Deodoro deve-se a uma medida de
cunho político, próprio do Governo Provisório Republicano. Sendo assim a Freguesia do
Senhor Bom Jesus de Piraquara, foi elevada a categoria de Vila, pelo decreto nº17, de 10
de janeiro de 1890, com a denominação de Deodoro, em homenagem ao proclamador da
República, Marechal Deodoro da Fonseca. A denominação de Deodoro manteve-se
oficialmente até 1929, quando, através da Lei nº2645, de 10 de abril, passou a chamar-se
Piraquara.
O município de Piraquara foi criado pela Lei nº25 de 17 de janeiro de 1890, tendo
sido desmembrado do município de São José dos Pinhais e instalado em 29 de janeiro de
1980, sendo esta ultima data de seu aniversário.
22
Em 04 de julho de 1984, com a Lei nº 7.878 foi decretada a criação da Comarca de
Piraquara. O fórum foi instalado em 10 de outubro de 1984, pelo então Presidente do
Tribunal da Justiça, Desembargador Alceu Conceição Machado. A Comarca de Piraquara
compreende a sede do Distrito Judiciário de Pinhais.
Até 1992, o município de Piraquara contava com o Distrito de Pinhais. Com a Lei nº
9.906 de 18 de março de 1992, criou-se o município de Pinhais.
3.2.1 Contexto Atual
Após o desmembramento começaram a ocorrer vários problemas, principalmente
econômicos. Isto se deve ao fato de que em Pinhais ficou a parte ativamente econômica
do município. Em contrapartida, em Piraquara se localizam áreas de fazendas,
mananciais, parques e reservas. Conta com um pequeno número de indústrias, as quais
estão em conformidade com a lei 12.248/99.
O desenvolvimento do comércio é de certa forma prejudicado pela proximidade de
Curitiba e pela característica de cidade dormitório. As principais atividades econômicas
resumem-se a pecuária e a agricultura. Piraquara conta também com a criação de
eqüinos em Haras.
Por possuir todo o território abrangido pelas bacias hidrográficas dos mananciais
de abastecimento da Região Metropolitana de Curitiba, limita desta maneira o
desenvolvimento de atividades que poderiam vir a comprometer a qualidade de água,
atividades estas que refletem diretamente na arrecadação municipal. Os royalties
ecológicos minimizaram em parte, os impactos sofridos com o desmembramento.
Piraquara recebe hoje em torno de 80% a mais de ICMS ecológico (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços), o que equivale dizer um incremento de renda para
o município na ordem de 21% sobre a receita total, mesmo com essa verba, o município
conta só com 400,00 reais ano/habitante para investimentos em saúde, educação,
pavimentação, etc.
Piraquara apresentou um crescimento demográfico de mais de 30% no período de
2000 a 2006, passando de 72.886 habitantes para 103.574 habitantes (IBGE, 2006)
políticas públicas que viabilizassem o atendimento a essa crescente população não foram
efetivadas, ocasionando um êxodo urbano. Em 2008 foi realizado novo censo pelo IBGE,
registrando 83.000 habitantes, número contestado pela gestão pública.
23
O município possui vinte escolas municipais, dezesseis Centros de Educação
Infantil e oito escolas estaduais, além de cinco escolas particulares, atendendo
aproximadamente 8.721 alunos na rede municipal e 9.013 alunos nas escolas estaduais.
Encontra-se também no município um Complexo Penitenciário com cerca de 10
mil detentos.
As associações de bairro registradas no município são 19 (dezenove), porém nem
todas têm um trabalho regular efetivo e a maioria não possui sede, pois muitas delas
estão em áreas de ocupação e crescimento desordenado.
Dentro deste contexto e da atual situação do município a geração de fomento
imediata não é a solução. A produção acelerada sem um planejamento estratégico pode
resultar num desequilibro muito grande, vindo a prejudicar principalmente os pequenos
produtores.
Está inserida em nosso município a aldeia indígena Araçá-i com 12 famílias,
aproximadamente 60 habitantes e hoje residem no “Espaço Etno Biodiverso M’bya
Guarani – Aldeia Araçá-i” legalizada pelo decreto n° 2941/2007.
Em 2008, Piraquara recebeu o PAC, programa de aceleração do crescimento que
vem atender as necessidades sociais de uma parcela da população, onde se incluem os
projetos de moradias, saneamento, iluminação, pavimentação, lazer e regularização
fundiária.
Tabela 01 - Perfil Municipal
Área Social
Informação Fonte Data Estatistica
População Censitária – Total IBGE 2000 72.886 habitantes
População Estimada – Total IBGE 2006 103.574 habitantes
Pessoas em Situação de Pobreza IBGE/IPARDES 2000 18.163
Famílias em Situação de Pobreza IBGE/IPARDES 2000 4.580
População Economicamente Ativa IBGE 2000 33.709 pessoas
População Ocupada IBGE 2000 27.299 pessoas
Número de Domicílios - Total IBGE 2000 22.232 Fonte: IPARDES 2007
24
3.3 A Questão Ambiental
“Os problemas ambientais são necessariamente sociais e políticos. A
sustentabilidade implica reflexões e decisões de toda a sociedade. Organizações
ecológicas contribuem para a mobilização social em torno de grandes questões.
Entre tantas outras preocupações, destacam-se as florestas, os rios, lagos e
mares e muitas espécies vivas, ameaçadas de extinção. Em muitas regiões, a
espécie mais ameaçada é o ser humano. “ Paulo Freire
O município de Piraquara possui, de acordo com o Plano Diretor (2005), uma área
de 227,56 Km² da qual 2/3 deste território é de conservação, com o zoneamento
devidamente aprovado, compreendendo a área especial de interesse turístico do Pico do
Marumbi – (AEIT do Marumbi), Parque Estadual da Serra da Baitaca, Área de Proteção
ambiental (APA do Irai e APA de Piraquara), UTP do Itaquí, e parte de área rural, com
uma população de aproximadamente cinco mil habitantes.
Possuindo 1162 nascentes catalogadas (figura 3) e tendo 93% do território
caracterizado como área de manancial (os outros 7% são de Área de Serra de proteção
máxima), Piraquara é a maior produtora de água da Região Metropolitana de Curitiba,
fornecendo metade da água consumida por 3 milhões de habitantes. Diariamente, são
captados mais de 276 mil metros cúbicos de água através das três represas da
Companhia de Saneamento do Paraná (SANEPAR)
25
Figura 03: Mapa das Nascentes
26
Em 24 de agosto de 1908, foi inaugurado o primeiro sistema de abastecimento de
água de Curitiba, fazendo parte deste, a represa do carvalho para captação de água na
Serra do Mar em Piraquara. Com 38 km de extensão, denominada Estrada do
encanamento, hoje Rodovia João Leopoldo Jacomel este sistema levava a água até o
Reservatório do Alto São Francisco, abastecendo a população da cidade de Curitiba até
1945, quando entrou em operação o sistema Iraí. A partir dessa data, a captação de água
na Represa do Carvalho passou a abastecer exclusivamente a sede do município de
Piraquara.
Para regularizar a vazão de água foi construída, em 1978 e inaugurada em março
de 1979, a barragem do Rio Cayguava ou Piraquara I, que posteriormente passou a
abastecer a cidade de Piraquara. No ano de 2000 foi concluída a barragem do Iraí e em
2008 será concluída a barragem do Piraquara II.
As bacias hidrográficas contidas integral ou parcialmente no município contam com
um total de 216,46 Km e com uma vazão total de 3.200 litros por segundo (figura 04). São
elas:
• Iraizinho com 52,60 km e vazão de 520l/s;
• Irai com 24,86 Km e vazão de 396l/s;
• Piraquara com 107 Km e vazão de 1.940l/s;
• Itaqui com 16 Km e vazão de 160l/s;
• Incremental com 16 Km e vazão de 160l/s..
27
Figura 04: Mapa das Bacias Hidrográficas
3.3.1 Flora
28
3.2.1 Flora
A especificidade da região de Piraquara é dada pela diversidade de habitats e
microhabitats, caracterizando a Floresta Atlântica como o tipo vegetacional com área de
maior endemismo do mundo, ou seja, espécies encontradas apenas nela. Também se
encontra a Floresta com Araucária (floresta ombrófila mista), essencial para a
preservação da Araucária angustifólia, árvore nativa do sul do Brasil cuja espécie
encontra-se ameaçada de extinção. No município existem ainda áreas de formações
pioneiras com influência fluvial (várzea). Este estudo consta no Plano Diretor que foi
finalizado em 2005, estando na Câmara Municipal para apreciação.
Em um município com uma área relativamente pequena, a presença das várias
formações vegetacionais denota uma singular importância ambiental ao município. A
interação entre estas diferentes formações evidencia a importância ecológica da região,
principalmente nas áreas ecotonais, que são áreas de transição entre formações vegetais
distintas. Preservando estas áreas em que ocorre simpatria, nas formações
fitofisiológicas, podemos ampliar a proteção de espécies que vivem em ambos os
biomas.
3.3.2 Fauna
A enorme diversidade de espécies é visível e, na maior parte, conservada. É
composta por 236 espécies vegetais, agrupadas em mais de 90 famílias, sendo de suma
importância ressaltar a freqüente regeneração natural da araucária.
No município são encontradas 493 espécies animais, sendo 68 mamíferos, entre
eles: gambá, a cuíca, o tamanduá-mirin, o bugio, o macaco-prego, o cachorro-do-mato, o
mão pelada, a irara, a lontra, o puma, a jaguatirica, o gato-do-mato, o serelepe e 13
espécies de morcego. Ocorrem ainda 353 espécies de aves, distribuídas em 48 famílias.
Segundo estudo realizado por Biólogos do IBAMA, em um período de 4 anos, iniciados
em 2003 foram amostradas 112 espécies de aves, na Região de Nascentes do Rio
Iguaçu, Recreio da Serra.
Entre as aves encontradas na lista das espécies ameaçadas de extinção no
Paraná (segundo a lista vermelha do estado), três delas são encontradas em Piraquara: o
jaó (Crypturellus noctivagus), o sabiá-cica (Triclaria malachitacea) e o choca-de-costas-
castanhas (Dysithammus xanthopterus). Destaca-se também o macuquinho-da-várzea
(Scytalopus Iraiensis) descoberto em 1997, próximo da barragem do rio Irai. Existem
29
ainda, na região, 33 espécies de peixes e 34 espécies de répteis, sendo 9 de lagartos e 2
de quelônios. De anfíbios são 40 espécies, sendo que duas das serpentes estão
catalogadas como raras.
3.3.3 Serviços Básicos
O município de Piraquara conta hoje com 28 bairros e tem 99% da população
atendida com rede de água e 65% de rede de esgoto (minimizando os agravos
decorrentes da falta de saneamento básico). Este trabalho continua sendo ampliado em
todos os bairros. A coleta de resíduos sólidos no município é feita por uma empresa
terceirizada que segue o mapeamento da secretaria de meio ambiente, atendendo todos
os bairros da cidade, incluindo a zona rural, com a coleta de resíduos orgânicos e de
materiais potencialmente recicláveis. No município tem instalada a RECIQUARA,
Associação de Coletores de Material Reciclável – Novo Guarituba de Piraquara. Foi
aprovada em 19 de julho de 2007 a lei nº897/2007 que dispõe sobre a Gestão do
Sistema de Limpeza Urbana no Município de Piraquara. A Iluminação pública está sendo
ampliada, e deve chegar a 100% no município, com a substituição das lâmpadas de
mercúrio por lâmpadas de sódio que possuem maior luminosidade, maior vida útil, são
mais econômicas, além de reduzir os impactos ao meio ambiente em caso de quebra.
Tabela 02: Saneamento básico:
3.4 Legislação e Movimentos Socioambientais
3.4.1 Legislação
Segundo relatos em 1945 foi realizado o zoneamento do Guarituba sendo apenas
uma parte demarcada em grandes lotes (Guarituba redondo) para destino de bacia
leiteira, constituída por descendentes de alemães, somente em 1999 é realizado o
zoneamento da UTP do Guarituba, pela Lei n° 445/99. Este processo foi definido através
Serviço % Atendido
Água 99%
Esgoto 65%
Lixo 100%
30
do Decreto Estadual n° 809/99, que em 2006 sofreu algumas alterações significativas
sendo confirmada sob decreto Estadual n° 6314/06.
Hoje, Piraquara tem sua área urbana regida pela Lei n° 911/07, que dispõe sobre o
Zoneamento do uso e ocupação do solo das áreas urbanas do município.
31
Figura 05: Mapa do Zoneamento
32
Quanto ao ICMS ecológicos, pontuamos um histórico sobre as leis que permeiam
este estudo, ressaltando que esta contempla 224 municípios no Estado do Paraná, sendo
183 municípios com unidade de conservação, 80 municípios com mananciais de
abastecimento e 39 municípios contém sobreposição de unidades de conservação e
mananciais de abastecimento.
No histórico das leis temos:
• A Lei Federal Complementar n° 63/90 em seu artigo 3°, item II, determina que
25% da arrecadação dos impostos, serão creditadas pelo Estado, aos municípios e
destes 25% de acordo como que a Lei Estadual dispuser.
• Lei Estadual n° 949/90 regulamentou o artigo 132 e parágrafo único da
Constituição do Estado, relativo aos municípios beneficiados por aquela norma (5%).
• Lei Complementar n° 59 de 01/10/1991 sobre a repartição de 5% do ICMS, a
que alude o artigo 2° da Lei n°9491/90 aos municípios com mananciais de
abastecimento e unidade da conservação ambiental.
• Decreto n°2.791 de 27/11/1996 revoga o Decreto n° 974 de 9 de dezembro de
1991 e regulamenta a Lei Complementar n° 59, definindo critérios técnicos de alocação
de Recursos,relativos a mananciais de abastecimento público e a unidade de
conservação ambiental.
• Portaria SUDERHSA n° 044/96 GAB, estabelece critérios técnicos para cálculo
relativos aos municípios com mananciais de abastecimento público.
• Portaria Conjunta SUDERHSA/SANEPAR/EMATER n° 01/97 dispõe sobre
procedimentos para cálculo do fator, de maneira avaliar por município a eficácia das
ações de melhoria ambiental.
• Resolução n° 036/03 – SEMA, estabelece os percentuais definitivos relativos a
cada município de direito. O fator ambiental é a soma do Índice Ambiental por unidade
de conservação e por mananciais de abastecimento.
33
3.4.2 Movimentos Socioambientais
Em 1979 surge o Movimento Ecológico, um grupo organizado e comprometido na
divulgação e preservação do meio ambiente. Este movimento é um dos primeiros a
serem reconhecidos pelo estado como de utilidade pública. Divulgando a preservação do
meio ambiente em rádios, televisões e jornais, o movimento alcançou uma grande
repercussão, principalmente na comunidade local, agregando muitos jovens na luta pela
preservação. Sendo o primeiro movimento no município com o objetivo específico de
preservação ambiental, se depararam também com duras questões sociais. Dessa forma,
iniciaram ações junto à comunidade para amenizar estes problemas. Entre as ações ,
verificamos o incentivo e orientação a hortas caseiras na Vila Fuck, Proteção ao rio
Iraizinho, distribuição de leite em parceria com a Legiâo Brasileira de Assistência (LBA),
recreação infantil, distribuição de mudas e orientação de plantio, peças teatrais junto às
comunidades organizadas.
Em 1989 o Rotary Club, torna suas ações mais significativas com relação ao meio
ambiente fomentando a instituição do DIA do RIO, dia 24 de novembro. Este dia fica
instituído no Município de Piraquara através da Lei n° 098/91 e em 21/12/95, através da
Lei nº 11.275 , fica instituído estadualmente com a finalidade de fiscalizar a qualidade da
água, apresentando e assessorando soluções para a preservação e conservação dos
processos ecológicos essenciais à sadia qualidade de vida, em meio ambiente
ecologicamente equilibrado.
Em 12/10/2004 foi instituído o Grupo de Escoteiros “Guardião das Águas”, o qual
desenvolve ações periódicas para preservação e fomento e conscientização ecológica.
Em 2006, em parceria com o CEAM/SANEPAR deu-se o curso de agentes
socioambientais, destinado a comunidade local. Em 2007 esta parceria aconteceu
novamente para a formação dos professores da rede municipal.
Em 21/11/2006 foi instituído o COMTUR, Conselho Municipal de Turismo, grupo
composto por membros da sociedade com representação de vários segmentos,
principalmente do comércio. Este grupo discute as ações de fomento ao turismo local
protegendo e preservando nossas áreas de mananciais.
Em 2007, foi realizado em parceria com a Secretaria de Ação Social e UFPR o
curso de Iniciação Profissional - Serviços Turísticos, no qual os alunos receberam a
formação teórica e prática para que possam atuar na orientação turística do município.
34
Em julho de 2007, foi aprovada a Lei n° 897/2007, que normatiza as atividades
inerentes ao Sistema de Limpeza Urbana no Município de Piraquara, exigindo dos
estabelecimentos comerciais e de saúde o Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
(PGRS); Estabelece que todos os resíduos sólidos gerados são de propriedade particular
do gerador devendo, portanto, permanecer sob sua inteira responsabilidade até a
disposição final.
Em julho de 2007 houve um grande avanço, no município com a aprovação da lei
n° 907/2007, que dispõe sobre o Código Municipal do Meio Ambiente, estabelecendo
princípios e ações da política Municipal de Meio Ambiente, bem como criação da Força
Verde para intensificar a fiscalização e punição de infrações as leis. Esta mesma lei, em
seu artigo 20, prevê a criação e implantação do plano Municipal de Educação Ambiental.
O COMTUR (Conselho Municipal de Turismo) através da Lei municipal
n°857/2006, tornando-se COMATUR (Conselho de Meio Ambiente Agricultura e Turismo)
com a competência de incentivar e promover propostas para a manutenção e
preservação do meio ambiente, desenvolvimento da agricultura e do turismo;
Acompanhar e assessorar o poder público executivo no estudo do desenvolvimento das
ações voltadas ao meio ambiente, agricultura e turismo, entre outros, com poderes
deliberativos e normativos.
Em 05 de junho de 2007 foi realizada a 1° Conferência Municipal de Meio
Ambiente, contando com a participação da comunidade em geral.
3.5 A Educação como Transformação
A educação ambiental em sua totalidade - o tratamento do meio ambiente de
acordo com uma postura que, embora assuma o ponto de vista de alguma
especificidade, não perca a visão do todo (MENDONÇA, 2005) - busca sensibilizar para
a questão socioambiental e conscientizar a comunidade para a necessidade da
construção da sustentabilidade – entendida aqui como um processo pelo qual a geração
presente pode usufruir do meio sem comprometer a sua qualidade para as gerações
futuras - buscando medidas de preservação, promoção, recuperação e conservação dos
recursos naturais, aumentando a capacidade de intervir positivamente na natureza.
Piraquara segue os princípios básicos da PNEA – Política Nacional de Educação
Ambiental - instituída pela Lei n° 9795 de abril de 99, dentre os quais destaca-se o
35
enfoque democrático e participativo, a concepção de ambiente em sua totalidade e a
garantia de continuidade e permanência do processo educativo.
Nos últimos anos, a ocupação desordenada vem trazendo conseqüências
indesejáveis ao meio ambiente. Os recursos naturais explorados intensamente, a
degradação do meio, o esgotamento do solo, a contaminação da água, a degradação do
patrimônio histórico são conseqüências indesejáveis da ação humana. MENDONÇA
(2005, cita que em aproximadamente duzentos anos de industrialização, a produtividade
de bens materiais e seu consumo se deu de forma bastante acelerada. Como este
processo desrespeitou a dinâmica dos elementos naturais, ocorreu uma considerável
degradação do meio ambiente
MENDONÇA (2005), também afirma que, para uma compreensão e interferência
salutar na problemática ambiental, que os grupos atuantes devem ser constituídos de
especialistas das mais diversas áreas do cochecimento e ser completados por
representantes da sociedade organizadas e políticos.
Assim, o trabalho de Educação Ambiental vem reforçar a importância de
instrumentalizar a comunidade para o desenvolvimento consciente e sustentável, na
preservação, conservação e recuperação como parte do exercício da cidadania local e
planetária. Para isso será oportunizado o diálogo entre as diversas lideranças para a
participação total da comunidade, disponibilizando informações e discussões para o
desenvolvimento de atitudes. Promovendo não apenas o cuidado com o espaço, mas
também com as relações que se estabelecem de forma saudável, proporcionando o
melhor ambiente para todos.
Percebendo a comunidade como foco de propagação das ações de
mapeamento e diagnóstico territorial, verificando a realidade ambiental, pontuando os
rios, nascentes, mata ciliar, paisagem natural, principais problemas enfrentados com
relação ao lixo, esgoto, e outros agravantes, a educação ambiental vem fortalecer os
processos de mudanças de comportamento pessoal e atitudes, estimulando cidadãos
aptos para contribuir e atuar na realidade sócio ambiental de um modo comprometido
com a vida, com o bem estar de cada um e da sociedade local e global.
A educação ambiental no município atende 83.000 habitantes, promovendo o
cuidado ambiental. Alinhando-se com a idéia de desenvolvimento sustentável de sua
população e do uso de seus recursos naturais, Piraquara viabiliza os programas de
educação ambiental, como: Coleta Seletiva, Frente Viva, Nosso Vale, Semeando Vida,
Formação Ambiental, Comunidade Viva e Bem-Estar Animal.
36
A esfera da educação ambiental, segundo a identidade da educação ambiental,
diz “a definição da educação como ambiental é um primeiro passo importante, mas também insuficiente se
queremos avançar na construção de uma práxis, uma prática pensada que fundamenta os projetos põe em
ação. É possível denominar educação ambiental a práticas muito diferentes do ponto de vista de seu
posicionamento político-pedagógico. Assim, torna-se necessário situar o ambiente conceitual e político
onde a educação ambiental pode buscar sua fundamentação enquanto projeto educativo que pretende
transformar a sociedade.” MMA – Identidades da Educação Ambiental Brasileira.
37
4 Objetivo Geral
O Plano Municipal de Educação Ambiental tem por objetivo formar uma população
sensibilizada, consciente e preocupada com o meio ambiente, comprometida em
colaborar individual e coletivamente na resolução de problemas atuais e prevenção de
problemas futuros.
4.1 Objetivos Específicos
• Considerar a importância da temática ambiental oferecendo meios efetivos
para que cada indivíduo reflita sobre os fatos naturais e humanos, e o conceito de
ambiente como um todo, embasado na identidade ambiental de Piraquara;
• Estabelecer e divulgar as diretrizes e eixos norteadores para as atividades
educacionais, formais ou não, no município de Piraquara;
• Enfatizar o consumo consciente e a importância de Reduzir, Reutilizar o
máximo que pudermos e Reciclar tudo que não der para reduzir ou reutilizar,
minimizando os impactos causados pela geração de resíduos.
38
5 Diretrizes
“A grande generosidade está em lutar para que, cada vez mais, essas mãos, sejam de homens ou de povos, se entendam menos, em gestos de súplica. Súplica de humildades a poderosos. E sevão fazendo,cada vez mais, mãos humanas, que trabalhem e trans formem o mundo.” Paulo Freire
A educação ambiental de Piraquara deve pautar a preservação dos mananciais
fomentando e promovendo ações conjuntas com a comunidade local, fortalecendo e
expandindo as diretrizes do plano diretor.
O processo de construção do PMEA pode e deve dialogar com as mais amplas
propostas, campanhas e programas em âmbito nacional, estadual e municipal,
fortalecendo-os e sendo por eles fortalecido com esses programas. São propostas ações
educacionais, que irão formar agentes, editores, comunicadores, educadores, ambientais,
apoiando e fortalecendo grupos, comitês e núcleos ambientais em ações locais voltadas à
construção de sociedades sustentáveis. Estimulando a compreensão do ambiente como
um todo, fator indispensável à proteção da vida. Ampliando a realização da interatividade
ambiental.
"A educação ambiental é a ação educativa permanente pela qual a comunidade educativa tem a tomada de consciência de sua realidade global, do tipo de relações que os homens estabelecem entre si e com a natureza, dos problemas derivados de ditas relações e suas causas profundas. Ela desenvolve, mediante uma prática que vincula o educando com a comunidade, valores e atitudes que promovem um comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus aspectos naturais como sociais, desenvolvendo no educando as habilidades e atitudes necessárias para dita transformação." Conferência Sub-regional de Educação Ambiental para a Educação Secundária Chosica/Peru (1976)
Para o fortalecimento das ações a importância de territorializar a cidade mapeando
os recursos naturais e as ações junto à comunidade, fomentando a responsabilidade
social na área de transição entre zona urbanizada e de preservação; com práticas
socioambientais comunitárias.
A educação ambiental deve pontuar por uma abordagem sistêmica ressaltando a
problemática ambiental atual, em especifico deve, problematizar a responsabilidade
individual sobre consumo excessivo e a geração de resíduos.
A educação ambiental como um dos instrumentos fundamentais da gestão
municipal na orientação da comunidade, incentivando na conservação, manutenção ao
redor de sua moradia, recuperação, dentro de sua propriedade ou em frente dela.
39
A participação da comunidade no processo de reconhecimento e formação
socioambiental visa a autonomia dos grupos na construção de ações ambientalmente
responsáveis, dentro de um modelo socioeconômico sustentável.
A intercomunicação entre os programas existentes de outras secretarias fortalece
a realização de ações objetivas junto a comunidade, incentivo do cuidado com a fauna
em especial os animais domésticos.
Considerando-se nossa área de manancial o PMEA propõem a constante
divulgação das áreas de preservação do município (APA, UEIT do Marumbi),
incentivando a proteção, recuperação e preservação ambiental e o uso sustentável de
seus recursos. Estimulando o diálogo interdisciplinar como o turismo ecológico,
agricultura orgânica, consumo consciente, produção de mudas, minhocário.
Para a atuação efetiva o estimulo a ampliação e os aprofundamentos da
educação ambientais em todos os setores vêem contribuir para a construção de
territórios sustentáveis mapeando e monitorando, em conjunto com a comunidade,
para a proteção e a conservação de ecossistemas. Criando assim uma rede de
interatividade ambiental, através de todos os programas com a participação social de
pessoas atuantes e plenas.
São diretrizes do Plano:
• A educação ambiental deve ser inter, trans e multidiciplinar;
• Desenvolver potencialidades, posturas pessoais e comportamentos sociais
para que a sociedade seja ambientalmente sustentável e socialmente justa;
• Proteger e preservar todas as manifestações de vida do planeta;
• Estimular a prosperidade/sustentabilidade do meio ambiente;
• Oportunizar processos de formação continuada em Educação Ambiental;
• Contribuir coma organização da rede de desenvolvimento sustentável que vai
atuar em programas de Educação ambiental, apoiando e valorizando suas ações;
• Estimular a participação da Educação Ambiental na formulação e execução de
atividades de licenciamento ambiental;
• Promover a Educação Ambiental e patrimônio natural e construído, junto aos
programas de conservação, recuperação e melhoria socioambiental;
40
• Intensificar campanhas de Educação Ambiental nos meios de comunicação de
massa, tornando-os colaboradores ativos e permanentes na divulgação de informações e
práticas educativas socioambientais;
• Estimular a capacidade de trabalhadores pelas entidades de classe instituições
públicas e privadas, usando a melhoria e controle sobre o meio ambiente de trabalho
local;
• Conhecer e debater a legislação ambiental vigente;
• Difundir o código municipal ambiental;
• Criar espaços para programa Comunidade Viva, territorializando a cidade para
as ações específicas pertinentes a demanda de cada região.
• Estimular a efetivação de redes de Educação Ambiental através da
territorialização, valorizando essa forma de organização;
• Promover e apoiar a produção de materiais didático-pedagógico e instrucionais;
• Produzir cartilha instrutiva contendo os diversos programas propostos e
folhetaria necessária;
• Sistematizar e disponibilizar informações sobre experiências e apoiar
iniciativas;
• Perceber e estimular o cuidado para com o espaço em sua totalidade;
• Incentivar a coleta de recicláveis e a organização dos coletores em
associações e cooperativas;
• Contribuir para uma consciência crítica para as questões ambientais e sociais;
• Orientar atividades e ações para preservação de meio ambiente na
comunidade, dentro dos programas existentes na secretaria.
• Efetivar a equipe pedagógica das escolas para encaminhamento do trabalho
ambiental, segundo os conteúdos escolares;
• Divulgar de forma ampla os programas contidos neste Plano.
41
6 Programas
6.1 Programa de Resíduos
Resíduos são o resultado de processos de diversas atividades da comunidade de
origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e ainda da
varrição pública, podendo ainda serem caracterizados como, seco (papéis, plásticos,
metais, couros tratados, tecidos, vidros, madeiras, guardanapos e tolhas de papel, pontas
de cigarro, isopor, lâmpadas, parafina, cerâmicas, porcelana, espumas, cortiças) e úmido
(restos de comida, cascas e bagaços de frutas e verduras, ovos, legumes, alimentos
estragados, etc...
Este programa tem por objetivo informar/orientar o munícipe quanto aos diversos
tipos de resíduos sólidos (orgânico, reciclável, de poda verde, de construção civil, óleo de
cozinha e especial - pilhas, baterias, lâmpadas...), quanto ao correto acondicionamento
ainda na fonte geradora, aos agravos ao meio ambiente bem como a adequada
destinação, em conformidade com a Lei Municipal nº 897/07 - Gestão de Limpeza Urbana
de Piraquara.
Objetivos específicos:
• Palestras de sensibilização quanto ao consumo consciente trabalhando
questões de Reeducação, Redução, Reutilização e Reciclagem;
• Debater e construir conhecimentos sobre a responsabilidade de cada indivíduo
gerador de resíduos do município;
• Estimular a mudança de hábito incentivando o uso de sacolas de pano, bem
como a confecção da mesma pelo comércio local;
• Ampliar a divulgação quanto aos dias e horários do serviço de coleta no
Município, bairro à bairro;
• Estimular o funcionamento das centrais de triagem de material reciclável;
• Promover a formação contínua junto aos coletores de material reciclável;
• Estabelecer a rotina diária da coleta seletiva nas instituições públicas;
• Observar a realidade e possíveis alterações para melhoria do espaço vivido
bem como ao serviço prestado;
42
• Fomentar o exercício da cidadania ambientalmente correta e socialmente
responsável.
6.2 Programa Frente Viva – (Arborização e Paisagismo)
Este programa pretende incentivar o munícipe a plantar/cuidar uma árvore no
passeio de fronte a sua residência, estabelecimento comercial, escola, igreja, etc,
melhorando o aspecto paisagístico do município. Sensibilizando-o quanto à importância
da preservação, conservação e manutenção do patrimônio natural e construído.
Objetivos específicos:
• Estimular os moradores para o cuidado com o espaço coletivo, o passeio em
frente suas residências;
• Sensibilizar para a necessidade do cuidado com o local onde vivemos e
conseqüentemente com todo o meio ambiente;
• Conscientizar os moradores sobre a proteção e conservação ambiental;
• Promover campanhas educativas, quanto ao plantio e manutenção, com
distribuição de mudas nativas e ou frutíferas junto às escolas, associações, igrejas, etc.;
• Estimular o turismo local, dentro da perspectiva das questões socioambientais;
• Fomentar o exercício da cidadania socioambiental correta e socialmente
responsável;
• Implantar formas de monitoramento/acompanhamento das mudas;
• Realizar parceria entre a secretaria de meio ambiente, agricultura e turismo,
urbanismo, educação e comunidade para o paisagismo, conservação e recuperação do
patrimônio natural e construído.
6.3 Programa Nosso Vale
Este programa prevê a preservação de fundos de vale, especificação de áreas de
preservação ambiental e marcação de ocupações desordenadas no município. Propondo
o mapeamento de todas as áreas e na definição de ações por parte do poder municipal e
da sociedade para a melhoria da qualidade socioambiental das áreas. Sensibilizando
para o reconhecimento das áreas e para a necessidade de preservação.
Na construção e efetivação deste programa será utilizada a folha topográfica do
município.
43
Objetivos específicos:
• Evidenciar a importância de tematizar e debater as noções de área de
preservação ambiental;
• Realizar o mapeamento e o diagnóstico dos fundos de vale de caráter técnico e
imparcial;
• Definir ações em áreas de fundo de vale para minimizar os impactos
ambientais;
• Respeitar a legislação federal na área ambiental;
• Elaborar o levantamento do número de famílias que ocupam as áreas de
preservação permanente, justificando recursos para relocação;
• Oferecer locais com infra-estrutura digna para as famílias relocadas;
• Criar os parques lineares, obedecendo as leis ambientais municipais, estaduais
e federais;
• Realizar atividades com a comunidade para a recuperação da mata ciliar.
• Realizar oficinas de educação ambiental para a comunidade, incentivando o
trabalho com as leis ambientais;
• Fiscalizar evitando a ocupação indevida.
6.4 Programa Semeando Vida – (Viveiro no Horto)
Consiste em desenvolver na área do Horto Municipal a construção de um viveiro,
para produção de mudas com a participação de integrantes da comunidade, as quais
serviram de subsidio para outros projetos da secretaria, tais como, arborização e
paisagismo, mata ciliar, etc, garantindo a autonomia e a auto-suficiência da SMAT.
Através do plantio de árvores, também na reposição de mata ciliar, visamos
ampliar a barreira natural, retendo os resíduos, evitando enchentes e facilitando a
infiltração da água das chuvas, mantendo a umidade e proporcionando uma temperatura
agradável.
Objetivos específicos:
• Sensibilizar a comunidade para o plantio de mudas e árvores;
• Estimular a preservação da mata ciliar e da mata nativa;
44
• Mobilizar grupos da comunidade para o plantio de árvores principalmente no
cuidado com a mata ciliar;
• Incentivar a criação de herbários, minhocários, museu de história natural;
• Catalogar e identificar as espécies nativas cultivadas.
Encaminhamentos:
• Construção de instalações específicas para um espaço educativo junto ao
horto municipal destinado a prática da Educação Ambiental, para visitação da
comunidade.
• Viabilização de profissionais habilitados (professores e biólogos) para
desenvolver ações educativas junto á comunidade, visando á formação continuada.
• Fomentar parcerias com outras instituições;
• Viabilizar reflorestamento nas escolas em parceria com os docentes e alunos.
6.5 Programa Formação Ambiental
É um programa que vem atender a formação continuada de todos os envolvidos
em Educação ambiental no Município de Piraquara, atualizando os conceitos e leis.
Oferecendo palestras e oficinas definidas pela equipe técnica da SMAT, que venha
atender as necessidades do município, fornecendo as informações e a capacitação com
profissionais nas diversas áreas de interesse da comunidade formando multiplicadores.
Objetivos específicos:
• Promover palestras de Educação Ambiental para professores, alunos e
comunidade em geral;
• Formar agentes sócioambientais;
• Orientar para que os conteúdos estabelecidos nas diretrizes municipais e
parâmetros curriculares nacionais sejam contemplados nas propostas curriculares das
escolas de ensino fundamental e médio;
• Conhecer os espaços do município;
• Buscar parcerias para garantir o acesso aos espaços do município (transporte).
45
Encaminhamentos:
• Sensibilizar os professores da rede municipal e estadual, participantes do curso
de formação socioambiental para efetivar projetos nas escolas contemplando os
conteúdos das diretrizes curriculares, revertendo assim em ações significativas de
transformação da realidade da comunidade.
• Professores de projeto ambiental, permanente fixam ou um grupo de projeto
itinerante nas escolas.
• Capacitar alunos de ensino médio (técnico em meio ambiente) para atuarem
como estagiários desenvolvendo projetos junto as escolas e outras instituições.
• Na escola municipal dividir o horário de educação física com a educação
ambiental;
• Nas escolas estaduais direcionar os trabalhos ao professores de ciência,
biologia e geografia e áreas afins.
6.6 Programa Comunidade Viva
Este projeto visa a responsabilidade compartilhada e vem de encontro com a
necessidade da participação coletiva na construção do novo, que inevitavelmente
começa com ações individuais e assim seguindo um caminho ascendente para a
coletividade. Auxiliando no reconhecimento e conhecimento de sua área, desenvolvendo
o sentimento de pertencimento ao seu grupo, seja a sua escola, seu bairro, sua
comunidade, o programa pretende que as realizações passem a ser mais efetivas na
preservação do meio ambiente. “Cada um faz sua parte por um mundo melhor”, “Cada
um faz sua parte por Piraquara”
Disponibilizando ao grupo, informações para o reconhecimento de seu território,
percebendo o meio ambiente como parte de sua vida e das relações que estabelece com
outras pessoas, outras formas de vida e outras culturas. Mapeando o local no entorno do
bairro quanto as nascentes e proposta de zoneamento, auxiliando a comunidade na
reflexão e interpretação da realidade, para a construção de uma proposta de ação
participativa, onde todos possam se beneficiar na construção de novas ações, mais
conscientes e de comprometimento com o meio ambiente. Construindo um grupo ativo no
seu contexto social, trabalhando com justiça ambiental e sustentabilidade, dentro da
realidade vivenciada, harmonizando interesses.
46
Objetivo Geral
• Propor a comunidade (líderes comunitários, ONGS, atores sociais, etc)
espaços de discussões para construção coletiva do conhecimento a respeito das
questões socioambientais, para mobilização social.
Objetivos específicos:
• Estimular reuniões com a comunidade, fomentando o seu envolvimento;
• Criar grupos de estudo formais ou informais para discussões socioambientais;
• Realizar palestras e orientações sobre propostas e programas da secretaria;
• Mapear a área de atuação na comunidade;
• Identificação dos problemas e potencialidades ambientais locais;
• Construir proposta de trabalho para a localidade em questão;
• Auxiliar na execução de projetos comunitários que estejam dentro dos
interesses do Município;
• Realizar pequenas reuniões na comunidade envolvendo escolas, igrejas,
associações de bairro e times de futebol;
• Propor incentivos fiscais para proprietários de terrenos baldios que permitam a
utilização dos mesmos para hortas comunitárias;
• Inserir no currículo escolar a disciplina: meio ambiente e qualidade de vida;
• Estimular a rede de desenvolvimento sócio ambiental para que em reuniões da
câmara municipal, solicite tempo para falar sobre os programas de educação ambiental.
Encaminhamentos:
• Orientar atividades e ações para preservação e manutenção do meio ambiente
na comunidade dentro dos programas existentes na Secretaria, fazendo quando possível
parceria com outros profissionais;
• Contribuir para o desenvolvimento de uma consciência crítica para as questões
ambientais e sociais;
47
6.7 Programa Bem-Estar Animal
De acordo com levantamentos, o município de Piraquara conta com altos números
de mordeduras, ameaças de cães de rua, destinos de carcaças e a transmissão de
doenças de veiculação hídrica. Estes índices justificam a necessidade do Projeto de
Posse Responsável relativo aos animais domésticos, o qual consiste em não deixa-los
soltos na rua, passear com o cão usando coleira e guia, recolher os dejetos, evitar crias
indesejáveis e em caso de ocorrência providenciar doações, fazer controle de vermes e
parasitas, manter seu habitat em perfeitas condições de higiene.
Os animais têm sentimento de bem estar, quando estão bem alimentados
saudáveis e felizes.
Em conformidade com o Código Municipal todo munícipe tem o dever de registrar
junto a SMAT, seu animal de estimação para controle e identificação dos mesmos.
A divulgação deste projeto à comunidade será realizada em parceria com as
secretarias de meio ambiente, educação e saúde.
Objetivos específicos:
• Promover palestras educativas com professores e comunidade sobre o
conceito de posse responsável.
• Orientar equipe pedagógica das escolas para encaminhamento do trabalho
segundo os conteúdos curriculares.
• Promover oficinas pedagógicas do livro “Zoonose: bem estar animal”, aberto a
comunidade.
• Divulgar o trabalho sobre zoonoses, bem estar animal e guarda responsável
nas instituições públicas e privadas do município.
• Organizar o cadastro e esterilização dos cães, gatos e do município.
48
7 Proposta
Estes projetos devem acontecer paralelamente (durante o ano) no município de
Piraquara, devendo envolver toda a população, instituições públicas, lideranças e
empreendedores. Formando assim uma rede de Desenvolvimento e interatividade
socianbiental, atuando junto à comunidade, através dos programas municipais de
Educação Ambiental. Possibilitando um mapeamento das ações especificas em cada
bairro construindo a partir disto a territorialização do município.
Sendo este um texto base para o inicio de discussões e aprofundamento dos
temas, partilhando os interesses coletivos e desenvolvendo as propostas conforme a
realidade vivenciada por cada comunidade, visando os objetivos maiores previamente
discutidos e norteados em conferência Municipal.
49
8 Orçamento
Programas Custo
Resíduos
Frente Viva
Nosso Vale
Semeando Vida
Formação Ambiental
Comunidade Viva
Bem-Estar Animal
50
9 Cronograma
Programas Projetos Jul Ago Set Out Nov Dez
Resíduos
*Coleta Seletiva
*Coleta de Óleo
*Coleta Poda Verde
*Organiz. de Coletores
*Blitz Ambiental
Frente Viva Arborização/ Paisagismo
Nosso Vale
Semeando Vida
Formação
Ambiental
Comunidade
Viva
Bem-Estar
Animal
Formação do livrinho
Camp. castração
51
10 Avaliação
A avaliação será continuada, acompanhando os programas em todo seu processo
de desenvolvimento. Abaixo alguns itens previstos para a avaliação:
• Auto-avaliação durante a execução dos projetos é um instrumento que
permitirá o reconhecimento das dificuldades e as aquisições individuais;
• Avaliação final dos programas quanto a sua viabilidade de execução;
• Avaliação do processo e produto do programa semeando vida, tendo em vista
considerar quais aspectos alcançaram as intenções pretendidas e quais devem ser
aperfeiçoados, as causas das dificuldades e como será possível supera-las. Deve-se
registrar os resultados;
• Contribuir para a conservação e a manutenção do ambiente mais imediato em
que vive;
• Participar, pessoal e coletivamente, de atividades que envolvam tomadas de
posição diante de situações relacionadas ao meio ambiente;
• Perceber a relação entre a qualidade de vida e um ambiente saudável;
• Valorizar o uso adequado dos recursos disponíveis.
52
Referências
Almanaque Brasil Socioambiental: Uma nova Perspectiva para entender a situação do
Brasil e a Nossa Contribuição para a Crise Planetária. São Paulo. 2007.
ARROYO, M.G. Imagens Quebradas: Trajetórias e tempos de alunos e mestres.
Editora Vozes. 2ªedição. Petrópolis. 2005.
BECK, U. Risk society. London: Sage Publications, 1992.
BRASIL. Constituição República Federativa do Brasil. [S.l.]: Saraiva; 1997.
BRASIL, Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), disponível em
www.ibama.gov.br/siucweb/rppn/.
BRASIL. Lei Federal nº 9795, de 27 de abril de 1999: dispõe sobre a Educação
Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental. Disponível em ____
BRASIL. Ministério da Educação. A importância da educação ambiental no Brasil.
1998.
CARVALHO, I. A Invenção ecológica. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001.
Educação Ambiental: Relatório de Gestão 2003/2006. Ministério do Meio Ambiente.
Brasília. 2008.
FREIRE, P. Pedagogia da Anatomia: Saberes necessários à prática educativa.
Editora Paz e Terra. 33ª Edição. 2006.
_________. Educação para Transformação: Almanaque Histórico. Instituto Paulo
Freire. 2005.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente. 2ª edição. 2004.
53
JACOBI, P.. Meio ambiente urbano e sustentabilidade: alguns elementos para a reflexão.
In: CAVALCANTI, C. (org.). Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas
públicas. São Paulo: Cortez, 1997.
KITAMURA, P.C. Agricultura e desenvolvimento sustentável: uma agenda para
discussão. Ciência e Ambiente, v.4, n.6, p.37, jan/jun. 1993.
LEFF, E. Epistemologia ambiental. São Paulo: Cortez, 2001.
Ministério do Meio Ambiente: Identidade da Educação Ambiental Brasileira. Brasília. 2004. ______________________. Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA). 3ª edição.Brasília. 2005.
PARANÁ, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA) – Entendendo Mudanças
Climáticas, disponível em www.semapr.gov.br.
PARANÁ, LEI ESTADUAL n°12.248/98, Cria o Sistema Integrado de Gestão e
Proteção dos Mananciais da RMC.
PIRAQUARA, Lei Municipal n° 911/20007. Dispõe sobre o Zoneamento do uso e
ocupação do solo das áreas urbanas do município de Piraquara.
PIRAQUARA, Lei Municipal nº 897/2007. Dispõe sobre a Gestão do Sistema de
Limpeza Urbana no Município de Piraquara.
PIRAQUARA, Lei Municipal nº 907/2007. Dispõe sobre o Código Municipal do Meio
Ambiente do Município de Piraquara.
PIRAQUARA, Lei Municipal n°857/2006. Cria o Conselho Municipal deMeio
Ambiente,Agricultura e Turismo-COMATUR.
PIRAQUARA, Inventário Turístico do Município, 2 005.
54
PÁDUA, S.; TABANEZ, M. (orgs.). Educação ambiental: caminhos trilhados no Brasil.
São Paulo: Ipê, 1998.
PREFEITURA MUNICIPAL DE PIRAQUARA, Plano Diretor de Piraquara. Caracterização Municipal: Sistema Natural. CD-ROM. 2005.
REIGOTA, M. Desafios à educação ambiental escolar. In: JACOBI, P. et al. (orgs.).
Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São Paulo: SMA,
1998.
SORRENTINO, M. De Tbilisi a Tessaloniki, a educação ambiental no Brasil. In: JACOBI,
P. et al. (orgs.). Educação, meio ambiente e cidadania: reflexões e experiências. São
Paulo: SMA, 1998.
TAMAIO, I. A Mediação do professor na construção do conceito de natureza.
Campinas, 2000. Dissert.(Mestr.) FE/Unicamp.
TRISTÃO, M. As Dimensões e os desafios da educação ambiental na sociedade do
conhecimento. In: RUSHEINSKY, A. (org.). Educação ambiental: abordagens
múltiplas. Porto Alegre: Artmed, 2002.
55
GLOSSÁRIO DE DEFINIÇÕES
Área de Proteção Ambiental (APA): área pertencente ao grupo das unidades de
conservação de uso direto, sustentável e regida por dispositivos legais. Constitui se de
área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos
abióticos, bióticos, estéticos ou culturais, especialmente importantes para a qualidade de
vida e bem estar da população residente e do entorno. Tem por objetivo disciplinar o uso
sustentável dos recursos naturais e promover, quando necessário, a recuperação dos
ecossistemas degradados (Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente,
2004)
Biodiversidade: total de genes, espécies e ecossistemas de uma região. A
biodiversidade genética refere-se à variação dos genes dentro das espécies, cobrindo
diferentes populações da mesma espécie ou a variação genética dentro de uma
população. A diversidade de espécies refere-se à variedade de espécies existentes dentro
de uma região. A diversidade de ecossistemas refere-se à variedade de ecossistemas de
uma dada região. A diversidade cultural humana também pode ser considerada parte da
biodiversidade, pois alguns atributos das culturas humanas representam soluções aos
problemas de sobrevivência em determinados ambientes. A diversidade cultural
manifesta-se pela diversidade de linguagem, crenças religiosas, práticas de manejo da
terra, arte, música, estrutura social e seleção de cultivos agrícolas, dentre outros
(Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente, 2004).
Educação Ambiental: é a atenção com o meio natural e artificial, considerando
fatores ecológicos, políticos, sociais, culturais e estéticos, deve ser continua,
multidisciplinar e integrada dentro das diferenças locais e regionais (Guimarães, 1995).
Também entende-se por Educação Ambiental os processos por meio dos quais o
individuo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes
e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (LEI Nº 9795,1999).
Reserva Particular do Patrimônio Ambiental: unidade de conservação de uso
indireto reconhecida pelo poder público, por iniciativa expressa de seu proprietário. Os
critérios para seu reconhecimento são: significativa importância para a proteção da
biodiversidade; aspecto paisagístico relevante, e características ambientais que
56
justifiquem ações de recuperação ou conservação de ecossistemas frágeis e ameaçados
(Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente, 2004)
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN): área de domínio privado a ser
especialmente protegida, por iniciativa de seu proprietário, mediante reconhecimento do
Poder Público, por ser considerada de relevante importância pela sua biodiversidade, ou
pelo seu aspecto paisagístico, ou ainda por suas características ambientais que
justifiquem ações de recuperação. Poderão ser utilizadas para o desenvolvimento de
atividades de cunho científico, cultural, educacional, recreativo e de lazer, observado o
objetivo da proteção dos recursos ambientais representativos da região (Vocabulário
Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente, 2004).
Sustentabilidade: é uma relação entre sistemas dinâmicos, econômicos e
ecológicos, orientada pelos requisitos de que a vida humana possa evoluir; de que as
culturas possam se desenvolver; e de que os efeitos das atividades humanas
permaneçam dentro dos limites que impeçam a destruição da diversidade e da
complexidade do contexto ambiental. (Sociedade Internacional de Economia Ecológica).
57
Aves amostradas na Região das Nascentes do Rio Iguaçu - realizados por um grupo de Biólogos do IBAMA, iniciados em 2003 em um período de 4 anos - total de
112 espécies, com seus respectivos índices de abundância.
ORDEM TAXONÔMICA NOME COMUM ÍNDICE DE ABUNDÂNCIA
Ordem Tinamiformes FAMILIA TINAMIDAE Crypturellus obsoletus Inambu-guaçu 0,433333
Ordem Falconiformes
FAMILIA FALCONIDAE Micrastur semitorquatus Gavião-relógio 0,016667
Micrastur ruficollis Gavião-caburé 0,066667 Milvago chimachima carrapateiro 0,016667
Ordem Galliformes
FAMILIA CRACIDAE Penelope obscura Jacu-guaçu 0,05
FAMILIA PHASIANIDAE Odontophorus capueira Uru 0,066667 Ordem Columbiformes
FAMILIA COLUMBIDAE Columba picazuro Pomba-asa-branca 0,1 Columba plumbea Pomba-amargosa 0,733333
Columbina talpacoti Rolinha-paruru Leptotila rufaxilla juriti 0,066667
Leptotilla verreauxi Juriti-pupu Geotrygon Montana Pariri Zenaida Auriculata Pomba-de-bando
Scardafella Squamate Fogo-apagou Columba cayennensis Pomba-galega 0,033333
Columbina picuí Rolinha-branca
Ordem Psittaciformes
FAMILIA PSITTACIDAE Pyrrhura frontalis Tiriva-de-testa-vermelha 0,466667
Forpus xanthopterygius Tuim 0,133333 Brotogeris tirica Periquito-verde
Pionopsitta pileata Cuiu-cuiu 0,216667 Vireo chivi Jiruviara 0,383
Hylophilus poicilotis Verdinho-coroado 0,116667 FAMILIA EMBERIZIDAE Subfamília Parulinae
Parula pitiayumi Mariquita 0,016667 Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra Basileuterus culicivorus Pula-pula 0,616667
Basileuterus leucoblepharus Pula-pula-assobiador 0,75 Subfamília Thraupinae
Coereba flaveola Cambacica 0,066667
58
Cissops leveriana Tietinga 0,016667 Trichothraupis melanops Tié-de-topete 0,166667
Thraupis sayaca Sanhaço 0,016667 Thraupis cyanoptera Saíra 0,083333
Stephanophorus diadematus Sanhaço-frade 0,166667 Pipraidea melanonota Saira-viuva 0,033333 Euphonia pectorallis Ferro-velho 0,1 Euphonia violacea Gaturamo 0,066667 Tangara preciosa Saira-guaçu 0,15
Tangara peruviana Saira 0,033333 Tangara cyanocephala Saíra-de-lenço 0,016667 Hemithraupis ruficapilla Saíra 0,016667
Subfamília Emberizinae Poospiza lateralis Quete 0,016667 Tiaris fulignosa Cigarra-do-coqueiro 0,033333
Subfamília Cardinalinae Saltator similis Trinca-ferro-verdadeiro 0,233333
Subfamília Icterinae Cacicus chrysopterus Tecalão 0,083333
Hemitriccus nidipendulus Maria 0,033333 Lathrotricus euleri Enferrujado 0,183333 Colonia colonus Viuvinha 0,016667
Subfamília Tityrinae Pachyramphus castaneus Caneleiro 0,016667
Pachyrampus polychopterus Caneleiro-preto 0,05 Subfamília Tyranninae
Myiarchus swainsonii Irrê 0,1 Syristes sibilator Gritador 0,033333
FAMILIA PIPRIDAE Chiroxiphia caudata Tangará-dançador 0,416667 Schiffornis virescens Flautim 0,166667
FAMILIA COTINGIDAE Procnias nudicollis Araponga 0,083333
Carpornis melanocephalus 0,016667 Carpornis cuculatus 1,616667
FAMILIA CORVIDAE Cyanocorax caeruleus Gralha-azul 0,016667
FAMILIA MUSCICAPIDAE Subfamília Turdinae Platycichla flavipes Sabiá-preto 0,283333 Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira 0,016667 Turdus albicollis Sabiá-coleira 0,0516667
FAMILIA VIREINIDAE Cyclarhis gujanensis Gente-de-fora-vem 0,866667
Pilydor atricapillus Limpa-folha-coroado 0,016667 Philydor rufus Limpa-folha 0,016667
Heliobletus contaminatus Bico-virado-do-sul 0,116667 Sclarurus scansor Vira-floha-vermelha 0,116667
FAMILIA DENDROCOLAPTIDAE Sittasomus griseicapillus Arapaçu-verde 0,316667
59
Xiphocolaptes albicollis Arapaçu-de-garganta-branca
0,083333
Dendrocololaptes platyrostris Arapaçu-de-bico-preto 0,183333 Lepidocolaptes squamatus Arapaçu-escamoso 0,333333
Dendrocincla turdina Arapaçu-liso 0,05 Lepidocolaptes fuscus Arapaçu-rajado 0,166667
Campylorhamphus falcularius Arapaçu-alfange 0,033333 FAMILIA TYRANNIDAE Subfamília Elaeniinea Phyllomias burmeisteiro 0,166667
Elaenia flavogaster Guaracava-de-barriga-amarela
0,05
Mionectes rufiventris Supi-de-cabeça-cinza 0,016667 Leptopogon amaurocephalus Cabeçudo
Phylloscartes ventralis Borboletinha-do-mato 0,483333 Phylloscartes paulistus 0,133333
Todirostrum plumbeiceps Ferreirinho-de-cera-canela 0,033333 Myiopagis caniceps Abre-asa-de-cabeça-
cinzenta
Myiornis auricularis Miudinho 0,033333 Tomolmias sulphurescens Bico-chato-orelha-preta 0,033333 Platyrinchus mystaceus Patinho 0,066667
Subfamília Fluvicolinae Attila rufus Tinguaçu-castanho 0,333333
Tityra cayana Anambé-branco-de-rabo-preto
0,1
Scytalopus speluncae Tapaulo-preto 0,166667 Scytalopus indigoticus Macuquinho 0,1
FAMILIA THAMNOPHILIDAE Machenziaena leachi Borralha-assobiadora 0,033333 Machenziaena severa Borralha-preta 0,083333
Batara cinerea Matracão 0,066667 Thamnophilus caerulescens Concha-da-mata 0,183333
Myrmotherula gullaris Choquinha 0,033333 Dysithamnus mentalis Choquila-lisa 0,1 Drymophila ferruginea Trovoada 0,216667
Drymophila malura Choquinha-carijó 0,2 Pyriglena leucoptera Papa-taoca 0,016667
FAMILIA FORMICARIIDAE Chamaeza campanissona Tovaca-campainha 0,216667
Chamaeza ruficauda Tovocada 0,966667 Gralaria varia tovacuçu 0,1
Hylopezus ocorleucus Torom-do-mato 0,566667 FAMILIA CONOPOPHAGIDAE
Conopophaga lineata Chupa-dente 0,166667 Subfamília Synallaxinae
Leptasthenura setaria grimpeiro 0,033333 Synallaxis ruficapilla pichochoré 0,133333 Cranioleuca obsoleta João-olivacio 0,4
Subfamília philydorinae Lochmias nematura João-de-riacho 0,133333
60
Syndactila rufosuperciliata Limpa-folha-quiete 0,483333
Ordem Apodiformes
FAMILIA APODODAE Streptoprocne zonaris Andorinhão-de-coleira Chaetura cinereiventris Andorinhão-de-sobre-
branco 0,033333
FAMILIA TROCHILIDAE Phaetornis pretrei Rabo-branco-acanelado 0,25
Phaethornis eurynome Rabo-branco-de-cbeça-rajada
0,033333
Stephanoxis lalandi Beija-flor-de-topete 0,033333 Thalurania glaucopis Beija-flor-de-fronte-violeta 0,183333
Clorostilbon aureoventris Besourinho-de-bico-vermelho
Leucochloris albicolis Beija-flor-de-papo-branco Phaethornis pretrei Rabo-branco-acanelado
Clitolaema rubricauda Beija-flor 0,116667
Ordem Trogoniformes
FAMILIA TROGONIDAE Trogon surrucura Surucuá-de-barriga-
vermelha 0,183333
Trogon rufus Surucuá-de-berriga-amarela
0,083333
Trugon viridis Surucuá 0,016667
Ordem Piciformes
FAMILIA RAMPHASTIDAE Ramphastos dicolorus Tucano-de-bico-verde 0,116667
FAMILIA PICIDAE Picumnus Teminckii Pica-pau-anão-barrado 0,05 Piculus aurulentus Pica-pau-dourado 0,133333
Veniliornis spilogaster Pica-pau-carijó 0,266667 Campephylus robustus Pica-pau-rei 0,016667
Ordem Passeriformes
FAMILIA RHINOCRYPTIDAE
61
LEI Nº 9.795, de 27 de abril de 1999 Diário oficial quarta-feira, 28 de abril de 1999
Dispõe sobre a educação ambiental, institui
a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
CAPÍTULO I
DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Art. 1° Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo
e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do
povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação
nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades
do processo educativo, em caráter formal e não-formal.
Art. 3º Como parte do processo educativo mais amplo, todos têm direito à educação
ambiental, incumbindo:
I - ao Poder Público, nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal, definir
políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental, promover a educação ambiental
em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação,
recuperação e melhoria do meio ambiente;
II - às instituições educativas, promover a educação ambiental de maneira integrada aos
programas educacionais que desenvolvem;
III - aos órgãos integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama, promover
ações de educação ambiental integradas aos programas de conservação, recuperação e
melhoria do meio ambiente;
IV - aos meios de comunicação de massa, colaborar de maneira ativa e permanente na
disseminação de informações e práticas educativas sobre meio ambiente e incorporar a
dimensão ambiental em sua programação;
V - às empresas, entidades de classe, instituições públicas e privadas, promover
programas destinados à capacitação dos trabalhadores, visando à melhoria e ao controle
efetivo sobre o ambiente de trabalho, bem como sobre as repercussões do processo
produtivo no meio ambiente;
62
VI - à sociedade como um todo, manter atenção permanente à formação de valores,
atitudes e habilidades que propiciem a atuação individual e coletiva voltada para a
prevenção, a identificação e a solução de problemas ambientais.
Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:
I - o enfoque humanista, holístico, democrático e participativo;
II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade, considerando a interdependência
entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade;
III - o pluralismo de idéias e concepções pedagógicas, na perspectiva da inter, multi e
transdisciplinaridade;
IV - a vinculação entre a ética, a educação, o trabalho e as práticas sociais;
V - a garantia de continuidade e permanência do processo educativo;
VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;
VII - a abordagem articulada das questões ambientais locais, regionais, nacionais e
globais;
VIII - o reconhecimento e o respeito à pluralidade e à diversidade individual e cultural.
Art. 5º São objetivos fundamentais da educação ambiental:
I - o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio ambiente em suas
múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, legais,
políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos;
II - a garantia de democratização das informações ambientais;
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a problemática
ambiental e social;
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e responsável, na
preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a defesa da qualidade
ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania;
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País, em níveis micro e
macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade ambientalmente equilibrada,
fundada nos princípios da liberdade, igualdade, solidariedade, democracia, justiça social,
responsabilidade e sustentabilidade;
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia;
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e solidariedade como
fundamentos para o futuro da humanidade.
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CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Seção I
Disposições Gerais
Art. 6º É instituída a Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 7º A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além
dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - Sisnama,
instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-
governamentais com atuação em educação ambiental.
Art. 8º As atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental devem ser
desenvolvidas na educação em geral e na educação escolar, por meio das seguintes
linhas de atuação inter-relacionadas:
I - capacitação de recursos humanos;
II - desenvolvimento de estudos, pesquisas e experimentações;
III - produção e divulgação de material educativo;
IV - acompanhamento e avaliação.
§ 1º Nas atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental serão
respeitados os princípios e objetivos fixados por esta Lei.
§ 2 º A capacitação de recursos humanos voltar-se-á para:
I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos
educadores de todos os níveis e modalidades de ensino;
II - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos
profissionais de todas as áreas;
III - a preparação de profissionais orientados para as atividades de gestão ambiental;
IV - a formação, especialização e atualização de profissionais na área de meio ambiente;
V - o atendimento da demanda dos diversos segmentos da sociedade no que diz respeito
à problemática ambiental.
§ 3º As ações de estudos, pesquisas e experimentações voltar-se-ão para:
I - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à incorporação da
dimensão ambiental, de forma interdisciplinar, nos diferentes níveis e modalidades de
ensino;
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II - a difusão de conhecimentos, tecnologias e informações sobre a questão ambiental;
III - o desenvolvimento de instrumentos e metodologias, visando à participação dos
interessados na formulação e execução de pesquisas relacionadas à problemática
ambiental;
IV - a busca de alternativas curriculares e metodológicas de capacitação na área
ambiental;
V - o apoio a iniciativas e experiências locais e regionais, incluindo a produção de material
educativo;
VI - a montagem de uma rede de banco de dados e imagens, para apoio às ações
enumeradas nos incisos I a V.
Seção II
Da Educação Ambiental no Ensino Formal
Art. 9º Entende-se por educação ambiental na educação escolar a desenvolvida no
âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando:
I - educação básica:
a. educação infantil;
b. ensino fundamental e
c) ensino médio;
II - educação superior;
III - educação especial;
IV - educação profissional;
V - educação de jovens e adultos.
Art. 10º. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada,
contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.
§ 1º A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no
currículo de ensino.
§ 2º Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto
metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação
de disciplina específica.
§ 3º Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os níveis,
deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a
serem desenvolvidas.
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Art. 11º. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores,
em todos os níveis e em todas as disciplinas.
Parágrafo único. Os professores em atividade de vem receber formação complementar
em suas áreas de atuação, com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento
dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental.
Art. 12º. A autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de
seus cursos, nas redes pública e privada, observarão o cumprimento do disposto nos arts.
10 e 11 desta Lei.
Seção III
Da Educação Ambiental Não-Formal
Art. 13º. Entendem-se por educação ambiental não-formal as ações e práticas educativas
voltadas à sensibilização da coletividade sobre as questões ambientais e à sua
organização e participação na defesa da qualidade do meio ambiente.
Parágrafo único. O Poder Público, em níveis federal, estadual e municipal, incentivará:
I - a difusão, por intermédio dos meios de comunicação de massa, em espaços nobres, de
programas e campanhas educativas, e de informações acerca de temas relacionados ao
meio ambiente;
II - a ampla participação da escola, da universidade e de organizações não-
governamentais na formulação e execução de programas e atividades vinculadas à
educação ambiental não-formal;
III - a participação de empresas públicas e privadas no desenvolvimento de programas de
educação ambiental em parceria com a escola, a universidade e as organizações não-
governamentais;
IV - a sensibilização da sociedade para a importância das unidades de conservação;
V - a sensibilização ambiental das populações tradicionais ligadas às unidades de
conservação;
VI - a sensibilização ambiental dos agricultores;
VII - o ecoturismo.
CAPÍTULO III
DA EXECUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
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Art. 14º. A coordenação da Política Nacional de Educação Ambiental ficará a cargo de um
órgão gestor, na forma definida pela regulamentação desta Lei.
Art. 15º. São atribuições do órgão gestor:
I - definição de diretrizes para implementação em âmbito nacional;
II - articulação, coordenação e supervisão de planos, programas e projetos na área de
educação ambiental, em âmbito nacional;
III - participação na negociação de financiamentos a planos, programas e projetos na área
de educação ambiental.
Art. 16º. Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, na esfera de sua competência e
nas áreas de sua jurisdição, definirão diretrizes, normas e critérios para a educação
ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação
Ambiental.
Art. 17º. A eleição de planos e programas, para fins de alocação de recursos públicos
vinculados à Política Nacional de Educação Ambiental, deve ser realizada levando-se em
conta os seguintes critérios:
I - conformidade com os princípios, objetivos e diretrizes da Política Nacional de
Educação Ambiental;
II - prioridade dos órgãos integrantes do Sisnama e do Sistema Nacional de Educação;
III - economicidade, medida pela relação entre a magnitude dos recursos a alocar e o
retorno social propiciado pelo plano ou programa proposto.
Parágrafo único. Na eleição a que se refere o caput deste artigo, devem ser
contemplados, de forma eqüitativa, os planos, programas e projetos das diferentes
regiões do País.
Art. 18º. (VETADO)
Art. 19º. Os programas de assistência técnica e financeira relativos a meio ambiente e
educação, em níveis federal, estadual e municipal, devem alocar recursos às ações de
educação ambiental.
CAPÍTULO IV
DISPOSIÇÕES FINAIS
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Art. 20º. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua
publicação, ouvidos o Conselho Nacional de Meio Ambiente e o Conselho Nacional de
Educação.
Art. 21º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 27 de abril de 1999; 178º da Independência e 111º da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Paulo Renato Souza
José Sarney Filho
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